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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
ANGELA XAVIER
Influência das condições de saúde bucal na qualidade de vida de pré-escolares por meio da avaliação socioeconômica e estado
nutricional
BAURU 2011
ANGELA XAVIER
Versão corrigida
Influência das condições de saúde bucal na qualidade de vida de pré-escolares por meio da avaliação socioeconômica e estado
nutricional
Dissertação apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em Ciências Odontológicas Aplicadas. Área de concentração: Odontologia em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. José Roberto de Magalhães Bastos
BAURU 2011
Nota: A versão original desta dissertação encontra-se disponível no Serviço de Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Bauru-FOB/USP.
Xavier, Angela
Influência das condições de saúde bucal na qualidade de vida de pré-escolares por meio da avaliação socioeconômica e estado nutricional/
Angela Xavier. – Bauru, 2011. 189 p. : il. ; 31cm.
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo
Orientador: Prof. Dr. José Roberto de
Magalhães Bastos
X19i
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação/tese, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos.
Assinatura:
Data:
Comitê de Ética da FOB-USP
Protocolo nº: 156/2009
Data: 03/03/2010
ERRATA
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dados Curriculares
Angela Xavier
05/04/1975 Nascimento Bauru, SP.
Filiação Francisco José Hilário Xavier
Ana Maria Zorzella Xavier
1994-1997 Curso de Graduação em Odontologia na Universidade do Sagrado
Coração, Bauru-SP
2000-2002 Curso de Especialização em Periodontia pela Faculdade de
odontologia de Araraquara da Universidade estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho –Campus de Araraquara
2006-2008 Curso de Especialização em Saúde Coletiva pelo Hospital de
Reabilitação de Anomalias Craniofaciais-HRAC-USP
2009-2011 Curso de pós-graduação em odontologia em saúde coletiva pela
faculdade de Odontologia de Bauru-USP
DEDICATÓRIA
À minha mãe Ana Maria,
Uma mulher muito corajosa, forte e decidida, a pessoa que sempre me estimulou em
todas as minhas decisões, sem seu amor e seu incentivo eu não teria conseguido
chegar até aqui. Você é meu espelho. Te amo muito.
Ao meu marido Diogo,
Sempre me deu incondicional incentivo para que eu deixasse para trás parte da
minha vida para me dedicar a esta nova etapa. Pelo seu apoio, seu amor e carinho
que aumentam a cada dia. Agradeço por você fazer parte da minha vida.
Nosso amor cresce e se consolida a cada dia mais !
AGRADECIMENTOS
A minha mãe Ana Maria,
Veio de você tudo que sou e tenho de melhor. Graças a sua força, seu amor
imenso, seus ensinamentos e sua doação consegui chegar até aqui. Te amo
incondicionalmente.
Tia Glory,
Você que sempre foi e sempre será minha mãe do coração, fez parte da minha
educação e sempre esteve ao meu lado, em todos os momentos importantes de
minha vida. Te amo muito.
Meu marido Diogo,
O amor da minha vida, que é um homem que sempre me incentivou a crescer e me
ensinou ser uma pessoa melhor, é meu grande exemplo de superação e
determinação, meu porto seguro. Seu amor é fundamental para que eu siga em
frente.
Agradeço a minha família,
Meus irmãos, cunhados e meus queridos sobrinhos
Agradeço imensamente pelo amor, apoio e pela compreensão com relação aos
meus momentos de ausência e destemperança. Vocês são fundamentais em minha
vida.
Ao meu orientador
Prof. Dr. José Roberto de Magalhães Bastos
Obrigada pela oportunidade de concretizar este sonho, pelos seus valiosos
ensinamentos que me acompanharão por toda vida. Pela confiança em mim
depositada e pelas oportunidades proporcionadas que foram fundamentais para meu
amadurecimento profissional.
Nunca esquecerei.
Profa. Dra. Magali de Lourdes Caldana
Agradeço por sua ajuda, sua amizade e pela oportunidade de participação no
“Projeto USP em Rondônia”, que me proporcionou muitas alegrias e muito
aprendizado. Aprendi o que realmente significa trabalhar em saúde coletiva. Foi
muito importante para meu crescimento profissional e pessoal.
Profa. Dra. Silvia Helena de Carvalho Sales Peres
Agradeço por sua grande ajuda, sua confiança, pelas oportunidades e pela atenção
disponibilizada durante essa jornada, por todos os ensinamentos e por sua grande
amizade, sou muito grata por tudo.
Prof. Dr. Arsenio Sales Peres
Obrigada pelo aprendizado e pelas oportunidades concedidas durante essa jornada.
Prof. Dr. José Roberto Pereira Lauris, obrigada por sua
paciência e serenidade, por ensinar a ter apreço pelos caminhos da bioestatística.
Prof. Dr. Roosevelt da Silva Bastos, obrigada por me ajudar
muito nessa caminhada com sua amizade, companheirismo, pelos momentos de
descontração e de reflexão.
A minha querida amiga Adriana, agradeço imensamente pelo seu
companheirismo, amizade, por estar presente em todos os momentos durante nossa
jornada, nossa amizade com certeza é uma das coisas mais belas que eu carregarei
no coração pra toda vida.
A minha querida amiga Suzana, você é uma pessoa muito especial
que tem uma grande iluminação, força e alegria de viver, sempre vencendo os
obstáculos com muita garra e determinação. Sua amizade é uma luz em minha
vida. Aprendo muito com você todos os dias. Adoro você!
Aos queridos amigos Fábio e Cris, muito obrigada, vocês são
amigos excepcionais que com muita paciência e carinho me ajudaram e ensinaram
muito nessa caminhada, vocês são um exemplo para a minha vida profissional e
pessoal. Vocês estão no meu coração.
Às amigas queridas Aline e Érica Sitta, que com sua amizade e alegria de
viver me ajudaram muito a conduzir o mestrado com mais leveza e tranquilidade, a
amizade de vocês é muito importante , e será pra sempre!
Aos Amigos, Érica Carvalho, Juliane, Paty e Patrícia Matos
e Haroldo, obrigada pelo companheirismo, me ensinaram o verdadeiro
significado da amizade e do trabalho em equipe.
Ao amigo Ricardo Pianta, agradeço por sua amizade e por ter me
incentivado a ingressar na carreira acadêmica. Muito Obrigada.
Aos funcionários Silvia, Rosa, Marta e Helena, obrigada por sua
dedicação e por estar sempre presente nos momentos de dificuldades.
Às Diretoras das Escolas Municipais que permitiram a realização desta
pesquisa.
Aos Voluntários que participaram desta pesquisa, sua colaboração foi
fundamental.
A Faculdade de Odontologia de Bauru, por meio de seu diretor Prof. Dr. José
Carlos Pereira.
A todas as pessoas que contribuíram para a concretização deste trabalho de
mestrado.
Muito Obrigada!
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem
momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis.”
Fernando Pessoa
“A educação é o grande motor do desenvolvimento
pessoal. É através dela que a filha de um camponês pode
se tornar uma médica, que o filho de um mineiro pode se
tornar o diretor da mina, que uma criança de peões de
fazenda pode se tornar o presidente de um país”
Nelson Mandela
Resumo
RESUMO
A presente pesquisa teve por objetivo avaliar o impacto das condições bucais na
qualidade de vida de pré-escolares matriculados nas Escolas Municipais de
Educação Infantil (EMEIs) do município de Bauru, Estado de São Paulo, assim como
verificar o perfil socioeconômico das famílias e estado nutricional. A amostra foi
constituída por 229 pré-escolares entre 3 e 5 anos de idade onde foi adotado o
Índice ceod para avaliação de cárie dentária e o Índice de Massa Corpórea para
avaliação do estado nutricional das crianças de acordo com as normas preconizadas
pela Organização Mundial da Saúde. Foram aplicados questionários de avaliação de
influência da saúde bucal na qualidade de vida (ECOHIS) e perfil socioeconômico
aos pais ou responsáveis dos respectivos pré-escolares. A análise estatística foi
realizada de modo descritivo por meio de frequências relativas e absolutas e os
testes de Correlação de Spearman, Kruskall Wallis e Mann Whitney (p<0,05). Foi
encontrado um ceod de 1,65 (2,87) e um Sic Índice de 4,88 (3,20) demonstrando
polarização da cárie dentária no grupo estudado. Constatou-se que 66,81% das
crianças encontravam-se eutróficas e houve baixa influência da saúde bucal na
qualidade de vida das crianças examinadas. Com relação a classificação
socioeconômica 66,38% das famílias encontravam-se na classe média inferior. Foi
verificada relação estatisticamente significativa entro o ceod e componentes e
influência da saúde bucal na qualidade de vida e correlação positiva e inversa entre
o ceod e condições socioeconômicas. Verificou-se baixa influência da saúde bucal
na qualidade de vida de crianças avaliadas e relação significativa destas com as
condições socioeconômicas. Esses resultados podem nortear novas práticas em
saúde objetivando reduzir as desigualdades na distribuição da cárie dentária na
população.
Palavras-chave: qualidade de vida, saúde bucal, cárie dentária.
Abstract
ABSTRACT
Influence of oral health conditions on quality of life of preschool children
assessing socioeconomic and nutritional status
This study aimed to evaluate the impact of oral conditions on preschool children’s
quality of life registered in the Municipal Schools of Infantile Education (EMEIs) in
Bauru, State of São Paulo, as well as check the socioeconomic profile of households
and nutritional status. The sample consisted of 229 preschool children between 3
and 5 years old where was adopted the dmft index for assessment of dental caries
and body mass index to assess the nutritional status of children in accordance with
the standards recommended by the World Health Organization . Questionnaires were
used for evaluation of influence of oral health on quality of life (ECOHIS) and
socioeconomic profile of parents or guardians of their preschoolers. Statistical
analysis was performed descriptively by relative and absolute frequencies and tests
of Spearman correlation, Kruskal Wallis and Mann Whitney (p <0.05). Was found a
dmft of 1.65 (2.87) and a Sic Index 4.88 (3.20), indicating the polarization of dental
caries in the studied group. It was found that 66.81% of the children were well-
nourished and was verified low influence of oral health on quality of life of children
examined. With respect to socioeconomic classification 66.38% of families were in
the lower middle class. Statistically significant relationship was found betwen the dmft
and components and influence of oral health on quality of life and positive and
inverse correlation between the dmft and socioeconomic conditions. There was little
influence of oral health on quality of life of assessed children and significant
relationship with these socioeconomic conditions. These results can guide new
practices aiming the reduction health inequalities in the distribution of dental caries in
the population.
Key words: quality of life, oral health, dental caries
Lista de Ilustrações
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- FIGURAS
Figura 1 - Modelo de kleinamn-Good-Young................................................... 70
Figura 2 - Modelo de produção social da doença proposto por Diderichsen e
colaboradores.................................................................................. 71
Figura 3 - Modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e
Whitehead (1991)............................................................................
72
Figura 4 - Mapa do Município de Bauru, Estado de São Paulo...................... 100
Figura 5 - Amostra calculada e examinada na pesquisa................................. 101
- QUADROS
Quadro 1 - Questões da versão em português do ECOHIS referentes a
subescala da criança e subescala da família.................................. 105
Quadro 2 - Situação econômica da família........................................................ 107
Quadro 3 - Número de membros da família....................................................... 107
Quadro 4 - Grau de Instrução dos chefes da família......................................... 107
Quadro 5 - Habitação......................................................................................... 108
Quadro 6- Profissão dos chefes da família....................................................... 108
Quadro 7- Classificação final............................................................................ 109
- GRÁFICOS
Gráfico 1 - IMC por idade para meninos do nascimento aos 5 anos de idade.. 112
Gráfico 2 - IMC por idade para meninas do nascimento aos 5 anos de idade.. 113
Gráfico 3 - Impacto das condições de saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010................................... 134
Gráfico 4 - Correlação entre a influência da saúde bucal na qualidade de vida e condição socioeconômica dos pré-escolares examinados, Bauru,
SP, 2010............................................................................... 142
Lista de Tabelas
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Códigos e critérios para condições preconizados pela
OMS...................................................................................................
110
Tabela 2 - Códigos e critérios para necessidades de tratamento preconizadas
pela OMS............................................................................................
110
Tabela 3 - Valores de referência para o índice de massa corpórea de crianças
de 0 a 5 anos de idade....................................................................... 113
Tabela 4 - Frequência absoluta de crianças matriculadas e frequência
absoluta e relativa de crianças examinadas nas Escolas Municipais
de Ensino Infantil, Bauru, SP, 2010................................................... 117
Tabela 5 - Frequência absoluta e frequência relativa das crianças examinadas
de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.......................................... 118
Tabela 6 - Frequência absoluta e frequência relativa das crianças examinadas
de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010........................................ 118
Tabela 7 - Prevalência de cárie dentária e percentual de indivíduos livres de
cárie nos pré-escolares, de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010... 119
Tabela 8 - Prevalência de cárie dentária e percentual de indivíduos livres de
cárie nos pré-escolares, de acordo com o gênero, Bauru, SP,
2010.................................................................................................... 119
Tabela 9 - Distribuição do ceod e desvio padrão (dp) dos pré-escolares de
acordo com a idade, Bauru, SP, 2010............................................... 120
Tabela 10 - Distribuição do ceod e desvio padrão (dp) dos pré-escolares de
acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010............................................. 120
Tabela 11 - Distribuição da média de dentes cariados, perdidos e obturados e
desvio padrão (dp) dos pré-escolares de acordo com a idade,
Bauru, SP, 2010................................................................................. 121
Tabela 12 - Distribuição da média de dentes cariados, perdidos e obturados e
desvio padrão (dp) dos pré-escolares de acordo com o gênero,
Bauru, SP, 2010................................................................................. 121
Tabela 13 - Necessidades de tratamento dos pré-escolares e desvio padrão
(dp) de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010................................... 122
Tabela 14 - Necessidade de tratamento dos pré-escolares e desvio padrão (dp)
de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010........................................ 123
Tabela 15 - Avaliação da desigualdade na distribuição da cárie dentária nos
pré-escolares de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.................... 124
Tabela 16 - Avaliação da desigualdade na distribuição da cárie dentária nos
pré-escolares de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010................. 124
Tabela 17 - Índice de Massa Corpórea (IMC) dos pré-escolares de acordo com
a idade, município de Bauru, SP, 2009.............................................. 125
Tabela 18 - Índice de Massa Corpórea (IMC) dos pré-escolares de acordo com
o gênero no município de Bauru, SP, 2010....................................... 126
Tabela 19- Cárie dentária de acordo com as categorias do Índice de massa
corpórea dos pré-escolares examinados, Bauru, SP,
2010.................................................................................................... 126
Tabela 20 - Classificação socioeconômica das famílias dos pré-escolares
examinados, Bauru, SP, 2010............................................................ 127
Tabela 21 - Frequência absoluta e relativa da renda das famílias dos pré-
escolares examinados, Bauru, SP, 2010 ......................................... 128
Tabela 22 - Frequência absoluta e relativa da escolaridade dos chefes das
famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010................. 128
Tabela 23 - Frequência absoluta e relativa da habitação da família dos pré-
escolares examinados, Bauru, SP, 2010........................................... 129
Tabela 24 - Avaliação da influência da saúde bucal na qualidade de vida dos
pré-escolares avaliados, Bauru, 2010................................................ 130
Tabela 25 - Freqüência absoluta e freqüência relativa de pré-escolares sem
influência da saúde bucal na qualidade de vida, Bauru, SP, 2010... 131
Tabela 26 - Média e desvio padrão (dp) da influência da saúde bucal na
qualidade de vida dos pré-escolares, Bauru, SP,
2010.................................................................................................... 132
Tabela 27 - Influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares
examinados e domínios de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010... 133
Tabela 28 - Influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares
examinados e domínios de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010. 133
Tabela 29 Ceod e desigualdade na distribuição da cárie dentária de acordo
com o impacto da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-
escolares, Bauru, SP, 2010................................................................ 135
Tabela 30 - Correlação entre o ceod e componentes do estado nutricional dos
pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010..................................... 136
Tabela 31 - Correlação entre estado nutricional por categoria e cárie dentária
dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010. 136
Tabela 32 - Correlação entre o ceod e influência da saúde bucal na qualidade
de vida dos pré-escolares avaliados por domínios, Bauru, SP,
2010................................................................................................... 137
Tabela 33 - Correlação entre o componente cariado do ceod e a influência da
saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados, por
domínio, Bauru, SP, 2010.................................................................. 137
Tabela 34 - Correlação entre o componente restaurado do ceod e a influência
da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados
por domínio, Bauru, SP, 2010............................................................ 138
Tabela 35 - Correlação entre o componente perdido do ceod e a influência na
qualidade de vida dos pré-escolares avaliados, por domínio, Bauru,
SP, 2010............................................................................................. 138
Tabela 36 - Correlação entre o ceod e condição socioeconômica, por
componentes, das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru,
SP, 2010............................................................................................ 139
Tabela 37 - Correlação entre o ceod e renda, por componente, das famílias dos
pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010..................................... 140
Tabela 38 - Correlação entre o ceod e escolaridade, por componente, da mãe
ou responsável dos pré-escolares examinados, Bauru, SP,
2010.................................................................................................... 140
Tabela 39 - Correlação entre o ceod e habitação, por componente, da família
dos pré-escolares examinados, Bauru, SP,
2010.................................................................................................... 141
Tabela 40 - Correlação entre influência da saúde bucal na qualidade de vida e
condição socioeconômica dos pré-escolares, Bauru, SP,
2010.................................................................................................... 141
Tabela 41 - Correlação entre a influência da saúde bucal na qualidade de vida
e renda, escolaridade e habitação das famílias dos pré-escolares
examinados, Bauru, SP, 2010............................................................ 142
Tabela 42 - Regressão linear múltipla tendo o resultado da influência da saúde
bucal na qualidade de vida como variável dependente e o ceod,
IMC e Condição socioeconômica como variável independente........ 143
Lista de Abreviaturas e Siglas
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
OMS Organização Mundial da Saúde
a.C. Antes de Cristo
CSDH Comissão sobre Determinantes Sociais de Saúde
WHO World health Organization
CNDSS Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde
DSS Determinantes Sociais da Saúde
QVLS Qualidade de vida ligada à Saúde
WHOQOL-100 World Health Organization Quality of Life
WHOQOL-bref World Health Organization Quality of Life-bref
SIP Sickness Impact Profile
PSN Perfil de Saúde de Nottingham
OHIP-49 Perfil do Impacto da Saúde Bucal-49
OHIP-14 Perfil do Impacto da Saúde Bucal-14
GOHAI Índice de Determinação da Saúde Bucal Geriátrica
OIDP Índice de Impactos Odontológicos no Desempenho Diário
OHRQL Saúde bucal relacionado com qualidade de vida
Child-OIDP Índice de Impactos Odontológicos no Desempenho Diário para
criança
COHQOL Child Oral Health Quality of Life Instrument
FIS Family Impact Scale
CPQ Child Perception Questionnaire
ECOHIS Early childhood oral health impact scale
SUS Sistema Único de Saúde
CPOD cariado perdido obturado por dente
SB 2003 Saúde Bucal 2003
ceod cariado extraído obturado dente decíduo
EMEI Escola Municipal de Educação infantil
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
TCLE Termo de Consentimento Livre e esclarecido
R Coeficiente de correlação
IMC Índice de Massa Corpórea
BI Baixa inferior
BS Baixa Superior
MI Média Inferior
M Média
MS Média Superior
A Alta
SM Salário Mínimo
Sumário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 59
2 REVISÃO DE LITERATURA 65
2.1 SAÚDE E SEUS DETERMINANTES SOCIAIS 67
2.2 QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE BUCAL 75
2.3 CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E SAÚDE BUCAL 82
2.4 CÁRIE E SEU DECLÍNIO NO BRASIL 85
2.5 CÁRIE EM PRÉ-ESCOLARES 88
3 PROPOSIÇÃO 93
3.1 OBJETIVO GERAL 95
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 95
4 MATERIAL E MÉTODOS 97
4.1 ASPECTOS ÉTICOS 99
4.2 OPÇÃO METODOLÓGICA 99
4.3 CÁLCULO DA AMOSTRA 99
4.4 COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA 99
4.4.1 Pré-escolares 101
4.4.2 Pais ou responsáveis 102
4.5 DELINEAMENTO DO ESTUDO 102
4.5.1 Processo de calibração 102
4.5.2 Distribuição dos TCLE e dos questionários sobre influência da
saúde bucal na qualidade de vida e condição socioeconômica
103
4.5.2.1 Questionário sobre influência da saúde bucal na qualidade de vida 104
4.5.2.2 Questionário de avaliação socioeconômica 106
4.5.3 Exames clínicos 109
4.5.3.1 Avaliação da cárie dentária 109
4.5.3.2 Avaliação antropométrica 112
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 114
5 RESULTADOS 115
5.1 DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA 117
5.2 CÁRIE DENTÁRIA 118
5.3 ESTADO NUTRICIONAL 125
5.4 CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS 127
5.5 INFLUÊNCIA DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA 129
5.6 CORRELAÇÃO 135
6 DISCUSSÃO 145
6.1 PERFIL DA CÁRIE DENTÁRIA 147
6.2 ESTADO NUTRICIONAL E SAÚDE BUCAL 149
6.3 CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E SAÚDE BUCAL 153
6.4 INFLUÊNCIA DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DOS
PRÉ-ESCOLARES E SUA RELAÇÃO COM AS CONDIÇÕES
SOCIOECONÔMICAS
154
7 CONCLUSÕES 159
REFERÊNCIAS 163
ANEXOS 175
ANEXO A – Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
da Faculdade de Odontologia de Bauru 177
ANEXO B - Carta de aprovação das alterações no projeto solicitadas
179
ANEXO C - Autorização da Secretaria de Educação do Município de
Bauru 181
ANEXO D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 183
ANEXO E – Questionário sobre a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal de Crianças na Idade Pré- escolar (B-ECOHIS)
185
ANEXO F - Questionário de avaliação socioeconômica 187
ANEXO G- Ficha de Exame Clínico 189
1 Introdução
1 Introdução 61
1 INTRODUÇÃO
Um desafio permanente para profissionais e pesquisadores no que tange
à saúde bucal é o controle e prevenção da cárie dentária. A inclusão do flúor na
água de abastecimento pública e nos dentifrícios assim como a mudança no
enfoque dos serviços públicos para um enfoque preventivo, estão dentre as
principais causas do declínio nos índices de cárie em todo o mundo, podendo ser
observado no Brasil um declínio de 61,7% de 1986 a 2003 aos 12 anos de idade.
