View
0
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
BANCO DO BRASIL: GRANDES NÚMEROS NOS
NEGÓCIOS, MAS, E JUNTO À SOCIEDADE?
Por: Eduardo Gomes Barbosa
Orientador
Prof. Mary Sue Carvalho Pereira
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
BANCO DO BRASIL: GRANDES NÚMEROS NOS
NEGÓCIOS, MAS, E JUNTO À SOCIEDADE?
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito
para a conclusão do curso de Pós Graduação - “Lato
Sensu” em Gestão Empresarial.
Por: Eduardo Gomes Barbosa
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores e idealizadores
do Instituto A Vez do Mestre, por
possibilitarem a continuidade dos meus
estudos e aos amigos conquistados no
decorrer do curso, por estarem lado a lado
nesta realização, importante passo na vida
de todos nós.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, que me
forneceu e fornece a base para mais esta
importante conquista em minha vida: minha
esposa Rachel, minha pequena Lívia, minha
querida mãe, mas principalmente a meu pai,
que já não está mais conosco. Um homem
muito simples, mas que me ensinou que as
conquistas devem vir precedidas de esforço
e merecimento.
5
RESUMO
Ao longo da história da humanidade, as preocupações com o processo de
desenvolvimento e a degradação do meio ambiente sempre estiveram presentes.
O século XX intensificou o modelo de desenvolvimento criado a partir da
Revolução Industrial. Desde 1970 a questão ambiental foi abordada com mais
preocupação e mais freqüentemente, com a criação de diversas organizações,
conferências e programas internacionais ligados ao tema. A partir da década de
80 a preocupação aumentou ainda mais, com ênfase nos aspectos sociais. Hoje,
no final da primeira década do século XXI, é impensável para uma empresa que
busca a liderança em qualquer ramo de negócios estar distante da discussão
socioambiental, devido às pressões da sociedade para que as responsabilidades
ligadas ao assunto não fiquem apenas no âmbito governamental.
As instituições financeiras, em especial os bancos, são as empresas que mais
obtiveram lucro na última década no Brasil. Esse cenário é muito bom para os
acionistas destas instituições e para seus executivos, que auferem participações
nos lucros tão gordas quanto seus resultados. O Banco do Brasil, sociedade de
economia mista constituída sob a forma de sociedade anônima (possui ações
negociadas em bolsa de valores, cuja valorização depende do desempenho nos
negócios), vem brigando pela liderança no competitivo mercado financeiro
brasileiro e até mundial, pois também enfrenta experientes concorrentes
estrangeiros no território nacional. Nessa briga, o Banco vem se saindo muito
bem, e isso só é possível utilizando táticas negociais de banco privados. Assim
como seus adversários, obtém lucros recordes, se reestrutura e realiza aquisições
visando melhorar cada vez mais seus resultados.
Não se pode, entretanto, esquecer que o Banco do Brasil, cujo maior acionista é o
Tesouro Nacional, que possui 65,3% de suas ações, e justamente por isso
pertence, em última análise, ao povo brasileiro, é também agente de políticas
governamentais e tem compromisso, descrito em sua missão, de contribuir para o
6
crescimento do país. Muitas vozes da sociedade, como a imprensa, sindicatos, e
analistas econômicos afirmam que o Banco estaria se desvirtuando destes
objetivos enquanto banco público e privilegiando a busca por resultados
financeiros e econômicos.
Mas, ao conhecer o histórico e as diretrizes do Banco do Brasil em matéria de
Responsabilidade Socioambiental, verificamos que em função de todos os
compromissos formalmente assumidos, tais como a adesão aos Princípios do
Equador, a assinatura do Protocolo Verde, a elaboração da Carta de Princípios de
Responsabilidade Socioambiental e a agenda 21 do BB, que serão explicados ao
longo deste trabalho, existe hoje todo um mecanismo sério e efetivo de Gestão,
divulgação e cobrança dos resultados práticos para a sociedade das políticas de
Responsabilidade Socioambiental e Desenvolvimento Sustentável desenvolvidas
pela instituição.
Ao analisarmos as metas formais estabelecidas no âmbito de Responsabilidade
Socioambiental, os avanços obtidos e resultados alcançados junto aos diversos
públicos de relacionamento, que vêm a ser os clientes, fornecedores,
concorrentes, as comunidades, acionistas, o governo, o meio ambiente e os
próprios funcionários, podemos avaliar se a preocupação com o resultado nos
negócios e as ações que beneficiem a sociedade via políticas de
Responsabilidade Socioambiental podem coexistir com sucesso.
7
METODOLOGIA
O modelo utilizado neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, e as informações
contidas no mesmo foram retiradas de livros, revistas, jornais, artigos, internet e
material obtido junto ao Banco do Brasil.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - CONTEXTUALIZAÇÃO 13
CAPÍTULO II - RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO BANCO DO
BRASIL 24
CAPÍTULO III – RESULTADOS PARA A SOCIEDADE 34
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 46 ÍNDICE 49
9
INTRODUÇÃO
As instituições financeiras são as empresas que mais obtiveram lucro nos últimos
anos, no país. Na verdade, as últimas décadas têm sido muito generosas para o
sistema bancário. Nos anos da década de 1980 os bancos brasileiros tinham
lucros exorbitantes com as taxas de juros muito altas que eram praticadas naquela
época. Na década de 1990, principalmente a partir de 1994 quando o Plano Real
cortou a jugular da inflação, os analistas disseram que os bancos sofreriam para
sobreviver com a estabilidade financeira, que seu lucro despencaria e que seriam
engolidos pelos bancos estrangeiros que aqui chegariam em função da abertura
econômica, tidos como mais eficientes, modernos e adaptados à vida sem
inflação.
A transição de um contexto de alta para baixa inflação no Brasil realmente
implicou importantes transformações no setor bancário, mas nenhuma que
ameaçasse o fôlego do sistema financeiro. Nem mesmo a transição para um
governo de esquerda. Os bancos se tornaram mais eficientes na intermediação
financeira e na geração de resultados, respondendo dinamicamente ao cenário de
estabilidade monetária e conseguindo, assim, a preservação de seus elevados
níveis de rentabilidade. Hoje, os bancos estão batendo recordes sobre recordes
de rentabilidades. Mesmo em meio a uma grave crise econômico-financeira
mundial, Enquanto os bancos dos Estados Unidos e da Europa estão
contabilizando bilhões de reais em prejuízo, os brasileiros estão contabilizando
bilhões de reais em lucros.
Contudo, a despeito da maior eficiência microeconômica, ao nível
macroeconômico estas instituições têm sido alvo de constantes críticas por parte
de inúmeros segmentos da sociedade: imprensa, sindicatos, empresas e a
população, que apontam o mercado financeiro, e em especial, os bancos, como
principais empecilhos à construção de um sistema financeiro plenamente eficiente
e uma sociedade mais justa.
10
Os bancos no Brasil, segundo essas críticas, não estariam cumprindo o papel de
dinamizar o desenvolvimento do país e estariam atrapalhando a transformação de
negócios em investimento produtivo, por privilegiar a ciranda financeira ao invés
de apoiar os setores produtivos e a geração de oportunidades na sociedade.
Afirma-se também que os bancos têm sido responsáveis pela exclusão financeira
e por uma intensa desigualdade financeira regional, devido à não integração de
parcela significativa da sociedade ao mercado de crédito e de serviços bancários,
não se interessando por disponibilizar tais serviços a famílias de baixa renda, que
por isso ficam sujeitas a relações de crédito exploradoras que perpetuam a
perversa estratificação social e regional de nosso país. Também sobram críticas
ao elevado spread bancário e ao aumento do preço e quantidade de tarifas
bancárias.
Entre os que travam duelo constante com os bancos brasileiros, em função de sua
missão de defender os interesses de seus representados, estão os sindicatos de
funcionários e empregados no setor. Estes sindicatos constantemente apontam à
sociedade os resultados recordes dessas instituições, em contraponto às
negativas de conceder condições mais favoráveis aos que nela trabalham.
Segundo estes sindicatos, os bancos não estariam tendo a devida
responsabilidade social para com o seu próprio quadro funcional. Um tipo de
responsabilidade social interna.
As críticas também são direcionadas ao Banco do Brasil, sociedade de economia
mista constituída sob a forma de S/A, que vem brigando pela liderança desse
mercado e enfrentando e se saindo muito bem contra agressivos adversários
privados. Assim como seus adversários, obtém lucros recordes, se reestrutura e
realiza aquisições visando melhorar cada vez mais seus resultados. Como
exemplo, a divulgação recente do lucro líquido da instituição referente ao ano de
2008, onde observou-se um crescimento de 74% em relação ao ano anterior.
