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1 INTRODUÇÃO
A malária é uma doença parasitária que causou inúmeros danos a milhões
de pessoas nas regiões tropicais e subtropicais do globo. Os impactos sociais,
econômicos e políticos desta doença sobre a humanidade foram enormes, durante
vários séculos. O subdesenvolvimento é uma constante nas áreas endêmicas, uma
vez que a população doente fica com sua capacidade de trabalho sensivelmente
diminuída. Esse impacto vem desde épocas remotas, haja vista que Hipócrates,
em 314-37 a.C. já descrevia e caracterizava a malária clinicamente. A descoberta
do agente etiológico se deu em 1880, por Charles Alphonse Laveran. O
conhecimento do mecanismo de transmissão através de um vetor ocorreu muitos
anos depois, pois acreditava-se que a malária era contraída através do ar
contaminado (mal-aria). Em 1897, Ronald Ross descobriu oocistos no estômago de
mosquitos que haviam se alimentado de sangue contaminado com malária. No ano
seguinte, na Índia, Ross conseguiu transmitir a malária aviária, passando o
plasmódio de ave a ave através de um vetor, um mosquito do gênero Culex
Linnaeus, 1758. Esses estudos permitiram que Grassi, Bastianelli e Bignami
concluíssem suas pesquisas sobre malária, descobrindo em 1899, que a
transmissão da malária humana ocorre através da picada de mosquitos do gênero
Anopheles Meigen, 1818 (NEVES, 2004).
1.1. MALÁRIA NO MUNDO E NO BRASIL
No mundo, há pelo menos 107 países e territórios endêmicos de malária. O
maior foco de transmissão é na África Sub-Sahariana onde ocorrem 90% dos
casos do planeta. A malária é endêmica em 53 países da África, sendo que oito
deles situam-se ao sul do continente. Nas Américas, a enfermidade é endêmica em
12
21 países, já na Europa em 04 e na região leste do Mediterrâneo aparece em 14, e
ainda no sudeste Asiático. Estima-se que, em todo o mundo, a cada ano surjam
cerca de 110 milhões de novos casos de malária, ocorrendo de 01 a 02 milhões de
óbitos. Dentre os 21 países das Américas, 11 estão ao Sul: Argentina, Bolívia,
Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e
Venezuela. Os outros 10 países são: Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala,
Honduras, México, Nicarágua e Panamá, junto com República Dominicana e Haiti
(WHO, 2005).
Essa doença caracteriza-se por desencadear acessos periódicos de febres
intensas, que debilitam profundamente o doente. A malária provoca lesões no
fígado, baço e em outros órgãos, além de anemia profunda devido à destruição
maciça dos glóbulos vermelhos que são parasitados pelo Plasmodium para
reproduzir-se (NEVES, 2004).
A malária é mundialmente um dos mais sérios problemas de saúde pública,
é uma doença infecciosa febril, cujo agente etiológico é o protozoário do gênero
Plasmodium, as quatros espécies que podem causar a malária humana são:
Plasmodium vivax Grassi & Feletti, 1989.
Plasmodium falciparum Welch, 1897.
Plasmodium malariae Laveran, 1922.
Plasmodium ovale Stephens, 1922.
As três primeiras ocorrem no Brasil, porém a última é restrita ao continente
Africano, local onde esta espécie é a mais prevalente (OMS, 2005).
A malária está presente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo
(figura1), sendo que as maiores taxas de incidência são observadas na África
(onde ocorrem 90% dos casos do globo), na Ásia e nas Américas (WHO, 2005).
Um elevado índice de morbidade afeta cerca de 300 a 500 milhões de
pessoas a cada ano, contribuindo para uma elevada mortalidade, estimada em
cerca de 1 milhão de óbitos anualmente. Diariamente, na África, morrem 3000
crianças e, todos os anos, ao menos um milhão e outras centenas milhões de
pessoas adoecem gravemente, principalmente na África Subsaariana (WHO,
2005). Apesar, desses números, a malária, é hoje, uma doença focal na maior
13
parte do mundo. Apenas algumas regiões, em cada país, continuam apresentando
transmissão natural da infecção.
Figura 1. Mapa da distribuição da malária no Mundo. Fonte: OMS, 2005.
Durante os primeiros anos do século XX, a transmissão da malária ocorreu
em toda a América, desde o Canadá até Argentina e continua a existir. Calcula-se
que 175 milhões de pessoas vivem em zonas com algum risco, onde 58% habitam
em zonas de baixo risco, 24% em zonas de risco moderado e 18% em zonas de
alto risco. Aproximadamente 87 milhões de pessoas vivem em zonas onde a
transmissão ocorreu anteriormente e hoje estão expostas a um risco muito baixo
de contaminação. No entanto, cerca de 70 milhões de pessoas habitam áreas de
risco de transmissão de malária, envolve nove países que compartilham a selva
pluvial amazônica (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana,
Peru, Suriname e Venezuela) [OPAS, 2004].
No Brasil, a malária é a mais expressiva das endemias. Está presente,
principalmente na Amazônia, cujas condições climáticas, de hidrografia abundante,
chuvas e enchentes freqüentes e ainda processos de ocupações desordenadas,
favorecem criadouros dos vetores, (TADEI, 1986, 1993, 1999; TADEI et al., 1988,
1998; BARATA, 1995). Observa-se aumento nas notificações de casos da doença
no segundo semestre do ano na Amazônia. Provavelmente, este fator está
14
associado ao período após as chuvas, pois estas propiciam condições para maior
proliferação do mosquito responsável pela transmissão da doença.
Atualmente no Brasil, a malária está concentrada na região norte, que inclui
os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Há
também registros de casos no Maranhão e Mato Grosso. Dessa forma abrangendo
todos os nove estados que formam a Amazônia Legal, totalizando 807 municípios e
representando 99,5% do total de casos no país (MS, 2006).
No Brasil, até 1940, a malária atingia grande parte do território nacional e se
constituía num verdadeiro desafio para a colonização. Não apenas para a
Amazônia, mas para várias áreas litorâneas do sudeste e da bacia dos rios Paraná
(estado do Paraná), São Francisco e Rio Doce (estado de Minas Gerais)
(PESSOA, 1972).
Em 1965 foi adotada pelo Brasil, a estratégia de erradicação da malária
preconizada pela OMS, baseada na ação intradomiciliar do
Diclorodifeniltricloroetano (DDT) contra os anofelinos transmissores e no uso de
drogas antimaláricas para esgotamento das fontes de infecção (seres humanos
parasitados pelos plasmódios). Esta estratégia foi capaz de eliminar a malária em
extensas áreas do território brasileiro (regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e
Sul) onde uma parcela significativa da nossa população vivia sob o risco de contrair
a doença (LOIOLA et al., 2002).
No Brasil, o uso do DDT foi proibido desde 1985 (WHO, 1986; OPAS, 1986).
A contínua aplicação dos inseticidas, em larga escala, levou as espécies de
Anopheles, a desencadearem o processo de resistência. O primeiro caso foi
observado em 1951, com A. sacharovi, na Grécia. A OMS, em 1958, listou 18
espécies resistentes ao DDT em todo o mundo (BROWN, 1986).
A partir da década de 70, os projetos de desenvolvimento da Amazônia, que
tinha como escopo a abertura de estradas, construções de hidroelétricas,
expansão de áreas de garimpo, entre outros, promoveram uma grande migração
interna no território brasileiro, com alterações ambientais importantes e exposição
de grande contingente populacional a área malarígena. Essa situação provocou a
dispersão da infecção pelas regiões Norte e Centro-Oeste, com um aumento
significativo do número de casos, passando-se a alcançar níveis de 450 a 500 mil
casos anuais, culminando no ano de 1999, com o registro de 635.646 casos. As
novas fronteiras para o desenvolvimento da Amazônia provocaram profundas
15
alterações ambientais, suportadas em um modelo econômico de crescimento que
falhou em assegurar ao homem os mecanismos de proteção social (TADEI et al,
2007).
De acordo com os dados do SIVEP (Sistema de Vigilância Epidemiológica),
no período de 1999 até 2002, nota-se redução gradativa de casos de malária na
Amazônia Legal, em decorrência da intensificação das ações de combate a
enfermidade. No entanto, não houve sustentabilidade e o registro de casos da
doença voltou a crescer gradativamente no período de 2003 até 2005, com uma
redução em 2006, da ordem de 60 mil, isto é, 10% de redução em relação ao ano
de 2005.
A distribuição, por estados brasileiros, dos casos de malária registrados em
2006, demonstra que a ocorrência da doença não é homogênea, pois os estados
do Amazonas, Rondônia, Pará e Acre foram responsáveis por 87,9% dos casos,
sendo que três municípios, Cruzeiro do Sul, Manaus e Porto Velho, notificaram
22,5% desse percentual.
O desmatamento para extração de madeira, criação de gado, agricultura e
assentamentos não oficiais têm contribuído para o aumento da transmissão da
doença. Outro fator colaborador é o aumento dos criadouros do mosquito vetor da
malária em função da atividade de piscicultura, com a construção de tanques
artificiais, seja nos quintais dos domicílios ou nas periferias de diversas cidades da
região Amazônica (TADEI, 2001; TADEI et al., 2004).
A variação dos indicadores do ano de 2006, em relação a 2005, mostra
redução de casos em sete estados. A maior redução foi no estado do Tocantins,
em torno de 47% dos casos. Entretanto, Acre e Amapá apresentaram incremento
de 63,4% e 3,8%, respectivamente. Verificou-se que, apesar de a redução até
2002 ter sido expressiva, houve a partir desse ano um progressivo incremento,
refletindo as dificuldades na sustentação das estratégias até então utilizadas para o
controle da malária (MS, 2006).
Na Amazônia Legal, as infecções causadas pela espécie de P. vivax
prevalecem. Em 2006, foram registrados em torno de 396 mil casos de malária
causada por esta espécie, correspondendo a 73,4% das notificações (SIVEP,
2006). Este alto índice de infecção por P. vivax foi também observado por Tadei &
Dutary-Thatcher (2000), analisando os anofelinos do Amazonas. Os autores
16
relataram mosquitos infectados por P. vivax duas vezes e meia a mais em relação
a P. falciparum e quase trinta vezes a mais do que P. malarie.
A incidência parasitária anual (IPA) da malária na Amazônia Legal, no
período de 2003 até 2006, ficou entre 18,3 a 26,6 casos por mil habitantes (hab.).
Houve uma progressão deste indicador, no período de 2003 até 2005, e redução
em 2006, quando se registrou incidência de 22,9 casos para cada 1 mil habitantes
(hab.). Nesta região, no ano de 2006, os estados do Acre, Rondônia e Amazonas
foram classificados como áreas de alta risco de transmissão (IPA>50/1.000 hab.),
Roraima, Amapá e Pará como área de médio risco (IPA entre 10 – 49/1.000 hab.) e
os estados do Mato Grosso, Maranhão e Tocantins de baixo risco (IPA<10/1.000
hab.). Quando comparadas as incidências dos anos de 2006 e 2005, todos os
estados apresentaram redução, exceto o Acre (MS, 2006).
Cerca de 10% da população da Amazônia Legal, que corresponde a 2,4
milhões de pessoas, vive em áreas de alto risco de transmissão de malária,
abrangendo 90 municípios. Esse total de municípios diminuiu 15,1% em relação ao
ano de 2005, onde eram 106 municípios de alto risco de transmissão da malária
nessa região (MS, 2006).