(FEITOSA; COLARES, 2004).
Apesar das melhorias observadas nos indicadores de saúde bucal, a cárie
ainda permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil, com uma
distribuição desigual da doença entre regiões, onde as piores situações podem ser
observadas nos Estados da região Nordeste e as melhores situações no Sul e
Sudeste. No levantamento realizado em 2003 foi verificado que 40,6% das crianças
aos 5 anos de idade encontravam-se livres de cárie, percentual abaixo da meta
estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o ano 2000 que era
de 50% de crianças livres de cárie aos 5 anos de idade. (RIGO; SOUZA; CALDAS
JÚNIOR, 2009; FDI, 1982) Essa desigualdade gera uma demanda no acesso aos
serviços de saúde bucal além do tratamento clínico, visto que demonstram
processos mais abrangentes, como condições socioeconômicas e aspectos mais
subjetivos como sofrimento e questões psicoafetivas não traduzidas primariamente
para cuidados específicos. (MOREIRA; NATIONS; ALVES, 2007)
Diversas pesquisas têm abordado a associação da cárie dentária com
fatores de natureza distinta assim como condições socioeconômicas, acesso aos
serviços de saúde e estado nutricional. A avaliação dos fatores sociais que
interferem no processo saúde-doença bucal pode ser uma importante contribuição
para estudos de base populacional que objetivam identificar grupos preferenciais a
receberem atenção nos serviços públicos, tendo em vista a escassa destinação de
recursos ao setor saúde e a magnitude das necessidades acumuladas.
A relação entre a ocorrência de cárie dentária e o estado nutricional de
crianças ainda é controversa. Alguns autores afirmam que o excesso de peso pode
estar relacionado com a cárie dentária, enquanto outros relatam que a cárie é mais
prevalente em crianças desnutridas (OLIVEIRA; SHEIHAM; BÇNECKER, 2008). Tal
relação é confundida pelo fato de que a experiência de cárie severa na infância foi
1 Introdução 62
demonstrada afetar o crescimento de forma adversa, especificamente o peso
corporal e a altura. Além disso, fatores ambientais, como condições materiais,
avaliados por indicadores socioeconômicos e fatores sociais, como a vida familiar e
a educação também podem explicar as variações sociais em saúde bucal.
(OLIVEIRA; SHEIHAM; BÇNECKER, 2008).
As desigualdades sociais e econômicas promovem intercorrências
observadas na saúde geral, e existem evidências de que estas diferenças nas
condições de vida interferem também na saúde bucal. Neste contexto, o processo
saúde-doença bucal pode ser o reflexo da renda, nível de escolaridade e do acesso
aos serviços de saúde, o que pode ser constatado pela gradual queda dos índices
de cárie dentária, com manutenção de altos níveis polarizados nos estratos
inferiores da sociedade, evidenciando que esta doença é o reflexo e a expressão
das contradições existentes nas sociedades (SALAKO, 1985; SILVA; DURAN, 1990;
FEHR; SCHWARZ, 1995). A saúde bucal tem relação de interdependência com os
fatores locais e condições socioambientais, e o fator comportamental é a expressão
do desempenho desse conjunto de fatores. (YARID; ROCHA; SILVA; LAURIS;
CALDANA, 2007)
Neste contexto, o objetivo primordial do cuidado com a saúde bucal não
deve ser visto meramente como ausência de cárie dentária ou de doença
periodontal e sim o bem-estar psicológico e social também deve ser considerado
(INGLEHART; BAGRAMIAN, 2002). Desta forma, a avaliação de impacto da saúde
bucal na qualidade de vida foi desenvolvida para proporcionar a identificação das
necessidades percebidas (avaliada pelo indivíduo), simultaneamente com as
necessidades normativas (avaliada pelo profissional). (MCGRATH; BEDI, 2004). A
percepção da importância da saúde bucal para a qualidade de vida pelas pessoas
pode ser constatada sob uma multiplicidade de formas nos domínios físico, social e
psicológico, sendo que a capacidade de se alimentar e a ocorrência de dor e
desconforto costumam ser consideradas respectivamente os aspectos positivo e
negativo mais relevantes, para a qualidade de vida. Estes instrumentos são
denominados questionários sócio-dentários e apresentam amplas aplicações
incluindo ações políticas, de pesquisa, clínicas e na saúde pública.
De acordo com os quadros epidemiológicos e sociais brasileiros, as
políticas públicas devem ser norteadas para a prevenção de doenças e promoção da
saúde da população e suas estratégias devem evidenciar a criação de condições
1 Introdução 63
favoráveis ao seu desenvolvimento e ampliar a capacidade dos indivíduos, o que
demanda uma abordagem intersetorial, em conjunto com ações e serviços em
outras áreas da saúde. (YARID; ROCHA; SILVA; LAURIS; CALDANA, 2007)
1 Introdução 64
2 Revisão de Literatura
2 Revisão de Literatura 67
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 SAÚDE E SEUS DETERMINANTES SOCIAIS
O conceito de saúde não apresenta a mesma representação para todas
as pessoas, depende de fatores como circunstância social, econômica e cultural em
que estão inseridas, apresentando, desta forma, relação com a época, classe social,
região, aspectos religiosos e culturais. Com isso, observa-se na história registros de
movimentos e organizações de pensadores e pesquisadores na tentativa de
reorientar a concepção de saúde (SCLIAR, 2007).
Neste sentido, nos primórdios do pensamento Ocidental, na Grécia
Antiga, a reflexão sobre a prática da saúde teve início com o mito de Panacéia e de
Higéia, filhas do Deus Asclépios. Panacéia era a padroeira das práticas terapêuticas
baseadas em intervenções sobre os indivíduos doentes, por meio de manobras
físicas e uso de pharmakon, representando a idéia de que tudo poderia ser curado.
Higéia representava a saúde como o resultado da harmonia entre o homem e
ambiente, e sua promoção se dava por meio de ações preventivas, assim, o seu
culto representava a valorização das práticas higiênicas. Desta forma, a partir da
valorização dessas crenças e práticas derivaram os conceitos de higiene no sentido
de promoção da saúde, especialmente no caráter coletivo (PITANGA, 2002).
Hipócrates de Kós (460-377 a.C.) considerado o Pai da Medicina, em seu
texto conhecido como “Ares, águas e lugares” discutiu os fatores ambientais ligados
às doenças, defendendo um conceito ecológico do processo saúde-doença. O autor
abordava a influência da cidade e do estilo de vida de seus habitantes sobre a saúde
e afirmava que o médico não cometeria erros ao tratar as doenças de determinada
localidade ao compreender adequadamente tais influências (DALLARI, 1988).
A partir daí emergiu a teoria dos miasmas, onde emanações de regiões
insalubres seriam capazes de causar doenças e epidemias, como a malária, muito
comum no sul da Europa e uma das causas da derrocada do Império Romano
(SCLIAR, 2007). Paracelso, médico e alquimista suíço-alemão que viveu durante a
primeira metade do século XVI, salientou a importância do mundo exterior (leis
físicas da natureza e fenômenos biológicos) para a compreensão do organismo
humano. Devido a sua experiência como minerador pôde demonstrar a relação de
certas doenças com o ambiente de trabalho (DALLARI, 1988).
2 Revisão de Literatura 68
No século XIX, a revolução industrial, proporcionou crescente ocorrência
de êxodo rural e consequentemente o crescimento desordenado das cidades,
iniciando uma preocupação com as condições insalubres de vida e trabalho dos
operários e dessa forma o tema saúde torna-se parte das reivindicações dos
movimentos sociais (PITANGA, 2002).
Após a segunda guerra mundial, foi divulgada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) a definição de saúde como sendo “O estado do mais completo bem
estar físico, mental e social e não apenas ausência de enfermidade.” Esta nova
conceituação foi muito importante por considerar não apenas os determinantes
biológicos da saúde, mas também por levar em consideração a saúde como
resultado do binômio corpo-mente e sua interação com o ambiente. Outro aspecto
fundamental é que a saúde é pensada de forma positiva, e não como uma ausência
de doença. Entretanto, nesta concepção observa-se a apresentação da saúde como
uma condição utópica, muito difícil de ser atingida (BADZIAK; MOURA, 2010).
Em 1972 durante o Seminário de Cuenca, no Equador, foi discutida a
necessidade de mudar a orientação da conceituação de saúde baseada no
paradigma Flexineriano. O referido modelo foi consolidado no período entre 1910 e
1930, a partir das recomendações do Relatório Flexner, e baseava-se na ênfase na
pesquisa biológica, além de possuir como características, entre outros aspectos, o
mecanicismo (corpo humano visto como uma máquina), biologismo (peso dado à
natureza biológica das doenças, suas causas e conseqüências), individualismo
(exclusão dos aspectos coletivos e sociais da vida dos indivíduos) e especialização,
que enfatiza a tecnificação e curativismo privilegiando o aspecto curativo e o
diagnóstico (REIS, 2006).
Em 1974, Marc Lalonde, titular do Ministério da Saúde e do Bem-Estar do
Canadá, por meio da publicação do “Informe Lalonde”, primeiro documento oficial
que discutiu a promoção da saúde, divulgou o conceito do campo da saúde a qual
deve abranger as seguintes áreas: a biologia humana, que compreende a herança
genética e os processos biológicos inerentes à vida, o meio ambiente, que inclui
solo, água, ar, moradia, local de trabalho e o estilo de vida, do qual resultam
decisões que afetam a saúde assim como fumar ou deixar de fumar, beber ou não,
praticar ou não exercícios e a organização da assistência à saúde (SOUZA;
GRUNDY, 2004).
2 Revisão de Literatura 69
Durante a Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde
realizada na cidade Alma-Ata, em 1978, promovida pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), foram evidenciadas as desigualdades existentes na situação de
saúde entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos e foi destacada a
responsabilidade governamental no provimento da saúde à população. Essa
conferência culminou com a formulação de algumas recomendações, onde foram
adotados oito elementos essenciais para a saúde como:
"Educação dirigida aos problemas de saúde prevalentes e métodos para sua prevenção e controle; promoção do suprimento de alimentos e nutrição adequada; abastecimento de água e saneamento básico apropriados; atenção materno-infantil; incluindo o planejamento familiar; imunização contra as principais doenças infecciosas; prevenção e controle de doenças endêmicas; tratamento apropriado de doenças comuns e acidentes; e distribuição de medicamentos básicos." (BUSS, 2000).
Kleinman, Eisenberg e Good, pesquisadores da Escola Médica de
Harvard, em 1978, objetivando aprofundar a análise dos componentes não
biológicos do processo saúde-doença, sistematizaram um modelo que concedia
importância à noção de doença com ênfase nos aspectos sociais e culturais. Essa
proposição baseava-se na distinção entre as dimensões biológica e cultural da
doença, correspondendo a duas categorias: patologia e enfermidade (KLEINMAN;
EINSENBERG; GOOD, 1978). Contudo, em 1980 Young defendeu a substituição do
esquema onde a doença era resultante da associação entre patologia e
enfermidade, por uma série tripla de categorias de nível hierárquico equivalente,
sendo doença, enfermidade e patologia, mesmo concedendo maior relevância
teórica ao componente doença (YOUNG, 1982).
2 Revisão de Literatura 70
Figura 1- Modelo de kleinamn-Good-Young
A primeira conferência Internacional sobre promoção de saúde realizada
em Otawa no Canadá em 1986 apresentou uma carta de intenções, a “Carta de
Otawa”, que definiu oficialmente os principais elementos da Promoção de Saúde,
assim como, integração da saúde como parte das políticas públicas saudáveis,
atuação da comunidade na gestão das políticas públicas, reorientação dos sistemas
de saúde com ênfase na mudança dos estilos de vida. (TRAVERSO-YÉPEZ, 2007).
De acordo com o referido documento, a promoção da saúde é um processo de
capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e
saúde, incluindo maior participação no controle deste processo.
“Para tanto, os indivíduos e comunidades devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global” (OPAS).
Constata-se grande avanço no estudo das relações entre o modo de
organização e desenvolvimento de uma sociedade e a situação de saúde de sua
população. Baseado nesta concepção, os perfis de saúde-doença de um grupo
populacional estão diretamente relacionados com os processos de reprodução social
(ação da sociedade no sentido da manutenção da ordem social e da perpetuação
das condições em que a vida social se desenrola) de suas condições de existência.
Neste sentido, a clareza na inserção social dos indivíduos e, consequentemente, nas
condições de vida dos mesmos têm consequências diretas em seu estado de saúde
tornando possível melhor compreensão da ocorrência de tal processo
(CASTELLANOS, 1997).
Saúde
Saúde
Saúde
Doença
Patologia
Enfermidade
2 Revisão de Literatura 71
A Comissão sobre Determinantes Sociais de Saúde (CSDH) foi criada em
2005 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para realizar pesquisas sobre o
que pode ser feito para melhorar a saúde da população e reduzir iniquidades, sendo
composta por políticos, pesquisadores e membros da sociedade civil. Para a CSDH,
a situação de saúde não depende exclusivamente das ações e dos serviços de
saúde, pois o contingente de doenças, tanto em países subdesenvolvidos quanto em
países desenvolvidos, está relacionado com as condições em que as pessoas
nascem, vivem e trabalham e são determinados pela estratificação social e pelas
condições econômicas, culturais, sociais e ambientais. Desta forma, promover
equidade em saúde significa ir além das intervenções concentradas exclusivamente
sobre as causas imediatas das doenças. (WHO, 2005)
Esta concepção tem como base o modelo de produção social da doença
elaborado por Diderichsen e colaboradores. Essa abordagem serviu de base para a
proposição de ações voltadas para as "causas das causas", ou seja, os elementos
estruturais da estratificação social, como as políticas macroeconômicas, sociais e de
saúde e o contexto social. Esses elementos estruturais condicionam as posições
sociais ocupadas pelos indivíduos e grupos sociais (I) que compartilham
características de inserção econômica (ocupação), escolaridade e poder ou riqueza
(renda). Tais elementos, que definem as posições sociais, influenciam as diferenças
na exposição e vulnerabilidade aos riscos à saúde (II) na forma de doenças ou
acidentes (III), bem como das consequências sociais e o estado de saúde (SOBRAL;
FREITAS, 2010).
Fonte: SOBRAL; FREITAS, 2010
Figura 2- Modelo de produção social da doença proposto por
Diderichsen e colaboradores
2 Revisão de Literatura 72
A Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) foi
instituída por um decreto presidencial no dia 13 de março de 2006. A comissão
brasileira é composta por dezesseis especialistas e personalidades da vida social,
econômica, cultural e científica do país. Foram nomeados pelo Ministro da Saúde,
por meio da Portaria n° 532 de 14 de março de 2006 com a finalidade de organizar
elementos sobre o que pode ser feito para promover equidade em saúde e atingir
tais objetivos no país (CNDSS, 2006).
A comissão nacional define os Determinantes Sociais da Saúde (DSS)
como as condições socioeconômicas, culturais e ambientais de uma sociedade, e
estas estão relacionadas com as condições de vida e trabalho de seus membros,
assim como habitação, saneamento, ambiente de trabalho, serviços de saúde e
educação, incluindo também a trama de redes sociais e comunitárias. Tais
determinantes influenciam os estilos de vida, já que as tomadas de decisões são
condicionadas pelos DSS (CNDSS, 2006).
A concepção da comissão brasileira baseia-se no modelo de
determinação social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead de 1991.
Fonte: http://www.determinantes.fiocruz.br/chamada_home.htm
Figura 3- Modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e
Whitehead (1991)
2 Revisão de Literatura 73
Este modelo dispõe os determinantes sociais da saúde em diferentes
camadas a partir de uma camada mais próxima aos determinantes individuais até
uma camada mais distante onde se situam os macrodeterminantes. Os indivíduos
estão na base do modelo, com suas características individuais como idade, gênero e
fatores genéticos que exercem influência sobre seu potencial e suas condições de
saúde (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007).
Na primeira camada encontra-se o comportamento e o estilo de vida os
quais estão situados no limiar entre os fatores individuais e os determinantes sociais,
já que os comportamentos, muitas vezes entendidos apenas como de
responsabilidade individual e dependentes de opções feitas pela livre escolha das
pessoas, na realidade podem também ser considerados parte dos DSS, já que
essas opções estão fortemente condicionadas por determinantes sociais, como
informações, mídia, possibilidades de acesso a alimentos saudáveis e espaços de
lazer. Na camada seguinte é destacada a influência das redes comunitárias e de
apoio, cuja maior ou menor riqueza expressa o nível de coesão social que são de
fundamental importância para a saúde da sociedade como um todo.
No próximo nível estão representados os fatores relacionados às
condições de vida e trabalho, acesso a alimentos e serviços essenciais, como saúde
e educação, indicando que pessoas em desvantagem social correm um risco
diferenciado, criado por condições habitacionais deletérias, exposição a condições
insalubres de trabalho e menor acesso à serviços. No último nível estão situados os
macrodeterminantes relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais
da sociedade e que possuem grande influência sobre as demais camadas.
Desta forma, este modelo permite a identificação de pontos de
intervenção de políticas públicas objetivando minimizar as diferenças de
determinantes sociais de saúde originadas pelas desigualdades na posição social de
indivíduos e grupos (WHITEHEAD, 2000).
Resultados de pesquisas no Brasil reforçam a hipótese de que o espaço
urbano analisado sob a ótica de sua determinação social permite indicar certas
relações entre saúde e estrutura social. Desta forma, o estudo das condições de
vida de grupos sociais deve levar em consideração não somente a distribuição da
renda e o poder aquisitivo na esfera do consumo individual, mas também ações
estatais que buscam garantir o atendimento às necessidades básicas para a
2 Revisão de Literatura 74
sobrevivência, assim como, saúde, saneamento básico, educação, habitação,
alimentação e nutrição, lazer, segurança, entre outras (PAIM, 1997).
Durante a VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada no Brasil, em
1986 o conceito de saúde sofreu forte evolução, onde foi formulado o conceito
ampliado de saúde, na qual a mesma é consequência das condições alimentares, de
moradia, de educação, meio ambiente, trabalho e renda, transporte, lazer, liberdade
e acesso aos serviços de saúde. Decorre antes de tudo das formas de organização
social as quais podem gerar grandes desigualdades nas condições de vida da
população. Nesse sentido, o direito à saúde constitui a garantia, pelo Estado, de
condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de
promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os seus níveis, a todos os
habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano
em sua individualidade (BRASIL, 1986).
O direito a saúde está previsto em diversos dispositivos legais da
Constituição Brasileira, dentre eles destaca-se o artigo 6° que determina a
educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados como
direitos sociais. O artigo 3° da Lei 8.080/90, que compõe a Lei Orgânica da Saúde,
faz menção à saúde como um direito básico de todo cidadão e o artigo 196 que
discorre a saúde como um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
Por conseqüência, de acordo com a legislação brasileira, a saúde é um
direito fundamental social, ou seja, um direito inerente ao ser humano, e o Estado
tem o dever de efetivar políticas de concretização deste direito para os cidadãos,
visto que este direito os pertence, e neste contexto, a saúde bucal é também faz
parte da saúde geral.
2 Revisão de Literatura 75
2.2 QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE BUCAL
O termo qualidade de vida está relacionado com a capacidade de realizar
uma integração de todos os elementos que determinada sociedade considera seu
padrão de conforto e bem-estar. Envolve muitos significados, que refletem
conhecimentos, experiências e valores dos indivíduos e grupos que a ele se
reportam em épocas, espaços e histórias diferentes.
A relatividade do termo qualidade de vida tem pelo menos três fóruns de
referência: o histórico, o cultural e o social. O relativismo histórico implica na época
do desenvolvimento econômico, político e social de determinada população onde
uma sociedade tem um parâmetro de qualidade de vida diferente da mesma em
outro momento histórico. No cultural os valores e necessidades são construídos e
hierarquizados distintamente por diferentes povos e culturas, de acordo com suas
tradições e origens. O terceiro aspecto se refere às estratificações ou classes
sociais, onde os padrões e concepções de bem estar também são estratificados
(MINAYO; HARTZ; BUSS, 2005).
A relação entre saúde e qualidade de vida, ainda que bastante
inespecífica e generalizante, existe desde o nascimento da medicina social, nos
séculos XVIII e XIX, quando investigações sistemáticas começaram a referendar
esta tese e promover subsídios para políticas públicas e movimentos sociais. O
trabalho intitulado “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, de Friedrick
Engels, é um exemplo que mostra tal relação (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2005).
Johann Peter Frank quando, diretor geral da saúde pública da Lombardia
austríaca, no século XVIII escreveu um documento intitulado “A miséria do povo,
mãe das enfermidades”, onde de acordo com o mesmo, a pobreza e as más
condições de vida, trabalho e nutrição eram as principais causas das doenças,
sendo preconizadas amplas reformas sanitárias, sociais e econômicas (BUSS,
2000).
Chadwick, na primeira metade do século XIX afirmava que a situação de
saúde dos ingleses era afetada, para melhor ou para pior, pelas condições dos
ambientes físico e social, reconhecendo ainda que a pobreza poderia ser muitas
vezes a consequência de doenças pelas quais os indivíduos não poderiam ser
responsabilizados e que a doença era um fator importante no aumento do número
de pobres (BUSS, 2000).
2 Revisão de Literatura 76
McKeown e Lowe afirmaram que as melhorias no saneamento e nutrição
e modificações nas condutas da reprodução humana eram consideradas fatores
determinantes na redução da mortalidade na Inglaterra e País de Gales no século
XIX (AUQUIER; SIMEONI; MENDIZABAL, 1997).
