UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES · INSTITUTO A VEZ DO MESTRE TDAH NAS PRIMERIAS SÉRIES DO ENSINO...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

TDAH NAS PRIMEIRAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: MARIA AMÉLIA DA COSTA DARIS

Orientador: Prof. Flávia Carvalho Cavalcanti da Silva

Rio de Janeiro (2009)

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TDAH NAS PRIMERIAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia.

Por: . Maria Amélia da Costa Daris

Turma: 035 Matr. C204318

3

AGRADECIMENTOS,

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois sem ele eu nada seria...eu nada

faria... tudo que sou, tudo que tenho, é graças a ele;

Agradeço aos meus filhos, Robson e Raíssa, e meu marido, pelo incentivo

e colaboração e principalmente por compreenderem a troca temporária (muitos...)

dos momentos destinados à eles, pelo, estudo;

A minha mãe, mulher guerreira e amiga. Esteve comigo em todos os momentos,

me incentivando e me apoiando, obrigada mamãe!

Á todos os meus familiares e amigos, que de alguma forma contribuíram para esta

minha realização;

Aos meus amigos e amigas, pela troca maravilhosa, pelo incentivo...

Às minhas orientadoras pedagógicas e educacional: Cleudeslene, Sílvia e Maria

Isabel, pelo incentivo, apoio, subsídios...

Ao meu pai, (In Memória), meu grande incentivador, ensinou-me a lutar

por meus ideais... saudades.

4

DEDICATÓRIA

.Ao meu pai, Carmindo Apolinário da Costa, (in memória),

e minha mãe, Inês Maria da Costa,

ensinaram-me a ter perspectivas e acreditar na possibilidade de grandes

realizações...

5

RESUMO

Este estudo teve como objetivos apresentar características do Transtorno de

Déficit de Atenção e Hiperatividade e identificar estratégias para tornar possível

um relacionamento saudável de crianças portadoras de TDAH, no âmbito escolar,

com colegas, professores, demais profissionais da escola e pais. Além de

apresentar um breve histórico sobre o Transtorno. Caracterizar claramente

atitudes e comportamentos do aluno portador de TDA/H. Sugerir alguns

procedimentos imprescindíveis e relevantes para uma prática docente profícua,

estruturas das salas e manejo de comportamentos, afim de otimizar a relação

professor x aluno portador de TDAH. Possibilitar através de novos conhecimentos

que a permanência desta criança na escola seja algo prazeroso, estimulante e

produtivo. Informar a sociedade escolar e familiar, sobre a necessidade de

tratamento dos alunos em epígrafe. Por fim, enfatizar a importância de todas as

pessoas envolvidas com criança portadora de Transtorno de Déficit de Atenção e

hiperatividade, se informarem cada vez mais sobre o assunto, no intuito de

transformar este convívio em algo menos conflituoso.

6

METODOLOGIA

No sentido de elucidar questionamentos relativos ao portador de Transtorno de

Déficit de Atenção e Hiperatividade, utilizei as obras: Phelan, (2005), Dupaul &

Stoner, (2007), Schwartzman, (2008), Sena & Neto, (2007), Mattos, (2001). Rohde

& Benczilk, (1999). Pesquisa em sites: ABDA (Associação Brasileira de Déficit de

Atenção), site Fala Professor!, Apostilas, e Impressos, O trabalho foi estruturado

em 3 capítulos:

No primeiro capítulo, busquei situar historicamente o Transtorno de déficit

de Atenção e Hiperatividade.

No segundo capítulo, apresentei características, sintomas e possíveis

consequências da TDA/TDAH. E finalmente, o terceiro capítulo, onde busco

identificar estratégias, intervenções e habilidades no trato com essas crianças,

para que tornem suas vidas mais satisfatórias.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................08

CAPÍTULO I - Histórico ........................................... 10

CAPÍTULO II - Características.................................. 16

2.1.Subtipos de TDAH.................................................17

2.2- Como definir portadores de TDAH....................... 23

2.3- Como fazer o diagnóstico?.................................. 26

2.4- Co-morbidades.....................................................27

CAPÍTULO III – Estratégias e Intervenções............... 31

3.1- Algumas dicas para o professor...........................35

3.2- Oferta de Apoio ao professor .............................. 37

3.3 – Tratamento e Epidemiologia...........................40/42

CONCLUSÃO.......................................................... 43

BIBLIOGRAFIA......................................................... 44

ÍNDICE.................................................................... . 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................ 47

8

INTRODUÇÃO

Atualmente, mães e professores convivem com o grande desafio de

conduzirem seus filhos e alunos portadores de TDA/TDAH. A grande dificuldade

se dá pelo fato, talvez de desconhecerem profundamente o assunto, dificultando

as relações interpessoais e o processo de ensino aprendizagem da criança.

Este trabalho é dedicado a pesquisas bibliográficas, com o objetivo de

coletar dados que contribua para a otimização da relação Aluno portador de

TDA/TDAH X Professor X família. Apresentar características do TDA/TDAH e

identificar estratégias para tornar possível um relacionamento saudável com

colegas, professores e profissionais da escola. Caracterizar claramente atitudes e

comportamentos do aluno portador de TDA/H. Contribuir com a sociedade escolar

e familiar, no tratamento com os alunos em epígrafe.

Uma vez que pais, professores e demais profissionais da educação,

estejam bem informadas sobre o funcionamento cerebral de uma criança

portadora de TDA/TDAH, os possíveis tratamentos e maneira de como lidar com

esta realidade, cada vez mais comum e desafiadora, teremos uma mudança

comportamental, que irá trazer benefícios para todos os envolvidos,

principalmente a criança.

Os primeiros sintomas aparecem logo no início da Educação Infantil, porém

as dificuldades serão maiores logo nas primeiras séries do Ensino Fundamental,

quando a criança necessita de estar mais atenta e participativa às atividades a ela

proposta. Nesta fase é comum o educador encontrar dificuldades para conduzir as

aulas em classes onde existam alunos com esta especificidade (TDA/TDAH).

9 No sentido de elucidar tais questionamentos utilizarei as seguintes obras:

Phelan, (2005), Dupaul, Stoner, (2007), Schwartzman, (2008), Sena, Neto, (2007),

Mattos, (2001). O trabalho será estruturado em 3 capítulos:

No primeiro capítulo, busco situar historicamente o Transtorno de déficit de

Atenção e Hiperatividade. No segundo capítulo, apresentarei características,

sintomas e possíveis consequências do TDA/TDAH. E finalmente, o terceiro

capítulo, onde busco identificar estratégias, intervenções e habilidades no trato

com essas crianças, para que tornem suas vidas muito mais satisfatórias do que

era antes.

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CAPÍTULO I

1. Histórico

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H) é uma síndrome

neurobiológica. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1845 pelo

psiquiatra alemão Heinrich Hoffmann no livro Zappelphilipp.

Em 1902, foi descrita de forma mais completa por George Fredick Still.

Descreveu, em uma série de conferências, crianças que apresentavam

comportamentos descritos como agressivos, desafiantes, indisciplinantes, cruéis,

com dificuldades na atenção e com pouco controle. Essas crianças apresentariam,

na visão do Dr. Still, o que ele chamou de um “Defeito no Controle Mental”. Ele

sugeriu que essas crianças teriam dificuldade na inibição de respostas aos

estímulos e identificou algum tipo de influência hereditária.

Meyer (1904), e Goldstein (1936) observaram comportamentos similares

aos descritos por Still em crianças que haviam sofrido lesões cerebrais

traumáticas e sugeriram que seriam, segundo esses autores, decorrentes das

lesões adquiridas.

Amam (1922), observou o quadro comportamental similar em crianças que

haviam tido encefalite epidêmica em 1917-18. Essas crianças, até então normais,

passaram a apresentar problemas no que se refere à manutenção/concentração,

regulação do afeto e da memória. Uma vez que essas crianças eram

sobreviventes da encefalite, o autor interpretou os problemas comportamentais

como seqüelas do processo inflamatório do SNC.

A partir dessa suposição, passou a prevalecer o seguinte raciocínio: se

aquelas crianças, até então normais que apresentavam esse mesmo tipo de

insulto cerebral e, para se referir a essas crianças que, mesmo sem evidência

objetiva de lesão cerebral, se comportavam dessa forma peculiar, passaram a

11utilizar o rótulo de Lesão Cerebral Mínima “(LCM). Quando se referiam a LCM, os

médicos queriam chamar a atenção para o fato de que não havia evidência segura

de um insulto ao SNC, mas que o comportamento presente sugeria que esse

insulto tivesse, de fato ocorrido em algum momento. não se fazia, ainda distinção

entre o quadro comportamental e eventuais dificuldades de aprendizagem escolar,

e era muito comum que diferentes profissionais atribuíssem , ao diagnóstico,

sentidos muitos diversos. Para os médicos, o termo LCM se referia mais

especificamente aos comportamentos já descritos, enquanto que, para os

educadores, referia mais diretamente aos problemas de aprendizagem.

