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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
Por Cristina Margareth dos Santos
Orientador
Profa Geni Lima
Rio de Janeiro
abril/2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Administração e Supervisão Escolar.
Por: Cristina Margareth dos Santos
3
AGRADECIMENTO
A Deus, primeiramente, por me ter dado forças,
saúde e luz, sem as quais não seria possível
formular e concluir este trabalho.
A minha querida mãe, Elza Mello e a minha
adorável irmã Márcia que sempre estiveram
presentes, me apoiando e animando nas horas em
que mais precisei.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao me saudoso pai, Antonio José, que
sempre me incentivou e acreditou no meu potencial.
5
RESUMO
A presente monografia tem com ênfase identificar as ações de parceria
entre Família-Escola existentes em uma escola de ensino fundamental da
cidade do Rio de Janeiro, mediante a pouca ou nenhuma participação das
famílias no processo educativo pedagógico de seus filhos e a insuficiência de
políticas promovidas pelos dirigentes das escolas para um maior envolvimento
dessas famílias nas atividades realizadas dentro do espaço escolar, enfim,
questões que agravam as situações de vulnerabilidades sociais.
Para que a parceria dê certo é preciso que haja respeito mútuo, o que
favorece a confiança e demonstra competência de ambas as partes, mas para
que isso aconteça é preciso haver delimitações no papel de cada uma. Muitas
famílias delegam à escola toda a educação dos filhos, desde o ensino das
disciplinas específicas até a educação de valores, a formação do caráter, além
da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa esperando que a
escola supre essa necessidade. Por outro lado, algumas “famílias sentem-se
desautorizadas pela escola, que toma para tarefas que são da competência da
família”.(Szymanski,2009).
6
METODOLOGIA
Para a elaboração do presente trabalho foi realizada uma pesquisa
científica, utilizando-se fontes bibliográficas: livros de leitura corrente, livros de
referência informativa, publicações periódicos impressos diversos.
Adicionalmente recorreu-se ao auxílio da Internet na busca de
informações relacionadas ao tema em questão. O processo de produção desta
monografia utilizou-se também de uma pesquisa de campo realizada através
de um questionário respondido por funcionários e alunos de uma escola pública
da cidade do Rio de Janeiro.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 08
CAPÍTULO I
A importância da relação Família-Escola ....................................................... 09
1.1 – A família como instituição social e historicamente constituída .............. 10
1.2 – As Famílias em Contextos de Extrema Pobreza ................................... 13
1.3 – A Escola - Acompanhando as transformações da sociedade ............... 14
1.4 – Linha do Tempo ..................................................................................... 16
CAPÍTULO II
Como buscar e manter a parceria família-escola ........................................... 18
2.1 – Família X Escola ................................................................................... 18
2.2 – Acompanhando o Rendimento Escolar ................................................. 21
2.3 – Como Buscar e Manter a Parceria Família-Escola ............................... 23
2.4 – Uma parceria que está dando certo ...................................................... 25
CAPÍTULO III
Estimulando uma gestão participativa e integradora ..................................... 28
3.1 – Os principais agentes do processo de gestão democrática....................30
3.2 – Análise das entrevistas ............................................................................32
CONCLUSÃO .......................................................................................... 35
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 38
8
INTRODUÇÃO
Cada vez mais se toma consciência que, para se conseguir uma
sociedade democrática, se exige o permanente controle dos ocupantes aos
cargos parlamentares e executivos do Estado. Esse controle deve exercer-se
em especial nas instâncias mais próximas a população, onde se concretizam
os serviços que o Estado tem o dever de prestar, como é o caso da escola
pública.
A gestão democrática introduz na escola movimentos importantes como:
participação de professores, pais e comunidade. Deve-se garantir o acesso
igualitário às informações a todos os segmentos da comunidade escolar e
aceitação da diversidade de opiniões e interesses.
A linha deste trabalho refere-se a questão de como resgatar e manter a
parceria família – escola, pois a família é o espaço de orientação e construção
da identidade da criança e que deve construir juntamente com a escola uma
parceria perfeita para que juntas sigam os mesmos princípios e critérios.
Como hipótese para este problema e que a família conheça o trabalho
desenvolvido pela escola e que participe junto com o gestor e equipe da
organização da escola.
A participação da família na educação dos filhos deve ser constante e
consciente. O papel do gestor da escola, portanto, é de promover a união entre
toda comunidade escolar, para assim dar o melhor rendimento correto a
educação e formação do aluno.
Com base nessas reflexões, o objetivo deste estudo é de identificar as
ações de parceria entre família-escola existentes em uma escola de ensino
fundamental da cidade do Rio de Janeiro que tenham contribuído ou ainda
contribuem para o bom desenvolvimento da criança e do adolescente,
descrevendo os efeitos destas ações, investigando os fatores que dificultam a
participação da família na vida escolar da criança e analisando os efeitos das
ações de parceria entre família-escola.
9
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO FAMÍLIA – ESCOLA
A família e a escola formam uma equipe. É fundamental que ambas
sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em
relação aos objetivos de desejam atingir.
Ressalta-se que mesmo tendo objetivos em comum, cada uma deve
fazer sua parte para que atinja o caminho do sucesso, que visa conduzir
crianças e jovens a um futuro melhor.
O ideal é que família e escola tracem as mesmas metas de forma
simultânea, propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem de forma
que venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade de
situações que surgem na sociedade.
Existem diversas contribuições que tanto a família quanto a escola podem
oferecer, propiciando o desenvolvimento pleno respectivamente dos seus filhos
e dos seus alunos. Alguns critérios devem ser considerados como prioridade
para ambas as partes. Como sugestões seguem abaixo alguns deles:
Família
• Selecionar a escola baseado em critérios que lhe garanta a confiança da
forma como a escola procede diante de situações importantes;
• Dialogar com o filho o conteúdo que está vivenciando na escola;
• Cumprir as regras estabelecidas pela escola de forma consciente e
espontânea;
• Deixar o filho a resolver por si só determinados problemas que venham
a surgir no ambiente escolar, em especial na questão de socialização;
• Valorizar o contato com a escola, principalmente nas reuniões e entrega
de resultados, podendo se informar das dificuldades apresentadas pelo
seu filho, bem como seu desempenho.
