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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
LAVAGEM DE DINHEIRO NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Por: Camila Trotta Gomes Collares
Orientador
Prof. Luciano Gerad
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
LAVAGEM DE DINHEIRO NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Apresentação de monografia a Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
conclusão do curso de Pós-Graduação “Latu Sensu”
em Auditoria e Controladoria.
Por: . Camila Trotta Gomes Collares
3
AGRADECIMENTOS
...ao meu marido, amigos, parente e
todas as pessoas que me ajudaram a
alcançar mais essa conquista.
4
DEDICATÓRIA
...dedico unicamente ao meu marido por
mais essa vitória.
5
RESUMO
O trabalho conceitua a lavagem de dinheiro e suas práticas descrevendo os
métodos mais tradicionais de lavagem.
Aborda como prioridade os procedimentos que podem ser feitos para prevenir
e combater o crime de lavagem de dinheiro junto às instituições financeiras,
para não expô-las, bem como seus profissionais que, definido pela legislação,
tem a responsabilidade de estarem atentos e seguirem as instruções
necessárias para cumprimento efetivo e adequado de prevenção a lavagem de
dinheiro.
Como método foi utilizado a pesquisa bibliográfica, com característica descrita.
Ao final do trabalho conclui-se que a prevenção e o combate a lavagem de
dinheiro por parte das instituições financeiras, mais que uma obrigação legal é
um compromisso com os cidadãos de bem que trabalham arduamente para
construírem um país digno de se viver.
6
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado com base em artigos coletados na internet e na
legislação em vigor no Brasil.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Origem, Conceito e Caracterização
da Lavagem De Dinheiro 10
CAPÍTULO II - Os Danos Causados Pela Prática
De Lavagem De Dinheiro 14
CAPÍTULO III – Prevenção e Combate à Lavagem
de Dinheiro em Instituições Financeiras 20
CONCLUSÃO 23
BIBLIOGRAFIA 24
ÍNDICE 25
8
INTRODUÇÃO
A lavagem de dinheiro é, atualmente, tema constante em periódicos,
noticiários e na mídia em geral. No entanto, a ameaça representada por essa
atividade criminosa assola a comunidade internacional há muito tempo.
A primeira notícia da atuação dos criminosos no sentido de ocultar a
origem ilícita de seu capital se dá nos anos 20, quando se utilizavam lava-
rápidos, ou lavanderias para atingir seus objetivos. Alguns autores acreditam
que a expressão lavagem de dinheiro seja proveniente deste mecanismo.
Mesmo se assim não fosse, a expressão em si é bastante eloqüente:
Etimologicamente, ‘lavar’ vem do latim lavare, e um de seus significados é
‘tornar puro’, enquanto dinheiro vem do latim vulgar denarius, ou cada dez, que
correspondia a uma moeda romana, e que hoje significa ‘moeda corrente’.
Portanto "lavar dinheiro", consiste em, literalmente, tornar pura a moeda
corrente, que facilmente nos leva à idéia de que para isso deve-se transformar
em lícita a origem ilícita do capital adquirido em atividades criminosas.
Há muito tempo os Estados se preocupam com a chamada lavagem
de capitais, que movimenta anualmente mais de 1,5 trilhão de dólares, obtidos
através de atividades ilícitas. Por muito tempo esse capital foi livremente
integrado ao mercado financeiro e à sociedade, usando as instituições
financeiras e as empresas comerciais para dar uma forma aparentemente lícita
ao capital gerado por atividades criminosas.
Devido ao impacto que tal atividade causa a economia mundial, a
comunidade internacional percebeu a necessidade de intervir. Muitas
discussões e debates foram realizados, resultando na elaboração da
Convenção das Nações Unidas Contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e
Substâncias Psicotrópicas, concluída em Viena, a 20 de dezembro de 1988 e
na Declaração de Princípios do Comitê da Basiléia sobre as regras e práticas
de controle das operações bancárias, datada de 12 de dezembro do mesmo
ano; marcos da luta contra a lavagem de capitais e o narcotráfico, e base para
a maioria das legislações internas sobre o assunto.
