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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO – CONTROLADORIA E AUDITORIA
FACULDADE INTEGRADA AVM
ANDREA MARIA FERNANDES DA SILVA
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO:
UMA FERRAMENTA DE GERENCIAMENTO
2
Rio de Janeiro
2012
ANDREA MARIA FERNANDES DA SILVA
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO:
UMA FERRAMENTA DE GERENCIAMENTO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Pós
Graduação em Controladoria e Auditoria.
Por: Andrea Maria Fernandes da Silva.
ORIENTADORA: LUCIANA MADEIRA
3
DEDICATÓRIA
Dedico esta Monografia, in memorian, ao meu avô, Waldemar Fernandes, que foi e sempre será o meu melhor exemplo de vida.
4
AGRADECIMENTO
A minha mãe Iza Fernandes, que meu deu a vida, e sempre esteve comigo nos momentos tristes e felizes e que sempre será dona do meu amor incondicional. A minha querida orientadora, que mesmo com tanto trabalho teve tempo em responder minhas inconstantes dúvidas da elaboração desse projeto com sua experiência, dedicação, disposição e carinho.
Nunca deixe que lhe digam que não vale a
pena acreditar nos sonhos que se têem
ou que os seus planos nunca vão dar certo
ou que você nunca vai ser alguém...
(Renato Russo)
5
RESUMO
O Planejamento Tributário é um estudo preventivo feito antes do fato administrativo,
pesquisando efeitos jurídicos e econômicos e consiste na redução do ônus tributário
das empresas por meios legais. É importante e essencial para a gestão das
empresas, beneficiando-as com a economia dos impostos através da elisão fiscal,
evitando utilizar-se de meios ilícitos para impedir, reduzir ou retardar o recolhimento
quando já sujeito à incidência da tributação, constituindo assim a evasão fiscal. A
finalidade do Planejamento Tributário é justamente a economia dos tributos onde,
comparando as várias opções legais, o contribuinte procura orientar os seus passos
de forma a evitar o procedimento mais oneroso do ponto de vista fiscal. Com o
planejamento é possível estar dentro da lei e optar por método menos dispendioso.
O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância do planejamento tributário
para uma melhor gestão empresarial diminuindo o pagamento de tributos dentro da
legalidade. Para tanto, se torna necessário que as empresas formalizem esse
processo, pois o planejamento é uma função administrativa importante. O
planejamento oferece alternativas as empresas que querem utilizá-los para uma
redução do ônus tributário. A necessidade de buscar novas estratégias de
otimização das atividades das empresas, são colocadas diante delas, incluindo a
racionalização dos gastos tributários utilizando formas e mecanismos legais
aceitáveis para a otimização desses gastos. Esta pesquisa demonstra a
necessidade de um planejamento tributário para uma melhor administração na
gestão empresarial.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão. Gerenciamento. Planejamento. Tributos. Ônus
tributário. Elisão fiscal. Evasão fiscal.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 7
2 GESTÃO EMPRESARIAL................................................................ 9
2.1 O Planejamento Tributário na Gestão Empresarial........................... 12
2.1.1 Planejamento Tributário: A Importância na Gestão Empresarial....... 13
2.1.2 Planejamento Tributário: Obrigação dos Administradores................ 12
3 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO...................................................... 17
3.1 A Importância do Planejamento Tributário nas Empresas................ 18
3.2 Classificação do Planejamento Tributário......................................... 18
3.3 Tipos de Planejamento...................................................................... 19
3.4 Fraude e Sonegação Fiscal............................................................... 20
3.5 Evasão e Elisão Fiscal....................................................................... 20
3.5.1 Tipos de Elisão.................................................................................. 21
3.5.1.1 Elisão que Decorre da Própria Lei..................................................... 21
3.5.1.2 Elisão que resulta das lacunas e brechas que existe na Lei............. 23
4 O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA GESTÃO EMPRESARIAL 25
4.1 Planejamento Tributário: A importância na Gestão Empresarial....... 26
4.2 Planejamento Tributário: Obrigação dos Administradores................ 27
5 SISTEMAS TRIBUTÁRIOS............................................................... 28
5.1 Conceito de Tributo........................................................................... 29
5.1.1 Espécies de Tributo........................................................................... 29
5.1.2 Competência Tributária..................................................................... 30
5.2 Principais Tributos............................................................................. 31
5.2.1 Tributos Federais............................................................................... 31
5.2.2 Tributos Estaduais............................................................................. 33
5.2.3 Tributos Municipais............................................................................ 34
5.3 Regimes Tributários........................................................................... 35
5.3.1 Simples Nacional............................................................................... 35
5.3.2 Lucro Presumido................................................................................ 36
5.3.3 Lucro Real......................................................................................... 37
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1. INTRODUÇÃO
A concorrência entre as empresas brasileiras e estrangeiras vem
aumentando. O mercado atualmente apresenta-se com uma competitividade muito
grande, e isso tem dificultado a manutenção de um empreendimento no país.
No Brasil, o custo tributário é um dos principais componentes do custo final da
atividade produtiva neste cenário, surge como ferramenta de auxílio a essa
necessidade de contenção de gastos e alavancagem da margem de lucro. O
planejamento tributário, que é um estudo feito preventivamente, ou seja, antes da
realização do fato administrativo, consiste em linhas gerais, na redução do ônus
tributário da empresa por meios legais.
Pretende-se mostrar com essa pesquisa, alguns aspectos que envolvem essa
importante ferramenta da gestão empresarial, delineando como objetivo geral a
necessidade de se demonstrar a importância do mesmo para o sucesso de um
empreendimento.
O Planejamento Tributário dentro da legalidade produz a elisão fiscal, a
redução da carga tributária da empresa por meios lícitos, ou seja, economia
(diminuição) legal da quantidade de dinheiro a ser entregue ao governo. O perigo do
mau planejamento pode resultar em evasão fiscal, que é a redução da carga
tributária descumprindo determinações legais, classificadas como crime de
sonegação fiscal (Lei nº 8.137/90).
Há alternativas legais válidas para grandes empresas, mas que são inviáveis
para as médias e pequenas empresas, dado o custo que as operações necessárias
para execução desse planejamento (Lei n° 5.172/66). O planejamento tributário
exige, antes de tudo, que o planejador tenha bom-senso, descobrindo oportunidades
legais de redução dos gastos tributários, fundamentado no direito que a atividade
privada detém de não ser obrigada a pagar mais tributos quando existe uma opção
legal menos onerosa.
As empresas devem está aparelhadas, portanto, cientes das necessidades de
um planejamento como práticas nas organizações. A Lei nº 6.404/76 (Lei das S/A)
prevê a obrigatoriedade do Planejamento Tributário por parte dos administradores
de qualquer companhia, pela interpretação do artigo 153:
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Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios. (FABRETTI, 2005)
É sabido que os tributos (impostos, taxas e contribuições) representam
importante parcela dos custos das empresas, senão a maior. Com a globalização da
economia, tornou-se questão de sobrevivência empresarial a correta administração
do ônus tributário. Diante desse cenário surge a seguinte problemática: O
Planejamento Tributário é uma ferramenta para melhorar a gestão das empresas?
O objetivo geral é demonstrar a importância do Planejamento Tributário como
ferramenta para o sucesso da Gestão Empresarial.
Tendo como objetivos específicos:
a) Especificar os aspectos da gestão empresarial.
b) Examinar os aspectos do planejamento tributário.
c) Demonstrar como o Planejamento Tributário auxilia na gestão empresarial.
O Planejamento Tributário consiste em organizar os empreendimentos
econômico-mercantis da empresa, mediante o emprego de estruturas e formas
jurídicas capazes de bloquear a concretização da hipótese de incidência fiscal, ou
então, de fazer com que sua materialidade ocorra na medida ou no tempo certo.
O presente estudo é importante porque pretende mostrar que o Planejamento
Tributário poderá ser um importante instrumento para o sucesso das empresas.
Será utilizado o tipo de pesquisa bibliográfica, constituída principalmente de
artigos científicos e livros, revistas e sites com fontes fidedignas, visto que permite a
pesquisa mais ampla. A utilização desse tipo de pesquisa consistiu em fontes
confiáveis.