10
Escola
• Cumprir a proposta pedagógica apresentada para os pais, sendo
coerente nos procedimentos e atitudes do dia-a-dia;
• Propiciar ao aluno liberdade para manifestar-se na comunidade escolar,
de forma que seja considerado como elemento principal do processo
educativo;
• Receber os pais com prazer, marcando reuniões periódicas,
esclarecendo o desempenho do aluno e principalmente exercendo o
papel de orientadora mediante as possíveis situações que possam vir a
necessitar de ajuda;
• Abrir as portas da escola para os pais, fazendo com que eles se sintam
à vontade para participar de atividades culturais, esportivas, entre outras
que a escola oferecer, aproximando o contato entre família-escola;
• É de extrema importância que a escola mantenha professores e
recursos atualizados, propiciando uma boa administração de forma que
ofereça um ensino de qualidade para seus alunos.
A parceria da família com a escola sempre será fundamental para o
sucesso da educação de todo indivíduo. Portanto, pais e educadores
necessitam ser grandes e fiéis companheiros nessa nobre caminhada da
formação educacional do ser humano.
1.1 A Família como Instituição Social e Historicamente
Constituída
A família é apontada como elemento – chave não apenas para a
sobrevivência dos indivíduos, mas também para a proteção e a socialização de
seus componentes, transmissão do capital cultural, do capital econômico e da
propriedade do grupo, bem como das relações de gênero e de solidariedade
11entre gerações. Representando a forma tradicional de viver é uma instância
mediadora entre indivíduo e sociedade, a família operaria como espaço de
produção e transmissão de pautas e práticas culturais e como organização
responsável pela existência cotidiana de seus integrantes, produzindo,
reunindo e distribuindo recursos para satisfação de suas necessidades básicas.
A palavra FAMÍLIA no sentido popular e nos dicionários significa
pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o
pai, a mãe e os filhos .Ou ainda, pessoas do mesmos sangue, ascendência,
linhagem, estirpe ou admitidos por adoção. Ela não deve ser vista como algo
estático, definitivo e fechado. É uma construção sócio-cultural que se
transforma, agregando elementos novos, liberando-se de outros, alterando no
tempo e no espaço os seus modelos e atitudes, fatores que contribuem para o
que chamamos de definições de família. Isto quer dizer que as idéias de família
são construídas dentro de contextos históricos específicos, que lhe dão
características culturais especiais, de acordo com os valores, a cultura, a
crença e hábitos existentes nesses contextos.
A família pode ser conceituada à partir de diferentes critérios
como:consanguinidade, coabitação, nome de família, afinidade afetiva, que
variam segundo momentos históricos diferentes ou se agregam conforme a
ótica predominante. É, portanto, uma instituição que ao longo do tempo foi se
modificando e ganhando novas formas de organização. Nas definições
clássicas de família, o critério de consangüinidade aparece com nitidez, assim
como, na modernidade, o de afetividade e solidariedade se sobressaem,
promovendo assim configurações familiares conforme abaixo:
• Anos 50 – Família Tradicional Nuclear –Imagem da família centrada
na figura de marido, mulher e filhos com residência comum e vínculo
indissolúvel;
• Anos 60/70 – Família Contemporânea – A unidade familiar se
complexifica, o vínculo se torna vulnerável e transitório, surgem
divórcios, separações, recasamentos, filhos de diferentes relações: os
pais biológicos já não são os únicos modelos;
12
• Anos 80/90 – Família Mono parental – Constituída por apenas um dos
responsáveis podendo ser o pai ou mãe. O modelo de família mono
parental torna-se realidade inevitável;
• Tempos atuais – Famílias Alternativas – Não existe a relação
consangüínea e sim afetiva.
Alguns autores conceituam família como:
Aquela que propicia os aportes afetivos e o bem estar dos seus
componentes; ela desempenha um papel decisivo na educação formal e
informal; é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários
e onde se aprofundam laços de solidariedade; é também em seu interior que se
constroem as marcas entre as gerações e são observados os valores culturais.
(Ferrari,1999)
Família é um sinônimo de família patriarcal e extensa,típica do período
colonial,instituição vertical baseada no parentesco,lealdades pessoais e
territorialidade.(Freire,1933)
Segundo Prado (1985) uma família é não só um tecido fundamental de
relações, mas também um conjunto de papéis socialmente definidos. Este
núcleo é o espaço a qual cada indivíduo deposita suas expectativas, êxitos,
fracassos e todos os tipos de sentimentos que por vezes se mostram
contraditórios, é também um espaço de socialização de informações
fornecendo elementos sociais e psicológicos para que cada indivíduo se
desenvolva.
Sabe-se que a família é uma instituição de extrema importância na vida dos
indivíduos e que também passou por profundas transformações provocadas
pela própria dinâmica da sociedade e também por mudanças culturais que se
processaram com o passar do tempo.
Apesar de a modernidade trazer uma autonomia e uma individualização
aos indivíduos, não podemos descartar a influência da família nas escolhas
individuais. Para uma das organizadoras do livro Família em Movimento
(Cerveny) essa instituição opera como um dos pilares dessa construção
identitária:”a construção da identidade pessoal tem como referência a própria
13história de vida, a identificação com outros significados e a história
familiar”(Cerveny,2007).
1.2 As Famílias em Contextos de Extrema Pobreza
Para os que trabalham em seu dia-a-dia com essas populações, fica o
desafio de buscar alternativas via rede de serviços para atendimento de
pessoas que são frequentemente vítimas de múltiplas circunstâncias sociais,
pois vivem principalmente condições econômicas difíceis, falta de participação
e de integração na comunidade onde residem além do sentimento de
inferioridade que muitas vezes possuem e também dependência e desespero.
É claro que nem todas as famílias de baixa renda possuem tais
características ou vivenciem todos estes aspectos, pois cada sistema familiar é
único e deve ser visto e respeitado como tal.
O ciclo de vida das famílias em sua maioria é prejudicado por diversos fatores:
• Desemprego;
• Violência familiar;
• Desnutrição;
• Alto índice de mortalidade infantil;
• Habitações inadequadas;
• Morte precoce, etc.
As transições dos ciclos, infância,adolescência, jovem adulto, casal e
outros não são claros, na maioria das vezes acontecem de forma truncasa.
