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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SÍNDROME DO AUTISMO: A IMPORTÂNCIA DO
PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA
CRIANÇA AUTISTA
Por: Lígia Fonseca da Silva
Orientadora
Profª. Fernanda Canavez
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SÍNDROME DO AUTISMO: A IMPORTÂNCIA DO
PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA
CRIANÇA AUTISTA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
psicopedagogia.
Por: Lígia Fonseca da Silva
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos meus familiares pela
paciência que tiveram para comigo
nesse período de curso, por eu estar
sempre ausente, principalmente aos
sábados á tarde e consequentemente
nesses momentos finais de conclusão
do curso. Nervosismo, estresse e
outras coisas que me afetaram
fisicamente. Mas, ʺTudo vale a pena se
a alma não for pequenaʺ (Fernando
Pessoa).
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao meu querido neto
Bruno, que Deus tão sabiamente colocou-
o nas nossas vidas, não para nos
entristecer e sim nos dar alegrias. Criando
em cada um de nós uma força a qual
vivenciamos a cada dia, através de
atitude, prazer, perseverança, fé e
deslumbramento em ver a cada momento
o seu desenvolvimento e interação social.
Olhar para meu netinho e sentir seu olhar
no meu, tendo o grande prazer de ouvi-lo
me chamar de vovó. Ele é sim uma
pessoinha muito especial para nós.
5
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi dialogar a questão da educação de
crianças com a Síndrome do Autismo, a partir de um breve histórico desse
distúrbio que afeta normalmente crianças antes dos três anos de idade.
Relataremos sobre o psiquiatra Léo Kanner, que em 1949, identificou em suas
pesquisas, que a criança com a interação social afetada, tinha o quadro de
Autismo Infantil precoce. Foi realizado um estudo abordando as leis para
Educação Especial, na nova Lei de Diretrizes e Bases 9394/96. E finalmente,
concluímos, com a importância do psicopedagogo e sua contribuição na
educação e inclusão da criança autista.
.
Palavras-chave: Autismo, Inclusão, Educação, Aprendizagem e
Psicopedagogia.
6
METODOLOGIA
Essa pesquisa tem como proposta o estudo da Síndrome do Autismo,
trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, no qual utilizaremos referências
bibliográficas, livros, revistas especializadas e artigos científicos. A presente
pesquisa apresentou a importância do olhar do psicopedagogo na educação da
criança autista. Esse profissional como mediador e articulador de subsídios no
processo da inclusão, deve trabalhar criando possibilidades para que o autista
se desenvolva e saia do seu mundo imaginário para o mundo da realidade o
qual todos nós fazemos parte. Essas observações estão relacionadas com o
conceito de psicopedagogia e sua trajetória histórica e transformadora na
educação da criança com a Síndrome de Autismo.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................8
CAPÍTULO I...................................................................11
O HISTÓRICO DO AUTISMO.......................................11
CAPÍTULO II..................................................................20
O PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO AUTISMO............20
CAPÍTULO III.................................................................28
AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES (LDB) DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL................................................28
CONCLUSÃO................................................................40
ANEXOS........................................................................42
BIBLIOGRAFIA..............................................................44
WEBGRAFIA.................................................................46
ÍNDICE...........................................................................47
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................49
8
INTRODUÇÃO
ʺCada aprendente constrói seu próprio caminho, apenas seu, pois
são muitos os modos, diversos os modos de trilhá-lo. Assim também
é inevitável pensar sobre as múltiplas faces do destino humano: o
destino da espécie humana, o destino individual, o destino social, o
destino histórico, todos entrelaçado inseparáveis”. (BEAUCLAIR,
2011, p.58).
Ao longo da formação acadêmica, devido à aceleração do
conhecimento nas várias etapas das disciplinas, deixamos para trás diversos
temas que gostaríamos de pesquisar. Mas, a escolha desse trabalho teve
como ponto de partida um tema que sempre me despertou grande interesse
para ser pesquisado detalhadamente, que é: O Autismo Infantil. Para
desenvolver o projeto de monografia, foi escolhida uma pesquisa com
embasamento teórico, enfatizando o desenvolvimento da criança autista na
inclusão educacional. Sendo assim, formulamos a seguinte pergunta da
pesquisa como: Quais as intervenções do psicopedagogo na educação da
criança autista?
Ao fazermos essa pesquisa, pretendemos identificar o papel do
psicopedagogo na educação da criança autista, os aspectos positivos e
negativos na relação do psicopedagogo e autista, a luz da teoria, promover
ações para se facilitar um melhor entendimento deste tema.
O texto está distribuído em três capítulos, seguidos de um conjunto de
referências bibliográficas. Nesta introdução segue o capítulo I onde será
mencionado o Autismo Infantil, no qual é apresentado o histórico do autismo,
as supostas causas e critérios para diagnósticos do autismo no DSM-IV e no
CID10.
No capítulo II apresentaremos o processo de evolução do autismo, as
síndromes associadas ao autismo. Nesta perspectiva, os indivíduos autistas
pelas suas especificidades e pelas suas limitações na interação social, vem
9
requerer uma reflexão aprofundada, sendo preciso trazer alguma luz e
esclarecimento a este seu mundo, ainda muito obscuro.
O autismo começou a ser descrito por Kanner em 1943, ele foi o
primeiro pesquisador a fazer uma investigação minuciosa sobre o autismo, com
onze crianças com um quadro de: (ORRÚ, 2009).
ʺAutismo extremo, obsessividade, estereotipadas e ecolalia.
Nomeando-o Distúrbios Autísticos do contato afetivo. As
características apresentadas por esse grupo de crianças eram:
incapacidade para estabelecer relações com as pessoas, um vasto
conjunto de atrasos e alterações na aquisição e uso da linguagem e
uma obsessão em manter o ambiente intacto, acompanhada da
tendência a repetir uma sequência limitada de atividades
ritualizadasʺ. (p. 18).
O autismo infantil é um transtorno invasivo do desenvolvimento, ou
seja, é algo que está inserido na constituição do indivíduo afetando a sua
evolução, com alteração na interação social, na comunicação e no
comportamento. Geralmente essa síndrome aparece na criança antes dos três
anos de idade acompanhado-a até a vida adulta.
O tratamento da criança autista inclui profissionais na área como:
Psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, neuropediatra e também escolas
especializadas. Além desses profissionais, é muito importante o
acompanhamento e o apoio dos pais.
Segue também o capítulo III, citando As Leis de Diretrizes e Bases da
Educação Especial. O Autismo e inclusão, a família autismo e educação. Neste
capítulo também será citada a importância do psicopedagogo na educação da
criança autista, o seu olhar para identificação da síndrome do autismo, pois
entendemos que, o conhecimento precoce da criança autista pode tirá-la do
seu mundo imaginário e trazê-la para a realidade. Quando a criança é
diagnosticada como autista, tem que ser tratada o mais rápido possível para
que não venha a desenvolver problemas sérios de conduta, dificultando o
tratamento durante sua vida.
10
Consequentemente a necessidade e a importância do psicopedagogo,
na intervenção das dificuldades de aprendizagem e na inclusão da criança
diagnosticada com a síndrome do autismo. Mesmo que haja casos de crianças
com severas limitações, devemos assumir a responsabilidade pelo aprendizado
dessas crianças, porque todos os canais de aprendizagem estão acessíveis
aos estímulos, por isso podem superar as expectativas na aprendizagem.
11
CAPÍTULO I
O HISTÓRICO DO AUTISMO
ʺHistoricamente, o conjunto de comportamento usado para o
diagnóstico dos quadros do autismo tem sido analisado de diferentes
formas, por diferentes culturas, desde sua descrição. No geral,
estudiosos enfatizam a limitação verbal, a inabilidade de
comunicação e as atipias no relacionamento socialʺ. (PERISSINOTO,
2003, P.17)
O termo Autismo origina-se do Grego (Autós), que significa uma
pessoa voltada para si mesmo. É comum se utilizar adjetivos para se
denominar o Autismo, tais como: ʺAutismo puro, núcleo Autístico, Autismo
(Primário no caso de não associação com outras patologias); Autismo
secundário, Autismo de alto funcionamento e o Autismo de baixo
funcionamentoʺ. (ORRÚ, 2011, p.17).