Números assombrosos se comparados a outros setores da economia. E, se
11
levamos em consideração que o ano do resultado apurado em parte foi afetado
pela crise financeira que eclodiu mais intensamente a partir de Setembro de 2008,
tornam-se mais impressionante ainda os números do Trimestre final do mesmo
ano, onde o lucro observado foi 142% maior que o observado no mesmo período
do ano anterior.
Ótimo para os acionistas, investidores institucionais e até para funcionários que
recebem participação nos lucros. Não se pode, entretanto, esquecer que o Banco
do Brasil, cujo maior acionista é o Tesouro Nacional, que possui 65,3% de suas
ações, e justamente por isso pertence, em última análise ao povo brasileiro, é
também agente de políticas governamentais e tem compromisso, conforme sua
missão, descrita abaixo, de contribuir para o crescimento do país.
Missão:
“Ser a solução em serviços e intermediação financeira, atender às expectativas de
clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre os funcionários e a Empresa
e contribuir para o desenvolvimento do País”.
O motivo da realização deste trabalho é observar quais os resultados práticos e
positivos para a sociedade, das políticas de responsabilidade socioambiental e
desenvolvimento sustentável desenvolvidas pela instituição, esclarecendo se a
preocupação com o resultado nos negócios e as ações que beneficiem a
sociedade via políticas de Responsabilidade Socioambiental podem coexistir com
sucesso.
Para podermos chegar a uma conclusão e conseqüentemente a uma resposta
para a hipótese apresentada acima, ou seja, ter grandes números nos negócios e
também junto à sociedade, serão apresentados primeiramente os conceitos de
Responsabilidade Socioambiental, Sustentabilidade, Desenvolvimento
sustentável, e Agenda 21, o histórico destes conceitos e sua evolução no mundo
empresarial e no setor financeiro e em especial no Banco do Brasil.
12
Conheceremos o papel da Responsabilidade socioambiental na estratégia
corporativa do banco, seus principais compromissos para com a sociedade e
conheceremos a gestão utilizada para se alcançar tais objetivos.
Após conhecermos seus resultados e retorno para os diversos públicos de
relacionamento, benefícios para o país, regiões e estados, poderemos chegar a
uma conclusão a respeito do questionamento principal deste trabalho.
13
CAPÍTULO I - CONTEXTUALIZAÇÃO
Para conceituarmos responsabilidade socioambiental – a resposta empresarial
para a sustentabilidade dos negócios, do planeta, dos países e das comunidades
locais –, percorreremos alguns fatos históricos que nos ajudarão a compreender o
mundo em que vivemos hoje.
1.1 - Histórico Evolutivo de Responsabilidade Socioambiental
Ao longo da história da humanidade, as preocupações com o processo de
desenvolvimento e a degradação do meio ambiente sempre estiveram presentes.
Embora a idéia dos recursos naturais serem considerados inesgotáveis por grande
parte dos “propulsores do desenvolvimento”, vários pensadores perceberam o
conflito entre progresso e meio ambiente.
O século XX intensificou o modelo de desenvolvimento criado a partir da
Revolução Industrial. Surgiu uma nova lógica, via diferenciação de produtos para
atender a um mercado de consumo cada vez maior e mais exigente. Uma
característica marcante do novo modo de produção é a diminuição da vida útil dos
bens que, com a rapidez do surgimento de novas tecnologias, tornam-se
rapidamente obsoletos. Conseqüentemente, verifica-se um aumento expressivo da
produção de resíduos, sem o tratamento adequado para reabsorção pela
natureza.
A década de 70 foi marcada pela criação de diversas organizações internacionais
– com o objetivo de discutir os problemas ambientais em âmbito mundial – e dos
primeiros movimentos ambientalistas organizados. Também se registrou o começo
da preocupação ambiental por parte do sistema político – governos e partidos. Em
1972, o Clube de Roma, grupo de trinta especialistas de diversas áreas que se
reuniram para debater o futuro da humanidade, publicou o estudo Os Limites do
Crescimento, com a seguinte conclusão: mantidos os mesmos níveis de
14
industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos
naturais vigentes na época, o limite de desenvolvimento do planeta seria atingido,
no máximo,em 100 anos, provocando uma repentina diminuição da população
mundial e da capacidade industrial.
No mesmo ano, representantes de 113 países se reuniram na Conferência das
Nações Unidas sobre o Ambiente Humano ou Conferência de Estocolmo, na
Suécia. Esse encontro teve como objetivo definir princípios comuns de
preservação e de melhoria do meio ambiente humano entre os 113 países
participantes. Desse evento resultou a Declaração de Estocolmo sobre o Meio
Ambiente Humano. Seus princípios constituíram o primeiro conjunto de “soft laws”
(leis internacionais apenas intencionais, sem aplicação obrigatória) para questões
ambientais internacionais, que inspiraram várias iniciativas, desde políticas e
estratégias governamentais até projetos e intervenções de organizações não
governamentais (ONG’s).
Ainda em 1972, por recomendação da Conferência de Estocolmo, foi criado o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para ação e
coordenação de questões ambientais no âmbito das Organizações das Nações
Unidas - ONU. A missão do PNUMA é “prover liderança e encorajar parcerias no
cuidado com o ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a
aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações” (ONU,
2007).
Na década de 80, intensificaram-se, ainda mais, os debates sobre as questões
sociais e ambientais, com ênfase nos aspectos sociais. Lidar com a pobreza
tornou-se um desafio fundamental, uma vez que o crescimento populacional nos
países em desenvolvimento não só continuou como, também, um número cada
vez maior de pessoas carentes passou a residir em centros urbanos,
comprometendo a infra-estrutura física das cidades. Essa década também
presenciou uma série de desastres ambientais como, por exemplo, o vazamento
15
de gases letais na Índia, o desastre nuclear em Chernobyl, o derramamento de
milhões de litros de petróleo no Alasca. Esses acontecimentos alertaram os
estudiosos sobre a necessidade de repensar o modo de tratar o planeta e seus
ecossistemas, ressaltando a irresponsabilidade e a fragilidade humana.
Em 1982, como a interdependência entre o meio ambiente e o desenvolvimento se
tornava cada vez mais óbvia, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou a
Carta Mundial da Natureza, divulgando o princípio segundo o qual cada forma de
vida é única e deve ser respeitada, independentemente de seu valor para a
humanidade.
Em 1983, o PNUMA criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão Brundtland,
com o objetivo de reexaminar os problemas críticos do meio ambiente e do
desenvolvimento do planeta e formular propostas realistas para solucioná-los.
Em 1985, foram publicadas, pela primeira vez, as medições relativas ao tamanho
do buraco na camada de ozônio, realizadas por pesquisadores britânicos,
causando surpresa tanto para os representantes do campo científico quanto para
os do campo político.
Em 1987, como resultado da Assembléia Geral das Nações Unidas, o relatório
Nosso Futuro Comum, que ficou conhecido como Relatório Brundtland,
traduziu as preocupações com o meio ambiente que já se instalavam na
sociedade. Nele foi expresso, pela primeira vez, o primeiro conceito de
desenvolvimento sustentável utilizado até os dias atuais:
O movimento de resistência às catástrofes ambientais dos anos 80, agregado à
consciência emergente do agravamento da pobreza e da fome no mundo, exerceu
forte pressão para que se realizasse a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). Essa conferência, também
16
conhecida como Cúpula da Terra, Eco-92 ou Rio-92, ocorreu no Rio de Janeiro,
em junho de 1992, com representantes de 179 países e é considerada a maior
reunião do gênero já realizada. Embora o conceito de desenvolvimento
sustentável tenha sido divulgado em 1987, no Relatório Brundtland, que o
reconheceu oficialmente e declarou o meio ambiente como um autêntico limite de
crescimento, somente na Eco-92 esse termo foi consolidado. Nesse evento foram
estabelecidas, pela primeira vez, as bases para alcançar o desenvolvimento
sustentável em escala global, fixando-se direitos e obrigações, individuais e
coletivos, no âmbito do meio ambiente e desenvolvimento.
Os documentos oficiais aprovados foram: Agenda 21, Declaração do Rio de
Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Convenção sobre Mudanças
Climáticas e Declaração de Princípios sobre Florestas.
Chegamos ao início do século XXI com o seguinte cenário:
• avanço econômico expressivo;
• concentração de riquezas nas mãos de poucos;
• crescimento demográfico desmedido;
• destruição do patrimônio ecológico mundial;
• mudanças significativas nas relações de trabalho;
• estímulo ao consumo inconseqüente;
• mais de um bilhão de pessoas no mundo vivem com menos de um dólar
por dia;
• cerca de 2,7 bilhões lutam para sobreviver com menos de dois dólares
por dia;
• a cada ano, morrem onze milhões de crianças, a maioria das quais com
menos de cinco anos;
• mais de seis milhões morrem devido a causas totalmente evitáveis como
a malária, a diarréia e a pneumonia.