A situação epidemiológica da malária vem agravando-se com o acréscimo
de casos em áreas urbanas (TADEI et al., 2007). A malária urbana e peri urbana,
constituem um problema da mais alta relevância na Amazônia. A transmissão da
doença é intensa na periferia dessas regiões, decorrente da proximidade com a
mata marginal e a intensidade vai se reduzindo à medida que se adentra nos
centros das cidades. A migração de populações entre áreas endêmicas e não
endêmicas de malária, associada às condições socioeconômicas, contribuem com
o aumento da incidência em áreas urbanas (TADEI, 1993, 2001; TADEI et al.,
1998, 2007; ROCHA, 2002). Algumas cidades como Manaus/AM e Porto Velho/RO
apresentam extensas áreas de aglomerados urbanos, principalmente em áreas de
periferia, devido a migração em busca de oportunidades de trabalho. Como
conseqüência, esses municípios concentraram 14,2% do total de casos de malária
ocorridos na região amazônica, em 2006. Além desses municípios, é importante
destacar também a região do Alto Juruá, no Acre, que foi responsável, em 2006,
por 14,3% das notificações, com grande concentração de casos em área urbana
(MS, 2006).
17
No estado do Amazonas, o índice de malária é crescente ao longo dos anos,
com a ampliação dos espaços de transmissão, inclusive invadindo áreas
historicamente de baixa prevalência. No período de 1999 a 2003, o comportamento
da malária oscilou entre avanços e recuos. Em 2004 e 2005 houve, no estado, um
incremento do índice de notificação da doença, apresentando os seguintes
números de casos: 1999, 167.722; 2000, 96.026; 2001, 48.385; 2002, 70.223;
2003, 140.642; 2004, 147.349 e em 2005, 222.545. No ano de 2006, durante o mês
de abril, houve uma redução de 42% nos casos de malária, o que significa que 15
mil pessoas deixaram de adoecer, mesmo assim ainda foi registrado um total de
540.000 casos na Amazônia Legal (TADEI et al., 2007).
De janeiro a outubro de 2007, segundo dados do SIVEP, foram registrados
quase 369 mil casos de malária na região Norte do Brasil e, deste total, cerca de
45% no Amazonas, estado que lidera os casos da doença no país.
No município de Presidente Figueiredo, no período de 01/01/2004 a
31/03/2007, foram notificados 15.250 casos de malária vivax, de um total de
104.285 exames realizados. Dados do resumo epidemiológico (SIVEP) para o
município de Presidente Figueiredo no ano de 2007, mostraram que foram
realizados 28.203 exames de pesquisa de plasmódio, sendo 3.003 casos positivos
e destes, 2.580 correspondem à malária por P. vivax.
De acordo com dados do SIVEP MALÁRIA, da Secretaria de Vigilância em
Saúde (SVS), a incidência da doença na Amazônia diminuiu em 2007, entretanto
continuou prejudicando o nível de saúde da população e o desenvolvimento
socioeconômico da região.
1.2. VETORES DA MALÁRIA
No Brasil a malária é transmitida por fêmeas de mosquitos do gênero
Anopheles, destacando-se pela sua importância o Anopheles darlingi Root, 1926
(DEANE et al., 1948; DEANE, 1986; TADEI et al., 1988; LOURENÇO-DE-
OLIVEIRA et al., 1989; TADEI & DUTARY-THATCHER, 2000). Nem todas as
espécies de Anopheles são transmissoras da malária humana. Entretanto, Tadei &
Dutary-Thatcher (2000) comprovaram que A. darlingi (figura 2) é o principal vetor e
que as demais espécies são vetores ocasionais, não desencadeando surtos
epidêmicos.
18
Este gênero compreende cerca de 400 espécies, das quais apenas um
número reduzido tem importância para a epidemiologia da malária, em cada região
brasileira. Cinco espécies são consideradas vetores principais no Brasil
(CABIANCA et al., 2000):
Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi Root, 1926.
Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis Lynch Arribalzága, 1878.
Anopheles (Nyssorhynchus) aquasalis Curry, 1932.
Anopheles (Kerteszia) cruzi Dyar & Knab, 1908.
Anopheles (Kerteszia) bellator Dyar & Knab, 1906.
Figura 2. Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil. FONTE: Laboratório de Malária e Dengue do INPA.
O Anopheles gambiae Giles, 1902 foi introduzido no nordeste brasileiro
possivelmente em 1930, e lá esteve até 1940, causando, entre 1938 e 1939, uma
das mais graves epidemias de malária registradas no Brasil. Trata-se de um
mosquito africano, cujas fêmeas são altamente antropofílicas e endófilas. Suas
larvas são normalmente encontradas em pequenas coleções de águas limpas no
solo, pobres em vegetação e bastante expostas ao sol. As cacimbas, poços rasos
feitos pelos nordestinos para obtenção de água, constituíram importantes focos
19
desse mosquito durante sua permanência no Brasil. No entanto, foi erradicado do
país em 1940. Atualmente, o Anopheles gambiae é o principal vetor da malária na
África (CONSOLI & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994).
Comumente chamados de mosquitos, muriçocas, carapanãs e pernilongos,
esses organismos são insetos de pequeno porte e de corpo delgado,
reconhecendo-se a existência de cerca de 3600 espécies (CROSSKEY, 1988). O
desenvolvimento dos mosquitos ocorre por metamorfose completa
(holometabólica), apresentando os estágios de ovo, larva, pupa e adulto. Durante o
desenvolvimento a larva passa por quatro estádios L1, L2, L3 e L4, originando
quatro ecdises e uma pupal. Os adultos são dióicos. Todos os estágios são
aquáticos, com exceção do último (adulto). Cada espécie de culicídeo comporta-se
como se representasse duas populações distintas, ocupando ecótopos diferentes.
Na fase adulta, ocorre a reprodução e dispersão. (FORATTINI, 2002).
As fêmeas saem em busca de suas fontes alimentares, vertebrados
incluindo os seres humanos, no período crepuscular. As espécies que procuram
principal ou unicamente, o sangue de animais (mamíferos e aves, por exemplo)
são qualificadas pela maioria dos especialistas como “zoófilas”, enquanto as que
picam, freqüente ou preferencialmente, o ser humano, são ditas antropófilas. A
antropofilia é condição fundamental para que uma espécie de anofelinos seja
considerada vetora em potencial de malária humana. Anofelinos que costumam
penetrar nas habitações humanas participam mais ativamente da transmissão da
malária do que as espécies que permanecem, de preferência, no exterior (extra
domicílio). Esse traço de comportamento, qualificado como domesticidade ou
endofilia da espécie, é levado em consideração nos estudos epidemiológicos,
fornecendo um dos parâmetros para medir a eficiência dessa espécie como vetora
da doença e ajudando a planejar a aplicação de inseticidas no interior das casas
(CABIANCA et al., 2000).
Tadei & Dutary Thatcher (2000), estudaram várias espécies de Anopheles
(Nyssorhynchus) na Amazônia a fim de se determinar sua importância na
transmissão da malária. Das 33 espécies de Anopheles, de ocorrência conhecida
na Amazônia, apenas 8 foram encontradas infectadas por Plasmodium. O principal
vetor - A. darlingi mostra acentuada antropofilia e um ciclo contínuo de atividade
que dura a noite inteira, mas que tem picos ao anoitecer e ao amanhecer. O A.
nuneztovari mostrou-se ser zoófilo, crepuscular e peridomiciliar. Esses hábitos
20
podem mudar dependendo de uma série de fatores externos, densidade
populacional e aqueles relacionados às atividades humanas (TADEI et al., 1993).
1.3. O CICLO DA MALÁRIA
O ciclo de vida do Plasmodium envolve uma fase no vetor e outra no
hospedeiro que pode ser humano ou animal. O ciclo é do tipo heteroxênico, onde o
homem é o hospedeiro intermediário e o mosquito o definitivo. No homem ocorre
com reprodução assexuada do tipo esquizogonia, e no vetor com reprodução
sexuada do tipo esporogonia (NEVES, 2004).
O ciclo tem início quando uma fêmea do gênero Anopheles, ao exercer a
hematofagia, ingere as formas sanguíneas infectantes do Plasmodium, os
gametócitos (figura 3). Estes se desenvolvem no estômago do vetor, onde o
gametócito feminino amadurece e transforma-se no macrogameta e o gametócito
masculino, por um processo de exoflagelação, dá origem a vários microgametas.
Um microgameta e um macrogameta formam o ovo ou zigoto. Esta etapa dura em
torno de uma hora, após o repasto infectante. Logo após, o ovo, que se encontra
na luz do estômago, começa a migrar o epitélio estomacal, aonde irá encistar-se. A
fase móvel chama-se oocineto e a fase encistada, oocisto. Por um processo de
esporogonia, no interior do oocisto formam-se milhares de esporozoítos. Esses
rompem a parede do oocisto, invadem a cavidade geral do mosquito e chegam às
glândulas salivares. A essa etapa do ciclo, que ocorre no vetor, é dado o nome de
Esporogonia e dura em torno de 4 a 15 dias, dependendo da temperatura e
umidade do ambiente (NEVES, 2004).
O inseto, ao exercer novamente a hematofagia, inocula, juntamente com a
saliva, 10 a 20 esporozoítos que caem na corrente sanguínea do homem e migram
até os hepatócitos, iniciando o ciclo tissular ou pré-eritrocítico. No hepatócito se
multiplicam completando a esquizogonia com a reprodução de milhares de
merozoítos (10.000 para o P. vivax). Esta fase exoeritrocítica apresenta para cada
espécie de plasmódio humano os seguintes tempos médios de evolução: P.
falciparum: 6 dias, P. vivax: 8 dias e P. malarie: 14 dias. Após este período, os
hepatócitos se rompem, liberando milhares de merozoítos que chegam até a
corrente sanguínea para invadir as hemácias e iniciar o ciclo eritrocítico. O
21
merozoíto invade as hemácias, com o auxílio dos receptores moleculares, no caso
específico do Plasmodium vivax, a proteína eritrocitária DARC (DARC, o inglês:
“Duffy Antigen Receptor for Chemokines”). O ciclo eritrocítico desenvolve-se até
que após completar a esquizogonia, ocorre o rompimento das hemácias liberando
merozoítos que podem invadir novas hemácias ou diferenciar-se, para formar os
gametócitos. Estas formas sanguíneas permanecem na circulação e são chamadas
formas infectantes, pois o mosquito ao picar o homem infectado, ingere
gametócitos dando início a um novo ciclo esporogônico.
Figura 3. Ciclo de vida do Plasmodium (Disponível em:<www.dpd.cdc.gov> Acessado em: 09/05/08).
A esquizogonia sanguínea se processa em intervalos regulares para cada
espécie e está associada aos sintomas clínicos: P. falciparum: 36 a 48 horas (terçã
maligna), P. vivax: 48 horas (terçã benigna) e P. malarie: 72 horas (quartã
benigna).
22
A febre e o acesso malárico, juntamente com a anemia, são os três
elementos patognomônicos da infecção malárica. O acesso malárico ocorre, com a
intermitência característica para cada espécie de Plasmodium, após a febre
intensa, caracterizado por: calafrios, calor e suor (NEVES, 2004).
1.4. O SISTEMA DE GRUPO SANGÜÍNEO DUFFY
1.4.1. A Proteína Duffy
O grupo sanguíneo Duffy foi descoberto quando Cutbush e Ikin detectaram,
no início da década de 50, os primeiros anticorpos desse sistema. O anticorpo anti-
Fya detectado no soro de um hemofílico politransfundido, recebeu este nome em
homenagem ao paciente, Sr. Duffy, que reagia com 64% das 205 amostras de
sangue testadas de indivíduos não aparentados na população inglesa. No ano
seguinte, Ikin et al. (1951) descreveram o anti-Fyb, anticorpo que define o par
antitéticos do antígeno Fya (CUTBUSH & MOLLISON, 1950; IKIN et al., 1951).