A palavra Autismo foi empregada pela primeira vez pelo psiquiatra
suíço Eugene Bleuler, em 1911, que buscava assinalar o subterfúgio da
realidade e o acanhamento interior dos pacientes onde a esquizofrenia se
manifestava.
Alguns anos depois, precisamente em 1943, Leo Kanner, psiquiatra
austríaco naturalizado americano, publicou em suas recentes pesquisas
relacionadas ao autismo. “Ele constatou uma nova síndrome na Psiquiatria
infantil denominada a Principio de distúrbio autístico do contato afetivo”.
(CUNHA, 2011, p.20). Para kanner, na sua observação clínica, feita em
crianças hospitalizadas e tratadas, ele constatou que nenhuma delas tinha o
referencial das patologias que existiam na psiquiatria infantil.
Essas crianças viviam em completo alheamento, desde os primeiros
anos de vida, era como se elas não fizessem parte do mundo. Quando o
psiquiatra Kanner identificou nessas crianças, os danos causados nas áreas do
comportamento e da interação social, ele afirmou que elas não estavam
associadas a nenhum grupo com deficiência mental. (REVISTA, AUTISMO, n°2
12
ano1, p.6). “Propôs o nome de autismo para chamar a atenção para o prejuízo
severo na interação social que era muito evidente desde o início da vida
desses pacientes”
Em 1949, Kanner continuava seus estudos sobre esses tipos de
distúrbios decorrente desses estados patológicos, ele continuava afirmando
que o quadro era de Autismo Infantil precoce, evidenciado por extremas
ʺdificuldades de contato com as pessoas, ideias fixas em manter os objetos as
situações sem haver variá-los, fisionomia inteligente, alterações na linguagem
do tipo inversão pronominal, neologismo e metáforasʺ (RODRIGUES, 2010, p.
18).
Durante sua análise sobre o autismo, o pesquisador acreditou que a
síndrome devia ser separada da esquizofrenia infantil, discordando do que fora
afirmado por Bleuler em 1911, “por entender não se tratar de uma doença
independente e, sim, de mais um dos sintomas da esquizofrenia”. (ORRÚ,
2009, p.19). Bleuler enfatizava que o lado emocional ficava totalmente
destruído no quadro clínico da esquizofrenia, destacando que no autismo, esse
distúrbio comprometia o contato relacionado com a realidade do que o contato
afetivo.
Na constatação de Kanner, ele afirmou que apesar de o esquizofrênico
se manter isolado do mundo, existia uma diferença muito grande em relação ao
autista, pois este nunca conseguiu tomar conhecimento desse mundo
mencionado por Bleuler. O conceito de Autismo foi revisto por Kanner várias
vezes, mas tarde precisamente em 1949, passou a referir-se ao quadro como
Autismo Infantil precoce. (ORRÚ, 2009).
ʺPela dificuldade no contato com as pessoas, desejo obsessivo por
certas coisas e objetos, pela rotina nas situações, alterações na
linguagem e mutismo, que os levava a grandes problemas na
comunicação interpessoalʺ. (p. 20.)
Cinco anos mais tarde, o psiquiatra salientou que o autismo era uma
psicose, em virtude da falta de exames feitos em laboratório que comprovasse
o autismo como determinada doença.
13
Em 1956, testificou mais uma vez o conceito da síndrome como
psicose, mas sentia uma maior necessidade de aprofundar-se mais sobre o
autismo no campo BIOLÓGICO/PSICOLÓGICO/SOCIAL. Dois anos depois,
ampliou a suas considerações ao estudar com maior empenho os deficientes
mentais que perderam a fala por lesão no cérebro.
Ao rever seus primeiros casos que ocorreram há trinta anos, propôs
que se estudassem por meio de bioquímica, dando a entender que a síndrome
do autismo tinha relação com o quadro das psicoses infantis. Kanner abriu
caminhos para outros pesquisadores, que vieram logo após ele, surgindo com
suas ideias e concepções sobre o autismo, com seus conceitos já
estabelecidos, através das experiências vivenciadas com as pessoas com a
síndrome do autismo.
1.1 Conceitos de Autismo
Atualmente, o autismo é considerado uma “síndrome comportamental
com etiologia múltipla e curso de um distúrbio de desenvolvimento”. (ORRÚ,
2011, p.22) Até o ano de 1989, as estatísticas relatava que a síndrome do
autismo acometia crianças com menos de três anos, predominando de dois a
sete em cada mil indivíduos. Na maioria das vezes essa síndrome surge em
meninos, sendo que, a cada quatro casos relatados três são do sexo masculino
e um feminino.
Isso representa cerca de ʺ1/10 desses indivíduos na extremidade grave
do Distúrbio Espectro do Autismo (ASD)ʺ. (WILLIAMS, 2008, P.2). Essas
estatísticas também podem se modificar dependendo dos pesquisadores ou
dos países aonde a pesquisa é realizada.
O ASD é um distúrbio do desenvolvimento que surge nos primeiros três
anos de vida da criança. ʺ O ASD atinge a comunicação, interação social, a
imaginação e o comportamento. Não é algo que a criança pode contrair. Não é
causado pelos Pais. ʺ(WILLIANS, 2008, P.3)
14
É uma maneira de viver, que vai se alastrando da infância,
adolescência até a vida adulta. Entretanto, a criança pode vir a se desenvolver
progressivamente, na medida em que se trabalha com ela para ajudá-la no seu
desenvolvimento.
Quando a criança nasce, o ASD não pode ser detectado para saber se a
criança é autista, elas parecem bonitas quanto qualquer outra. Não existe
nenhum traço que possa fazer uma identificação nem qualquer tipo de exame
patológico para detectar o autismo. Segue alguns lembretes importantes na
fala de (WILLIANS, 2008):
• ʺNão há padrão fixo para a forma na qual o ASD se manifesta.
• Não há idade determinada para o aparecimento para o aparecimento
dos sintomas.
• Em geral, os sintomas tornam-se evidentes gradativamente.
• Os sintomas específicos variam bastante. Muitas crianças podem não
apresentar todos os sintomas até hoje identificados.
• Os sintomas variam de acordo com a idade. Algumas crianças com
três anos podem repetir indefinidamente frases que ouvem, mas
podem não repeti-las aos sete anos.
• A gravidade dos sintomas varia. Por exemplo, algumas crianças
podem evitar quase completamente o contato visual, enquanto outras
podem ter apenas dificuldades sutis.
• Se seu filho apresenta algum sintoma não significa automaticamente
que ele tenha ASD. Muitos dos comportamentos associados ao ASD
podem ser consequência de outros problemas; por exemplo, evitar o
contato visual pode ser devido á ansiedade; a falta de boa interação
com outras crianças talvez seja apenas timidez, o atraso no
desenvolvimento da linguagem pode ser causada por dificuldades
auditivas resultantes de várias infecções do ouvido.
• O fato de não ser bom pai não causa ASDʺ. (p.4)
15
Como o autor salientou, não existe um padrão que diagnostica o
autismo, pois ele se manifesta com sintomas diversificados em cada criança.
Geralmente, os primeiros sintomas surgem quando a criança tem cerca de
dezessete meses. Criando assim um questionamento devido ser o período que
as crianças são vacinadas. Por esse motivo os pais, ficam em duvida sobre as
vacinas, ter algum comprometimento com o autismo. (WILLIANS, 2008) diz
que:
ʺAté hoje, não se constatou nenhum vínculo entre as vacinas anti-
sarampo, anti- caxumba, e anti-rubéula e a causa de ASD; e alguns
pesquisadores acham que os pais culpam a vacina porque o ASD
costuma surgir nesta idadeʺ. (pág.5).
Durante o desenvolvimento da criança, chegando mais ou menos aos
dois anos de idade, ela começa pronunciar as primeiras palavras, se nesse
período sua forma de linguagem não for estabelecida, provavelmente ela deva
estar com alguma perda relacionada ao seu sistema cognitivo. Se a criança for
autista, ela pode apresentar algum comportamento enumerado a seguir
(Willians, 2008).
