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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR COMO FACILITADOR DA
APRENDIZAGEM
Por: Kátia Nascimento Rodrigues da Silva
Orientador
Profa. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O LÚDICO NO ESPAÇO ESCOLAR COMO FACILITADOR DA
APRENDIZAGEM<>
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional.
Por: Kátia Nascimento Rodrigues da Silva
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por permitir concluir
mais esta etapa em minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido
Ronaldo que me apoiou incentivou a
crescer dentro do que eu acredito.
5
RESUMO
Esta monografia se propõe a mostrar que o lúdico no espaço escolar
pode facilitar a aprendizagem de crianças nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. Mediante o uso de recursos, como: jogo, histórias,
dramatização, música e artes plásticas resgata-se a alegria, entusiasmo de
aprender, pensar, compreender e reconstruir o conhecimento
A escola precisa se dar conta que educar não é jogar lição
empacotadas para o educando consumir passivamente. Educar é um ato
consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no
mundo. Através do lúdico resgata-se o verdadeiro sentido da palavra ¨escola¨,
local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento. Para atingir
esse fim, é preciso que o educador reflita sua prática pedagógica. Este
aprender a refletir, está relacionado com sua formação, com sua preocupação
em estar atualizado, em procurar novas metodologias, e em querer inovar,
fazer diferente. É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que
conseguiremos uma educação de qualidade e que consiga ir ao encontro dos
interesses e necessidades da criança.
6
METODOLOGIA
A metodologia desse estudo monográfico propôs a pesquisa
bibliográfica que buscou referencial teórico para a discussão aprofundada do
tema em questão.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I -O lúdico e suas formas de
manifestação 10
CAPÍTULO II -O lúdico segundo autores 19
CAPÍTULO III – A escola não valoriza o lúdico 26
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ATIVIDADES CULTURAIS 42
ÍNDICE 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO 46
8
INTRODUÇÃO
A educação traz muitos desafios aos que nela trabalham e aos que se
dedicam a sua causa. Pensar em educação é pensar no ser humano, em sua
totalidade, nas suas preferências, nos seus gostos, nos seus prazeres, enfim,
em suas relações vivenciadas.
O desejo dos educadores são alunos querendo mais aprendizagens,
não tendo vontade de sair da aula após seu término, alunos querendo voltar à
escola por ser lá um lugar bom para passar o dia. Mas infelizmente isso não
acontece, encontramos nas escolas alunos inclinados à distração, sem
estímulos para realizar as atividades escolares, encarando a escola como algo
difícil, pesado e obrigatório.
Percebe-se que nas escolas há uma preocupação de ensinar os
conteúdos propostos, imaginando que quanto mais conteúdos passarem mais
os alunos se desenvolvem, o que não é verdade. Para serem assimiladas, as
informações devem fazer sentido.
A criança desde muito cedo, possui um anseio natural para brincar, isto
é, para por em prática suas habilidades que desabrocham, dessa forma
exploram a si própria e o ambiente ao seu redor. Ao brincar, ela expande suas
emoções, organiza seu mundo interior em relação ao exterior.
Esta pesquisa tem o objetivo de mostrar que o lúdico é um recurso
facilitador da aprendizagem, na medida que contribui para desenvolver nos
educandos o prazer em construir o próprio aprendizado.
Na faixa etária em que se encontra a clientela que cursa às séries
iniciais do Ensino Fundamental, é fundamental adotar o uso do trabalho com o
9
lúdico, jogos, histórias, dramatização, música e artes plásticas, pois assegurará
o desenvolvimento da criatividade, iniciativa e autonomia.
Através da pesquisa bibliográfica analisamos que educadores como:
Jean Piaget, Lev Vygotsky, Tizuko Kishimoto, Winnicott e outros ressaltam a
importância do lúdico no desenvolvimento global da criança.
O lúdico é um recurso pedagógico nem sempre valorizado. Muitas
vezes, quando utilizado nas escolas, é feito de forma aleatória, sem objetivos
definidos.
Vários fatores interferem na não utilização do lúdico no espaço escolar,
como: a estrutura conservadora da escola e o medo e despreparo do
professor.
Independente desses fatores citados, é da responsabilidade de cada
professor motivar suas aulas, tornando-as mais atrativas e prazerosas,
contribuindo assim com um processo de formação que visa a autonomia e a
participação ativa e construtiva da sociedade.
10
CAPÍTULO I
O LÚDICO E SUAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO
¨Educar é ir em direção à alegria¨.
Sneyders
O brincar é fonte de lazer, mas é simultaneamente, fonte de
conhecimento. É esta dupla natureza que nos leva a considerar o brincar parte
integrante da atividade educativa.
Através da brincadeira a criança satisfaz, em grande particulares,
sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira
como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo.
.Kishimoto diz que:
brincando(...) as crianças aprendem (...) a cooperar com
os companheiros(...) a obedecer as regras do jogo(...), a
respeitar os direitos dos outros(...), a acatar a
autoridade(...), a assumir responsabilidades, a aceitar
penalidades que lhe são impostas(...), a dar
oportunidades aos demais(...), enfim, a viver em
sociedade. (KISHIMOTO, 1993, p.110)
Portanto, é por meio da brincadeira que a criança internaliza a cultura
em que vive, seja pelas relações interpessoais que cultiva, seja pelo mundo
que cria para si.
1.1 – Conceito de lúdico
11
O lúdico tem sua origem na palavra latina ¨ludus¨ que do ponto de
vista etimológico, quer dizer ¨jogo¨ mas confinado somente à sua origem, o
termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento.