A Sociedade Internacional de Transfusão Sangüínea (ISBT, do inglês
“International Society Blood Transfusion”) reconhece 29 sistemas de grupos
sanguíneos que agrupam antígenos expressos na membrana externa dos
eritrócitos (figura4). O Sistema de grupo sangüíneo Duffy é classificado pela ISBT
pelo número 008 (GARRATTY et al., 2000; STORRY & OLSSON, 2004; DANIELS
et al., 2004). Os antígenos eritrocitários são carboidratos ou proteínas localizados
em glicolípides ou proteínas da superfície da membrana eritrocitária ou ainda em
proteínas ligadas a glicosilfosfatidilinositol, e atravessam uma ou múltiplas vezes a
membrana da hemácia (NEOTE et al., 1994).
Um dos aspectos interessantes do Duffy é sua função de receptor de
merozoítos de Plasmodium vivax e de Plasmodium knowlesi, que são,
respectivamente, os agentes responsáveis por diferentes formas de malária no
homem e no macaco (JENS et al., 2005). Essa função receptora foi colocada em
evidência por Miller et al. (1975), mostrando a resistência dos eritrócitos Fy (a-b-) à
invasão dos merozoítos de P. knowlesi que, naquela época, eram cultivados in
vitro. Em 1989, pesquisadores confirmaram os mesmos experimentos com o
Plasmodium vivax e puderam concluir que a glicoproteína eritrocitária carreando os
23
determinantes Duffy é necessária como ligante no processo de invasão eritrocitária
pelo merozoíto de Plasmodium vivax (BARNEWELL et al., 1989).
Figura 4. Modelo esquemático da membrana da hemácia e seus 29 sistemas de antígenos, incluindo a proteína eritrocitária Duffy com as sete hélices hidrofóbicas, um domínio amino-terminal extracelular, três alças citoplasmáticas e um domínio carboxi-terminal citoplasmático (REID, 2004).
A partir de 1989, com a purificação da proteína Duffy e a clonagem do
cDNA, foi possível intensificar os estudos relacionados aos genes que codificam o
antígeno Duffy (CHAUDHURI et al., 1989, 1993). Atualmente, sabemos que a
glicoproteína Duffy é composta de 338 aminoácidos, e é expressa na membrana
externa das hemácias, sendo um receptor de membrana heptahelical que possui
uma massa molecular de 35-43 kDa (TANNER et al., 1988). A figura 4 mostra a
proteína e a presença de sete hélices hidrofóbicas caracterizando um domínio
amino-terminal extracelular, três alças citoplasmáticas e um domínio carboxi-
terminal citoplasmático (CHAUDHURI et al., 1989; NEOTE et al., 1994).
A Glicoproteína Duffy (GPD) é N-glicosilada, a adição do sacarídeo ocorre
no nitrogênio da amida das cadeias laterais do aminoácido Asparagina (Asn).
Portanto, possui dois sítios de glicosilação, nos aminoácidos Asn 16 e Asn 27, e
NH 2 NH 2
NH 2 NH 2
NH 2
COOH
COOH
COOH COOH
P1 P P k
ABO Hh Lewis I
GPA/GPB (MNSs) GPC/GPD (Gerbich)
CD99 (Xg) CD147 (Ok) CR1 (CD35; Knops)
CD239 (Lutheran, B-CAM) ICAM-4 (LW) ERMAP (Sc) CD44 (Indian)
CD234 (Duffy)
Band 3 (Diego) Rh Kx AQP-1 (Colton) Kidd AQP-3 (GIL) CD151 (Raph)
AChE (Yt) Dombrock (ART4) DAF (CD55, Cromer) CD108 (JMH) Emm CD238 (Kell)
Carbo hidratos-
Citoplasma
Exterior
24
essa variação do grau de N-glicosilação contribui para a faixa da massa molecular
(CHAUDHURI et al., 1989).
A proteína Duffy, também chamada de DARC (DARC, do inglês: ““Duffy
Antigen Receptor for Chemokines”), é expressa na membrana de eritrócitos (RBC,
- do Inglês “red blood cell”) e em diversos tecidos não eritróides como rim, baço,
coração, pulmão, músculo, duodeno, pâncreas, placenta, cérebro, intestino,
glândula tireóide e em células de Purkinje do cerebelo, e pertence à subfamília de
receptores de citocinas (HADLEY & PEIPER, 1997).
A proteína Duffy (CD234), pertence à classe de moléculas do Complexo de
Histocompatibilidade Principal (CHP), tem como característica mais notável o seu
enorme polimorfismo. O termo polimorfismo vem da genética de populações e
significa que, numa determinada população, um lócus gênico é ocupado por duas
ou mais formas alélicas (BERNHARD et al., 1990).
Em um estudo realizado em doadores de sangue na cidade de São Paulo, a
freqüência fenotípica encontrada, para o sistema de grupo sangüíneo Duffy, foi de
19,8% em caucasóides e 14% em negros para o fenótipo Fy(a+b-). Quanto ao
fenótipo Fy(a+b+), a casuística foi de 41,4% para caucasóides e 1,6% para negros.
O fenótipo Fy(a-b+) observado foi de 37,8% para caucasóides e 17,5% para
negros. Em caucasóides, a freqüência do fenótipo Fy(a-b-) foi de 1,1%, enquanto
para os negros foi de 66,9%, sendo esse fenótipo considerado um marcador de
raça negra (NOVARETTI et al., 2000).
Cavasini et al. (2006) analisaram os fenótipos Duffy de dois grupos de
indivíduos, doadores de sangue e infectados com P. vivax, de quatro estados da
região amazônica: Amapá, Pará, Rondônia e Acre. Os dados encontrados pelos
autores mostram uma alta freqüência do fenótipo Fyab em infectados e uma
freqüência significativa do fenótipo nulo em doadores de sangue. A tabela 1 mostra
a freqüência fenotípica Duffy em doadores de sangue dos quatro estados
estudados.
25
Tabela 1 – Freqüência (%) fenotípica Duffy em doadores de sangue em quatro estados da Amazônia - 2006.
FENÓTIPOS Para Amapá Rondônia Acre TOTAL
Fya 32 37 26 26 30,25
Fyb 33 44 34 34 36,25
Fyab 27 28 37 37 32,25
Fy nulo 8 8 3 3 5,5
FONTE: CAVASINI et al. 2006.
1.4.2. O gene DUFFY , seus alelos e o equilíbrio gênico
O gene FY é constituído por dois exons e seu lócus foi mapeado no braço
longo do cromossomo 1q22-q23, cujo produto do gene é uma glicoproteína ácida,
chamada de glicoproteína Duffy (MATHEW et al., 1994). Existem dois produtos
desse gene, o transcrito maior, com 336 aminoácidos, chamado beta e o menor,
com 338 aminoácidos, chamado alfa (CHAUDHURI et al., 1993).
A figura 5 representa esquematicamente o gene de grupo sanguíneo Duffy,
incluindo a região promotora e seus dois exons (CAVASINI et al., 2001).
O sistema consiste de quatro principais alelos, cinco fenótipos e cinco
antígenos. Os alelos são FYA, FYB, FYX e FY; os fenótipos são Fy(a+b-),
Fy(a+b+), Fy(a-b+), Fy(a-b+fraco) e Fy(a-b-) e os antígenos são Fya (Fy1), Fyb
(Fy2), Fy3, Fy5 e Fy6 (PODO & CHAUDHURI, 2000).
Os antígenos Fya e Fyb são codificados por duas formas alélicas do gene
FY. Os alelos FYA e FYB diferem por uma simples substituição de bases no
nucleotídeo 125. No alelo FYA, a base é guanina (G) e no alelo FYB a base é
adenina (A). Isso produz um códon para glicina no aminoácido 42 no alelo FYA, e
um códon para ácido aspártico no alelo FYB (MALLINSON, 1995). Essa
substituição de apenas um aminoácido na posição 42 caracteriza os antígenos Fya
e Fyb (JENS et al., 2005).
26
Figura 5. Representação esquemática do gene FY, com sua região promotora GATA1 e dois exons. Os círculos em preto representam substituição de nucleotídeos e as setas indicam orientação dos iniciadores usados na genotipagem. (OLSSON et al., 1998). FONTE: CAVASINI et al., 2001.
Em 1965, foi descrito outro alelo no lócus DUFFY, FYX, co-dominante com o
FYA e recessivo com o FYB, relacionado com a fraca expressão do antígeno Fyb
(CHOWN et al., 1965). O alelo FYX foi, posteriormente, descrito com mais detalhes
por Lewis et al. (1972) onde ficou demonstrado que esse alelo não produz um
antígeno diferente dos outros do sistema Duffy, mas os eritrócitos é que reagem
mais fracamente com soros anti-Fyb, em função de uma mutação no exon 2
(C265T). A mutação relativamente rara C265T no FYB, caracterizando o alelo FYX,
responsável pela expressão muito baixa do fenótipo Fy(b) e que aparece em 2%
dos caucasianos (PARASOL et al., 1998; TOURMAMILLE et al., 1998).
Uma outra mutação G298A encontrada no FYA e FYB, parece ser
silenciosa. A alteração G298A provoca uma substituição de Alanina por Treonina
no aminoácido 100, enquanto que a C265T muda o aminoácido Arginina por uma
Cisteína na posição 89 do gene FY (TOURMAMILLE et al., 1998; PODO &
CHAUDHURI, 2000).
O alelo FY, caracterizado por uma única substituição do nucleotídeo (T33C)
da região promotora GATA-box do gene FYB, induz à não expressão do antígeno
Fyb na membrana da hemácia. Este alelo pode aparecer em heterozigose ou
homozigose: FYAFY; FYBFY e FYFY. Quando em homozigose, corresponde ao
fenótipo nulo Fy(a-b-), resultando na ausência de expressão do antígeno Fyb
apenas no eritrócito, não alterando a expressão dessa proteína em outros tecidos
(TOURNAMILLE et al., 1995; IWAMOTO et al., 1996).
O resultado de eventos naturais na região Gata-box para o alelo FYAnulo foi
encontrado em regiões endêmicas do Plasmodium vivax em Papua New Guinea
(PNG) (ZIMMERMAN et al., 1999). Indivíduos heterozigotos FYAFYAnulo têm 50%
27
menos proteína Duffy expressa na membrana dos seus eritrócitos, quando
comparados com indivíduos FYAFYA. Na PNG, uma significante redução de
infecções por P. vivax foi observada em indivíduos heterozigotos para o alelo
FYAnulo, sugerindo que esse genótipo esteja associado à diminuição da
susceptibilidade à infecção in vivo por P. vivax (KASEHAGEN et al., 2007).
Um trabalho avaliando a expressão da proteína Duffy nas hemácias de
indivíduos portadores do alelo FYX, demonstra que os heterozigotos têm 50%
menos antígeno Duffy nos seus eritrócitos e os homozigotos apresentam 1/10
desses antígenos expressos (YAZDANBAKHSH et al., 2000). Entretanto, Cavasini
et al. (2007b), sugerem que esse polimorfismo do alelo FYX não está associado
com a susceptibilidade à malária por P. vivax, pois não foram observadas
diferenças estatísticas entre pacientes infectados e doadores de sangue, em seus
estudos.
Castilho et al. (2004) estudaram 361 doadores de sangue, sendo 182
indivíduos com ancestrais africanos e 179 caucasianos. Os testes sorológicos
determinaram o fenótipo Fyb(-) em 130 africanos e em 40 caucasianos, a maioria
genotipada por PCR/RFLP como FY (mutação 33T>C) e FYX (mutação
265C>T/298G>A), respectivamente. Foram encontrados também, três indivíduos
portadores de um novo polimorfismo de simples nucleotídeo (SNP, do inglês:
“Single Nucleotide Polymorphism”) com mutação 145G>T coexistindo com 265C>T
e 298G>A. Esse SNP é marcado pela substituição de Alanina (Ala) por Serina (Ser)
no aminoácido 49 no primeiro segmento transmembrana do FYB, o que determina
a diminuição na expressão dessa proteína (Fyb) nas hemácias desses indivíduos,
observado por citometria de fluxo.