9
A partir de tais documentos, o "G-7 Summit" de 1989 - encontro dos
sete países mais desenvolvidos - realizado em Paris, criou a chamada
"Financial Action Task Force on Money Laudering" (FATF), também conhecida
como Grupo de Ação Financeira sobre o Branqueamento de Capitais (GAFI),
que é uma força tarefa mundial de repressão à lavagem de dinheiro,
envolvendo mais de trinta Estados membros, com o intuito de desenvolver
políticas de combate ao branqueamento de capitais, em âmbito tanto interno
quanto internacional.
Tal força tarefa tem caráter intergovernamental, e provocou uma
mudança significativa no modo de combate à lavagem de dinheiro, elaborando
um novo instrumento de combate à entrada do dinheiro proveniente da
atividade ilícita na sociedade – As suas 40 recomendações. E é exatamente a
influência que este documento exerce na comunidade internacional que se
pretende demonstrar com essa pesquisa.
Como o tema abordado é polêmico e pouco tratado no universo
jurídico brasileiro, procura-se com esta pesquisa, ainda, demonstrar a
importância da criação do GAFI e a atuação do Brasil nesta organização, tendo
por escopo a análise do que já foi feito e as providências a serem tomadas na
luta contra a lavagem de dinheiro.
10
CAPÍTULO I
ORIGEM, CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DA
LAVAGEM DE DINHEIRO
A expressão “Lavagem de Dinheiro” teve sua origem nos Estados
Unidos (Money Laundering). Acredita-se que ela tenha sido criada para
caracterizar o surgimento, por volta dos anos 20, de uma rede de lavanderias
que tinham por objetivo facilitar a colocação em circulação do dinheiro oriundo
de atividades ilícitas, conferindo-lhe a aparência de lícito (CASTELLAR, 2004).
Dada a imediata compreensão do seu significado, mesmo pelo público
mais leigo, esta expressão foi rapidamente incorporada por diversos países,
tais como Portugal (Branqueamento de Capital), França e Bélgica (Blanchiment
d´Argent), Itália (Reciclagio del Denaro), Espanha (Blanqueo de Dinero) e
Colômbia (Lavado de Activos).
Pela definição mais comum, a lavagem de dinheiro constitui um conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada país dos recursos, bens e serviços que se originam ou estão ligados a atos ilícitos (COAF).
A despeito das inúmeras definições existentes de Lavagem de
Dinheiro, e das pequenas variações que a expressão possa ter de um país
para outro, todas, sem exceção, referem-se à intenção de ocultar a origem
ilegal de recursos para que, num momento posterior, eles possam ser
reintroduzidos na economia revestidos de legitimidade.
Para caracterização do crime de lavagem de dinheiro, os bens, direitos
e valores devem ser provenientes, direta ou indiretamente, das atividades
tipificadas como crimes antecedentes, que são:
1) de tráfico de drogas;
2) de terrorismo e seu financiamento;
11
3) de contrabando ou tráfico de armas;
4) de extorsão mediante seqüestro;
5) contra a administração pública - corrupção;
6) contra o sistema financeiro nacional;
7) praticado por organização criminosa;
8) praticado por particular contra a administração
pública estrangeira
Teoricamente, os mecanismos mais utilizados no processo de lavagem
de dinheiro envolvem três etapas independentes que, não raro, se dão
simultaneamente. São elas: colocação, camuflagem e integração.
A colocação é a etapa em que o criminoso introduz o dinheiro “sujo” no
sistema econômico mediante depósitos, compra de instrumentos negociáveis
ou compra de bens. O fracionamento dos valores que transitam pelo sistema
financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que, normalmente,
trabalham com dinheiro em espécie são alguns dos artifícios dos quais os
criminosos se valem para dificultar a identificação da procedência do dinheiro.