17
Em setembro de 2000, a partir da urgência de se fazer algo a respeito desse grave
quadro social, a ONU promoveu a Cúpula do Milênio, em que líderes de 189
países firmaram um pacto, cujo foco principal foi o compromisso de combater a
pobreza e a fome no mundo. Desse pacto, nasceu a Declaração do Milênio,
documento que estabelece como prioridade eliminar a extrema pobreza e a fome
do mundo até 2015. Foram acordados oito objetivos, chamados Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, cada qual com suas metas e indicadores:
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome;
2. Atingir o ensino básico universal;
3. Promover a igualdade de gêneros e a autonomia da mulher;
4. Reduzir a mortalidade infantil;
5. Melhorar a saúde materna;
6. Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças;
7. Garantir a sustentabilidade ambiental;
8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Em 2002, em Johannesburgo, na África do Sul, ocorre a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável (CMDS), também denominada Rio+10, uma vez que
pretendeu verificar os avanços nas metas e nos acordos fixados na Rio-92, tendo
como referência a Agenda 21. A Declaração de Johannesburgo elegeu cinco
prioridades: água e saneamento, biodiversidade, energia, saúde e agricultura.
Em 2004, no IV Fórum de Autoridades Locais para a Inclusão Social de Porto
Alegre, foi instituída a Agenda 21 da Cultura. O documento proclama a diversidade
cultural como necessidade social básica. Logo, a diversidade cultural também é
relevante no debate do desenvolvimento sustentável. Pelo documento, o
patrimônio cultural deve ser considerado um fator integrante do modelo de
desenvolvimento sustentável, ou seja, seu uso não deve comprometer a
habilidade das futuras gerações de satisfazerem as suas necessidades.
18
1.2 - Conceitos (Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável,
Responsabilidade Socioambiental e Agenda 21).
Sustentabilidade é a propriedade de um processo continuar existindo no tempo,
conservando qualidade e autonomia na sua manutenção, interagindo com todas
as suas dimensões sem privilegiar uma em detrimento da outra. Na perspectiva do
desenvolvimento, esse processo deve ocorrer sustentando a vida da espécie
humana e das demais que habitam o planeta, desde que isso assegure à Terra
continuar a sua trajetória com garantia da integridade planetária.
Conforme mencionado no histórico evolutivo de RSA, o Relatório Brundtland,
documento produzido na Assembléia Geral das Nações Unidas em 1987,
expressou, pela primeira vez, o primeiro conceito de desenvolvimento sustentável
utilizado até hoje:
“Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades”.
Mais que um conceito, o termo desenvolvimento sustentável é um desafio lançado
à humanidade, pois sua busca requer um sistema:
• político – que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo
decisório;
• econômico – capaz de gerar excedentes e know how técnico em bases
confiáveis e constantes;
• social – que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento
não equilibrado;
• produtivo – que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do
desenvolvimento;
• tecnológico – que busque constantemente novas soluções;
• internacional – que estimule padrões sustentáveis de comércio e
financiamento;
19
• administrativo – flexível e capaz de se autocorrigir.
A sustentabilidade do desenvolvimento implica uma mudança nas relações
econômicas, político-sociais, culturais e ecológicas, nos níveis local e global.
Desse modo, o processo de desenvolvimento sustentável compatibiliza três
dimensões intrínsecas - a conservação ambiental, a inclusão social e o
crescimento econômico - articuladas a partir da diversidade cultural.
O conceito de responsabilidade socioambiental (RSA), também denominado de
responsabilidade social empresarial(RSE) pelo Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, organização não-governamental criada com a missão de
mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma
socialmente responsável, é descrito abaixo:
É a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa
com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de
metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da
sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
(INSTITUTO ETHOS, 2007).
A Agenda 21 Global se destaca como um guia, uma agenda de trabalho para o
século XXI, visando a promoção de ações que integrem o crescimento econômico,
a justiça social e a proteção ao meio ambiente. A Agenda 21 não é apenas um
documento. Nem é um receituário mágico, com fórmulas para resolver todos os
problemas ambientais e sociais. É um processo de participação em que a
sociedade, os governos, os setores econômicos e sociais sentam-se à mesa para
diagnosticar os problemas, entender os conflitos envolvidos e pactuar formas de
resolvê-los, de modo a construir o que tem sido chamado de sustentabilidade
ampliada e progressiva (Novaes, 2003).
20
Como desdobramento da Agenda 21 Global, o Brasil, assim como outras nações,
também elaborou a sua Agenda 21. Esse processo, que aconteceu de 1996 a
2002, teve o envolvimento de cerca de quarenta mil pessoas de todo o país. A
Agenda 21 Brasileira é um compromisso da sociedade em termos de escolha de
cenários futuros sobre o papel ambiental, econômico, social e político, com foco
em diversas áreas temáticas:
Como desdobramento dos compromissos estabelecidos na Agenda 21, pode ser
criada a Agenda 21 Local, em diversos níveis: num estado, num município, num
bairro, numa escola ou mesmo numa empresa, como veremos mais adiante,
abordando a Agenda 21 do BB.
1.3 - Responsabilidade socioambiental no mundo empresarial e
no setor financeiro
Até o final da década de 80, o êxito da administração de um negócio era avaliado
exclusivamente pelo seu balanço patrimonial, um retrato estático da geração de
valor para os acionistas. Sob essa visão os únicos públicos relevantes para a
gestão de uma empresa eram os acionistas e os clientes. Entretanto, a redução da
participação do Estado na economia e a conseqüente restrição de sua capacidade
de gestão das questões sociais passam a conferir ao setor privado parte dessa
responsabilidade. Além disso, as empresas constatam que, para garantirem o
crescimento de seus negócios, necessitam se envolver diretamente com a
educação e o bem estar social de sua força de trabalho, atividades estas antes de
responsabilidade única do Estado.
Esse diagnóstico introduz nos sistemas de gestão empresarial o mapeamento dos
públicos de relacionamento ou stakeholders, segmentos que influenciam ou são
influenciados pelas ações da empresa (acionistas, clientes, fornecedores,
governo, funcionários, prestadores de serviço, comunidade e meio ambiente) e
21
fomenta o desenvolvimento de planos de ação para administrar de forma eficiente
as necessidades desses atores. Essa visão exige repensar o planejamento
estratégico das empresas, direcionando parte do valor agregado para esses
públicos.
A crescente discussão sobre o tema responsabilidade empresarial indica que não
só o setor privado deveria incorporar esse novo formato de planejamento e de
gestão. Empresas estatais ou de capital misto com foco e desempenho similar ao
do setor privado também deveriam atualizar sua forma de administrar.
Paralelamente a essa discussão, a ampliação da consciência ambiental, fruto da
constatação da crescente redução de disponibilidade de recursos naturais,
precipita uma demanda cada vez maior por transparência em relação ao impacto
ambiental do mundo empresarial e, por conseqüência, por medidas minimizadoras
desse impacto.
Um marco na discussão sobre responsabilidade socioambiental foi o desafio
lançado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi A. Annan. Por ocasião do
Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, em 31 de janeiro de 1999, Kofi
Annan exortou os líderes empresariais mundiais a adotarem o Pacto Global
(Global Compact), tanto em suas práticas corporativas individuais, quanto no
apoio a políticas públicas apropriadas. O referido pacto tem por objetivo mobilizar
a comunidade empresarial internacional para a promoção de valores fundamentais
nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente e defende dez princípios
universais que são derivados da Declaração Universal de Direitos Humanos, da
Declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Princípios e
Direitos Fundamentais no Trabalho, da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento e da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção.
Nesse contexto, a responsabilidade socioambiental empresarial torna-se tema de
grande relevância nos principais centros da economia mundial e passa a exigir
uma nova postura das empresas. Nos Estados Unidos e na Europa proliferam os
22
fundos de investimento formados por ações de empresas socioambientalmente
responsáveis. Por exemplo, o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones
Sustainability Index – DJSI), da Bolsa de Valores de Nova Iorque, enfatiza a
necessidade de integração dos fatores econômicos, ambientais e sociais nas
estratégias de negócios das empresas.
Referências, normas e certificações socioambientais como AA1000 (diálogo com
as partes interessadas), ISO 14000 (sistema de gestão ambiental), Selo FSC (selo
verde para conservação ambiental e desenvolvimento sustentável das florestas
mundiais, que verifica o manejo florestal sustentável), SA8000 (observância de
direitos humanos e direitos do trabalho), entre outros, passam a fazer parte da
realidade empresarial. As certificações socioambientais como a SA8000 e o Selo
FSC são pré-requisitos para a entrada de produtos e serviços no mercado
europeu.