• ʺNão faz bom contato visual com os pais.
• Não responde prontamente quando o chamamos pelo nome.
• Demonstra pouquíssimo interesse em outras pessoas.
• Parece estar no mundo dele.
• Tem atraso no desenvolvimento da linguagem, em geral, a criança
consegue usar dez palavras ou mais nesta idade.
• Está perdendo a linguagem. Algumas crianças param de usar
palavras que usaram antes e não aprendem palavras novas.
• Não usa gestos como apontar para indicar que deseja algo.
• Pega a mão de um adulto e a coloca sobre coisas que ele quer abrir,
em vez de gesticular, apontar e usar contato visual ou linguagem.
• Não parece entender os gestos dos pais, como apontar.
• Não brinca de faz de conta (por exemplo, brincar de casinha).
• Parece fascinado por partes de brinquedos em vez de brincar com
eles como esperado, como por exemplo, gira constantemente as
rodas de um carrinho em vez de fazê-lo rodar no chão.
16
• Passa longos períodos de tempo enfileirando objetos e fica mais
perturbado do que o normal, se alguém os muda de lugar.
• Faz movimentos incomuns como caminhar na ponta dos pés o tempo
todo ou agitar as mãos excessivamente.
• Insiste em carregar pares de objetos, um em cada mão, quase
sempre da mesma forma e corʺ. (p.6).
A criança com a síndrome do autismo mostra claramente que há algo
errado no seu desenvolvimento, nos casos mais avançados do autismo, por
exemplo, nota-se o isolamento da criança que na maior parte do tempo fica em
seu próprio mundo ignorando as pessoas em sua volta. É provável que se veja
todos os sinais de autismo em crianças maiores. Mas, estes sinais estão
adequados à idade de cada criança.
ʺComo o bebê ainda não anda, não o veremos correndo e subindo
em tudo, como vemos numa criança acima de dois anos, mas haverá
a informação de que o bebê não dorme na quantidade esperada,
chora muito, é cansativo. Encontramos bebês que só ficam no colo,
ou dormem em posições muito estranhas, ou se alimentam com
determinados rituais”. (REVISTA, AUTISMO, n°0, ano1, P.11).
Todos os bebês, que se desenvolvem normalmente apresentam as
mesmas características, já os bebês autistas, essas normalidades não se
apresentam constantemente. Relatado pela revista autismo (REVISTA,
AUTISMO, n°0 ano 1).
ʺAlegria, curiosidade, prazer no contato físico com outros, o
aconchego; busca pela atenção das outras pessoas; busca pelo olhar
das outras pessoas, alternância alegria/ irritação e acordado /
dormindoʺ. (p.11)
É de extrema importância destacar, que essas características podem se
apresentar em crianças que estão se evoluindo normalmente, porém, no autista
esse processo pode ocorrer, mas, não são frequentes e nem acontece
constantemente.
17
O que queremos dizer com isso, é que se alguns comportamentos
normais existirem, certamente não poderia estar presente na mesma proporção
que acontece com o bebê sem autismo. Como por exemplo, a crianças olha
pouco para sua genitora, e também para as pessoas que circulam em seu
redor, no momento de ser amamentado ou quando é feita sua higiene pessoal,
não existe uma troca de olhar nem qualquer forma de comunicação. Como
podemos observar a criança apresenta perdas em três áreas, interação,
comunicação e comportamento, essas falhas encontradas diagnostica
claramente o autismo infantil.
1.2 Critérios para Diagnóstico do Autismo no DSM-IV e no
CID-10
Em nosso país, devem existir estatisticamente, ʺ de 75 mil a 195 mil
autistas, baseado na proporção internacional. Nossa classificação oficial do
Autismo que é realizada, levando-se em conta os critérios da CID-10, em
conjunto com o DSM-IV. ʺ (ORRÚ, 2009, p.27).
A expressão transtornos evasivos do desenvolvimento, encontrada no
DSM-IV, é representado por danos muito graves, com alto índice de
agressividade em várias áreas do desenvolvimento, o indivíduo vem a ter
grandes prejuízos na capacidade de interação social, como também na
reciprocidade para a comunicação, com grandes falhas no comportamento e
trazendo com isso um transtorno para sua adaptação na sociedade. É o que
diz: (ORRÚ, 2011).
ʺA classificação enquadrou o autismo na categoria “Transtornos
Invasivos do Desenvolvimentoʺ. Suas características são:
anormalidade qualitativas na interação social recíproca e nos padrões
de comunicação, por repertório de interesses e atividades restritas,
repetitivas e estereotipadas. Tais anormalidades qualitativas,
referentes ao funcionamento global do indivíduo em quaisquer
situações, caracterizam-se por prejuízos severo e incapacitante, em
diversas áreas do desenvolvimento humanoʺ. (p. 26).
18
Na definição do DSM-IV, o transtorno autista causa comprometimento
no desenvolvimento, na interação social e na comunicação. Porém, as
manifestações são de diferentes formas, dependendo do quadro de
desenvolvimento, e da idade de cada criança acometida pelo autismo.
Observa-se que o CID-10 transcreve sobre o autismo, que é um transtorno
global do desenvolvimento que se caracteriza além da perda na interação
social e na comunicação, cita também outras grandes perdas e manifestações
associadas ao transtorno autístico.
ʺUm desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos
três anos.
Apresentando uma perturbação característica do funcionamento em
cada dos três domínios seguintes interações sociais, comunicação,
comportamento focalizado e estereotipado. Além disso, o transtorno
se acompanha comumente de numerosas outras manifestações
inespecíficas, por exemplo: Fobias, perturbações de sono ou da
alimentação, crises de birra ou agressividadeʺ. (ORRÚ, 2011, p. 28).
Os diagnósticos do DSM-IV E DO CID-10 têm seu embasamento em
seus critérios apresentados em problemas relacionados nas três áreas de
comprometimento, com início antes dos três anos de idade da criança. Que
são: ʺComprometimento na interação social, comprometimento na
comunicação verbal e não verbal, no brinquedo imaginário e Comportamento e
interesses restrito e repetitivo. ʺ(Artigo, Wikipédia p.2).
Devemos ter em mente que essas informações serão usadas apenas
como referências para um diagnóstico mais preciso dessa síndrome. Vale
acrescentar que quanto mais rápido observar os sintomas na criança com
autismo, será relevante para que se faça um tratamento mais adequado, nas
que apresentarem comprometimento nas áreas relacionadas aos aspectos
apresentados pelos critérios do DSM-IV e CID-10.
19
1.3 As Causas do Autismo
As causas são desconhecidas nas diversas doenças neurológicas ou
genéticas que foram descritas como a síndrome do autismo. Talvez venha a
ser de Problemas cromossômicos, genéticos, metabólicos e doenças
transmitidas ou adquiridas durante a gestação, também após o parto. Como
também podem estar associadas diretamente ao autismo. Segundo
(RODRIGUES, 2010, p. 56).
1. Infecções pré-natais: rubéola congênita, sífilis congênita,
toxoplasmose, outras (citomegaloviroses).
2. Hipoxia neonatal
3. Infecções pós-natais: herpes simplex
4. Déficits sensoriais
5. Espasmos infantis: síndrome de West
6. Doenças de Tay-Sachs
7. Síndrome de Rett
8. Fenilcetonúria
9. Esclerose tuberosa
10. Neurofibromatose
11. Síndrome de Cornelia de Lange
12. Síndrome de Willians
13. Síndrome de Moebius
14. Mucopolissacaridoses
15. Síndrome de Turner
16. Síndrome do X frágil
17. Outras alterações cromossômicas
18. Hipormelanose de Ito
19. Síndrome de Zunich
20. Intoxicações diversas
20
Sabemos que, normalmente se diagnostica uma doença com base em
resultados concretos, feitos por exames laboratoriais ou patológicos, também
se forem visíveis aos nossos olhos, como acontece quando vemos uma criança
com síndrome de Down. Já com a criança autista é diferente, pois a síndrome
não mostra traços faciais, também não se identifica por exames laboratoriais.