A criança é o movimento lúdico. O lúdico estimula a participação da
criança, porque é a linguagem que ela conhece e domina.
Segundo Luckesi (2000) o que caracteriza o Lúdico é a experiência de
plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em atos.
A utilização do lúdico é um fator determinante em qualquer trabalho
relacionado à criança. É necessário que desde a Educação Infantil, as crianças
tenham condições de participarem de atividades que deixem florescer o lúdico.
Certamente encontraremos professores que utilizam as palavras jogo,
brinquedo e brincadeira como sinônimos. Outros, marcam uma diferença entre
elas que remonta à sua própria história de vida.
Há dois aspectos implicados nessa questão. O primeiro, diz respeito às
palavras poderem assumir diferentes significados desde a nossa infância, bem
como ao longo da fase adulta. O segundo aspecto, refere-se aos diferentes
significados que uma mesma palavra pode assumir ao longo dos tempos. Se
pegarmos um dicionário de cinqüenta anos atrás certamente a palavra jogo,
brinquedo e brincadeira estarão impregnadas de uma visão de época. Nos dias
de hoje, observamos que há uma clara diferença entre jogo e brinquedo e
entre brincadeira. No entanto, o jogo e a brincadeira, podem ser sinônimos de
divertimento. No dicionário Larousse esses termos estão definidos assim:
-Jogo: ação de jogar, folguedo, brinco, divertimento. Exemplos: jogo de
futebol, jogos olímpicos, jogo de damas, jogo de azar, jogo de palavras, jogo
de empurra.
12
-Brincadeira: ação de brincar, divertimento/gracejo, zombai entre
amigos ou parentes/qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e
que custa mais do que se esperava.
-Brinquedo: objeto destinado a divertir uma criança.
Tanto o jogo, quanto a brincadeira, como o brinquedo podem ser
englobados em um universo maior, chamado de ato de brincar. Não se é
favorável a uma rigidez dos termos, para que não haja separação de hora de
jogo ou da brincadeira.
O brincar não significa somente recrear-se, isto porque é a forma
completa que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.
Nesse brincar está a verbalização, o pensamento, o movimento, gerando
canais de comunicação.
A criança comunicar-se através do lúdico e por meio dele irá ser
agente transformador, sendo o brincar um aspecto fundamental para se chegar
ao desenvolvimento integral da criança.
Vygotsky (1989), atribui relevante papel ao ato de brincar na
constituição do pensamento infantil. A criança através da brincadeira, reproduz
o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. A
linguagem, segundo Vygotsky, tem importante papel no desenvolvimento
cognitivo da criança à medida em que sistematiza suas experiências e ainda
colabora na organização dos processos em andamento.
Através do lúdico a criança vive seu próprio corpo, se relaciona com o
outro e o mundo ao seu redor. A utilização do lúdico na escola caracteriza-se
como um recurso pedagógico riquíssimo na busca da valorização do
movimento, das relações, da solidariedade.
13
O lúdico é uma necessidade humana e proporciona a integração com o
ambiente onde vive, sendo considerado como meio de expressão e
aprendizado.
1.2.- Formas de manifestação do lúdico
O Lúdico pode se manifestar através dos seguintes tipos de atividades:
jogos, histórias, dramatização, músicas e artes plásticas.
- Jogos
O jogo é uma criação humana, tanto quanto a linguagem e a escrita. O
homem joga para encontrar respostas às suas dúvidas, para se divertir, para
interagir com seus semelhantes
O jogo é uma fonte de prazer e descoberta para a criança.
Kishimoto (1999) diz que o jogo está na gênese do pensamento, da
descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de
transformar o mundo.
Os jogos permitem uma grande mobilidade, quer física ou imaginária, a
todas as crianças. As crianças gostam de jogar, motivam-se com o desafio e
com a novidade entrar num mundo que não conhecem, apurando e lapidando
o seu imaginário.
O tipo de jogo usado na educação vai contribuir para o êxito ou
fracasso dos objetivos do professor. Ao se optar por jogos de competição
valoriza-se a busca de resultados em relação ao oponente, prevalecendo a
rivalidade, jogando um contra o outro. A competição não une as pessoas,
antes as separa mais. Enquanto os membros de uma equipe estão unidos
14
entre si, há sentimentos de separação e desumanidade contra os da outra
equipe.
A dramatização não é uma atividade puramente escolar. Foi inventada,
traçada, usada e exercida por todas as crianças de todos os países, fora das
escolas e longe dos mestres.
A criança que brinca de loja e de farmácia faz dramatização. Faz
também o menino que se faz de soldado, o que imita as visitas, o que finge de
médico ou de padre.
A dramatização deve ser realizada na escola, tanto quanto possível,
nas mesmas condições em que se verifica na vida real. Para isso ela deve:
respeitar a espontaneidade das crianças; provocar o trabalho criador, quer
dando aos alunos o ensejo de compor o que vão dizer ou fazer, quer
escolhendo e interpretando o seu papel, conforme lhes parecer melhor; ser
feita de tal forma que os alunos dela tirem proveito, quer durante a sua
organização e preparação quer durante a execução e depois dela.
- Música
A música é uma das mais antigas e valiosas formas de expressão da
humanidade e está sempre presente na vida das pessoas.
Antes de nascer, ainda no útero da mãe, já demonstra sensibilidade ao
ambiente sonoro e responde com movimentos corporais.
Cada ser humano que descobre sua voz, fica mais bonito, mais seguro
de si e com auto-estima elevada. Fazer música, principalmente em grupo, no
coletivo, traz a noção da importância da ordem e da disciplina, da
organização, do respeito ao outro e a si mesmo.
