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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
KEVISON ROMULO DA SILVA FRANÇA
CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS DE APARELHOS
CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR
NA PARAÍBA
PATOS – PB
2016
KEVISON ROMULO DA SILVA FRANÇA
CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS DE APARELHOS
CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA UNIDADE HOSPITALAR
NA PARAÍBA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande como parte dos requisitos para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.
Orientador (a): Profª. Drª. Cyntia Helena Pereira de Carvalho
PATOS – PB
2016
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR
F815c
França, Kevison Rômulo da Silva
Caracterização de microrganismos isolados a partir de aparelhos celulares de profissionais de saúde do hospital regional senador Rui Carneiro, Pombal – PB / Kevison Rômulo da Silva França. – Patos, 2016.
54f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) -
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2016.
“Orientação: Profª. Drª Cyntia Helena Pereira de Carvalho”
Referências. 1. Aparelho celular. 2. Controle de infecções. 3. Infecção.
4. Fômites. 5. Profissionais de saúde. I. Título.
CDU 579
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Aluízio e Raimunda França pelo apoio em todos os momentos
da graduação, pelos ensinamentos e dedicação.
À Deus, por ter tornado meus fardos menores e por ter me dado força pra
seguir em frente diante todas as dificuldades. Sim, foram muitas.
Aos meus familiares, em especial às minhas amadas tias que estão longe.
Obrigado por sempre torcerem por mim.
Aos meus padrinhos, Maria Aparecida e Francerlan Costa pelo apoio.
À minha querida orientadora, Drª Cyntia Helena, pelos ensinamentos e pela
confiança. Obrigado por me ajudar em todos os momentos e em tudo que estava ao
seu alcance.
À minha querida professora, Rosália Medeiros, por ter me auxiliado em todos
os momentos desta pesquisa, por estar sempre disponível e pelo notório prazer em
ajudar o próximo. Serei eternamente grato.
À senhora Ramayana Kévia, Diretora do Hospital Regional de Pombal, por
permitir a realização da pesquisa. À toda equipe de saúde da instituição, em
especial à Juglene Queiroga, Enfermeira responsável pelo CCIH do Hospital
Regional de Pombal, por ter me acolhido tão bem na instituição. Por ter tido a
preocupação de saber se tudo estava indo bem e por me acompanhar em todas as
coletas, tornando essa parte do trabalho um pouco mais fácil.
À minha amiga Jéssica Pereira pelo companheirismo e apoio incondicional na
realização desta pesquisa.
Aos técnicos e funcionários do CSTR que me ajudaram de forma direta ou
indiretamente. Em especial à minha querida amiga Aline Diniz, por ter sido minha
companhia diária no laboratório e por me ajudar em todos os momentos que
precisei. Sua bondade é algo que não se encontra em qualquer pessoa. Muito
obrigado.
À toda equipe do laboratório de microbiologia veterinária do Hospital
Veterinário pelo valioso conhecimento que adquiri enquanto estagiário. Um obrigado
em especial ao amigo Ednaldo José, Biólogo responsável pelo laboratório, por
sempre ter me ajudado em tudo que estava ao seu alcance.
Enfim, às pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
desse trabalho e sempre confiaram em mim.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Localização geográfica do Hospital Regional Senador Rui
Carneiro, no município de Pombal-PB..........................................
20
Figura 2 - Caracterização de cepas de Staphylococcus spp., através de
técnica de coloração de Gram......................................................
22
Figura 3 - Comportamento de cepas de Staphylococcus spp. em Ágar
Manitol: A- Staphylococcus spp. não fermentador de manitol; B-
Staphylococcus spp. fermentador de manitol...............................
23
Figura 4 - Caracterização morfológica de bacilos Gram positivos através
da técnica de coloração de Gram. A- Corynebacterium spp.; B-
Outros bacilos Gram positivos......................................................
23
Figura 5 - Caracterização morfológica de bacilos Gram negativos através
da técnica de coloração de Gram.................................................
24
Figura 6 - Fermentação de lactose por Enterobactérias em Ágar
MacConkey: A - Fermentadora de lactose; B - Não
fermentadora de lactose...............................................................
24
Figura 7 - Distribuição dos participantes por categoria profissional da
equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,
Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.................
27
Figura 8 - Faixa etária dos profissionais da equipe de saúde do Hospital
Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de
fevereiro à março de 2016............................................................
34
Figura 9 - Frequência de higienização dos aparelhos celulares pelos
profissionais da equipe de saúde do Hospital Regional Senador
Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de
2016..............................................................................................
36
Figura 10 - Agentes químicos utilizados para a desinfecção do aparelho
celular pelos profissionais da equipe de saúde do Hospital
Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de
fevereiro à março de 2016............................................................
36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número de amostras de aparelhos celulares distribuídas por
setor de atuação dos profissionais de saúde do Hospital
Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de
fevereiro à março de 2016...........................................................