Em 1941 e 1947, Strauss e colaboradores difundiram a noção de

Lesionamento Cerebral como termo a ser aplicado em indivíduos com certos tipos

de comportamento, e, até os dias atuais, alguns autores se referem ao quadro de

Hiperatividade como “Síndrome de Strauss”.

Este termo foi introduzido por Laufer e Denhoff, em 1957, e por Stella

Chess, em 1960, mantendo-se a noção de que seria causada por uma lesão no

SNC. A escolha desse nome refletia a idéia, então mais aceita, de que o sintoma

principal da condição era o excesso de atividade motora.

A denominação de LCM foi abandonada após a realização de um encontro

em Oxford (Inglaterra), durante o qual se optou por utilizar o termo “Disfunção

Cerebral Mínima” (DCM). Proposto por Clements e Peters em 1992, e que

encontrou ampla receptividade, inclusive no Brasil, onde ainda hoje é

eventualmente utilizado.

Essa mudança na terminologia utilizada se deu em razão do

reconhecimento de que as evidências de que essas crianças teriam sofrido

alguma forma de lesão cerebral nunca puderam ser obtidas.

Àquela época, admitia-se uma relação muito forte entre as dificuldades na

aprendizagem escolar e o comportamento Hiperativo. No entanto devemos

12assinalar que o modelo médico ainda privilegiava o quadro comportamental,

enquanto o modelo pedagógico privilegiava o aspecto da aprendizagem.

Não raramente, ouvimos ou até presenciamos em nossas famílias,

situações em que crianças, após longos anos freqüentando a escola, sem, no

entanto, obter qualquer rendimento, desistia e se conformavam com o fracasso.

Seus pais, freqüentemente chamados à escola, ouviam as seguintes reclamações:

_ Seu filho é desatento, vive no mundo da lua, não presta atenção em nada que o

professor fala. Ou ainda, perturba todos os colegas, não pára sentado, se mexe o

tempo todo. Esta criança se envolve em atritos constantemente, seu

relacionamento com seus colegas está muito difícil!

“Devido ao comportamento às vezes impulsivo ou desatento, as crianças

portadoras de TDA/H são preteridas em rodas sociais e classificadas como mal-

educadas,” encapetadas “ou sem limites”. (Sena & Neto, 2007, p.19).

O sofrimento dos pais e da criança se arrastava a cada dia. Em casa

também não era muito diferente, preguiçoso, desorganizado, geralmente

apresentava resistência em cumprir normas estabelecidas, como na escola.

Muitos conselhos, brigas, surras, castigos, lágrimas... O que fazer com uma

criança que não quer nada com os estudos e ainda é mal-educada? Os pais se

culpavam ou culpavam a alguém pela “má educação” dada ao filho. Por vezes os

dois (pai e mãe) se culpavam por não terem sabido conduzir melhor a formação

desta criança.

“Pode-se observar que ao longo dos anos, o Transtorno do Déficit de Atenção tem recebido muitos nomes. Doença de Still e Distúrbio de Impulso foram tentativas iniciais de descrever crianças excessivamente ativas e impulsivas. Mais tarde, os termos Lesão Mínima do Cérebro e Disfunção Cerebral Mínima assustaram pra valer muitos pais. A esses seguiu a expressão Reação Hipercinética da Infância, que se concentrava no sintoma mais óbvio do problema, o excesso de atividade...” (Phelan, 1996, p.13).

“Criança com TDA tem dificuldade em seguir regras, e, muitas vezes,

apresentam significativos problemas disciplinares”,... (Phelan, 2005, p. 26).

13Por falta de conhecimento e orientação, os pais concluíam que a criança

não possuía aptidão para os estudos e a tiravam da escola. Era comum o uso

deste termo “esta criança não dá para os estudos”. Ao sair da escola, o menor

ingressava no mercado de trabalho precocemente. Este ingresso no mercado de

trabalho, geralmente era traumático. O jovem menor, que não obteve formação

para o trabalho, e ainda carrega sintomas que deveriam ser tratados e não foram.

Infelizmente os sintomas não desaparecem com a idade. Hoje já se sabe que ao

contrário, pode-se ter conseqüências piores. A falta de adaptação escolar dá lugar

à inadaptação ao ambiente de trabalho, causando frustrações e insucessos em

sua vida profissional.

Estes pais, hoje buscam ajuda e compreendem que ninguém teve ou tem

culpa deste ou daquele desajuste no comportamento de seu filho.

Atualmente este não é mais um assunto desconhecido. Houve um grande

crescimento da literatura sobre TDAH, surgimento de muitos grupos de apoio e

exposição na mídia, passou a fazer parte do vocabulário de muitos professores e

pais de alunos. Observamos também, que é crescente a especialização e

interesse na área médica. Esta expansão do estudo do conhecimento do TDAH

vem trazendo somente benefícios às crianças portadoras, aos seus pais e

professores.

Gabriel Weiss, (1973. apud Schwartzman, 2008) mostrou com estudos de

acompanhamento por longos períodos, que com o passar dos anos poderia haver,

realmente, uma diminuição no nível de atividade, mas que os problemas com a

atenção e com o controle dos impulsos persistiam até a vida adulta, e muitas

vezes, causando-lhe ainda prejuízos.

A forma adulta foi oficialmente reconhecida em 1980, com a publicação do

DSM III pela associação Americana de Psiquiatria, trazendo importantes

mudanças em diversos aspectos. Na época a forma adulta era nomeada de “tipo

residual”.

14 O médico psiquiatra Paulo Nunes MATTOS, vice-presidente da associação Brasileira de déficit de Atenção (ABDA), trabalha na linha de pesquisa em adultos. “As pessoas dizem: Não se preocupe, porque quando ele ficar maiorzinho isso vai desaparecer”, ele conta. Essa expectativa é um mito. O mais provável é o adulto com TDA/H não ter o mesmo senta-e-levanta da criança, mas isso não significa estar livre do problema, que apenas assume outras características e talvez se associe a outros tipos de co-morbidade, como a dependência de álcool e drogas. (Viver Psicologia, 2003, p.27).

Na década de 1970, foram publicados inúmeros trabalhos sobre a

Hiperatividade, nos quais ainda se admitia que o excesso de atividade era o

defeito primário nessa condição. Os autores da época acreditavam que se tratava

de uma condição característica da infância, e que melhoravam sensivelmente com

o passar dos anos, desaparecendo após a adolescência. Em 1972, Virginia

Douglas apresentou trabalho perante a Canadian Psychological Association no

qual sugeriu que o defeito primário dessas crianças seria o déficit na manutenção

da atenção e do controle do impulso, e não a Hiperatividade. A partir dessa

observação, os trabalhos começaram a mudar seu foco de interesse para os

problemas da atenção e impulsividade.

A edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das doenças Mentais da

Associação Americana de Psiquiatria (DSM – III) em 1980, um dos critérios de

diagnósticos mais aceitos no mundo dividiu a categoria “Reação Hipercinética da

Infância”, que constava de sua edição anterior (DSM – II), em duas categorias: O

Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno

de Déficit de Atenção Sem Hiperatividade (TDA/SH).

Na edição mais recente, o DSM – IV (1994) divide essa condição em três

subtipos:

-Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade tipo

predominantemente desatento;

-Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tipo

predominantemente Hiperativo-Impulsivo e

-Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tipo combinado.

15 “Os principais sintomas de TDAH, são dificuldades de manter a atenção, a

inquietação, que se traduz por uma grande agitação motora e mental, e a

impulsividade”.(Sena & Neto, 2007, p.16)

Durante muito tempo estudos indicaram que o TDAH era um transtorno

predominantemente masculino, ou seja, apenas os meninos eram afetados. Hoje

se sabe que as meninas também são afetadas, embora em proporção menor. A

proporção é de dois meninos para uma menina.

Estudos recentes, sinalizam que o transtorno em meninas, em geral é o

TDAH do tipo predominantemente Desatento, como os desatentos incomodam

menos na escola e em casa, também são menos diagnosticados. Enquanto que o

TDAH do tipo predominantemente Hiperativo e Impulsivo e o TDAH do tipo

Combinado, são mais comuns aos meninos.

“...os meninos tendem a” criar mais confusão “e incomodar mais em sala de aula, sendo então, encaminhados para avaliação médica a pedido dos professores. Ora, como são mais encaminhados, também são mais diagnosticados! As meninas parecem apresentar mais freqüentemente a forma desatenta e não” perturbam “tanto. Ou seja, não são tão freqüentemente encaminhadas para uma avaliação e, assim, passam muito tempo, ou toda a vida, sem diagnóstico”. (Mattos, 2007, p. 32).

Atualmente, o Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem hiperatividade,

é considerado um dos problemas mais comuns na infância. Porém, é necessário

que se faça um diagnóstico preciso, com profissionais sérios e responsáveis. Para

que a criança seja diagnóstica com portadora de TDAH existem vários critérios, os

quais estudaremos nos próximos capítulos.

Embora os números sejam assustadores, este trabalho também mostra que

o tratamento para tais sintomas avançou significativamente nos últimos anos.