O estudo apresentado utilizou a leitura buscando fundamentar uma conjuntura
tratando de encontrar, nos diferentes textos as passagens, conceitos e idéias que
melhor possam colaborar para o esclarecimento do problema.
9
2. GESTÃO EMPRESARIAL
Muito se houve falar sobre a gestão das empresas: “Empresas bem geridas
tendem ao sucesso!” ou “Empresas quebram por falhas de gestão!”. São duas
tendências muito observadas em nossa atualidade. Uma gestão eficaz tornou-se
atualmente um fator crítico de sucesso. Inicialmente é preciso entender o que
significa gestão, para permitir o seu correto emprego no contexto do planejamento.
A palavra Gestão define-se como “ação ou efeito de gerir; gerência;
administração”. Vem do latim “gerir” que significa administrar, gerenciar, coordenar.
Analisando a significação da palavra gestão podemos fazer uma correlação à
palavra administração: do latim ad (direção, tendência para algo) e minister
(pessoas), e designa o desempenho de tarefas de direção dos assuntos de um
grupo. É utilizada em especial em áreas com corpos dirigentes poderosos, como por
exemplo, no mundo empresarial (administração de empresas) e em entidades
dependentes dos governos (administração pública).
O termo Gestão passou a significar de forma mais comum a interferência
direta dos gestores nos sistemas e procedimentos empresariais. A palavra
empresarial tem seu significado ao que está “relativo à empresa ou a empresário”.
Sendo assim os termos administração, gestão e empresarial possuem definições
semelhantes fazendo com que dessa maneira seus conceitos tornem-se
interligados.
Nas empresas uma boa gerência faz uma grande diferença, por isso para
Campos: “O bom relacionamento entre gestores e colaboradores é primordial para o
bom desenvolvimento das organizações” afirma também que nos atuais modelos de
gestão, os líderes tem como responsabilidade a definição das metas e o incentivo à
equipe por isso não controlam tanto o trabalho; e ainda informa que fazer com que
toda a equipe tenha o mesmo objetivo e que cada um entenda sua importância é o
maior desafio de um gestor, que assim para ser considerado um bom líder, deve
aprender a administrar conflitos, saber escutar, se posicionar no lugar do outro,
respeitar a individualidade de cada um, aceitar pontos de vista diferentes e, antes de
tudo, zelar e auxiliar o colaborador na busca do seu crescimento. O diálogo se
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mostra como a ferramenta mais eficaz para que os objetivos da empresa sejam
atingidos.
O gestor hoje precisa estar apto a perceber, refletir, decidir e agir em
condições totalmente diferentes das de antes (passado). No passado, bastavam
medidas contábeis e financeiras de desempenho, uma vez que ações que geravam
bons resultados tendiam a permanecer efetivas com o passar do tempo. Nos tempos
de hoje as empresas tem que se adaptarem a um bom sistema de gestão
empresarial. Hoje muitas organizações estão captando dados sobre operações,
sobre transações, e dados sobre clientes e fornecedores no sistema de gestão
empresarial. Empresas com bom sistema de gestão empresarial, tem condições de
conectar-se aos bancos de dados transacionais possibilitando a atualização
automática e contínua de muitos indicadores de scorecard.
Atualmente, a implantação de indicadores de mensuração estratégica, como o
Balanced Scorecard, auxiliam na medição da eficácia da estratégia empresarial. A
tecnologia disponibiliza sistemas de software que proporcionam às empresas um
maior conforto e segurança com relação gestão de uma empresa.
As formas e maneiras de um bom relacionamento entre os gestores e demais
colaboradores de uma determinada empresa, torna-se de extrema importância para
o bom funcionamento desta empresa.
A contabilidade é uma ferramenta indispensável para a gestão de negócios.
De longa data, contadores, administradores e responsáveis pela gestão de
empresas se convenceram que amplitude das informações contábeis vai além do
simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais,
previdenciárias e legais.
A gestão de entidades é um processo complexo e amplo, que necessita de
uma adequada estrutura de informações - e a contabilidade é a principal delas.
Além do mais, o custo de manter uma contabilidade completa (livros diário,
razão, inventário, conciliações, etc.) não é justificável para atender somente o fisco.
Informações relevantes podem estar sendo desperdiçadas, quando a contabilidade é
encarada como mera burocracia para atendimento governamental.
Contabilidade Gerencial, em síntese, é a utilização dos registros e controles
contábeis com o objetivo de gerir uma entidade. Esta não “inventa” dados, mas
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lastreia-se na escrituração regular dos documentos, contas e outros fatos que
influenciam o patrimônio empresarial.
Dentre as utilizações da contabilidade, para fins gerenciais, destacam-se,
entre outros:
1. Projeção do Fluxo de Caixa
2. Análise de Indicadores
3. Cálculo do Ponto de Equilíbrio
4. Determinação de Custos Padrões
5. Planejamento Tributário
6. Elaboração do Orçamento e Controle Orçamentário
O Planejamento é uma das funções administrativas importante para o bom
andamento das empresas. Planejar significa pensar antecipadamente nas ações que
se desenvolverão em tempo futuro. Para Perez Junior, Pestana e Franco (1995,
p.12): “Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar recursos, visando atingir
determinado objetivo.”
É importante o estabelecimento dos valores organizacionais. Assim como as
pessoas são diferentes umas das outras, as empresas têm suas características
exclusivas. Instituído valores, missão, aspecto de futuro e estratégias, passos muito
conhecidos. A controvérsia é como gerenciar os recursos da organização para que
alcance nossos objetivos. O processo de gestão envolve planejamento, execução,
controle e ações corretivas.
Um ponto importante da contabilidade gerencial é o uso da informação
contábil, ela é ferramenta para a empresa e alimenta, quando devidamente
estruturada, a gestão empresarial. Entretanto, é possível apontar a importância do
planejamento tributário como ferramenta eficaz da gestão empresarial.
O sistema empresarial busca incessantemente pela necessidade da
antecipação dos créditos e a protelação dos débitos. Apesar da grande importância
do profissional de contabilidade como ferramenta gerencial, e o tributo, sendo um
ônus relevante para a empresa, surge nesses dias à necessidade prioritária de se
estabelecer uma política de planejamento tributário, em toda e qualquer empresa. É
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importante perceber que um planejamento tributário não pode ultrapassar a tênue
fronteira do lícito, do legal e do moral, levando-se em conta a necessidade de
estabelecer uma relação entre riscos e benefícios pela adoção de tais medidas
planificando a anulação, redução, compensação ou adiantamento do ônus tributário.
2.1 O Planejamento Tributário na Gestão Empresarial
As empresas procuram ser cada vez mais competitivas, de tal maneira a se
adequar ao complicado sistema econômico mundial, travando uma luta para o
aumento da produtividade e para a redução dos custos e aumento da receita essas
são características conhecidas e estudadas como um aspecto que modificou a
estrutura organizacional das empresas consideravelmente. A necessidade de buscar
novas estratégias de otimização da atividade empresarial é colocada diante das
empresas incluindo a racionalização dos gastos tributários. A utilização de formas e
mecanismos legalmente aceitáveis para a diminuição dos gastos tributários, em
muitas oportunidades são autorizadas a sua utilização pelas legislações tributária e
fiscal.
Para Borges (2002. p. 28), o planejamento tributário decorre de dois fatores
essencial observados na empresa: a) a existência de elevado ônus fiscal sobre os
seus negócios; e b) a consciência do administrador de que a legislação tributária é
complexa, sofisticada e versátil. Ainda segundo Borges (2002. P. 28). A essência e o
conceito de planejamento tributário são os seguintes:
A natureza ou essência do Planejamento Tributário consiste em organizar os empreendimentos econômico-mercantis da empresa, mediante o emprego de estruturas e formas jurídicas capazes de bloquear a concretização da hipótese de incidência fiscal ou, então, de fazer com que sua materialidade ocorra na medida ou no tempo que lhe sejam mais propícios. Trata-se, assim, de um comportamento técnico-funcional, adotado no universo dos negócios, que visa excluir, reduzir ou adiar os respectivos encargos tributários. (...) o planejamento Tributário (é) uma técnica gerencial que visa projetar as operações industriais, os negócios mercantis e as prestações de serviços, visando conhecer as obrigações e os encargos fiscais inseridos em cada uma das respectivas alternativas legais pertinentes para, mediante meios e instrumentos legítimos, adotar aquela que possibilita a anulação ou adiamento do ônus fiscal.