15
Pensando assim, a música não pode estar desconectada do processo
de ensino-aprendizagem da escola.
- Artes plásticas
O trabalho com artes plásticas visa ampliar o repertório de imagens
das crianças, estimulando a capacidade destas de realizar a apreciação artística
e de leitura dos diversos tipos de artes plásticas (escultura, pintura, instalações)
Para tal, o professor pode pesquisas e trazer, para a sala de aula,
diversas técnicas e materiais, a fim de que as crianças, possam experimentá-
las, interagindo com elas a seu modo e produzindo as suas próprias obras,
expressando-se através das artes plásticas.
Assim, elas aumentarão suas possibilidades de comunicação e
compreensão acerca das artes plásticas. Também poderão conhecer obras e
histórias de artistas ( dos mais diversos estilos, países e momentos históricos),
apreciando-as e emitindo suas idéias sobre estas produções, estimulando o
senso estético e crítico.
1.3 – O papel educacional das atividades lúdicas
As atividades lúdicas podem beneficiar todo ser humano, tanto pelo
aspecto de diversão e prazer, quanto pelo aspecto da aprendizagem.
Conforme Santos (1999), para a criança, brincar é viver. A própria
história da humanidade nos mostra que as crianças sempre brincaram,
brincam hoje e, certamente, continuarão brincando.
São muitos os aspectos educacionais desenvolvidos em cada atividade
lúdica, como o desenvolvimento físico, social e intelectual.
16
Os jogos são importantes para o desenvolvimento da coordenação
motora e psicomotora da criança. Estimula a vida social, representando os
diferentes papéis assumidos na sociedade Permitem uma grande mobilidade,
quer seja física ou imaginária, a todas as crianças. Motivam-se com o desafio e
com a novidade de entrar num mundo que não conhecem, apurando e
lapidando o seu imaginário.
De acordo com Piaget (1967), o jogo não pode ser visto apenas como
divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral. Através dele se
processa a construção do conhecimento, principalmente nos períodos
sensório-motor e pré-operatório.
Dessa forma o jogo é uma atividade importante da infância, pois a
criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter equilíbrio com o
mundo.
A importância de contar histórias vai muito além da recreação. Por
meio delas podemos enriquecer as experiências, desenvolver diversas formas
de linguagem, ampliando o vocabulário, formando o caráter, desenvolvendo a
confiança na força do bem e proporcionando viver o imaginário.
A dramatização apresenta valores sociais, lingüísticos e literários.
Desenvolve a personalidade da criança, tornando-a espontânea,
desembaraçada; segura, ajustada no seu ambiente; interessada pelos livros de
histórias; imaginativa.
Através da dramatização desenvolve-se a auto-expressão, o
pensamento crítico e a linguagem em todos os seus aspectos.
Segundo Dohme :
17
A criança necessitará expressar aquilo que deseja,
dentro do contexto que se encontra a história. Ela poderá
ser solicitada a montar as próprias frases que
expressarão alguma idéia solicitada, ou também, poderá
escolher livremente que tipo de idéia ou situação quer
comunicar e identificar a forma de comunicação.(DOHME,
2003, p.103)
Dessa forma, a dramatização proporcionará um exercício crescente de
criatividade e de expressividade, como também a identificação de novas
formas de linguagem e de vocabulário.
A música além de alegrar, unir e congregar mensagens e valores,
disciplinar e socializar, desenvolve a criatividade, forma o caráter e favorece o
desenvolvimento integral da personalidade, o equilíbrio emocional e social.
As artes plásticas oferece as crianças uma oportunidade de auto-
expressão que vai enriquecendo as suas habilidades manuais, estéticas e
desenvolvendo a criatividade.
O trabalho com artes favorece a descoberta de aptidões e o poder de
concentração.
Para Dohme (2003), o trabalho com arte permite também ao professor
conhecer e compreender melhor o seu aluno, tanto pelas suas ações ao
executá-lo como pela análise do seu produto final.
É importante que sejam oferecidas as crianças diversas modalidades
de expressão das artes plásticas, pois suscitará diversos requisitos e irá dar
oportunidade pra que cada uma encontre suas habilidades.
18
Conforme mencionado neste trabalho, as atividades lúdicas podem
desenvolver diversas habilidades e atitudes no processo educacional.
Percebemos que usando atividades lúdicas no âmbito escolar, será
quase impossível obter um sistema passivo, pois as experimentações, se bem
escolhidas pelo professor, irão acontecer sempre no âmbito dos alunos.
CAPÍTULO II
O LÚDICO SEGUNDO AUTORES
19
¨O lúdico é eminentemente educativo no sentido em
que constitui a força impulsora de nossa curiosidade a
respeito do mundo e da vida, o princípio de toda
descoberta e toda criação.
Santo Agostinho
Muitos autores são unânimes em afirmar à importância do lúdico na
educação da criança.
Neste trabalho iremos especificar a opinião de autores importantes como:
Piagei, Vygotsky, kishimoto e Winnicott.
Com relação ao jogo, Piaget (1998), acredita que ele é essencial na
vida da criança e constituem-se em expressão e condição para o
desenvolvimento infantil, já que as crianças, quando jogam assimilam e podem
transformar a realidade.
Piaget classificou os jogos em três grandes categorias que correspondem
às três fases do desenvolvimento infantil:
-Fase sensório-motora (do nascimento até os 2 anos
aproximadamente): a criança brinca sozinha, sem utilização da noção de
regras.