O teorema de Hardy-Weimberg foi formulado em 1908 pelos cientistas
Hardy e Weimberg e tem o seguinte enunciado: “Em uma população infinitamente
grande em que os cruzamentos ocorrem ao acaso e sobre o qual não há atuação
de fatores evolutivos, as freqüências gênicas e genotípicas permanecem
constantes ao longo das gerações”. A Lei de Hardy-Weimberg determina a
freqüência com que os alelos aparecerão nas próximas gerações, com base na
geração anterior (CABELLO & KRIEGER, 1997).
Essa teoria é válida quando não existe influência de fatores evolutivos
atuando na população. São exemplos de fatores evolutivos: mutações, seleção
natural e migrações. Se houver algum fator evolutivo que perturbe estas condições
28
então a população não estará em equilíbrio gênico e sim evoluindo. Dessa forma
podemos detectar, na prática, se uma população está evoluindo, ou não,
comparando, por exemplo, o quadrado da freqüência gênica com a freqüência do
genótipo homozigoto (FYFY). Se estes valores forem diferentes a população não
estará em equilíbrio, estará em evolução. Se forem muito próximos então a
população estará em equilíbrio gênico para este gene (CABELLO & KRIEGER,
1997).
1.4.3. A Função Biológica da proteína Duffy
A discussão sobre a função dos antígenos eritrocitários Duffy iniciou-se
quando Miller et al. (1976), observaram que os determinantes antigênicos Fya e
Fyb poderiam ser receptores para Plasmodium knowlesi e que a resistência à
invasão eritrocitária pelo merozoíto do P. vivax em negros, devia-se ao fato do
fenótipo Duffy negativo ser freqüente nessa população.
O mecanismo de entrada no eritrócito pelo Plasmodium foi estudado em
1978, por microscopia eletrônica, e observado que a porção apical do merozoíto
faz o contato inicial com o eritrócito, criando uma pequena depressão na
membrana (figura 6).
Figura 6. Microscopia eletrônica mostrando a interação entre o complexo apical do merozoíto e RBC. (Disponível em: <www.impact-, malaria.com/.../images/meroEM.gif>. Acessado em: 18 de abril de 2008).
29
Essa área começa a espessar e forma uma junção com a membrana do
parasito, então o merozoíto penetra no eritrócito por invaginação. Após a entrada
completa do Plasmodium, o orifício de entrada fecha-se (AIKAWA et al., 1978). A
invasão de hemácias pelos parasitos da malária ocorre quando o merozoíto liga-se
à superfície de hemácias não infectadas. Este processo inclui fases de
reconhecimento e ligação, seguidos por reorientação e penetração (BANNISTRE &
MITCHELL, 2003).
Os estudos sobre citocinas e seus receptores convergiram para a
investigação dos antígenos de grupo sangüíneo Duffy, demonstrando uma
importante função fisiológica para os alelos dessa proteína. As quimiocinas, são
citocinas com função de quimiotaxia, e que fazem parte da família das citocinas. E
são divididas em duas grandes subfamílias que diferem nos dois resíduos cisteínas
dos aminoácidos terminais que participam na ligação dissulfeto. Podem estar
adjacentes (C-C) ou separados por um aminoácido (C-X-C). Cada quimiocina tem
um receptor específico no qual se liga com alta afinidade (DOHLMAN et al., 1991).
Horuk et al. (1993) mostraram, em um estudo sobre receptores de
quimiocinas multiespecíficos em eritrócitos humanos, que a IL-8 liga-se
minimamente a eritrócitos Duffy negativos, que anticorpos monoclonais para
antígenos Duffy bloqueavam a ligação de IL-8 em eritrócitos Duffy positivos e que a
IL-8 também impedia a ligação e a invasão eritróide por P. knowlesi. Essas
observações indicam que os antígenos de grupo sanguíneo Duffy são receptores
de quimiocinas. Esta evidência foi comprovada por outro estudo que estabeleceu a
relação entre receptores de quimiocinas em eritrócitos e o Duffy, através de
alinhamento da seqüência da proteína Duffy com outros membros da família das
quimiocinas. Foi visto que a organização dos dois exons do gene FY é a mesma
encontrada nos genes de outros receptores de quimiocinas. A partir destes
estudos, os antígenos Duffy foram denominados DARC (CHAUDHURI et al., 1994;
NEOTE et al., 1994; MURPHY, 1994).
A IL-8 é ligante do DARC mais intensamente estudada, é de baixa massa
molecular (aproximadamente 8 KDa) e é produzida pela maioria das células do
organismo, particularmente macrófagos e células endoteliais envolvidas na
migração celular. A IL-8 é conhecida como um potente indutor de quimiotaxia para
neutrófilo (ROITTI, 1997). Após sua introdução na circulação, a IL-8 é rapidamente
ligada ao DARC eritróide, ficando incapaz de ativar os neutrófilos e isso pode
30
funcionar como um limitante da estimulação de leucócitos pela diminuição da IL-8
sangüínea (DARBONNE et al., 1991).
A expressão aumentada do RNA mensageiro da proteína Duffy durante
condições inflamatórias do rim, indica que esses antígenos são importantes em
processos biológicos (LIU et al., 1999; SEGERER et al., 2003). A diminuição da
função renal após transplante está mais associada à pacientes com fenótipo
Fy(a-b-). Tal fato pode ocorrer devido à ausência de receptores DARC, que fazem
o papel de atenuar os efeitos inflamatórios, agindo como um escoadouro de
quimiocinas (AKALIN & NEYLAN, 2003). Esta e outras associações entre função-
estrutura do DARC constituem num importante campo de investigação e
associação entre as citocinas e o Duffy na fisiologia normal e patológica, pois o
estudo da imunidade e os seus fatores são de extrema importância para
conhecermos os mecanismos de defesa do organismo frente a diferentes
patôgenos.
Outro ponto fundamental relacionado aos antígenos Duffy, é o
reconhecimento de sua participação nas reações transfusionais e na Doença
Hemolítica Peri Natal (DHPN) (LANDSTEINER, 1931; LEVINE et al., 1941). Os
anticorpos anti-Fya e anti-Fyb são predominantemente da subclasse IgG1 e
apenas 18% IgG2 e 25% da classe IgM (SZYMANSKI et al., 1982). Este fator é
importante, pois esses anticorpos são capazes de ativar complemento e
desencadear reação hemolítica pós-transfusional (DANIELS et al., 2002; KIM et al.,
2004).
É possível detectar fetos em risco de desenvolver DHPN pela determinação
do genótipo Duffy em líquido amniótico (HESSNER et al., 1999). Outra indicação
para a genotipagem do Sistema Duffy foi colocada em evidência recentemente,
quando Castilho (2007) descreveu a importância, no cenário clínico, da seleção de
pacientes que podem, seguramente, receber transfusão de sangue com fenótipo
Fyb(+), sem risco de desenvolver aloimunização, isto é, produzir anticorpos anti-
Fyb.
O significado biológico do DARC nos eritrócitos inicialmente pareceu
questionável, devido à falta de associação entre doenças e fenótipo Duffy negativo
(PODO, 2000). Porém, vários trabalhos descrevem a freqüência dos polimorfismos
eritrocitários que conferem parcial ou completa resistência à malária em
populações amazônicas, como o grupo sanguíneo Duffy negativo (NOVARETTI et
31
al., 2000; CAVASINI et al., 2001, 2006, 2007b). Este é um campo de investigação
de suscetibilidade genética à infecção, com importantes implicações, tanto para a
compreensão da patogênese como para o controle da malária.
O Sistema Sangüíneo Duffy tem sido alvo de pesquisas pelo particular
interesse fisiológico a ele relacionado, sendo considerado um dos mais
interessantes loci cromossômicos para avaliar o impacto da pressão de seleção
natural em diferentes regiões geográficas (Hamblin et al., 2002).
Portanto, estes dados confirmam a importância de se estudar a população
amazonense, pois permite obter dados das freqüências alélicas existentes, avaliar
se a população está em equilíbrio genético, com base na Lei de Hardy - Weinberg
e ainda colaborar com demais estudos relacionados à transmissão da malária na
Amazônia. Este foi o foco deste trabalho.
32
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
- O Objetivo geral do trabalho foi analisar a ocorrência de genótipos e
fenótipos do sistema de grupo sangüíneo Duffy em indivíduos de uma
população exposta à infecção por Plasmodium vivax na Amazônia.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Determinar a freqüência genotípica e fenotípica Duffy;
- Comparar a ocorrência dos alelos Duffy e a susceptibilidade à infecção
por Plasmodium vivax;
- Avaliar o percentual de concordância dos genótipos e fenótipos Duffy;
- Definir se a população estudada está em equilíbrio gênico de acordo com
a Lei de Hardy - Weimberg.
33
3 MATERIAL E MÉTODOS
O protocolo de pesquisa foi submetido à análise do Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(CEP-INPA), em 06/06/2006, sob o número do processo 046/2006 CEP-INPA, e
aprovado por unanimidade em 19/06/2006, conforme Parecer Consubstanciado e
Ofício 023/2006 - CEP/INPA (anexo A).
3.1 LOCALIDADE DE ESTUDO
Com base nos dados de positividade da malária em 2005, para o Estado do
Amazonas, do SIVEP– Malária da SVS, o município de Presidente Figueiredo/AM,
apresentou no período de 01/01/05 à 31/12/05, um total de 9.351 notificações,
representando 4,12% do total de casos de malária no Amazonas. Esta localidade,
o quarto município com o maior número de notificações de positividade para
malária no ano de 2005, depois de Manaus (64.238), Careiro (17.009) e Rio Preto
da Eva (10.144), sendo por isso selecionado para as coletas das amostras deste
estudo. A Unidade Mista Hospitalar Gama e Silva (UMHGS) de Presidente
Figueiredo, foi o ponto de coleta de dados e amostra de sangue deste projeto,
denominada “Instituição Sediadora”.
O município de Presidente Figueiredo está localizado, aproximadamente, a
100 Km da cidade de Manaus na BR 174, conforme mostra a figura 7.
34
Figura 7. Mapa mostrando a localização (seta) do município de Presidente Figueiredo - AM. Disponível em: <http://maps.google.com> Acessado em 10 de outubro de 2007.
A amostragem para estudo foi composta por dois grupos – infectados e
negativos. No grupo de Infectados incluímos os casos positivos para P. vivax,
enquanto que no outro grupo participaram pacientes negativos para P. vivax.
O tamanho da amostra foi calculado estimando-se a proporção média de
pacientes infectados no período de janeiro de 2004 até março de 2007, de acordo
com dados do SIVEP Malária da SVS. Levando-se em conta que esta proporção
média de pacientes infectados com P. vivax, no período considerado, foi de
aproximadamente 0,146, fixamos uma precisão de 0,045 (4,5%) e um nível de
confiança de 95% (HENRY, 1998).
Aplicando a fórmula abaixo (CALLEGARI-JACQUES & SIDIA, 2003),
encontramos um tamanho mínimo de amostra (n*) igual a 232,66.
V(p) = (d÷z)2 = (0,045÷1,96)2 = 0,000527
n* = p×q÷V(p) = 0,146×0,856875÷0,000527 = 232,66
35
Onde:
p= 0,146 (prevalência média no período)
q= 1-p = 0,856875
d= 0,45 (precisão)
z= 1,96 (nível de confiança de 95%)
Sobre o valor encontrado, que define o tamanho de amostra mínima (n*),
foi feita uma correção para uma população finita (N) e, desta forma, obtivemos o
valor exato de 232 para o “n”, como segue:
n = n*÷ (1+ n*÷N) = 232,66÷ (1+ 232,6591÷104285) = 232
Determinamos, ainda, uma correção para uma perda potencial de 5%.
Assim, chegou-se a um valor final para o tamanho da amostra (nf) de 244,
conforme o cálculo abaixo:
nf = n ÷ 0,95 = 244
Desta forma, ficou caracterizada uma amostragem por demanda
espontânea, com um tamanho amostral (n) de 244.