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O Planejamento Tributário visa dar condições racionais de trabalhar com a
incerteza. O ambiente irresoluto requer das empresas, em tempo real a capacidade
de proporcionar procedimentos tributários legais que viabilizem sua sustentação e
manutenção em um mercado movido pela concorrência.
O Planejamento Tributário deve ser considerado como imprescindível redutor
de custos e como arma indispensável na competitividade e sobrevivência da
instituição. Os benefícios alcançados em conseqüência da gestão tributária, em
muitas circunstâncias aliviam o caixa da empresa, contribuindo para uma melhor
administração do capital de giro. Se revertendo esse resultado em favor da melhoria
do produto, serviço ou mercadoria, possuiremos uma boa receita unida em dois
extremos. Pondo fim no desperdício tributário e melhorando a competitividade do
empreendimento.
2.1.1 Planejamento Tributário: A Importância na Gestão Empresarial
Gestão Tributária é o processo de gerenciamento dos aspectos tributários de
uma determinada empresa, com a finalidade de adequação e planejamento, visando
controle das operações que tenham relação direta com tributos.
Basicamente, a gestão atua sobre o departamento de impostos da respectiva
empresa. Isto não quer dizer que somente tal departamento é alvo da gestão. Outros
departamentos que influenciam a geração de impostos (como o Departamento
Comercial) também devem estar compreendidos no alcance da administração
tributária.
Um erro muito comum nas empresas é focalizar demais o processo tributário
no departamento de impostos, esquecendo-se que outros departamentos também
geram rotinas fiscais.
A gestão não visa “fazer” mas “administrar”. O objetivo desta gestão é:
• Corrigir possíveis erros de interpretação e execução no cumprimento das
obrigações e rotinas fiscais na empresa.
• Evitar contingências fiscais (multas e sanções), bem como o pagamento indevido
de tributos.
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• Implementar formas lícitas de economia tributária.
A realidade tributária brasileira é notoriamente complexa, sendo um dos
componentes do chamado “custo Brasil”. Existem dezenas de tributos exigidos em
nosso país, entre impostos, taxas e contribuições.
O excesso de tributação inviabiliza muitas operações e cabe ao administrador
tornar possível, em termos de custos, a continuidade de determinados produtos e
serviços, num preço compatível com o que o mercado consumidor deseja pagar.
Não obstante, há ainda a edição de grande quantidade de normas que regem
o sistema tributário, oriundas dos 3 entes tributantes (União, Estados e Municípios).
Cálculos aproximados indicam que um contabilista, somente para
acompanhar estas mudanças, precisa ler centenas de normas (leis, decretos,
instruções normativas, atos, etc.) todos os anos.
E ainda, há dezenas de obrigações acessórias que uma empresa deve
cumprir para tentar estar em dia com o fisco: declarações, formulários, livros, guias,
etc.
Se não bastasse este caos, existe ainda o ônus financeiro direto dos tributos,
que tomam até 40% do faturamento de uma empresa. Somente o ICMS pode tomar
18%, o IPI, 10%, o PIS e a COFINS, até 9,25%, além do Imposto de Renda,
Contribuição Social sobre o Lucro, INSS, FGTS, Contribuição Sindical, IPTU, IPVA,
etc.
Desta forma, o grande volume de informações e sua contínua complexidade
acabam dificultando a aplicação de rotinas e o planejamento. As pessoas
responsáveis pelo setor de tributos das empresas dispõem de pouco tempo pode
dedicar ao estudo das legislações pertinentes, resignando-se ao cumprimento das
rotinas e recolhimento dos tributos, às vezes de forma imprecisa ou incorreta.
Aliado a isto, note-se que numa empresa de porte média, várias pessoas,
além das que estão diretamente trabalhando no departamento fiscal, envolvem-se
com rotinas associadas a tributos. Um exemplo é o pessoal do faturamento, que
emite notas fiscais e calcula impostos.
Portanto, a adoção de uma metodologia de trabalho, de forma regular e
planejada, pelo menos dará condições á empresa de buscar nas pessoas envolvidas
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o melhor de seus conhecimentos e percepções, para enfrentarem o “dilúvio
tributário” a que estão sujeitas diariamente.
Com tudo, o planejamento tributário mostra alternativas para as empresas
que pretendem utilizá-lo dependendo do tipo de negócio, no qual estão inseridas.
Utilizando-se seus mecanismos, a empresa tem possibilidade de ganhos maiores
com relação a seus concorrentes que não utilizam esse processo.
Latorraca (1992, p.59) adverte que:
O contribuinte que pretende planejar, com vista à economia de impostos, terá de dirigir a sua atenção para o período anterior à ocorrência do fato gerador e nesse período adotar as opções legais disponíveis. (LATORRACA, 1992)
Fica entendido que para se planejar a economia de tributos, o profissional
deve ter conhecimento da legislação que se é aplicada aquele tipo de negócio que
esta sendo estudado para então começar a fazer o planejamento tributário. Para
isso acontecer na empresa, o contador precisa conhecer com profundidade todas as
situações em que for possível o crédito tributário, principalmente com relação aos
chamados tributos não cumulativos, também é necessário que o contador conheça
todas as situações previstas na lei em que for possível o diferimento dos
recolhimentos dos tributos, permitindo um melhor gerenciamento do fluxo de caixa
da empresa, em análise. Cabe conhecer, também, todas as despesas e provisões
permitidas pela legislação do Imposto de Renda. Com virtude da grande maioria dos
tributos terem bases de cálculo em valores determinados pela contabilidade, o
contador torna-se com o tempo um grande conhecedor das formas práticas de
arrecadação e do funcionamento dos tributos. E se ele puder destinar boa parte do
seu tempo ao estudo da legislação tributária, tem plenas condições de desenvolver
planificações capazes da obtenção de bons resultados.
2.1.2 Planejamento Tributário: Obrigação dos Administradores
A administração de um empreendimento é uma tarefa árdua, como todos
sabem, e precisa ser percebida em todos os níveis da empresa, desde a produção
até o Conselho de Administração. Deve ser conduzida através de uma filosofia de
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gestão e não apenas por normas esparsas que visam atingir somente os
colaboradores menos graduados.
Por exemplo, não basta concentrar esforços para desordenadamente
aumentar o faturamento, ação que tenho percebido como sendo a prática de muitos
gestores. É preciso que todos saibam que esse crescimento precisa ser natural e
planejado. Atenção especial, inclusive, para os custos tributários correlacionados, os
quais podem afetar diretamente a lucratividade do empreendimento.
A obrigatoriedade do Planejamento Tributário, por parte dos administradores
de qualquer companhia, é prevista pela Lei 6.404/76 (Lei das S/A), pela
interpretação do artigo 153.
Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.
Logo, antes de ser um direito, uma faculdade, o planejamento fiscal se torna
obrigatório para todo bom administrador. Desta maneira, no Brasil, tem ocorrido uma
"explosão" do Planejamento Tributário como prática das organizações. No futuro, a
omissão desta prática irá provocar o descrédito daqueles administradores omissos.
Atualmente, não se tem conhecimento de nenhuma causa ou ação, proposta
por acionista ou debenturista com participação nos lucros, neste sentido. Mas, no
futuro, a inatividade nesta área poderá provocar ação de perdas e danos por parte
dos acionistas prejudicados pela omissão do administrador em perseguir o menor
ônus tributário.
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3. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
O início de um novo ano traz à tona uma preocupação primordial para a
sobrevivência das empresas: o planejamento tributário. Por meio dele, inúmeras
decisões devem ser tomadas, de maneira que todos os passos a serem dados
durante o ano devem ser esquematizados e combinados com a legislação. Isso se
torna ainda mais essencial, se considerarmos o cenário brasileiro atual, onde o
planejamento é imprescindível para obter sucesso, ou simplesmente para
sobreviver.