- Fase pré-operatória (dos 2 anos aos 5 ou 6 anos aproximadamente):
as crianças adquirem a noção da existência de regras e começam a jogar com
outras crianças jogos de faz-de-conta.
- Fase das operações concretas ( dos 7 aos 11 anos
aproximadamente): as crianças aprendem as regras dos jogos e jogam em
grupos. Esta é a fase dos jogos de regras como o futebol, damas, etc.
20
Assim, Piaget classificou os jogos correspondendo a um tipo de
estrutura mental em: jogo de exercício, jogo simbólico e jogo de regras.
O jogo de exercício consiste na repetição de ações que as crianças até
aos dois anos realizam com o único objetivo de satisfazer a sua necessidade
de alcançar um objetivo, de realizar um movimento, de ultrapassar um
obstáculo. Corresponde à atividade lúdica do período de desenvolvimento
sensório-motor fazendo parte integrante da estrutura dos jogos seguintes.
O jogo simbólico predomina dos três aos sete anos de idade, ou seja,
no período pré-operatório de pensamento descrito por Piaget. A criança já é
capaz de encontrar o mesmo prazer que tinha anteriormente, no jogo de
exercício, lidando agora, com símbolos. É a época do faz-de-conta, da
representação, do teatro, das histórias, nos quais uma coisa simboliza outra:
um pedaço de pau vira cavalo, vestir uma capa transforma em super-homem,
representar o papel de mãe ao brincar de bonecas,etc. Como o período pré-
operatório se estende dos três anos aos sete anos, tendo portanto, uma
duração mais longa, verificamos à proporção que a criança vai progredindo em
seu desenvolvimento, rumo à intuição e à operação.
O jogo de regras predomina no período operatório, a partir dos seis
anos. É uma das formas de adaptação progressiva da criança à vida em
sociedade. Nele deixa de haver um chefe e passa a haver uma lei: a regra. As
regras orientam as ações dos competidores, estabelecem seus limites de
ação, dispões sobre as penalidades e recompensas. As regras são as leis do
jogo. Para ser enquadrado como um jogo de regras, é necessário, portanto:
que haja um objetivo claro a ser alcançado, que existam regras dispondo sobre
este objetivo, que existam intenções opostas dos competidores e que haja a
possibilidade de cada competidos levantar estratégias de ação. As regras são
para Piaget, a prova concreta do desenvolvimento da criança.
21
Segundo Piaget a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança:
O jogo é portanto, sob as suas duas formas
essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo,
uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a
esta seu alimento necessário e transformando o real em
função das necessidades múltiplas do eu. por isso, os
métodos ativos de educação das crianças exigem todos
que se forneça às crianças um material conveniente, a fim
de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades
intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à
inteligência infantil.(PIAGET,1976, p.60).
Dessa forma, as crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência,
pois querem jogar bem; esforçam-se para superar obstáculos, tanto cognitivos
quanto emocionais. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam também
mais ativas mentalmente.
Para Vygotsky (1984), o brincar tem sua origem na situação imaginária
criada pela criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados, com a
função de reduzir a tensão e, ao mesmo tempo, para constituir uma maneira
de acomodação a conflitos e frustações da vida real.
Segundo Vygotsky, a linguagem tem importante papel no
desenvolvimento cognitivo da criança à medida que sistematiza suas
experiências e ainda colabora na organização dos processos em andamento.
De acordo com Vygotsky (1984, p.97),
A brincadeira cria para as crianças uma ¨zona de
desenvolvimento proximal¨ que não é outra coisa senão a
22
distância entre o nível atual de desenvolvimento,
determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e o nível atual de
desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema sob a orientação de um adulto
ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.
Como um dos responsáveis por alargar os horizontes da zona de
desenvolvimento proximal, Vygotsky destaca o brinquedo.
Quando Vygotsky discute o papel do brinquedo, faz referência a outros
tipos de brinquedos, mas dedica-se especialmente a brincadeira de faz-de-
conta. No jogo de faz-de-conta, a criança passa a dirigir seu comportamento
pelo mundo imaginário, isto é, o pensamento está separado dos objetos e a
ação surge das idéias. O jogo de faz-de-conta é importante meio para
desenvolver o pensamento abstrato.
Já para Kishimoto (2001), o brinquedo supõe uma relação íntima com
o sujeito, uma indeterminação quanto ao uso, ausência de regras. O jogo pode
ser visto como um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto
social, um sistema de regras, um objeto. A brincadeira é a ação que a criança
desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica, é
o lúdico em ação. O brinquedo e a brincadeira relacionam-se diretamente com
a criança e não se confundem com o jogo.
Kishimoto afirma que:
O brinquedo aparece como um pedaço de cultura
colocado ao alcance da criança. É seu parceiro na
brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à
23
ação e a representação, a agir e a imaginar.
(KISHIMOTO,2001,p.68).
Por meio do brinquedo a criança representa situações do dia-a-dia, sua
imaginação é desafiada pela busca de solução para problemas criados pela
vivência de papéis assumidos. As situações imaginárias estimulam a
inteligência e desenvolvem a criatividade.
A autora ressalta algumas modalidades de brincadeiras presentes na
educação infantil como: brinquedo educativo, brincadeira tradicional,
brincadeira de faz-de-conta e brincadeira de construção.