Sendo assim, o diagnóstico do autismo se torna mais difícil e
consequentemente, será necessário uma análise mais aprofundada com
riqueza de detalhes para que o tratamento seja mais adequado à necessidade
de cada criança que apresenta a Síndrome do Autismo.
CAPÍTULO II
O PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO AUTISMO
ʺO estudo do autismo envolve pesquisadores há décadas. Os
comportamentos observados em indivíduos portadores desta
síndrome mobilizam os estudiosos em busca da explicação de suas
origens e compreensão do processo de evoluçãoʺ. (PERISSINOTO,
2003, P.15).
O quadro evolutivo da criança autista é um referencial de como esse
indivíduo tem sido entendido e tratado pela sociedade. Os indivíduos autistas
têm suas características próprias, no que se refere á síndrome. Os
comportamentos se modificam de acordo com o ambiente que vivem durante o
tempo transcorrido, na sua história de vida.
Portanto, a pessoa autista é normal como qualquer ser humano, tem
sua individualidade, desejos e necessidades que ultrapassam as
características da síndrome, logo os resultados obtidos de uma pessoa com
autismo, nem sempre servem de resultado positivo para outro acometido pela
síndrome. É o que diz: (COLL, 1995).
21
ʺNa maior parte dos dados colhidos por meio de anamneses por
profissionais atuantes nas instituições voltadas para esse tipo de
atendimento, constata-se que os diagnósticos de autismo são
fechados a partir dos três anos de idade. Do nascimento ao segundo
ano de vida, de cada cinco casos, dois não são identificados com
clarezaʺ (p. 278).
As crianças de maneira geral desenvolvem suas atividades funcionais
normais, durante os três primeiros anos de vida, ou seja, começa andar, falar e
a interagir com outras crianças, já com a autista não acontece assim, as
estruturas funcionais são prejudicadas e perdidas ou até mesmo, nunca venha
a se desenvolver. Segundo (ORRÚ, 2011) diz que:
ʺA falta da aquisição de regras estabelecida; surdez aparente; Ações
antecipadas não praticadas, em geral, a partir do sexto mês (sorrir ao
ver a mãe se aproximar e etc.); A ausência de criatividade na
exploração dos objetos e dos procedimentos de comunicação,
normalmente intencionais, que se desenvolveriam a partir do primeiro
ano de vida, aproximadamente; O comprometimento nas funções
simbólicas, como imitação de gestos e atitudes; O uso de palavras
com fim de se comunicar e dificilmente atinge seu objetivo
interacional, mesmo quando se desenvolvem; Possível manifestação
de resistência a mudanças de rotina, modificações no ambiente de
seu costume, medo anormal de outras pessoas, objetos e lugaresʺ.
(pág. 33)
Observamos que algumas crianças com autismo apresentam um bom
desenvolvimento nos primeiros anos de vida, ela consegue progredir na
linguagem, mas, com o passar do tempo essa vai se perdendo em grande
proporção trazendo sérias consequências para a criança, que em virtude dessa
perda, ela se isola socialmente, sendo levada e envolvida a praticar rituais e
estereotipias, não tendo nenhum contato e comunicação fora do ambiente que
ela está inserida.
22
Mas, nos ambientes que lhe são favoráveis os indivíduos autistas têm
uma melhor adaptação, por exemplo, em contextos que lhe sejam
compreensivos e facilitadores, que entendam suas limitações, para que assim
aconteça o processo de sua evolução.
Constatamos, que quando as crianças autistas não sofrem alguma
modificação na sua evolução, provavelmente está ocorrendo alguma falta de se
ter uma troca na comunicação, consequentemente vai causar dano à parte
verbal, como também nos símbolos significativos, para interpretar as
circunstâncias vivenciadas socialmente. É o que diz: (ORRÚ, 2009, p. 33).
ʺDurante o período de idade que vai dos dois aos cincos anos,
apresentam-se intensas modificações na criança autista. É frequente
sua alienação diante do mundo que a cerca, bem como é indiferente
aos estímulos externos que sobrevêm a ela. Enclausura-se nos rituais
sem um propósito definido, age com indiferença em relação ás
pessoas; quando contrariadas ou não compreendidas, pode auto-
agredir-se, como também pode ficar horas observando algo que lhe
chame a atenção, e perplexa diante de alta sonoridade ou, ainda,
irritada ao menor ruídoʺ.
Para grande maioria dos autistas, tudo, ou quase tudo tem um sentido
restrito, causando para eles uma dificuldade em lidar com os sentimentos e as
coisas de difícil compreensão. Devemos lembrar que, autistas tem
características próprias. Antes de se ter o olhar para pessoa autista, é
necessário ter em mente que essa pessoa é um ser humano, com a sua
individualidade e limitações para interagir na sociedade e no mundo que o
cerca.
23
2.1 Síndromes Associadas ao Autismo
A compreensão do termo autismo tem diversas gradações, para
entender as síndromes existentes introduzidas no mundo dos ʺTranstornos
Invasivos dos desenvolvimentos com base no DSM-IV (manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais)ʺ (RODRIGUES, 2010, p.55). Estão inseridos
nesta categoria os transtornos de Rett, o transtorno de Asperger.
Existem, diversidades de doenças, que ao serem pesquisadas e
analisadas no campo científico através de teóricos, elas se fundamentam nos
aspectos neurológicos e genéticos, as quais são comparadas
sintomatologicamente como autística, por apresentar resposta clínica do
autismo. (RODRIGUES, 2010, p.56).
ʺNeste sentido, como o objetivo deste estudo é discutir
pedagogicamente as questões do autismo, serão estudados como
correlacionamos o grupo dos transtornos Invasivos de
desenvolvimentos, terminologia que, nos últimos anos, tem sido
substituída com o conceito de Espectro Autísticoʺ.
Veremos por exemplo, uma síndrome que faz parte do Espectro
autista, que é a síndrome de Rett. ʺtrata-se de uma anomalia do gene MPC2,
que acomete exclusivamente meninas. ʺ(REVISTA, CÉREBRO, N°2P. 35) Com
comprometimento das funções motora e intelectual, causando grandes danos
na interação social como também na comunicação. Quando aparecem os
primeiros sintomas, o parecer clínico para o diagnóstico pode ser confundido
com alguns transtornos invasivos. (RODRIGUES, 2010).
ʺFoi relatada clinicamente por Andreas Rett em 1996. Um ano antes,
foram percebidos comportamentos atípicos em 22 meninas. O
desenvolvimento dessas meninas parecia se enquadrar em um nível
normal, dentro de um espaço de tempo de pelos menos, seis meses,
verificando-se posteriormente um intenso agravamento evolutivo do
estado clínicoʺ. (p, 57).
24
Algumas pesquisas já feitas constataram que não existem métodos que
comprovem com exatidão a causa da síndrome de Rett. Em contra partida, a
deteriorização dessa síndrome está cada vez mais crescente, no sexo
feminino, que provavelmente pode ser de herança genética. (RODRIGUES,
2010) relata alguns sintomas e sinais que possam identificar essa síndrome.
• ʺComprometimento na evolução psicomotora, considerando após
evolução normal das habilidades até, pelo menos, o sexto mês de
vida. Ausência de registros anormais no desenvolvimento pré-natal e
perinatal;
• Após o terceiro mês de vida, é notada uma desaceleração de
crescimento da área craniana.
• A capacidade de comunicação receptiva e expressiva sofre um
decréscimo, atingindo certos níveis de danos estabelecidos entre seis
meses e um ano de idade. Os efeitos vão desde a indiferença e a
dispersão até o isolamento afetivo, pouco respondendo aos estímulos
ambientais, traços comportamentais vistos no autismo;
• Diminuição da ação de agarrar, segurar ou apanhar objetos. O fato de
pouco a pouco deixar de utilizar os movimentos dos membros
superiores faz surgir estereotipias manuais, tais como: retorcer as
mãos, movimentos de esfregar e bater as mãos e, muitas vezes,
parecem simular o gesto de lavar as mãos. Isto vai acontecendo no
intervalo de seis meses a dois anos de idade;
• Os distúrbios motores são considerados elementos importantes,
porque marcam a existência de um transtorno neurológico em
crescimento, diferenciando-se do autismo. Fraca coordenação motora
que implica uma marcha e posturas irregulares (instabilidade e
rigidez);
• Ocorre retrocesso das funções intelectuais e graves problemas no
desenvolvimento da linguagem;
• Convulsões em até 75% dos portadores da síndrome de Rett,
problemas respiratórios, com apneia, hiperventilação e respiração
irregular no que diz respeito á coordenação da expiração e
inspiração. As escolioses severas são frequentes nestes pacientesʺ.