16

CAPÍTULO 2

Características

Ele aparece na infância e em geral acompanha o indivíduo até a vida

adulta, os principais sintomas do TDAH são dificuldades de manter a atenção, a

inquietação, que se traduz, muitas vezes, por uma grande agitação motora, e

impulsividade. É chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em

inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD. Ele é reconhecido

oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para que o transtorno seja confirmado, é necessário que os sintomas

apresentados pela criança transcorram em dois ambientes diferentes,

preferencialmente escola e casa, e que ocorram antes dos 7 anos de vida , por

pelo menos seis meses, e ainda a desatenção e/hiperatividade e impulsividade

sejam de fato excessivas, quando comparadas a crianças da mesma idade e que

tais comportamentos causem um impacto significativo e negativo na vida da

criança e das pessoas de sua convivência.

Vários estudas apontam que o TDAH é oriundo de alterações no

funcionamento cerebral, especificamente na parte anterior do cérebro, chamada

lobo pré-frontal, e dos demais circuitos neurais que envolvem o processo da

atenção. O lobo pré-frontal é uma importante parte da anatomia cerebral é parece

ser responsável por um padrão de filtragem das informações, coordenando a

atenção do indivíduo. Diversos estudos têm apontado causas de origem genética

e de origem biológica como principais fatores. Esses estudam indicam que

múltiplos genes, combinados ou não com fatores ambientais, podem levar ao

aparecimento do TDAH, mas o fator genético é preponderante. O que se observa

são diferentes evoluções no quadro do TDAH em função do ambiente familiar e

social. Portadores de TDAH que possuem estrutura familiar organizada e

adequada, apresentarão uma melhor evolução do quadro, enquanto que

17indivíduos que vivem em ambientes sociais e familiares caóticos, apresentam um

agravamento dos sintomas e com possível aparecimento simultâneo de outros

transtornos.

As evidências de que o TDAH sofre grande influência genética são

baseadas em estudos feitos em gêmeos univitelinos (idênticos geneticamente) e

os bivitelinos (não idênticos), a concordância (isto é quando um tem o outro

também tem) entre os gêmeos univitelinos é maior que entre os bivitelinos. Outro

fator importante para os estudos das causas genéticas, segundo Mattos, 2007,

p.45.

“Por último existem os estudos de adoção: as crianças com TDAH têm a mesma prevalência do transtorno que seus pais biológicos, mas não que seus pais adotivos. Isto sugere que o ambiente familiar não é o determinante para o aparecimento. No caso do TDAH, os estudos de família, de gêmeos e de adoção, todos apontam para o mesmo resultado: Existe forte influência genética”.

Não podemos sair por aí classificando indivíduos como portador de TDAH. O

DSM-IV, estabeleceu alguns critérios que devem ser observados rigorosamente. A

pessoa deve apresentar um padrão de desatenção e/ou hiperatividade-

impulsividade. Eis abaixo os critérios a serem observados, conforme (Phelan,

2005, p.15:

1. Persistência: o comportamento tem de persistir por pelo seis meses.

2. Início precoce: os sintomas têm de estar presentes (não necessariamente diagnosticados) antes da idades de 7 anos.

3. Freqüência e gravidade: a desatenção e/ou a hiperatividade-impulsividade devem ter um caráter extraordinário quando comparadas às de pessoas da mesma idade.

4. Claras evidências de deficiência: o padrão comportamental do TDA precisa causar uma interferência significativa na capacidade funcional da pessoa.

5. Deficiência em um ou mais cenários: os sintomas causam problemas sérios em contextos múltiplos, inclusive na escola (ou no trabalho, no caso de adultos), em casa e em situações sociais.

2.1. Subtipos de TDAH

18

TDAH PREDOMINANTEMENTE DESATENTO

Atenção, o que é?

Primeiramente vejamos o que significa atenção:

...É uma atividade mental complexa que pode ser definida como a capacidade do indivíduo em manter uma focalização em uma parte do estímulo do ambiente em detrimento das outras fontes de estimulação, organizando suas ações em função da ação e considerando os aspectos relevantes para os seus atos.

A atenção possui diversos aspectos, como LABILIDADE: É a capacidade de a atenção fluir de um foco para o outro de acordo com a relevância dos estímulos focados para o indivíduo e de suas ações. Já a TENACIDADE é a capacidade do indivíduo em manter o foco de sua atenção á um estímulo... (Sena & Neto, 2007, p.16).

A atenção pode ser voluntária, automática, dividida, focalizada ou seletiva e

ainda atenção sustentada.

Atenção automática – É a capacidade que o indivíduo possui de estar em

um ambiente para realizar uma determinada tarefa. Neste ambiente existem

diversos fatores, como pessoas conversando, animais, músicas, ruídos diversos

externos e internos, e contudo este indivíduo realiza a sua tarefa principal.

São atividades realizadas em nosso dia a dia, tais como dirigir um automóvel,

aprender a dançar, tocar piano,entre outras. Segundo Schwartzman, p.39. “Esse

aprendizado habitualmente se faz às custas de esforço físico e mental e o

cansaço é inevitável”. Após algum tempo elas se processarão de forma mais

suave e quase que totalmente automáticas. As atividades transcorrerão com muito

menos gasto de energia e conseqüentemente menos cansaço.

Atenção voluntária – “Nos permite administrar as mudanças que nos

cercam em todos os momentos e contextualizar as nossas ações automáticas

para adequá-las às situações do presente”. (Schwartzman,2008,p.40)

A atenção voluntária se subdivide em atenção dividida, atenção seletiva ou

focalizada.

19 Atenção dividida - Há várias situações em que precisamos atender a dois

estímulos simultaneamente.

Atenção focalizada ou seletiva - Quando estamos em um ambiente com

diversos estímulos diferentes, porém precisamos nos concentrar somente em um

deles.

Atenção sustentada – Talvez seja esta a mais importante quando falamos

em TDA, (Schwartzman,2008,p.40), “é a habilidade em manter a atenção em um

estímulo ou uma atividade por um período de tempo maior e é determinante do

nosso desempenho em tarefas prolongadas, monótonas e cansativas”.

O indivíduo com TDA, possui atenção, o que ocorre é uma dificuldade em

mantê-la em algo que não representa seu maior interesse naquele momento. A

criança portadora de TDAH – tipo desatento parece estar sempre no “mundo da

lua”. Ao tentar escrever algo, por exemplo, na escola se distrai com facilidade. Em

diversos relatos ouvimos reclamações de professores que ao perguntar alguma

coisa à criança, esta parecia estar ausente, pois havia se distraído por um ruído,

por uma formiga que passara na mesa, ou simplesmente pelo balançar de folhas

vistas pela janela e nessas situações a criança somente retorna a sua atenção

para o ambiente coletivo quando solicitada ou não retorna. Ela fica absorta e

nenhum outro movimento a sua volta lhe interessa. Infelizmente, este fato não

ocorre somente uma vez a cada aula, ou em apenas uma atividade solicitada ao

aluno. Muito pelo contrário, este é o seu estado normal. Em muitos casos a

criança apresenta um bom nível ao participar das discussões em grupo e

atividades orais, mas as atividades escritas são totalmente postas de lado. Neste

tipo de Transtorno, ocorre uma lentidão ao realizar tarefas escolares escritas, não

somente na escola, mas também em casa. O que faz com que essa criança esteja

sempre com suas tarefas incompletas. Há relatos de que era muito comum

pessoas ligadas à educação, maltratarem alunos por desconhecerem tais

transtornos e sintomas. Classificando e rotulando a criança como “lerda,

preguiçosa, desinteressada"... causando constrangimentos à criança. Mas

20felizmente, estamos presenciando um maior estudo por parte desses profissionais

em torno de todas as dificuldades que permeiam o dia a dia de uma sala de aula.

Outra característica forte do TDA é o esquecimento de suas tarefas, objetos

pessoais, bem com perdê-los ou danificá-los, sempre sem querer. É comum que

suas tarefas (não somente as escolares) estejam sempre incompletas,

principalmente se estas forem muitas ou extensas. A criança portadora de TDAH

predominantemente desatenta, apresenta predomínio de problemas com a

atenção concentrada. Seu comportamento social pode ser retraído e exibem

sintomas de lentidão cognitiva.

Muitos pais não entendem como a criança que não se concentra na escola,

pode passar horas assistindo TV ou jogando videogame, no entanto as funções

cerebrais estão voltadas para uma área de grande interesse. Existem situações

em que elas podem ficar sentadas quietas, por períodos limitados, são situações

que apresentam quatro características:

1- novidade;

2 - alto valor de interesse;

3 – intimidação;

4 – ficar a sós com um adulto.

Essa capacidade temporária da criança com TDA de parecer normal,

espanta as pessoas que convivem com ela no seu dia a dia. Pode também

produzir diagnósticos errados.

A grande característica da criança com TDA, é a tendência à distração, a

facilidade com que é desviada de sua tarefa, digamos “principal”, por causa de

algum outro estímulo. Apresentam reação automática por coisas novas.