O brinquedo educativo entendido como recurso que ensina,
desenvolve e educa de forma prazerosa, materializa-se no quebra-cabeça,
destinado a ensinar formas ou cores, nos brinquedos de tabuleiro que exigem
a compreensão do número e das operações matemáticas, nos brinquedos de
encaixe, que trabalham noções de seqüência, de tamanho e de forma nos
múltiplos brinquedos e brincadeiras
A brincadeira tradicional é aquela transmitida , de forma expressiva, de
uma geração a outra, fora das instituições oficiais, na rua, nos parques, nas
praças. É incorporada pelas crianças, espontaneamente, com variação das
regras de uma cultura para a outra. Tem a função de perpetuar a cultura
infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar.
A brincadeira de faz-de-conta é a que deixa mais evidente a presença
da situação imaginária. Por volta dos 2/3 anos, tem início as brincadeiras
representadas, quando a criança começa a ¨fazer de conta¨ que uma vassoura
é um cavalo, que um galho de árvore é uma espada, que uma caixa de
sapatos é um carro. Essas representações darão lugar à um faz de conta mais
elaborado, além de ajudar a criança a compreender situações conflitantes a
24
ajuda à entender e assimilar os papéis sociais que fazem parte de nossa
cultura.
Através da imitação representativa a criança vai aprendendo a lidar
com regras e normas sociais.
A brincadeira de construção é considerada de grande importância por
enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver
habilidades da criança.
Quando está construindo, a criança está expressando suas
representações mentais, além de manipular objetos.
O jogo de construção tem uma estreita relação com o de faz-de-conta.
Não se trata de manipular livremente tijolinhos de construção, mas de construir
casas, móveis ou cenários para as brincadeiras simbólicas.
Para Winnicott a brincadeira é universal e faz parte da saúde da
criança, ainda em Winnicott ( 1075,p.63) :
(...) o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o
brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar
pode ser uma forma de comunicação na terapia;
finalmente, a psicanálise foi desenvolvida como forma
altamente especializada do brincar, a serviço da
comunicação consigo mesmo e com os outros.
Sendo assim, quando a criança está dando sinais claros de sua
vivacidade, ela está se socializando com outras crianças ao mesmo tempo,
pois como Winnicott disse, há uma comunicação consigo (eu) e com os outros,
gerando assim uma relação. Ao mesmo tempo que a criança brinca ela cria
relações e, ao passo que ela interage com os objetos de sua brincadeira, ela
25
revela relatos íntimos que, aos olhos do psicanalista são falas reveladoras para
o trabalho terapêutico.
Para Winnicott (1975), o brincar envolve o corpo devido à manipulação
de objetos. A criatividade é fundamental e é através dela que o indivíduo sente
que a vida é digna de ser vivida.
De acordo com o autor, em todas as fases da vida, o mediador é
fundamental para o sucesso no desenvolvimento do bebê, criança,
adolescente, adulto ou velho. Tudo acontece com um mediador, com
interação: o segurar, o manejar, a apresentação de objetos, a destruição do
objeto, a sobrevivência à destruição.
Quando essa interação é feita com confiança, se a tarefa da mãe é
cumprida na sua integralidade o desenvolvimento emocional e mental do bebê
e da criança é conseguido sem conseqüências negativas.
Pela importância que estes quatro autores tiveram na análise do
brincar, é possível afirmar que o lúdico é uma das maneiras mais eficazes de
envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança,
é sua forma de trabalhar, refletir, descobrir o mundo que a cerca.
CAPÍTULO III
26
A ESCOLA NÃO VALORIZA O LÚDICO
¨É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é
que se pode melhorar a próxima prática¨.
Freire
As instituições educativas ainda são pautadas numa prática que dão
ênfase aos aspectos cognitivos. Os professores estão preocupados em ensinar
os conteúdos propostos e imaginam que quanto mais conteúdos, mais
conhecimentos serão transmitidos.
Sendo assim, a transmissão de um grande número de informações
torna-se de extrema relevância. Valorizando o trabalho individual, a atenção, a
concentração, o esforço e a disciplina, como garantias para a apreensão do
conhecimento.
A sala de aula apresenta-se como coisa séria, o rigor e a disciplina são
mantidos em nome dos padrões institucionais, o que torna o ambiente artificial.
Segundo Kishimoto (2001,p.93):
A educação, ao invés de se converter numa experiência
bem sucedida, alicerçando a vida das crianças de forma
positiva, acaba-se tornando uma experiência sem êxito e
se constituindo em uma série de aprendizagens inúteis e
aborrecidas, que atingem diretamente a auto-estima, o
autoconceito , aumentando a ansiedade e a falta de
motivação das tarefas de aprendizagem.
Nessa perspectiva, observa-se que a escola pode contribuir para a
formação de bonecos manipulados, moldados de acordo com os padrões
27
exigidos pela sociedade capitalista, prevalecendo os interesses da escola e
não de um indivíduo que pode pensar, refletir e agir.
Para Kishimoto (2001), se faz necessário resgatar o caráter simbólico
do homem, quanto à percepção consciente, que se Vê cada dia mais
reprimida, enrijecida e massificada, numa sociedade cuja filosofia de vida é
racionalista e reducionista e que, muitas vezes, leva à alienação do próprio
processo de criação e simbolização do sujeito, em que as crianças não têm
mais espaço para viver a infância de maneira plena e enriquecedora.
Dessa forma, identificamos que na prática pedagógica não há
momento para a aplicabilidade do lúdico, graças a má formação dos
educadores.
A falta de embasamento teórico não permite aos educadores
compreender o lúdico como importante facilitador da aprendizagem.