O termo qualidade de vida surgiu pela primeira vez na literatura médica
na década de 30 de acordo com um levantamento de estudos que faziam menção a
avaliação da qualidade de vida. Na década de 50 e 60 houve um aumento na
preocupação com o bem estar e as consequências do processo de industrialização,
gerando aumento das discussões sobre o tema. Neste momento as pesquisas
faziam referências objetivas às condições econômica e social da população
(GOMEZ-VELA, 2003).
Em meados da década de 70, Campbell tentou evidenciar as dificuldades
que cercavam a conceituação do termo qualidade de vida onde de acordo com o
mesmo “qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita
gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é” (TESH; OLIVEIRA; LEÃO,
2007).
Auquier et al., em 1997, definiu a expressão qualidade de vida ligada à
saúde (QVLS) como o valor atribuído à vida, ponderado pelas deteriorações
funcionais, percepções e condições sociais que são induzidas pela doença, agravos
e tratamentos assim como a organização política e econômica do sistema
assistencial (AUQUIER; SIMEONI; MENDIZABAL, 1997).
Gianchello de forma similar a definiu como sendo o valor atribuído à
duração da vida quando modificada pela percepção de limitações físicas,
psicológicas, sociais e oportunidades influenciadas pela doença, tratamento e outros
agravos, tornando-se o principal indicador para a pesquisa avaliativa sobre o
resultado de intervenções (GIANCHELLO, 1996).
De acordo com o grupo de estudos sobre qualidade de vida da
Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de vida pode ser definida como a
percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto cultural e no sistema
de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões
e preocupações. Este conceito compreende uma representação subjetiva da
sensação de bem-estar, é multidimensional e inclui dimensões positivas e negativas
(SEIDI; ZANNON, 2004).
2 Revisão de Literatura 77
De acordo com Locker, uma determinada doença pode não afetar a auto-
percepção da saúde de um indivíduo, e sim pode ser um de muitos fatores que o
indivíduo considera quando avalia sua saúde. Dessa forma, a qualidade de vida é
determinada também por características individuais e fatores não médicos
(LOCKER, 1998).
Cada vez mais, a avaliação da qualidade de vida está sendo considerada
como um componente essencial para analisar resultados de cuidados com a saúde,
incluindo os resultados de programas de saúde pública.
Até duas décadas atrás havia escassez de índices para medir a qualidade
de vida ligada a saúde, principalmente no que tange à saúde bucal. No entanto,
atualmente existe uma gama de instrumentos que avaliam a qualidade de vida, onde
pode-se destacar o WHOQOL-100, o SF-36 (Medical Outcomes Study
Questionnaire) e o SIP (Sickness Impact Profile). Dentre os questionários
específicos desenvolvidos para crianças pode-se citar o Autoquestionnaire Qualité
de Vie Enfant Imagé e o Child Health Questionnaire (SLADE, 1997).
A busca de instrumentos para avaliação de qualidade de vida num âmbito
internacional fez com que a Organização Mundial da Saúde desenvolvesse um
projeto multicêntrico, cujo resultado foi a elaboração do WHOQOL-100, um
instrumento de avaliação composto por 100 itens baseado em seis domínios: físico,
psíquico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e
espiritualidade/religião/crenças pessoais. Posteriormente, foi desenvolvida uma
versão simplificada, o WHOQOL-bref com a finalidade de facilitar sua utilização,
reduzindo o tempo de aplicação, visto que é composto pelos domínios mais
relevantes da versão anterior (FLECK, 1999; FLECK, 1999).
O questionário genérico para avaliação da qualidade de vida, Medical
Outcomes Study Questionnaire, é um instrumento considerado de fácil aplicação e
compreensão. É um questionário multidimensional composto por 36 itens
englobando oito componentes: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado
geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental.
Apresenta um escore final de 0 a 100 onde o zero corresponde ao pior estado geral
de saúde e cem a melhor condição. Foi traduzido para o português e apresentou
boa adequação às condições socioeconômicas e culturais de nossa população, bem
como reprodutibilidade e validade (CICONELLI; FERRAZ; SANTOS; MEINÃO;
QUARESMA, 1999).
2 Revisão de Literatura 78
O questionário Perfil de Saúde de Nottingham (PSN) é um instrumento
genérico de avaliação de qualidade de vida, desenvolvido originalmente para avaliar
a qualidade de vida em pacientes portadores de doenças crônicas. É composto por
38 itens, baseados na classificação de incapacidade descrita pela Organização
Mundial da Saúde. Tem sido utilizado nos últimos anos para a avaliação de
qualidade de vida em idosos portadores de hemiplegia e parkinsonismo (TEIXEIRA-
SALMELA, 2004).
O questionário da saúde da criança (Child Health Questionnaire),
desenvolvido nos Estados Unidos e padronizado em mais de 17 países, é uma
medida de avaliação do status funcional e bem-estar da criança. Contém 50
questões orientadas para crianças de 5 a 18 anos de idade que são uma
retrospectiva das condições de saúde nas últimas 4 semanas, com exceção de um
item que avalia a saúde da criança em relação ao ano anterior. Apresenta versões
que podem ser respondidas pelos pais ou responsáveis ou pela própria criança
(WATER; SALMON; WAKE; HESKETH, 2000).
Contudo, tais instrumentos são genéricos, ou seja, não são direcionados
para avaliar as dimensões normalmente afetadas por um problema de saúde
específico. Desta forma, foram desenvolvidos indicadores específicos de qualidade
de vida relacionados à saúde, que consideram o impacto de condições mais
definidas, como por exemplo, os problemas que acometem a cavidade bucal.
A avaliação da saúde bucal dava-se exclusivamente por meio de critérios
clínicos, determinados pelo profissional, os quais não permitiam a determinação do
real impacto dos problemas bucais na vida dos indivíduos. A necessidade de
determinar a repercussão de alterações presentes na cavidade bucal levou ao
desenvolvimento dos instrumentos de avaliação da qualidade de vida relacionada à
saúde bucal, que vêm sendo utilizados de forma cada vez mais frequente em
pesquisas odontológicas (JOKOVIC et al., 2002).
A avaliação da saúde bucal relacionada com a qualidade de vida deve
considerar diferentes situações que estão relacionadas com os seguintes
componentes: funcionamento mastigatório e fala, aspectos psicológicos, englobando
aparência e auto-estima, dor e desconforto, podendo ser aguda ou crônica e
aspectos sociais incluindo intimidade, comunicação e interação social (INGLEHART;
BAGRAMIAN, 2002).
2 Revisão de Literatura 79
Dentre os índices desenvolvidos para avaliar o impacto da saúde bucal na
qualidade de vida destacam-se o OHIP-49 (Perfil do Impacto da Saúde Bucal), sua
versão simplificada o OHIP-14, o GOHAI (Índice de Determinação da Saúde Bucal
Geriátrica), o OIDP (Índice de Impactos Odontológicos no Desempenho Diário),
Saúde bucal relacionado com qualidade de vida (OHRQL) e o Impacto odontológico
na vida cotidiana (SLADE, 2002)
O índice dos impactos odontológicos no desempenho diário, IODP foi
elaborado por Adulyanon e Sheiham, a fim de se avaliar o impacto da saúde bucal
nas atividades diárias. O modelo no qual se baseia é a classificação internacional de
comprometimentos, incapacidades e deficiências da Organização Mundial de Saúde
(OMS), o qual foi modificado por Locker em 1988 para que pudesse ser usado em
odontologia. O índice é composto por cinco cartões, contendo oito perguntas
referentes a aspectos funcionais, psicológicos e sociais. As questões se referem a
mastigação, higienização, fala ou pronúncia correta, sorrir, ficar à vontade com as
outras pessoas, manter o estado emocional usual, realizar atividades físicas e dormir
(MENDONÇA; CIMÕES;ARAÚJO; CALDAS JR;SILVA, 2010)
O índice GOHAI foi desenvolvido nos Estados Unidos e esquematizado
inicialmente para aplicação em idosos, porém vem sendo utilizado também em
adultos. Foi traduzido em português e validado com idosos no Brasil (SILVA;
FERNANDES, 2000). Suas questões envolvem informações geradas pelos próprios
indivíduos com relação à influência de seus problemas de saúde bucal nas
seguintes dimensões: física e funcional que inclui alimentação, fala e deglutição,
dimensão psicossocial/psicológica envolvendo cuidado com a própria saúde bucal,
insatisfação com a aparência, autoconsciência com a saúde bucal e o fato de evitar
contatos sociais devido a problemas com a saúde bucal e a dimensão dor e
desconforto que considera o uso de medicamentos para aliviar essa sensação
desde que provenientes da boca. As respostas são somadas e quanto maior o valor
final melhor a percepção da condição bucal onde o valor mínimo é 12 e o máximo é
36 (SILVA; ROSELL; VALSECKI JUNIOR, 2006).
O OHIP-14 é um questionário composto por 14 itens, desenhado para
avaliar auto-relatos relacionados com limitações funcionais, desconfortos e
incapacidades atribuídas à condição bucal. É derivado de uma versão estendida
original, o OHIP-49 o qual foi baseado em um modelo teórico desenvolvido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e adaptado para saúde bucal por Locker.
2 Revisão de Literatura 80
Neste modelo, as consequências das doenças bucais são hierarquicamente
vinculadas a partir de um nível biológico, a um nível comportamental e a um nível
social. O OHIP-14, apesar de ser um questionário curto, demonstrou ser confiável,
sensível às mudanças e ter coerência intercultural adequados (MONTERO-MARTÍN;
BRAVO-PÉREZ; ALBALADEJO-MARTÍNEZ; HERNÁNDEZ-MARTÍN; ROSEL-
GALLARDO, 2009).
Observa-se uma diferença na percepção de adultos e crianças a respeito
do impacto dos problemas de saúde sobre a qualidade de vida, já que as crianças
possuem uma visão peculiar de si mesmos e do mundo devido a fase de
desenvolvimento físico e emocional em que se encontram. Tal habilidade pode
variar de acordo com o a capacidade cognitiva para cada faixa etária, além disso, as
condições socioeconômicas e culturais em que as crianças nasceram e cresceram
também podem exercer influência sobre sua percepção, portanto, o
desenvolvimento de instrumentos específicos para crianças viabiliza uma
mensuração mais acurada do impacto dos problemas bucais sobre a sua qualidade
de vida (TESH; OLIVEIRA; LEÃO, 2007).
A avaliação do impacto da saúde bucal sobre a qualidade de vida das
crianças tem diversas implicações. As avaliações refletem as percepções das
crianças sobre a sua saúde bucal podendo desta forma melhorar a comunicação
entre si, entre os pais e entre estes e a equipe odontológica. Proporcionam também
uma melhor compreensão das consequências e projeções da situação de saúde
bucal na vida das crianças e de suas famílias, além disso, pode ser utilizado como
medida de resultados para clínicos a fim de avaliar a qualidade dos cuidados. Para
aqueles profissionais envolvidos com o planejamento de políticas públicas a
avaliação do impacto da saúde bucal na qualidade de vida permite ajudar na
avaliação das necessidades, priorização do atendimento e avaliar resultados de
tratamentos e estratégias e iniciativas (MCGRATH; BRODER; WILSON-
GENDERSON, 2004).
A avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde bucal em crianças
permaneceu ainda por mais tempo sem um instrumento específico para avaliação,
sendo até bem pouco tempo, objeto de dois instrumentos desenvolvidos: o
Questionário de Percepção de Crianças e o Índice de Impactos Odontológicos no
Desempenho das Atividades Diárias da Criança (CASTRO, 2007).
2 Revisão de Literatura 81
O índice Child-OIDP foi desenvolvido com base no OIDP, sendo que as
modificações realizadas visaram a adequar o questionário para crianças de 11 a 12
anos de idade. É um questionário que objetiva medir o impacto dos problemas de
saúde bucal nas atividades diárias comumente realizadas por crianças. Apresenta
uma lista com todos os problemas bucais que as crianças são capazes de perceber
e utiliza figuras para ilustrar as perguntas. As crianças são solicitadas a identificar
quais desses problemas elas apresentaram nos três meses anteriores, a relatar se
os problemas experimentados causaram alguma dificuldade para realizar atividades
da vida diária e indicar a frequência e a gravidade com que a dificuldade ocorreu. Foi
desenvolvido em inglês, validado na Tailândia e mais recentemente em outros
países. Avalia impactos bucais nas seguintes atividades diárias: comer, falar, limpar
os dentes, sorrir, estado emocional, relaxar, fazer trabalhos escolares, e contato
social. É um índice que pode ser aplicado em saúde pública, sendo um valioso
indicador para avaliar programas em saúde bucal (CASTRO et al, 2008).
O Child Oral Health Quality of Life Instrument (COHQOL) é um
instrumento que objetiva mensurar a qualidade de vida relacionada à saúde bucal de
crianças entre 6 e 14 anos de idade. Neste questionário foi incluída uma subescala
para avaliar o impacto dos problemas bucais das crianças nos pais e na família
(Family Impact Scale – FIS) e uma subescala para mensurar a percepção da criança
sobre a sua própria saúde bucal (Child Perception Questionnaire – CPQ) a qual
varia segundo a faixa etária da criança, e um questionário para mensurar a
percepção dos responsáveis sobre a saúde bucal dos filhos (JOKOVIC et al, 2003).
O questionário P-CPQ é um instrumento que avalia a percepção do pai ou
responsável sobre impacto da saúde bucal na qualidade de vida da criança. Foi
desenvolvido no Canadá e validado em outros países como Reino Unido, Nova
Zelândia, China e Brasil. Apresenta 33 itens distribuídos em 4 subescalas: sintomas
orais, limitações funcionais, bem-star emocional e bem-estar social. As questões se
referem aos eventos ocorridos nos 3 meses anteriores e apresentam cinco opções
de resposta, sendo: nunca, uma ou duas vezes, s vezes, muitas vezes, todos os
dias ou quase todos os dias (GOURSAND; PAIVA; ZARZAR; PORDEUS;
GROCHOWSKI; ALLISON, 2009).
Pahel, Rozier e Slade, pesquisadores da Universidade da Carolina do
Norte (Chapel Hill, Estados Unidos), criaram o instrumento Early Childhood Oral
Health Impact Scale (ECOHIS) para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde
2 Revisão de Literatura 82
bucal de crianças na idade pré-escolar. O ECOHIS foi desenvolvido a partir da
seleção de 13 itens, oriundos dos 36 que compõem o questionário Child Oral Health
Quality of Life Instrument (COHQOL). Esses itens foram considerados os mais
relevantes para mensurar o impacto dos problemas bucais sobre a qualidade de vida
de pré-escolares. Desses, nove avaliam o impacto dos problemas bucais sobre a
criança e quatro avaliam o impacto dos problemas bucais da criança sobre a sua
família (JOKOVIC et al, 2002).
O questionário foi testado em uma amostra de 295 responsáveis por
crianças americanas de cinco anos de idade, e os pesquisadores observaram que
havia correlação entre o estado de saúde bucal das crianças avaliadas de acordo
com a percepção dos entrevistados, e os escores da subescala da criança e os
escores da subescala da família do ECOHIS. A consistência interna foi confirmada e
o instrumento mostrou boa estabilidade no teste-reteste o qual foi administrado em
uma amostra selecionada por conveniência. O intervalo entre as aplicações do
questionário foi de 3 semanas. Desta forma, foi demonstrado que o instrumento
ECOHIS americano era válido e confiável. Este questionário foi adaptado
transculturalmente e validado no idioma francês e português (PAHEL; ROZIER;
SLADE, 2007).
2.3 CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E SAÚDE BUCAL
A partir das pesquisas de Townsend e Davidson que demonstraram
grandes disparidades sociais na situação de saúde da população britânica, diversos
estudos têm sido divulgados com o objetivo de analisar as diferenças nas condições
de saúde de acordo com as condições socioeconômicas da população, sendo que
muito apontaram um gradiente socioeconômico de acordo com a condição de saúde
onde as classes menos favorecidas se encontravam em desvantagem.
(TOWNSEND; DAVIDSON, 1982; KAPLAN; KEIL, 1993; KNUST; GEURTS; VAN
DER BERG, 1995).
Neste sentido, vários trabalhos têm abordado a relação entre classe
social e saúde bucal e especificamente a cárie dentária. Ao analisar os fatores
socioeconômicos relacionados com a cárie dentária, deve-se considerar a origem
das desigualdades sociais, assim como a má distribuição da renda, a falta de
2 Revisão de Literatura 83
participação na riqueza nacional, o desemprego, o atraso tecnológico em alguns
setores e os elevados índices de analfabetismo (BALDANI; NARVAI; ANTUNES,
2002).
A condição de saúde bucal não permite apenas uma análise quantitativa,
mas demonstra também uma história vivida. Pesquisas têm indicado que em piores
condições socioeconômicas, observa-se maior prevalência de cárie. Grupos
populacionais mais pobres, com baixa escolaridade e menor inserção no mercado
de trabalho carregam marcas na saúde bucal que exprimem uma realidade objetiva,
e outra subjetiva e dissimulada, onde objetivamente pode-se observar cárie dentária,
perda de dentes e necessidade de próteses e subjetivamente demonstra as
condições em que estas pessoas vivem e reforçam sua situação de exclusão.
(MOREIRA; NATIONS; ALVES, 2007)
A razão para a associação entre a cárie dentária e a condição
socioeconômica é fundamentada no fato de que a condição socioeconômica
determina o acesso à distribuição de recursos que determinam a saúde bucal, assim
como fatores comportamentais e o consumo de açúcar dentre eles: escovação
dentária, atividades preventivas e visitas regulares ao dentista (MARMOT, 2005).
Têm-se observado grupos específicos da população que permanecem
com elevada prevalência de cárie dentária, fenômeno conhecido como polarização.
A especial vulnerabilidade ao agravo está associada à exposição intensa aos fatores
de risco e a privação social. Em alguns estudos, ressaltou-se que a prevalência de
cárie diminuiu na medida em que o nível socioeconômico aumentou, mesmo em
áreas sem a adição de flúor à água de abastecimento público. (BALDANI; NARVAI;
ANTUNES, 2002).
Pesquisas que tem como referência fatores socioeconômicos para a
classificação de pessoas de diferentes classes sociais relacionando-as com as
doenças bucais não apresentam uma padronização. Muitas vezes privilegiam
apenas determinados fatores de forma isolada como renda, profissão, crianças
estudando em escolas públicas ou privadas ou mesmo apenas cidades ou regiões
distintas, não considerando que a classificação dos indivíduos em diferentes
condições sociais exige a não fixação de um único critério para a sua categorização
e sim a utilização simultânea de um conjunto de indicadores expressivos
(MENEGHIN; KOZLOWSKI; PEREIRA; AMBROSANO; MENEGHIN, 2007).
2 Revisão de Literatura 84
Pesquisas têm evidenciado a existência de diferenças marcantes com
relação à saúde bucal de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Pessoas que
vivem em países em desenvolvimento apresentam maiores níveis de cárie dentária
não tratada, da mesma forma, grupos de desfavorecidos tanto adultos como
crianças dentro dos países mais ricos, apresentam altos níveis de dentes cariados e
de dentes perdidos por cárie (WHO, 2010).
Uma Pesquisa Mundial de Saúde realizada em 2003 durante 12 meses
sobre os problemas de saúde bucal relacionados com condições socioeconômicas
verificou que na África e na Ásia, os indivíduos com maior renda relataram menos
problemas de saúde bucal do que aqueles com menor renda, contudo nas Américas
foi observado um padrão oposto, onde os indivíduos com os rendimentos mais
elevados relataram maiores problemas de saúde bucal, padrão similar que também
foi encontrado no Marrocos e Paquistão, com 50% de Marroquinos com renda quintil
Q5 (renda elevada) informando problemas de saúde bucal (WHO, 2010).
Considerando-se os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde
(SUS), ou seja, universalidade, integralidade e a equidade, determinar os indivíduos
com maiores necessidades de atenção por meio de levantamentos epidemiológicos
e especificamente, por meio da classificação socioeconômica, permitiria a
identificação dos grupos prioritários em função das desigualdades sociais e
possibilitaria uma organização mais justa da demanda de serviços de saúde
(MENEGHIN; KOZLOWSKI; PEREIRA; AMBROSANO; MENEGHIN, 2007).
No Brasil estudos epidemiológicos realizados com relação à saúde bucal
e condição socioeconômica tiveram início em 1986 onde foi realizado o primeiro
levantamento de âmbito nacional o qual abrangeu as faixas etárias de 6, 7, 8, 9, 10,
11 e 12 anos e os grupos etários de 15 a 19, 35 a 44 e 50 a 59 anos. Para a idade
de 12 anos foi observado 57,09% de pessoas com uma renda de até 2 salários
mínimos, 25,39% com renda entre 3 e 4 salários mínimos e 17,52% que ganham 5
salários mínimos ou mais (BRASIL,1988).
Para o grupo de renda de até 2 salários mínimos foi encontrado um
percentual de indivíduos com CPOD entre 0 e 3 de 17,99% e para um CPOD entre
4 e 5 encontrou-se um percentual de 24,83% de indivíduos. Com o aumento da
renda, verificou-se um aumento do percentual de indivíduos na faixa de CPOD entre
0 e 3 e entre 4 e 5 , contudo no CPOD entre 6 e 7 e 8 ou mais observou-se uma
redução do percentual de indivíduos com o aumento da renda (BRASIL,1988).
2 Revisão de Literatura 85
No último levantamento de âmbito nacional, SB 2003, no que tange à
classificação socioeconômica, foram coletados dados referentes apenas ao tipo de
escola, moradia e posse de automóvel para os grupos etários entre 15 e 19, 35 a 44
e 65 a 74. Para as idades de 5 e 12 anos não foram disponibilizados dados relativos
a condição socioeconômica (BRASIL, 2004).