Geralmente, as distrações que ocorrem são de quatro tipos: Visuais, auditivas, somáticas e de fantasia. Distrações visuais são coisas do campo de visão da criança que atraem a sua atenção, desviando-a do trabalho ou da tarefa. Por exemplo, se alguém anda por perto, ela vai levantar para dar uma olhada, e, então pode não conseguir mais retomar sua tarefa. Distrações auditivas são sons que a criança ouve que a

21incomodam. Podem ser sons claros e altos ou sons baixos, como o tiquetaque de um relógio, alguém batendo com um lápis na mesa, ou outra criança fungando. Essas coisas podem não lhe parecer perturbadoras, mas o são para uma criança com TDA.

Distrações somáticas são sensações corporais que desviam a atenção da criança. Já vimos várias crianças reclamarem que mal podem agüentar quando a costura de suas meias não está no lugar certo. Elas se inquietam e não conseguem se concentrar. Os mesmos resultados ocorrem se seu estômago estiver roncando, se a cadeira não parece confortável ou se estiverem com dor de cabeça. Distrações de fantasia são pensamentos ou imagens que passam pela mente da criança e que a atraem mais do que as tarefas escolares. (Phelan, 2005, p.19,20).

Os pais e professores reclamam que a criança vive no mundo da lua, em

geral os pais acham que a criança está muito indisciplinada, que não lhe ouve,

finge que não ouve, enfim, não lhe dá a atenção esperada. É raro alguém que não

sonha acordado, mas crianças hiperativas são excessivamente sonhadoras.

Cada criança irá reagir de forma diferente, diante dos tipos de distrações

apresentadas por Phelan. Devemos sempre lembrar que cada criança é um ser

diferente em sua forma de agir, pensar e sentir. Os sintomas são genéricos e

outros fatores relacionados à vida da criança, propriamente dita, deverão ser

estudados.

Outra característica importante da criança portadora de TDA, é a presença

de uma idade cognitiva inferior à idade cronológica, fazendo que esta criança

apresente, na maioria das vezes um comportamento infantilizado em relação à

sua verdadeira idade. Sua amplitude de atenção também é pequena. Geralmente,

ela não consegue manter sua atenção em uma só atividade. “A criança com TDA

tem uma amplitude de atenção pequena demais para sua idade”...(Phelan,

2005,p.18).

A realidade da criança na escola não é muito agradável. Quase sempre não

realiza as atividades escolares, quando o faz, é sempre á última. Sua opinião em

relação à escola é de que é um lugar “chato”. Durante todo o tempo de sua

permanência na escola, só recebe cobranças, e na maioria das vezes falta de

22compreensão por parte do professor, caso este ainda não entenda o processo por

que passa esta criança.

Toda esta confusão, causa ao longo dos anos um grande estresse na

criança, sentimento de incompetência, e até se sentirem burras. Sua auto-estima

tende a ser minimizada, e em muitos casos, motivos de abandono escolar.

TDAH Predominantemente Hiperativo-Impulsivo

A hiperatividade significa inquietação motora excessiva e agressiva, não apenas espasmos

de nervosismo. (Phelan, 2005, p.23,24)”.

São crianças que estão “no mundo da lua”, “ligados na tomada”, “movidos a

pilha”, essas são algumas das descrições feitas por pais e professores ao se

referirem às crianças portadoras de TDAH tipo predominantemente H/I. A criança

portadora de TDAH-HI, está sempre circulando pela sala de aula, cutucando os

colegas, criando algum problema, é conhecida como “pestinha da escola”.

“Os atos impulsivos de crianças portadoras de TDA podem ir dos triviais aos extremamente

perigosos. (Phelan, 2005,p.20)”. A infância dessas crianças é marcada por acidentes

graves, pois suas brincadeiras preferidas são: pular em lugares ou de lugares

perigosos, brincadeiras com fogo, objetos cortantes, produtos que causam

envenenamento, etc, e suas ações são impensadas e imediatas, não existindo a

preocupação com as consequências que poderão advir com tais atitudes.

O Portador de TDAH-HI, apresenta dificuldade em conter seus impulsos,

por exemplo, em sala de aula não consegue aguardar a sua vez para falar, não

consegue levantar a mão pedindo a palavra, e ainda interrompe as conversas para

dar a sua opinião ou tirar a sua dúvida.

“Outras vezes, a criança dirá coisas com a intenção de ser engraçada ou de” dar uma de esperta “. Muitas crianças com TDAH infelizmente tendem a se transformar em palhaças da classe, sendo que algumas delas são bastante inteligentes e, por infelicidade, realmente engraçadas. Esse tipo de comportamento, no entanto, acarreta um problema difícil para o professor administrar. (Phelan, 2005, p.21)”

23 É natural, que com tantos comportamentos inadequados para a

sociedade, o indivíduo tenha a sua interação social também prejudicada. Esta

criança é vista como mal criada, desobediente, sem educação e “encapetada”.

Estando frustrada, o que é um sentimento comum, pois nada que faz agrada a

ninguém, ela pode gritar com outras crianças e até mesmo agredi-las fisicamente,

para conseguir algo que deseja. O seu desejo de ser a primeira na fila, nas

respostas, em apanhar um material solicitado, podem ser motivos de irritação para

outras crianças ou até mesmo para adultos que estejam a sua volta. Apresentam

ainda, dificuldades em seguir instruções, obedecer a ordens e combinados.

Para caracterizar um indivíduo portador de TDA-HI, é necessário que

tenhamos alguns sintomas, (serão citados mais adiante), em dois ambientes

diferentes, como por exemplo, casa/escola, e que tais tipos de sintomas causem

prejuízos à vida social e/ou acadêmica, familiar... do indivíduo em questão.

TDAH Tipo Combinado

Os indivíduos pertencentes a este grupo apresentam os sintomas de

Desatenção e Hiperativo/Impulsivo concomitantemente.

Neste caso especificamente todos sintomas de TDAH estão presentes. Eles

poderão ser causas de problemas para as crianças em todas as esferas de sua

vida. O DSM-IV indica a exigência de apenas dois cenários para o diagnostico,

porém no caso de TDAH Tipo Combinado a incapacidade aparecerá em vários ou

em todos os cenários, causando-lhes muitos prejuízos.

2.2- Como definir portadores de TDAH?

Todos nós apresentamos sintomas de Desatenção (esquecimento, sonhar

acordados, perder objetos, distrair-nos facilmente...), apresentamos muitas vezes

sintomas de Hiperatividade e Impulsividade (falar em excesso, fazer diversas

24coisas ao mesmo tempo, interromper as pessoas quando estão falando...). Então

somos todos portadores de TDAH? Não. O que irá definir se estamos num quadro

de TDAH é a freqüência com que esses sintomas ocorrem. É saber se estamos

além da normalidade. Porém é difícil padronizar normalidade, pois o que para uma

pessoa é normal, para outras pode ser totalmente anormal. É preciso considerar

os impactos desses sintomas em nossa vida social, familiar e acadêmica.

O estudo em epígrafe tem o objetivo de esclarecer dúvidas relacionadas às

crianças em idade escolar, por isso é importante, antes de diagnosticar uma

criança como portadora de TDAH, observar algumas situações, analisá-las e

descartar outras variáveis do comportamento infantil, tais como: Se o

comportamento que está sendo avaliado é algo realmente anormal comparado

aos de outras crianças da mesma faixa etária; se realmente está em desacordo

com os padrões pré-estabelecidos para o contexto em que a criança vive;

observar os aspectos sociais e culturais a que esta criança está exposta e avaliar

se tais comportamentos que indicam o TDAH, não é resultado talvez, de alguma

situação diferente vivenciada por aquela criança; e ainda verificar o seu estado de

saúde físico e psíquico . Somente depois de todos estes estudos usaremos as

listas fornecidas pelo DSM- IV para o diagnóstico de TDAH.

“O diagnóstico de TDAH geralmente é determinado pelo estabelecimento de desvio do desenvolvimento e penetração dos sintomas em todos os contextos. Ao mesmo tempo, é igualmente importante descartar causas alternativas para a desatenção, impulsividade e inquietação motora da criança. Estas podem incluir fraca instrução acadêmica e práticas de manejo; prejuízo neurológico, sensorial, motor ou da linguagem; retardo mental; ou grave perturbação emocional (apud. Barkley, 1998, DuPaul, Stoner, 2007, p.22)”.

O DSM-IV fornece duas listas, cada uma com nove sintomas. A primeira

lista inclui manifestações de Desatenção: (Phelan, 2005, p.15).

a. não consegue prestar muita atenção em detalhes ou comete erros por descuido;

b. tem dificuldade em manter a atenção no trabalho ou no lazer;

c. não houve quando abordado diretamente;

25 d. não consegue terminar as tarefas escolares, os afazeres

domésticos ou os deveres do trabalho;

e. tem dificuldade em organizar atividades;

f. evita tarefa que exijam um esforço mental prolongado;

g. perde coisas;

h. distrai-se facilmente;

i. é esquecido.