Ainda hoje, na visão do educador, o recreio foi feito para brincar e a
sala de aula para estudar. Sendo assim, encontram-se presentes nas escolas
alunos inclinados à distração, sem estímulos para realizar as atividades
escolares, encarando a escola como algo difícil, pesado e obrigatório.
A escolas estão preparando os alunos para um mundo que já não
existe. O homem é um ser em constante mudança, logo, não é uma realidade
acabada. Por isso, a educação não pode ter enfoque de reproduzir modelos e
de inibir as possibilidades criativas do ser humano.
De acordo com Elias:
O educando (criança ou adulto) não é passivo, mero
receptor, mas está em constante atividade, tudo quer
conhecer, cabendo à escola não anular esta vivacidade e
28
esse interesse com imposições e, sim, ativá-los
constantemente. (ELIAS,2000,p.198)
Dessa maneira, vivemos em uma época de profundas e significativas
mudanças. A ação é constante e presente em todos os momentos e lugares.
Como não poderia ser diferente, a escola também deve buscar novos
caminhos que venham oportunizar aos alunos melhor atuação junto ao objeto
de conhecimento.
A proposta educativa atual e consistente apresenta uma alteração na
relação professor, aluno e conhecimento. O eixo de deslocação do professor
transmissor de conhecimento para o aluno construtor de seu próprio
conhecimento.
A partir desta concepção de educação que se propõe o uso do lúdico
como desencadeador de uma aprendizagem prazerosa e significativa.
3.1 – Papel do educador
Cresce o anseio por novas formas de organização na escola, de modo
a propiciar condições favoráveis ao trabalho criador do educando, respeitando
sua fase de vida.
Ao analisarmos o referencial teórico, podemos constatar que o
desenvolvimento global da criança acontece por meio do lúdico.
A criança precisa brincar para se desenvolver de maneira sadia e
equilibrada em relação ao mundo.
29
Desse modo, é preciso repensar o processo educacional, pois
encontramos no âmbito escolar o desinteresse, indisciplina e evasão.
Contribuindo para que a escola perca seu brilho e seu encanto.
Vygotsky afirma que, o bom ensino é aquele que se adianta ao
desenvolvimento, ou seja, que se dirige às funções psicológicas que estão em
vias de se completarem.
Considerando a criança de forma integrada, como ser global onde o
cognitivo, afetivo e simbólico, são inseparáveis, que age, pensa, sente e
representa sempre fazendo ligações com o meio físico e humano, cabe ao
educador criar o máximo de situações onde ela interaja, coordene suas ações,
construindo significados partilhados, com troca de experiências, expresse seu
pensamento, observe, deduza, discorde, isto é, seja sujeito na aquisição de
conhecimentos e habilidades.
Enquanto ser global, o conhecimento não é compartimentalizado, tem
seus aspectos cultural, social e informativo intimamente ligados entre si.
Assim toda educação deve ser entendida de forma interdisciplinar,
onde uma atividade não priorize apenas uma área do conhecimento, mas seja
aproveitada na sua totalidade, ser atrativa e prazerosa, ter fácil assimilação
pela criança.
A criança da atualidade é extremamente questionadora e não engole
os conteúdos despejados sobre ela sem saber o porque ou para que. Portanto,
o professor deve saber como a criança aprende e como ensina.
Para se ter dentro das escolas o desenvolvimento de atividades lúdicas
é de fundamental importância a formação do educador. Somente assim será
possível o resgate do espaço do brincar.
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Explorar o universo infantil exige do educador conhecimento teórico,
prático, capacidade de observação, amor e vontade de ser parceiro neste
processo.
Segundo Almeida:
A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola
é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder-
alguém muito consciente e que se preocupe com ela e
que a faça pensar, tomar consciência de si e do mundo e
que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela
uma nova história e uma sociedade melhor.
(ALMEIDA,1987,p.195)
Sendo assim, o professor é a peça chave desse processo, devendo
ser encarado como um elemento essencial e fundamental.
A utilização errônea do lúdico na sala de aula, com o brincar por
brincar, se deve à falta de conhecimento das potencialidades do seu uso.
Faltam aos professores: formação teórica, pedagógica e lúdica.
Quanto maior e mais rica for sua história de vida e profissional,
maiores serão as possibilidades dele desempenhar uma prática educacional
consistente e significativa.
Percebemos que se o professor tiver conhecimento e prazer, mais
probabilidade existirá de que utilize do lúdico na sala de aula.
Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si
mesmo o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências remotas ou
não, brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para
uma aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa.
31
Através das atividades lúdicas, o educador pode obter informações
importantes, como:
- O grau de interesse, motivação, satisfação, iniciativa, criatividade,
autonomia e criticidade que a atividade proporciona;
- Construção do conhecimento (raciocínio, argumentação,etc);
- A verbalização e linguagem que acompanham a atividade;
- Evidências de comportamento social (cooperação, colaboração,
conflito, competição, integração,etc).
A partir das observações dessas informações, o educador terá
condições de programar atividades pedagógicas que desenvolvam os
conceitos que as crianças já estão constituindo e que sejam adequadas às
possibilidades reais de interação e compreensão que elas apresentam em
determinado estágio de seu desenvolvimento.
A ação do educador deve ser, antes de tudo, refletida, planejada e,
uma vez executada, avaliada.
Cabe ao educador, tendo em vista a compreensão e o conhecimento
da evolução das crianças, pensar que tipo de atividade propor, tendo clareza
de intenção, isto é, sabendo o que as crianças podem desenvolver com a
atividade proposta. Um segundo ponto, fundamental, é o encaminhamento da
atividade, ou seja, a definição de como ela será realizada, prevendo a
ocupação do espaço e o limite do tempo, de acordo com a natureza da própria
atividade, permitindo a realização dos movimentos e sua amplitude.