Assim, empresas eficientes costumam contar com investimentos nesse setor,
pois a redução de custos resultante de um planejamento tributário bem elaborado
costuma ser considerável, sem contar a redução de riscos relacionadas a possíveis
autuações fiscais.
É importante esclarecer que o planejamento tributário passa longe da
sonegação fiscal, pois propõe atitudes que reduzirão o valor dos tributos devidos,
sem, contudo, sonegar ou fraudar o fisco. Na verdade, tudo é feito em conformidade
com a legislação; e aqui encontramos mais um motivo para investir nesse assunto: a
legislação tributária é demasiadamente complexa.
Nesse contexto, por meio de estudos da realidade de cada empresa, aliado a
um profundo conhecimento da legislação, é possível, em muitos casos, diminuir o
valor devido de tributos, sem infringir a legislação tributária. Se considerarmos que
cada obrigação acessória a ser preenchida e entregue ao fisco também tem um
custo para a empresa, igualmente é possível trabalhar com a diminuição de custos,
escolhendo o regime de tributação que tenha menos encargos para o contribuinte,
ou pelo menos, orientando para o correto preenchimento de cada Declaração,
evitando aborrecimentos desnecessários que podem decorrer do envio de
informações equivocadas. Isso tudo, em última instância, diminui o risco de
autuações fiscais, e suas conseqüentes penalidades diretas e indiretas.
Portanto, por ocasião do início do ano, além de realizar simulações e estudos
a fim de escolher o melhor regime de tributação para a empresa, também é
importante rever os procedimentos internos envolvidos no cumprimento das
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obrigações tributárias, evitando assim a aplicação de penalidades, e aborrecimentos
com o fisco.
A economia dos tributos é a finalidade do planejamento tributário, onde
comparando as várias opções legais, o contribuinte obviamente procura orientar os
seus passos de forma a evitar, sempre que possível, o procedimento mais oneroso
do ponto de vista fiscal.
3.1 A Importância do Planejamento Tributário nas Empresas
O planejamento tributário oferece alternativas às empresas que querem
utilizá-lo dependendo do tipo de negócio, no qual estão inseridas. A utilização dos
seus mecanismos possibilita as empresas a terem maiores ganhos em relação a
seus concorrentes que não o utilizam. A princípio, o planejamento é praticado com
maior intensidade pelas grandes corporações precisando também ser
desempenhado pelas pequenas e médias empresas como forma legal de diminuir os
gastos com tributos de várias espécies.
Deve-se dividir o planejamento tributário em duas fases: a primeira, antes da
ocorrência do fato gerador. Nesta fase, gestores, contadores e advogados
juntamente com a empresa, estudam as leis que normalizam os tributos pagos, para
buscar ordenamentos legais nas falhas contidas. A segunda fase são as várias
possibilidades legais de redução dos ônus tributários após a ocorrência do fato
gerador.
3.2 Classificação do Planejamento Tributário
O Planejamento Tributário pode ser classificado dependendo dos acertos e do
ponto de vista do observador. De acordo com Gubert (2004, p. 35):
Em verdade, todas as classificações são imperfeitas e subjetivas, pois importam em restrições da realidade e dependem do juízo valorativo a serem utilizados na análise. Posto isso como ressalva e de acordo com o conceito
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elencado, pode-se classificar o planejamento tributário através dos seguintes critérios:
Conforme a conduta do agente: a) Comissivo - pela utilização de expedientes técnicos - funcional; b) Omissivo - quando da não realização da conduta descrita na norma; c) Conforme as áreas de atuação; d) Administrativo - através de intervenções diretas no sujeito ativo (fisco); e) Judicial - através do pleito de tutela jurisdicional; f) Interno - mediante atos realizados dentro da própria empresa.
Conforme o objetivo, cita Borges (1997, p. 62):
a) Anulatório - pelo emprego de formas e de estruturas jurídicas que impeçam a incidência do imposto; b) Redutor - busca de hipótese de incidência menos onerosa; c) Postergativo - visando ao adiamento da ocorrência do fato gerador, ou à procrastinação do lançamento ou ao pagamento do imposto.
3.3 Tipos de Planejamento
O Planejamento Tributário pode fazer parte de qualquer empresa, pode ser
uma microempresa até uma empresa de grande porte. Abordando qualquer
atividade, indicado para uma maior segurança e até um ganho financeiro maior. De
acordo com Fabretti, Láudio Camargo (2005, p. 185):
Do ponto de vista empresarial, ou seja, analisando seus efeitos na estrutura gerencial e contábil-financeira, o planejamento tributário pode ser:
a) Operacional (Planejamento Tributário Operacional) refere-se aos procedimentos formais prescritos pelas normas ou pelo costume, ou seja, na forma especifica de contabilizar determinadas operações e transações, sem alterar suas características básicas; e b) Estratégico (Planejamento Tributário Estratégico) implica mudança de algumas características estratégicas da empresa, tais como: estrutura de capital, localização, tipos de empréstimos, contratação de mão-de-obra etc..
O gerenciamento das obrigações tributárias não pode ser mais considerado
como necessidade diária, mas sim como algo estratégico dentro das organizações,
independente de seu porte ou setor. Pelo planejamento tributário é possível:
a) Impedir a incidência do tributo, adotando métodos com o fim de evitar a
ocorrência do fato gerador;
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b) Reduzir o montante dos tributos, tomando as providências no propósito de
reduzir a base de cálculo ou alíquota do tributo;
c) Adiar o pagamento do tributo, buscando medidas que têm por fim pospor o
pagamento do tributo, sem ocorrência da multa.
3.4 Fraude e Sonegação fiscal
A fraude e a sonegação fiscal consistem em fazer uso de métodos que violem
diretamente a lei fiscal, ou as normas fiscais, e podem ser descobertos pelo fisco por
meio de auditorias fiscais, comprovando documentações não idôneas e atos
ilegítimos.
Sonegação é todo ato ou inércia dolosa que tende a impedir ou atrasar, total
ou parcial o conhecimento por parte da autoridade fazendária. A Lei nº 4.729 de 14
de julho de 1965, no artigo 1º explica a Sonegação Fiscal.
Fraude é todo ato ou inércia dolosa que tende a impedir ou atrasar, total ou
parcial, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, e em relação
as suas características essenciais, que as excluam ou modifiquem, de modo a
reduzir a importância do imposto devido, desviando ou adiando o seu pagamento
devido. Por não ser um ato lícito, sendo assim ocorrido, o contribuinte age
deliberadamente contra as doutrinas da lei, fugindo da obrigação tributária.
3.5 Evasão e Elisão Fiscal
Entre o Fisco e o contribuinte existe uma harmonia inconstante. Para evitar a
obrigação tributária, o contribuinte pode dar preferência a duas alternativas.
Desviando-se da tributação, fugindo da norma tributária que é a elisão fiscal.
Quando já sujeito à incidência da tributação, utilizar-se de meios ilícitos para impedir,
reduzir ou retardar o recolhimento do tributo devido constitui evasão fiscal.
É importante destacar a disparidade entre a elisão fiscal e a evasão fiscal,
existindo entre elas uma enorme distância.
21
A elisão fiscal utiliza-se de meios legais, ao menos formalmente permitidos
por lei, desprendidos de qualquer conteúdo doloso ou proibido pela lei. O fato
gerador da obrigação tributária estabelecida antecipadamente abre para o
contribuinte a alternativa de escolher a situação legal menos onerosa. Em alguns
países notou-se uma sensível diminuição da arrecadação, devido a elaborados
programas de planejamento tributário pelo desenvolvimento da elisão fiscal.
Por outro lado, evasão ou sonegação fiscal, é o resultado de tramas ilícita,
que é punível com pena restritiva de liberdade e multa. O perigo do mau
planejamento é redundar em evasão fiscal, que é a redução da carga tributária
descumprindo determinações legais, classificadas como crime de sonegação fiscal.
3.5.1 Tipos de Elisão
Há duas espécies de elisão fiscal:
a) Aquela que decorre da própria lei e também;
b) A que resulta da decorrência de lacunas e brechas que existe na lei.