Se uma criança, adolescente ou adulto se encaixar em seis dos nove itens da

lista acima, podemos dizer que é um portador de TDAH Tipo Predominantemente

Desatento. Essas crianças terão maior dificuldades em serem diagnosticadas, pois

não são inquietas, nem desordeiras, seus problemas específicos são de manter a

atenção, se concentrar em tarefas, dificuldades em organização e terminar

atividades. Esse tipo de TDAH é chamado de TDAH sem hiperatividade.

A segunda lista também inclui nove sintomas. Os primeiros seis são sinais de Hiperatividade e os últimos três são sinais de Impulsividade: (Phelan, 2005, p.16).

Hiperatividade

a. tamborila com os dedos ou se contorce na cadeira;

b. sai do lugar quando se espera que permaneça sentado;

c. corre de um lado para o outro ou escala coisas em situações inadequadas;

d. tem dificuldade de brincar em silêncio;

e. age como se fosse “movido a pilha”;

f. fala em excesso;

Impulsividade

g. responde antes que a pergunta seja completada;

h. tem dificuldade de esperar a sua vez;

i. interrompe ou outros ou se intromete.

Se a criança, adolescente ou adulto se encaixa em seis ou mais itens desta

lista, o diagnóstico é de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade,

Tipo Predominantemente Hiperativa/Impulsiva, esta é a forma mais rara.

26 Quando o indivíduo se encaixa em seis itens ou mais em ambas as

listas, estamos diante de um Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade, Tipo Predominantemente Combinado. “Esta é a forma mais

comum nos consultórios e ambulatórios, provavelmente porque causa mais

problemas para o próprio portador e para os demais, o que leva os pais a

procurarem ajuda para o filho”. (Mattos, 2007, p.24)

2.3- Quando fazer o diagnóstico?

Quanto mais cedo melhor. Os sintomas podem se manifestar ainda em

idade muito precoce. É comum os pais relatarem em entrevistas que a sua criança

apresentava uma grande inquietude desde muito cedo. Vivia “a mil por hora”, não

conseguia ficar quieta por muito tempo, e ainda suas brincadeiras eram ousadas e

até perigosas para a sua idade. Mas é na fase pré-escolar que as dificuldades

aparecem. Em geral os professores começam a reclamar da desatenção, dos

deveres incompletos, e principalmente do excesso de energia, comparadas às

outras crianças. Neste momento, os pais devem procurar ajuda.

“Detectar praticamente qualquer problema o mais cedo possível, seja ele um astigmatismo, um câncer, um distúrbio de aprendizagem ou um Transtorno de Déficit de Atenção, é sempre preferível. As crianças mais novas são ainda muito maleáveis; caso o seu TDA seja percebido já na pré-escola e tratado de maneira correta, essas crianças têm uma boa chance de se desenvolver de forma bastante normal e de evitar importantes problemas de auto-estima”. (Phelan, 2005.p 72).

Há várias razões pelas quais o diagnóstico precoce é melhor. Sabemos que

as crianças portadoras de TDAH, sofrem muito devido ao seu comportamento, e

este sofrimento pode levá-lo a desenvolver problemas de co-morbidade. E embora

não tenhamos certeza, acreditamos que quanto antes a criança e os pais

receberem tratamento adequado, estas co-morbidades, problemas com auto-

estima, entre outras serão detectadas, tratadas ou até evitadas.

27“No caso de outras crianças, o Transtorno precoce de TDA e a conseqüente

prevenção de fracassos na escola podem provavelmente evitar o aparecimento de

uma ansiedade, depressão ou baixa auto-estima mais tarde”. (Phelan, 2005, p.73).

Co-morbidade

São distúrbios psicológicos que aparecem associados à outros já

existentes.

“Se imaginarmos o cérebro como uma rede de circuitos interligados, fica fácil imaginar que um mesmo tipo de dano possa atingir diferentes partes da rede. Por exemplo, um defeito de fabricação pode fazer com que os” fios “não sejam adequadamente” encapados “em diferentes partes da rede, provocando curtos-circuitos. O defeito pode estar, portanto simultaneamente nas partes responsáveis pelo controle de atenção, do comportamento e do humor...” (apud Rohde e Benczik,1999, p.46.)

As crianças portadoras de TDAH em geral são preteridas por amigos,

parentes e comunidade escolar. O seu comportamento agressivo e intempestivo

causam certa antipatia, afastando possíveis amigos de si. Os do Tipo Desatento,

convivem por toda a sua infância com altas cobranças, devido a sua maneira de

conduzir as tarefas, atividades incompletas, enfim tudo o que lhe é solicitado,

esbarra na “lentidão”, problemas de aprendizagem entre tantos outros. Estes

problemas não afligem somente os pais e professores, o próprio indivíduo se

sente infeliz e muitas vezes frustrado com a sua vida. Ele percebe que é diferente,

são angústias, depressões, baixo rendimento escolar,... Ao chegarem à

adolescência a auto-estima e o comportamento em geral desses jovens estão

muito prejudicados, principalmente quando não houve um tratamento adequado. E

aí, como se não bastassem todos os problemas já existentes podem aparecer

também as co-morbidades. Esses transtornos estão associados aos

comportamentos inadequados, mas também são tratados, felizmente.

“Ao chegarem à adolescência, 50% de nossas crianças com TDAH serão o que chamamos de TDAH” puro “, ou seja, o único problema que terão será o próprio TDAH. Os outros 50%, no entanto, terão pelo menos um outro distúrbio psicológico além do TDAH”. (Phelan, 2005, p.74).

28Phelan, 2005, alerta que muitos distúrbios de co-morbidades são de certa

forma “correlatos ao TDA”. Apresentam características em comum ao TDAH, e às

vezes são confundidos com ele. Ele diz ainda que muitos distúrbios de

concentração podem acompanhar muitos problemas psicológicos infantis,

inclusive a depressão e a ansiedade. No entanto ele chama a atenção para o fato

de que o comportamento destrutivo é central no TDAH, TDO (Transtorno de

Desafio e Oposição) e TC (transtorno de Conduta). Os transtorno mais comuns

aos portadores de TDAH são os seguintes:

-Transtorno Desafiador Opositor: É uma síndrome cujo comportamento mais

freqüente é oposição e provocação a figuras de autoridade e a regras sociais. São

em geral destinadas aos pais e professores. Não se caracteriza por atos

agressivos ou atos sociais mais graves. São comportamentos considerados

normais em certos momentos, na adolescência ou em tenra idade, mas nessa

síndrome ele é exagerado e constante, tornando difícil a tarefa de educar e cuidar

do portador. A desobediência é uma forte característica do TDO e também o

hábito de culparem os outros por seus erros. As crianças portadoras de TDO,

tendem a ser rancorosas e vingativas e tentam propositadamente irritar os outros.

-Transtorno de Conduta: É caracterizada pelo desrespeito às regras sócias,

cometidas de forma impulsiva, agressiva e sem culpa. Embora conheça as regras

ele as viola de modo repetitivo, buscando satisfação imediata de seus desejos,

não se importando com o outro. Os jovens com TC ameaçam, intimidam e brigam.

Sua crueldade não se limita apenas às pessoas, podendo também ser praticadas

com animais. Possivelmente se envolvem em furtos, atividades sexuais forçadas,

incêndios e destruição de propriedades.

“As crianças com TDO geralmente” evoluem “para o TC à medida que passam os anos. As crianças com Transtorno de Conduta não se candidatam a um bom tratamento. Ironicamente, elas se candidatam a um melhor tratamento apenas se o TC não for o seu único problema! Se seu comportamento difícil também estiver relacionado a outro distúrbio que seja mais tratável, com o TDAH, a depressão ou as doenças bipolares, seu prognóstico é melhor”. (Phelan, 2005, p.102)

- Adicção a drogas: Uso indevido, repetitivo e habitual de drogas legais ou ilegais.

29- Alcoolismo: Em nossa cultura é comum o uso de bebidas alcoólicas. No entanto

pode ser considerado alcoolismo o uso freqüente, não controlado e danoso da

bebida alcoólica. A ingestão do álcool passa a ser uma necessidade para

realização de tarefas e manutenção de estados emocionais satisfatórios.

- Depressão: Humor deprimido, perda de interesse e prazer , fadiga persistente,

falta de iniciativa, comportamento caracterizado pela lentidão constante e

descoordenação. A depressão se manifesta em todos os ambientes freqüentados

pelo portador, em maior ou menor intensidade.

- Distúrbio de Aprendizado: Em meninos a proporção é de 25 a 35% e em

meninas 15%. Alguns problemas de aprendizagem que estão muito relacionados

ao TDAH são dislexia (dificuldades na leitura), discalculia (dificuldade em

matemática), disgrafia (dificuldade com a escrita). Sabemos que os portadores de

TDAH são influenciados positiva e negativamente pelos estímulos ambientais,

respondendo a praticamente todos eles e de forma indiscriminada. Causando

assim um certo desequilíbrio para o processo de aprendizagem que requer

atenção mínima do estudante. No entanto, alguns portadores de TDAH podem

apresentar bons resultados acadêmicos, principalmente o TDAH tipo

predominantemente hiperativo.