Em relação às instituições financeiras, Inicialmente, a preocupação das mesmas
com as questões ambientais ocorreu como forma de evitar a responsabilização
legal por danos ambientais produzidos por bens que eram recebidos como
garantia de empréstimos. Como a administração de riscos é a essência do
negócio financeiro, a incorporação da análise socioambiental como ferramenta de
redução de incertezas começa a tomar contornos de um segmento dentro das
instituições financeiras. As mais avançadas nesse processo são as seguradoras.
A razão é simples: os desafios representados pelo aumento da incidência de
desastres naturais, em sua maioria devido às mudanças climáticas globais, têm
impacto financeiro direto para elas.
No restante do setor financeiro, sobretudo nos bancos comerciais, o processo de
incorporação da sustentabilidade é, em grande parte, estimulado por pressões da
sociedade civil ou por perdas associadas a questões socioambientais. Assim, os
riscos ambientais tornaram-se cada vez mais determinantes para o negócio, tendo
em vista que a gestão inadequada das questões ambientais pode causar perdas
23
financeiras irreparáveis à empresa e riscos na sua imagem. Gradativamente, os
bancos começaram a acreditar que o que é bom para o meio ambiente também é
bom para os negócios.
Em 2003, são estabelecidos os Princípios do Equador, um conjunto de
compromissos voluntários que preconizam uma minuciosa análise socioambiental,
seguindo parâmetros da International Finance Corporation (IFC), para operações
de project finance - grandes projetos financiados. Apesar de seu caráter
voluntário, esse conjunto de compromissos tem-se mostrado um guia importante
para a implantação de melhores práticas. Esses parâmetros deixam transparecer
o interesse dos bancos mundiais em termos de incorporação de novas tecnologias
e de engajamento socioambiental, além de procurarem garantir que grandes
projetos financiados sejam desenvolvidos de forma socialmente responsável e
reflitam boas práticas de gestão ambiental.
Atualmente, a discussão sobre finanças sustentáveis não se restringe aos
Princípios do Equador ou ao mercado de investimentos socialmente responsáveis
(SRI – Socially Responsible Investments). Inicia-se um movimento que busca
promover a atuação do sistema financeiro de forma economicamente viável,
socialmente justa e ambientalmente correta. Os custos dos desastres naturais
para seguradoras elevaram-se de forma surpreendente, saindo de um patamar de
US$ 10 bilhões nos anos 60 para US$ 60 bilhões no início de 2000, segundo Evan
Mills, do Lawrence Berkeley National Laboratory.
24
CAPÍTULO II – RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
NO BANCO DO BRASIL
O compromisso do Banco do Brasil com o país faz parte de sua tradição
bicentenária ao impulsionar a economia e o desenvolvimento dos municípios onde
atua, financiando o agronegócio, o comércio exterior, as micro e pequenas
empresas, entre outros.
2.1 - Histórico
Como as mudanças no cenário mundial e as necessidades de as empresas
estarem alinhadas aos preceitos da sustentabilidade, o tema responsabilidade
socioambiental (RSA) passou a permear as discussões institucionais de forma
mais sistemática e constante. Em fevereiro de 2003, o assunto passou a ser
definitivamente pauta das decisões estratégicas e operacionais, com a criação de
uma Unidade Relações com Funcionários e Responsabilidade
Socioambiental, a qual foi transformada em Diretoria de Relações com
Funcionários e Responsabilidade Socioambiental (DIRES), em maio de 2004.
Paralelamente à criação da Diretoria, foi instituída uma equipe interdisciplinar,
denominada Grupo RSA, formada por representantes de todas as áreas da
empresa.
Duas das primeiras iniciativas fundamentais para embasar e direcionar as ações e
os movimentos voltados à incorporação da cultura de responsabilidade
socioambiental no Conglomerado foram a definição do conceito de RSA e da
elaboração da carta de princípios, em 2003. O conceito ficou assim definido,
conforme consta na página da instituição na Internet:
“Para o Banco do Brasil, responsabilidade socioambiental é ter a ética como
compromisso e o respeito como atitude nas relações com funcionários,
colaboradores, fornecedores, parceiros, clientes, credores, acionistas,
concorrentes, comunidade, governo e meio ambiente”.
25
A Carta de Princípios de RSA manifesta os compromissos do Banco em contribuir
para o desenvolvimento de um novo sistema de valores para a sociedade, que
tem como referencial maior o respeito à vida humana e ao meio ambiente,
condição indispensável à sustentabilidade da empresa e da humanidade.
Atualmente tais princípios fazem parte do cotidiano organizacional, das políticas e
dos documentos estratégicos do Banco do Brasil.
Com a definição do conceito de responsabilidade socioambiental e da Carta de
Princípios de RSA, evidenciou-se a intenção estratégica do Banco em conciliar o
desenvolvimento de negócios social e ambientalmente sustentáveis com o
atendimento aos interesses dos seus acionistas, mediante a incorporação
daqueles princípios a seus produtos, serviços, negócios e rotinas administrativas.
2.2 - RSA na estratégia corporativa
No aspecto Negocial o Banco do Brasil busca negócios pelo seu potencial de
geração de resultados, sob a forma de lucros e participação no mercado e, para a
sociedade, sob a forma de inclusão social, geração de trabalho e renda e respeito
ao meio ambiente.
No escopo de Participação Societária não são adquiridas participações em
empresas que infrinjam os preceitos relativos a direitos humanos, de trabalho e de
preservação ambiental.
Na criação, desenvolvimento e ajuste de produtos e serviços, são levados em
conta tendências de mercado, necessidades e expectativas dos clientes,
posicionamento institucional, é feita avaliação econômico-financeira e avaliação
dos impactos sociais e ambientais. Produtos e serviços são descartados nos
casos de não atendimento de expectativas dos clientes, de retorno abaixo do
esperado, e também de agressão aos princípios de responsabilidade
socioambiental.
26
O Conselho Diretor, em julho de 2003, aprovou e passou a divulgar e a cobrar
amplamente a observação dos princípios socioambientais como direcionadores
para o dia-a dia da organização. Ainda em 2003, foi elaborado um plano de ação
em responsabilidade socioambiental do Banco do Brasil, objetivando garantir o
comprometimento e empenho de todo o Conglomerado na sua implementação. A
composição dos comitês e comissões estratégicas também foi revista de forma a
prever a participação de representante da Diretoria de Relações com Funcionários
e Responsabilidade Socioambiental - DIRES, o que permite que a cultura de
responsabilidade socioambiental seja constantemente disseminada junto aos
executivos da organização.
2.3 – Principais compromissos públicos do BB com a sustentabilidade
Um compromisso público pioneiro do Banco do Brasil para com a sociedade foi o
Protocolo Verde, em 1995. Em decorrência da assinatura desse documento, o
Banco do Brasil estabeleceu algumas medidas, como, por exemplo, vetou a
realização de operações destinadas a financiar atividades que possam causar
impacto ambiental e tornou obrigatória a apresentação de documentação do órgão
ambiental competente para financiamento de atividades que possam gerar
desmatamento no processo produtivo, para atividades de comercialização de
produtos extrativos de origem vegetal e pescado in natura, para operações de
investimento em atividades que utilizam recursos ambientais ou empreendimentos
capazes de causar degradação ambiental e ainda para operações de investimento
em atividades que utilizam recursos hídricos, como a agricultura irrigada.
Outro compromisso importante com a sociedade foi assumido desde agosto de
2004. Desde então, utilizando relação divulgada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, o Banco do Brasil não concede novos créditos a clientes que submetem
seus trabalhadores a formas degradantes de trabalho ou os mantêm em
condições análogas ao trabalho escravo. A decisão abrangeu também vedações a
27
financiamentos a clientes envolvidos com exploração sexual de crianças e com o
uso do trabalho infantil.
Em fevereiro de 2005, diante da preocupação com o impacto socioambiental de
grandes projetos financiados com recursos creditícios, o Banco do Brasil foi o
primeiro banco oficial a integrar o grupo de instituições financeiras brasileiras que
aderiu aos Princípios do Equador, conjunto de políticas, diretrizes e salvaguardas
a serem observadas na análise de projetos de investimento de valor igual ou
superior a US$ 10 milhões.
Juntamente com outras cinqüenta e quatro empresas, o Banco do Brasil também
aderiu ao Pacto pelo Combate ao Trabalho Escravo, em maio de 2005. Em junho
de 2005, para fortalecer as iniciativas e apoiar a disseminação da sustentabilidade
nos negócios, foi realizada a primeira Oficina de Responsabilidade Socioambiental
do Banco do Brasil, reunindo 62 altos executivos, gerando a atualização do Plano
de Ação em Responsabilidade Socioambiental, que a partir desse evento passou
a ser denominado de Agenda 21 do BB.
2.4 - Gestão da RSA no BB
No processo de gestão, o Banco do Brasil utiliza instrumentos que o auxiliam no
acompanhamento do cumprimento do estabelecido em sua estratégia corporativa.