32
O brincar da criança, não pode ser considerado uma atividade
complementar a outras de natureza dita pedagógica, mas sim como atividade
fundamental para a constituição de sua identidade cultural e de sua
personalidade.
A educação lúdica pode ter duas conseqüências, dependendo de ser
bem ou mal utilizada. Ela pode ser uma arma na mão do professor
despreparado, arma capaz de mutilar, não só o verdadeiro sentido da
proposta, mas servir de negação do próprio ato de educar ou ser para o
professor competente um instrumento de unificação, de libertação e de
transformação das reais condições em que se encontra o educando. É uma
prática desafiadora, inovadora, possível de ser aplicada.
O educador tem papel fundamental e total responsabilidade pelo
andamento e crescimento de seu grupo. O papel do educador é o seguinte:
- O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras,
sendo necessário mesclar momentos onde orienta e dirige o processo , com
outros momentos onde as crianças são responsáveis pelas próprias
brincadeiras.
- É papel do educador observar e coletar informações sobre as
brincadeiras das crianças para enriquecê-las.
- O educador, sempre que possível deve participar das brincadeiras e
aproveitar para questionar com as crianças sobre as mesmas.
- Estimular nas crianças a socialização do espaço lúdico e dos
brinquedos, criando o hábito de cooperação, conservação e manutenção.
- Estimular a imaginação infantil, para isso o professor deve oferecer
materiais simples aos mais complexos.
33
- Providenciar para que as crianças tenham espaço para brincar.
- Nos jogos de regras o professor não precisa estimular os valores
competitivos, e sim tentar desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças.
- Deve ser um líder democrático, que propicia, coordena e mantém um
clima de liberdade para a ação do aluno, limitado apenas pelos direitos
naturais dos outros.
- Precisa aliar a teoria à prática e valorizar o conhecimento produzido a
partir desta.
Cabe aos educadores, na qualidade de indivíduos mais experientes, o
papel de resgatar o tempo do brincar no dia-a-dia infantil, assegurando um
autoconceito positivo para as crianças, preservando, assim, sua criatividade,
autonomia, socialização e solidariedade.
3.2- Os espaços da ludicidade
Considerando que o lúdico deva ocupar um espaço central na
educação, entendemos que o professor é figura fundamental para que isso
aconteça, criando os espaços, oferecendo material e partilhando das
brincadeiras.
Neste trabalho, destacamos dois espaços importantes, como: a
brinquedoteca e a ludoteca.
As brinquedotecas são espaços mágicos destinados ao brincar das
crianças. Em hipótese nenhuma elas podem ser confundidas com o conjunto
de brinquedos ou, o que é pior, depósito de crianças, pois a sua criação pode
depender de diferentes objetivos sociais, terapêuticos, educacionais, lazer...
34
O brincar está para a criança, como o trabalho está para o adulto. É
durante a atividade lúdica que a criança se desenvolve em sua plenitude,
resolve problemas, descobre coisas novas, supera os desafios, socializa-se,
enfim cresce do ponto de vista físico-motor, sócio-emocional e cognitivo.
Há brinquedotecas em hospitais, clínicas terapêuticas, escolas, centros
comunitários, centro de lazer e até em ônibus.
Algumas emprestam brinquedos da mesma forma que as bibliotecas,
outras não, mas tudo isto depende do acervo que possuem e, principalmente
dos objetivos que determinaram a sua criação.
Hoje há brinquedotecas espalhadas por todo o Brasil, porém nem
todas têm se preocupado em :
- proporcionar um espaço de brincadeira onde a criança possa realizar
suas atividades, livres das imposições dos adultos;
- favorecer o desenvolvimento psico-motor, sócio-cognitivo e afetivo
das crianças;
- desenvolver a autonomia, a criatividade e a cooperação entre os
pequenos;
- favorecer o processo de representação e, conseqüentemente, as
diversas formas de comunicação;
- estimular o relacionamento entre as crianças e suas famílias e entre
as próprias crianças.
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Se os objetivos da brinquedoteca são tão importantes é imprescindível
que o profissional que atua nesta área tenha um preparo adequado, para que
possa de alguma forma contribuir para o desenvolvimento adequado da
criança.
Nem todo espaço pode ser transformado em brinquedoteca se não for
pensado adequadamente dentro de uma filosofia que lhe é própria,
poderíamos correr o risco de prejudicar o desenvolvimento da criança, antes
de ajudá-la.
A montagem de uma brinquedoteca exige, uma planejamento
adequado do espaço, não se perdendo de vista o seu objetivo e, acima de
tudo, a presença de um profissional competente e preparado para o
desempenho dessa nova função, condições estas sem as quais não se pode
garantir um trabalho de boa qualidade.
Por meio das brinquedotecas o professor pode avaliar nas crianças o
seu desenvolvimento através do acompanhamento, da observação diária, no
que se refere a socialização, a iniciativa, a linguagem, ao desenvolvimento
motriz e buscamos através das atividades lúdicas o desenvolvimento das suas
potencialidades.
A ludoteca é um local com material lúdico especialmente preparado de
acordo com as diversas fases de desenvolvimento infantil, com o objetivo de
oportunizar o afloramento das múltiplas inteligências da criança e do
enriquecimento das interações sociais, do prazer de brincar, explorar,
descobrir, criar.