As crianças pequenas assumem o papel de cuidadora dos irmãos menores, e
ainda crianças ou já adolescentes são empurradas para as ruas,para trazerem
o sustento, sendo os provedores.
Ainda muito jovens, se unem a parceiros, tornando-se cônjuges, pai,
mãe, e avós precoces. Um ciclo de vida encurtado, que os levam a assumir
papeis e responsabilidades para a qual ainda não estão preparados, sendo
estas mudanças confusas, tendo como conseqüência o não desempenho
14satisfatório dos novos papeis, uma vez não possuírem suportes anteriores,
resultando num sistema familiar sub-organizado.
Significativo número de lares é chefiado por mulheres, quando existe a
presença do homem, que pode ser o pai ou o companheiro, sua permanência e
participação é curta e/ou instável.
Na casa vivem a mãe, os filhos, e os netos, ou moram bem próximos.
Não existem fronteiras e nem papéis definidos. Geralmente a avó fica
responsável também pelos netos. Isto implica em que na mudança de papeis, o
que perpetua a desorganização e impede a possibilidade de crescimento
dentro do sistema familiar(Minuchin,1967).
Seguindo o pensamento de Rabinowitz que diz:
Devido à falta de identidade, estes pais não conseguem desenvolver
um sentido de família e de lhe pertencer um sentido de família e de lhe
educação e no controle dos filhos. As crianças têm a sensação de não
pertencer a ninguém já que o que acontece em suas visa não é
geralmente conseqüência de ordens diretas dos pais. Há uma aparência de
famílias, mas não há uma consciência de família.(Rabinowitz,1969)
1.3 Escola -.Acompanhando as transformações da sociedade
Historicamente, os sujeitos se constituíram a partir de uma coletividade;
tornaram-se humanos e a necessidade de institucionalização da cultura e dos
saberes da humanidade deixou marcas em pedras, rochas, monumentos,
túmulos, papiros, igrejas, escolas, etc.
A escola de nosso tempo é aquela que promove aprendizagens que vão
constituir sujeitos. A escolarização desejada pressupõe um processo contínuo
e significativo de proposta pedagógicas contextualizadas; dessa forma, a
escola deve ser o lugar da constituição do conhecimento.
Com o crescimento da população escolar, a escola transformou-se em
um espaço que abrigou diferentes realidades socioeconômicas e culturais.
15Para atender aos direitos básicos de acesso e inclusão e se adaptar às novas
leis de ensino, foi necessário ampliar o número de escolas, o número de
professores e o tempo de escolaridade.
Como instituição social educativa, a escola vem sendo questionada a
cerca do seu papel ante as transformações econômicas, políticas, sociais e
culturais do mundo contemporâneo.
O espaço escolar possui especificidades quando pensando a partir da
diversidade e da história que contribui socialmente, espera-se que a escola
cumpra o seu papel de ensinar e que os sujeitos que nela ingressam, os
alunos, possam aprender.
Em parte, ela é uma instituição conformista por natureza. Na escola
aprende-se os meios e os modos do mundo, as tradições da cultura de um
povo,o que se deve fazer para trilhar o caminho do sucesso de acordo, é claro,
com as expectativas da sociedade vigente.
Muitas transformações afetaram a escola de diversas maneiras:
• Modificando os objetivos e prioridades da escola;
• Produzindo mudanças nos interesses, nas necessidades e nos valores
escolares;
• Forçando a escola a mudar suas práticas por causa do avanço
tecnológico dos meios de comunicação e da introdução da informática;
• Induzindo alteração na atitude do gestor e também no trabalho docente,
uma vez que os meios de comunicação e os demais recursos
tecnológicos são muito motivadores.
Esteve(1999), afirma que “o nosso sistema educacional, rapidamente
massificado na últimas décadas, ainda não dispõe de uma capacidade de
reação para atender às novas exigências reinvendicada imperativamente pela
sociedade, o faz com tanta lentidão que,então,as demandas sociais já são
outros”.
A escola de hoje precisa não apenas conviver com outras modalidades
de educação não formal, informal e profissional, mas também articular-se e
integrar-se a elas, a fim de formar cidadãos para um novo tempo.
16 Para que a escola consiga formar cidadãos mais preparados, ela deverá
contribuir para:
• Formar cidadãos capazes de aprender permanentemente;
• Prover formação global que constitua um patamar para atender à
necessidade de maior e melhor qualificação profissional;
• Desenvolver conhecimentos, capacidades e qualidades para o exercício
autônomo, consciente e crítico da cidadania;
• Formar cidadãos éticos e solidários.
A escola como um todo, deve ser agradável, favorecendo a
aprendizagem. Isto inclui as relações. O professor tem de seduzir o aluno para
a aventura do conhecer. O gestor facilitar o diálogo dele com o aluno, dos
alunos entre si e com a família.
Com todas as mudanças ou transformações que a escola vem sofrendo
nos últimos anos, é fundamental para a escola trabalhar o aspecto afetivo, a
confiança, a solidariedade, enfim, estimulando a manifestação do aluno e da
família, registrando-se isso, pois faz parte do desenvolvimento de atitudes.
Escola é o lugar de intercambiar, de olhar o mundo de dentro dele, de
construir caminhos sendo parte dele.
1.4 Linha do Tempo
• Século XVII
Os saberes imprescindíveis à vida adulta são transmitidos às crianças por
sua próprias famílias. Famílias numerosas de caráter patriarcal, onde se
dava mais valor aos filhos homens e primogênitos. Crianças aprendiam
valores e padrões de comportamento em casa, além das técnicas
profissionais.
• Século XVIII
É com a Revolução Francesa que surge a idéia de uma escola pública,
gratuita, laica, igual para todos e aberta para toda a população. A escola
passa a dividir a responsabilidade da educação com as famílias.
17
• Século XIX
A escola assume definitivamente o espaço do saber, da cientificidade.
Somente a escola é capaz de educar crianças e jovens segundo os saberes
científicos.
• Século XX
A concepção de ensino e de metodologia escolar e a escola como
instituição passam por transformações importantes tanto quanto as famílias.
A família credita à escola o papel de educar. A escola, diante da
democratização do ensino e do seu novo papel, reage. Culpa as
transformações por que passa a família pelos problemas educacionais.