(P. 58).
25
Quase sempre, os indivíduos que são acometidos da síndrome de Rett
podem ser diagnosticados como autista devido à falta de interação no contexto
social. Mas, ao investigar o processo decorrente dos dois transtornos ficam
explicitas as diferenças de cada um. Por exemplo: no transtorno de Rett, as
crianças perdem totalmente a linguagem verbal, já os autistas usam em forma
de ecolalias e neologismos.
Geralmente as crianças acometidas com Rett, têm problemas
respiratórios e convulsões, ao contrário dos autistas, que não apresentam essa
crise na infância, mas, podendo até acontecer na adolescência.
O tratamento clínico, para a criança com a síndrome de Rett, é feito por
intervenções medicamentosas, com o uso de anticonvulsivantes, fisioterapia
para ajudar o desgaste muscular. Usa-se uma terapia comportamental para
reforçar estímulos positivos, ou seja, afeto, carinho, abraçar e movimentar-se
com a criança.
Os prognósticos ainda não são conhecidos pela ciência, os
pesquisadores relatam que essa síndrome continua a avançar
progressivamente, principalmente na criança do sexo feminino. Outra síndrome
que faz parte do Espectro do Autismo é a Síndrome de Asperger.
Em 1944, o médico Austríaco Hans Asperger pesquisou uma síndrome
a qual denominava ʺpsicopatia Autística, considerando-a como distúrbio do
desenvolvimentoʺ(Rodrigues, 2010, p.63) relatou que tinha como
características desvios e anormalidade em três aspectos do desenvolvimento,
na Interação social, uso da linguagem, e comunicação, com características
repetitivas ou preserverativas sobre coisas relacionadas e limitadas, de seu
próprio interesse.
Apesar de ter uma semelhança com autismo, as crianças acometidas
com a síndrome de Asperger, geralmente têm habilidade cognitiva elevada com
a inteligência de média à alta, as funções da linguagem normal, em
comparação com as outras desordenadas ao longo do seu desenvolvimento.
(artigo, Asperger).
26
ʺApesar de poderem ter um extremo comando da linguagem e
vocabulário elaborado, estão incapacitados de usá-lo em contexto
social e geralmente têm um tom monocárdico, com alguma nuance e
inflexão do usoʺ. (p.2).
Notamos que, Indivíduos com síndrome de Asperger podem sentir a
necessidade de interagir socialmente, mas, quase sempre encontram
dificuldades de se relacionar com outras pessoas de seu grupo social, pois não
desenvolvem uma espontaneidade, em compartilhar atividades, interesse ou
concretizar as funções que estão envolvidas em determinado aspecto do
cotidiano. (RODRIGUES, 2010).
ʺDesenvolvem também padrões pessoais de comportamento restritos,
repetitivos e aparentemente inflexíveis, conduzindo ás rotinas e aos
rituais específicos de natureza não funcional. Nota-se a presença de
alguns maneirismos motores e insistente preocupação em seguir os
mesmos roteiros de atitudes que interferem na vida ocupacional e
socialʺ. (p. 65).
Em pesquisas feitas recentemente, revelaram que a ʺSíndrome de
Asperger é mais comum, que o autismo clássicoʺ. (Artigo, Asperger, p. 2) É
mais rotineiro em meninos do que meninas, não existindo nada que comprove
essa particularidade entre esses dois gêneros. ʺA criança pode ter tics como a
desordem de Tourette, problemas de atenção e de humor como a depressão e
ansiedadeʺ (Artigo, Asperger, p.3) acredita-se que exista algum relacionamento
com a genética, que tenha alguma relação de ordem familiar, inserida no
contexto paterno, que vem sendo passada ao longo da história de vida de cada
família, mas nada relacionado a essa questão foi comprovada por qualquer
pesquisa feita ao longo dos estudos no campo científico, sobre a causa do
autismo.
27
Como podemos observar, ao contrário do que os pais pensam a
síndrome do Autismo não é causada pela má educação que os pais possam
dar aos seus filhos ou por problemas relacionados a famílias com desajuste
social. Infelizmente, muitos pais sentem-se culpados por ter um filho com uma
desordem neurobiológica. Sendo assim, a causa da síndrome de Asperger
ainda é desconhecida. Atualmente, os pesquisadores comprovam a
semelhança dessa síndrome com a do autismo, estudada através de hipóteses
genéticas e metabólicas.
Para entender o termo da síndrome Asperger, veremos alguns
critérios para se diagnosticar essa síndrome, de acordo com o DSM-IV. (artigo,
Asperger, p.4) (Quadro em anexo).
2.2 Padrões Clínicos para Síndrome de Asperger
Os indivíduos com a síndrome de Asperger têm sua particularidade e
habilidade no tocante do que é concreto, geralmente ele tem sua atenção
despertada por algo de seu interesse. Em contraste do Autismo clássico, que
normalmente esse indivíduo direciona sua atenção para algo, usando
movimentos repetitivos, com certo grau de rapidez e nervosismo.
Relembrando à ʺdescrição feita por Hans Asperger em 1944, a área de
transporte tem parecido ser de especial atenção. Embora os sintomas
comportamentais da Síndrome de Asperger sejam bem estabelecidosʺ. (artigo,
Asperger. p.6). Tudo indica que a causa das alterações orgânicas, que enfatiza
a hipótese de uma lesão de integração de informações, diagnosticadas com
anormalidades cerebrais. (artigo, Asperger, p.8).
28
ʺOs investigadores usaram uma técnica chamada ressonância
magnética por emissão de protões (ou 1H- SRA “porque” H1 é o
símbolo químico para um protão). Este método mede a concentração
metabólica do cérebro (da ʺruptura produtos para baixoʺ) envolvidos
na produção de energia. A concentração de medição do metabolismo
dá aos investigadores um retrato total do estado dos neurônios numa
área particular do cérebroʺ. (figura em anexo).
O resultado dessa investigação comprovou uma anormalidade no
cérebro da criança com a síndrome de Asperger. Consequentemente, esse
resultado comprova a dificuldade que a criança tem em se socializar, muito
embora isso não aconteça sempre, pois elas são diferentes de autistas
clássicos que se mantém distante das pessoas no seu mundo imaginário.
A Síndrome de Asperger foi recentemente abordada no campo da
psicologia e psiquiatria, muitos estudos ainda estão sendo feitos,
consequentemente as pesquisas precisam ser mais abrangentes neste campo,
pois só assim é que teremos um melhor tratamento para a recuperação da
criança que apresenta a síndrome de Asperger.
CAPÍTULO III
AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES (LDB) DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Neste capítulo falaremos sobre a educação de crianças com a
Síndrome do Autismo, o sentido da família nesse contexto educacional e a
importância do psicopedagogo nessa educação, sua trajetória, e uma breve
análise do cenário da educação Especial.
29
ʺAcerca da pessoa com necessidades especiais e seu
desenvolvimento são significativas com relação á determinação da
maneira como essa condição (“ser deficiente”) deve ser
compreendida e trabalhada no contexto da educação, conferindo-lhe
o direito a seu papel ativo na construção de seu desenvolvimento, a
partir de sua capacidade individual de apropriar-se e internalizar
formas sociais de comportamento como participante de seu processo
de conhecimento como sujeito históricoʺ. (ORRÚ 2009, p.104).
Fazemos parte de uma sociedade onde as demandas para a educação
têm sido cada vez mais questionadas, nunca na história se falou tanto sobre a
educação como nesse século, principalmente na Educação Especial, ela
caminha em busca de um lugar no contexto social há alguns anos, tem se
relacionado com diferentes concepções do homem e do mundo, que
consequentemente foi levada a várias abordagens de reflexão sobre a maneira
de alcançar um lugar significativo na sociedade.