“É mais comum que os portadores de TDAH tenham problemas de comportamento do que de notas. Frequentemente os professores parecem se surpreender com o fato de um aluno” tão desinteressado “,” tão bagunceiro “, tirar notas satisfatórias e passar de ano”.(Mattos, 2007, p.39).

Os maiores índices de dificuldades de aprendizagem estão relacionados com o

TDAH predominantemente desatento, devido a sua dificuldade de atenção e

concentração. Seus erros são cometidos por falta de atenção, sua impaciência

não lhe permite estudar o suficiente. E assim vai “empurrando com a barriga”,

“dando um jeitinho aqui, outro ali”, e ao final passa de ano. De modo geral o seu

desempenho acadêmico está abaixo dos demais alunos de sua turma. Mas ao

chegarem ao ensino médio, onde as dificuldades aumentam é comum que este

30aluno sofra retenções, por não dar conta de resolver todas as atividades

propostas.

É comum que uma pessoa portadora de TDAH tenha até três diagnósticos.

Um padrão não muito raro é a ocorrência de TDAH em conjunto com o distúrbio

bipolar e o abuso de substâncias (álcool e drogas). O tratamento não é impossível,

mas é difícil a obtenção de sucesso. Os portadores de TDAH apresentam um

quadro que se caracteriza por sentimentos de incapacidade, impulsividade, vida

acadêmica marcada por baixa produção e alto estresse. Todos esses sentimentos

associados às suas relações afetivas e familiares nem sempre satisfatórias,

tornam-se um fator de risco para o envolvimento com drogas lícitas e ilícitas. “Em

geral tal consumo tem como finalidade uma tentativa de alívio para os sintomas do

TDAH”. (Sena & Neto, 2007, p. 52).

Há muitos transtornos que podem vir em co-morbidade com o TDAH. É

evidente que não é possível os professores conhecerem todos, porém é

imprescindível que possuam informações básicas a cerca de situações em que

possivelmente ocorrerão em seu dia a dia. Outros Distúrbios ou Transtornos

correlatos ao TDAH são: Distúrbio ou Transtorno de Ansiedade Múltipla,

Depressão Grave, Distúrbio do Sono, entre outros problemas psicológicos e/ou

psicossomáticos.

31

CAPÍTULO 3

Estratégias e Intervenções

“É uma questão de jeito“.

“Saber lidar com ele faz toda a diferença”.

“Cuidar dele é uma nova declaração de amor a cada dia”.

“Quem cala concentra”.(Sena & Neto, 2007, p.63.)

Como já vimos anteriormente a relação com o portador de TDAH não é

fácil. Ao longo deste capítulo várias sugestões serão dadas, com o objetivo de

minimizar os problemas vividos pela criança portadora de TDAH, de seus pais e

especificamente dos professores, que no dia a dia se deparam com crianças

portadoras de TDAH que ainda não foram diagnosticas e se foram não são

tratadas. Quando a família é convidada a vir a escola para conversar sobre o

comportamento de seu filho, a reação normal é de negação da situação ou de

exposições de dificuldades, que podem estar interferindo no comportamento de

seu filho. Com o passar do tempo, a relutância dá lugar à aceitação e a evidência

do transtorno torna-se inegável. “É da escola que mais comumente as

informações sobre um possível transtorno chegam às famílias” (Sena & Neto,

2007, p. 64). É fundamental que todas as pessoas que irão conviver com esta

criança conheça os sintomas, e como conduzir da melhor maneira possível seus

comportamentos e atitudes, quase sempre tão difíceis de administrar. Tais

atitudes farão muito bem não apenas para o portador, mas para todos que com ele

convive.

“Os pais devem se tornar” especialistas “no TDAH, e a criança portadora

deve receber informações a respeito do transtorno em linguagem e conceitos

apropriados para sua idade”. (Phelan, 2005, p. 113). Ele diz ainda que

professores, profissionais de saúde mental e pediatras precisam ter um bom

conhecimento operacional dos sintomas básicos. Após este longo estudo acerca

32dos problemas do TDAH, percebe-se que é indispensável o diálogo constante

entre pais, professores, médico e terapeuta, para trocarem informações sobre

todos os aspectos, e juntos decidirem qual a melhor maneira de conduzir a

educação e o tratamento da criança.

Quando a criança é diagnostica, deve-se informar a escola. Se o médico

recomendar o uso de medicação, as informações cedidas pelo professor são de

grande valia para definir a medicação e a dosagem apropriada. Os pais deverão

fornecer à escola um relatório do médico, constando que o diagnóstico do TDAH

foi feito. Este relatório deverá ser entregue ao diretor da escola, com a orientação

de que seja compartilhado com os funcionários pertinentes, e especialmente os

professores da criança.

“Dependendo da gravidade das necessidades do estudante, ele pode ser enquadrado em uma variedade de intervenções educacionais. De acordo com o grupo profissional para TDAH e Distúrbios correlatos, 50% das crianças podem ter suas necessidades educacionais atendidas com sucesso por meio de modificações em sala de aula. Entre as crianças portadoras de TDAH que necessitam de educação especial, 85% podem ser mantidas com sucesso em salas de aula normais por uma parte significante do seu dia escolar.” (Phelan, 2005, p. 186).

Todas as pessoas da escola deverão estar envolvidos com esta criança,

pessoal de apoio, psicólogos, orientadores, professores especializados e

assistentes sociais. Muitas vezes , alguns desses profissionais têm uma boa

experiência com portadores de TDAH, sua ajuda pode ser grandiosa junto aos

pais e professores.

Com os pais – Propiciar informações sobre técnicas de administração do

comportamento em casa; sobre grupos locais de pais ou atividades da

comunidade que estão disponíveis para crianças com TDAH.

Professores - Implementar junto com o professor um programa de gerenciamento

eficaz em sala de aula ou fornecendo mais instruções alinhadas com as

necessidades das crianças.

Crianças – Aconselhamento para crianças que está com baixa auto –estima e/ou

problemas comportamentais.

33 Diversas dicas são importantes no processo educativo de crianças com

TDAH, vejamos: Alguns portadores de TDAH apresentam baixo poder de

memorização, Mattos, (2007), diz: Se for o caso, ensine truques: Sempre ler em

voz alta, repetir o que leu nas partes mais importantes, resumir o que leu em voz

alta e também por escrito, fazer lembretes em cartões (“resumos”), o uso de

canetas coloridas para ressaltar as partes mais importantes deve ser estimulado

desde precocemente. As estatísticas indicam que em uma sala com 20 a 25

crianças, deverá haver aproximadamente uma com TDAH.

“Uma regra fundamental para os professores é essa: Nunca fique conhecido como o especialista em TDAH da sua escola! A concentração de crianças com TDAH na mesma sala de aula pode transformar o ano letivo em um pesadelo”. (Phelan, 2005, p. 189).

Havendo apenas uma criança com TDAH na sala, está criança tomará

grande parte do tempo e dos esforços do professor, principalmente se esta for do

Tipo Combinado. Porém quanto mais esclarecido o professor estiver, melhor será

a qualidade do seu trabalho e o resultado obtido com a criança.

Um fator muito importante no tratamento com um TDAH é a comunicação.

Pais e professores cultivam o hábito de fazer longos sermões, discursos

inflamados e detalhamento excessivo. Estudos indicam que esta não é a forma

correta de comunicação com o portador de TDAH. Fale com ele de forma clara e

objetiva, olhe diretamente em seus olhos para que sua atenção não seja desviada.

Diga exatamente e somente o que quer e o que espera dele.

“Em vez de dizer:” Aonde você acha que vai chegar desse jeito?”, diga:” Se você fizer X de novo, vai acontecer y “. Em vez de dizer:” desse jeito você está levando seus pais à loucura “, diga:” Toda vez que você faz a e b eu me sinto muito chateada “....(Mattos, 2007, p.87).

As frases precisam ser curtas e simples para que ele possa captar e tentar seguir

a solicitação. Isto serve para pais, professores e todas as pessoas do seu

convívio.

“Para lidar com uma criança com TDAH, antes de qualquer coisa, o

professor precisa conhecer o transtorno e saber diferenciá-lo de” má-educação,

“indolência” ou ““ preguiça “”.(Mattos 2007, p. 109). O professor deverá empenhar-

34se em conciliar as necessidades dos outros alunos com a dedicação de que uma

criança com TDAH necessita, porém isto pode se tornar muito difícil em turmas

com grande números de aluno. O ideal é que as turmas sejam menos numerosas

para poder atender a todos. A criança precisa ser recebida pelo professor como

uma pessoa que tem condições de aprender e compartilhar da vida escolar (que

poderá acontecer ou não, como também com todas as demais crianças),

apresentam dificuldades, interesses particulares, e o mais importante, se esta

criança já possuir alguns anos na escola, é bastante provável que também

carregue consigo algumas frustrações e estigmas.

Conduta da escola ao educar um portador de TDAH

“Não há escola ideal, mas sim profissionais determinantes para o sucesso dessas crianças”.