• Século XXI
Momento de redefinição das responsabilidades específicas das famílias e
da escola. Cresce a discussão em torno do trabalho conjunto e
complementar da família e da escola, como peça fundamental para a
construção de uma escola que atenda às reais necessidades de sua
comunidade escolar.
18
CAPÍTULO II
COMO BUSCAR E MANTER A PARCERIA FAMÍLIA -
ESCOLA
Apesar das contradições impostas pelo capital principalmente no âmbito
econômico, observou-se que é a família o pilar fundamental para o
desenvolvimento humano, posto que independente do laços que nos unem aos
outros, ninguém consegue viver sozinho.
Partindo da premissa que a família é o espaço de orientação e
construção da identidade do indivíduo e que deve construir, juntamente com a
escola uma parceria a fim de contribuir no desenvolvimento integral da criança
e do adolescente, torna-se imprescindível a relação Família – Escola.
2.1 Família x Escola
Uma escola de qualidade não pode e não deve apenas se preocupar
com a transmissão de conteúdos e oferecimento de tecnologia e serviços, deve
estar atenta a desenvolver o seu trabalho de forma articulada com as famílias e
a comunidade em geral, ou seja, extramuros, visando fortalecer laços e
participação efetiva da população atendida no entorno. Há necessidade de
articulação entre a esfera pública local e a comunidade, tornando essa situação
ainda mais difícil, seja o fato da sociedade moderna estar vivendo um momento
de mudanças extremamente significativas.
Diante da mudanças, muitas estruturas vêm se modificando, começando
pela família, que não visa mais o modelo nuclear, se estruturando por outras
concepções.
19 A família vem depositando na escola a responsabilidade de educar os
seus filhos no sentido mais amplo e a escola se nega a representar também
este papel.
Para Lück(2009),”Os pais desejam que a escola eduque seus filhos no
sentido mais amplo da palavra, que transmita valores morais, princípios éticos
e padrões de comportamento”.
A educação familiar é um fator importante na formação da personalidade
da criança, desenvolvendo sua criticidade, ética e cidadania refletindo
diretamente no processo escolar.
Organização familiar, para Gokhale,(1980),Não é somente o berço da
cultura e da base futura,mas é também o centro da vida social ...A educação
bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade
e ao seu comportamento produtivo quando adulto... A família tem sido, é e será
a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do
caráter das pessoas.
Seguindo essa linha de pensamento outro autor que afirma:
“(...) o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa é, na
verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria
dos problemas de comportamento,como ausência de atenção e agressividade,
é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue,
em sala de aula, ficar parada em momento nenhum, mostra-se sempre
nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos
rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja uma relação
conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa, entre os pais,os
pais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na
criança com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este
fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda, demonstrando isso de
várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente
escolar.”(Well,2009).
Sendo assim, é importante ressaltar que a escola é passageira, para o
indivíduo,(com finalidade de enriquecimento intelectual, entre outros) a família,
20seus costumes e hábitos perduram por toda vida do mesmo.Em virtude disso é
incoerente que os pais atribuam à escola a primeira educação de seus filhos.
De acordo com Tiba(1996),”(...)para a escola, os alunos são apenas
transeuntes psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e, com
certeza , um dia vão embora. Mas família não se escolhe e não há como mudar
de sangue. As escolas, mudam, mas os pais são eternos.”
A família em hipótese alguma não pode confundir a atribuição de
responsabilidade como abandono da supervisão escolar necessária a todos ser
humano. A responsabilidade é extremamente importante para o
desenvolvimento da criança, mas – como em toda etapa da vida do indivíduo,
necessita de um ser mais experiente, no caso a família, para nortear as
atitudes a serem tomadas pelo mesmo.
Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA):as escolas têm obrigação de se articular
com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico,
bem como de participar da definição das propostas educacionais,todavia,nem
sempre as famílias se dispõem a esta participação.
Ressalta-se a importância sobre a construção de uma relação de amizade e
companheirismo, onde se conheça problemas, anseios e especificidades, entre
família e escola, visto que ambas desempenham um papel muito importante na
vida da criança e do adolescente que é o de prepará-los para sua inclusão
futura na sociedade.
Szymanski.(2009), afirma que “ambas desempenham um papel
importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão.São elas os primeiros
“espelhos” nos quais nos vemos e nos descobrimos como sendo bonitos ou
feios, inteligentes ou burros, bons para matemática ou bons para nada(...)”.
Tanto os pais quanto à escola precisam ficar atentos no que o filho
/educando está fazendo, as suas dificuldades e comportamentos.
21Educar, portanto, não é uma tarefa muito fácil. Educar exige muito esforço,
tranqüilidade e paciência. Exige também saber ouvir, como também saber calar
quando é preciso educar.
É fato que família e escola representam pontos de apoio e sustentação
ao ser humano e marcam a sua existência e que ambas só existem porque
filhos/educandos existem, sendo a criação e a educação deles, o seu principal
objetivo.
A família deverá entender que a escola é um complemento útil e
necessário para educação do seu filho e que a escola poderá contar com o seu
apoio e participação como também complemento útil e necessário da escola.
É importante que Família-Escola busquem uma parceria construída na
amizade e no companheirismo, obrigando os dois lados a conhecerem os seus
problemas e anseios, visando um trabalho com o mesmo objetivo: O bem
comum do filho/educando.
2.2 Acompanhando o Rendimento Escolar
Rendimento escolar é o primeiro motivo que provoca a relação dos pais
com a escola. Para alguns pais, a professora é a única responsável pelo bom
rendimento escolar do filho. Eles associam o rendimento escolar dos seus
filhos ao interesse e à dedicação dos professores. As aulas geradoras de maior
interesse para eles são as saem da rotina. Há pais que fazem os deveres de
casa dos filhos achando que isso vai ajudá-los ou às vezes por não querer
perder muito tempo. Com isso acostumam a criança a não estudar.
Para Well(2009),”O ideal é que os pais criem nos filhos o hábito de
estudar sozinhos. Apenas ajudar quando chamados,mas sempre no sentido de
o fazerem achar a solução do problema.”
Cervera(2007) comenta que “os pais , não podem esquecer que o protagonista
da aprendizagem é o filho, o estudante, que nunca pode ser sujeito passivo do
processo educativo”.