3.5.1.1 Elisão que Decorre da Própria Lei
No caso em que a elisão decorre da lei, o próprio dispositivo legal existente
nesta, permite ou até induz a economia de tributos. Existe uma vontade clara e
consciente do legislador de dar ao contribuinte determinados benefícios fiscais. Os
incentivos fiscais são exemplos típicos de elisão que é induzida por lei, vez que, o
próprio texto legal dá aos seus destinatários determinados benefícios. É o que
acontece, por exemplo, dos incentivos à inovação tecnológica.
Nessa Lei nº 11.196/05, a pessoa jurídica poderá usufruir de diversos
incentivos fiscais, abaixo elencados, desde que cumpridas algumas condições:
O inciso I do art.17 refere à legislação do IRPJ classificando as despesas
para efeito de dedução:
22
Art. 17. A pessoa jurídica poderá usufruir dos seguintes incentivos fiscais:
I - dedução, para efeito de apuração do lucro líquido, de valor correspondente à soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica classificáveis como despesas operacionais pela legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ ou como pagamento na forma prevista no § 2o deste artigo.
A mesma dedução usada no inciso I será usada também para o cálculo da
CSLL:
§ 6° A dedução de que trata o inciso I do caput deste artigo aplica-se para efeito de apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
As deduções como despesas operacionais, das importâncias transferidas
para microempresas e empresas de pequeno porte como incentivo para pesquisa
tecnológica, estão definidas no art.18:
Art. 18. Poderão ser deduzidas como despesas operacionais, na forma do inciso I do caput do art. 17 desta Lei e de seu § 6°, as importâncias transferidas a microempresas e empresas de pequeno por te de que trata a Lei no 9.841, de 5 de outubro de 1999, destinadas à execução de pesquisa tecnológica e de desenvolvimento de inovação tecnológica de interesse e por conta e ordem da pessoa jurídica que promoveu a transferência, ainda que a pessoa jurídica recebedora dessas importâncias venha a ter participação no resultado econômico do produto resultante.
O percentual correspondente para a exclusão do valor do lucro líquido
classificáveis como despesa pela legislação do IRRF está definido no art.19:
Art. 19. Sem prejuízo do disposto no art. 17 desta Lei, a partir do ano-calendário de 2006, a pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor correspondente a até 60% (sessenta por cento) da soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, classificáveis como despesa pela legislação do IRPJ, na forma do inciso I do caput do art. 17 desta Lei .
A possibilidade de exclusão do lucro líquido, para efeito de apuração do lucro
real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.
Tratados no Art.19-A, dessa Lei:
Art. 19-A. A pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, os dispêndios efetivados em projeto de pesquisa
23
científica e tecnológica e de inovação tecnológica a ser executado por Instituição Científica e Tecnológica - ICT, a que se refere o inciso V do caput do art. 2° da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004. (Incluído pela Lei nº 11.487, de 2007)
Todos os valores relativos aos dispêndios com instalações fixas, aquisição de
aparelhos, máquinas e equipamentos, pelo que se destina o art. 20 da Lei 11.196,
de 2005, podem ter o saldo não depreciado ou não amortizado, excluído na
determinação do lucro real no período de apuração em que for concluída sua
utilização.
Art. 20. Para fins do disposto neste Capítulo, os valores relativos aos dispêndios incorridos em instalações fixas e na aquisição de aparelhos, máquinas e equipamentos, destinados à utilização em projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, metrologia, normalização técnica e avaliação da conformidade, aplicáveis a produtos, processos, sistemas e pessoal, procedimentos de autorização de registros, licenças, homologações e suas formas correlatas, bem como relativos a procedimentos de proteção de propriedade intelectual, poderão ser depreciados ou amortizados na forma da legislação vigente, podendo o saldo não depreciado ou não amortizado ser excluído na determinação do lucro real, no período de apuração em que for concluída sua utilização.
3.5.1.2 Elisão que resulta das lacunas e brechas que existe na lei
Quanto a segunda espécie, contempla hipóteses em que o contribuinte opta
por configurar seus negócios com determinada forma que se harmonizem com um
menor ônus tributário, utilizando elementos que a lei não proíbe ou que possibilitem
evitar o fato gerador de determinado tributo com elementos da própria lei.
É o caso, por exemplo, de uma empresa de serviços que decide mudar a
sede para determinado município, visando pagar o ISS com uma alíquota mais
baixa. Não é proibido por lei que os estabelecimentos escolham o lugar onde
exercerão atividades, pois os contribuintes possuem liberdade de optar por aqueles
mais convenientes a eles, mesmo que a definição do local seja exclusivamente com
objetivos de planejamento fiscal.
A inexistência do planejamento tributário na maioria das empresas deixa as
mesmas em prejuízo no campo competitivo do mercado. Quem usufruir desse
planejamento tributário como uma atividade empresarial preventiva, possui nele uma
24
forte possibilidade de ganhos significativos em relação aos concorrentes. Não é
compensador o caso de a empresa apresentar uma grande receita, ficando
comprometida por uma alta carga tributária, o que causará dano ao seu lucro final.
Sendo assim, caberá ao empresário, assessorado pelo seu contador,
observar as restrições previstas em lei e, dentro desta, traçar as estruturas e formas
legítimas para as operações industriais e mercantis das empresas, possibilitando-as
o menor custo tributário e deste modo planejar com melhor habilidade seu ponto
estratégico de atuação.
25
4. O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NA GESTÃO EMPRESARIAL
As empresas procuram ser cada vez mais competitivas, de tal maneira a se
adequar ao complicado sistema econômico mundial, travando uma luta para o
aumento da produtividade e para a redução dos custos e aumento da receita essas
são características conhecidas e estudadas como um aspecto que modificou a
estrutura organizacional das empresas consideravelmente. A necessidade de buscar
novas estratégias de otimização da atividade empresarial é colocada diante das
empresas incluindo a racionalização dos gastos tributários. A utilização de formas e
mecanismos legalmente aceitáveis para a otimização dos gastos tributários, em
muitas oportunidades são autorizadas a sua utilização pelas legislações tributária e
fiscal.
Para Borges (2002. p. 28), o planejamento tributário decorre de dois fatores
essencial observados na empresa: a) a existência de elevado ônus fiscal sobre os
seus negócios; e b) a consciência do administrador de que a legislação tributária é
complexa, sofisticada e versátil. Ainda segundo Borges (2002. P. 28). A essência e o
conceito de planejamento tributário são os seguintes:
A natureza ou essência do Planejamento Tributário consiste em organizar os empreendimentos econômico-mercantis da empresa, mediante o emprego de estruturas e formas jurídicas capazes de bloquear a concretização da hipótese de incidência fiscal ou, então, de fazer com que sua materialidade ocorra na medida ou no tempo que lhe sejam mais propícios. Trata-se, assim, de um comportamento técnico-funcional, adotado no universo dos negócios, que visa excluir, reduzir ou adiar os respectivos encargos tributários. (...) o planejamento Tributário (é) uma técnica gerencial que visa projetar as operações industriais, os negócios mercantis e as prestações de serviços, visando conhecer as obrigações e os encargos fiscais inseridos em cada uma das respectivas alternativas legais pertinentes para, mediante meios e instrumentos legítimos, adotar aquela que possibilita a anulação ou adiamento do ônus fiscal.
O Planejamento Tributário visa dar condições racionais de trabalhar com a
incerteza. O ambiente irresoluto requer das empresas, em tempo real a capacidade
de proporcionar procedimentos tributários legais que viabilizem sua sustentação e
manutenção em um mercado movido pela concorrência.
O Planejamento Tributário deve ser considerado como imprescindível redutor
de custos e como arma indispensável na competitividade e sobrevivência da
instituição. Os benefícios alcançados em conseqüência da gestão tributária, em
26
muitas circunstâncias aliviam o caixa da empresa, contribuindo para uma melhor
administração do capital de giro. Se revertendo esse resultado em favor da melhoria
do produto, serviço ou mercadoria, possuiremos uma boa receita unida em dois
extremos. Pondo fim no desperdício tributário e melhorando a competitividade do
empreendimento.
4.1 Planejamento Tributário: A Importância na Gestão Empresarial
O planejamento tributário mostra alternativas para as empresas que
pretendem utilizá-lo dependendo do tipo de negócio, no qual estão inseridas.