3.1.1 Critérios de inclusão da amostra
Pacientes nascidos no Estado do Amazonas, maiores de 18 anos, de ambos
os sexos, atendidos no Laboratório da UMHGS, com ou sem sintomatologia
compatível para Malária e que concordaram em assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido - TCLE (apêndice A).
A amostra para o grupo de infectados positivo foi composta de pacientes
com os critérios de inclusão e com teste da gota espessa positiva para o P. vivax e
o grupo negativo, de pacientes com os critérios de inclusão e com teste da gota
espessa negativa para o P. vivax.
36
3.1.2 Critérios de exclusão da amostra
Foram excluídos da pesquisa os pacientes que não atenderam os critérios
de inclusão: pessoas que não concordaram em assinar o TCLE, os menores de 18
anos e os não naturais do Amazonas.
3. 2 COLETAS DAS AMOSTRAS
A cada participante foram explicados os objetivos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, a duração estimada do projeto, bem como a
possibilidade de sair do estudo a qualquer tempo sem nenhum tipo de penalidade
ou alteração no nível de atendimento de saúde recebido no município.
Foi solicitado aos participantes do projeto, na condição de objeto da
pesquisa, que assinassem o TCLE e respondessem ao questionário (apêndice B)
antes da coleta da amostra de sangue.
Coletamos 5 mL de sangue total venoso com anticoagulante EDTA 5%
(ácido etilenodiaminotetracético) dos pacientes que procuram o hospital com
suspeita de malária. Esta amostra foi acondicionada em refrigeração (2-8°C) até o
momento da fenotipagem e extração do DNA (ácido desoxirribonucléico), não
excedendo 3 dias.
3.3 O EXAME PARA PESQUISA DE PLASMÓDIO
O exame da Gota espessa para o diagnóstico de malária foi realizado no
Laboratório de Análises Clínicas da Unidade Mista Hospitalar Gama e Silva
(UMHGS), que participa do “Programa Nacional de Controle de Qualidade de
Diagnóstico de Malária”. Este programa inclui um sistema de controle e revisão das
lâminas, onde o laboratório de base, aquele realiza o diagnóstico da malária envia
ao laboratório de revisão 100% das lâminas positivas e 10% das negativas. Este
laboratório de revisão, após reavaliá-las, envia 30% das lâminas positivas e 10%
das negativas para o Laboratório Central (LACEN) em Manaus/AM (MS, 2004). No
37
município de Presidente Figueiredo, ambos os laboratórios, de base e revisão,
estão localizados na UMHGS.
Os programas de prevenção e controle de malária usam um índice
conhecido como índice Kappa, que é um indicador do controle de qualidade. Este
índice mede a concordância entre técnicas ou microscopistas levando em
consideração a probabilidade de se obter acordos simplesmente por acaso
(FLEISS, 1981). Em área endêmica espera-se uma concordância por índice Kappa,
superior a 0,8 (MS, 2005). A UMHGS esteve com seu índice Kappa dentro dos
valores esperados durante o período de coleta das amostras deste trabalho.
A Gota espessa continua sendo o padrão ouro para o diagnóstico da
malária. Sendo o método adotado oficialmente no Brasil para o diagnóstico da
doença. A técnica baseia-se na visualização do parasita através da microscopia
ótica, após a coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa). Desta
forma, permite a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise da sua
morfologia e pelos seus estágios de desenvolvimento, encontrados no sangue
periférico. Essa metodologia é capaz de detectar densidades parasitárias muito
baixas, de 10 até 20 parasitas/μL de sangue e está descrita no Manual de
Diagnóstico Laboratorial da Malária (MDLM) da SVS do MS (MS, 2005).
Uma amostra de sangue (1μL aproximadamente) foi coletada diretamente
por punção digital (figura 8) e a lâmina foi corada após a amostra estar totalmente
seca. Para a secagem, as lâminas foram mantidas a temperatura ambiente por 10
minutos.
De acordo com MDLM, uma gota espessa adequada deve ter de 1 a 1,5 cm2
de superfície, que equivale, aproximadamente, de 500 a 800 campos
microscópicos, quando se trabalha com aumento de 700 a 800 vezes. Nesse caso,
é encontrada uma média de 10 a 20 leucócitos por campo (MS, 2005).
A parasitemia foi determinada analisando-se 100 campos microscópicos,
conforme descrito a seguir: +/2: 40 a 60 parasitos contados nos 100 campos; +: 1
parasito por campo; ++: de 2 a 20 parasitos por campo; +++: de 21 a 200 parasitos
por campo; ++++: mais de 200 parasitos por campo. Quando houve uma
parasitemia menor de 40 parasitos por campo, os resultados foram expressos pelo
número de parasitos contados nos 100 campos (MS, 2005).
38
Figura 8. Esquema demonstrativo da punção digital para coleta de sangue para confecção da gota espessa. Etapas: 1. Limpar o local de punção com álcool 70%, 2. Puncionar o local com uma lanceta, 3. Colocar uma gota esférica de sangue sobre a lâmina, 4. Espalhar o sangue formando um retângulo (1,2cm2). MDLM. MS, 2005.
3.3.1 Preparo de corantes e diluentes
Azul de metileno fosfatado
Azul de metileno medicinal em pó ...........................1,0g
Fosfato de potássio monobásico .............................1,0g
Fosfato de sódio bibásico ........................................3,0g
Misturar em gral seco.
Preparo da solução fosfatada de azul de metileno:
Pesar 1,0g da mistura acima e dissolver em 250mL de água destilada.
Conservar a solução em pisseta (frasco plástico de lavagem).
39
Mistura de sais fosfatados para água tamponada
Fosfato de potássio monobásico ............................. 4,0g
Fosfato de sódio bibásico ........................................ 6,0g
Misturar em gral seco.
Preparo da água tamponada a 6/4:
Pesar 1,0g da mistura de sais fosfatados, acima descrita, e dissolver
em 1000mL de água destilada. Conservar a solução em pisseta.
Solução alcoólica de Giemsa
Giemsa em pó ...................................................... 0,75g
Glicerol PA ............................................................. 35mL
Álcool metílico PA .................................................. 65mL
Preparo da solução de Giemsa:
Colocar a solução num frasco com algumas pérolas de vidro e agitar várias
vezes ao dia, até obter a homogeneização (aproximadamente sete dias). Esta
solução deve ser feita em maior volume e mantida em estoque. Para o uso diário, a
solução alcoólica deve ser colocada em frasco pequeno, tipo conta-gotas.
3.3. 2 Coloração pela técnica de Walker Segundo o MDLM, a gota espessa é corada pela técnica de Walker (azul de
metileno e Giemsa) que permite identificar, com facilidade e precisão, a espécie do
plasmódio. Esse método possibilita também quantificar a intensidade do
parasitismo, mediante a determinação da parasitemia por volume (μL). Os
materiais necessários para a coloração são: placa de acrílico; pisseta com solução
40
fosfatada de azul de metileno; frasco conta-gotas contendo solução alcoólica de
Giemsa e uma pisseta com água tamponada
A técnica de Walker, para coloração da gota espessa, inclui duas fases:
1ª fase: Desemoglobinização pela solução hipotônica de azul de metileno
fosfatado
• Aplicar a solução de azul de metileno fosfatado sobre a gota espessa de sangue,
por dois segundos.
• Enxaguar a lâmina com água tamponada (suavemente).
2ª fase: Coloração pela solução de Giemsa
• Colocar a lâmina com o lado da gota voltado para a superfície da placa de
coloração.
• Preparar uma solução de Giemsa na proporção de uma gota de corante (50 μL de
Giemsa) para 1mL de água tamponada. Homogeneizar.
• Aplicar esta solução na placa côncava de coloração, sob a lâmina invertida.
• Deixar corar por 10 minutos.
• Enxaguar com água tamponada (suavemente).
• Secar em temperatura ambiente.
3.4 FENÓTIPO DUFFY
A metodologia da fenotipagem Duffy foi utilizada com o objetivo de pesquisar
a proteína Duffy expressa na membrana externa dos eritrócitos coletados dos
participantes. Este dado foi utilizado para confrontar fenótipo e genótipo e avaliar o
percentual de concordância entre eles.
Observar item 3.3.1 (Preparo de corantes e diluentes)
41
As amostras de sangue foram submetidas à fenotipagem pelo teste de
hemaglutinação, em cartões de gel (LAPIERRE et al., 1990), de acordo com as
especificações descritas pelo fabricante. Os ID-Cartões “Fya” e “Fyb”, juntamente
com os ID-Soros-Teste “anti-Fya” e “anti-Fyb” (figura 9), foram utilizados para
determinação dos antígenos Fya (Fy1) e Fyb (Fy2). A metodologia “Micro Typing
System (BI007270 03.06)” é descrita pela DiaMed-ID, fornecedora dos reagentes.
Figura 9. Reagentes usados para fenotipagem: ID-Cartões “Fya” e “Fyb”, e ID-Soros-Teste “anti-Fya” e “anti-Fyb” (DiaMed).
Preparamos uma suspensão de hemácias a 0,8% em ID-Diluente 2
(DiaMed-ID) e, desta, pipetamos 50uL para o microtubo do Card-ID Fya e Card-ID
Fyb (DiaMed-ID), adicionamos ainda 50uL de soro teste ID correspondente. O
Card-ID foi incubado por 15 minutos a 37°C no ID-Incubador. Após esta etapa,
centrifugamos os cartões durante 10 minutos no ID-Centrifuge (1030 rpm) e
analisamos os resultados da seguinte forma :
O teste é positivo quando os eritrócitos aglutinados formam uma linha
vermelha sobre a superfície ou aglutinados dispersos no gel. A reação é negativa
quando um botão compacto de eritrócitos é mostrado no fundo do microtubo (figura
10).
42
Reações positivas de + a +++ indicam a presença do antígeno
correspondente. Reações fortemente positivas (++++) são raras, e as negativas
indicam ausência do antígeno.
Figura 10. Cartão de gel mostrando a interpretação da reação positiva (aglutinados dispersos no gel) e negativa (botão compacto no fundo do microtubo) da fenotipagem. Amostra 133 fenotipada como Fyab: Fya(2+) Fyb(1+); 136 - Fya: Fya(1+) Fyb(-) e 29 - Fy nulo: Fya(-) Fyb(-).
3.5 GENÓTIPO DUFFY
A metodologia molecular, descrita anteriormente por Olsson et al. (1998), foi
aplicada neste estudo para genotipar o Sistema Sanguíneo Duffy. Constitui-se em
um método simples e rápido que possibilita identificar quatro possíveis alelos do
lócus FY, através da técnica de Reação de Polimerização em Cadeia (PCR), sem a
utilização de enzimas de restrição.
43
3.5.1- Extração do DNA genômico dos leucócitos
O material utilizado para a extração do DNA foi sangue total (350 µL),
coletado dos participantes. A extração foi feita à medida que as coletas foram
sendo realizadas e o produto extraído estocado a -20°C, por aproximadamente seis
meses, para o uso posterior. Para a extração do DNA foi utilizado o kit Easy-DNA
(cat. no. K180001), da Invitrogen®, protocolo 2 (figura 11). Segundo o protocolo
cada 10 µL de sangue total fornece um rendimento de 20-30 ng de DNA, O
sedimento foi eluído com 150 µL de água deionizada conforme o protocolo.
Figura 11. Esquema mostrando etapas da extração de DNA pelo Easy- DNATM Kit
44
3.5.2 - Quantificação e pureza do DNA
As concentrações e purezas de DNA foram estimadas através de análise
espectrofotométrica em comprimento de onda ultravioleta (A260nm/A280nm), como
preconizado por Sambrook & Russel (2001). A leitura espectrofotométrica em 260
nm foi usada para quantificar do DNA extraído, isto é, determinar sua concentração
(1D.O. = 50 µg de DNA dupla fita/µL). Enquanto, a razão entre as absorbâncias foi
usada para avaliar a pureza do ácido nucléico.