22O rendimento escolar, não está resumido as notas, mas a uma série de ações
que culminam em um aprendizado qualitativo, como conseqüência deste
verdadeiro aprendizado, são as boas notas.
As notas são conseqüências e não objetivo fundamental do processo
educativo.
O esforço e dedicação do filho/educando é que tem que ser levado em
consideração que, inevitavelmente, alcançará boas notas. A exigência da
família frente ao rendimento do filho deverá ser de acordo com as reais
capacidades do filho.
A escola deverá apresentar um boletim de notas ou conceitos que é um
dos veículos que permitem estabelecer relações com os pais, pois este se
revela uma ligação indispensável.
Através do boletim escolar a família será informada pelo andamento da
evolução do seu filho.
De acordo com Gokhale(1980),”Os pais devem evitar as reações
desproporcionadas perante “as notas”. Dissemos que o importante é o esforço
que o filho desprendeu, não os resultados alcançados. Uma nota elevada sem
esforço não merece um prêmio e, por vezes, uma aprovação pode ser motivo
para uma celebração”.
A escola não pode culpar a família pelo baixo rendimento do aluno nem vice-
versa. A escola deve entender que a família mudou e com essa família de hoje
que a escola deve trabalhar. Nos dias de hoje, a responsabilidade dos estudos
é compartilhada, ou seja, recai sobre a família, a escola e sobre o
filho/educando.
Se houvesse a parceria entre Família-Escola, possivelmente, ocorreria o
alcance de bons resultados em relação ao aluno (filho).
23
2.3 Como Buscar e Manter a Parceria Família-Escola
Como a família é a maior interessada na formação dos seus filhos,
convém a gestão da escola, chamá-la para formar uma parceria, com o objetivo
de compartilhar a responsabilidade de assumir a educação do filho/educando.
A participação da família e, de modo especial dos pais na vida dos filhos
em idade escolar é de fundamental importância dentro de uma gestão que
busca como objetivo primordial o sucesso escolar dos educandos. É na escola
que são construídas as primeiras relações humanas que, nos garantem a
condição de cidadão. Porém, não basta somente que a escola conheça a
família de seus alunos, mas que propicie de fato meios para que a família sinta
segurança e a motivação de poder participar da vida da escola. Tudo isso
ganha sentido, com uma visão escolar visionária e segura, que permita e
promova momentos de diálogo, de convivência do ambiente escolar.
O primeiro passo, preferencialmente, deve ser dado pela escola, ou seja,
o gestor convoca os pais para uma conversa franca, em reuniões simples e
organizadas.
Nessas reuniões é permitido aos pais a opinarem sobre todos os
assuntos, pois é de muita valor a tentativa de aproximar os pais da escola.
Dado o início ao diálogo, produtivo, idéias prontas devem ser desconsideradas
e que gestão e equipe, entendam o público para o qual prestam serviço. Em
contrapartida, as famílias devem compreender a missão e as propostas da
escola e conhecer formas de contribuir com ela.
A responsabilidade de educar é compartilhada. Não restringindo em momento
algum a apenas um desses. Compartilhar é o desejo verdadeiramente de
educar.
É fato que Família e Escola representam pontos de apoio e sustentação
ao ser humano e marcam a sua existência.
A capacidade de comunicação exige o entendimento da mensagem
entre os dois lados. É necessário o desejo de querer escutar o outro e ter
flexibilidade para receber idéias opostas.
24Para essa parceria tenha o seu objetivo alcançado e não cansado, deve estar
calcada de forma firme, coesa, sólida, aberta e principalmente que a
responsabilidade de fato seja compartilhada.
De acordo com Lück (2002), as escolas atuais necessitam de gestores
com capacidade de conquistar e construir formas de interação entre pessoas e
grupos, capazes de trabalharem ajudando a identificar a resolução de
problemas, ouvindo o que os outros têm a dizer para conjuntamente atingirem
metas coletivas. As palavras da autora (ibid,38) a seguir explicam bem essa
idéia:”o estilo participativo de liderança constrói os fundamentos para a
administração participativa.”
Ao se falar no relacionamento Família-Escola, muitos fatores merecem
ser levados em consideração. Importante que o gestor perceba que as ações
da família são, na maioria das vezes, muito diferentes das ações desenvolvidas
na escola, principalmente nas classes sociais mais baixas, onde o nível de
escolaridade e verbalização torna a participação crítica das famílias algo quase
impossível. No início participam dos encontros realizados na escola, mas de
forma passiva, apenas ouvem o que está sendo dito, recebem notas e
reclamações quanto ao acompanhamento dos filhos e não opinando, já que
muitos acreditam não poder acrescentar nada ao ambiente escolar. Estas
famílias não sabem que mesmo sendo analfabeta ou com pouco estudo,
podem e devem contribuir na aprendizagem dos filhos.
É bem verdade que muitas escolas, entretanto, não facilitam a
participação das famílias e, muito menos, incentivam o desenvolvimento de
parcerias. Algumas gestões se colocam na posição de detentoras do saber,
acreditando que só elas têm o poder de decisão. Outras acreditam no potencial
da famílias, respeitam as decisões e levam em consideração os sentimentos e
emoções das famílias. Temos, ainda, escolas que valorizam a interpendência,a
reciprocidade e a tomada de decisões em conjunto.
Szymanski,(2009) afirma que:
“Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das diferenças
sociais, valores, crenças, hábitos de interação e comunicação subjacentes ao
25modelo educativo. Tanto crianças como pais podem comportar-se segundo
modelos educativos que não são os da escola.”
Em virtude disto e de outros fatores, acaba ocorrendo um conflito de
idéias entre família e a escola, ocasionando o insucesso do processo
educacional e, por consequência, do sentimento escolar.
Para que o trabalho dê certo, é relevante que tanto a escola quanto a
família se dêem a chance de se conhecerem mediante o exercício do diálogo, a
fim de estabelecerem estratégias educativas comuns, gerando assim um
compromisso mútuo de cumplicidade.
É necessário que família e escola se encarem responsavelmente como
parceiros de caminhada, pois ambas são responsáveis pelo que produz,
podendo reforçar ou contrariar a influência uma da outra. Família e escola
podem precisar criar, através da educação, uma força para superar suas
dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva, atuando juntas
como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do educando.