Dra. Iane Kestelman - Presidente da ABDA/RJ (entrevista)

Ø A metodologia da escola deve considerar o aluno como um ser único, com

características, habilidades e dificuldades próprias, independentemente da

sua abordagem pedagógica;

Ø É importante que haja conhecimentos sobre TDAH por parte da direção,

professores e funcionários da escola;

Ø A sala de aula deverá ser um ambiente agradável, silencioso, sem ruídos

freqüentes ou intermitentes, sem passagem ou entra e sai de outras

pessoas;

Ø O ambiente deve ser arejado e o mais estimulante possível de acordo com

o objetivo do momento.

35

Algumas dicas para os professos:

Ø Buscar o máximo de informações sobre o assunto;

Ø Ser compreensivo, oferecer apoio e incentivo ao aluno, prestar-lhe

assistência individualizada. (baseado no conhecimento sobre TDAH),

diferente de ser bonzinho, de passar a mão na cabeça do aluno;

Ø Evite contactar os pais somente para reclamar , manter uma boa relação e

comunicação escola/família é fundamental;

Ø Sente-se a sós com a criança e pergunte como no ela acha que aprende

melhor, suas sugestões serão valiosas;

Ø Estabelecer os “combinados” sempre com antecedência, de forma clara e

objetiva;

Ø Fazer uso de frases motivadoras,e reforço positivo para o aluno;

Ø Substituir as punições por um momento de “indiferença”.

Ø Quando for impossível não aplicar a punição, fazê-la de forma breve e

imediatamente após a transgressão, de preferência longe dos demais

alunos, procure sempre manter a calma;

Ø O que deve ser criticado é o comportamento inadequado, não o aluno;

Ø Respeitar o limite do aluno, se estiver muito nervoso ou agitado, dê-llhe um

tempo para se acalmar;

Ø Não fazer críticas que depreciam e humilham ou palavras sarcásticas, tipo

“Olhem o bebezinho”, “estamos no jardim da infância”.

Ø Ensinar o uso correto da agenda e utilização de anotações;

Ø Implementar junto com os outros alunos, hábitos de cooperação, controle

de impulsividade e técnicas de relaxamento;

Ø Perceber a real necessidade e permitir que o aluno mude de lugar, ou até

mesmo de tarefa, com um tempo combinado entre vocês;

36Ø Dar atribuições a este aluno, fora e dentro da sala de aula;

Ø Estimular a busca de nova leituras , construção de textos variados,

pinturas, jogos,etc;

Ø Antes de cada tarefa, certificar-se junto ao aluno se as instruções estão

claras e entendidas;

Ø Sempre encorajar e relembrar os bons hábitos sociais; por exemplo, dar

bom dia, até logo, obrigado, por favor, com licença, etc.;

Ø Entender que o portador de TDAH apresenta baixa tolerância às

frustrações, se possível ajude-o a evitá-las;

Ø Ajude o aluno a lidar com os imprevistos (perda de livros, esquecimento de

agendas...);

Ø Esclarecer a importância da realização das tarefas para o processo de

aprendizagem;

Ø Alternar tarefas de baixo e alto interesse;

Ø Lançar mão de recursos didáticos variados (retroprojetor. Datashow,

música, teatro, etc);

Ø Orientar o uso de canetas, marcadores de textos, lápis de cor, símbolos,

lembretes;

Ø Auxiliar o aluno na organização de seus materiais escolares e de sua

mesas;

Ø Ensinar-lhe a sempre revisar a atividade dada por terminada;

Ø Dividir sempre as tarefas, tarefas muito longas tornam-se enfadonhas e

conseqüentemente ele não as terminará.

Ø Elogie e assinale sempre os sucessos, Ele já convive demais fracasso;

Ø Circule constantemente pela sala, monitorando o comportamento do aluno;

Ø Oferecer feedback e correções para o aluno;

37Ø Colocar a carteira do aluno mais próxima de si, longe de janelas e portas

de onde possam vir estímulos para a sua distração;

Ø Manter a rotina das aulas bem organizada e previsível;

Ø Propor atividades adequadas às habilidades da criança;

Ø Ser capaz de distinguir o que o aluno é capaz de fazer e o que ele não é;

Ø Combinar sinais discretos com o aluno, para chamar a atenção (Ex. mão

no ombro).

Tais estratégias beneficiarão a todos os alunos, não somente aos alunos

com TDAH, no entanto para estes, elas são imprescindíveis e primordiais.

Oferta de apoio ao professor:

Os sistemas de apoio ao professor para fornecer serviços aos alunos

identificados com TDAH devem consistir dos seguintes componentes: (DuPaul &

Stoner, 2007, p.169).

1. Um processo sistemático de triagem e identificação para garantir a

detecção de todos os estudantes que necessitam de apoio comportamental

ou didático. Por exemplo, os enfoques dos instrumentos de Triagem

Sistemática para o Transtorno de Comportamento (Systematc Screening for

Behavior Disorders, Walker & Severson, 1998) e Projeto de triagem

Precoce (Early Screenig Project, eat al., 1995), são escolhas viáveis para

este fim.

2. Procedimentos abrangentes ligando a avaliação e o desenvolvimento de

programas para abordar problemas de conquista acadêmica e

comportamento. Por exemplo, o uso de avaliação do comportamento

funcional e procedimentos de mediação baseados no currículo atenderiam

a este objetivo.

383. Procedimentos para garantir o planejamento, a implementação e a

avaliação de intervenções e acomodações para o apoio à aprendizagem e

ao comportamento do estudante.

4. Procedimentos para garantir a transferência de responsabilidade pela

continuação do programa de intervenção para a equipe de uma sala de

aula regular.

5. Oferta de supervisão e monitoramento contínuo entre as salas de aula e

outros cenários escolares, como foco sobre a estruturação de ambientes

educacionais dirigidos, organizados e enriquecedores, com a produção

concomitante de resultados positivos para os estudantes.

6. Avaliações e revisões do sistema de apoio.

“Mecanismos para oferecer apoio ao professor são vistos como componentes necessários no tratamento de crianças com TDAH. Em razão da frequência e da gravidade dos comportamentos diruptivos exibidos por estes estudantes, não é raro vermos a frustração e a impotência dos professores enquanto tentam administrar suas salas de aula. Essas emoções devem ser esperadas e validadas pelos profissionais e pais que interagem com os professores”. (DuPaul & Stoner, 2007, p. 169).

É necessário que o professor lide com esta situação de modo produtivo. É

aconselhável que lhe seja fornecido material de apoio relacionado ao manejo de

estresse, por exemplo.

DuPaul & Stoner (2007), sugerem muitas outras atividades, tais como:

Programa de Reforço por fichas (para mudança comportamental), Contrato de

Contingência (Mudança comportamental), automonitoramento, auto –reforço No

entanto ele enfatiza que “por exemplo a implementação de um programa de

individualização de reforço por fichas no contexto de uma sala de aula com 25-30

aluno é uma empreitada proibitiva para o professor”. Para a implementação do

apoio ao professor é necessário que a escola disponha de profissionais com

conhecimentos sobre a avaliação e o desenvolvimento dos programas.

39 No entanto, a responsabilidade do sucesso do aluno portador de TDAH

geralmente recai na habilidade do professor. Segundo Phelan (2005), outra

estratégia que pode ser utilizada no manejo de comportamento é o envio de

recompensa para casa. Essas recompensas podem ser pequenos recados de

incentivo ou elogio, que podem ser carimbados, desenhados ou escritos no

caderno do aluno. Nesses recados devem constar como a criança se comportou

na escola naquele dia. Esses recados servem de incentivos não apenas para a

criança, mas também para os pais, que na maioria das vezes, se sentem culpadas

ou, até mesmo envergonhadas, pela conduta anti-social que seu filho apresenta

na escola. “Alguns estudos mostram que, além do professor , os colegas de classe

também intervêm diretamente para produzir um bom comportamento num

estudante com TDAH”. (Phelan, p.187). Uma das formas mais eficazes com que

esses colegas de classe podem ajudar é serem encorajados a ignorar o

comportamento inadequado da criança, e ainda, aumentar o comportamento

apropriado dessa criança dando elogios e atenção positiva por isso. Porém, é

preciso que o professor não se esqueça, obviamente, que os colegas de classe

também devem ser recompensados por isso. Caso contrário, corre-se o risco de

os mesmos se sentirem estimulados a terem o mesmo comportamento dos

alunos o com TDAH. É preciso, no entanto, que o professor tenha o cuidado de

não permitir que os colegas se envolvam nos aspectos punitivos da estratégia de

monitoramento de comportamentos. Pois este não é o objetivo de sua estratégia.

Muitas vezes o comportamento de uma criança com TDAH é irritante, muito

difícil de ser compreendido até pelos próprios pais. O especialista em disciplina

infantil, Dr. Thomas W. Phelan, (2005), nos orienta:

“Por que ela não pode se comportar como as outras crianças? A criança não pode se comportar normalmente porque ela é portadora de Transtorno de Déficit de Atenção e não tem como” desligá-la “, embora a meta de um professor seja trabalhar para normalizar o comportamento da criança tanto quanto possível, é preciso começar com o que se tem, ou seja, com essa criança, do jeito que ela é”. (pg. 192).