Foram utilizadas extrações de DNA que apresentaram um grau de pureza
maior ou igual a 1,6 e menor ou igual a 1,8. Todas as amostras (sedimentos
eluídos) foram quantificadas e re-diluídas com água deionizada à mesma
concentração (10 ng/µL).
3.5.3- Reação de Polimerização em Cadeia
A Reação de Polimerização em Cadeia (PCR, - inglês “polymerase chain
reaction”.) é uma técnica de biologia molecular na qual são empregadas pequenas
seqüências de oligonucleotídeos, denominados iniciadores. Estes em condições
ideais de temperatura e substratos, como o DNA - alvo, os quatro
desoxinucleotídeos e a enzima DNA polimerase, amplificam, em magnitude
exponencial, o gene de interesse. Utilizando o equipamento de termociclagem, que
reproduz os ciclos programados de temperatura, e a reação acontece. Por
eletroforese em gel de agarose ou de poliacrilamida os seus produtos podem ser
visualizados como bandas.
Para a amplificação dos alelos FYA, FYB, FY e FYAnulo, usamos os
seguintes iniciadores: GATAFY2, FYAB2, FYAREV e FYBREV, as seqüências
destes são mostradas na tabela 2.
Tabela 2 - Seqüência e Tm calculada dos iniciadores específicos utilizados na PCR.
PRIMER Seqüência de nucleotídeos 5’ → 3’ Tm (°C)
GATAFY2 CTCATTAGTCCTTGGCTCTTAC 64
FYAB2 CTCATTAGTCCTTGGCTCTTAT 62
FYAREV AGCTGCTTCCAGGTTGGCAC 64
FYBREV AGCTGCTTCCAGGTTGGCAT 66
FONTE: Olsson et al. (1998)
45
Quatro reações foram preparadas para cada indivíduo, usando a seguinte
combinação de iniciadores: GATAFY2 e FYAREV (A), GATAFY2 e FYBREV (B),
FYAB2 e FYAREV (C), e FYAB2 e FYBREV (D). O primeiro par de
oligonucleotídeos (A) amplifica o alelo FYAnulo (FYA com mutação Gata-box), e as
demais combinações amplificam os alelos FY (FYB com mutação Gata-box), FYA e
FYB, respectivamente (tabela 3).
Tabela 3 - Combinação de iniciadores para detecção de quatro alelos Duffy e o tamanho em pares de bases do produto de cada amplificação.
COMBINAÇÃO Iniciador For Iniciador Ver ALELO
DETECTADO TAMANHO
pb
A GATAFY2 FYAREV FYAnulo 711
B GATAFY2 FYBREV FY 711
C FYAB2 FYAREV FYA 711
D FYAB2 FYBREV FYB 711
FONTE: Olsson et al. (1998)
As temperaturas de anelamento das combinações foram estabelecidas
através da técnica de gradiente, com base no cálculo da temperatura média de
fusão (Tm, - do inglês: “melting temperature”), cujo objetivo foi de eliminar bandas
inespecíficas. Essa técnica consiste em submeter iguais misturas reacionais a
diferentes temperaturas, tendo como temperatura média a Tm calculada para cada
iniciador.
A Tm é a temperatura na qual 50% do DNA se encontra desnaturado, e foi
calculada através da fórmula de Wallace (onde A, T, G e C são as quantidades de
cada base que compõe o iniciador):
Tm = 2 (A+T) + 4 (G+C)
A tabela 2 mostra o valor da Tm calculada pela fórmula de Wallace para
cada oligonucleotídeo. O valor da Tm de uma molécula de DNA ou fragmento
(iniciador) aumenta cerca de 0,4°C cada vez que a quantidade do par de bases
nitrogenadas guanina-citosina (GC) aumenta 1%. Assim, cada molécula de DNA
possui uma Tm característica que depende principalmente da proporção de bases
GC. Uma vez que a energia necessária para abrir a fita de DNA, que contém
46
grande quantidade de GC é maior, pois entre as bases GC existem três ligações de
hidrogênios, enquanto que no par adenina-timina (AT) são duas ligações de
hidrogênio.
O termociclador Mastercycler gradient Eppendorff®, possui função
“gradiente”, que permite que cada coluna de seu termobloco gere e mantenha uma
temperatura própria, independente das demais.
A técnica de gradiente foi realizada inserindo uma temperatura central de 64
ºC, para uma função gradiente de G ±3, ou seja, o termociclador distribuiu entre as
doze colunas do termobloco um espectro de temperatura correspondente a 3ºC
acima e 3ºC abaixo da temperatura central programada. A temperatura calculada,
pelo termociclador, para cada uma das colunas se encontra descrita na tabela 4.
Tabela 4 - Valores de temperatura (em ºC) para cada uma das doze colunas, baseado no cálculo, pelo termociclador, da função gradiente de G ±3 para uma temperatura central de 64ºC para as combinações A, B, C e D.
Coluna Temperatura
ºC
Coluna Temperatura
ºC
Coluna Temperatura
ºC
TA1 61,2 TA5 63,3 TA9 65,3
TA2 61,8 TA6 63,7 TA10 65,7
TA3 62,2 TA7 64,2 TA11 66,2
TA4 62,8 TA8 64,8 TA12 66.8
Foram preparadas dez reações de PCR da mesma amostra para ser testada
em cada combinação (A, B,C e D) . Posteriormente os produtos foram analisados
em eletroforese de agarose a 1,2%. Dessa forma, foi possível determinar a s
temperaturas de anelamento ideal para cada combinação de iniciadores usados
para genotipar o Sistema de grupo sanguíneo Duffy.
As amostras usadas na técnica de gradiente foram escolhidas com base na
fenotipagem, isto é, para testar a combinação C foi usada uma amostra fenotipada
como Fya, pois esta combinação amplifica o antígeno Fya. Da mesma forma foi
realizado com as demais combinações.
47
Após determinar as temperaturas de anelamento ideais para cada
combinação (A, B, C e D), as amplificações das 244 amostras coletadas foram
realizadas conforme descrito a seguir:
Para cada combinação foram acrescentados controles negativos,
constituídos da mistura de reagentes e água deionizada em substituição ao DNA.
O controle positivo foi constituído de uma amostra previamente fenotipada como
Fyab e confirmada pela genotipagem como sendo FYAFYB para as combinações
C e D. No caso da combinação B, o controle positivo foi uma amostra fenotipada e
genotipada anteriormente como Fy nulo.
Cada uma das 244 amostras foram testadas para as quatros combinações
(A, B, C e D), conforme apresentado na tabela 3, em volume final de 10µL.
Portanto, foram preparadas quatro misturas diferentes de reagentes, nas mesmas
proporções. Para cada combinação foi feita uma mistura, pois o par de iniciadores
era diferente para cada uma delas. Essa mistura era constituída de: 5 µL de DNA
alvo (50 ng), 0,1 µL (0,2 µM) de cada iniciador (For e Rev, do inglês: “Forwed e
Reversed”), 0,2 µL (0,2 mM) de dNTP mix (Promega, USA), 0,4 µL (2 mM) de
MgCl2 e 0,1 µL (0,5 U) de Taq DNA polimerase (Invitrogen®), 1 µL (1x) do tampão
da enzima (Invitrogen), e água deionizada para completar o volume reacional de 10
µL (tabela 5).
Tabela 5 – Concentrações e respectivos valores de reagentes usados na PCR.
Reagentes concentração estoque
Concentração final na reação
Volume do tubo da reação (µL)
Buffer 10X 1X 1,0 dNTP mix 10mM 0.2 mM 0,2 MgCl2 50mM 2 mM 0,4 Iniciador For 20µM 0,2 µM 0,1 Iniciador Rev 20µM 0,2 µM 0,1
DNA polimerase 5U/µL 0,5 U 0,1 DNA alvo 10ng/µL 50 ng 5,0 Água deionizada (H2O) q.s.p. 10 µL 3,1
TOTAL 10µL
FONTE: Olsson et al. (1998)
A etapa de amplificação para as combinações A, C e D da PCR foi realizada
no equipamento Mastercycler gradient da Eppendorff®, sob as seguintes
48
condições: 96°C/4min; 10 ciclos de 94°C/20seg, 66°/1,5min; seguida de 20 ciclos
de 94°C/20seg, 64,8°C/30seg e 72°C/1min; e 72°/5min. Para a combinação B, as
condições da PCR foram as seguintes: 96°C/4min; 10 ciclos de 94°C/20seg,
66°/1,5min; seguida de 20 ciclos de 94°C/20seg, 65,3°C/30seg e 72°C/1min; e
72°/5min.
De posse dos produtos das amplificações, seguimos para a etapa da
eletroforese para visualizarmos as bandas.
3.5.4 - Eletroforese de DNA em gel de agarose
O gel de agarose (Ultra Purê Agarose-Invitrogen) foi preparado a 1,2 % em
Tampão TAE 1x (Tris-Acetato 40 mM, Ac. Acético 20 mM, EDTA 1 mM) fundido em
microondas. Esperava-se que a temperatura da solução diminuísse para 55°C e
então era vertida no suporte da cuba com pente apropriado para conter o volume
apropriado (figura 12). O gel não foi preparado com brometo de etídio (BrEt), pois o
corante de corrida utilizado (EnVISIONTM DNA Dye as Loading Buffer da
AMRESCO) dispensa o uso deste.
Figura 12. Fotografia mostrando o preparo do gel de agarose a 1,2 %.
49
Após a polimerização (cerca de 30 min), a cuba era preenchida com tampão
TAE 1X. Os produtos da PCR foram aplicados no gel conforme demonstrado na
Figura 13, após homogeneização de 3 µL do produto da PCR com 2 µL do corante
de corrida (EnVISIONTM DNA Dye as Loading Buffer da AMRESCO). Foi utilizado
DNA ladder como marcador de peso molecular (100 pb). A eletroforese era
realizada a uma voltagem de 30 a 80 V, de acordo com o tempo de corrida.
Figura 13. Esquema mostrando a aplicação do produto da PCR e corante no gel.
A banda de 711bp correspondente ao produto amplificado foi visualizada no
gel através de um transluminador de Ultravioleta (UV). Os resultados foram
fotografados e armazenados em disquetes pelo equipamento Vilber Lourmat.
A reação negativa é definida pela ausência do fragmento de 711 bp e a
positividade pela presença da banda (711 bp) em gel de agarose (1,2%) sob
radiação UV. Em pacientes homozigotos, que possuem apenas um tipo de alelo
em dose dupla, visualizamos apenas uma banda em uma das quatro combinações,
enquanto que para heterozigotos, que possuem dois alelos diferentes, observamos
bandas de 711 bp em duas das quatro combinações, após a eletroforese.
As figuras 14 e 15 mostra a interpretação dos seis possíveis genótipos
detectáveis pela técnica aplicada, exceto os genótipos formados pelo alelo FYAnulo.
Produto da PCR + Corante
50
Figura 14. Interpretação dos genótipos FYAFYA, FYAFY e FYAFYB , em gel agarose a 1,2 %, detectados pela técnica de genotipagem do Sistema Duffy. Onde: PM (peso molecular de 100 pb), CN (controle negativo), A B C D (combinações).
Figura 15. . Interpretação dos genótipos FYBFYB, FYAFY e FYFY , em gel agarose a 1,2%, detectados pela técnica de genotipagem do Sistema Duffy. Onde: PM (peso molecular de 100pb), CN (controle negativo), A B C D (combinações). 3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos neste estudo foram analisados no programa Epi Info
3.4.3 (de 11/2007). As comparações entre freqüência genotípicas e fenotípicas
foram realizadas com base no teste qui - quadrado (X2) de Pearson, utilizando um
nível de significância de 5%. Considerou-se uma diferença significativa quando o p-
valor (P) foi menor que o nível de significância (P< α).