Dessa forma, temas relevantes como a sustentabilidade são geridos, avaliados e
monitorados em sua performance, para a elaboração de relatórios e apoio ao
processo de respostas a consultas e pesquisas sobre o assunto.
O Plano Diretor é o instrumento pelo qual a estratégia corporativa se materializa
por meio de objetivos, indicadores e metas, ou seja, é o documento em que o
direcionamento estratégico da empresa se desdobra em indicadores passíveis de
acompanhamento para o curto prazo. No Plano Diretor do Banco do Brasil estão
28
presentes as diretrizes da instituição em matéria de Responsabilidade
Socioambiental.
Tradicionalmente, além dos relatórios financeiros, o Banco do Brasil publica o
Relatório Anual, que consolida todas as informações do desempenho da empresa
durante o ano. Desde 1997, o Banco do Brasil divulga também o Balanço Social
de forma espontânea. O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente
pelas empresas, e que reúne informações sobre projetos, benefícios e ações
sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e
à comunidade. É, também, um instrumento estratégico para avaliar e expandir o
exercício da responsabilidade social corporativa, e, a partir de 1998, foi elaborado
pelo Banco do Brasil segundo o modelo e critérios propostos pelo Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e passa a compor o Relatório
de Sustentabilidade BB, publicado em jornais de grande circulação.
2.5 - RSA na prática: Agenda 21 do Banco do Brasil
A Agenda 21 Empresarial é um compromisso do Banco do Brasil com o
desenvolvimento sustentável do País, materializado em um conjunto de ações que
visam à responsabilidade socioambiental. Consolidada em junho de 2005, a
Agenda 21 do BB foi estruturada em três dimensões:
• negócios com foco no Desenvolvimento Sustentável;
• práticas administrativas e negociais com RSA;
• investimento social privado.
2.5.1 - Negócios com foco no Desenvolvimento Sustentável
São produtos e serviços que estimulam a realização de negócios que apóiem
diretamente o desenvolvimento sustentável do país. Um destes negócios é o BB
Biodiesel, Programa de Apoio à Produção e Uso de Biodiesel, que visa apoiar a
produção, a comercialização e seu uso como fonte de energia renovável e
atividade geradora de emprego e renda. A assistência ao setor produtivo é feita
29
por meio da oferta de linhas de financiamento, custeio, investimento e
comercialização.
Desde 1999, a empresa apóia o segmento de alimentos orgânicos no Brasil com o
BB Produção Orgânica, Programa para o Financiamento da Produção Orgânica,
que oferece aos produtores rurais acesso diferenciado ao financiamento de
custeio, de produção e de comercialização da produção orgânica.
O BB Florestal, Programa de Investimento, Custeio e Comercialização Florestal é
uma parceria do Banco com o Governo Federal, governos estaduais, prefeituras
municipais e empresas do segmento florestal e prevê apoio aos produtores que
investirão na implantação, manejo e comercialização florestal.
Em novembro de 2005, o Conselho Diretor do Banco do Brasil aprovou a criação
do primeiro fundo de investimento no Brasil a ser referenciado no Índice de
Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo, e que destina
50% da taxa de administração para projetos sociais desenvolvidos pela Fundação
Banco do Brasil, alinhados às políticas sociais do Governo. Fundos deste tipo são
chamados de Fundos Éticos.
O Programa de Incentivo à Eficiência Energética do BB é orientado para
estimular a realização de negócios com empresas que forneçam, desenvolvam ou
necessitem de produtos e serviços voltados para a racionalização e a otimização
do uso de energia.
Para incentivar a inclusão bancária da população brasileira informal e de menor
renda, e democratizar o acesso ao crédito, o Banco do Brasil investiu na criação
de uma diretoria e uma subsidiária integral para atuarem no segmento situado na
base da pirâmide econômica.
30
2.5.2 - Práticas administrativas e negociais com RSA
São as práticas adotadas pelo Banco do Brasil para relacionar-se de forma
socialmente responsável junto a seus diversos públicos de relacionamento:
Relações com público interno
A partir de 1999, o Banco do Brasil passou a destinar 5% das vagas de cada
seleção externa às pessoas com deficiência.
Em 2001 foi criado o programa de aprendizagem do Banco do Brasil – Programa
Adolescente Trabalhador, baseado na Lei da Aprendizagem (Lei 10.097), e que já
beneficiou mais de 16 mil jovens, desde que foi criado. O principal objetivo do
Programa é inserir o adolescente no mundo do trabalho em condições adequadas.
Para participar, os jovens devem estar inscritos em entidades assistenciais e
devem pertencer a famílias com renda per capita de até meio salário mínimo.
A partir de 2005 foi aprovada pela empresa a aceitação de companheiro ou
companheira do mesmo sexo como dependentes para efeito dos planos de saúde
e previdência oferecidos aos funcionários. A medida representou um compromisso
com a diversidade na instituição.
Em 2005, atento aos aspectos de saúde e de qualidade de vida de seus
funcionários no trabalho, o BB aprimorou seu Programa de Assistência a Vítimas
de Assalto e Seqüestro (PAVAS).
Em março de 2006, o Banco do Brasil aderiu ao Programa Pró-Equidade de
Gênero, com o objetivo de alcançar a igualdade de tratamento e oportunidades
entre homens e mulheres no ambiente de trabalho.
No início de 2007, a organização lançou o Programa de Reinserção de
Funcionários Afastados por Licença-Saúde – Acidentes de Trabalho. A iniciativa
31
oferta melhores condições de acolhimento ao funcionário que retorna às
atividades após longo período de afastamento.
O Programa QVT - Qualidade de Vida no Trabalho, lançado em julho de 2007,
visa promover qualidade de vida no trabalho dos funcionários e colaboradores
(estagiários, adolescentes trabalhadores), com foco no estímulo aos cuidados com
a saúde e na adoção de hábitos saudáveis, englobando a realização de práticas
como ginástica laboral, relaxamento, alongamento, ioga no trabalho, tai chi chuan,
massagem, bem como contratar serviços especializados de terceiros.
Houve também Investimento na humanização do relacionamento do Banco com o
seu público interno, com a criação da Ouvidoria Interna do BB, canal de
comunicação criado para acolher denúncias, reclamações e elogios dos
funcionários.
A instituição Investe também na formação dos funcionários, buscando capacitá-los
além das necessidades do negócio. A oferta de formação é voltada para todos os
segmentos do corpo funcional.
Relações com público externo
Lançada em abril de 2005, a Ouvidoria Externa possui os mesmos princípios que
a Interna e é destinada aos clientes e cidadãos.
O Banco do Brasil reformula permanentemente sua postura frente ao Crédito
Responsável, alinhado às políticas do Ministério do Trabalho, aos Princípios do
Equador e às leis da Responsabilidade Socioambiental.
Nas práticas de Responsabilidade Socioambiental da organização, há o
aprimoramento da sua relação com fornecedores, ao estabelecer uma política de
relacionamento clara e transparente.
32
O Banco do Brasil pratica o intercâmbio, com seus concorrentes, de informações
que tragam melhorias para todo o sistema financeiro e para a sociedade. Como
exemplos, participa ativamente de comissões na Federação Brasileira de Bancos
– FEBRABAN, e ao lado dos principais bancos e empresas brasileiras participa de
Câmaras Técnicas e de conselhos, como o Conselho Empresarial Brasileiro para
o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que têm como objetivo integrar os
princípios e práticas do desenvolvimento sustentável no contexto de negócio,
conciliando as dimensões econômica, social e ambiental.
Para garantir excelência na relação com seus acionistas, o estatuto do Banco do
Brasil prevê práticas que garantam o equilíbrio de direitos entre os mesmos,
independentemente de sua participação acionária, a transparência e a prestação
de contas do negócio, através de informações corporativas confiáveis e
tempestivas.
O processo de prevenção e combate à lavagem de dinheiro é considerado
importante pelo BB, não só pela exigência legal, mas também por seu aspecto
social, dado que, por meio do combate a esse tipo de crime, atua-se direta ou
indiretamente na prevenção de outros ilícitos.
2.5.3 - Investimento Social Privado
O Banco do Brasil procura reforçar seu caráter de empresa cidadã através de
ações de cunho social, também conhecidas como Investimento Social Privado,
onde busca desenvolver a Cidadania empresarial. Em 1985, o Banco criou a
Fundação Banco do Brasil (FBB) com esta finalidade, objetivando intensificar e
reforçar seu apoio às iniciativas voltadas para a inclusão social e a promoção da
cidadania, com destaque para a inclusão digital, o fortalecimento da agricultura
familiar, a melhoria das condições de vida em comunidades quilombolas e
indígenas e a ampliação do acesso à leitura e à cultura.