Utilizando-se seus mecanismos, a empresa tem possibilidade de ganhos maiores
com relação a seus concorrentes que não utilizam esse processo.
Latorraca (1992, p.59) adverte que:
O contribuinte que pretende planejar, com vista à economia de impostos, terá de dirigir a sua atenção para o período anterior à ocorrência do fato gerador e nesse período adotar as opções legais disponíveis. (LATORRACA, 1992)
Fica entendido que para se planejar a economia de tributos, o profissional
deve ter conhecimento da legislação que se é aplicada aquele tipo de negócio que
esta sendo estudado para então começar a fazer o planejamento tributário. Para
isso acontecer na empresa, o contador precisa conhecer com profundidade todas as
situações em que for possível o crédito tributário, principalmente com relação aos
chamados tributos não cumulativos, também é necessário que o contador conheça
todas as situações previstas na lei em que for possível o diferimento dos
recolhimentos dos tributos, permitindo um melhor gerenciamento do fluxo de caixa
da empresa, em análise. Cabe conhecer, também, todas as despesas e provisões
permitidas pela legislação do Imposto de Renda. Com virtude da grande maioria dos
tributos terem bases de cálculo em valores determinados pela contabilidade, o
contador torna-se com o tempo um grande conhecedor das formas práticas de
arrecadação e do funcionamento dos tributos. E se ele puder destinar boa parte do
seu tempo ao estudo da legislação tributária, tem plenas condições de desenvolver
planificações capazes da obtenção de bons resultados.
27
4.2 Planejamento Tributário: Obrigação dos Administradores
A obrigatoriedade do Planejamento Tributário, por parte dos administradores
de qualquer companhia, é prevista pela Lei 6.404/76 (Lei das S/A), pela
interpretação do artigo 153.
Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.
Logo, antes de ser um direito, uma faculdade, o planejamento fiscal se torna
obrigatório para todo bom administrador. Desta maneira, no Brasil, tem ocorrido uma
"explosão" do Planejamento Tributário como prática das organizações. No futuro, a
omissão desta prática irá provocar o descrédito daqueles administradores omissos.
Atualmente, não se tem conhecimento de nenhuma causa ou ação, proposta
por acionista ou debenturista com participação nos lucros, neste sentido. Mas, no
futuro, a inatividade nesta área poderá provocar ação de perdas e danos por parte
dos acionistas prejudicados pela omissão do administrador em perseguir o menor
ônus tributário.
28
5. SISTEMAS TRIBUTÁRIOS
A legislação brasileira oferecer diferentes regimes tributários (simples, lucro
real e lucro presumido), nem todos os empresários têm conhecimento das
vantagens e das desvantagens de cada um deles. Como é mais fácil administrar
uma empresa inscrita nos regimes de lucro presumido e no Simples — em que as
alíquotas são preestabelecidas —, muitas vezes a escolha é feita por praticidade,
sem que os reais efeitos sejam avaliados.
O sistema tributário brasileiro engloba 59 impostos e contribuições, além de
95 obrigações acessórias para as empresas. E encontra-se embasado em dois
pressupostos fundamentais:
• consolidação dos impostos de idêntica natureza em figuras unitárias, levando-se
em conta suas bases econômicas;
• coexistência de 4 sistemas tributários autônomos: federal, estadual, municipal e
do Distrito Federal.
5.1 Conceito de Tributo
A definição de tributo está normatizada no Código Tributário Nacional, em seu
art. 3º que dispõe, Tributo é toda prestação pecuniária compulsória (pecuniária
refere-se a dinheiro, e compulsória, a obrigação), em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir (A lei diz que o pagamento é em dinheiro, mas há opção diversa),
que não constitua sanção ao ato ilícito (por exemplo, multa de trânsito e multas
decorrentes de crimes. Isso não é tributo, é uma penalização pelo cometimento de
ato contrário à lei), instituída em lei (origem do tributo) e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada (é o ato obrigatório do administrador público.
Há um procedimento típico para todos os inadimplentes).
A relação dos cidadãos para com a administração pública envolve o
pagamento de inúmeras modalidades, o qual cabe ao cidadão saber se é tributo ou
não. Existem espécies de pagamento à administração pública que não são
necessariamente tributos.
29
A receita proporcionada pela arrecadação de tributo é da espécie derivada.
Todavia, nem toda receita derivada provém de tributos. Ex.: multas.
5.1.1 Espécies de Tributo
Há, no Brasil, cinco espécies diferentes entre si de impostos:
• Imposto: a obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal (Art. 16 do CTN). Em outras palavras, imposto é o
tributo que não está vinculado a uma contraprestação direta a quem o está
pagando.
As receitas de impostos não são destinadas a custear obras ou serviços em prol
de quem os paga, mas sim para serem utilizadas para custear as despesas
gerais do estado, visando promover o bem comum.
• Taxa: pode ser criadas e exigidas pela União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições. Tem como fato gerador, o
exercício do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição
(Art. 77 do CTN).
• Empréstimo compulsório: somente pode se instituído pela União, através de
lei complementar, nos casos de:
- Calamidade pública ou guerra externa ou sua iminência, que exijam recursos
extraordinários, isto é, além dos previsto no orçamento fiscal da União;
- Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
• Contribuições especiais: são tributos cobrados para custeio de atividades
paraestatais e podem ser: sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse de categorias econômicas ou profissionais.
• Contribuição de melhoria: pode ser criadas e exigidas pela União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições. Tem o
objetivo de fazer face ao custo de obra pública de que decorra valorização
30
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (Art. 81 do
CTN).
5.1.2 Competência tributária
É o poder atribuído pela Constituição às pessoas de direito público com
capacidade política para criar tributos, vale dizer, o poder de editar lei para criá-los.
É a capacidade de fazer leis constitucionalmente outorgada a determinado ente
político.
A competência tributária é a faculdade de editar leis que criem, em abstrato,
tributos. Trata-se de uma competência originária, que busca seu fundamento de
validade na própria Constituição. A Constituição Federal, no Brasil, é a lei tributária
fundamental, por conter as diretrizes básicas aplicáveis a todos os tributos. Algumas
normas constitucionais determinam como devem ser elaboradas as normas jurídicas
de nível legal e infralegal.
Para que haja a criação do tributo não basta que ele seja contemplado na
Constituição e deferido a uma das pessoas de direito público com capacidade
política. É necessário que esta pessoa que recebeu a faculdade de criar tributos por
força da Constituição venha a fazer uso dessa competência mediante a edição de
uma lei com todos os requisitos de uma lei tributária, isto é, a definição da hipótese
de incidência, a base de cálculo, a alíquota e os sujeitos ativo e passivo. É a lei que
reconhece a qualidade de ser criadora do tributo.
Não se deve confundir Competência com Capacidade Tributária.
Competência é a criação ou o poder de criar leis sobre tributos, enquanto
capacidade é,como o próprio nome já diz, a capacidade de determinadas pessoas
de comparecer diante do contribuinte como seu credor.
A pessoa de direito público, detentora da capacidade política de legislar sobre
o tributo em questão define-se como ente competente. Não podendo o confundir
com o Sujeito Ativo, instituindo-o após prévia autorização constitucional.
Diferenciam-se, pois Sujeito Ativo é aquele que pode exigir o crédito tributário,
é detentor da capacidade para exigir o cumprimento da obrigação tributária.
31
Normalmente, o ente competente e o Sujeito Ativo são a mesma pessoa, porque
aquele que institui, usando da sua competência, normalmente cobra.
A repartição das receitas tributárias assegura à União, Estados e Municípios
um recurso a mais, tendo em vista que a arrecadação de tributos é participada a
todos, sem que o contribuinte pague mais por isso. Relaciona-se com o poder que
uma unidade política tem de fazer a instituição e a cobrança de um determinado
tributo. Nossa fonte de distribuição de competências está na Constituição Federal de
1988 (arts. 145 e ss.). Entre os arts. 153 a 156, está a distribuição de competências.