40 É recomendável, se possível, que dentre os professores disponíveis, o

melhor para lidar com crianças portadoras de TDAH, antes de tudo, seja aquele

que aceite o desafio, encarando-o como uma oportunidade de aprendizagem e de

enriquecimento profissional e pessoal.

“É importante lembrar que os portadores da TDAH são normalmente

pessoas muito criativas e inteligentes. Quando cuidados por pessoas capacitadas,

com certeza, tornar-se-ão indivíduos mais realizados e felizes.” (Sena & Neto,

2007, p. 76).

Tratamento

A avaliação da criança deve ser feita por profissionais experientes em

TDAH, neurologistas, psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos. São realizadas

entrevistas, preenchimento de relatórios, testes neurológicos, incluindo avaliação

de linguagem oral e escritas (nos casos de problemas no desempenho escolar),

Após a confirmação do diagnostico de TDAH e a avaliação de outros

diagnósticos associados, o especialista que atende a criança irá em comum

acordo com os pais, prescrever o tratamento e a medicação. Os tratamentos mais

indicados são a psicoterapia, acompanhada de medicação. A psicoterapia mais

usual, mais estudada e recomendada é a técnica cognitivo-comportamental.

Geralmente é recomendada quando existe comorbidade com TDO, TC, Ansiedade

ou Depressão. Também pode ser indicada quando o TDAH se associa a um

comprometimento muito significativo do relacionamento familiar ou escolar.

Algumas pessoas tendem a resistir o tratamento farmacológico, porém,

segundo Paulo Mattos, médico psiquiatra e professor adjunto da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se o diagnóstico estiver claro, ou seja, se há

desatenção, hiperatividade e impulsividade que causam problemas na escola, no

41ambiente familiar, trabalho (adultos) e no convívio com as outras pessoas em

geral, terá que se fazer o uso de remédios sim. Em seu livro No Mundo da Lua,

(2007, p. 161), ele diz que a idéia de se tentar alguma outra coisa antes dos

remédios é comum, mas se baseia em preconceitos, não em evidências

científicas.

Em relação ao aluno portador de TDAH, Mattos (2007) diz:

“Não vejo sentido, por outro lado, de se pedir a um professor que faça uma tarefa hercúlea de ensinar a uma criança que não está sob tratamento”. (p. 109,110).

Mattos, (2007), explica que os medicamentos aumentam a quantidade de

dopamina e noradrenalina que se encontra relativamente diminuídas em

determinadas regiões do sistema nervoso central, mais especificamente nas

regiões que controlam os impulsos, os níveis de atenção e os níveis de atividade

motora. São substâncias normalmente produzidas e liberadas pelas células

nervosas e servem para transmitir as informações entre elas, por isso são

chamadas de neurotransmissores. Uma regulação deficitária nos sistemas de

dopamina e/ou noradrenalina parece estar envolvida no aparecimento dos

sintomas de TDAH.

O diagnóstico de TDAH, diferentemente do que muitas pessoas pensam,

não “aprisiona”, pelo contrário ele “liberta”. A desinformação é cruel com o

portador e seus familiares. O TDAH é um fato científico, estudado e diagnosticado

no mundo inteiro. No Brasil o número de crianças com diagnóstico correto e o

acesso ao tratamento eficaz é mínimo. Lidar com um portador de TDAH exige

mudança de atitudes e de conceitos e até de “preconceitos”. A Dra. Iane,

psicóloga (UFRJ) e presidente da ABDA, disse em sua entrevista (18/07/2009) É

urgente capacitar pais e professores!

Alguns médicos ainda prescrevem remédios apenas para o horário em que

a criança permanecerá na escola. Ficando ao encargo do professor, observar o

comportamento deste aluno em decorrência da medicação. O seu contato com o

médico e os pais da criança será fundamental para que eles tenham uma idéia

42geral dos efeitos positivos e também dos possíveis efeitos colaterais que podem

se manifestar. Phelan (2005), explica que se o professor sabe que a criança está

tomando medicação há duas semanas, e nada mudou, é hora de dizer algo aos

pais e o médico que acompanha a criança. Por isso o professor precisa ter noções

básicas a respeito dos diferentes medicamentos e como eles atuam.

“É claro que os professores não prescrevem remédios, mas podem passar informações preciosas para os pais e/ou diretamente aos médicos. Ao fazer isso, podem ajudar imensamente a criança com TDAH. É também tornar a sua sala de aula um ambiente de aprendizado mais positivos para todos”. (Phelan, 2005, p. 2007).

Epidemiologia

Estima-se que atualmente o TDAH é uma das síndromes mais comuns no

mundo, sendo encontrada em estudos epidemiológicos uma predominância de,

aproximadamente, 3 a 7% na população infantil. De acordo com esses dados

presume-se que em uma sala de aula com 30 alunos , encontraremos um ou dois

portadores. A distribuição está feita de forma semelhante em vários países do

mundo, independentemente de culturas ou classes sócio-econômicas

As pesquisas revelam esta síndrome é mais comum nos meninos,

chegando à proporção de três meninos para uma menina.

Outro ao fato relevante é, que em meninas é mais comum os sintomas de

desatenção apenas, talvez por isso, por incomodarem menos, também são menos

tratadas.

“Nas portadoras, há um predomínio do TDAH com sintomas de

desatenção”. (Sena & Neto, p.18).

43

CONCLUSÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção é Hiperatividade, é um transtorno que

tipicamente começa cedo na vida da criança. As maiorias dos sintomas aparecem

antes do ingresso na educação elementar. O diagnóstico precoce é essencial para

que se tome medidas de intervenções adequadas, no sentido de reduzir a

frequência e gravidade dos comportamentos relacionados ao TDAH e para

prevenir surgimento de resultados comuns, como por exemplo, déficits

acadêmicos e problemas de conduta associados ao TDAH.

Com certeza lidar com um portador de TDAH será um grande desafio para

todos os envolvidos com a educação. As características centrais e primárias deste

transtorno, (isto é, desatenção, impulsividade e hiperatividade) com muita

frequência levam a perturbações da ordem em sala de aula, somando-se à fraca

conquista acadêmica e dificuldades para fazer e/ou manter amizades. Estudos

mostram que o sucesso acadêmico e comportamental irá depender das

intervenções e estratégias desenvolvidas pela escola e especialmente pelos

professores. Maximizar a probabilidade de sucesso escolar para cada criança

exige uma gama de estratégias comportamentais, instrucionais e de

aprendizagem e tem como objetivo prevenir e manejar os problemas nessas

áreas. O entendimento sobre o TDAH avançou imensamente nas últimas décadas,

no entanto, crianças com este transtorno ainda encontram dificuldades

significativas para o sucesso escolar. É necessário que os profissionais da área

de psicologia e educação aumentem os seus conhecimentos e entendimentos

sobre as limitações dos estudantes com TDAH. Este trabalho no entanto, não

esgota as dúvidas sobre como lidar com alunos com TDAH, o que se espera, é

que, suscite nos profissionais de educação o desejo de conhecer um pouco deste

universo que é o portador de TDAH, suas limitações e suas possibilidades, e que

possam contribuir com o sucesso acadêmico e afetivo desta criança.

44BIBLIOGRAFIA

DUPAL, George J. & Stoner, Gary, TDAH nas ESCOLAS, 1ª ed., M.Books do

Brasil Editora Ltda, São Paulo , 2007.

MATTOS, Paulo, No Mundo da Lua: Perguntas e respostas sobre Transtorno de

Déficit de Atenção com Hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos, 7ª

ed., São Paulo, Lemos Editorial, São Paulo, 2007.

PHELAN, Thomas W., TDA Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

TDAH Sintomas, Diagnósticos e Tratamento Crianças e Adultos, 1ª ed., M. Books

do Brasil Ltda, São Paulo, 2005.

ROHDE, LUÌS Augusto P.& BENCZIK, EDYLEINE B. P., Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade: O que é? Como ajudar?, 1ª ed., Editora Artes Médicas

Sul Ltda, Porto Alegre, 1999.

SCHWARTZMAN, JOSÉ SALOMÃO, 3ª ed., Memnon Edições científicas Ltda,

São Paulo, 2008.

SENA, Simone da Silva & Neto, Orestes Diniz, Distraído e a 1000 por hora: Guia

para familiares, educadores e portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade, 1ª ed., ARTMED Editora S.A., 2007.

SITE: ABDA – Associação Brasileira de Déficit de Atenção.

45

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO S 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Histórico 10

CAPÍTULO II

Características . 16

2.1.Subtipos de TDAH 17

2.2- Como definir portadores de TDAH 23

2.3- Como fazer o diagnóstico? 26

2.4- Co-morbidades 27

CAPÍTULO III –

Estratégias e Intervenções 31

3.1- Algumas dicas para o professor 35

3.2- Oferta de Apoio ao professor 37

463.3 – Tratamento e Epidemiologia 40/42

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

47

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: TDAH NAS PRIMEIRAS SÉRIES DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Autor: MARIA AMÉLIA DA COSTA DARIS

Data da entrega: 30 de julho de 2009.

Avaliado por: Conceito:

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