A ludoteca é um espaço de aprendizagens significativas, prazerosas e
cooperativas
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Por isso, a ludoteca ao mesmo tempo que devolve às crianças um
espaço para brincar, resgata a alegria de poder experimentar, descobrir e criar.
Proporciona um ambiente lúdico, facilitando a interação entre às
crianças e modifica o quadro de agressividade tão comum hoje em dia.
Descobrindo outras formas de expressar-se, a criança vai se sentindo
mais feliz e percebendo os outros como companheiros. Companheiros para a
bola, o pingue-pongue, a dama ou o quebra-cabeça. O que importa é que seu
corpo e sua mente estão em movimento, impulsionados pelo prazer da ação
que realiza e numa constante situação de diálogo e comunicação.
Ao se distanciar dos problemas do dia-a-dia e absorvidos pelo jogo,
crianças e jovens vão pouco a pouco reestruturando sua afetividade,
comportamento e compreensão da realidade.
As ludotecas são um momento de liberdade, não importa se chegam
aborrecidos, tristes ou preocupados. Quem brinca, brinca para valer. E
brincando reencontra a alegria.
Nas ludotecas, cada um pode se instalar livremente, organizando os
objetos a sua maneira para brincar, ler uma história, expressar-se com
fantoches, trocar figurinhas, ouvir uma música e inventar uma coreografia.
A criança aprende pelo manuseio de materiais, de cores, de tamanho,
de formas, de sons, de texturas e resistências diferentes. Com a riqueza do
material lúdico e de sucata reconhece, identifica as semelhanças e diferenças,
abstrai, classifica, simboliza. Cada uma dentro de seu ritmo, cada uma a sua
maneira.
Um ambiente lúdico tão rico, com certeza contribuirá para o
desenvolvimento de experiências de sucesso dentro do espaço escolar.
37
Mas, sobretudo, a criança tem oportunidade de desenvolver a
iniciativa, a autonomia e enriquecer as interações sociais e assim exercer sua
cidadania.
Seja brinquedoteca ou ludoteca, o acervo de brinquedos e as
brincadeiras, vão proporcionar a crianaça ou jovem, momentos criativos,
alegres, com muito prazer e aprendizado.
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CONCLUSÃO
Pela presente monografia pode-se constatar a importância do lúdico no
espaço escolar como facilitador da aprendizagem.
Baseado nos estudos de grandes educadores, como: Piaget,
Vygotsky, Kishimoto, Winnicott e outros, pôde se confirmar que as atividades
lúdicas atraem a atenção das crianças, pois o movimento é uma característica
inerente da criança, fazem parte da cultura e também são a forma básica do
desenvolvimento infantil.
A educação passa por uma crise séria, pois encontram-se presentes
nas escolas, alunos desmotivados sem estímulos para realizar as atividades
escolares.
Esses resultados insatisfatórios, demonstra necessidade de mudanças
no contexto educacional. Sendo assim, o professor torna-se um dos principais,
senão o mais importantes protagonista dessa mudança.
Se faz necessário uma escola diferente, onde a criança queira estar e
em que haja alegria e prazer para descobrir e aprender.
A utilização das atividades lúdicas nas escolas, pode contribuir para
uma melhoria nos resultados obtidos.
O lúdico pode trazer de volta o prazer de sonhar e aprender com
liberdade e prazer.
Para que este objetivo se torne real, se faz necessário que a escola
reveja seu projeto político pedagógico, para que contemple o lúdico e as
relações do mesmo na escola.
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E importante que os educadores também, repensem sua prática
pedagógica, para substituir a rigidez e a passividade pela alegria, pelo
entusiasmo de aprender.
Ressaltamos que o papel do educador é de fundamental importância
para difusão e aplicação dos recursos lúdicos.
Acreditamos que o presente trabalho, possa contribuir para que os
educadores possam mediar a construção do conhecimento com atividade
lúdicas desafiadoras, criativas e significativas. Para que assim, os alunos
possam sentir, acreditar e se tornar sujeitos participantes, autônomos, alegres
e críticos com relação ao contexto em que estão inseridos.
40
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica – técnicas e jogos pedagógicos.
São Paulo: Loyola,1987.
DOHME, Vânia. Atividades lúdicas na educação. Petrópolis: Vozes, 2003.
ELIAS, M.D.C. De Emílio a Emília: a trajetória da alfabetização. São Paulo:
Scipione, 2000.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida(org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a
educação. São Paulo: Cortez, 2001.
_______________________________. Jogos infantis – O jogo, a criança e a
educação. Petrópolis: Vozes,1993.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar,
1975.
____________. Construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
SANTOS, S.M.P. Brinquedoteca – A criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis:
Vozes, 2000.
SNEYDERS, Georges. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1996
TAHAN, M. A arte de ler e de contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1957.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1989.
41
WINNICOTT, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
42
ATIVIDADES CULTURAIS
43
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O LÚDICO E SUAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO 10
1.1- Conceito de lúdico 10
1.2 -Formas de manifestação do lúdico 13
1.3 -O papel educacional das atividades lúdicas 15
CAPÍTULO II
O LÚDICO SEGUNDO AUTORES 19
CAPÍTULO III
A ESCOLA NÃO VALORIZA O LÚDICO 26
3.1-Papel do educador 28
3.1 –Os espaços da ludicidade 33
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ATIVIDADES CULTURAIS 42
ÍNDICE 44
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO 46
46
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia:O lúdico no espaço escolar como facilitador da
aprendizagem
Autor: Kátia Nascimento Rodrigues da Silva
Data da entrega: 03/02/07
Orientadora : Mary Sue Pereira
Avaliado por: Conceito:
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