5.2 Principais Tributos
Para administrar uma empresa no Brasil, seja ela pequena, média ou grande,
não basta o empresário ter um foco apenas no lucro, é necessário também ter um
bom planejamento tributário. Atualmente, o contribuinte paga 59 tributos, dentre
taxas, tarifas e contribuições, além de 95 obrigações acessórias que devem ser
cumpridas para efetivar os pagamentos dos tributos. Diante de tantos tributos, datas,
prazos e vencimentos, os principais tributos pagos pelas empresas são:
5.2.1 Tributos Federais
• IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica): Imposto sobre a renda de
qualquer natureza. No caso de salários, este imposto é descontado direto na
fonte. Incide sobre proventos de qualquer natureza. O IRPJ tem a base de
cálculo correspondente a um percentual aplicável sobre a receita bruta. A base
de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência
do fato gerador, é o lucro real, presumido ou arbitrado, correspondente ao
período de apuração. O imposto será determinado com base no lucro real,
presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos
dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-
calendário. À opção do contribuinte, o lucro real também pode ser apurado por
período anual.
32
• CSLL (Contribuição sobre Lucro Líquido): foi instituída pela Lei nº
7.689/1988. Incide sobre as pessoas jurídicas e entes equiparados pela
legislação do Imposto de Renda e se destina ao financiamento da Seguridade
Social, estando disciplinado pela Lei n. 7.689/88. Sua alíquota varia entre 10% a
12% e a base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da provisão
para o Imposto de Renda. Desta forma, além do IRPJ, a pessoa jurídica optante
pelo Lucro Real, Presumido ou Arbitrado deverá recolher a Contribuição Social
também pela forma escolhida.
• PIS (Programa de Integração Social): foi criado pela Lei Complementar
07/1970. São contribuintes as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhe
são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, inclusive empresas
prestadoras de serviços, empresas públicas e sociedades de economia mista e
suas subsidiárias, excluídas as microempresas e as empresas de pequeno porte
submetidas ao regime do Simples Federal (Lei 9.317/96) e, a partir de
01.07.2007, do Simples Nacional (LC 123/2007). Incide sobre o faturamento
mensal. A base de cálculo da contribuição é a totalidade das receitas auferidas
pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a
classificação contábil adotada para as receitas. Alíquota de 0,65% para as
empresas tributadas com base no lucro presumido e 1,65% para as empresas
tributadas com base no lucro real. As entidades sem fins lucrativos contribuem
com 1% sobre a folha de pagamento. O prazo de recolhimento se dá até o dia
20 do mês seguinte ao da competência.
• COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): foi instituída pela Lei Complementar 70 de 30/12/1991, e atualmente, é regida pela
Lei 9.718/98, com as alterações subsequentes. São contribuintes as pessoas
jurídicas de direito privado em geral, inclusive as pessoas a elas equiparadas
pela legislação do Imposto de Renda, exceto as microempresas e as empresas
de pequeno porte submetidas ao regime do Simples Federal (Lei 9.317/96) e, a
partir de 01.07.2007, do Simples Nacional (LC 123/2007). Incide sobre o
faturamento mensal da empresa. A base de cálculo é a totalidade das receitas
auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela
exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Tem alíquota de 3%
para as empresas tributadas com base no lucro presumido, alíquota de 7,6%
33
para aquelas tributadas com base no lucro real e 4% para as instituições
financeiras e assemelhadas. O prazo de recolhimento se dá até o dia 20 do mês
seguinte ao da competência.
• IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): o fato gerador ocorre em um
dos seguintes momentos: com o desembaraço aduaneiro do produto importado;
com a saída do produto industrializado do estabelecimento do importador, do
industrial, do comerciante ou do arrematador; e com a arrematação do produto
apreendido ou abandonado, quando este é levado à leilão. A alíquota varia de
acordo com o produto industrializado.
5.2.2 Tributos Estaduais
• IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores): são os
Estados e o Distrito Federal os entes políticos possuidores de competência
tributária para instituição, arrecadação e fiscalização do IPVA, consoante
disposição do artigo 155, inciso III, da Constituição Federal. O fato gerador
desse tributo se depreende de sua própria nomenclatura – propriedade de
veículo automotor. As alíquotas são fixadas pelos Estados, em função da
natureza, valor e tipo de utilização do veículo. Entendem os Estados que incide
o IPVA sobre a propriedade de aeronaves e embarcações, o que é matéria
questionável, haja vista que a propriedade de tais bens móveis não configuraria
a hipótese de incidência do imposto, não gerando, dessa forma, o nascimento
da respectiva obrigação tributária. Quanto à expressão veículo automotor, do
Código de Trânsito Brasileiro: “Todo veículo a motor de propulsão que circule
por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de
pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte
de pessoas e coisas”. Conforme se observa dos conceitos trazidos à colação, é
discutível a inclusão de aeronaves ou embarcações no conceito de veículo
automotor para efeito de incidência do IPVA.
34
5.2.3 Tributos Municipais
• ISS (Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza): até 31.07.2003 foi regido
pelo DL 406/1968 e alterações posteriores. A partir de 01.08.2003, é regido pela
Lei Complementar 116/2003. O Imposto é de competência dos Municípios e do
Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da
lista anexa à Lei Complementar 116/2003, ainda que esses não se constituam
como atividade preponderante do prestador. O contribuinte é o prestador do
serviço. O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do
estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio
do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos itens I a XXII do art. 3 da Lei
Complementar 116/2003. A Emenda Constitucional 37/2002, em seu artigo 3,
incluiu o artigo 88 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, fixando a
alíquota mínima do ISS em 2% (dois por cento), a partir da data da publicação
da Emenda (13.06.2002). A alíquota mínima poderá ser reduzida para os
serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao
Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968. A alíquota máxima de
incidência do ISS foi fixada em 5% pelo art. 8, II, da Lei Complementar
116/2003. O ISS não incide sobre as exportações de serviços para o exterior do
País.
Nota: são tributáveis os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se
verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.
• IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana): O fato
gerador é o exercício do domínio sobre propriedade imóvel, ou, em outras
palavras, “ser proprietário de bem imóvel”. Pode-se dizer, portanto, que o termo
propriedade descrito no inciso I do art. 156 da Constituição Federal deve ser
interpretado de forma ampla, abrangendo o domínio útil e a posse. Sobre o
âmbito de incidência do “imposto predial”, destaca-se que “a palavra ‘prédio’
abrange, apenas, aquelas incorporações de forma permanente ao solo, que
possam servir de habitação, ou exercício de quaisquer atividades”. Logo, não se
enquadram no conceito fiscal de “prédio” as construções paralisadas ou em
35
andamento que não sirvam para moradia. Pode-se até não utilizar o imóvel para
moradia ou qualquer outra atividade, mas deve o imóvel estar suscetível de ser
habitado para que possa haver a incidência do imposto predial.
5.3 Regimes Tributários
A escolha do regime tributário e seu enquadramento é que irão definir a
incidência e a base de cálculo dos impostos federais. No Brasil são três os tipos de
regimes tributários mais utilizados nas empresas, nos quais estas podem se
enquadrar de acordo com as atividades desenvolvidas:
• Simples Nacional
• Lucro Presumido
• Lucro Real
Convém ressaltar que cada regime tributário possui uma legislação própria
que define todos os procedimentos a serem seguidos pela empresa a fim de definir
um enquadramento mais adequado.
5.3.1 Simples Nacional
De acordo com a Secretaria da Receita Federal (Brasil, 2007), o Sistema
Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES) é um regime tributário diferenciado,
simplificado e favorecido previsto na Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006,
aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de
01.07.2007. Consideram-se Microempresas (ME), para efeito de Simples Nacional, o
empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que aufira em cada ano
calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00. Já as Empresas de
Pequeno Porte (EPP) são empresários, pessoas jurídicas, ou a elas equiparadas,
que venham auferir em cada ano-calendário receita bruta superior a R$ 240.000,00
e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00.
36
O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento
único de arrecadação, dos seguintes tributos:
• Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);
• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
• Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS);
• Contribuição para a Seguridade Social (cota patronal);
• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS);
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
Todos os Estados e Municípios participam obrigatoriamente do Simples
Nacional. O imposto devido pelas empresas optantes por esse regime é
determinado à aplicação das tabelas dos anexos da LC n° 123/06. Para efeito da
determinação da alíquota, o devedor irá utilizar a receita bruta acumulada nos 12
meses anteriores ao do período de apuração. Já o valor devido mensalmente será o
resultante da aplicação da alíquota correspondente sobre a receita bruta mensal
auferida.