33
O Banco do Brasil possui o Programa Voluntariado, onde conta com voluntários
que estão se capacitando em diversas áreas de conhecimento para atuação nas
comunidades e em organizações não-governamentais (ONG).
Desde 2003, o Banco do Brasil destina, anualmente, ao Fundo da Infância e
Adolescência (FIA), um por cento do seu Imposto de Renda devido. O FIA é um
fundo especial criado para o financiamento de políticas sociais, programas e
ações voltadas para a promoção e a defesa dos direitos da criança e do
adolescente.
O Banco do Brasil atua Incentivando o esporte mantendo apoio às seleções brasileiras de vôlei feminino e masculino, organiza o Circuito Banco do Brasil de
Vôlei de Praia e desenvolve o Projeto Tênis Brasil, além de outros patrocínios.
34
CAPÍTULO III – RESULTADOS PARA A SOCIEDADE
A partir de julho de 2003, com a criação da Unidade para Relações com
Funcionários e Responsabilidade Socioambiental, posteriormente transformada
em Diretoria de Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental
(DIRES), o Conselho Diretor, órgão máximo de gestão estratégica do Banco do
Brasil passou a divulgar e a cobrar efetivamente a observação dos princípios
socioambientais nas atividades da organização e a monitorar os resultados
obtidos junto à sociedade. Esta cobrança deu-se por meio de metas formalmente
estabelecidas e que passaram a fazer parte do acordo de trabalho da instituição.
3.1 – Metas para a sociedade
O Acordo de Trabalho (ATB) é um instrumento utilizado para avaliar o
desempenho da gestão das metas do conglomerado Banco do Brasil, com o
objetivo de promover e mensurar a eficiência e eficácia das atividades do Banco,
em relação às metas e objetivos estabelecidos nos documentos estratégicos, com
efeitos práticos no acompanhamento do cumprimento das metas estabelecidas. O
Acordo de Trabalho é composto de indicadores passíveis de aferição (compara-se
a meta com o que foi efetivamente alcançado e se estabelecem pontos conforme
o percentual de atingimento da meta) e tem abrangência temporal de 1 ano, de
janeiro a dezembro, com apurações semestrais.
O Acordo de Trabalho avalia os resultados sob várias perspectivas ligadas às
atividades da instituição. Avalia o atingimento dos objetivos relativos à
performance de resultados econômico-financeiros (rentabilidade, captação de
recursos, crédito, receita de serviços, quantidade de transações, eficiência e
risco), que são a atividade principal de um banco, mas também avalia o
cumprimento das metas existentes para com a sociedade. Enquanto a primeira
avaliação diz respeito à eficiência nos negócios, esta última está mais próxima de
medir o papel de banco público, cujo principal acionista é o Governo Federal, e
35
que por isso é cobrado, além dos resultados financeiros, no sentido de trazer
retorno para a sociedade como um todo.
No Acordo de Trabalho chama-se Perspectiva Sociedade o conjunto de objetivos
e indicadores que dizem respeito à condução ética dos negócios, ao compromisso
com o desenvolvimento social das comunidades em que o BB se insere e ao
esforço em conscientizar e envolver os públicos de relacionamento em questões
voltadas à responsabilidade socioambiental. Ética empresarial, investimentos
comunitários, repasse de recursos para ações sociais, imagem institucional e
funcionamento de órgãos e comitês para debater Responsabilidade
Socioambiental são temas que podem pertencer a esta perspectiva.
Duas outras perspectivas do Acordo de Trabalho também se refletem no
cumprimento de metas que dizem respeito a responsabilidade socioambiental: Na
perspectiva de Comportamento Organizacional, inserem-se o conjunto de
objetivos e indicadores relacionados a qualificação profissional, qualidade de vida,
respeito a individualidade e satisfação dos funcionários, avaliando metas e
resultados em temas como investimento em capacitação, remuneração,
reconhecimento, motivação, desempenho e ascensão profissional. Na Perspectiva
Clientes é avaliado o desempenho, relacionados à satisfação de seus clientes,
outro público de relacionamento que tem merecido mais atenção pelas entidades
que têm a responsabilidade socioambiental como diretriz.
Também em 2003, com o início das ações mais efetivas em Responsabilidade
Socioambiental por parte do Banco do Brasil, foi criada uma equipe formada por
representantes de todas as áreas da empresa, denominada Grupo RSA, com
metas formalmente definidas no tema, tais como
analisar e propor medidas à Diretoria de Responsabilidade Socioambiental
(DIRES) sobre iniciativas relacionadas à responsabilidade socioambiental do
Banco do Brasil, apoiar a DIRES no desenvolvimento de ações relativas à
responsabilidade socioambiental do BB, de forma interdisciplinar, servir como
36
canal de relacionamento da DIRES com cada uma das unidades estratégicas do
Banco e demais empresas do conglomerado, contribuir para a disseminação da
cultura de responsabilidade socioambiental por todo conglomerado e acompanhar
a execução das ações da Agenda 21 do BB, no âmbito de sua diretoria, unidade
ou gerência autônoma.
Todas as metas estabelecidas em Responsabilidade Socioambiental são
avaliadas quanto ao seu cumprimento, e o percentual de atingimento das mesmas
confere pontos a cada agência, superintendência regional ou estadual, que
comparam seus números e inevitavelmente competem por melhores resultados,
da mesma forma que com as metas de negócios. O empenho em alcançar os
resultados esperados, é garantido pelo fato de que do cumprimento do que foi
estabelecido nos desafios das metas, sejam elas financeiras ou socioambientais,
depende o recebimento de participação nos lucros semestrais pelos funcionários
de cada dependência (agência) do Banco do Brasil.
Alguns resultados alcançados são, por exemplo: a quantidade de contas
simplificadas, destinadas a pessoas de baixa renda e até então sem acesso ao
mercado bancário, ação chamada de Inclusão bancária, onde no início de 2008
estabeleceu-se a meta de estar entre os três primeiros bancos brasileiros que
oferecem este produto, ficando o Banco do Brasil na segunda posição ao final de
2008. No ranking de bancos repassadores de recursos do BNDES para obras de
cunho social, o Banco tinha como meta também estar entre os três primeiros ao
final de 2008, terminando aquele ano na segunda posição.
3.2 - Retorno para os diversos públicos de relacionamento
Para os funcionários, os compromissos socioambientais se concretizam em ações
que extrapolam significativamente ao que é exigido por lei. Com relação à saúde e
qualidade de vida, cabe citar o Programa Qualidade de Vida, já mencionado
anteriormente, a existência da Cassi - Caixa de Assistência dos Funcionários do
37
Banco do Brasil -, criada em 1944, e o seguro-saúde oferecido aos adolescentes
trabalhadores. Para oferecer benefícios previdenciários complementares existe a
Previ - Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, criada em
1904. O compromisso de promover o aprimoramento profissional de seus
funcionários se revela na Universidade Corporativa do Banco do Brasil (programa
de cursos auto instrucionais, através da intranet da instituição). A Ouvidoria
Interna e os Fóruns Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental são
comitês permanentes com a disposição de manter um canal de diálogo franco e
aberto com o público interno.
No relacionamento com fornecedores, o Banco do Brasil apresenta iniciativas
voltadas para relações duráveis e equilibradas, compatíveis com os princípios de
responsabilidade socioambiental. Exemplo disso é a exigência de que empresas
fornecedoras atendam a todas as obrigações trabalhistas e previdenciárias no
relacionamento com seus empregados, assim como a apresentação de
declaração dos fornecedores sobre o não emprego de mão-de-obra infantil e
escrava.
Para os clientes, o Banco vem estimulando a comunicação dos mesmo com a
Empresa, criando e aprimorando os canais de cominicação existentes, sendo
receptivo às opiniões da clientela e considerando-as na melhoria do atendimento,
dos produtos e dos serviços, prestando orientações e informações cada vez mais
claras, e confiáveis.
Em relação aos acionistas, o Estatuto do Banco contempla práticas que garantem
o equilíbrio de direitos entre os mesmos, a transparência e agilidade no
fornecimento de informações, considerando toda informação passível de
divulgação, privilegiando a transparência e a prestação de contas. As ações do
Banco do Brasil compõem a carteira teórica do Índice de Sustentabilidade
Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo, desde o seu lançamento, em
2005. O Banco também integra o Novo Mercado da Bovespa, segmento que reúne
as empresas com as mais rigorosas práticas de governança corporativa, conjunto
http://www.cassi.com.br/http://www.previ.com.br/http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/unv/index.jsphttp://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/unv/index.jsp
38
de medidas de gestão responsável que visam excelência na administração do
negócio, na prestação de informações e no trato com seus acionistas.
Como benefício às comunidades onde está inserido, o Banco do Brasil tem dado
apoio a ações desenvolvimentistas e participado de empreendimentos
direcionados à melhoria da sustentabilidade ambiental e das condições sociais da
população.