Ainda que a lavagem de dinheiro possa ser efetuada em qualquer
lugar, há, evidentemente, uma preferência pelos países que possuem regras
mais permissivas e/ou um sistema financeiro considerado liberal. Outro
aspecto também considerado é o empenho das autoridades no controle das
operações financeiras: quanto menor a possibilidade de identificação e
incriminação dos envolvidos, melhor. De todo o processo, esta é a etapa que
oferece mais risco para os criminosos, tendo em vista a proximidade do
dinheiro com as suas origens.
Com a estratificação, difusão ou camuflagem, ocorre a primeira
tentativa de encobrimento ou disfarce profundo da fonte do dinheiro criando
camadas complexas de transações financeiras e/ou comerciais projetadas
para disfarçar o rastro de origem e prover anonimato.
12
O propósito da camuflagem ou estratificação é de desassociar o
dinheiro ilegal da fonte do crime criando uma teia complexa de transações
financeiras e/ou comerciais com o propósito de dificultar a identificação de
qualquer rastro por parte de investigadores e caçadores e ao mesmo tempo
esconder a verdadeira fonte e propriedade dos fundos e criar uma nova
justificativa "limpa" para a origem dos mesmos.
Tipicamente "camadas de camuflagem" são criadas transferindo, por
meio de transferências eletrônicas, o dinheiro dentro e fora de contas
bancarias off-shore abertas, em países diferentes, em nome de sociedades de
fachada com ações ao portador.
Dado que há mais de 500,000 operações de transferência eletrônica
por dia - representando mais de USD 1 trilhão - a nível mundial, a grande
maioria das quais legítimas, não é possível (ou pelo menos não é nada fácil)
distinguir as transações envolvendo dinheiro de origem ilícita das outras. Isso
fornece um meio eficiente para que os lavadores movimentem o dinheiro sujo.
Outras formas usadas pelos lavadores são procedimentos complexos com
ações, commodities e futuros. Dado o volume global de transações diárias, e o
alto grau de anonimato freqüentemente disponível, as chances que as
transações sejam localizadas é bem pequena quando não insignificante.
Os lavadores têm ainda a possibilidade de utilizar determinadas
operações comerciais (compras e vendas de produtos entre países diferentes)
nas etapas de camuflagem, este último sistema com suas numerosas variantes
parecem estar na moda nos últimos tempos.
Uma destas variantes merece menção por representar uma tendência em
ascensão. Uma empresa ou entidade estrangeira contata uma indústria,
comerciante ou trader (muitas vezes de commodities) e fecha um grande
contrato de compra com relativo pagamento a vista (vindo de algum paraíso
fiscal), sucessivamente, e conforme cláusula prevista no contrato, esta
empresa resolve anular a compra e pede a devolução do pagamento, menos
eventuais multas, para uma outra conta em um país "não suspeito".
Como variante a empresa simplesmente cede/vende com algum
deságio o contrato de compra (em vez de anular-lo com multa) para algum
13
operador do setor, tipicamente em países do primeiro mundo, recebendo o
pagamento relativo via banco em "país não suspeito".
A fase final do processo, freqüentemente interligada ou as vezes
sobreposta a etapa anterior.
É nesta fase que o dinheiro é definitivamente integrado no sistema
econômico e financeiro e é assimilado com todos os outros ativos existentes
no sistema.
A integração do "dinheiro limpo" na economia é realizada pelo lavador
que, através das etapas anteriores, faz com que este dinheiro apareça como
se tivesse sido ganho legalmente. Nesta fase, é sumamente difícil distinguir
riqueza legal e ilegal.
A maneira em que são executadas as etapas básicas descritas
anteriormente depende, sobretudo da disponibilidade de mecanismos e canais
de lavagem e de brechas legais, mas também depende das necessidades
específicas das organizações criminais. Esta tabela fornece alguns exemplos
típicos.
Etapa da Colocação Etapa da Camuflagem Etapa da Integração Dinheiro depositado em banco (ás vezes com a cumplicidade de funcionários ou misturado a dinheiro lícito).
Transferência Eletrônica no exterior (freqüentemente usando companhias escudo ou fundos mascarados como se fossem de origem lícita).
Devolução de um falso empréstimo ou notas forjadas usadas para encobrir dinheiro lavado.