2.4 CÁRIE E SEU DECLÍNIO NO BRASIL
A cárie dentária é uma doença resultante de perda mineral e localizada
nos tecidos duros do dente, cujas causas são os ácidos orgânicos provenientes da
fermentação microbiana dos carboidratos da dieta. Seu aparecimento depende da
interação de três fatores essenciais: o hospedeiro, a microbiota e o substrato. A
doença cárie é um processo dinâmico que progride a partir da desmineralização
submicroscópica do esmalte podendo chegar à perda de substância dentária com
formação de cavidade até a destruição total do elemento dentário (PINTO, 2008).
Sua ocorrência é causa frequente de dor, perda de dentes, ausências no trabalho e
redução do desempenho escolar.
A cárie começou a ganhar características de pandemia no século XIX
com a popularização do consumo da cana-de-açúcar em todo o mundo ocidental, a
qual começou a produzir em milhões de pessoas dor, sofrimento, infecção sistêmica
e mutilação. Populações de territórios onde o açúcar não fazia parte dos hábitos
alimentares, como os aborígenes australianos, da Nova Zelândia e da Ilha de Tristão
da Cunha, apresentavam baixa prevalência da doença (NARVAI; FRAZÃO;
RONCALLI; ANTUNES, 2006).
O Brasil, maior produtor mundial de açúcar desde o século XVI, teve em
todo esse período, papel central na transformação do açúcar de cana em produto de
amplo consumo de massa em grandes proporções e este padrão está na base da
transformação da cárie em pandemia (NARVAI; FRAZÃO; RONCALLI; ANTUNES,
2006).
A partir das últimas três décadas do século XX e início do século XXI,
constatou-se uma tendência de declínio da cárie dentária nos países desenvolvidos
assim como nos países em desenvolvimento. Não obstante puderam-se observar
diferenças significativas entre países, regiões, cidades e entre grupos populacionais.
2 Revisão de Literatura 86
A referida queda também pôde ser observada no Brasil, onde pode ser constatado
um declínio de um CPOD médio aos 12 anos de 6,67, índice considerado alto pela
OMS, para 2,8 em 2003, índice moderado, perfazendo uma redução de 61,7% no
referido período (REIS et al, 2009)
Tais reduções têm sido atribuídas à disseminação da fluoretação das
águas de abastecimento público, à introdução de dentifrícios fluoretados no mercado
assim como às mudanças no enfoque de programas odontológicos em saúde
pública em muitas regiões do país para um foco de promoção em saúde bucal.
Também pode ser ressaltada a mudança nos critérios de diagnóstico da doença
cárie (SALES PERES; CARVALHO; CARVALHO; BASTOS; LAURIS, 2008).
Dados obtidos isoladamente em vários estados e municípios brasileiros
mostraram a referida tendência de queda na doença cárie onde pode-se destacar o
levantamento das condições de saúde bucal da população do Estado de São Paulo
realizado em 1998, o qual evidenciou uma queda do CPOD médio aos 12 anos de
6,47 em 1986 para 3,72 em 1998 (SÃO PAULO, 1999).
No Município de Bilac, Estado de São Paulo, observou-se declínio dos
índices CPOD e ceod e aumento do percentual de crianças livres de cárie, apesar
do fato de que na época da realização da pesquisa o município não apresentar
sistema de fluoretação das águas de abastecimento público, sendo observada uma
redução de 50,80% da prevalência de cárie aos 12 anos (MARTINS; GARBIN;
GARBIN; MOIMAZ; SALIBA, 2006).
Estudo realizado em Goiânia observou uma redução no CPOD médio aos
12 anos de 1988 a 2003 de 70,6% e um aumento no percentual de livres de cárie de
21% de 1994 a 2003 (REIS et al, 2009).
Sales Peres e Bastos em um estudo na região centro-oeste do Estado de
São Paulo constataram que não houve diferença significativa entre o CPOD de
municípios de mesmo porte, com ou sem flúor na água, demonstrando o fenômeno
da convergência nesta região. Este pode ser justificado pelo efeito halo, que é a
exposição dos indivíduos aos diferentes veículos contendo flúor os quais são
produzidos em regiões fluoretadas e comercializados também nas regiões não
fluoretadas. Muitos produtos alimentícios consumidos pela população apresentam
flúor em sua composição, assim como sucos e leite em pó, achocolatados,
alimentos, medicamentos dentre outros (SALES PERES; BASTOS, 2002).
2 Revisão de Literatura 87
Pesquisas nacionais em saúde bucal têm sido conduzidas desde 1986,
onde até o ano 2000 foi observado um declínio de 58,2% (em aproximadamente 16
anos), para crianças de 12 anos de idade (SALES PERES et al, 2008).
O primeiro levantamento de abrangência nacional conduzido em 1986
envolveu 16 capitais de Estados. No que tange à cárie dentária, foi encontrada alta
prevalência em todas as faixas etárias. Aos 12 anos, foi encontrado um CPOD de
6,65, sendo que a situação mais grave foi observada nos estratos da população de
menor renda (BRASIL,1988).
Em 1996, foi realizado o segundo levantamento epidemiológico,
conduzido em 27 capitais brasileiras, sendo que foram examinados 38.800 escolares
de 6 a 12 anos. Os resultados corroboraram para uma forte tendência de declínio da
cárie, quando comparado aos resultados obtidos em 1986. Aos 12 anos de idade o
índice CPOD foi de 3,1, evidenciando uma queda de 52% no período avaliado
(BRASIL, 1996).
O Projeto SB 2000 – Condições de Saúde Bucal da População Brasileira
incluiu 250 municípios de diferentes portes demográficos. Os resultados deste
levantamento evidenciaram que aos 5 anos de idade, a média do índice ceod foi 2,8,
sendo o componente cariado responsável por mais de 80% do índice nesta faixa
etária (BRASIL, 2004).
Tanto para a idade de 5 como para a de 12 anos, a proporção de dentes
cariados é sensivelmente maior nas regiões Norte e Nordeste e aos 12 anos os
menores índices foram encontrados nas regiões Sudeste e Sul, e as médias mais
elevadas foram registradas nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. (BRASIL, 2004).
Apesar de tais constatações, de acordo com o resultado deste levantamento, o
Brasil atingiu as metas da OMS para o ano 2000 somente para a idade de 12 anos,
e, em parte, isso aconteceu devido às crianças das regiões Sul e Sudeste.
A cárie dentária ainda acomete 27% das crianças entre 18 e 36 meses de
idade, sendo que este percentual chega a 59,4% aos cinco anos de idade, de
acordo com o referido levantamento e entre os adolescentes de 15 a 19 anos, 90%
apresentam a doença. Observou-se que o declínio da cárie dentária na população
infantil estava ocorrendo de forma desigual e o ataque de cárie e o número de
dentes perdidos entre adultos e idosos ainda eram muito elevados (BRASIL, 2004).
A despeito destes fatos, a cárie ainda permanece como um dos agravos
de maior prevalência em nosso meio, visto que a melhoria do nível global dos
2 Revisão de Literatura 88
indicadores da doença foi acompanhada pelo fenômeno de polarização a qual se
caracteriza pela concentração de maiores percentuais da doença em pequenos
grupos populacionais (BALDANI; NARVAI; ANTUNES, 2002).
A identificação de grupos polarizados e a priorização de ações que
atendam às suas necessidades representam um grande desafio para o Sistema
Único de Saúde, o que torna a realização de levantamentos epidemiológicos
atividade fundamental da equipe de saúde bucal (GALINDO; PEREIRA; FELICIANO;
KOVACS, 2005).
Por meio da investigação dos problemas de saúde de uma comunidade,
o foco que o poder público terá será mais bem direcionado no sentido de combater
doenças e agravos mais prevalentes e com maior caráter iníquo. Informações
acerca da distribuição e freqüência de doenças proporcionam melhores condições
de planejamento estratégico levando à população métodos preventivos, assistência
e promoção de saúde.
A comparação das tendências de cárie observadas em cada país permite
conectar as taxas de ocorrência da doença ao longo do tempo com aspectos mais
gerais, relacionados com a industrialização, ao desenvolvimento humano e às
políticas nacionais de saúde bucal.
2.5 CÁRIE EM PRÉ-ESCOLARES
A cárie dentária é a doença mais comum em crianças na região das
Américas, constituindo um aspecto crítico das condições gerais de saúde devido ao
seu peso na prevalência de doenças, e ao seu impacto na qualidade de vida por ser
causa de dor e sofrimento. Além disso, os altos custos de tratamento e a
possibilidade de utilização de medidas preventivas efetivas contribuem para que ela
seja considerada um importante problema de saúde pública (PAHO,1997).
As condições de saúde bucal de pré-escolares não têm sido
documentadas na mesma proporção que de crianças na idade escolar. Esta
ocorrência pode ser explicada pelo fato da dentição decídua, com frequência, não
ser considerada tão importante quanto a permanente. Adicionalmente, em muitos
países, o ingresso na escola ocorre após os seis anos de idade, o que explica os
levantamentos epidemiológicos serem mais frequentemente realizados enfocando
2 Revisão de Literatura 89
as crianças em idade escolar, pois são de mais fácil localização e identificação
(TOMITA; BIJELA; LOPES; FRANCO, 1996).
A importância do conhecimento sobre a cárie dentária nos pré-escolares
deve-se ao fato de ter sido considerada o mais forte preditor da doença na dentição
permanente podendo sugerir se o meio bucal estará favorável ou não durante a
erupção dos primeiros molares permanentes, já que estes se apresentam mais
suscetíveis à cárie. Além disso, é importante para a avaliação da eficácia dos
programas preventivos que estão em desenvolvimento na população infantil e
verificação da necessidade de novos programas (CYPRIANO; SOUZA; RIHS;
WADA, 2003). Adicionalmente, a idade de 5 anos é uma das idades índice
preconizadas pela Organização Mundial da Saúde e fundamental para o
monitoramento da prevalência de cárie e dos padrões de saúde bucal visando
minimizar dor e sofrimento e deste modo melhorando a qualidade de vida.
O termo utilizado para determinar o acometimento de lesão cariosa em
crianças na idade pré-escolar é cárie precoce na infância. A definição atual aprovada
pela Academia Americana de Odontopediatria é a presença de pelo menos um
dente primário afetado pela cárie em crianças menores que seis anos de idade. A
presença de uma ou mais superfícies lisas nos incisivos superiores com cavitação,
restauração ou, ainda, perda do elemento dentário é classificada como cárie precoce
severa na infância, especialmente se o ceo-s for maior ou igual a 4 dos 36 aos 47
meses de idade e maior ou igual a 5 entre os 48 e 59 meses (RIBEIRO, OLIVEIRA,
ROSENBLATT, 2005).
A tríade etiológica tradicional para o processo de cárie
inclui a susceptibilidade do hospedeiro, a dieta e a exposição à microorganismos
cariogênicos. Fatores adicionais também foram associados com a cárie precoce da
infância, incluindo desnutrição pré e perinatal, baixa capacidade tampão salivar,
higiene bucal deficiente, exposição insuficiente ao flúor e estresse psicossocial. A
ausência de tratamento adequado pode ocasionar dor, abcessos, e problemas
oclusais pela perda precoce de dentes decíduos (ALALUUSUA; RENKONEN, 1983).
Quanto mais precocemente ocorrer a infecção na dentição decídua por
microrganismos patogênicos, maior será a prevalência de cárie nessa dentição.
Hábitos arraigados no cotidiano do cuidado infantil, como provar os alimentos com a
colher da criança, ou resfriá-los soprando, são as principais formas de transmissão
da infecção da mãe para o filho. (ALALUUSUA; RENKONEN, 1983)
2 Revisão de Literatura 90
A cárie dentária, o maior problema de saúde pública que afeta crianças,
pode ocasionar problemas mastigatórios, inapetência, perda de peso, problemas
para dormir e baixo desempenho escolar. Adicionalmente, uma pobre saúde bucal
nas crianças pode comprometer o bem estar de toda a família, visto que os pais se
sentem culpados pelo sofrimento dos filhos e acarretam ausência no trabalho e
despesas com tratamento odontológico (PIOVESAN; BATISTA; FERREIRA;
ARDENGHI, 2009).
No Brasil, devido a sua grande extensão territorial e heterogeneidade de
condições socioeconômicas, observa-se redução da ocorrência de cárie em pré-
escolares em determinadas localidades, contudo em outras regiões tal redução não
é observada, podendo-se inclusive verificar o fenômeno oposto, com elevadas
proporções de cárie não tratada aos cinco anos de idade (ANTUNES; FRAZÃO;
NARVAI; BISPO; PEGORETTI, 2002).
Bönecker et al em 1997 observaram que crianças residentes em
Diadema, São Paulo, com idade entre 30 e 36 meses, que fizeram parte da
Campanha Nacional de Multivacinação apresentaram um ceod médio de 2,89. De
acordo com os autores o grau de severidade da cárie dentária em crianças na faixa
etária em questão aumentou proporcionalmente com o aumento da idade
(BÖNECKER; GUEDES-PINTO; WALTER, 1997).
Arias et al. em 1997, objetivando caracterizar a saúde bucal de crianças
de 0 a 36 meses, encontraram uma prevalência de 6,28% de dentes cariados em
crianças pertencentes a creches públicas do Município de Belém, Estado do Pará
(ARIAS; BRANDÃO; NOGUEIRA, 1997).
Verificando a prevalência de cárie em crianças com 2 a 6 anos de idade
de baixo nível sócio-econômico pertencentes a creches públicas do município de
Juiz de Fora, Minas Gerais, Leite e Ribeiro, encontraram um ceo-d médio de 2,03 e
ressaltaram que 50,60% das crianças encontravam-se livres de cárie ( LEITE;
RIBEIRO, 2000).
Estudo conduzido em Salvador, Bahia, revelou uma prevalência de cárie
de 49,6% e um percentual de 10,7% de dentes restaurados, demonstrando elevada
necessidade de tratamento restaurador por cárie em indivíduos de tenra idade
(ALMEIDA et al, 2009)
Pesquisa realizada em Recife, Estado de Pernambuco encontrou um
ceod médio de 2,06 e apenas 13,60% das crianças avaliadas haviam recebido
2 Revisão de Literatura 91
algum tipo de tratamento em escolas de educação infantil (FEITOSA; COLARES,
2004).
Apesar da escassez de pesquisas relacionadas a saúde bucal de pré-
escolares, observa-se prevalência significativa da doença assim como de
necessidades de tratamento, onde estas podem decorrer da dificuldade da
realização de ações preventivas e curativas direcionadas a esta faixa etária na
atenção primária.
2 Revisão de Literatura 92
3 Proposição
3 Proposição 95
3 PROPOSIÇÃO
3.1 OBJETIVO GERAL
A presente pesquisa se propõe a avaliar o impacto das condições bucais
na qualidade de vida de pré-escolares matriculados nas Escolas Municipais de
Educação Infantil (EMEIs) do município de Bauru, Estado de São Paulo, assim como
verificar o perfil socioeconômico das famílias e estado nutricional das crianças.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar as condições de saúde bucal dos pré-escolares de 3 a 5 anos de
idade.
Avaliar o estado nutricional dos pré-escolares.
Avaliar a relação entre a cárie dentária e o estado nutricional.
Verificar o perfil socioeconômico das famílias dos pré-escolares
Avaliar a relação entre a saúde bucal dos pré-escolares e as condições
socioeconômicas das famílias.
Avaliar a influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares e
sua correlação com as condições socioeconômicas.
Verificar a relação entre a influência da saúde bucal na qualidade de vida dos
pré-escolares com a cárie dentária.
3 Proposição 96
4Material e Métodos
4 Material e Métodos 99
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa foi encaminhado à Secretaria Municipal de
Educação de Bauru para obter autorização para realização da pesquisa nas Escolas
Municipais de Educação Infantil (EMEI) e foi encaminhado para apreciação no
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Odontologia de
Bauru (CEP FOB-USP) e obteve aprovação n° 156/2009.
Os termos de consentimento livre e esclarecidos (TCLE) foram entregues
a todos os pais ou responsáveis das crianças matriculadas em cinco EMEIS
previamente sorteadas do município de Bauru, Estado de São Paulo, e somente
participaram da presente pesquisa as crianças que apresentaram o termo de
consentimento devidamente assinado pelos pais e/ ou responsáveis.
4.2 OPÇÃO METODOLÓGICA
Foi realizado um estudo observacional de investigação transversal de
cárie dentária, condição socioeconômica, estado nutricional e avaliação da influência
da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares.
4.3 CÁLCULO DA AMOSTRA
O cálculo da amostra foi feito com base no nível de erro α de 0,05 e nível
de erro β de 0,20. Para o referido cálculo, foi estabelecido um Coeficiente de
Correlação (R) de 0,20 para tanto perfazendo um total de 198 crianças a serem
examinadas.
4.4 COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA
O presente estudo foi realizado no município de Bauru, região Centro-
Oeste do Estado de São Paulo, com um território de 673,5 km2 e população
estimada de 355.675 habitantes em julho de 2008. O município conta com
4 Material e Métodos 100
fluoretação das águas de abastecimento público desde 1975 e disponibilidade de
dentifrícios fluoretados no mercado brasileiro a partir de 1989.
Fonte: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl&q=bauru
Fig. 4– Mapa do Município de Bauru, Estado de São Paulo, com a localização
das escolas sorteadas para a pesquisa.
A presente pesquisa foi realizada em Escolas Municipais de Educação
Infantil (EMEIs) localizadas em bairros de regiões distintas do município de Bauru,
Estado de São Paulo.
A população–alvo foi composta por pré-escolares de Escolas Municipais
de Educação Infantil do município de Bauru, estado de São Paulo e os seus
respectivos pais ou responsáveis.
O município de Bauru foi dividido de acordo com cinco regiões assim
descritas: norte, sul, leste, oeste e região central. Desta forma, os bairros referentes
a cada região foram agrupados para a realização de um sorteio daquele que seria o
participante da pesquisa. Da mesma forma, as escolas referentes a cada bairro
4 Material e Métodos 101
sorteado também foram agrupadas e elencadas de forma aleatória para a realização
da pesquisa.
Na região central do município as escolas foram agrupadas e foi sorteada
a EMEI Stélio Machado de Loureiro.
Para a região Sul, dentre os bairros presentes na região, primeiramente
foi sorteado o Jardim Panorama, onde a única escola presente é a Emei Abgail Flora
Horta.
Na região Norte o Bairro sorteado foi a Vila São Paulo e a escola
municipal sorteada foi a Emei Catarina Paulucci.
Na região Leste o bairro sorteado foi o presidente Geisel e a escola
sorteada foi a Emei Maria Rosa Conceição.
Na região Oeste o bairro sorteado foi a Vila Eurico Gaspar Dutra e a
escola sorteada foi a Emei Aracy Pelegrino.
4.4.1 Pré – escolares
Foram encaminhados 630 termos de consentimento livre e esclarecido às
cinco escolas que fizeram parte desta pesquisa, sendo que houve resposta de
36,35% autorizando a participação das crianças na pesquisa e 63,65% que não
foram devolvidos ou não autorizaram os pré-escolares a participarem da pesquisa.
Desta forma, foram examinados 229 pré-escolares entre 3 e 5 anos de
idade de ambos os gêneros. As crianças participantes foram aquelas que se
encontravam no ambiente escolar no momento da pesquisa e que tinham permissão
para a participação na pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido devidamente assinado pelos pais ou responsáveis e que permitiram a
realização do exame clínico, correspondendo a 36,35% das crianças.
Figura 5 – Amostra calculada e examinada na pesquisa
4 Material e Métodos 102
4.4.2 Pais ou responsáveis
A colaboração dos pais foi fundamental para o desenvolvimento deste
estudo, pois devolveram os termos e questionários devidamente preenchidos,
totalizando 229 pais.
4.5 DELINEAMENTO DO ESTUDO
O presente estudo foi composto pelas seguintes etapas:
4.5.1 Processo de calibração;
4.5.2 Apresentação do projeto e distribuição dos Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLEs) e questionários;
4.5.3 Exames clínicos;
4.5.3.1 Avaliação da cárie dentária;
4.5.3.2 Avaliação antropométrica;
4.5.1 Processo de calibração
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1993), a
padronização e calibração de examinadores objetivam assegurar a interpretação,
entendimento e aplicação uniformes dos critérios para as doenças e condições a
serem observadas e registradas a fim de assegurar que cada profissional possa
examinar dentro de um padrão consistente assim como minimizar variações entre
diferentes examinadores.
Para a realização da presente pesquisa o autor do trabalho foi o único examinador.
Por esta razão foi importante a realização prévia do exercício de calibração intra-
examinador.
Após a realização de uma revisão teórica do procedimento, códigos e
critérios para uso do formulário da OMS para o índice CPOD, o processo de
calibração do examinador foi conduzido por um examinador padrão, experiente em
levantamentos epidemiológicos, sendo a primeira etapa deste processo a
apresentação de uma aula teórica com a finalidade de proporcionar uma
padronização inicial quanto aos códigos, critérios e condutas adotadas para o
estudo.
4 Material e Métodos 103
Na segunda etapa foi realizada uma demonstração clínica, pelo
examinador padrão, quanto ao posicionamento do examinador e anotador,
organização do material de trabalho, fichas clínicas e ergonomia em relação ao
atendimento, seguidos de exames de treinamento e discussão clínica para
familiarização dos procedimentos. O exercício prático foi realizado na Casa do
Garoto, no pátio da escola, sob iluminação natural, com a criança e o examinador
sentados, sendo que participaram deste exercício 12 voluntários.
A estatística kappa para o índice CPOD/ceod foi de 0,95 havendo
concordância quase perfeita.
Durante a execução do levantamento, foram feitos exames em duplicata
em 10% dos examinados com o objetivo de detectar possíveis alterações
diagnósticas. Esta é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS)
para avaliar concordância intra-examinador. (WHO,1997)
4.5.2 Distribuição dos TCLE e dos questionários sobre influência da saúde
bucal na qualidade de vida e condição socioeconômica.