Em relação aos concorrentes verifica-se trabalhos em parceria, como os esforços
de compartilhamento da logística e de recursos tecnológicos com outras
instituições financeiras. Como exemplo, o Projeto Cisternas - que viabiliza a
construção de cisternas na região do Semi-Árido brasileiro com o apoio de outros
bancos, bem como o engajamento junto a outras instituições financeiras no
combate ao trabalho escravo e degradante, adotando medidas para eliminá-lo
de sua cadeia de relacionamentos e negócios.
No relacionamento com os Governos Federal, Estaduais e Municipais, o Banco do
Brasil, por conhecer as características econômicas e sociais de cada região do
país e ser detentor de alta capilaridade e ter capacidade de mobilização,
apresenta-se como um dos principais parceiros na implementação de políticas,
programas e projetos voltados para o desenvolvimento nacional. São exemplos o
apoio ao Fome Zero do Governo Federal, o apoio a atividades produtivas nas
diferentes regiões onde o Banco do Brasil está presente e as ações para inclusão
bancária.
A preservação ambiental é um dos balizadores das práticas administrativas e
negociais do Banco e está contida nos normativos internos. Como já mencionado
anteriormente, é vedada a realização de operações destinadas a financiar
atividades que possam causar impacto ambiental. O comprometimento do Banco
do Brasil com a preservação do meio ambiente também pode ser traduzido pela
implantação do programa de ecoeficiência, que veio a intensificar e sistematizar
ações como a coleta seletiva de lixo, o gerenciamento de consumo de água e
http://www.bb.com.br/portalbb/page3%2C8305%2C8414%2C0%2C0%2C1%2C6.bb?codigoMenu=3826&codigoNoticia=4596&codigoRet=3910
39
energia, a adoção de critérios ambientais na seleção e gerenciamento de
fornecedores, além de iniciativas para reciclagem de papel entre outros pontos.
3.3 - Benefícios para o país, regiões e estados
Para o Banco do Brasil poder atingir as metas contidas em seu acordo de trabalho
em relação a Responsabilidade Socioambiental (a Perspectiva Sociedade do
mencionado acordo), suas unidades, superintendências, agências e empresas do
conglomerado se esforçam no cumprimento dos objetivos propostos, abraçando
as inúmeras ações e projetos vinculados ao tema. Em junho de 2009, conforme
informações do site da empresa, o total de Planos de Negócios voltados para
Responsabilidade Socioambiental sendo tocados em todo o território nacional é de
4.290, havendo outros 789 em implantação. Podem ser projetos de apoio a
alguma atividade econômica não atendida plenamente por bancos privados, apoio
à subsistência, à eficiência energética, à reciclagem, à inclusão social ou bancária
e outras ações socioambientalmente responsáveis.
Os municípios abrangidos por estes projetos somam 2.694, atendidos por 3.979
dependências (agências e outras unidades do Conglomerado) que lidam
diretamente com o público alvo destas ações. Há 13.751 funcionários treinados
para serem líderes nestas ações, onde o total de famílias beneficiadas é de
1.295.339. O volume total de recursos programados para estas ações soma cerca
de 9 bilhões de reais, sendo cerca de 6,3 bilhões programados para serem
investidos pelo Banco do Brasil e 2,7 bilhões por parceiros também envolvidos
nestas ações. A maior parte dos recursos totais programados para investimento
em ações socioambientais são destinados às regiões que mais necessitam de
recursos: Norte, Nordeste e Centro-Oeste, como forma de combater os
desequilíbrios sociais e econômicos regionais.
40
3.4 – Reconhecimentos e Prêmios
O Banco do Brasil recebeu inúmeros prêmios, certificações ou destaques
diretamente relacionados à sua postura de responsabilidade socioambiental. O
relatório “Sustainable finance - moving from paper promises to performance”
do World Wildlife Fund (WWF), apresentado no Fórum Econômico Mundial de
Davos, na Suíça, em janeiro de 2006, classificou o Banco do Brasil como a
instituição financeira que mais investe em políticas socioambientais no País e
categorizou-o como o 8º colocado no ranking mundial de bancos que atuam
nestas políticas. A adesão do Banco, em 2003, ao "Pacto Global" foi importante
para garantir a citação no documento.
Em 2007 o Banco recebeu o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio,
onde quatro iniciativas sociais apoiadas pelo BB e pela Fundação Banco do Brasil
receberam o Prêmio ODM, promovido pelas Nações Unidas.
O Fundo de Previdência do Banco do Brasil - Previ - foi a única instituição da
América Latina convidada pela ONU a participar da elaboração do documento
“Princípios para o Investimento Responsável”, juntamente com outros 20
maiores investidores do mundo. Os princípios foram lançados em abril de 2006 na
Bolsa de Nova York.
O Instituto de Reputação dos Estados Unidos divulgou em dezembro de 2006 um
levantamento mundial envolvendo 700 empresas em 25 países. Entre as
instituições financeiras brasileiras, o BB foi o melhor avaliado, sendo
considerados na avaliação da reputação empresarial além de outros crtérios, a
cidadania empresarial,sendo bem julgada a capacidade de a empresa gerar valor
para os seus diversos públicos, como fornecedores, clientes, investidores e
funcionários
41
A página de Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil mereceu nota
máxima em pesquisa realizada por consultoria espanhola. O estudo, de autoria da
Management & Excellence, abrangeu um total de 47 empresas, todas elas listadas
no índice da bolsa de São Paulo, o Ibovespa. As duas primeiras categorias irão
premiar instituições que, por seu desempenho, evidenciaram excelência na
criação de valor social, ambiental e financeiro.
O Banco do Brasil foi um dos finalistas do Prêmio Financial Times de Finanças
Sustentáveis, edição 2007. O BB se classificou nas categorias "Banco
Sustentável", "Banco Sustentável em Mercados Emergentes" e "Banqueiros
Sustentáveis - Inovação". A inscrição do Banco do Brasil nessas categorias
relacionou os avanços no aperfeiçoamento de suas práticas administrativas e
negociais de acordo com os princípios de responsabilidade socioambiental
Desde 1998, Banco do Brasil recebe o selo Ibase - Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas, que confere o selo a todas as empresas que publicam o
balanço social no modelo sugerido pelo Instituto, dentro da metodologia e dos
critérios propostos. O Selo Balanço Social Ibase demonstra o compromisso da
empresa com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio
ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através
da divulgação anual do seu balanço social.
O Banco do Brasil mantém, desde 2004, o selo "Empresa Amiga da Criança", da
Fundação Abrinq, consagrada internacionalmente pelo combate ao trabalho
infantil e ações de apoio às crianças brasileiras.
42
CONCLUSÃO
Ao analisar os resultados trazidos para a sociedade pelo Banco do Brasil,
podemos chegar a uma conclusão sobre o questionamento principal deste
trabalho, que é observar se a instituição, que vem alcançando sucessivos
resultados positivos nos negócios, vem cumprindo seu papel de agente de
políticas governamentais e trazendo benefícios para o país, papel este que muitas
vezes parece ficar em segundo plano no atual contexto do mercado financeiro
brasileiro, onde as instituições financeiras, em especial os bancos, são muito
criticados por bater recordes sucessivos nos seus lucros (o Banco do Brasil não
está isento dessas críticas), enquanto a maioria dos setores econômicos luta para
sobreviver em meio às mais altas taxas de juros mundiais.
Pudemos conhecer o posicionamento do Banco do Brasil diante do desafio da
Responsabilidade Socioambiental e verificamos que o Banco adotou políticas
socioambientais como diretrizes que ordenam o dia a dia da organização. No
aspecto negocial, o Banco busca atuar conforme as oportunidades de geração de
resultados e aumento da sua participação no mercado, pois está inserido num
mercado extremamente competitivo e agressivo, onde é um dos mais fortes
competidores. No aspecto socioambiental o Banco também se posicionou diante
de sua missão de trazer retorno e resultados para a sociedade, sob a forma de
inclusão social, geração de trabalho e renda e respeito ao meio ambiente.
O divisor de águas em matéria de Responsabilidade Socioambiental foi a criação
em 2003, de uma unidade especializada no assunto, e que depois tornou-se uma
Diretoria. Desde então, uma série de ações transformou Responsabilidade
Socioambiental em dever diário nas rotinas e no contato entre a instituição e todos
os públicos com quem ela se relaciona na sociedade.
Iniciativas como a Carta de Princípios de RSA, a Agenda 21 do BB, a adesão aos
Princípios do Equador, a publicação espontânea do Balanço Social no formato
43
referendado pelo Instituto Ethos, a criação de uma diretoria e uma subsidiária para
atendimento exclusivo às necessidades das populações de baixa renda e a
assinatura do Protocolo Verde, entre outras, confirmam a intenção estratégica do
Banco em conciliar os negócios tradicionais de um banco comercial a práticas
social e ambientalmente sustentáveis, com o atendimento aos interesses dos
seus acionistas, observando a incorporação daquelas práticas a seus produtos,
serviços, negócios e rotinas administrativas.