Dinheiro exportado. Dinheiro depositado no sistema bancário no exterior.
Teia complexa de transferências (nacionais e internacionais) faz com que rastrear a origem dos fundos seja virtualmente impossível.
Dinheiro usado para comprar bens de alto valor, propriedades ou participações em negócios.
Revenda dos bens/patrimônios.
Entrada pela venda de imóveis, propriedades ou negócios legítimos aparece "limpa".
14
CAPÍTULO II
OS DANOS CAUSADOS PELA PRÁTICA DE LAVAGEM
DE DINHEIRO
Para quem pratica crimes, ‘lavar dinheiro’ é fundamental: torna
possível usufruir dos lucros obtidos com a atividade criminosa (seja em
proveito próprio, seja para refinanciar novos delitos); protege estes valores
contra bloqueio e confisco, e minimiza os riscos de que o agente do crime seja
‘apanhado’ pelas autoridades (Polícia e Ministério Público).
Além dos óbvios prejuízos à administração da Justiça – que tem
interesse em apurar e punir os crimes – quais são os danos que a lavagem de
dinheiro provoca?
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que os danos deste delito são
dificilmente quantificáveis. A lavagem de dinheiro, por sua própria natureza,
está orientada para o sigilo, não se prestando, por isso, a análises estatísticas.
Não existem estimativas confiáveis sobre a magnitude do problema em nível
global, o que não significa que ele não seja grave, e não mereça a atenção de
todos os países (SCHOTT, 2005).
Se quem ‘lava’ dinheiro não documenta a amplitude de suas
operações nem divulga o montante dos lucros, as dificuldades para estimar o
volume de dinheiro ‘lavado’ aumentam em razão do caráter transnacional do
crime: os valores são movimentados, com freqüência, através de vários países,
para aproveitar as diferenças entre os regimes antilavagem de dinheiro.
Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (IPES 2005
- UNLOCKING CREDIT: The Quest for Deep and Stable Bank Lending)
relaciona as seguintes implicações na lavagem de dinheiro:
15
a) distorções econômicas
Em geral, quem 'lava' dinheiro não visa, primordialmente, ao lucro.
Quando realiza algum investimento, seu interesse é o de proteger os
rendimentos da atividade criminosa e disfarçar sua origem ilícita. Por isso, os
fundos podem ser colocados em atividades ineficientes, o que prejudica o
crescimento da economia como um todo (mesmo que não seja raro encontrar,
entre os vários negócios de quem 'lava' dinheiro, atividades legítimas que se
sustentam a si próprias)
O prejuízo ao desenvolvimento do setor privado decorre do fato de as
decisões de investimento não decorrerem de uma motivação econômica
normal, visando apenas misturar o rendimento da atividade ilícita com dinheiro
legítimo. Em razão disso, quem lava dinheiro oferece produtos a preços
inferiores aos de mercado, ou até mesmo inferiores ao custo de fabricação,
prejudicando enormemente a concorrência (em especial, os negócios que
cumprem com suas obrigações tributárias, trabalhistas e sociais).
O crescimento de atividades criminalmente organizadas no setor
privado apresenta efeitos macroeconômicos negativos a longo prazo. Essa
instabilidade monetária pode causar um deslocamento irremediável de
recursos pela distorção dos preços dos ativos (assets) e das mercadorias
(commodities).
Mais ainda: a lavagem de dinheiro pode trazer modificações
inexplicáveis na demanda de dinheiro, e uma maior volatilidade dos fluxos de
capital internacional; das taxas de juros e das taxas de câmbio, devidas às
movimentações transfronteiriças inesperadas de moeda.
Ou seja, a lavagem de dinheiro pode resultar em instabilidade, perda
do controle e distorção econômica, tornando mais difícil a implementação das
políticas econômicas dos Estados.
16
b) risco à integridade e à reputação do sistema financeiro
Problemas de liquidez e de corrida aos bancos podem ocorrer quando
grandes somas de dinheiro ‘lavado’ chegam às instituições financeiras ou delas
rapidamente desaparecem. Esses movimentos, é claro, não são determinados
por fatores de mercado. Em realidade, a lavagem de dinheiro pode provocar a
quebra de bancos ou de outras instituições, além de crises financeiras.