Olhando pelo lado da qualidade da educação, a parceria família-escola
permite que as duas se completem, que a educação doméstica seja
sistematizada pela educação escolar, numa constante troca de conhecimentos,
sem que haja imposição de saberes de nenhum dos lados. A forma como a
escola passa a se relacionar com sua comunidade, é percebida como um
diferencial e amplia-se o conceito que se tem de educação e a escola se torna
uma formadora de cidadãos livres e autônomos.
2.4 Uma parceria que está dando certo
Esta parceria acontece numa Unidade Escolar do ensino fundamental da
Cidade do Rio de Janeiro. Situada em um conjunto residencial cercado de
favelas.
É uma comunidade carente e violenta. Crianças convivem com a
marginalidade e o desrespeito à vida humana.
26 A maioria das famílias não tem renda fixa e muitos sobrevivem com o
Bolsa Família.
As famílias não participavam ativamente na escola porque não
compreendiam e outras por total falta de interesse pela vida escolar do filho.
A gestora da escola profunda conhecedora dos problemas da
comunidade (ela cresceu nesta comunidade) resolveu tornar mais
interessantes as reuniões para os pais e começou a conversar informalmente
com alguns na entrada e saída dos turnos. Perguntava se eles estavam
gostando do trabalho desenvolvido na escola, se as crianças elogiavam a
merenda servida, etc.
As respostas eram as mais diferentes possíveis. Então, a gestora junto
com a coordenadora pedagógica marcaram reuniões onde os pais pudessem
falar das suas dúvidas e ansiedades. No momento, para elas, foi a melhor
estratégia de trazê-los para dentro da escola.
Os temas das reuniões eram assuntos de interesse das famílias. Eram
temas onde os saberes das famílias eram destacados e valorizados.
As famílias que participaram das primeiras reuniões gostaram tanto que
começaram divulgar o conteúdo das reuniões para outros pais e com isso a
escola foi alcançando o seu objetivo.
Foram criados espaços na Unidade Escolar para atividades que usavam
recursos áudio visuais, palestras com profissionais de saúde e tantas outras
dadas pelos próprios pais.Dessa forma a gestão e equipe fortaleceram o
vínculo com as famílias.
Os projetos da horta, jardinagem e da reciclagem, sarau de poesias,
semana da alimentação e da beleza (com truques dados pelas mães e vovós),
foram um sucesso.
Com essa boa integração, o Conselho Escola Comunidade, ficou muito
mais atuante.
27 O conselho é formado por representantes dos segmentos professor,
aluno, responsável, funcionários e associação de moradores, cujo presidente é
o gestor da escola.
Este conselho é consultivo e tem por finalidade promover constante e
efetiva integração entre Família Escola Comunidade, atuando em co-
participação com a gestão da Unidade Escolar, visando a melhoria do ensino.
Os representantes do CEC, são eleitos através do voto e o mandato é
de dois anos.
Com muita conversa, respeito e solicitude, esta parceria gerou uma
grande oportunidade de participação dos responsáveis na vida de seus
filhos/educandos na escola, pois a participação da família na educação dos
filhos deve ser constante e consciente. A vida escolar e familiar se completa.
Os índices de evasão escolar e alunos analfabetos no final do 3ºano
diminuíram bastante. A aprovação das famílias em relação a gestão aumentou
consideravelmente .
Por isso, neste ano de 2010, esta Unidade Escolar optou mais uma vez
em buscar em todos os sentidos a participação dos pais na vida escolar dos
filhos, seja através de atividades, brincadeiras, passeios, ou simplesmente
acompanhar as aulas junto com os filhos. Serão planejados atividades
juntamente com os pais, para desde então, ele se sentirem responsáveis por
todo este processo.
28
CAPÍTULO III
ESTIMULANDO UMA GESTÃO PARTICIPATIVA E
INTEGRADORA
Para Lück (2002),a partir das grandes e contínuas transformações de
âmbito social,científico e tecnológico que exigiram um novo modelo de
escola,surgiu um novo perfil de dirigentes,com formação e conhecimentos
específicos para o cargo e a função de diretor-gestor.
A expressão gestão escolar em substituição à administração escolar,
representa uma mudança radical de postura, um novo enfoque de
organização,um novo paradigma de encaminhamento das questões
escolares,ancorado nos princípios de participação, autonomia, autocontrole e
responsabilidade. Lück ressalta que:
“Nas escolas eficazes, os diretores agem como líder pedagógico,
respeitando as diferenças e a pluralidade de idéias”(2002,p.24). Na visão da
autora, o papel do diretor é extremamente pedagógico. Ele é um administrador
do ensino. Devendo estimular a participação coletiva dos estudantes com os
professores, dos professores com os responsáveis, dos responsáveis com a
comunidade. Tornando-os participativos numa sociedade tão individualista.
De acordo com Paro (1988), os professores têm o desafio e o
compromisso de tornar realidade para a clientela educacional uma escola
prazerosa, democrática e competente. Nesse sentido, nossos alunos se
sentirão capazes de entender suas relações com a vida e a sociedade em que
está inserido para potencializar suas capacidades de críticas e transformações
no mundo em que vive. É na escola que as crianças nascem socialmente. Ali,
elas conhecem as normas de convivências que são praticadas por todos e
aprendem até a questioná-las, caso não as considerem justas.
29 Paro (1988),p.40 ) “aponta para a necessidade da comunidade participar
efetivamente das decisões que dizem respeito aos seus objetivos e a forma
para alcançá-los”, contribuindo assim,para uma melhor formação dos educando
e transformando-os em cidadãos conscientes e capazes de brigar por seus
direitos e conhecer seus deveres.
Paro (1988), entretanto, a gestão democrática faz parte de um processo
coletivo e totalizante, cujo requisito principal é a participação efetiva de todos.
Ele relata que “muita gente quer a participação da comunidade em tudo,mas
quando se trata de participar das decisões, não aceita” (1988,p.50).
Diante disso, Paro (1988) reconhece que a gestão democrática faz parte
de um processo coletivo e totalizante, cujo requisito é a participação efetiva de
todos, onde a “não participação se deve a uma espécie de comodismo sem
razão de ser, próprio de nossa tradição cultural”(ibid,o.59).