Muito além de ser apenas um compromisso com a imagem da organização, a
Responsabilidade Socioambiental para o Banco do Brasil representa também a
busca do atingimento dos desafios propostos pelo seu Conselho Diretor, órgão
máximo de gestão estratégica. No Acordo de Trabalho, conjunto de metas
estabelecidas por aquele Conselho para que o Banco navegue na direção dos
resultados planejados, estão estabelecidas, além das metas dos negócios
tradicionais para os bancos, como captação de recursos, concessão de crédito,
vendas de produtos e conquista de clientes, metas relacionadas a objetivos
socioambientais.
São estas metas, contidas no Acordo de Trabalho, que trazem objetivos
vinculados ao papel social do Banco do Brasil, enquanto agente do Governo
Federal, no compromisso de trazer desenvolvimento à sociedade como um todo.
Seu cumprimento, justamente por constar no mencionado Acordo, é perseguido
tanto quanto se perseguem os objetivos financeiros, e vale lembrar que mesmo
cumprindo todos os objetivos vinculados a negócios tradicionais, o não
cumprimento dos objetivos socioambientais descritos no Acordo de Trabalho
compromete o resultado previsto como um todo, podendo ocasionar o não
recebimento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da dependência
(agência ou outra unidade) que não cumpriu sua meta.
Assim, cada funcionário conhece suas metas socioambientais, pois as mesmas
são amplamente divulgadas e disseminadas por toda a instituição, além de
44
formalmente quantificadas, ou seja, cada unidade de negócios sabe exatamente
quanto deve emprestar a famílias de baixa renda (microcrédito), quantas contas
correntes simplificadas precisa abrir (inclusão bancária) e quanto deve repassar
de recursos provenientes do BNDES (para financiamento de atividades
estratégicas para a região), por exemplo.
Nas regiões que mais precisam de desenvolvimento é onde mais se concentram
os recursos programados para ações socioambientais, com recursos do Banco e
de parceiros envolvidos nestas ações, demonstrando haver sinergia entre os
objetivos traçados para o Banco e o que a sociedade necessita. A quantidade de
Planos de Negócios existentes e em implantação para o tema também demonstra
que na prática, o Acordo de Trabalho do Banco vem fazendo acontecer ações que
podem ser projetos de apoio a atividades econômicas não atendidas plenamente
por bancos privados, apoio à subsistência, à eficiência energética, à reciclagem, à
inclusão social ou bancária e outras ações socioambientalmente responsáveis. O
Acordo de Trabalho é a garantia de que os objetivos vinculados a tais projetos
serão perseguidos.
A busca da excelência no trato com os diversos públicos de relacionamento, como
funcionários, clientes, fornecedores, concorrentes, acionistas, governo,
comunidade e meio ambiente pode ser conferida pela série de ações substanciais
e relevantes nesse sentido, que foram adotadas especialmente a partir de 2003, e
cujo reconhecimento pelos diversos setores da sociedade se reflete nos inúmeros
prêmios recebidos.
O Banco do Brasil tem trazido para a sociedade resultados que se traduzem em
benefícios para ela, em consonância com suas diretrizes de Responsabilidade
Socioambiental e que vão de encontro ao que se espera de um banco público e
que possui como missão, dentre outros objetivos, contribuir para o
desenvolvimento do país. As mesmas metas formalmente estabelecidas para os
negócios, e que tornaram o Banco do Brasil um competidor em igualdade de
45
condições com os seus concorrentes privados, inclusive sendo alvo de duras
críticas pela sucessão de lucros recordes, também existem para a perspectiva
Socioambiental e vêm garantindo que o papel esperado pela sociedade venha
sendo cumprido.
46
BIBLIOGRAFIA
Acordo de Trabalho Banco do Brasil 2009, disponível na intranet do Banco do
Brasil. Acesso em 20/04/2009.
AGENDA 21 DO BANCO DO BRASIL. Brasília, 2007.
BALANÇO SOCIAL 2008. Diretoria de Relações com Funcionários e
Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil – DIRES, 2009.
BLOG DO FRANCISCO CASTRO, matéria “Os bancos estão lucrando muito”.
Disponível em: http://blogdefranciscocastro.blogspot.com.Acesso em: 19/02/2009
(Francisco Castro é economista, especializado em finanças públicas e mestre em
economia).
CARTA DE PRINCÍPIOS DE RSA DO BANCO DO BRASIL. Brasília, 2008.
IADH – INSTITUTO DE ASSESSORIA PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO.
Disponível em http://www.iadh.org.br. Acesso em: 13/05/2009.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis.Integração entre o meio ambiente e o desenvolvimento: 1972-2002.
Disponível em: http://www.ibama.gov.br. Acesso em: 20 abr. 2007.
IICA – INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A
AGRICULTURA. Disponível em http://www.iica.org.br. Acesso em: 22/04/2009.
INSTITUTO ETHOS de Responsabilidade Social Empresarial. Disponível em:
http://www.ethos.org.br. Acesso em: 5 mar. 2007.
http://blogdefranciscocastro.blogspot.com/http://www.iadh.org.br/http://www.iica.org.br/
47
Jornal A FOLHA DE SÃO PAULO, matéria “Lucro do Banco do Brasil cresce 74%
em 2008 e bate recorde”, edição de 29/02/2009.
Jornal VALOR ECONÔMICO, matéria “Bancos brasileiros estão entre os cinco
maiores lucros do setor das Américas”, edição de 21/03/2009.
LIVRO DE INSTRUÇÕES CODIFICADAS DO BANCO DO BRASIL/ Planejamento,
Orçamento e Resultados/ Disposições Normativas/ Perspectiva Sociedade.
ONU – Organização das Nações Unidas no Brasil. PNUMA - Programa das
NaçõesUnidas para o Meio Ambiente. Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br.
Acesso em: 20/04/2009.
Paula , Luiz Fernando; Oreiro , José Luís. Sistema Financeiro: uma análise do
setor bancário brasileiro. Rio de Janeiro, Editora Campus/Elsevier, 2007.
PGA-PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL. Disponível em
http://www.pga.pgr.msf.gov.br/educacao. Acesso em: 18/03/2009.
Portal do Banco do Brasil na Internet. Disponível em www.bb.com.br
PROTOCOLO VERDE. Brasília, 2005.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL (RSA) E DESENVOLVIMENTO
REGIONAL SUSTENTÁVEL (DRS). Universidade Corporativa Banco do Brasil,
Brasília, 2008.
Revista VEJA, matéria “Lucros dos Bancos”, edição de Maio de 2009.
THE GLOBAL COMPACT. O Pacto Global. Disponível em: http://www.pactoglobal.
org.br. Acesso em: 04/03/2009.
http://www.pga.pgr.msf.gov.br/educacao
48
ZAPATA, T. (2006). In: “DRS, Sustentabilidade no mundo dos negócios”.
Teletreinamento Rede Aberta, TVBB, 2009.
49
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - CONTEXTUALIZAÇÃO 13 1.1 - Histórico evolutivo de RSA 13 1.2 - Conceitos (Sustentabilidade, Desenvolvimento sustentável, Responsabilidade socioambiental e Agenda 21) 18 1.3 - RSA no mundo empresarial e no setor financeiro 20
CAPÍTULO II - RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO BANCO DO
BRASIL 24
2.1 – Histórico 24 2.2 - RSA na estratégia corporativa 25 2.3 - Principais compromissos públicos do BB com a sustentabilidade 26 2.4 - Gestão da RSA no BB 27 2.5 - RSA na prática: Agenda 21 do BB 28
CAPÍTULO III – RESULTADOS PARA A SOCIEDADE 34
3.1 - Metas e Resultados 34 3.2 - Retorno para os diversos públicos de relacionamento 36 3.3 - Benefícios para o país, regiões e estados 39 3.4 - Reconhecimentos e prêmios 40
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 46 ÍNDICE 49
50
FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito:
AGRADECIMENTOSSUMÁRIOCAPÍTULO I- CONTEXTUALIZAÇÃO13CAPÍTULO II - RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO BANCO DO BRASIL24CAPÍTULO III – RESULTADOS PARA A SOCIEDADE34
CONCLUSÃO42BIBLIOGRAFIA46CAPÍTULO I- CONTEXTUALIZAÇÃO13CAPÍTULO II - RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO BANCO DO BRASIL24CAPÍTULO III – RESULTADOS PARA A SOCIEDADE34
CONCLUSÃO 42BIBLIOGRAFIA 46
Recommended