Além disso, a lavagem de dinheiro pode manchar a reputação e a
confiabilidade de uma instituição financeira (como ocorre, por exemplo, quando
se torna público que um determinado banco se presta a grandes operações de
lavagem de dinheiro). Os prejuízos são perfeitamente mensuráveis quando, em
razão do envolvimento com esse tipo de atividade, a instituição vem a sofrer
penalidades, tais como a imposição de pesadas multas, a inabilitação
temporária ou a cassação de autorização para operação ou funcionamento.
A partir do momento em que isso acontece, os efeitos prolongam-se
para além do setor, afetando advogados, contadores e outros profissionais.
Essa reputação negativa pode provocar a diminuição das oportunidades
profissionais lícitas e a atração das atividades criminosas, resultando em
efeitos negativos para o desenvolvimento econômico de um país na economia
global.
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, apesar de terem
missões fundamentalmente diferentes, trabalham em conjunto em todas as
suas iniciativas relativas à prevenção e à repressão da lavagem de dinheiro e
do financiamento do terrorismo. As Direções Executivas dessas instituições
reconheceram, em abril de 2001, que a lavagem de dinheiro é um problema
que preocupa o mundo inteiro e afeta tanto os principais mercados financeiros
quanto aqueles de menor expressão.
17
O Banco Mundial identifica, na lavagem de dinheiro, efeitos
econômicos, sociais e políticos potencialmente devastadores para os países
em vias de desenvolverem as economias nacionais.
O Fundo Monetário Internacional, por seu turno, considera que a
lavagem de dinheiro apresenta uma vasta gama de conseqüências
macroeconômicas. Essa instituição afirma que a comunidade internacional
tornou prioritária a 'luta' contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do
terrorismo.
Entre os objetivos de seus esforços estão a proteção da integridade do
sistema financeiro internacional, o corte dos recursos disponíveis para os
terroristas e o aumento da dificuldade para os criminosos lucrarem com seus
crimes. O FMI está especialmente preocupado com as possíveis
conseqüências da lavagem de dinheiro na economia dos países em razão dos
riscos à saúde e à estabilidade das instituições financeiras e dos sistemas
financeiros; do aumento da volatilidade dos fluxos de capital internacional; das
mudanças imprevisíveis na procura de dinheiro; e do aumento das taxas de
câmbio como conseqüência do volume imprevisto de transferências
transnacionais.
c) diminuição dos recursos governamentais
A normal fonte de recursos governamentais é a arrecadação de
impostos - a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal estão intimamente
relacionadas, mas seus processos diferem. A sonegação fiscal, normalmente,
significa a ocultação de receita legal, ao passo que a lavagem de dinheiro faz
exatamente o oposto: oculta receita ilegal. Na verdade, quem 'lava dinheiro'
pode chegar a declarar receita maior do que a efetivamente havida por um
negócio legítimo, a fim de adicionar a esta os rendimentos de uma atividade
criminosa, mesmo que, em razão disso, pague mais impostos. Normalmente,
contudo, a lavagem de dinheiro dificulta a arrecadação de impostos e diminui a
receita tributária porque as transações a ela relacionadas ocorrem na
18
economia informal (ou ilegal), o que, em último caso, prejudica a quem paga
corretamente seus tributos.
d) repercussões socioeconômicas
Se não for satisfatoriamente enfrentada, a lavagem de dinheiro
possibilita o crescimento do crime em geral, o que traz maiores problemas
sociais e aumenta os custos implícitos e explícitos do sistema penal como um
todo (abrangendo, inclusive, os órgãos de polícia e de segurança pública).
A lavagem de dinheiro reforça a impunidade, pois permite àquele que
praticou um delito usufruir do proveito ilicitamente obtido, ao mesmo tempo em
que se capitaliza para refinanciar novas atividades criminosas. Reprimir a
lavagem de dinheiro significa, portanto, atacar as conseqüências do crime que
gera lucros.