5.3.2 Lucro Presumido
Neste tipo de regime tributário, o montante a ser tributado é determinado com
base na receita bruta, através da aplicação de alíquotas variáveis em função da
atividade geradora da receita. Podem optar pelo lucro presumido as pessoas
jurídicas, cuja receita bruta total no ano calendário anterior tenha sido igual ou
inferior a R$ 48.000.000,00 ou ao limite proporcional de R$ 4.000.000,00
multiplicados pelo número de meses de atividade no ano, se esse for inferior a 12
meses. No regime do lucro presumido são quatro os tipos de impostos federais
incidentes sobre o faturamento, dentre eles o PIS e a COFINS, que devem ser
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apurados mensalmente, e o IRPJ e a CSLL cuja apuração deverá ser feita
trimestralmente.
Podemos dizer que o lucro presumido é uma presunção por parte do fisco, do
que seria o lucro de uma empresa caso não existisse a contabilidade. Porém,
notamos que algumas empresas possuem uma escrituração contábil completa, com
os rigores das normas e princípios fundamentais da contabilidade, e mesmo assim
acabam por optar pela tributação baseada no lucro presumido. Isso ocorre na
maioria das vezes por falta de conhecimento dos empresários ou até mesmo dos
próprios contadores, os quais desconhecem ou possuem pouca informação sobre as
demais formas de tributação. É aí que deve aparecer a figura do planejamento
tributário, o qual deverá exercer conscientemente a redução da carga tributária
visando a melhor opção para a empresa, seja através do lucro real ou presumido.
5.3.3 Lucro Real
Lucro Real é o lucro líquido do período, apurado com observância das normas
das legislações comercial e societária, ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações prescritas pela legislação do Imposto de Renda. Estão obrigadas a
optar pela tributação com base no Lucro Real as pessoas jurídicas que estiverem
enquadradas nas seguintes condições:
I – Que tenham receita total, no ano-calendário anterior, superior a R$
48.000.000,00, ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a
12 meses;
II – cujas atividades sejam de instituições financeiras ou equiparadas;
III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam benefícios fiscais relativos
à isenção ou redução do imposto;
V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo
regime de estimativa, inclusive mediante balanço ou balancete de suspensão ou
redução de imposto;
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VI – cuja atividade seja de factoring. Para as demais pessoas jurídicas, a tributação
pelo lucro real é uma opção. Os impostos Federais incidentes nas empresas
optantes pelo Lucro Real são o PIS, a COFINS, o IRPJ e a CSLL, sendo os dois
primeiros apurados mensalmente sobre o faturamento e os dois últimos anualmente
ou trimestralmente, tendo como base o Lucro Líquido contábil, ajustado pelas
adições, exclusões e compensações permitidas ou autorizadas pelo Regulamento
do Imposto de Renda.
A palavra “real” é utilizada em oposição ao termo presumido, com o principal
objetivo de exprimir o que existe de fato, verdadeiramente, no sentido de ser aceito
para todos os fins e efeitos de direito. A apuração do lucro real envolve maior
complexidade na execução das rotinas contábeis e tributárias, para a completa
escrituração das atividades e posterior apuração do lucro real, que é a base para
cálculo dos tributos como IRPJ e a CSLL das empresas que não podem ou não
querem optar pelo lucro presumido. Para que o resultado seja apurado
corretamente, o contador deve adotar uma série de procedimentos corriqueiros no
ambiente profissional, como a rigorosa observância aos princípios contábeis,
constituição de provisões necessárias, completa escrituração fiscal e contábil,
preparação das demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial, Demonstração de
Resultado do Exercício – DRE, Balancetes) e livros (Livro de Apuração do Lucro
Real - LALUR, Entrada e Saída e Livro Registro de Inventário).
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CONCLUSÃO
A sobrevivência das empresas depende da sua capacidade de adaptação
frente às constantes mudanças impostas no mundo dos negócios. O sistema
tributário brasileiro tem se mostrado complexo e oneroso, tornando-se um grande
desafio para as empresas. São algumas das dificuldades enfrentadas pelas
empresas brasileiras, que se destaca neste cenário tributário. Os pequenos
negócios sofrem por não terem uma assessoria contábil adequada, especialmente
sob o aspecto gerencial e tributário. O planejamento tributário, necessário para o
sucesso de qualquer empreendimento, pode ajudar as empresas a enfrentarem suas
dificuldades fiscais, através de um planejamento tributário, prática que se torna
comum nas pequenas, médias e grandes empresas.
É indiscutível que a carga tributária brasileira acha-se em um patamar
elevado. Também é de não questionar que o sistema tributário Nacional possui uma
legislação com alto grau de complexidade, considerando que além de complexo
esse sistema possui uma série de falhas, inclusive deixando lacunas, para que os
profissionais contábeis especializados possam utilizar-se delas em benefício de suas
organizações.
A grande carga de tributos atribuída aos contribuintes emperra o
desenvolvimento, uma vez que sobre carregam as cadeias produtivas e também
reduz a margem de lucro dos empresários e investidores, pois já passamos da hora
de rever nosso atual sistema tributário e promover grandes modificações. Porque
esse sistema de tributação ambicioso que apenas serve de obstáculo para
investimentos nas empresas, resulta numa pendência negativa, impulsionando de
forma contraria a saúde competitiva face às empresas multinacionais. Mas o que
notamos até então é o crescimento da carga tributária ano após ano, a fim de bancar
os gastos do governo que tenta cobrir o déficit previdenciário, pois o governo sempre
aumenta a quantidade de tributos e ou alíquotas para poder equilibrar suas contas.
Havendo uma redução considerável na carga de tributos, os empresários
serão incentivados e assim aumentaram seus investimentos, produzindo mais,
contratando mais mão de obra, além de buscar as formas de trazer as empresas
que estão na informalidade para a formalidade, nisso a arrecadação se manteria
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alta, mas com uma menor carga tributária individual e dessa forma conduzindo a
economia para a sustentabilidade e solidez das diversas empresas.
É partindo desse episódio que as empresas buscam pagar menos impostos,
através da elisão tributária, que representa atos lícitos de economia de impostos,
que quando feito por profissionais contábil experiente que trabalha em cima do
alicerce da ética profissional rende a esse trabalho bons resultados, sem que exista
a pratica da evasão fiscal, que é a sonegação.
Diante do que foi exposto, pode-se concluir que o Planejamento Tributário é
uma ferramenta de suma importância para a eficiência e o sucesso de um
empreendimento. Devemos optar por uma elisão fiscal segura e sólida de forma que
apliquemos uma tributação nas organizações econômicas com a precípua de pagar
menos tributos de uma forma lícita, fazendo com que a empresa se torne mais
competitiva.
Observamos a diferença entre a evasão e elisão fiscal; a evasão fiscal é o ato
praticado pelo contribuinte com infração à lei, pois o fato gerador ocorre e se evita
ou se reduz o pagamento do respectivo tributo e a elisão busca evitar a ocorrência
do fato gerador, o que não fere a lei, pois ninguém pode ser obrigado a praticar
determinado fato gerador.
Conclui-se que há anos o governo federal vem utilizando benefícios fiscais
dos mais variados para atrair o olhar das empresas ás atividades de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico, tendo em vista a evidente carência no país desse tipo
de projeto.
Por esse motivo, as empresas que realizam investimentos nessa área no
Brasil, mas que antes não eram beneficiadas com nenhum incentivo, agora possa ao
menos ver reduzido os custos com tais atividades.
Buscando expor nesse projeto a possibilidade evidenciada da prática de
economia tributária, concluindo que é necessária na economia nacional uma reforma
tributária que venha satisfazer a nossa economia, pois é grande a quantidade de
tributos existente no país revelando a pesada carga, reduzindo a produção,
desacelerando a economia nacional e tirando postos de trabalhos. Além de que
aumentando a informalidade.
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