Entretanto, será preciso uma política articulada com os órgãos
governamentais, que procurem fazer alguma reformulação para promover esse
processo de educação no sistema educacional. Visto que, dentro da lei os
portadores de necessidades especiais receberam um tratamento com uma
atenção mais significativa. ʺA Educação Especial recebeu o maior destaque na
LDB n 9.394/96 do que nas leis anteriores. ʺ (CUNHA, 2011, p.95). A referência
a essa lei veio de encontro a várias formas de manifestações difundidas na
sociedade.
Porém, foi na declaração de Salamanca na Espanha, em 1994, que
houve o movimento de inclusão para os portadores de necessidades especiais.
Esse evento provocou debates importantes para essa modalidade de ensino,
os quais ressaltaram a prioridade de mudanças no âmbito políticos, sociais e
culturais no que diz respeito às pessoas que vêm sendo marginalizadas pela
sociedade.
30
A questão da Educação Especial, vista pela LDB no capítulo V
englobam apenas três artigos, com grande significado para Educação Especial,
que se forem cumpridos, com certeza o Brasil será um exemplo a ser seguido
por outros países, no que se refere a esse tipo de educação. Segundo,
(CUNHA, 2011). Da Educação Especial:
ʺArt. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta
Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais.
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de
educação especial.
§2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados sempre que, em função das condições
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns do ensino regular.
§3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado,
tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação
infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
31
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão
critérios de caracterização das instituições privadas sem fins
lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação
especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder público.
Parágrafo único. O poder Público adotará, como alternativa
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino,
independentemente do apoio às instituições previstas neste artigoʺ.
(p.96)
A lei se refere claramente no artigo 58, que sua intenção para com a
Educação Especial é que essa modalidade de ensino seja contemplada, na
rede regular de ensino. Porém, podemos observar no inciso um, que o
atendimento educacional especializado deverá ser oferecido à parte, quando
não for possível integrá-lo nas classes comuns.
Observamos que existe uma determinação dada pela lei da não
integração da criança especial em classes regulares de ensino, ou seja, essa
educação deve ser oferecida separadamente do horário das aulas regulares,
só, para não diminuir o tempo do ensino. Mas como essa metodologia se dará?
(CUNHA, 2011).
ʺÉ saber de que forma ocorrerá o atendimento do aluno. Somente em
classes comuns? Somente em classes especiais ou em classes
especiais e comuns? Faz-se necessário observar que uma criança
com autismo, que frequenta somente a classe especial em escola
inclusiva, tem sua potencialidade de socialização severamente
limitadaʺ. (p.99)
32
Sendo assim, acreditamos ser de grande importância que a criança
autista deva frequentar a classe regular, fazendo parte da diversidade e dos
processos pedagógicos, mesmo que esteja matriculado em uma instituição
para crianças especiais, deve ter o acesso à escola comum e ter o apoio dos
profissionais especializados nesse tipo de educação.
3.1 Autismo e Inclusão
Nos dias de hoje. Percebemos a realidade educacional em que
estamos inseridos, onde muitas vezes as crianças com necessidades especiais
são impedidas de se desenvolverem plenamente, por consequência de
conclusões preconceituosas acerca da aprendizagem da criança autista. No
entanto, se a criança tiver pleno acesso e interação com o outro, e se os
processos pedagógicos forem adequados, certamente seu desenvolvimento
será satisfatório, tanto como no acesso a cultura como na sua produção
histórica. Segundo, (ORRÚ, 2009).
ʺ Fica claro que a apropriação do conhecimento é construído de
forma histórica e mediada em sua relação com o professor por meio
da linguagem que é cerne de tudo o que é social, que interage, que
dialoga, que exerce cidadaniaʺ. (p.105)
Então a partir de uma concepção dialógica da linguagem em que as
condições de se produzir a fala e a interação social, formam-se um elo
inseparável, no que diz respeito à educação de crianças autistas. Nesse
contexto, o profissional deve perceber o desenvolvimento da criança autista, no
que se refere a sua formação conceitual na aprendizagem, seja conceitos que
vão se formando, ou conceitos elementares, ou mais complexos.
33
Em contra partida, a mediação do professor para o aluno autista
através de conceitos, tem que ser bem estruturado, pois a criança autista
possui uma anomalia, para a compreensão linguística. (VIGOTSKY, 2000) na
sua pesquisa sobre a criança autista afirma que:
ʺA experiência pedagógica nos ensina que o ensino direto de
conceitos sempre se mostra impossível e pedagogicamente estéril. O
professor que se envereda por esse caminho costuma não conseguir
senão uma assimilação vazia de palavras, um verbalismo puro e
simples que estimula e imita a existência dos respectivos conceitos
na criança, mas, na prática, esconde o vazio. Em tais casos, a
criança não assimila o conceito, mas a palavra capta mais de
memória que de pensamento e sente-se impotente diante de
qualquer tentativa de emprego consciente do conhecimento
assimilado. No fundo, esse método de ensino de conceitos é a falha
principal do rejeitado método puramente escolástico de ensino, que
substitui a apreensão do conhecimento vivo pela apreensão de
verbais mortos e vaziosʺ. (p. 247).
O autor sugere que é necessário que se repense o processo de
educação da criança autista, pois os métodos usados para o ensino através de
conceitos não irá produzir efeito significativo e nem terá sentido verbal, ou seja,
um ensino sem conteúdo, totalmente vazio e mecanizado com hábitos de
concepção reducionista. Portanto, esse processo de ensino não acrescentará
nenhum benefício para o desenvolvimento da aprendizagem da criança autista.
Nessa perspectiva, não podemos sequer pensar em inclusão sem se
pensar nas práticas pedagógicas, como também no ambiente inclusivo, onde
acontecerá o desenvolvimento da aprendizagem.
Quase sempre observamos instituições despreparadas quando falamos
em ambiente inclusivo. As crianças com a síndrome do autismo necessitam de
espaços adequados, bem estruturados, com acolhimento espontâneo, onde se
fará uma preparação para que a criança seja integrada socialmente.
34
Pois, observamos que muitos autistas têm dificuldades para aprender,
são desconcentrados, vivem no seu mundo imaginário, precisam ser cativados
pelo ambiente, onde certamente acontecerá o aprendizado. É o que diz:
(CUNHA, 2011).
ʺEste deve ser propício para o aprender e o ensinar, na intensidade
entre os saberes de cada um, que somados, formam os valores de
uma sala de aula. Esses valores devem vir antes de qualquer ensino.
A vida é extremamente afetiva, precisa ser trazida para dentro da
escolaʺ. (p, 101).
No espaço escolar a interdisciplinaridade é de extrema importância,
para que o trabalho de todos seja realizado em conjunto, onde todos buscam a
melhor maneira de ensinar, como também trabalhar dentro de uma abordagem
que respeita a história, a cultura e o social de cada um, como aspecto
indispensável na constituição da criança com a síndrome do autismo.
3.2 Família, Autismo e Educação
A sociedade atualmente esta num processo de transformação, neste
mundo globalizado, onde a mídia entra nos lares, através de propagandas
televisivas, para se estimular o consumismo dentro do âmbito familiar. Neste
contexto aparece mulher como personagem principal dentro das famílias, de
dona de casa passou a ser uma provedora das necessidades básicas como
também complementares dentro do lar. Olhando a nossa sociedade vamos
encontrar diversos modelos de família. (SERRA, 2009) salienta que:
ʺ[...] Pais desempregado desempenhando papéis maternos enquanto
suas esposas trabalham e sustentam a família e, ainda, mulheres que
desempenham sozinhas a tarefa de manter uma casa e educar filhos.
Curiosamente, essas modificações na família estão presentes em
todas as classes sociais, de uma forma ou de outra, tais
interferências vão surgir no contexto da escolaʺ. (p, 97).