Existe um claro elo entre a lavagem de dinheiro e a corrupção:
freqüentemente, funcionários de bancos, de seguradoras e de outras
instituições financeiras são cooptados para possibilitarem a prática das
operações que instrumentalizam o delito. Essa corrupção afeta a confiança do
mercado financeiro e se estende a outras formas de criminalidade, como a
fraude e a extorsão. Mas a corrupção não se limita à esfera privada: grande
parte do dinheiro público, necessário para a economia de países em
desenvolvimento, acaba parando em contas bancárias, localizadas em
importantes centros financeiros do mundo todo. Assim, a lavagem de dinheiro
pode ser responsável pelo aumento dos níveis de pobreza da população de
um país.
Considerando que os países mais pobres são mais vulneráveis ao
crime organizado, pode-se afirmar que os efeitos socioeconômicos da lavagem
de dinheiro são potencializados nos mercados emergentes.
19
Quando se tem em conta a altíssima rentabilidade de crimes como, por
exemplo, o tráfico de drogas (que lucra com a miséria humana - a dependência
química de jovens cidadãos); as fraudes praticadas contra os cofres da
Previdência e da Assistência Social (em prejuízo de milhares de beneficiados e
de segurados); os desvios de recursos públicos, destinados a programas
sociais, obtidos por meio da corrupção de agentes públicos; os crimes contra o
sistema financeiro (erodindo instituições bancárias, os investimentos e a
poupança popular); e tantos outros efeitos deletérios dessa criminalidade -
aumento da violência urbana, descrédito das instituições públicas - não parece
difícil relacionar o dinheiro obtido com esses crimes ao indivíduo e à
sociedade.
20
CAPÍTULO III
PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO
EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
O combate à “Lavagem de Dinheiro” tem mostrado que
determinados tipos de entidades, setores e atividades são mais visados pelos
criminosos em razão de algumas particularidades, tais como: complexidade de
operações; rapidez de decisões; controle fraco ou insuficiente de negociações,
bem como das partes envolvidas; falta de registro de operações; alto índice de
liquidez; subjetividade na avaliação de bens etc.
No Brasil, as instituições financeiras, que representam, em seu
conjunto, um dos setores mais visados pelas organizações criminosas para a
realização de operações de lavagem de dinheiro, são controladas pelo Banco
Central do Brasil (BACEN).
As novas tecnologias que não param de surgir e a globalização de
serviços financeiros viabilizam a circulação de dinheiro com velocidades até
então nunca vivenciadas, geralmente envolvendo transações complexas,
dentre as quais podemos destacar a incessante busca por taxas de juros mais
atraentes, a compra e venda de divisas e ativos, bem como as operações de
empréstimo e financiamento e operações internacionais de mútuo.
Conheça o cliente adequadamente e suas atividades profissionais/
econômicas, que, além de ser requisito das normas que regem as instituições
financeiras e tradicional prática bancária, é uma das medidas fundamentais
adotadas para evitar a “Lavagem de Dinheiro”.
Analise com cuidado os documentos apresentados pelo cliente
potencial, tais como Estatuto/Contrato social e Ata elegendo a atual diretoria
da empresa;
Analise a atividade econômica/capacidade financeira do cliente, desta
forma a análise de crédito de cada cliente reveste-se de maior importância;
21
Mantenha o cadastro do cliente atualizado a fim de verificar se
houveram alterações na sua atividade econômico-financeira;
Acompanhe as movimentações e operações do cliente, verificando se
estas são compatíveis com a atividade econômica e capacidade financeira;
Colabore com as autoridades - policiais judiciárias, e órgãos
reguladores quando de indícios de situações confirmadas de fraudes,
respeitadas as condições legais.
Atenção especial deve ser dispensada principalmente pelas áreas que
trabalham diretamente com recursos de terceiros, objetivando, se possível,
inibir a atividade criminosa antes que ela ingresse no banco.