Para Paro, por mais diferentes que sejam, todas as escolas têm pelo
menos, duas coisas em comum. Primeiro, elas existem para fazer com que
seus alunos aprendam. Segundo Paro (1988),nenhuma é perfeita. Mas todas
podem mudar para a melhor. Em uma gestão participativa pode existir uma boa
liderança,onde todas as oportunidades de aprender uns com os outros são
estimuladas. Os professores compartilham dos mesmos objetivos e têm clareza
de como atingi-los. A prioridade maior é sempre a aprendizagem dos alunos e
todos são chamados a participar das decisões. O autor ilustra isso dizendo:
No caso da reivindicação pela participação da comunidade na gestão da escola
pública a hipótese é que, no momento da luta por essa participação, os
diferentes grupos tendem a unir esforços para o objetivo comum (...),orientado-
se os esforços para o interesse comum da qualidade do ensino. (ibid,p.66).
De acordo com Lück (2002), as escolas atuais necessitam de gestores com
capacidade de conquistar formas de interação entre pessoas e grupos,
capazes de trabalharem ajudando a identificar a resolução de problemas,
ouvindo o que os outros têm a dizer para conjuntamente atingirem metas
coletivas. As palavras da autora (ibid,p.38) a seguir explicam bem essa idéia : “
30o estilo participativo constrói os fundamentos para a administração
participativa”.
Observa-se assim que a autora reforça a ideia de que o líder escolar ao
envolver, como companheiros de trabalho, professores e demais funcionários
da escola cria também, desta forma, seu comprometimento com as decisões
tomadas.
Ou seja, para essa autora a abordagem de gestão participativa pode
trazer benefícios significativos para as escolas em que a gestão de pessoas se
dê de tal forma que encoraje tanto a criatividade, como o trabalho em equipe,
na realização de desafios cotidianos.
3.1 Os principais agentes no processo de gestão democrática
De acordo com Paro (1988), para se dirigir uma escola é preciso dar voz
a todos. Com isso, a gestão da escola não está sozinha, há diversos
segmentos da escola como o Grêmio Estudantil, que têm como objetivo
incentivar a participação dos educandos nas atividades elaboradas pelo Projeto
Político Pedagógico. O Conselho de Classe deve proporcionar alternativas para
se discutir as questões diárias da escola como um todo. Os Centros de
Estudos devem replanejar trocas e discussões de problemas surgidos na
escola; as reuniões com a comunidade de responsáveis devem ser para troca
de experiências porque todas as famílias ainda não estão acostumadas a sentir
que a escola é deles.
Sendo assim, Paro (1988,p.81) relata que:
Os conselhos de classe, não podem continuar sendo instâncias
meramente burocráticas, onde se procura apenas justificar o baixo rendimento
escolar do aluno (...). Avaliando não apenas o rendimento do aluno, mas o
próprio processo escolar como um todo, com a presença de alunos e pais, pois
elas são usuários da escola como um todo, com a presença de alunos e pais,
31pois elas são usuários da escola e compete apresentar problemas e dar
sugestões de acordo com seus interesses.
Para o autor (ibid), a escola é um lugar onde você começa a construção
de uma vida coletiva. Com trabalho coletivo, uma conversa com toda a
comunidade escolar é possível se formar um aluno crítico, solidário, que saiba
viver em sociedade e cooperar pela educação de todos.
Paro (1988) relata que se desejamos que a comunidade escolar se
incorpore a vida social, com presença ativa e decisiva, não podemos conceber
a definição da política educacional e a gestão escolar em caráter centralizado e
autoritário. Nesse sentido, seminários, assembléias, debates, encontros, etc.
devem ser promovidos para esclarecer a população e contar com sua
participação, seja na definição das políticas educacionais, seja na vivência
delas na prática cotidiana. Esse autor afirma ainda que:
Há necessidade de se instalarem mecanismos institucionais visando à
participação política de grupos e pessoas envolvidos com as atividades
escolares – processos efetivos de escolha dos dirigentes, colegiados com
participação de alunos, pais e pessoal escolar, associação de pais e
professores, grêmio estudantil, etc.(ibid,p.104).
Para o autor, dentro do contexto da escolar é que se vai entender o
significado de cidadania, pois a autoridade máxima na comunidade escolar é a
consciência coletiva. Falta cada um por si descobrir que é uma peça importante
e que o que se faz dentro da escola é individual e coletivo. ( Paro,1988)
Dessa forma, segundo o autor, diante das novas exigências e papeis, as
escolas vêm tentando dividir suas responsabilidades educacionais com as
famílias para juntas estabelecerem o compromisso mútuo pela formação dos
alunos. Para ele, a família e escola são pontos de apoio e sustentação do ser
humano. Quanto melhor for a parceria entre ambos, mais positivos e
significativos serão os resultados na formação do educando. A participação dos
pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Portanto,
a escola não pode culpar a família pelo baixo rendimento dos alunos nem vice-
32versa. E os educadores refletirem a respeito, de como se aproximarem de seus
alunos tendo o apoio constante da família.
Na prática o Conselho Escola Comunidade é uma forma de implantar
nas escolas uma gestão participativa, onde todos os segmentos são ouvidos e
respeitados, tendo como destaque a família. O importante não é que tidos
façam tudo, mas que decidam juntos o que fazer e como fazer.
É interessante observar a fala de Paro (1988,p.113):
O Conselho de Classe teria como um de seus propósitos prioritários
fazer da participação dos pais um objeto de preocupação e um fim da própria
escola, de modo a aproximar a família das questões pedagógicas e a tornar a
unidade escolar integrada ao seu meio, e não um corpo estranho como é hoje.
Ou seja, entende-se que o conselho de escola é um colegiado formado
por todos os segmentos da comunidade escolar: pais, alunos, professores,
direção e demais funcionários. Por meio do conselho, todas as pessoas ligadas
à escola podem se fazer representar e decidir sobre aspectos administrativos,
financeiros e pedagógicos, tornando o colegiado não só com um canal de
participação, mas também um instrumento de gestão da própria escola.
3.2 Análise das Entrevistas
Com a finalidade de enriquecer esta pesquisa, este estudo foi realizado
em duas etapas distintas.
A primeira etapa envolveu uma pesquisa bibliográfica onde ficou
entendido que numa gestão democrática em uma escola pública é necessário
praticar o exercício da participação em todos os sentidos.