PM CN A B C D A B C D B A C D
FYAFYA FYAFY FYAFYB
PM CN A B C D A B C D B A C D
FYBFYB FYBFY FYFY
600 pb
600 pb
2000 pb
2000 pb
711 pb
711 pb
51
Esta pesquisa analisou quatro alelos do Sistema de Grupo Sanguíneo Duffy,
e foram encontrados apenas três deles (FYA, FYB e FY). Assim passamos a
considerar, para efeitos de análise estatística, um caso de Trialelismo Autossômico
com Dominância e Recessividade, onde um dos alelos (FY) se manifesta apenas
em homozigose. Os alelos FYA e FYB mantêm uma relação de co-dominância
entre si, de modo que os heterozigotos FYAFYB são responsáveis pelo grupo
sanguíneo Fyab. Esses dois alelos apresentam relação de dominância sobre o
alelo FY. Por isso, indivíduos homozigotos FYAFYA ou os heterozigotos FYAFY
apresentam o grupo sanguíneo Fya, da mesma forma acontece para o alelo FYB.
No caso do grupo sanguíneo Fy nulo, os indivíduos homozigotos são do genótipo
FYFY.
Partindo do exposto, foi utilizado o método proposto por Bernstein
(CABELLO & KRIEGER, 1997), para estimar as freqüências populacionais dos
alelos aqui pesquisados a partir do conhecimento da distribuição fenotípica Duffy.
No método de Bernstein parte-se do princípio de que a população está em
equilíbrio genético, de acordo com Hardy - Weimberg. Após a análise, é que
verificamos se a distribuição dos fenótipos na amostra estudada está de acordo
com a hipótese genética, isto é, se a amostra representa, realmente, uma
população em equilíbrio de Hardy - Weimberg, usando o teste qui-quadrado de
Pearson, ao nível de 5% de significância (CABELLO & KRIEGER, 1997).
52
4 RESULTADOS
4.1 AMOSTRAGEM
As amostras que originaram os dados deste trabalho foram obtidas
integralmente por demanda espontânea de pacientes, com sintomas compatíveis
com malária, que procuraram os serviços de diagnóstico na Unidade Mista
Hospitalar do município de Presidente Figueiredo no Amazonas. A amostragem foi
obtida no período de novembro de 2006 a junho de 2007 e a média etária dos
pacientes atendidos foi de 32 anos .
Considerando todos os pacientes que procuraram o hospital, e aceitaram
participar da pesquisa, totalizaram 244 indivíduos.
4.2 GOTA ESPESSA
Do total de indivíduos pesquisados, 80 foram diagnosticados como positivos
para P. vivax (32,79%) e 164 tiveram resultados negativos na gota espessa
(67,21%), conforme demonstrado no gráfico da Figura 16.
A análise das gotas espessas dos 80 indivíduos infectados por P. vivax,
demonstraram uma parasitemia média de 1 parasito por campo (+), após
observação de 100 campos microscópicos.
53
Negativos
67,21%
Infectados por
P. vivax
32,79%
Figura 16. Representação gráfica da positividade da Gota Espessa em 244 indivíduos de Presidente Figueiredo, Amazonas, 2006-2007.
4.3 FENOTIPAGEM DUFFY
Os resultados dos testes sorológicos, que pesquisaram a proteína Duffy na
membrana das hemácias coletadas dos 244 participantes através de
hemaglutinação, são mostrados na Tabela 6. Os fenótipos Duffy em ordem
decrescente de prevalência são: Fyab (36,07%), Fya (34,43%), Fyb (27,05%) e Fy
nulo (2,46%). Analisando os indivíduos com reação positiva para o antígeno Fyb
(n=154), a maioria, 56% foi reativo (1+), 34 % apresentou positividade de (2+) e
apenas 10% reagiram (3+). Reações fortemente positivas (4+) não foram
encontradas.
Tabela 6 - Freqüência fenotípicas Duffy de 244 indivíduos em Presidente Figueiredo, Amazonas, 2006-2007.
FENÓTIPO QUANTIDADE FREQÜÊNCIA %
Fya 84 34,43
Fyb 66 27,05
Fyab 88 36,07
Fy nulo 6 2,46
Total 244 100,00
54
4.4 TÉCNICA DE GRADIENTE
A técnica de gradiente foi realizada com o objetivo de padronização da
Temperatura de Anelamento (Ta) de cada par de iniciadores, isto é , determinar
uma temperatura de anelamento ideal para cada combinação para diminuir a
inespecificidade das bandas. A figura 17 mostra um gel de agarose contendo os
produtos amplificados usando a técnica de gradiente para a combinação (mix) C.
Figura 17: Eletroforese da padronização da temperatura de anelamento do Mix C. ONDE: PM (peso molecular 100pb), CNC (controle negativo Mix C), TA6 a TA12 (temperaturas anelamentos: 63,7; 64,2; 64,8; 65,3; 65,7; 66,2; 66,8)
A banda da coluna TA8, correspondente a temperatura 64,8°C apresentou
melhor qualidade e ausência de inespecificidade. Portanto, foi estabelecida como
temperatura de anelamento ideal para a combinação C.
Esse experimento foi repetido para cada uma das quatros combinações (A,
B, C e D) e a temperatura de 64,8°C foi determinada para combinações A, C e D.
Sendo que para a combinação B, a temperatura de anelamento de escolha foi
65,3°C.
Portanto, foram feitas adaptações nas concentrações da mistura e nas
temperaturas da PCR, descrita originalmente, para padronizar a técnica às
condições do nosso laboratório, sem que essas alterações interferissem na
interpretação dos resultados, apenas com o objetivo de aumentar a qualidade e
especificidade dos mesmos.
TA 8 = 64,8°C
PM CNC TA6 TA7 TA8 TA9 TA10 TA11 TA12
55
4.5 GENOTIPAGEM DUFFY
A Figura 18 mostra um gel de agarose a 1,2%, ilustrativo, de 16 das 244
amostras testadas, com a combinação D que detecta o alelo FYB, pela técnica de
genotipagem descrita por Olsson et al. (1998). E na figura 19 aparecem 15
amostras testadas, com a combinação B que detecta o alelo FY.
Figura 18. Gel de agarose a 1,2% de 16 das 244 amostras testadas, com a combinação D, pela técnica de genotipagem Duffy. Onde: PM (peso molecular de 100 pb), CN (controle negativo), CP (controle positivo), sendo 14 amostras positivas (711pb) e 2 negativas.
Figura 19. Gel de agarose a 1,2% de 15 das 244 amostras testadas, com a combinação B, pela técnica de genotipagem Duffy. Onde: PM (peso molecular de 100 pb) , CN ( controle negativo) , CP (controle positivo), sendo 6 amostras positivas (711pb) e 9 negativas.
600 pb
1500 pb 2000 pb
PM CN CP 100 101 102 103 104 113 112 122 127 128 129 133 134 135 136 139
08 09 10 11 12 13 21 22 23 24 25 26 27 28 CP CN 29 PM
600 pb
1500 pb 2000 pb
711 pb
711 pb
56
A genotipagem dos alelos FYA, FYB, FY e FYAnulo, descrita por Olsson et al.
(1998), usada neste trabalho para genotipar os 244 indivíduos de uma área
endêmica para malária no Amazonas, forneceu os dados de freqüência dos
genótipos e dos fenótipos, deduzidos a partir dos alelos encontrados, que estão na
Tabela 7.
Tabela 7 - Freqüência dos genótipos e fenótipos Duffy deduzidos de 244 indivíduos em Presidente Figueiredo, Amazonas, 2006-2007.
FENÓTIPO DEDUZIDO GENÓTIPO N.O FREQÜÊNCIA %
Fy (a+b-) FYAFYA ou FYAFY 56 23,0
Fy (a-b+) FYBFYB ou FYBFY 66 27,0
Fy (a+b+) FYAFYB 116 47,5
Fy (a-b-) ou Fy nulo FYFY 6 2,5
Total 244 100,00
Os achados mostram uma alta freqüência do genótipo FYAFYB (0,475),
seguido por FYBFY (0,156); FYAFYA (0,143); FYBFYB (0,115); FYAFY (0,086) e
com uma freqüência de 0,025 (2,5%) encontramos o genótipo FYFY. Neste caso, a
freqüência dos alelos FYA, FYB e FY foi respectivamente 45,6%, 42% e 12,4%.
Não foi encontrado nenhuma ocorrência para o alelo FYAnulo , associado à
ausência de expressão do antígeno Fya nas hemácias, nos 244 indivíduos
testados.
Os fenótipos Duffy, deduzido a partir dos alelos encontrados, em ordem
decrescente de prevalência são: Fyab (47,5%), Fyb (27%), Fya (23%) e Fynulo
(2,5%). A diferença nas ordens de prevalência dos fenótipos Duffy (tabelas 5 e 6)
caracteriza uma discrepância de resultados, obtidos através do emprego de duas
técnicas com metodologias diferentes (sorologia e biologia molecular). Os dados
revelam concordância entre genotipagem e fenotipagem apenas para os fenótipos
Fyb e Fy nulo. Um total de 28 indivíduos fenotipados como Fya (11,5%), na
realidade eram Fyab. A genotipagem revelou a existência do alelo FYB, em
heterozigose com o alelo FYA, deduzindo que esses 28 indivíduos apresentavam o
fenótipo Fyab e não Fya como mostraram os testes sorológicos.
57
4.6 COMPARATIVO ENTRE INFECTADOS E NEGATIVOS
A freqüência dos alelos FYA, FYB e FY foi respectivamente 55%, 38,8% e
6,3% nos pacientes infectados. No grupo negativo, foram de 36,3%, 45,1% e
18,6% (figura 20).
Freqüência alélica do sistema sangüíneo duffy em pacientes
negativos e infectados com P. vivax.
36,3
45,1
18,6
55,0
6,3
38,8
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
FYA FYB FY
Alelos
Fre
qü
ên
cia
alé
lica (
%)
NegativoP.vivax
Figura 20. Representação gráfica da freqüência alélica do Sistema sanguíneo Duffy em pacientes, negativos e infectados por Plasmodium vivax, de Presidente Figueiredo, Amazonas, 2006-2007.
A Tabela 8 compara os resultados dos genótipos e fenótipos deduzidos do
grupo sanguíneo Duffy, bem como as freqüências dos alelos, em 80 indivíduos
infectados por P. vivax e 164 indivíduos negativos.
Nenhum paciente infectado, mas 3,7% dos negativos para malária eram
homozigotos para o alelo FY (FYFY). Este alelo foi significativamente mais
prevalente em pacientes negativos (P< 0,05).
O alelo FYA, em homozigose, é significativamente mais freqüente em
infectados (P = 0,0064), essa diferença é menor quando este está associado ao
alelo FY (P = 0,0593) e para o genótipo FYAFYB não foram observadas diferenças
entre os dois grupos (P > 0,05). O alelo FYB em homozigose não demonstrou
diferença significativa (P> 0,05) no comparativo, infectados e negativos, porém
difere quando está associado ao alelo FY (P < 0,05).
59
4.7 EQUILÍBRIO GÊNICO DE HARDY-WEIMBERG
Para os cálculos de equilíbrio genético, considerando os dados obtidos de
freqüência dos fenótipos Duffy em 244 indivíduos de Presidente Figueiredo no
Amazonas, que estão no quadro a baixo:
FENÓTIPO Fy (a+b-) Fy (a-b+) Fy (a+b+) Fy (a-b-)
GENÓTIPO FYAFYA ou
FYAFY
FYBFYB ou
FYBFY
FYAFYB FYFY
N.O 56 66 116 6
% 23 27 47,5 2.5
As freqüências populacionais estimadas p, q e r dos alelos FYA, FYB e FY,
obtidas pelo método de Bernstein, são:
p = 0,431772785
q = 0,468762722
r = 0,099464492
Para verificar se a distribuição, dos fenótipos observados, está de acordo
com a hipótese genética, calculamos o qui-quadrado com um grau de liberdade
porque existem quatro classes fenotípicas (grupos Fya, Fyb, Fyab e Fy nulo) e são
necessárias três informações para calcular os valores esperados (tamanho da
amostra e as freqüências de dois genes.)