Foram realizadas visitas às escolas previamente a execução da pesquisa
com a finalidade de apresentar aos diretores das escolas as proposições do estudo
assim como solicitar autorização dos mesmos para a condução da pesquisa. A
apresentação da pesquisa, assim como seus objetivos, metodologias e benefícios
foram explanados aos pais ou responsáveis das crianças durante a reunião de pais
conduzida no início do ano letivo em cada escola a fim de esclarecer dúvidas assim
como elucidar quanto à participação dos pré-escolares por meio da distribuição do
TCLE (Anexo E). Juntamente com estes foram entregues os questionários sobre
influência da saúde bucal na qualidade de vida (Anexo F) e condição
socioeconômica (Anexo G) para que os pais que consentissem em participar da
pesquisa, respondessem as questões.
4 Material e Métodos 104
4.5.2.1 Questionário sobre influência da saúde bucal na qualidade de vida
O instrumento Early Childhood Oral Health Impact Scale (ECOHIS) foi
criado por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (Bavhna Talekar
Pahel, Gary Rozier e Gary D. Slade) para avaliar a qualidade de vida relacionada à
saúde bucal de crianças na idade pré-escolar. O ECOHIS foi desenvolvido a partir
de uma seleção de 13 itens, oriundos dos 36 que compõem o questionário Child
Oral Health Quality of Life Instrument (COHQOLI). Esses itens foram considerados
os mais relevantes para mensurar o impacto dos problemas bucais sobre a
qualidade de vida dos pré-escolares e consideram as experiências de doenças
bucais e tratamentos dentários da vida inteira das crianças.
A versão brasileira é composta por dez itens que avaliam o impacto dos
problemas bucais sobre a criança (subescala da criança), sendo uma questão
relativa a sintomas, domínio das limitações com cinco questões, duas relacionadas a
fatores psicológicos, uma questão de auto-imagem e uma de interação social. As
outras quatro questões avaliam o impacto dos problemas bucais da criança sobre a
sua família (subescala da família), sendo, duas questões de angústia dos pais e
duas questões de função familiar. (TESH; OLIVEIRA ; LEÃO,2008)
As opções de resposta estão elencadas em códigos que variam de 0 a 5,
onde código 0 = nunca, 1= quase nunca, 2 = às vezes, 3 = com freqüência, 4 = com
muita freqüência e 5= não sei.
Os escores totais e por domínios foram calculados a partir da somatória
dos códigos das respostas. As respostas “não sei” foram contabilizadas, porém
estas foram excluídas da somatória para o cálculo do escore total e por domínio de
cada paciente.
A pontuação mínima obtida no questionário é zero que corresponde a
saúde bucal sem influência na qualidade de vida dos pré-escolares e a máxima é 56
onde existe forte influência da saúde bucal na qualidade de vida das crianças.
A somatória total da pontuação do questionário foi dividida em sem
impacto, quando o resultado da soma total dos pontos for igual a zero, impacto fraco
quando a soma da pontuação total do questionário for maior que zero e menor ou
igual a 18,67, impacto médio quando o resultado for maior que 18,67 e menor ou
igual a 37,34 e impacto forte quando a soma dos pontos do questionário for maior
4 Material e Métodos 105
que 37,34 e menor ou igual a 56. O mesmo raciocínio foi utilizado para a subescala
da criança e para a subescala da família.
Subescala da Criança
1-Sua criança já sentiu dores nos dentes, na
boca ou nos maxilares (ossos da boca)?
2-Sua criança já teve dificuldade em beber
bebidas quentes ou frias devido a problemas
com os dentes ou tratamentos dentários?
3-Sua criança já teve dificuldade para comer
certos alimentos devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários?
4-Sua criança já teve dificuldade de
pronunciar qualquer palavra devido a
problemas com os dentes ou tratamentos
dentários?
5-Sua criança já faltou à creche, jardim de
infância ou escola devido a problemas com
os dentes ou tratamentos dentários?
5b-Sua criança já deixou de fazer alguma
atividade diária (ex.: brincar, pular, correr, ir
à creche ou escola etc.) devido a problemas
com os dentes ou tratamentos dentários?
6-Sua criança já teve dificuldade em dormir
devido a problemas com os dentes ou
tratamentos dentários?
7-Sua criança já ficou irritada devido a
problemas com os dentes ou tratamentos
dentários?
8-Sua criança já evitou sorrir ou rir devido a
problemas com os dentes ou tratamentos
dentários?
9-Sua criança já evitou falar devido a
problemas com os dentes ou tratamentos
dentários?
Quadro 1 – Questões da versão em português do ECOHIS referentes a subescala da criança e subescala da família.
4 Material e Métodos 106
Subescala da família
10-Você ou outra pessoa da família já ficou
aborrecida devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários de sua
criança?
11-Você ou outra pessoa da família já se
sentiu culpada devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários de sua
criança?
12-Você ou outra pessoa da família já faltou
ao trabalho devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários de sua
criança?
13-Sua criança já teve problemas com os
dentes ou fez tratamentos dentários que
causaram impacto financeiro na sua família?
4.5.2.2 Questionário de avaliação socioeconômica
Para a classificação socioeconômica do núcleo familiar, foi utilizada a
metodologia proposta por Graciano, 1980 a qual avalia cinco fatores que receberam
um sistema de pontuação. A somatória dos pontos possibilitou a determinação de
um escore individual e consequentemente a hierarquização dos participantes dentro
de uma das seis classes sociais propostas (GRACIANO, 1980). Cada um dos fatores
apresenta um objetivo específico, como segue:
Fator 01- Situação econômica da família. Procura identificar o nível de renda
familiar.
Fator 02- Número de membros da família. É considerada o numero de membros da
família que participam e/ou dependem da referida situação econômica.
Fator 03- Instrução do chefe. Com a avaliação do grau escolar ampliam-se as
possibilidades de ascensão social. Procura identificar o grau de instrução do meio
em que a criança vive.
Fator 04- Habitação. Procura identificar a situação de posse de moradia da família.
4 Material e Métodos 107
Fator 05 - Profissão do chefe. Procura identificar por meio da profissão e em um
mesmo tempo, o nível social cultural e econômico do chefe da família.
Quadro 2 - Situação econômica da família
Faixa salarial Pontos
1- acima de 24 salários mínimos 10
2- entre 16 e 24 salários mínimos 07
3- Entre 08 e 16 salários mínimos 05
4- Entre 04 e 08 salários mínimos 03
5- Entre 02 e 04 salários mínimos 01
6- Abaixo de 02 salários mínimos 0
Quadro 3 - Número de Membros da família
Número de membros Pontos
1 a 2 8
3 a 4 5
5 a 7 3
Acima de 7 0
Quadro 4- Grau de Instrução dos chefes da família
Nível Pontos
Superior completo 8
Superior incompleto 7
Ensino médio completo 6
Ensino médio incompleto 5
Ensino fundamental completo 3 a 4
Ensino fundamental incompleto 1 a 2
Analfabeto e semi-analfabeto 0
4 Material e Métodos 108
Os níveis correspondentes à classificação de Graciano estão atualizados e
ordenados de modo a proporcionarem uma diferenciação entre seus diferentes
conteúdos.
Quadro 5- Habitação
Habitação Pontos
Casa própria 4 a 8
Residência compromissada 4 a 6
Casa cedida por benefício 3 a 5
Casa alugada 2 a 6
Casa cedida por necessidade 2
O número de pontos no critério habitação é computado de acordo com as condições
habitacionais ( ótima, boa, regular , insuficiente).
Quadro 6- Profissão dos chefes da família
Profissão Pontos
1- Grande industrial, grande comerciante, grande fazendeiro, grande
empresário 10
2- Profissional liberal, oficial, funcionário de nível superior 7
3- Médio industrial, médio comerciante, médio agricultor, médio empresário,
profissional de nível médioe/ou técnico, médio funcionário. 5
4- Funcionário ou empregado de nível inferior empregado burocrático e outros),
mestre oficial, pequeno comerciante ou pequeno agricultor. 3
5- Pequeno funcionário ou trabalhador, operário, trabalhador rural suboficial e
outros. 2
6- Subemprego, trabalhador volante ou ambulante (rural e outros) 0
Em função da somatória dos pontos resultantes da avaliação (quadros 2
a 6) é calculada a classificação socioeconômica propriamente dita:
4 Material e Métodos 109
Quadro 7- Classificação final
Pontos Classe socioeconômica Código
0 a 5 Classe baixa inferior BI
6 a 11 Classe baixa superior BS
12 a 20 Classe média inferior MI
21 a 29 Classe média M
30 a 38 Classe média superior MS
39 acima Classe alta A
4.5.3 Exames clínicos
4.5.3.1 Avaliação da cárie dentária
Os exames clínicos foram realizados por um examinador e um anotador
devidamente calibrados. Os pré-escolares foram examinados nos pátios das
escolas, sob iluminação natural, estando o examinador e criança sentados em
cadeiras. Para os exames clínicos foram utilizados gazes para limpeza e secagem
das superfícies dentárias, espelhos bucais planos e sondas periodontais IPC a fim
de se confirmar evidências visuais de cárie dentária. (WHO,1997)
Os códigos utilizados para avaliação da cárie dentária seguiram as
recomendações da Organização Mundial da Saúde adaptados pela Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo e pelo Projeto SB Brasil 2003. Para a
avaliação das condições de saúde bucal dos pré-escolares foi utilizado os índices
ceod e CPOD para cárie dentária. Os dados obtidos foram anotados em fichas
próprias (anexo 04) para facilitar a tabulação dos dados. (WHO,1997)
Para realizar o cálculo do índice ceod e seus componentes todos os
dentes examinados receberam um código de acordo com a tabela 1. O total do ceod
de uma criança se dá pela somatória dos componentes cariados (c), extraídos por
cárie (e) e obturados (o). A média para um grupo de indivíduos é obtida dividindo-se
a soma pelo número de pessoas examinadas. Para a pesquisa em dentição decídua
são considerados extraídos apenas os dentes que foram perdidos por ataque de
cárie, sendo excluídos os que esfoliaram naturalmente. Desta forma como a
4 Material e Métodos 110
experiência de cárie, foi avaliada a necessidade de tratamento e os códigos e
critérios empregados estão descritos na tabela 2.
Tabela 1 - Códigos e critérios para condições preconizados pela OMS.
Código Condição
Dentes decíduos Dentes permanentes
Coroa Coroa Raiz
A 0 0 Hígido
B 1 1 Cariado
C 2 2 Restaurado sem cárie
D 3 3 Restaurado com cárie
E 4 - Perdido por cárie
- 5 - Perdido por outras
razões
F 6 - Selante
G 7 7 Apoio de ponte coroa
ou faceta/ implante
- 8 8
Dente não
erupcionado/ raiz não
exposta
T T - Trauma
- 9 9 Sem registro
Tabela 2-Códigos e critérios para necessidades de tratamento preconizadas pela
OMS.
Código Critério
0 Nenhum tratamento
P Prevenção/ medidas para inativação de cárie
F Selante de fissura
1 Restauração de uma superfície
2 Restauração de duas ou mais superfícies
3 Coroa por qualquer razão
4 Veneer ou coroa laminada
5 Cuidado pulpar e restauração
6 Extração indicada
7/8 Necessidades de outros cuidados
9 Não informado
4 Material e Métodos 111
Para a realização da análise dos resultados da presente pesquisa
também foram usados os seguintes índices:
Índice de cuidados (Care Index) - é uma forma alternativa de cálculo que
integra os mesmos componentes do ceod ou CPOD e tem a finalidade de
produzir uma medida que de alguma forma reflita a capacidade do sistema de
saúde em atender as demandas por atendimento odontológico associadas às
manifestações da cárie dentária. O seu cálculo é feito por meio da relação de
dentes restaurados/ ceod x 100 (WALSH, 1970)
Índice significativo de cárie (SiC Index) – Proposto para avaliar a
desigualdade de cárie na população em estudo. É representado pelo valor
médio do ceod ou CPOD calculado para um terço do grupo examinado que
apresentou os valores mais elevados de cárie dentária (ANTUNES; PERES;
FRAZÃO, 2006)
Coeficiente de Gini - pode também ser utilizado para o cálculo de
desigualdade na experiência de cárie e seu valor pode ser determinado pelo
cálculo numérico envolvendo o valor do ceod ou CPOD observados em uma
população ou ainda por recursos gráficos envolvendo o dimensionamento da
área delimitada pela curva de Lorenz da mesma distribuição. O seu valor
mínimo é zero que ocorreria caso não houvesse desigualdade na distribuição
de cárie e valores progressivamente maiores podem ocorrer com o aumento
na desigualdade da distribuição da doença sendo que o valor máximo é 1.
(ANTUNES; PERES; FRAZÃO, 2006)
4 Material e Métodos 112
4.5.3.2 - Avaliação antropométrica
A avaliação antropométrica foi efetuada por meio do cálculo do Índice de
Massa Corpórea (IMC) onde se divide o peso pelo quadrado da altura. Para tanto foi
efetuada a pesagem das crianças utilizando-se para isso uma balança digital de
precisão e a medição da altura das crianças utilizando uma fita métrica. Para o
cálculo do Índice de Massa Corpórea foram utilizados gráficos determinados pela
Organização Mundial da Saúde de acordo com a idade para indivíduos do gênero
masculino e feminino.
Os valores calculados do IMC foram levados aos gráficos de percentis
por idade para crianças do gênero feminino e masculino, onde com base nos valores
de referência da tabela 3 obteve-se o diagnóstico nutricional da criança.
Gráfico 1- IMC por idade para meninos do nascimento aos 5 anos de idade. Fonte: WHO, 2006.
4 Material e Métodos 113
Valores críticos Diagnóstico nutricional
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada > Percentil 0,1 e <
Percentil 3
> Escore-z -3 e < Escore-z -2
Magreza
> Percentil 3 e < Percentil 85
> Escore-z -2 e < Escore-z +1
Eutrofia
> Percentil 85 e < Percentil 97
> Escore-z +1 e < Escore-z +2
Risco de sobrepeso
> Percentil 97 e < Percentil 99,9
> Escore-z +2 e < Escore-z +3
Sobrepeso
>Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Fonte: WHO, 2006
Tabela 3 - Valores de referência para o índice de massa corpórea de crianças de 0 a 5 anos de idade.
Gráfico 2-IMC por idade para meninas do nascimento aos 5 anos de idade.
Fonte: WHO, 2006.
4 Material e Métodos 114
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram estratificados de acordo com a idade e gênero e
analisados e processados por meio de planilhas Excel (Microsoft 2007).
Para comparação do ceod e do estado nutricional entre os gêneros foi
utilizado o teste Mann Whitney. O teste Kruskall Wallis foi utilizado para comparação
do ceod de acordo com a idade.
O teste de Correlação de Spearman foi usado para relacionar o ceod com
o estado nutricional, questionário de influência da saúde bucal na qualidade de vida
dos pré-escolares e a classificação socioeconômica assim como para relacionar o
resultado da influência da saúde bucal na qualidade de vida com as condições
socioeconômicas. A regressão linear múltipla foi calculada para relacionar a
influência da saúde bucal na qualidade de vida com os demais fatores avaliados.
Para a realização dos testes estatísticos foi adotado nível de significância
de 5%. Os testes foram calculados por meio do programa Statistica 9.1.
5 Resultados
5 Resultados 117
5 RESULTADOS
5.1 DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA
A taxa de resposta deste estudo foi de 36,35% (229) do total de 630 pré-
escolares entre 3 e 5 anos de idade regularmente matriculados nas Escolas
Municipais de Educação Infantil (EMEIS) sorteadas para a realização da pesquisa,
distribuídas nas regiões norte, sul, leste, oeste e região central do município.
Escola Crianças
Matriculadas
Crianças
Examinadas
n n %
Emei Stélio Machado Loureiro 77 22 28,57
Maria Rosa Conceição de Lima 175 67 38,29
Emei Catharina Paulucci 198 64 36,57
Emei Aracy Pelegrina Brazoloto 145 63 43,45
Emei Abgail Flora Horta 35 13 37,14
Total 630 229 36,35
Com relação à idade das crianças examinadas, verificou-se maior número
de crianças aos 5 anos de idade (54,15%) como pode ser visualizado na tabela 5.
Quanto ao gênero foi encontrada uma distribuição homogênea para a amostra
estudada (tabela 6).
Tabela 4- Frequência absoluta de crianças matriculadas e frequência absoluta e relativa de crianças examinadas nas Escolas Municipais de Ensino Infantil, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 118
n %
Idade
3 anos 29 12,66
4 anos 76 33,19
5 anos 124 54,15
Total 229 100,00
n %
Gênero
Masculino 116 50,66
Feminino 113 49,34
Total 229 100,00
5.2 CÁRIE DENTÁRIA
Observou-se neste estudo um elevado percentual de indivíduos livres de
cárie entre as crianças de 3 e 5 anos de idade, sendo que aos 3 anos foi encontrado
68,97% e 5 anos constatou-se que 50% da população avaliada apresentava-se livre
de cárie (tabela 7). Com relação ao gênero foi verificada uma prevalência
ligeiramente maior no gênero masculino que no feminino conforme pode ser
verificado na tabela 8.
Tabela 5 – Frequência absoluta e frequência relativa das crianças examinadas de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
Tabela 6- Frequência absoluta e frequência relativa das crianças examinadas de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 119
Prevalência Livres de cárie Total
n % n % n %
3 anos 9 31,03 20 68,97 29 100,00
4 anos 23 30,26 53 69,74 76 100,00
5 anos 62 50,00 62 50,00 124 100,00
Prevalência Livres de Cárie Total
n % n % n %
Masculino 47 40,52 69 59,48 116 100,00
Feminino 47 41,59 66 58,41 113 100,00
O índice ceod encontrado na amostra foi de 1,65 (2,87) e verificou-se um
aumento de acordo com a idade, como pode ser observado na tabela 9. Em relação
ao gênero, o masculino apresentou a média do ceod discretamente maior que o
feminino (tabela 10).
Tabela 7 - Prevalência de cárie dentária e percentual de indivíduos livres de cárie nos pré-escolares, de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
Tabela 8 - Prevalência de cárie dentária e percentual de indivíduos livres de cárie nos pré-escolares, de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 120
ceod Desvio padrão
3 anos 1,07 2,12
4 anos 1,33 2,94
5 anos 1,98 2,95
ceod total 1,65 2,87
ceod Desvio padrão
Masculino 1,67 3,04
Feminino 1,62 2,68
ceod total 1,65 2,87
Com relação ao ceod e seus componentes, observou-se aumento do
componente cariado com o aumento da idade e constatou-se maior percentual deste
componente nas três idades avaliadas. Não foi observada diferença estatisticamente
significativa no ceod e componentes com relação à idade dos pré-escolares
examinados (tabela 11).
Tabela 9 - Distribuição do ceod e desvio padrão (dp) dos pré-escolares de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
Tabela 10- Distribuição do ceod e desvio padrão (dp) dos pré-escolares de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 121
Cariado (dp) Perdido (dp) Obturado (dp) ceod (dp)
3 anos
Média (dp) 0,66 (1,78) 0,03 (0,19) 0,38 (1,18) 1,07 (2,12)
4 anos
Média (dp) 1,01 (2,49) 0,03 (0,16) 0,29 (0,92) 1,33 (2,94)
5 anos
Média (dp) 1,33 (2,36) 0,02 (0,12) 0,63 (1,63) 1,98 (2,95)
Total
Média (dp) 1,14 (2,34) 0,02 (0,15) 0,49 (1,38) 1,65 (2,87)
Kruskal
Wallis p 0,690 ns 0,492 ns 0,666 ns 0,332 ns
ns= Diferença estatisticamente não significativa
Com relação ao gênero, verificou-se maior média do ceod no gênero
masculino, assim como em relação aos componentes cariados, perdidos e
obturados, sendo observada diferença significativa apenas para o componente
perdido (p=0,026), como descrito na tabela 12.
Cariado (dp) Perdido (dp) Obturado (dp) ceod (dp)
Masculino
Média (dp) 1,15 (2.23) 0,04 (0,20) 0,65 (1,71) 1,67 (3,04)
Feminino
Média (dp) 1,12 (2,46) 0,00 (0,00) 0,32 (0,90) 1,62 (2,68)
Total
Média (dp) 1,14 (2,34) 0,02 (0,15) 0,49 (1,38) 1,65 (2,87)
Mann
Whitney p 0,820 ns 0,026* 0,988 ns 0,889 ns
* Diferença estatisticamente significativa ns=Diferença estatisticamente não significativa
Tabela 11 - Distribuição da média de dentes cariados, perdidos e obturados e desvio padrão (dp) dos pré-escolares de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
Tabela 12 – Distribuição da média de dentes cariados, perdidos e obturados e desvio padrão (dp) dos pré-escolares de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 122
No que tange a necessidade de tratamento, verificou-se maior
necessidade de restaurações de duas faces nos pré-escolares examinados. Com
relação à idade, observou-se um aumento das necessidades de tratamento com o
aumento da idade, sendo que aos 3 anos foi encontrada maior necessidade de
restaurações de uma face e aos 4 e 5 anos observou-se maiores necessidades de
restaurações de duas ou mais faces (tabela 13).
Idade Restauração
1 Face
Restauração
2 ou + faces
Tratamento
pulpar +
restauração
Exodontia
3 anos
Média (dp) 0,34 (0,77) 0,14 (0,74) 0,14 (0,74) 0,00 (0,00)
4 anos
Média (dp) 0,45 (1,19) 0,46 (1,16) 0,13 (0,76) 0,00 (0,00)
5 anos
Média (dp) 0,50 (0,97) 0,58 (1,38) 0,18 (0,70) 0,06 (0,34)
Total Média (dp)
0,46 (1,02) 0,48 (1,25) 0,16 (0,69) 0,03 (0,25)
Kruskal Wallis p
0,750 ns 0,812 ns 0,614 ns 0,364 ns
ns =Diferença estatisticamente não significativa
Na tabela 14 destacam-se as necessidades de tratamento de acordo com
o gênero, onde o gênero masculino apresentou maior necessidade de restaurações
de uma face e o feminino demonstrou maior necessidade de restaurações de duas
ou mais faces. Com relação à necessidade de tratamento pulpar e exodontia, os
indivíduos do gênero masculino apresentaram as maiores médias, contudo sendo
observada diferença significativa apenas na necessidade de exodontia (p=0,047).