Quando não dispuser de claras evidências sobre a legitimidade das
transações, comunicarem tal fato, sem o conhecimento do cliente, ao diretor
Estatutário e/ou Departamento responsável pelo monitoramento de Prevenção
e Combate a Atos Ilícitos.
PEP – PESSOAS POLITICAMENTE EXPOSTAS
Em atendimento à Circular 3.339 que dispõe acerca dos
procedimentos a serem observados para o acompanhamento das
movimentações financeiras de pessoas politicamente expostas – PEP, a
instituição financeira deve:
• Identifica a origem dos fundos envolvidos nas transações dos
clientes, podendo ser considerada à compatibilidade das operações como
patrimônio constante dos cadastros respectivos.
• Solicita a autorização prévia da alta gerência para o estabelecimento
de relação de negócios com pessoa politicamente exposta – PEP ou para o
prosseguimento de relações já existentes quando o cliente passe a se
enquadrar como pessoa politicamente exposta.
• Adota medidas de vigilância reforçada e contínua da relação de
negócio mantida com o cliente PEP.
• Dedica especial atenção a propostas de início de relacionamento e a
operações oriundas de países com os quais o Brasil possua elevado número
22
de transações financeiras e comerciais, fronteiras comuns ou proximidade
étnica, lingüística ou política.
23
CONCLUSÃO
Das informações apresentadas neste trabalho podem-se extrair
algumas conclusões. A primeira delas é que a “lavagem de dinheiro” já há
muito tempo, deixou de ser um crime de autoria somente de grandes
organizações criminosas, como os mafiosos e traficantes, sendo praticado
regularmente, também, por cidadãos comuns, pessoas a quem jamais se
chamaria de criminosas.
É preciso que haja o comprometimento de todos no sentido de refutar
toda e qualquer conduta que vá de encontro ao bem estar comum. Mas, para
que isso seja possível, é necessário que certos conceitos básicos como ética,
moral, cidadania, coletividade, legalidade, responsabilidade, dentre outros,
sejam resgatados.
A Lei 9.613/98 e suas normas complementares surgiram, como se viu,
no intuito de coibir esta prática tão nefasta que é a “lavagem de dinheiro”.
Contudo, as expectativas criadas pela entrada em vigor desta legislação, ao
que parece, estão muito além da sua real capacidade de alcance. Há muitas
questões jurídicas difíceis de serem solucionadas, na maioria das vezes,
envolvendo aspectos constitucionais. Além disso, há uma série de dificuldades
de ordem prática, como por exemplo, carência de pessoal especializado e
equipamento de ponta para auxiliar/otimizar as investigações e o levantamento
de provas.
Mesmo assim, a despeito das deficiências até agora apontadas, há
que se reconhecer que houve avanços e que isso é muito importante. O que
não se pode permitir, é que na falta de condições ideais de atuação, o Estado
aja com pouco rigor, ou deixe de agir, para que suas ações não sejam
frustradas.
24
BIBLIOGRAFIA
Circular n° 3.461, de 24 de julho de 2009. Disponível em: <
https://www3.bcb.gov.br >. Acesso em: 10/02/2010.
COAF – CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS.
Disponível em <http://www.fazenda.gov.br/coaf>, acessado em 20/12/2010.
Ministério Público Federal. Disponível em: <http://gtld.pgr.mpf.gov.br/lavagem-
de-dinheiro/danos/ >Acesso em 04/04/2010
CASTELLAR, João Carlos. Lavagem de dinheiro: a questão do bem jurídico.
Rio de Janeiro, Revan, 2004. 210p. Tese de mestrado.
Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou
ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema
financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras – COAF, e dá outras providências. Disponível em
<http://www.cosif.com.br/> Acesso em 04/04/2010
25
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Origem, Conceito e Caracterização
da Lavagem De Dinheiro 10
CAPÍTULO II
Os Danos Causados Pela Prática
De Lavagem De Dinheiro 14
CAPÍTULO III
Prevenção e Combate à Lavagem
de Dinheiro em Instituições Financeiras 20
CONCLUSÃO 23
BIBLIOGRAFIA 24
ÍNDICE 25
Recommended