35
Consequentemente, notamos diversas mudanças ocorrendo nas
famílias, infelizmente a necessidade por coisas materiais e pessoais nos leva a
ter essa atitude, no plano familiar. Porém, a mulher que trabalha fora de casa,
precisa encontrar tempo para educar seus filhos, principalmente se eles forem
crianças com necessidade especiais. Como sabemos na forma da lei, a
educação é responsabilidade da família e do Estado. Existe nas famílias, certa
“ignorância” sobre os direitos para à educação dos filhos autistas, que quase
sempre são leigos no que diz respeito ao trabalho educacional que é
desenvolvido junto a essa criança. É o que diz: (ORRÚ, 2011).
ʺÉ importante que os pais tenham ciência de que, perante a
legislação brasileira, seu Filho com autismo tem direito de estar
incluído em escolas públicas ou privadas de ensino comum, ou seja,
frequentar a mesma classe que outros alunos sem a síndrome do
autismo frequentam. [...]ʺ ( p. 77)
Um ponto de extrema importância para esse tipo de educação, a
oportunidade dada para as crianças autistas serem incluídas na educação
pública. Consequentemente, fica aqui a observação, de que deve haver sim
essa inclusão educacional, mas, isso só não basta se a instituição não estiver
preparada para as necessidades especiais do aluno autista.
A organização da escola deve oferecer condições para a socialização e
a participação em qualquer dos seus aspectos CULTURAIS/ CIENTÍFICOS/
TECNOLÓGICOS. Possibilitando a criação de condições de situações
favoráveis ao bem estar emocional da criança e o seu desenvolvimento em
todos os sentidos: cognitivo, psicomotor e afetivo, com objetivo dela adquirir
capacidades e competências para as suas necessidades básicas. ʺIsto requer
uma mudança na concepção de educação, ensino e aprendizagem. Requer o
rompimento com as tradições mecanicistas e quebra de paradigmasʺ. (ORRÚ,
2011, p.78)
36
Neste contexto, muitas pessoas podem pensar e dizer que Todo esse
processo seja uma ilusão, mas a verdade é que muitas coisas têm mudado
com relação aos direitos, à educação e à inclusão das pessoas com
deficiência.
Quando acreditamos no ser humano, na sua capacidade de reconstruir
seu futuro, obviamente o incluímos na sociedade, essa atitude vai tornar-se um
movimento para que aconteça o processo de inclusão da criança com a
síndrome do autismo.
3.3 A Importância do Psicopedagogo na Educação da Criança
Autista
A psicopedagogia teve seu início na Europa, ainda no século XIX,
quando houve diferentes abordagens por aparecerem diversos problemas
relacionados ao processo de aprendizagem. No Brasil, essa área de estudo é
bem mais recente e teve seu início em 1982, foi criada com o objetivo de se
estudar, para entender e intervir na aprendizagem humana. Segundo (SERRA,
2009).
ʺA psicopedagogia não se restringe ao estudo das dificuldades e dos
distúrbios de aprendizagem, mas á aprendizagem de um modo geral
seja no seu estado normal ou patológico. Além disso, todos os seres
humanos, em qualquer faixa etária, podem fazer uso da
psicopedagogia para aprender de forma Mais eficaz ou compreender
o seu próprio processo de aprendizagemʺ. (p.5)
Observa-se que, a psicopedagogia é ativa e anda lado a lado com a
aprendizagem, em todos os processos de desenvolvimento do ser humano. É
uma área de estudo bem atuante, não se limita só nas dificuldades da
aprendizagem, mas constitui alternativas para que aconteça de forma natural.
(CUNHA, 2011), cita alguns passos importantes para o ensino.
37
ʺRequer primazia da observação para atingir os demais passos:
entendimento, prevenção, atuação e intervenção. Por meio de
observação, é possível selecionar os estímulos que tornam o
aprendente mais receptivos ás práticas pedagógicasʺ. (p.105).
Nesse contexto, o psicopedagogo deve trabalhar usando afeto e
estímulo, com um saber diversificado para que as possibilidades sejam criadas
para que a aprendizagem aconteça no íntimo da criança. Como resposta, as
estruturas COGNITIVAS/ EMOCIONAL/ SOCIAL, vão ajudá-lo a adquirir
características que determinam seu desenvolvimento. Baseado em (CUNHA,
2011) serão abordado quatro critérios de mediação psicopedagógicas
aplicáveis nos casos de crianças autistas.
• ʺIntencionalidade: o mediador precisa deliberadamente interagir com
o mediado, selecionando, moldando e interpretando estímulos
específicos. Entretanto, a intencionalidade não deve ser propriedade
unilateral, exclusiva do mediador, mas compartilhada. Não há a
necessidade, inicialmente, de total consciência da intencionalidade
por parte do mediado, já que, aos poucos, ele formará essa
consciência, o que é muito comum em criança com autismo.
• Reciprocidade: implica a troca, a permuta. O mediador deve estar
aberto para as respostas do mediado que fornece indicações de
cooperação e de envolvimento no processo de aprendizagem.
Recompensar as respostas positivas para inibir as inadequadas é
comum nos casos de autismo. A reciprocidade é um caminho que
torna explícito o retorno do aprendente ao processo da
aprendizagem.
• Significado: a mediação do significado ocorre quando o mediador traz
significado e finalidade a uma atividade. Assim, o aluno descobre que
cuidar de sua sala, por exemplo, refletirá, também, o cuidado que
devemos ter uns pelos outros, pela nossa cidade etc. Nessa simples
comparação, desenvolvem-se vários aspectos relevantes que
ajudarão na formação interior e na sua convivência social.
• Transcendência: esta mediação ocorre quando uma ação vai além da
necessidade direta e imediata, ampliando e diversificando o sistema
de necessidade do aluno. O objetivo da mediação de transcendência
é promover a aquisição de princípios, conceitos ou estratégias que
38
podem generalizar-se para outras situações. Assim, o autista aprende
que, quando estiver com sede e quiser beber água, deverá apanhar
um copo que está guardado no armário. Nessa simples tarefa, ele
desenvolve vários aspectos implícitos e relevantes que estimulam a
interação com os outros, a cognição e a coordenação motora.
Descobre que, por sua independência em realizar essa ação, poderá
beber água sempre que quiser. Desenvolverá habilidades e
articulações que o farão iniciar e concluir atividades da vida diária,
outorgando-lhe aptidões essenciais para a aquisição de autonomiaʺ.
(p.106)
Compreende-se então que a intervenção do psicopedagogo é
necessária para que ele conheça e valorize as possibilidades do aprendizado
do indivíduo, mesmo que ele venha a ter inicialmente grandes dificuldades para
seu processo de aprendizagem. Desta forma, será necessário que o
psicopedagogo direcione meios eficazes para que as necessidades da criança
autista sejam supridas.
A inclusão da criança com a síndrome do autismo vai além da
obtenção de conhecimentos coerentes com a sua realidade, Literalmente
falando, na educação da criança autista, o psicopedagogo tem como princípio a
sua inclusão na sociedade preconceituosa que fazemos parte.
E esses preconceitos têm sido causa de impedimento para os
indivíduos portadores do autismo, serem aceitos como pessoas “normais”,
dentro do contexto social.
Observamos, que a psicopedagogo não deve e nem pode trabalhar
sozinho, para ele essa responsabilidade tem que ser dividida com uma equipe
de profissionais direcionados não somente para os problemas de
aprendizagem, mais para buscarem formas e alternativas de ajudar essas
crianças com a síndrome do autismo. Esses profissionais tem que estar ativos
e dando um respaldo para o psicopedagogo na sua busca para solucionar os
problemas que possam surgir, dificultando o processo de ensino da criança
autista.
39
Esses indivíduos, chamados algumas vezes de “anormais”, alguns de
classe social menos favorecida, estando fora da sociedade, ele é conduzido
pelos familiares, que sem estímulo irão pensar no seu fracasso como ser
humano. Dentro dessa perspectiva é necessário que o psicopedagogo trabalhe
a questão da autoestima, para que o indivíduo possa ser inserido no contexto
social. (CUNHA, 2011).
ʺJá as dificuldades de aprendizagem expressam um grupo
heterogêneo de desordens que impedem a percepção, a
compreensão e a aquisição de saberes. Podem ser, por exemplo, de
natureza cognitiva, neurológica, motora, emocional ou social. Decerto
elas deixam o aluno fragilizado, com baixa autoestima, sem
confiança, trazendo-lhe angústia e transtornos emocionais [...]ʺ (p.