Com base no valor do qui-quadrado obtido (11,38), calculou-se a
probabilidade da população estar ou não em equilíbrio (p-valor), usando o
programa Epi Info 3.4.3, e encontramos um p-valor de 0,000742.
p-valor (P) = 0,000742 < 0,05
60
5 DISCUSSÃO
A grande diversidade de distribuição dos determinantes antigênicos Duffy,
nos diversos grupos étnicos, é característica desse sistema de grupo sangüíneo
(JENS et al., 2005). A freqüência dos alelos varia diferentemente em populações
estudadas (NOVARETTI et al., 2000; CAVASINI et al., 2001, 2006, 2007b;
CASTILHO et al., 2004). Pesquisas realizadas em regiões endêmicas de malária
mostraram que ocorrem mecanismos de defesa à infecção do P. vivax,
determinando a ocorrência de fenótipos distintos daqueles esperados (SHIMIZU et
al., 1997, 2000). Os dados de freqüências dos alelos Duffy deste trabalho, variaram
em relação aos descritos na literatura o que deve estar relacionado à presença de
pressão de seleção.
Os resultados obtidos mostraram uma alta freqüência do fenótipo Fyab
(47,5%) entre os 244 indivíduos pesquisados. Esta freqüência fenotípica detectada
assemelha-se às descritas por Cavasini et al. (2006) para Rondônia e Acre, em
que os autores descrevem as freqüências fenotípicas em quatros estados da
Amazônia Brasileira. Os resultados deste estudo, portando, são discordantes para
os estados do Pará e Amapá, uma vez que nessas localidades o fenótipo
predominante foi o Fyb com 33% e 44%, respectivamente.
Embora Cavasini et al. (2001) tenham encontrado 100% de concordância,
este trabalho apresentou 11,5% de discrepâncias entre genotipagem e
fenotipagem, em relação ao antígeno Fyb. Este fato deve-se, supostamente, à
presença do alelo FYX, que devido a sua fraca expressão na membrana da
hemácia não foi detectado pelos anticorpos anti-Fyb usados na técnica de
hemaglutinação. Outro ponto importante, que colabora para esta hipótese do
61
enfraquecimento do antígeno Fyb, foram os resultados da fenotipagem, onde
observou-se que a maioria dos indivíduos apresentou 1+ de positividade e que
reações fortemente positivas não ocorreram. Porém, estudos moleculares com
enzimas de restrição são necessários para determinar este alelo e confirmar a
suspeita da presença do SNP (265C>T/298G>A/145G>T), com vista a esclarecer a
suposta presença deste alelo na região e determinar sua prevalência.
Salienta-se a importância da genotipagem Duffy, em pacientes fenotipados
como Fyb(-), pois permite esclarecer os casos de diminuição na expressão da
proteína Duffy devido a alelos específicos.
Segundo Moulds et al. (1998), o alelo FYA é comum em indivíduos europeus
e orientais e raros em negros africanos. Enquanto que o alelo FYB é mais
freqüente em caucasóides do que em asiáticos e negros. Ambos os alelos não são
raros na população pesquisada neste trabalho. O FYA aparece com 45,5% do total
de indivíduos, seguido do FYB com 42%. Portanto, não houve diferenças
marcantes de ocorrência desses alelos na pesquisa.
O alelo FYA foi prevalente no grupo de pacientes infectados, enquanto que
no grupo negativo o alelo FYB apareceu em maior quantidade. O alelo FYA em
homozigose sugere susceptibilidade à infecção por Pv, (P < 0,05) enquanto que em
heterozigose com o FY essa susceptibilidade é diminuída, pois o alelo FY confere
proteção, como referido anteriormente. Portanto, para o genótipo FYAFY não
existe diferença entre os dois grupos (P > 0,05).
O alelo FYB não demonstrou proteção à infecção quando em homozigose
(FYBFYB), porém o efeito protetor aparece quando este se encontra associado ao
alelo FY (P < 0,05) em indivíduos heterozigotos FYBFY.
Segundo Cavasini et al. (2007b), indivíduos com o genótipo FYAFYB têm
alta susceptibilidade à malária. Os resultados desta pesquisa para este genótipo
(FYAFYB), diferentemente do esperado, não apresentaram diferenças significativas
entre os grupos estudados (P > 0,05). Desta forma, com base na análise
estatística, não é possível sugerir que este genótipo forneça proteção contra a
infecção por P. vivax, conforme descreveram Cavasini et al. (2007b).
O genótipo FYFY não foi encontrado no grupo de pacientes infectados,
coma já era esperado, pois este genótipo apresenta uma resistência à infecção por
P. vivax, descrita anteriormente (MILLER et al., 1976; MOURANT et al., 1976;
WELCH et al., 1977; MATHEUS & ARMSTRONG, 1981; CAVASINI et al., 2001),
62
embora alguns autores tenham relatado a ocorrência de malária por P. vivax em
indivíduos com o alelo FY em homozigose (RYAN et al., 2006; CAVASINI et al.,
2007b). O alelo FY teve sua ocorrência aumentada significativamente no grupo de
pacientes negativos (P < 0,05), demonstrando que essa mutação pontual pode ser
uma seleção vantajosa em populações de área endêmica para o P. vivax.
A maioria dos africanos ocidentais e cerca de 70% dos negros americanos
não expressa os antígenos Fya e Fyb em seus eritrócitos (MOURANT et al., 1976),
isto explica o motivo pelo qual a alta freqüência pré-existente do fenótipo nulo
impediu que a malária, por P. vivax, tornasse endêmica na África ocidental
(LIVINGSTONE, 1984). Observações relatadas no oeste da África e na Etiópia
demonstram uma forte correlação entre a ausência ou diminuição da endemicidade
da malária pelo P. vivax e a alta prevalência do alelo FY (WELCH et al., 1977;
MATHEWS & ARMSTRONG, 1981). No entanto, pesquisas atuais demonstraram
indícios de que o Pv conseguiu infectar 32 crianças com antígenos Duffy negativos
no Quênia (RYAN et al., 2006). Recentemente, no Brasil, outro estudo indicou
evidências de transmissão da malária em dois indivíduos Duffy negativos em Porto
Velho, estado de Rondônia (CAVASINI et al., 2007a).
Foi observada também uma redução na ocorrência do alelo FY em
heterozigose nos indivíduos infectados, como descreveram anteriormente
Kasehagen et al. (2007). Este dado sugere redução na susceptibilidade à infecção
por Pv em heterozigotos (FYAFY e FYBFY). A explicação para essa observação
está descrita num estudo de MICHON et al. (2001) com indivíduos heterozigotos
para o alelo FY, em Papua New Guinea (PNG). Os autores descobriram que as
hemácias desses indivíduos expressavam 50% menos antígenos Duffy,
acarretando uma diminuição da aderência da proteína Duffy ao seu ligante no
Plasmodium vivax, uma proteína chamada DBP (DBP, do inglês: “Duffy binding
protein”).
Embora existam relatos da presença do alelo FYAnulo na Amazônia (LANGUI
JÚNIOR et al., 2004), não foi encontrada nenhuma ocorrência deste alelo no
estudo, concordando com os achados prévios de Cavasini et al. (2001).
Com base nos conceitos de freqüência gênica (proporção de um
determinado gene) e evolução (variação na freqüência gênica de uma população),
avaliamos o equilíbrio genético da população estudada usando o Teorema de
Hardy - Weimberg. A importância desse teorema para as populações naturais está
63
no fato de ele estabelecer um modelo para o comportamento dos genes. Desse
modo, foi possível estimar freqüências fenotípicas ao longo das gerações e
compará-las com as freqüências obtidas na prática. Os valores observados foram
significativamente diferentes dos valores esperados (P < 0,05), permitindo concluir
que fatores evolutivos estão atuando sobre essa população e que ela está
evoluindo. Portanto, os resultados deste estudo demonstram que a população
amostrada de Presidente Figueiredo no Amazonas não está em equilíbrio gênico
de acordo com Hardy - Weimberg, indicando que há pressão de seleção natural
nessa população que reside em área endêmica para a malária no Amazonas.
Este trabalho determinou as freqüências dos genótipos e fenótipos Duffy em
indivíduos de uma área endêmica para malária na Amazônia. A partir dos dados
apresentados nesta pesquisa, novos estudos aprofundando a discussão sobre
malária e receptores moleculares serão desenvolvidos, permitindo uma abordagem
ampla do assunto, tendo como base de comparação as freqüências aqui descritas.
Estudos de susceptibilidade são importantes, pois determinam o nível de
exposição de uma determinada população frente a um patôgeno e auxiliam o
conhecimento da dinâmica de transmissão, bem como dos mecanismos de defesa
contra a determinada doença.
Podemos relacionar o potencial biotecnológico da técnica de genotipagem
do Sistema Duffy em três situações principais:
Para seleção de doadores de sangue, em pacientes previamente
fenotipados como Fyb(-). Nesses casos é importante determinar o genótipo Duffy
para evitar aloimunização, pois o doador pode ter um fenótipo Fyb fracamente
expresso que não é detectado pela fenotipagem, esse antígeno poderá sensibilizar
o receptor, produzindo anti-Fyb.
Em casos de suspeita de Doença hemolítica Peri Natal (DHPN), pois
os anticorpos anti-Fy são na sua maioria da classe IgM, anticorpos que atravessam
a placenta, e que podem desenvolver doença hemolítica no feto ou recém nascido.
Em estudos de susceptibilidade às doenças, através das freqüências
alélicas populacionais, podemos prever o grau de exposição de uma população a
uma determinada patologia. Nesse trabalho foi abordada apenas a malária, mas
como mencionado anteriormente os antígenos Duffy são receptores para citosinas,
principalmente a IL-8, e por esse motivo existem diversos trabalhos associando a
proteína Duffy com as mais variadas patologias.
64
6 CONCLUSÃO
Foram determinadas as freqüências genotípicas e fenotípicas do Sistema de
grupo sanguíneo Duffy em indivíduos de área endêmica para malária em
Presidente Figueiredo/AM. Os alelos estudados variam em relação aos
descritos na literatura.
Os dados mostraram alta freqüência do fenótipo Fyab na população
estudada. O genótipo FYFYB não apresentou diferença significativa entre
infectados e negativos.
O alelo FYA foi mais freqüente em infectados, e o alelo FYB nos negativos.
No entanto, na população geral, não houve diferença marcante de
ocorrência desses dois alelos.
A presença do alelo FY é uma seleção vantajosa, pois reduz os casos de
infecção pelo P. vivax em áreas endêmicas para malária no Amazonas. O
alelo FY demonstrou proteção em homozigose e em heterozigose mostrou
uma redução dessa susceptibilidade.
O fenótipo nulo não foi observado no grupo de pacientes infectados por P.
vivax , confirmando a resistência à infecção.
Não foi encontrada nenhuma ocorrência para o alelo FYAnulo no estudo.
65
Foram observados 11,5% de não concordância entre genótipo e fenótipo.
Esse dado deve-se supostamente a uma diferença de expressão do
antígeno Fyb nas hemácias dos indivíduos, o que nos leva a supor a
presença do alelo FYX e sugerir genotipagem Duffy em indivíduos
fenotipados como Fyb negativo.
A população amostrada, de Presidente Figueiredo no Amazonas, não está
em equilíbrio gênico de acordo com Hardy – Weimberg.
Salientamos a Importância biotecnológica da genotipagem do Sistema Duffy
em seleção de doadores de sangue, Doença Hemolítica Peri Natal e em
estudos de susceptibilidade.
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