26
Tabela 2 - Comparação entre as taxas de contaminação de aparelhos
celulares em ambiente hospitalar, de profissionais de saúde em
diversos estudos............................................................................
27
Tabela 3 - Agentes bacterianos isolados a partir de aparelhos celulares de
profissionais da equipe de saúde Hospital Regional Senador Rui
Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016..
28
Tabela 4 - Agentes bacterianos isolados de aparelhos celulares da equipe
de saúde de acordo com seus setores de atuação, no Hospital
Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de
fevereiro à março de 2016.............................................................
31
Tabela 5 - Contagem de microrganismos mesófilos aeróbios em superfície
de aparelhos celulares da equipe de saúde do Hospital Regional
Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à
março de 2016...............................................................................
32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11
2 OBJETIVOS........................................................................................... 13
2.1 GERAL .................................................................................................. 13
2.2 ESPECÍFICOS ...................................................................................... 13
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 14
3.1 INFECÇÕES HOSPITALARES: DEFINIÇÃO E CASUÍSTICA NO
BRASIL E NO MUNDO ..........................................................................
14
3.2 MICRORGANISMOS CAUSADORES DE IACS ................................... 15
3.3 APARELHOS CELULARES COMO FÔMITES DE PATÓGENOS EM
AMBIENTE HOSPITALAR .....................................................................
16
3.4 PRÁTICAS DE HIGIENIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DAS IACS ............. 19
4 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................... 20
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................... 20
4.2 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................... 20
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................. 20
4.4 TESTE PILOTO ..................................................................................... 21
4.5 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS .. 21
4.6 ISOLAMENTO PRIMÁRIO ..................................................................... 22
4.7 TESTES BIOQUÍMICOS E IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES ............ 22
4.7.1 Staphylococcus spp. ........................................................................... 22
4.7.2 Bacilos Gram positivos ....................................................................... 23
4.7.3 Bacilos Gram negativos ...................................................................... 24
4.8 CONTAGEM TOTAL DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS
AERÓBIOS ............................................................................................
25
4.9 POSICIONAMENTO ÉTICO .................................................................. 25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 26
5.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS ........................................................ 33
6 CONCLUSÕES ...................................................................................... 39
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 40
APÊNDICES ................................................................................................ 45
ANEXOS ...................................................................................................... 50
RESUMO
Os aparelhos celulares são acessórios indispensáveis na nossa rotina pessoal e
profissional. Em ambiente hospitalar, são considerados um dos mais importantes
veículos na transferência de patógenos associados à infecções. O presente estudo
avaliou a presença de microrganismos em aparelhos celulares da equipe de saúde
do Hospital Regional de Pombal “Senador Rui Carneiro”. Foram realizadas coletas
em 42 aparelhos celulares da equipe de saúde, incluindo Enfermeiros (15), Técnicos
em Enfermagem (20), Auxiliares em Enfermagem (2), Médicos (3), Fisioterapeuta (1)
e Assistente Social (1). Os profissionais de saúde participantes do estudo foram
submetidos à um questionário específico à respeito do uso do aparelho celular em
ambiente hospitalar e sobre o conhecimento das IACS (Infecções Associadas aos
Cuidados de Saúde). As amostras foram cultivadas e as espécies foram
identificadas quando possível. Os resultados revelaram crescimento bacteriana em
todas as amostras. Staphylococcus spp. foram os agentes bacterianos mais
prevalentes, isolados em 30 amostras (71,4%). Outros agentes bacterianos isolados,
foram: Escherichia coli (5/11,90%), Klebsiella pneumoniae (4/9,52%), Klebsiella spp.
(4 / 9,52%), Pseudomonas aeruginosa (3 / 7,14%), Enterobacter spp. (10 / 23,80%)
e Citrobacter diversus (8 / 19,04%). Quando questionados os profissionais de saúde
afirmaram utilizar o aparelho celular em ambiente hospitalar, ainda que 79%
afirmaram não atender chamadas enquanto realizam atendimento em seus
pacientes. Foi possível observar algumas contradições nas respostas dadas pelos
participantes, como: todos os participantes acreditavam que o aparelho celular
poderia veicular microrganismos, mas a maioria não higieniza as mãos após o uso
do celular e também não higieniza o aparelho. Além disso, os 40% que relataram
higienizar o aparelho celular não souberam explicar de forma satisfatória como
fazem a higienização. Concluiu-se que os aparelhos celulares da equipe de saúde
em estudo, podem servir de reservatório e veículo de transmissão de
microrganismos causadores de infecção associadas aos cuidados de saúde. É
necessário então que as boas práticas de higienização tanto das mãos quanto dos
aparelhos celulares sejam seguidas de forma mais rígida na instituição.
Palavras-Chave: Aparelho celular. Controle de infecções. Infecção. Fômites. Profissionais de saúde.