Tabela 13 - Necessidades de tratamento dos pré-escolares e desvio padrão (dp) de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 123
Gênero Restauração
1 Face
Restauração
2 ou+ faces
Tratamento
Pulpar +
restaurador
Exodontia
Masculino
Média (dp) 0,53 (1,20) 0,48 (1,19) 0,19 (0,77) 0,06 (0,36)
Feminino
Média (dp) 0,39 (0,81) 0,49 (1,31) 0,12 (0,60) 0,00 (0,00)
Total
Média (dp) 0,46 (1,02) 0,48 (1,25) 0,16 (0,69) 0,03 (0,25)
Mann
Whitney p 0,719 ns 0,945 ns 0,748 ns 0,047*
* Diferença estatisticamente significativa ns=Diferença estatisticamente não significativa
Na tabela 15 pode-se observar avaliação da desigualdade na distribuição
da cárie dentária na população estudada de acordo com a idade, onde para tanto
foram utilizados o Índice Significativo de cárie dentária (SiC índice) e o Coeficiente
de Gini. Foi encontrado um Índice significativo de cárie de 4,88, valor quase três
vezes maior que a média do ceod; com relação à idade observou-se aumento do
SiC com o aumento da idade. O Coeficiente de Gini apresenta uma variação de zero
a um, onde zero está relacionado com ausência de desigualdade e um demonstra
presença da mesma. Na população estudada observou-se Coeficiente de Gini de
maior expressividade aos 4 anos de idade (0,83).
O índice de cuidados foi utilizado para avaliar a capacidade dos serviços
de saúde em atender as necessidades da população, onde foi observado um baixo
percentual de cuidados para esta população (30,00%) e relativamente à idade, aos 4
anos observou-se menor percentual de cuidados (22,00%).
Tabela 14- Necessidade de tratamento dos pré-escolares e desvio padrão (dp) de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 124
Idade Ceod (dp) Livres de
Cárie (%) SiC Índice (dp)
Coeficiente
de Gini
Índice de
cuidados
(%)
3 anos 1,07 (2,12) 68,97 3,44 (2,55) 0,80 36,00
4 anos 1,33 (2,94) 69,74 4,04 (3,94) 0,83 22,00
5 anos 1,98 (2,95) 50,00 5,34 (2,95) 0,71 32,00
Total 1,65 (2,87) 58,95 4,88 (3,20) 0,76 30,00
Com relação ao gênero foi observado um Índice SiC quase três vezes o
valor do ceod tanto para o gênero masculino quanto para o feminino. O coeficiente
de Gini apresentou-se com maior impacto no gênero masculino assim como se
verificou maior Índice de Cuidados neste grupo (tabela 16).
Gênero Ceod (dp) Livres de
Cárie (%) SiC Índice (dp)
Coeficiente
de Gini
Índice de
cuidados (%)
Masculino 1,67 (3,04) 59,48 4,76 (3,61) 0,77 39,00
Feminino 1,62 (2,68) 58,41 4,57 (2,83) 0,75 20,00
Total 1,65 (2,87) 58,95 4,88 (3,20) 0,76 30,00
Tabela 15 – Avaliação da desigualdade na distribuição da cárie dentária nos pré-escolares de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
Tabela 16– Avaliação da desigualdade na distribuição da cárie dentária nos pré-escolares de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 125
5.3 ESTADO NUTRICIONAL
O estado nutricional das crianças foi avaliado por meio do Índice de
Massa Corpórea (IMC), o qual foi calculado dividindo-se o peso pelo quadrado da
altura. Na tabela 17 estão elencados os principais resultados de acordo com a idade
das crianças examinadas.
Do total avaliado constatou-se que 66,81% das crianças examinadas
encontravam-se com índice de massa corpórea dentro da normalidade, 20,96% com
sobrepeso, 8,73% com obesidade e 3,5 % com magreza.
Com relação à idade, 68,96% aos 3 anos, 76,32% aos 4 anos, e 60,48%
aos 5 anos encontrava-se dentro da normalidade. Aos 3 anos, 27,59%
apresentavam-se com sobrepeso e não foi encontrada nenhuma criança com
magreza. Aos 5 anos de idade foi encontrado 12,1% das crianças com obesidade
(tabela 17).
IMC/ Idade
3 anos 4 anos 5 anos Total
n % n % n % n %
Magreza 0 0,00 3 3,95 5 4,03 8 3,50
Eutrofia 20 68,96 58 76,32 75 60,48 153 66,81
Sobrepeso 8 27,59 11 14,47 29 23,39 48 20,96
Obesidade 1 3,45 4 5,26 15 12,10 20 8,73
Total 29 100,00 76 100,00 124 100,00 229 100,00
Na tabela 18 está elencada a classificação do estado nutricional de
acordo com o gênero, onde foi observada uma distribuição homogênea das crianças
com magreza, eutrofia e sobrepeso e com relação à obesidade observou-se
pequena diferença com maior número de indivíduos do gênero masculino, contudo
não foi encontrada diferença estatisticamente significativa (p=1,000).
Tabela 17- Índice de Massa Corpórea (IMC) dos pré-escolares de acordo com a idade, município de Bauru, SP, 2009.
5 Resultados 126
IMC/ Gênero
Masculino Feminino Total
n % n % n %
Magreza 4 3,45 4 3,54 8 3,50
Eutrofia 74 63,79 79 69,91 153 66,81
Sobrepeso 24 20,69 24 21,24 48 20,96
Obesidade 14 12,07 6 5,31 20 8,73
Total 116 100,00 113 100,00 229 100,00
Na tabela 19 estão elencados os Índices de cárie dentária de acordo com
as categorias do estado nutricional dos pré-escolares examinados. Pode-se
observar um aumento do percentual de crianças livres de cárie com o aumento do
Índice de massa corpórea, onde nas crianças com magreza foi encontrada 37,50%
de crianças livres de cárie e naquelas com sobrepeso foram encontradas 68,75%.
Pode-se verificar que as crianças com magreza apresentaram uma média do ceod
de 4,0 (3,66), valor duas vezes maior que as demais categorias do estado
nutricional.
IMC Livres de cárie
(%) ceod (dp)
SiC
Índice (dp)
Magreza 37,50 4,00 (3,66) 7,67 (0,57)
Eutrofia 57,52 1,60 (2,79) 4,53 (3,21)
Sobrepeso 68,75 1,27 (2,58) 3,81 (3,25)
Obesidade 55,00 1,95 (3,46) 5,29 (4,19)
Tabela 18- Índice de Massa Corpórea (IMC) dos pré-escolares de acordo com o gênero no município de Bauru, SP, 2010.
Tabela 19 - Cárie dentária de acordo com as categorias do índice de massa corpórea dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 127
5.4 CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS
As condições socioeconômicas das famílias dos pré-escolares foram
avaliadas por meio de um questionário validado enviado aos pais ou responsáveis
das crianças juntamente com o termo de consentimento livre e esclarecido.
Na tabela 20 estão elencadas as frequências absolutas e relativas da
classificação socioeconômica das famílias dos pré-escolares avaliados no estudo.
Observou-se predomínio de famílias pertencentes a classe média inferior (66,38%) e
não foi encontrada nenhuma família pertencente as classes baixa inferior e alta.
Classe n %
Baixa inferior (BI) 0 0,00
Baixa Superior (BS) 26 11,35
Média Inferior (MI) 152 66,38
Média (M) 50 21,83
Média Superior (MS) 1 0,44
Alta (A) 0 0,00
Total 229 100,00
Relativamente à renda dos familiares, observou-se que 48,03%
apresentam renda entre 0 e 2 salários mínimos, seguido por 46,29% com renda
entre 2 e 4 salários mínimos, conforme descrito na tabela 21 .
Tabela 20 - Classificação socioeconômica das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 128
Renda n %
Abaixo de 2 SM 110 48,03
2 – 4 SM 106 46,29
4 – 8 SM 10 4,37
8 – 16 SM 2 0,87
16 – 24 SM 1 0,44
> 24 SM 0 0,00
Total 229 100,00
SM=Salário Mínimo
Com relação à escolaridade do chefe da família dos pré-escolares
examinados verificou-se que 41,48% apresentam ensino médio completo e 28,38%
ensino fundamental incompleto, como pode ser observado na tabela 22.
Escolaridade n %
Analfabeto 0 0,00
Fundamental incompleto 65 28,38
Fundamental completo 23 10,04
Médio incompleto 29 12,66
Médio completo 95 41,48
Superior incompleto 8 3,49
Superior completo 9 3,93
Total 229 100,00
Tabela 21 - Frequência absoluta e relativa da renda das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP,
2010.
Tabela 22 - Frequência absoluta e relativa da escolaridade dos chefes das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 129
A habitação das famílias dos pré-escolares foi avaliada e constatou-se
que 33,19% apresentam casa própria e 28,82% encontram-se em casa alugada
(tabela 23).
Habitação n %
Própria 76 33,19
Financiada 62 27,07
Alugada 66 28,82
Cedida/ benefício 8 3,49
Cedida/ necessidade 17 7,42
Total 229 100,00
5.5 INFLUÊNCIA DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA
A pontuação máxima obtida nas respostas dos questionários foi de 33
pontos no total, sendo que na sessão de impacto na criança foi de 24 (de um total de
40 pontos) e na sessão de impacto na família obteve-se 12 pontos (do total de 16
pontos).
Com relação ao percentual de respostas, na sessão impacto na criança
as questões que demonstraram percentuais mais elevados na resposta “com muita
frequência” foram as questões 1 e 3 relativas à dor nos dentes ou boca (1,31%) e
dificuldade em mastigar alimentos (1,31%) respectivamente. Na sessão impacto na
família, as questões relativas a aborrecimentos na família devido a problemas
dentários na criança (2,62%) e sentimento de culpa nos pais pelos problemas bucais
das crianças (2,62%) foram as que apresentaram maiores percentuais (tabela 24).
Tabela 23 - Frequência absoluta e relativa da habitação da família dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 130
Questões Nunca
n (%)
Quase Nunca
n (%)
Às Vezes
n (%)
Com Frequência
n (%)
Com muita
frequência n
(%)
Não Sei n
(%)
Total
SEÇÃO DE IMPACTO NA CRIANÇA
Domínio de sintomas
Q 1 156
(68,12)
13
(5,68)
50
(21,83)
6
(2,62)
3
(1,31)
1
(0,44)
229
(100)
Domínio das limitações
Q 2 185
(80,79)
12
(5,24)
19
(8,30)
9
(3,93)
0
(0,00)
4
(1,75)
229
(100)
Q 3 189
(82,53)
7
(3,06)
22
(9,61)
4
(1,75)
3
(1,31)
4
(1,75)
229
(100)
Q 4 204
(89,08)
4
(1,75)
11
(4,80)
2
(0,87)
2
(0,87)
6
(2,62)
229
(100)
Q 5A 210
(91,70)
3
(1,31)
10
(4,37)
3
(1,31)
1
(0,44)
2
(0,87)
229
(100)
Q 5B 209
(91,27)
6
(2,62)
11
(4,80)
2
(0,87)
0
(0,00)
1
(0,44)
229
(100)
Domínio de aspectos psicológicos
Q 6 203
(88,65)
6
(2,62)
17
(7,42)
3
(1,31)
0
(0,00)
0
(0,00)
229
(100)
Q 7 198
(86,46)
5
(2,18)
23
(10,04)
3
(1,31)
0
(0,00)
0
(0,00)
229
(100)
Domínio de auto-imagem
Q 8 216
(94,32)
1
(0,44)
6
(2,62)
2
(0,87)
2
(0,87)
2
(0,87)
229
(100)
Domínio de interação social
Q 9 220
(96,07)
2
(0,87)
4
(1,72)
1
(0,44)
0
(0,00)
2
(0,87)
229
(100)
SEÇÃO DE IMPACTO NA FAMÍLIA
Domínio de angústia dos pais
Q 10 189
(82,53)
3
(1,31)
26
(11,35)
5
(2,18)
6
(2,62)
0
(0,00)
229
(100)
Q 11 190
(82,97)
4
(1,75)
23
(10,04)
6
(2,62)
6
(2,62)
0
(0,00)
229
(100)
Domínio da função familiar
Q 12 210
(91,70)
6
(2,62)
11
(4,80)
0
0,00)
2
(0,87)
0
(0,00)
229
(100)
Q 13 217
(94,76)
7
(3,06)
2
(0,87)
2
(0,87)
1
(0,44)
0
(0,00)
229
(100)
Q1-Sua criança já sentiu dores nos dentes, na boca ou nos maxilares (ossos da boca)?
Q2-Sua criança já teve dificuldade em beber bebidas quentes ou frias devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários?
Tabela 24 - Avaliação da influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados, Bauru, 2010.
5 Resultados 131
Q3-Sua criança já teve dificuldade para comer certos alimentos devido a problemas com os dentes
ou tratamentos dentários?
Q4-Sua criança já teve dificuldade de pronunciar qualquer palavra devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários?
Q5 A - Sua criança já faltou à creche, jardim de infância ou escola devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários?
Q5 B - Sua criança já deixou de fazer alguma atividade diária (ex.: brincar, pular, correr, ir à creche
ou escola etc.) devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários?
Q6-Sua criança já teve dificuldade em dormir devido a problemas com os dentes ou tratamentos
dentários.
Q7-Sua criança já ficou irritada devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários?
Q8-Sua criança já evitou sorrir ou rir devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários?
Q9-Sua criança já evitou falar devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentário
Q10-Você ou outra pessoa da família já ficou aborrecida devido a problemas com os dentes ou
tratamentos dentários de sua criança
Q11-Você ou outra pessoa da família já se sentiu culpada devido a problemas com os dentes ou
tratamentos dentários de sua criança?
Q12-Você ou outra pessoa da família já faltou ao trabalho devido a problemas com os dentes ou
tratamentos dentários de sua criança?
Q13-Sua criança já teve problemas com os dentes ou fez tratamentos dentários que causaram
impacto financeiro na sua família.
A partir das respostas dos pais e/ou responsáveis verificou-se que os
domínios relativos aos aspectos psicológicos (82,97%) e auto-imagem (93,89%)
foram os que apresentaram maiores percentuais de crianças sem influência da
saúde bucal na qualidade de vida, na sessão da criança. Na sessão da família, a
função familiar (88,65%) foi o domínio que demonstrou maior percentual de crianças
sem influência da saúde bucal na qualidade de vida. Com relação ao impacto geral,
não foi observado impacto da saúde bucal na qualidade de vida em 55,90%.
Domínios n %
Sintomas 156 68,12
Limitações funcionais 136 59,39
Aspectos psicológicos 190 82,97
Auto-imagem 215 93,89
Angustia dos pais 180 78,60
Função familiar 203 88,65
Tabela 25 – Frequência absoluta e frequência relativa de pré-escolares sem influência da saúde bucal na qualidade de vida (escore=0), Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 132
Com relação às médias das respostas de acordo com os domínios,
verificou-se que houve maior impacto nos domínios sintomas e angustia dos pais e
menor impacto na auto-imagem e função familiar, como pode ser observado na
tabela 26.
Domínios Média dp
Sintomas 0,65 1,04
Limitações funcionais 0,30 0,12
Aspectos psicológicos 0,24 0,03
Auto-imagem 0,13 0,04
Angustia dos pais 0,41 0,01
Função familiar 0,12 0,05
Total 3,49 6,09
A tabela 27 demonstra a influência da saúde bucal na qualidade de vida,
por domínio, de acordo com a idade dos pré-escolares examinados onde foi
encontrado aumento da influência com o aumento da idade nos domínios sintomas,
aspectos psicológicos e angustia dos pais. Foi observada diferença estatisticamente
significativa no componente sintomas (p=0,016) e auto-imagem (p=0,040) e não foi
observada diferença significativa no escore geral do questionário com p= 0,247.
Tabela 26 – Média e desvio padrão (dp) da influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 133
3 anos
média (dp)
4 anos
média (dp)
5 anos
média (dp)
Kruskal
Wallis
Sintomas 0,31 (0,71) 0,46 (0,93) 0,84 (1,12) 0,016*
Limitações funcionais 1,28 (2,80) 0,89 (1,76) 2,42 (3,58) 0,180 ns
Aspectos psicológicos 0,28 (0,88) 0,30 (0,95) 0,63 (1,34) 0,241 ns
Auto-imagem 0,21 (1,11) 0,01 (0,11) 0,27 (0,88) 0,040*
Angustia dos pais 0,28 (1,03) 0,55 (1,31) 1,06(2,07) 0,454 ns
Função familiar 0,17 (0,47) 0,11 (0,56) 0,35 (0,95) 0,366 ns
Total 2,34 (6,37) 1,82 (3,29) 4,71 (6,73) 0,247 ns
*Diferença estatisticamente significativa ns-Diferença estatisticamente não significativa
Com relação ao gênero pode–se observar que o gênero feminino
apresentou maiores médias com relação ao resultado geral e domínios, exceto para
o domínio função familiar. Contudo foi verificada diferença estatisticamente
significativa somente no domínio sintomas (p=0,015) conforme ilustrado na tabela
28.
Masculino
média (dp)
Feminino
média (dp)
Mann
Whitney
Sintomas 0,51 (0,99) 0,79 (1,06) 0,015*
Limitações funcionais 1,16 (2,09) 2,40 (3,73) 0,885 ns
Aspectos psicológicos 0,35 (1,05) 0,61 (1,29) 0,147 ns
Auto-imagem 0,15 (0,74) 0,20 (0,79) 0,300 ns
Angustia dos pais 0,69 (1,70) 0,90 (1,82) 0,817 ns
Função familiar 0,27 (0,83) 0,23 (0,76) 1,000 ns
Total 2,62 (4,99) 4,30 (6,64) 0,826 ns
*Diferença estatisticamente significativa ns -Diferença estatisticamente não significativa
Tabela 27 - Influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares examinados e domínios de acordo com a idade, Bauru, SP, 2010.
Tabela 28- Influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares
examinados e domínios de acordo com o gênero, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 134
O gráfico 3 demonstra o impacto das condições de saúde bucal na
qualidade de vida dos pré-escolares examinados. A somatória da pontuação do
questionário foi dividida em sem impacto, quando o resultado da soma total dos
pontos é igual a zero, impacto fraco quando a soma da pontuação total do
questionário for maior que zero e menor ou igual a 18,67, impacto médio quando
o resultado for maior que 18,67 e menor ou igual a 37,34 e impacto forte quando a
soma dos pontos do questionário for maior que 37,34 e menor ou igual a 56.
Baseado nesta classificação constatou-se um elevado percentual de
crianças onde não houve impacto das condições de saúde bucal na qualidade de
vida (55,90%), 39,74% apresentaram um impacto fraco e 4,36% demonstraram
médio impacto na qualidade de vida das crianças. Não foram encontradas
crianças com forte impacto.
Gráfico 3 - Impacto das condições de saúde bucal na qualidade de
vida dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 135
Impacto Ceod (dp) Índice Sic (dp) Livres de
cárie (%)
Coeficiente
de Gini
Índice de
cuidados
(%)
Sem impacto 0,49 (1,14) 1,50 (1,58) 78,13 0,85 39,00
Impacto fraco 2,95 (3,64) 7,23 (3,23) 36,26 0,63 28,00
Impacto médio 4,60 (3,40) 8,33 (0,58) 20,00 0,39 26,00
Impacto forte - - - - -
Kruskal Wallis
p p<0,001* - - - -
*diferença estatisticamente significativa (p<0,05)
Na tabela 29 estão elencados o índice de cárie e a desigualdade da
distribuição da doença nos pré-escolares examinados de acordo com os diferentes
impactos da saúde bucal na qualidade de vida. Pode-se observar um aumento do
valor do ceod com o aumento do impacto, onde nos indivíduos sem impacto das
condições de saúde bucal na qualidade de vida observou-se um ceod de 0,49 (1,14)
e nos indivíduos com médio impacto foi encontrado um ceod de 4,60 (3,40). Foi
encontrada diferença estatisticamente significativa no ceod entre os diferentes
impactos (p<0,001). Além disso, observou-se uma redução do percentual de
indivíduos livres de cárie assim como do Índice de cuidados das crianças sem
impacto para o médio impacto.
5.6 CORRELAÇÃO
A correlação entre o ceod e seus componentes e o estado nutricional por
meio do Índice de Massa Corpórea (IMC) não demonstrou relação estatisticamente
significativa, conforme descrito na tabela 30. Da mesma forma, a correlação entre o
estado nutricional e a condição socioeconômica das famílias dos pré-escolares
examinados não foi estatisticamente significativa (r=0,002; p=0,972).
Tabela 29 – ceod e desigualdade na distribuição da cárie dentária de acordo com o impacto da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 136
n r p
ceod X estado nutricional 229 -0,113 0,088 ns
cariado X estado nutricional 229 -0,097 0,141 ns
restaurado X estado nutricional 229 -0,065 0,328 ns
perdido X estado nutricional 229 -0,048 0,470 ns
ns- Correlação estatisticamente não significativa (p< 0,05)
Na tabela 31 estão elencados os resultados da correlação entre o estado
nutricional das crianças examinadas por categoria do Índice de Massa Corpórea e o
ceod, onde não foi encontrada relação estatisticamente significativa em nenhuma
das categorias avaliadas
ns - Correlação estatisticamente não significativa
Os resultados do teste de Correlação entre o ceod e a influência da saúde
bucal na qualidade de vida dos pré-escolares de acordo com o domínio, estão
elencados na tabela 32. Constatou-se uma correlação significativa entre ambos em
todos os domínios (p< 0,001) e no resultado geral (p< 0,001). Observou-se também
que o valor do r foi positivo para todos os domínios, demonstrando uma relação
linear entre ambos, ou seja, quanto maior o valor do ceod maior a influência da
saúde bucal na qualidade de vida das crianças.