Na segunda etapa foi aplicada uma entrevista com os representantes de
cada segmento do Conselho Escola Comunidade que integram uma Unidade
Escolar de ensino fundamental da cidade do Rio de Janeiro.
33 Com relação a primeira pergunta,que abordou a questão da participação
familiar com êxito do processo educacional, ficou claro que a família agora está
mais atuante.
De acordo com a gestora (Anexo I)
As famílias ultimamente tem participado satisfatoriamente aqui em nossa
escola. Lembrando sempre que esta não era a nossa realidade até um tempo
atrás.
A resposta da professora (Anexo I) confirma essa idéia.
No início, as nossas reuniões só eram freqüentadas pelos pais dos
alunos com conceito bom, mas agora a realidade é outra. A participação dos
pais aumentou muito.
A fala do responsável (Anexo I) reafirma a idéia:
A família precisa estar mais presente e atuante dentro da escola para
poder entender melhor as decisões que são tomadas e buscar soluções juntos
aos professores para facilitar a aprendizagem de seus filhos.
O aluno (Anexo I) afirmou:
Acho que a família pode ajudar o aluno a aprender alguma coisa quando
ele não se interessa. Pode ensinar o seu filho em casa ou pagando uma
explicadora para ele.
A segunda pergunta quer saber se são desenvolvidos trabalhos juntos à
comunidade escolar. A resposta da professora (Anexo I) foi satisfatória:
Sim, felizmente a participação nos eventos são satisfatórios. As famílias
tem participado com entusiasmo.
Pela resposta da gestora (Anexo I) observou-se que ela propicia eventos que
procuram integrar a comunidade.Ela disse que:
Sim, sempre que possível realizamos palestras, buscando outras
parcerias. Ação Comunitária através de seus técnicos oferecem cursos,
palestras, apresentação de capoeira, etc. Tem também o projeto família na
escola e festas comemorativas.
34A fala do responsável (Anexo I) reforce essa idéia:
Sim, as reuniões e palestras que acontecem na nossa escola são para
tratar do desenvolvimento escolar e social dos nossos filhos.
A prática diz que é muito importante a participação de todos os
segmentos da comunidade escolar nos projetos e eventos educacionais.
A terceira e última pergunta, quer saber se o comportamento da gestão tem um
compromisso democrático. As respostas foram as seguintes:
Procuramos junto com toda comunidade escolar, buscar sempre a
melhor solução para os problemas surgidos dentro da nossa escola.
(Gestora)
Sim, todos os envolvidos nos projetos desenvolvidos em nossa escola,
tem opinião ouvida e respeitada.
(Professora)
A diretora está sempre pronta para nos ouvir, isto não significa que
concorde com tudo, mas conversamos muito.
(Aluno)
Nós os responsáveis estamos sempre nos fazendo presentes nas
reuniões e fazendo valer as nossas opiniões.
(Responsável)
Entendeu-se pelas falas dos entrevistados que a gestão se torna
democrática porque esses sujeitos perceberam que a melhor forma de
constituir uma escola democrática é através de um Projeto Político Pedagógico
Participativo, visto que a participação é fundamental para o sucesso dos
mesmos.
O objetivo de uma gestão participativa é estimular a participação da
comunidade no acompanhamento dos serviços educacionais. Na medida em
que a pessoa passa a contribuir, ela se acha em melhor posição para cobrar o
retorno de sua colaboração, proporcionando maior estímulo na defesa de seus
direitos.
35
CONCLUSÃO
Considerando a temática desta pesquisa que trata da Importância da
Relação Família - Escola, pode-se dizer que o objetivo deste estudo foi
alcançado visto que o mesmo era de identificar as ações entre Família-Escola,
analisando as condições favoráveis para se obter a participação de toda
comunidade escolar no processo de transformação da escola e da sociedade.
Constatou-se a necessidade de se elaborar de forma participativa e
solidária os projetos educacionais, visto que o trabalho em equipe e com
responsabilidade compartilhada será realizado na escola pública com
participação das pessoas no processo educacional, sem perder de vista o
objetivo final, que é o de um bom ensino e de uma boa aprendizagem.
Constatou-se que a gestão pode ajudar a sua clientela a se engajar nas
decisões políticas pedagógicas escolar: levando-os a não se sentirem agentes
passivos, mas sujeitos que constroem, de forma coletiva, a construção
democrática de um novo projeto de educação onde devem definir e sugerir
ações para a melhoria da escola pública.
As pessoas precisam compartilhar idéias, informações e ações, respeitar
e preservar individualidade e as produções do outro, percebendo-o como ser
pensante. Este é o grande desafio.
O gestor através de uma prática política e pedagógica pode efetuar
propostas que tornem possível uma escola eficaz, eficiente e efetiva para
todos.
Ficou evidenciado que o trabalho coletivo e organizado poderá fazer da
escola pública um exemplo de gestão democrática política com espírito de
renovação participativa.
A responsabilidade é grande e deve ser compartilhada por todos os
envolvidos, para que a realidade de um trabalho educacional de qualidade
política e participativa deixe de ser centrado nas mãos do gestor para se
transformar em um trabalho participativo junto a família.
36 A gestão passa a ser, então, o resultado do exercício de todos os
componentes da comunidade escolar, sempre na busca do alcance das metas
estabelecidas pelo Projeto Político Pedagógico construído coletivamente por
todos os envolvidos. Possibilitando aos educandos vivenciarem uma prática
política de participação que possibilitará um envolvimento em outras
organizações e instituições da sociedade.
37
ANEXO I
ENTREVISTA
Esta entrevista é parte integrante de uma monografia de conclusão de
curso de pós-graduação da Universidade Cândido Mendes. Destina-se a
levantar as dificuldades das pessoas se sentirem participantes das decisões
junto a gestão escolar.
Como você poderá perceber, não há necessidade de identificar-se,
ficando assim, seu anonimato garantido, não causando constrangimento algum
à sua pessoa.
Estado civil : ________________________________
Grau de instrução: ___________________________
Cargo que ocupa: ___________________________
1 -Você considera o êxito do processo educacional,dependente da participação
familiar?
2 -Conhece algum trabalho desenvolvido pela gestão da escola junto a
comunidade?
3 -Você considera o comportamento da direção como um compromisso
democrático?
38
BIBLIOGRAFIA
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