108).
Atualmente, temos observado na sociedade o aumento significativo de
crianças com a síndrome do autismo, com grande dificuldade para conseguir
interagir e aprender. Surge então uma grande dúvida: Será que as instituições
estão “abertas” para fazer adaptações e mudanças no processo de ensino, que
seja aceitável para o acolhimento dessas crianças autistas? Pois, caso
contrário, elas serão excluídas do meio social.
Sendo assim, a instituição tem que analisar os pontos positivos e
negativos no que diz respeito ao autista, ela é a responsável pela formação do
indivíduo, tem por obrigação junto com o psicopedagogo, desempenhar um
papel importante na construção do ser humano, ajudando-o a desenvolver
competências e capacidades para se adaptarem as mudanças, garantindo sua
sobrevivência de forma digna na sociedade.
Portanto, depois de toda análise e reflexão sobre o autismo, vimos que
os conhecimentos adquiridos em livros, as experiências vivenciadas pelo
psicopedagogo, abrirá caminhos para construção de uma prática pedagógica
com consciência, tendo um olhar mais amplo para esse tipo de educação, na
produção de um trabalho significativo para o processo de aprendizagem da
criança autista.
40
CONCLUSÃO
Ao concluirmos o presente trabalho, tivemos uma grande oportunidade
de ampliar nossos conhecimentos, também ter consciência, das diversas
síndromes relacionadas ao autismo.
Com base nessa pesquisa, nos diferentes princípios que compõem o
autismo. Observamos que dentro deste contexto social, existem crianças que
tem suas capacidades e habilidades bastante prejudicadas, tendo a extrema
necessidade da intervenção do psicopedagogo, nesse campo onde existem
fatores predominantes quanto ao desenvolvimento das crianças portadoras de
autismo.
Por isso, foi analisado minuciosamente, a verdadeira função do
psicopedagogo, e seu papel facilitador para o aprendizado e a inclusão do
autista. E tal, como, as leis de Diretrizes e Bases, tratam a questão da
Educação Especial. Os textos pesquisados foram muito importantes para
entendermos efetivamente os aspectos relacionados à psicopedagogia e o
processo de ensino/aprendizagem no plano educacional da criança com a
síndrome do autismo.
No decorrer da pesquisa notamos que o mais importante na síndrome do
autismo é termos conscientização de que a criança autista é um ser humano,
possuindo suas particularidades individuais e dificuldades que precisam ser
valorizadas, não deixando que o preconceito atrapalhe de alguma forma, na
inclusão e adaptação desses indivíduos na sociedade.
Sendo assim, é necessário que se tenha um comprometimento com a
cidadania, na luta por uma sociedade mais justa e democrática tendo
conscientização dos direitos dos portadores de necessidades especiais,
especialmente no que diz respeito ao autismo.
Sabemos que, a educação inclusiva está propensa a ter um
crescimento maior daqui para frente, para ser mais preciso, neste século. Mas,
para que isso aconteça será preciso iniciativas articuladas com políticas
governamentais, com perspectivas de mudanças e transformações no âmbito
educacional. Com a expectativa de derrubar toda forma de preconceitos, que
atrapalham o desenvolvimento da cidadania para todas as pessoas deficientes,
principalmente os com a síndrome do autismo.
41
Chegou-se a conclusão que devemos dar respaldo ao trabalho do
psicopedagogo como um profissional mediador articulador de subsídios no que
se refere à inclusão do autista, englobando os processos de ensino e cuidando
para que os mesmo sejam aplicados com interesse, criando possibilidades de
interação para que a criança com a síndrome se desenvolva plenamente na
sua comunicação verbal e social. Sendo assim, as oportunidades se darão
para confrontações de ideias para reflexão no espaço educacional.
Nessa perspectiva, o psicopedagogo trabalhará com cada indivíduo
portador da síndrome, no processo de inclusão e no ensino-aprendizagem,
ajudando-os para que tenham capacidades e habilidades, num ambiente
propício e facilitador para seu desenvolvimento cognitivo/emocional/biológico
respeitando a individualidade de cada um.
Portanto, a função do psicopedagogo é definir e caracterizar seu
trabalho de forma exemplar com dinamismo, levando em consideração as
dificuldades individuais, no processo de ensino-aprendizagem.
Neste contexto, ele buscará um apoio de outros profissionais, que lhe
ajudarão a olhar e despertar a criança autista para a magia do aprendizado.
Com essa proposta, o psicopedagogo poderá sugerir pontos e iniciativas com
um trabalho bem organizado e estruturado para a aceitação de mudanças,
valores e transformações no plano curricular educacional.
42
ANEXO 1
Quadro de acordo com o DSM-IV para o diagnóstico da Síndrome de Asperger.
43
ANEXO 2
Figura do cérebro afetado nos lóbulos frontais e parietais na Síndrome de Asperger.
44
BIBLIOGRAFIA
BEAUCLAIR, João. Psicopedagogia. Trabalhando competências, criando
habilidades-4.ed.-RiodeJaneiro: Wak Editora, 2011.
CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão: Psicopedagogia práticas educativas
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COLL, Palacios J. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Necessidades
educativas especiais e aprendizagem escolar. (org). Tradução de Marcos A.
G. Domingues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
ORRÚ, Silvia Ester. Autismo, linguagem e educação: Interação social no
cotidiano escolar-Rio de Janeiro: Wak Ed, 2009.
------. Autismo: o que os pais devem saber? -2ed. Rio de Janeiro: Wak
editora, 2011.
PERISSINOTO, Jacy. Conhecimentos essenciais para atender bem as
crianças com autismo. (org) São José dos Campos: Pulso; 2003.
PINTO, Graziela Costa. Revista Doenças do Cérebro: Autismo - São Paulo:
Duetto, 2010.
REVISTA, Autismo: Informação gerando ação. (org) Ano1 n°0. Dezembro de
2010.
RODRIGUES, Janine Marta Coelho. A criança autista: um estudo
psicopedagógico. (org) – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.
SERRA, Dayse Carla Gênero. Teorias e Práticas da Psicopedagogia
Institucional. Curitiba: IESDE, 2009.
45
VIGOTSKY, L, S.A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.
WILLIAMS, Chris. Convivendo com Autismo e Síndrome de Asperger:
Estratégias Práticas para os Pais e Profissionais. (org), 2008 - São Paulo:
M. Books do Brasil Editora Ltda.
46
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TEIXEIRA, Paulo. Síndrome de Asperger. portaldospsicólogos.disponível em:
HTTP:WWW.Síndromedeasperger.PT/artigos/textos/A0254pdf acesso em: 14
dez, 2011, 18:30.
47
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .......................................................2
AGRADECIMENTO .......................................................3
DEDICATÓRIA..............................................................4
RESUMO .......................................................................5
METODOLOGIA............................................................6
SUMÁRIO......................................................................7
INTRODUÇÃO...............................................................8
CAPÍTULO I
O HISTÓRICO DO AUTISMO.......................................11
1.1. Conceitos de Autismo.........................................................13
1.2. Critérios para Diagnóstico do Autismo no DSM-IV e
No CID-10..................................................................................17
1.3. As Causas do Autismo.......................................................19
CAPÍTULO II
O PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO AUTISMO............20
2.1. Síndromes associadas ao autismo.....................................23
2.2. Padrões clínicos para síndrome de Asperger.....................27
CAPÍTULO III
AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES (LDB) DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL.............................................. 28
3.1. Autismo e Inclusão..............................................................32
3.2. Família, autismo e Educação............................................34
48
3.3. A Importância do Psicopedagogo na Educação da
Criança Autista...........................................................................36
CONCLUSÃO................................................................40
ANEXOS........................................................................42
BIBLIOGRAFIA..............................................................44
WEBGRAFIA.................................................................46
ÍNDICE...........................................................................47
49
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES/INSTITUTO A
VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: SÍNDROME DO AUTISMO: A IMPORTÂNCIA DO
PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
AUTISTA
Autor: LIGIA FONSECA DA SILVA
Data da entrega:
Avaliado por: FERNANDA CANAVEZ
Conceito:
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