IMC n r p
Magreza 8 0,258 0,538 ns
Eutrofia 153 -0,268 0,252 ns
Sobrepeso 48 0,333 0,151 ns
Obesidade 20 0,243 0,303 ns
Tabela 30- Correlação entre o ceod e componentes do estado nutricional dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
Tabela 31 – Correlação entre estado nutricional por categoria e a cárie dentária dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 137
ceod x Qualidade de Vida n r p
Sintomas 229 0, 407 < 0,001*
Limitações 229 0, 483 < 0,001*
Aspectos psicológicos 229 0, 357 < 0,001*
Auto-imagem 229 0, 268 < 0,001*
Angústia dos pais 229 0, 436 < 0,001*
Função familiar 229 0, 324 < 0,001*
Total 229 0, 518 < 0,001*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05)
Avaliando-se os resultados da correlação entre o componente cariado e
restaurado do ceod e a influência da saúde bucal na qualidade de vida das crianças
por domínios e escore geral, encontrou-se uma relação significativa, com exceção
da relação entre componente restaurado e aspectos psicológicos (p= 0,468). Os
valores positivos do r demonstraram uma relação linear entre os índices avaliados,
conforme descritos nas tabelas 33 e 34.
Componente cariado x QV n r p
Sintomas 229 0,382 < 0,001*
Limitações 229 0,429 < 0,001*
Aspectos psicológicos 229 0,357 < 0,001*
Auto-imagem 229 0,268 < 0,001*
Angústia dos pais 229 0,413 < 0,001*
Função familiar 229 0,300 < 0,001*
Total 229 0,472 < 0,001*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05)
Tabela 32- Correlação entre o ceod e influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados por domínios, Bauru, SP, 2010.
Tabela 33 – Correlação entre o componente cariado do ceod e a influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados, por domínio, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 138
Componente restaurado x QV n r p
Sintomas 229 0,146 0, 027*
Limitações 229 0,251 < 0,001*
Aspectos psicológicos 229 0,048 0, 468 ns
Auto-imagem 229 0,144 0,029*
Angústia dos pais 229 0,254 < 0,001*
Função familiar 229 0,168 0,010*
Total 229 0,292 < 0,001*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
De acordo com a tabela 35, a correlação entre o componente perdido do
ceod e a influência da saúde bucal na qualidade de vida demonstrou uma relação
significativa para os domínios limitações (p=0,009), aspectos psicológicos (p=0,014),
angústia dos pais (p= 0,011) função familiar (p< 0,001) e escore geral (p=0,002) e
não houve relação para os domínios sintomas (p=0,266) e auto-imagem (p=0,566).
Componente perdido x QV n r p
Sintomas 229 0,074 0, 266 ns
Limitações 229 0,173 0, 009*
Aspectos psicológicos 229 0,162 0,014*
Auto-imagem 229 -0,038 0,566 ns
Angústia dos pais 229 0,167 0,011*
Função familiar 229 0,238 < 0,001*
Total 229 0,196 0,002*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
Tabela 34- Correlação entre o componente restaurado do ceod e a influência da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados por domínio, Bauru, SP, 2010.
Tabela 35- Correlação entre o componente perdido do ceod e a influência na qualidade de vida dos pré-escolares avaliados, por domínio, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 139
A relação entre o ceod e componentes e a condição socioeconômica está
demonstrada na tabela 36, onde foi constatada uma relação significativa entre o
ceod total (p=0,009) e componente cariado (p=0,003) e a condição socioeconômica,
contudo, não foi encontrada relação significativa nos componentes perdido e
obturado. O valor de r negativo para todos os componentes avaliados demonstra
uma relação inversa entre o ceod e componentes e a condição socioeconômica das
famílias dos pré-escolares examinados, onde quanto maior o ceod e componentes,
menor a condição socioeconômica.
ceod e componentes
X Condição
socioeconômica
n r p
Cariado 229 - 0,172 0,009*
Restaurado 229 -0,095 0,151 ns
Perdido 229 -0,103 0,120 ns
ceod total 229 -0,190 0,003*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
A correlação entre a renda dos familiares dos pré-escolares e o ceod
pode ser observada na tabela 37. Observou-se uma relação significativa apenas
para o componente cariado do ceod e a renda (p=0,036), sendo verificada uma
relação inversa (r= -138), ou seja, quanto maior o componente cariado menor a
renda dos familiares.
Tabela 36– Correlação entre o ceod e condição socioeconômica, por componentes, das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 140
ceod e componentes
X Renda n r p
Cariado 229 -0,138 0,036*
Restaurado 229 -0,032 0,626 ns
Perdido 229 -0,041 0,532 ns
ceod total 229 -0,119 0,070 ns
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
Na tabela 38 pode-se encontrar a correlação entre o ceod e a
escolaridade das mães ou responsáveis dos pré-escolares, onde foi constatada uma
correlação significativa e inversa entre o ceod e a escolaridade (p=0,046; r= -0,131),
contudo não foi verificada correlação para os componentes cariado, perdido e
obturado do ceod.
ceod e componentes
X Escolaridade n r p
Cariado 229 -0,106 0,108 ns
Restaurado 229 -0,055 0,402 ns
Perdido 229 -0,088 0,182 ns
ceod total 229 -0,131 0,046*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
Na relação entre habitação e ceod verificou-se correlação significativa e
inversa do componente restaurado e do ceod total com a habitação (tabela 39).
Tabela 37 - Correlação entre o ceod e renda, por componente, das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
Tabela 38 - Correlação entre o ceod e escolaridade da mãe ou responsável dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 141
ceod e componentes
X Habitação n R p
Cariado 229 -0,126 0,056 ns
Restaurado 229 -0,137 0,038*
Perdido 229 0,063 0,339 ns
ceod total 229 -0,168 0,010*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
Correlação Qualidade de Vida X
Condição Socioeconômica n R p
229 -0,183 0,006*
*Correlação estatisticamente significativa
Ao avaliar a correlação entre a influência da saúde bucal na qualidade de
vida dos pré-escolares e as condições socioeconômicas dos pais ou responsáveis
encontrou-se uma correlação significativa, sendo que se verificou uma relação
inversa (p=0,006), ou seja, quanto maior o impacto das condições de saúde bucal na
qualidade de vida das crianças menor a condição socioeconômica das famílias,
como demonstrado na tabela 40.
Tabela 39– Correlação entre o ceod e habitação da família dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
Tabela 40 – Correlação entre influência da saúde bucal na qualidade de vida e condição socioeconômica dos pré-escolares, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 142
O gráfico 4 evidencia o resultado da correlação entre a influência da
saúde bucal na qualidade de vida dos pré-escolares e as condições
socioeconômicas das famílias.
Correlação n r p
Qualidade de vida X Renda 229 -0,196 0,003*
Qualidade de vida X Escolaridade 229 -0,113 0,086 ns
Qualidade de vida X Habitação 229 -0,166 0,011*
* Correlação estatisticamente significativa (p< 0,05) ns - Correlação estatisticamente não significativa
A correlação entre a influência da saúde bucal na qualidade de vida os
componentes renda, escolaridade e habitação está elencada na tabela 41, onde foi
encontrada uma relação estatisticamente significativa entre a qualidade de vida e a
renda das famílias (p=0,003) e as condições de habitação (p=0,011) e não foi
Tabela 41 – Correlação entre a influência da saúde bucal na qualidade de vida e renda, escolaridade e habitação das famílias dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
Gráfico 4 - Correlação entre a influência da saúde bucal na qualidade de vida e condição socioeconômica dos pré-escolares examinados, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 143
encontrada relação entre a qualidade de vida e a escolaridades dos pais ou
responsáveis (p=0,086).
Var.
Indep. Beta
Erro
padrão
Beta
B Erro
padrão B t p
R²
Ajustado p
Constante - - 5,422 1,633 3,319 0,001
0,233 p<0,000
ceod 0,457 0,059 0,944 0,122 7,683 0,000
IMC -0,047 0,058 -0,045 0,055 -0,818 0,414
Cond.
Socioecon. -0,127 0,059 -0,159 0,073 -2,161 0,031
Na tabela 42 estão elencados os resultados da regressão linear múltipla,
sendo que a influência da saúde bucal na qualidade de vida é uma variável
dependente e o ceod, Índice de Massa Corpórea e condição socioeconômica são
variáveis independentes. Observou-se que dentre as variáveis estudadas, o ceod
demonstrou maior relação com a influência da saúde bucal na qualidade de vida
(Beta= 0,457). Verificou-se também uma correlação estatisticamente significativa
entre as variáveis demonstrado pelo p< 0,000, assim como entre a influência da
saúde bucal na qualidade de vida e ceod e condição socioeconômica (p=0,001 e
p=0,031 respectivamente).
Tabela 42 – Regressão linear múltipla tendo o resultado da influência da saúde bucal na qualidade de vida como variável dependente e o ceod, IMC e Condição socioeconômica como
variável independente, Bauru, SP, 2010.
5 Resultados 144
6 Discussão
6 Discussão 147
6 DISCUSSÃO
6.1 PERFIL DA CÁRIE DENTÁRIA
A cárie dentária é destacada como uma das doenças de acometimento
mais frequente tanto em adultos como em crianças e sabe-se que o comportamento
da doença depende de diversos fatores como estilo de vida, realidade
socioeconômica e demográfica, nível educacional e acesso aos serviços de saúde.
Desta forma, destaca-se a importância de se identificar grupos com maior
vulnerabilidade para o desenvolvimento da doença como de fundamental
importância para prevenção e tratamento. (ALMEIDA, 2009)
Os resultados de pesquisas em diversas localidades brasileiras têm
demonstrado valores distintos da prevalência da cárie dentária onde no estudo de
Tomita em 1996 foi encontrado um ceod de 8,83 nas crianças entre 5 e 6 anos de
idade no município de Bauru e 4,77 na cidade de São Paulo; nos pré-escolares entre
3 e 4 anos, foi observado um ceod de 5,49 e 2,02 respectivamente ( TOMITA,1996).
Freire em 1999 realizou uma pesquisa em nove municípios no interior do estado de
Goiás e encontrou um ceod de 4,93 com predomínio do componente cariado
(FREIRE,1999).
Contudo, pesquisa conduzida no município de Rio Claro, Estado de São
Paulo, encontrou um ceod de 2,48 aos 5 anos de idade e um trabalho conduzido em
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, encontrou um ceod de 4,07 em crianças de 5 a 6
anos de idade (HOFFMANN, 2004; RIGO, 2009). No estudo conduzido em Recife,
Pernambuco, com crianças de 4 anos de idade, foi encontrada um ceod de 2,06.
Pesquisa realizada em Blumenau, Santa Catarina, em 2001, encontrou um ceod de
2,98 em crianças de 6 anos de idade de escolas públicas (FEITOSA,2004;
TRAEBERT, 2001). A presente pesquisa encontrou um ceod de 1,65, valor
semelhante aos estudos recentes, onde no município de Indaiatuba em 2009, foi
encontrado um ceod de 1,73, em Bauru, Estado de São Paulo, foi encontrado 1,40 e
em Salvador 1,97, todos no ano de 2009. (RIHS, 2009; ALMEIDA, 2009;
CARVALHO, 2009).
No presente estudo verificou-se um aumento do ceod com o aumento da
idade, fato confirmado por outros estudos na literatura (TOMITA, 1996; HOFFMANN,
2004; FREIRE, 1999; FEITOSA, 2004; TRAEBERT, 2001; RIHS, 2009; ALMEIDA,
2009; CARVALHO, 2009). Estes dados demonstraram início precoce da cárie
6 Discussão 148
dentária nos pré-escolares e seu aumento com a idade pode estar relacionado com
o aumento do número de dentes e tempo de exposição a fatores determinantes da
doença. A avaliação do percentual de crianças livres de cárie encontrou um
resultado de 58,95%, semelhante ao estudo de Feitosa que observou 53,00% de
crianças livres de cárie e de Rihs que encontrou 57,40%, contudo foi superior ao
encontrado por Freire que observou 11,30% de crianças livres de cárie e Hoffman,
que encontrou 42,20% de crianças livres de cárie.
A análise por componente evidenciou maior proporção do componente
cariado (1,14) e menor de componente restaurado (0,49) como foi observado nas
pesquisas de Freire, Feitosa e Traebert. Este fato também foi observado nos
trabalhos de Rihs, conduzido em Indaiatuba, interior do Estado de São Paulo, com
pré-escolares de 5 anos com 84,80% de componente cariado, Almeida em Salvador,
Bahia encontrou 85,80% de dentes cariados em crianças de cinco anos de idade e
Carvalho em Bauru encontrou 78,99% de componente cariado aos 5 anos.
O índice de cuidados tem como objetivo refletir a cobertura do sistema de
saúde no atendimento às demandas por tratamento odontológico relacionadas com
a cárie dentária. O valor obtido neste estudo foi de 30,00%, superior ao resultado
obtido por Carvalho em 2009 (19%) e por Rihs em 2004 (12,30%), entretanto foi
inferior ao estudo de Hoffmann que verificou um percentual de 76,30% na rede
privada de ensino e 52,00% na rede pública.
Estes resultados demonstram o baixo acesso aos serviços de saúde pela
população estudada e pode estar refletindo a necessidade de maior conscientização
por parte dos pais ou responsáveis com relação à importância da manutenção da
saúde bucal na dentição decídua assim como dificuldades por parte do sistema de
saúde no atendimento a população estudada.
Os resultados desta pesquisa demonstraram baixo percentual de crianças
com alta prevalência da doença, evidenciado pelo Índice Sic de 4,88 e o ceod de
1,65. Este resultado assemelha-se ao obtido no estudo de Carvalho, 2009 onde se
observou um Sic de 4,11, contudo é menor que o resultado verificado no município
de Bilac em 2004 que foi de 5,90 (CARVALHO et al, 2009; MARTINS; GARBIN;
GARBIN; MOIMAZ; SALIBA, 2006). Estes resultados podem estar demonstrando o
fenômeno da polarização da cárie dentária no grupo pesquisado. Existe polarização
quando em um pólo há ausência de doença e, no outro, um grande número de
casos concentrados num pequeno grupo de indivíduos.
6 Discussão 149
Os resultados do Coeficiente de Gini podem variar de 0 a 1, onde um
valor elevado indica que a distribuição da cárie dentária é mais desigual dentro da
população. Na presente pesquisa foi encontrado um resultado de 0,76, valor
semelhante ao obtido no estudo de Carvalho em 2009 que encontrou um Coeficiente
de Gini de 0,78 (CARVALHO et al, 2009).
As constatações da presente pesquisa reforçam a importância da
identificação dos grupos polarizados para realização de programas educativos,
preventivos e assistenciais a fim de minimizar tais desigualdades e elevar o padrão
de saúde da população infantil.
6.2 ESTADO NUTRICIONAL E SAÚDE BUCAL
Uma rápida redução das taxas de desnutrição associada a um aumento
da obesidade em crianças tem ocorrido em curto intervalo de tempo no Brasil,
havendo a necessidade de incorporar às políticas públicas do país uma nova
preocupação, os cuidados alimentares e nutricionais com as crianças. Pesquisas
indicam que tal alteração pode estar relacionada às mudanças no estilo de vida e
nos hábitos alimentares da população. (FERNANDES; GALLO; ADVINCULA; 2006)
Dentre as causas atribuídas à redução nos déficits antropométricos em crianças no
Brasil pode-se elencar o aumento da renda familiar, expansão da cobertura de
serviços de saneamento básico, políticas públicas de saúde e educação assim como
oferta de programas de suplemento alimentar. (GUIMARÃES; BARROS, 2001).
A presente pesquisa avaliou o estado nutricional dos pré-escolares por
meio de Índice de massa corpórea (IMC). De acordo com o Centro de Controle de
Doenças de Atlanta, EUA, o IMC é o método de escolha para avaliar a situação de
sobrepeso e obesidade em crianças aos 5 anos de idade, pois incorpora o valor da
estatura na caracterização do estado nutricional. (FERNANDES; GALLO;
ADVINCULA; 2006)
Os resultados deste estudo demonstraram que 66,81% das crianças
examinadas se encontravam dentro dos padrões normais de massa corpórea e
20,96% das crianças encontrava-se com sobrepeso. Foram encontradas 3,50% dos
pré-escolares com magreza e 8,73% com obesidade. Com relação à idade, aos 3, 4
e 5 anos verificou-se maior percentual de crianças eutróficas (68,96%; 76,32%;
60,48% respectivamente) e com sobrepeso (27,59%; 14,47%; 23,39%
6 Discussão 150
respectivamente), contudo, foi constatado aumento do percentual de crianças com
magreza e das crianças com obesidade com o aumento da idade.
Uma provável explicação para o resultado observado, onde houve maior
percentual de crianças obesas aos 5 anos de idade do que aos 3 e 4 anos assim
como a redução do percentual de crianças com sobrepeso dos 3 para os 4 anos e
posterior aumento aos 5 anos de idade, é que as crianças na idade pré-escolar
apresentam duas fases distintas de crescimento sendo, estirão entre 2 e 5 anos de
idade e crescimento mais lento entre 5 e 7 anos, com maior acúmulo energético
nesta fase (ABRANTES et al, 2002). Outra possível explicação é que existe no país
uma tendência de aumento no percentual de sobrepeso e obesidade e redução do
déficit nutricional chamado de transição epidemiológica (GUIMARÃES; BARROS,
2001).
Por outro lado, o estudo conduzido por Guimarães e Barros em 2001, em
escolas públicas, registrou ausência de deficiências nutricionais na população
estudada e constatou uma prevalência de sobrepeso de 5,7% nos pré-escolares
examinados, sendo que os meninos apresentaram valores mais baixos que as
meninas. Os autores destacaram que este resultado poderia estar relacionado ao
recebimento de merenda escolar assim como ao engajamento em atividades
educativas e de lazer que favorecem o crescimento infantil. (GUIMARÃES;
BARROS, 2001).
A relação entre o estado nutricional e a condição de saúde bucal não está
muito bem esclarecida. Estudos sugerem que a desnutrição durante o período de
desenvolvimento dos dentes pode induzir um aumento da susceptibilidade da cárie
dentária devido a defeitos na formação das estruturas dentárias (decíduos e
permanentes), retardo na erupção dos dentes e alteração nas glândulas salivares.
(BATISTA; MOREIRA; CORSO, 2007). Dentre as privações sociais associadas à
desnutrição está a baixa renda, dieta inadequada, baixa escolaridade materna e
condições precárias de habitação e saneamento. (FISBERG; MARCHIONI;
CARDOSO, 2004).
Os resultados da presente pesquisa demonstraram que não houve
relação estatisticamente significativa entre o Índice de Massa Corpórea (IMC) e o
ceod (p=0,088) e seus componentes, como o cariado (p=0,141), perdido (p=0,470) e
obturado (p=0,328), da mesma forma não foi encontrada correlação entre os pré-
escolares com magreza (p=0,538), eutrofia (p=0,252), sobrepeso (p=0,151) e
6 Discussão 151
obesidade (p=0,303) e o ceod. Não foi observada correlação entre o estado
nutricional e as condições socioeconômicas das famílias (p=0,972).
Sales Peres et al em 2008 conduziram um estudo para avaliar a relação
do IMC e CPOD de adolescentes em escolas públicas e particulares e encontraram
que a distribuição do IMC dos adolescentes foi normal em 55,93% normal, baixo
peso em 35,59%, pré-obesos em 8,47%, nas escolas particulares. Nas escolas
públicas encontrou-se o IMC foi normal em 52,03%, baixo peso em 41,22%, pré-
obesos em 4,73% e obesos 2,03%. Não houve correlação entre o aumento do IMC
com o incremento de CPOD. (SALES-PERES et al, 2008).
Por outro lado, no estudo conduzido no México, com pré-escolares de 4 e
5 anos de idade, aproximadamente 53,70% das crianças foram classificadas como
de peso normal, 14,20% como risco de sobrepeso, e 32,10% com sobrepeso. O
modelo de regressão logística mostrou que houve uma associação significativa entre
em situação de risco crianças com sobrepeso (p <0,001), excesso de peso (p
<0,001) e a cárie dentária. Os autores concluíram que as crianças com obesidade
tinham mais cárie dentária que as crianças com peso normal. (VÁZQUEZ-NAVA et
al, 2010)
A pesquisa conduzida por Granville-Garcia et al em 2008 encontrou
menor percentual de crianças obesas entre aquelas com nível socioeconômico baixo
e maior percentual no nível socioeconômico mais alto o que pode ser explicado por
baixa intensidade de atividade física e consumo de alimentos com maior valor
energético. Não foi encontrada correlação entre obesidade e ocorrência de cárie
dentária. (GRANVILLE-GARCIA et al, 2008).
Por outro lado, os resultados da pesquisa realizada por Silva em 2005,
encontrou 22,20% de pré-escolares com sobrepeso e 13,80% com obesidade. Além
disso, observou maior percentual de obesidade nos indivíduos de boa condição
socioeconômica que naqueles com menor renda, onde foi encontrada diferença
estatisticamente significativa (p<0,005). (SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005)
Na presente pesquisa foi verificado um aumento do percentual de
crianças livres de cárie com o aumento do estado nutricional, sendo que, 37,50%
das crianças no grupo com magreza se encontravam livres de cárie, 57,52% do
grupo de eutróficos, 68,75% das crianças com sobrepeso e 55% dos obesos.
Adicionalmente, observou-se uma redução do ceod com o aumento do Índice de
Massa Corpórea onde as crianças com magreza apresentaram um ceod de 4,00
6 Discussão 152
(3,66), valor duas vezes superior aos demais grupos, sendo 1,60 (2,79) nos
eutróficos, 1,27 (2,58) no grupo com sobrepeso e 1,95 (3,46) nos obesos.
Similarmente, estudo de Oliveria et al conduzido em Diadema, Estado de
São Paulo, com 1.018 crianças entre 12 e 59 meses observaram que aquelas
crianças com baixo peso para a idade tinham 5,58 vezes mais chance de ter cárie
precoce na infância que aquelas com peso normal (OLIVEIRA et al, 2008)
Por outro lado, estudo conduzido na Alemanha, observou que houve uma
redução do percentual de livres de cárie com o aumento do Índice de Massa
Corpórea, sendo 44,70% das crianças abaixo do peso eram livres de cárie, 40,70%
das crianças com peso normal, 31,00% das crianças com sobrepeso e 31,70% das
crianças com obesidade. Com relação ao ceod, foi observado nas crianças abaixo
do peso um ceod de 0,38, nas crianças com IMC normal 0,53, crianças com
sobrepeso 0,85 e 0,82 nos obesos. Foi encontrada associação entre o IMC e a cárie
dentária nos dentes decíduos (WILLERHAUSEN et al, 2007).
Em uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos com crianças de 2 a 6
anos de idade, 74,00% foram classificadas como de peso normal, 11,00% com risco
de sobrepeso, e 11,00% com sobrepeso. Quando a experiência de cárie dentária foi
comparada entre as categorias do IMC estratificado por idade e raça, foi encontrada
associação estatisticamente significativa entre a cárie e obesidade somente para
faixa etária de 60 a 72 meses. Na comparação entre as crianças com IMC normal e
em situação de risco, associações significativas foram também encontradas em os
hispânicos e não-hispânicos e estratos negro. De acordo com os autores, parece
não haver associação significativa entre obesidade infantil e experiência de cárie
após controle para idade, raça e pobreza / relação da renda. (HONG; AHMED;
MCCUNNIFF; OVERMAN; MATHEW, 2008)
O mecanismo de associação entre a cárie dentária e a obesidade ainda não
está bem esclarecido. Uma possível explicação é a hipótese de que a associação
entre obesidade e a cárie é ocasionada pela ligação do o consumo de carboidratos
refinados no desenvolvimento da obesidade, assim como no desenvolvimento da
cárie dentária (VÁZQUEZ-NAVA et al, 2010). Pesquisas devem ser conduzidas para
esclarecer a relação entre o estado nutricional inadequando e ocorrência de cárie
dentária. Programas odontológicos coletivos com uma abordagem multidisciplinar
podem ser uma estratégia fundamental para a prevenção e tratamento de desordens
nutricionais e melhora dos padrões de saúde bucal.
6 Discussão 153
6.3 CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA E SAÚDE BUCAL
A análise das condições socioeconômicas permite levar em consideração
os fatores etiológicos das desigualdades sociais como renda, nível educacional e
condições habitacionais. O Brasil, país de grande extensão territorial, apresenta
desigualdades tanto entre diferentes regiões, como entre diferentes cidades e
mesmo entre bairros de um mesmo município (BALDANI; NARVAI; ANTUNES,1996).
Neste sentido, pode-se constatar que das famílias avaliadas neste estudo,
66,38% se encontram na classe média inferior, 21,83% na classe média, 11,35% na
classe baixa superior e 0,44% na classe média superior. Não houve nenhuma família
na classe alta e na classe baixa inferior. O conhecimento destes dados possibilita
uma adequação dos cuidados em saúde assim como uma reorientação dos gastos
públicos com atividades preventivas e assistenciais, possibilitando uma distribuição
equitativa dos recursos disponíveis. (BALDANI; NARVAI; ANTUNES,1996).
Estudos epidemiológicos têm sido conduzidos para avaliar a relação entre
a saúde bucal e as condições socioeconômicas e tem-se observado que piores
condições socioeconômicas estão relacionadas com maior prevalência de cárie
dentária. A presente pesquisa encontrou relação significativa entre o ceod e
condições socioeconômicas (p=0,003) assim como com o nível de escolaridade
(0,046) e habitação (0,010). Da mesma forma, o estudo de Meneghim et al em 2007
observou que a renda, o grau de instrução, as condições de habitação e a classe
socioeconômica têm relação significativa com maior prevalência de cárie dentária.
(MENEGHIN; KOZLOWSKI; PEREIRA; AMBROSANO; MENEGHIM, 2007)
Esses resultados corroboram com estudo conduzido em Florianópolis por
Gonçalves em 2002 que observou uma associação significativa entre maior
prevalência da cárie dentária e menor grau de escolaridade das mães
(GONÇALVES; PERES; MARCENES, 2002).
Similarmente, estudo conduzido em Pelotas, RS com 339 crianças de 6 e
12 anos de idade observou que a cárie dentária não tratada em ambos os grupos
apresentou associação significativa com o nível educacional da mãe (PERES;
PERES; ARAÚJO; MENEZES; HALLA, 2009).
No presente estudo não foi encontrada relação entre o ceod e a renda,
contudo verificou-se relação significativa entre esta e o componente cariado do ceod
6 Discussão 154
(p=0,036). Resultado semelhante ao estudo conduzido em Florianópolis por
Gonçalves que encontrou associação entre a prevalência de dentes cariados e
renda familiar, escolaridade do pai e da mãe e escolaridade do adolescente.
(GONÇALVES; PERES; MARCENES, 2002)
De outra forma, a pesquisa conduzida por Peres em 2000 verificou que a
renda familiar apresentou associação estatisticamente significativa com a severidade
da cárie dentária. As crianças cuja renda familiar foi menor que 5 salários mínimos
tiveram 4,18 vezes mais chances de apresentar alta severidade da cárie dentária
quando comparado com aquelas cujas famílias apresentavam renda superior a 5
salários mínimos.(PERES; BASTOS; LATORRE, 2000)
A análise da relação entre as condições socioeconômicas e a cárie
dentária é de fundamental importância, pois a condição socioeconômica constitui um
fator que exerce influência sobre o padrão alimentar, o acesso a conhecimentos e a
cuidados com a saúde, a qualidade e localização de moradia, ou seja, determinantes
que estão relacionados diretamente com a exposição a fatores de risco ou protetores
para o processo saúde-doença.
6.4 INFLUÊNCIA DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DOS
PRÉ-ESCOLARES E SUA RELAÇÃO COM AS CONDIÇÕES
SOCIOECONÔMICAS
Com a finalidade de quantificar a medida em que os problemas de saúde
bucal interferem no cotidiano e no bem-estar das pessoas, foram desenvolvidos
instrumentos de qualidade de vida relacionados à saúde bucal para auxiliar a
avaliação do desenvolvimento físico, psicossocial e do impacto da saúde bucal na
vida das pessoas. As crianças, assim como os jovens e adultos também são
afetadas por inúmeros problemas de saúde bucal, os quais têm o potencial de
comprometer o funcionamento, bem-estar e qualidade de vida das mesmas.
(BARBOSA; GAVIÃO, 2008; PERES; PERES; ARAÚJO; MENEZES; HALLAL,
2009).
O questionário Early Children Oral Health Impact Scale (ECOHIS) foi
desenvolvido para aplicação em pesquisas epidemiológicas com o objetivo de
avaliar a prevalência de doenças bucais e tratamento em crianças em idade pré-
6 Discussão 155
escolar. Ele considera a experiência de doenças bucais da criança da vida inteira e
tratamento odontológico com as respostas fornecidas pelos pais. (ABANTO et al,
2010)
Existem poucas pesquisas na literatura no que tange a influência da
saúde bucal na qualidade de vida de crianças na idade pré-escolar, apesar da
importância da realização de estudos com crianças nesta faixa etária.
O presente trabalho demonstrou maior influência da saúde bucal na
qualidade de vida nos domínios sintomas e angústia dos pais e menores médias na
auto-imagem e função familiar. Com relação ao gênero observou-se maior influência
das condições bucais na qualidade de vida nas crianças do gênero feminino para
todos os domínios exceto na função familiar onde houve maiores médias no gênero
masculino. A pontuação máxima obtida no questionário foi 33 pontos.
Similarmente, o estudo conduzido por Pahel em 2007 verificou que as
maiores médias da influência da saúde bucal na qualidade de vida foram registradas
nos domínios sintomas, seguidos por limitações funcionais e bem estar emocional.
As crianças que tinham maiores experiências de cárie reportaram maior influência
na qualidade de vida que as crianças que tinham menor experiência de cárie
(PAHEL; ROZIER; SLADE, 2007).
Na pesquisa conduzida por Abanto em 2010 com pré-escolares utilizando
o ECOHIS, os pais relataram maior impacto relacionado com a subescala da criança
(69,3%) que com a subescala da família (30,7%). Os pais descreveram não haver
influência da saúde bucal na qualidade de vida em 40,10% e 59,90% das crianças
na sessão da criança e da família respectivamente. A pontuação máxima verificada
foi de 30 na sessão da criança e 12 na sessão da família (ABANTO et al, 2010).
Estudo conduzido com 1.126 crianças tailandesas entre 11 e 12 anos
utilizando o questionário child-OIDP observaram que 89,80% apresentaram um ou
mais impactos bucais. Do total, 47,00% das crianças apresentaram impacto muito
fraco ou de baixa intensidade. Em 72,90% dos casos a alimentação foi o
desempenho mais afetado (GHERUNPONG; TSAKOS; SHEIRAM, 2004).
O presente estudo propôs a avaliação da influência da saúde bucal na
qualidade de vida por meio de um escala composta por diferentes impactos a partir
das crianças sem impacto, impacto fraco, médio impacto e impacto forte, onde foi
observado que 55,90% das crianças apresentaram-se sem impacto, ou seja, escore
igual a zero e 39,74% encontravam-se com fraco impacto da saúde bucal na
6 Discussão 156
qualidade de vida. Ao relacionar os diferentes impactos com a prevalência de cárie
dentária, observou-se que as crianças com médio impacto apresentaram um ceod
de 4,60 (3,40) e aquelas sem impacto um ceod de 0,49 (1,14).
Da mesma forma, no estudo de Li et al em 2008 a grande maioria dos
pais relatou baixo impacto da saúde bucal na qualidade de vida de suas crianças
antes de realizarem tratamento odontológico, sendo que de acordo com os mesmos
as crianças tinham problemas bucais que requeriam tratamento. De acordo com os
autores, as possíveis explicações para esta observação foram que o ECOIHS é um
questionário que foi designado para descrever a saúde bucal em crianças pequenas
na população em geral e desta forma pode apresentar itens menos apropriados para
uma avaliação clínica, reduzindo sua validade neste cenário, assim, como os pais
podem ter relatado problemas na saúde bucal por ter ouvido de um dentista que
seus filhos têm cárie e na verdade os pais serem desconhecedores deste fato, desta
forma, na realidade não haver impacto na qualidade de vida das crianças (LI;
MALKINSON; VERONNEAU; ALLISON, 2008)
Em uma pesquisa conduzida no Rio Grande do Sul em 2010 com
crianças de 12 anos de idade utilizando o questionário CPQ11-14, observou-se maior
impacto nas crianças com cárie não tratada, sendo que as meninas demonstraram
maior impacto que os meninos (PIOVESAN et al, 2010)
No presente estudo foi encontrada uma correlação significativa entre o
ceod dos pré-escolares e a influência da saúde bucal na qualidade de vida dos
mesmos no escore total e por domínios (p<0,001). Com relação aos componentes
do ceod, foi observada correlação significativa no componente cariado e o escore
geral e domínios do questionário (p<0,001). Contudo no componente restaurado não
houve relação significativa do domínio aspectos psicológicos e no componente
perdido não houve relação com os domínios sintomas e auto-imagem.
Os resultados deste estudo estão de acordo com as pesquisas
encontradas na literatura, sendo que no trabalho conduzido por Lee et al em 2010 foi
encontrada uma correlação estatisticamente significativa entre o escore do ECOHIS
e a presença de doenças bucais sendo que a maioria das crianças participantes no
estudo apresentavam cárie dentária não tratada.(LEE;MACGRATH;KING, 2010)
Loc e Spencer em 2007 observaram que a relação entre cárie dentária e
influência da saúde bucal na qualidade de vida foi mais pronunciada na percepção
dos pais sobre a saúde bucal dos filhos. Esta associação pode ser explicada pela
6 Discussão 157
cárie ser causadora de dor e desconforto assim como causa de problemas
financeiros e demanda tempo dos pais e da família. (LOC; SPENCER, 2007)
A presente pesquisa verificou a relação entre a influência da saúde
bucal na qualidade de vida dos pré-escolares e as condições socioeconômicas das
famílias dos mesmos, onde foi encontrada uma relação significativa e inversa. Da
mesma forma foi encontrada relação significativa e inversa com fatores renda das
famílias e condições de habitação. Contudo não foi encontrada relação entre
escolaridade dos pais e a influência da saúde bucal na qualidade de vida das
crianças.
Esses resultados corroboram com o trabalho conduzido por Piovesan em
2010, que avaliou a relação entre condição socioeconômica (renda e educação) e
influência da saúde bucal na qualidade de vida e observou que escores mais baixos
da saúde bucal relacionada com a qualidade de vida foram observados em crianças
cujas mães tinham baixa renda familiar, por outro lado, encontrou relação com
aquelas mães que não tinham completado a educação primária . (PIOVESAN et al,
2010)
Estudo conduzido por Cohen et al em 2004, descreveu a relevância das
condições da habitação enquanto determinante social da saúde e de acordo com os
autores o impacto de ambientes insalubres na saúde determinam a necessidade de
ampliar a eficiência de políticas públicas, pois a habitação se constitui um espaço de
construção da saúde e consolidação de seu desenvolvimento (COHEN et al, 2004).
A determinação das necessidades normativas e percebidas dos
indivíduos por meio de inquéritos epidemiológicos assim como em função das
desigualdades sociais possibilitaria uma melhor organização dos serviços de saúde.
Os instrumentos de avaliação da influência da saúde bucal na qualidade de vida de
pré-escolares são fundamentais para demonstrar a percepção dos pais sobre a
saúde bucal de seus filhos e nortear a atenção à saúde bucal deste grupo
populacional.
6 Discussão 158
7 Conclusões
7 Conclusões 161
7 CONCLUSÕES
Os resultados da presente pesquisa demonstraram que:
Foi encontrada baixa prevalência de cárie dentária nos pré-escolares
examinados, contudo observou-se alto percentual de necessidades de
tratamento principalmente com os procedimentos restauradores.
Foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os gêneros
apenas no componente perdido do ceod e necessidade de exodontia.
Verificou-se a ocorrência da polarização da cárie dentária, demonstrando
desigualdade na distribuição da doença no grupo pesquisado.
Verificou-se maior prevalência de crianças com estado nutricional dentro da
normalidade.
Observou-se maior prevalência de cárie dentária nas crianças com magreza
que nas crianças com estado nutricional normal, sobrepeso e obesidade,
porém não foi verificada correlação significativa entre a cárie dentária e o
estado nutricional dos pré-escolares.
Verificou-se que a maior parte das famílias avaliadas pertencia à classe
média inferior. Houve correlação significativa inversa entre o ceod e as
condições socioeconômicas e com os fatores escolaridade e habitação.
Encontrou-se baixo impacto da saúde bucal na qualidade de vida dos pré-
escolares avaliados, sendo que foi observado um aumento do ceod com o
aumento do impacto da saúde bucal na qualidade de vida das crianças.
Verificou-se correlação significativa e inversa entre a influência da saúde
bucal na qualidade de vida e as condições socioeconômicas e foi
demonstrada correlação significativa entre a influência da saúde bucal na
qualidade de vida e o ceod e componentes.
7 Conclusões 162
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Anexos
Anexos 177
ANEXO A – Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Odontologia de Bauru
Anexos 178
Anexos 179
ANEXO B- Carta de aprovação das alterações no projeto solicitadas
Anexos 180
Anexos 181
Anexo C - Autorização da Secretaria de Educação do Município de Bauru
Anexos 182
Anexos 183
ANEXO D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezados pais ou responsáveis,
Neste ano de 2010 desenvolveremos um estudo para avaliar as condições de saúde bucal de
crianças entre 4 e 6 anos de idade e sua influência na qualidade de vida.Para tanto será realizado um exame na boca para verificar a presença de cárie , onde para isso todo instrumental utilizado estará devidamente esterilizado assim como o uso de materiais descartáveis.
Será enviado um questionário com questões objetivas para que os pais ou responsáveis respondam para avaliar a influência da saúde bucal na qualidade de vida das crianças e um questionário de condição socioeconômica. Caso seja detectada alguma alteração na cavidade bucal, os pais serão avisados e orientados para que a criança seja encaminha a um centro de saúde ou profissional de sua confiança para tratamento específico.
Esta pesquisa oferece como benefícios aos participantes palestras sobre saúde bucal aos pais e/ou responsáveis e escovação supervisionada realizada após o lanche, na escola. Esta pesquisa não oferece riscos aos seus participantes, uma vez que serão realizados exames visuais sem qualquer
tratamento clínico. Os dados de identificação pessoal, como nomeda criança e da escola não serão divulgados. Cada indivíduo será identificado apenas com um número, o que colaborará para o sigilo profissional. Os resultados obtidos serão analisados e posteriormente divulgados para todos os interessados, a população em geral e em eventos científicos. Quaisquer dúvidas poderão ser esclarecidas pelo telefone (14) 9606-8223 (Angela Xavier).
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o (a) Sr. (a)
______________________________________________________________, portador da cédula de identidade __________________________, responsável por _________________________________________________após leitura minuciosa das informações constantes neste TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, devidamente explicada pelos profissionais em seus mínimos detalhes, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO concordando em participar da pesquisa proposta.
Fica claro que o sujeito da pesquisa ou seu representante legal, pode a qualquer momento
retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar desta pesquisa e
ciente de que todas as informações prestadas tornaram-se confidenciais e guardadas por força de sigilo
profissional (Art. 9o do Código de Ética Odontológica e Art. 29
o do Código de Ética do Fonoaudiólogo),
e, caso queira apresentar reclamações em relação a sua participação na pesquisa, poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da FOB-USP pelo endereço Al. Dr. Octavio
Pinheiro Brisilla, 9-75 (sala no prédio da Biblioteca, FOB-USP) ou pelo telefone (14) 3235-8356 ou (14)
3235-8357.
Por estarem de acordo assinam o presente termo.
Bauru, ________ de _________________ de 2010.
___________________________ _____________________________ Assinatura do Responsável Angela Xavier
Anexos 184
Anexos 185
ANEXO E - Questionário sobre a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal de
Crianças na Idade Pré- escolar (B-ECOHIS)
Nome da criança:________________________________________________
Os problemas com dentes, boca ou maxilares (ossos da boca) e seus tratamentos podem afetar o bem-estar e a vida diária das crianças e suas famílias. Para cada
uma das seguintes questões perguntadas pelo entrevistador, por favor, indique no quadro de opções de respostas a que melhor descreve as experiências da sua criança ou a sua própria. Considere toda a
vida da sua criança, desde o nascimento até agora, quando responder cada pergunta.
Opções de resposta: Para cada questão abaixo responda com uma das opções (códigos) a seguir:
Código Resposta
0 Nunca
1 Quase nunca
2 Às vezes(de vez em quando)
3 Com freqüência
4 Com muita freqüência
5 Não sei
1-Sua criança já sentiu dores nos dentes, na boca ou nos maxilares (ossos da boca)? ( )
2-Sua criança já teve dificuldade em beber bebidas quentes ou frias devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
3-Sua criança já teve dificuldade para comer certos alimentos devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
4-Sua criança já teve dificuldade de pronunciar qualquer palavra devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
5-Sua criança já faltou à creche, jardim de infância ou escola devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
5b*-Sua criança já deixou de fazer alguma atividade diária (ex.: brincar, pular, correr, ir à creche ou escola etc.) devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
6-Sua criança já teve dificuldade em dormir devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
7-Sua criança já ficou irritada devido a problemas com os dentes ou tratamentos dentários? ( )
Anexos 186
8-Sua criança já evitou sorrir ou rir devido a problemas com os dentes ou
tratamentos dentários? ( ) 9-Sua criança já evitou falar devido a problemas com os dentes ou tratamentos
dentários? ( ) 10-Você ou outra pessoa da família já ficou aborrecida devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários de sua criança? ( ) 11-Você ou outra pessoa da família já se sentiu culpada devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários de sua criança? ( ) 12-Você ou outra pessoa da família já faltou ao trabalho devido a problemas com os
dentes ou tratamentos dentários de sua criança? ( ) 13-Sua criança já teve problemas com os dentes ou fez tratamentos dentários que
causaram impacto financeiro na sua família? ( )
Anexos 187
ANEXO F - Questionário de avaliação socioeconômica
Nome da criança:________________________________________________
Categorias 1-
2- 1 1. Renda mensal familiar: 3- 4- ( ) Acima de 24 salários mínimos
5- ( ) Entre 16 e 24 salários mínimos 6- ( ) Entre 08 e 16 salários mínimos 7- ( ) Entre 04 e 08 salários mínimos
8- ( ) Entre 02 e 05 salários mínimos 9- ( ) Abaixo de 02 salários mínimo
2. Número de pessoas que moram na casa: __________________.
3. Grau de escolaridade do(s) responsável (is):
a) __________________________ vínculo:_______________________
b) __________________________ vínculo: _______________________
4. Habitação e infra-estrutura: 4.1. Situação: ( ) própria ( ) financiada ( ) alugada ( ) cedida ( ) outros
4.2. Condição: a) Tipo: ( ) tijolos ( ) madeira ( ) tijolos e madeira ( ) outros
b) Zona (localização): ( ) rural ( ) urbana
c) Infraestrutura: ( ) água encanada ( ) esgoto ( ) fossa ( ) mina ( ) luz elétrica ( ) lamparina ( ) outros
d) Condição habitacional: ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) insuficiente ( ) precária e) Acomodação: ( ) suficiente ( ) insuficiente Total de
cômodos:___________
5. Profissão atual do(s) responsável(s) (ocupação)
a) ____________________________________ b) ____________________________________
Anexos 188
Anexos 189
ANEXO G - Ficha de Exame Clínico
Nome: _________________________________________________________
Data: Idade: Gênero: 1-M / 2-F
Examinador:
Escola: ________________________________________________________
Índice CPOD – Cárie dentária e Necessidade de Tratamento
IMC:
PESO:_____________
ALTURA: ___________
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