ABSTRACT
Mobile phones are essential accessories in our personal and professional routine. In
a hospital environment, they are considered one of the most important vehicles in the
transference of pathogens associated with infections. The present study evaluated
the presence of microorganisms on mobile devices of the healthcare team from the
Regional Hospital of Pombal "Senador Rui Carneiro." Sampling was carried out from
42 mobile phones of the health team including Nurses (15), Technical Nurses (20),
Auxiliary Nurses (2), Physicians (3) Physiotherapist (1) and Social Work (1). All of the
healthcare professionals included in this study were submitted to a specific
questionnaire about the use of mobile phones in hospital environment as well as their
knowledge about the HAI (Healthcare Associated Infections). The samples were
cultivated and species were identified when possible. The results showed bacterial
growth in every single sample. Staphylococcus spp. were the most prevalent
bacterial agents isolated in 30 samples (71,4%). Other bacterial agents isolated
were: Escherichia coli (5 / 11.90%), Klebsiella pneumoniae (4 / 9.52%), Klebsiella
spp. (4 / 9.52%), Pseudomonas aeruginosa (3 / 7.14%), Enterobacter spp. (10 /
23.80%) and Citrobacter diversus (8 / 19.04%). Analysis of the questionnaires
showed that all of the health professionals questioned said they use cell phone in the
hospital, while 79% said they do not answer calls while taking care of their patients. It
was possible to observe some contradictions in the answers given by the
participants, such as: although all participants believed that the mobile device may
serve as vehicle for microorganisms, most of them sanitize neither their hands, after
using a cell phone, nor the device. Besides, the 40% who reported sanitizing the
mobile device do not know how to explain satisfactorily how they’ve been doing the
cleaning. It was concluded that the cell phones of the healthcare team in the study
may serve as a reservoir and vehicle of transmission of infection-causing
microorganisms associated with health care. So, it is necessary that good sanitation
practices of both hands and cell phones are followed more strictly at the institution.
Keywords: Cell phones. Infection control. Infection. Fomites. Health professionals.
11
1. INTRODUÇÃO
As infecções associadas aos cuidados de saúde (IACS) correspondem a um
importante problema enfrentado por hospitais modernos, uma vez que estão
relacionadas à um alto índice de mortalidade e morbidade de pacientes
hospitalizados (PINA et al., 2010).
Em ambiente hospitalar as fontes de microrganismos patogênicos que podem
estar relacionados com as IACS são inúmeras. Além dos instrumentos utilizados na
prestação de cuidados, outros objetos capazes de veicular microrganismos (fômites)
estão presentes e merecem atenção. O manuseio direto destes objetos sem a
devida higienização podem torná-los reservatório e veículos em potencial de
microrganismos associados à IACS.
Os aparelhos celulares de profissionais de saúde são um dos mais
importantes veículos na transferência de agentes associados à IACS (PARHIZGARI,
2013). Em ambiente hospitalar o seu uso é estendido em todos os setores, incluindo
aqueles que comportam pacientes em estado crítico, como os imunocomprometidos,
que são bastante susceptíveis à IACS.
Há estudos que evidenciam que os aparelhos celulares podem ser
considerados fômites em potencial, uma vez que proporcionam aos microrganismos
um ambiente propício para o seu desenvolvimento, como calor constante e umidade
(BRADY, et al., 2006; ARORA et al., 2009; EL-ASHRY & EL-SHESHTAWY, 2014).
Em ambiente clínico por estar sempre ao alcance das mãos pode favorecer a
disseminação destes patógenos, principalmente quando não se é feita uma
higienização adequada do aparelho (TANKHIWALE et al., 2012).
O controle das IACS não é tarefa fácil, já que além da esfera institucional, os
cuidados individuais de cada profissional de saúde são fundamentais para promover
a prevenção, dessa forma depende da conscientização de cada um.
Apesar de toda complexidade do controle das IACS, os métodos de
higienização de mãos e aparelhos, por mais simples que sejam, são eficazes na
redução de microrganismos sobre superfícies, atuando assim na redução da
proliferação destes patógenos em ambiente hospitalar.
É necessário também a realização de trabalhos investigativos em conjunto
com as instituições de saúde, uma vez que, para que sejam traçadas metas de
controle, é necessário que cada instituição tenha conhecimento dos patógenos mais
12
importantes que são responsáveis por doenças e também, que haja a prevenção e
conscientização dos profissionais a respeito da importância da higienização das
mãos e aparelhos celulares na redução da disseminação destes patógenos.
A realização do presente estudo justifica-se pelo fato de que no Brasil apesar
da existência de trabalhos publicados avaliando contaminação de aparelhos
celulares, apenas um foi realizado em ambiente hospitalar (STUCHI et al., 2013),
desta forma são necessários mais trabalhos desta natureza.
Objetivou-se com o presente trabalho verificar a presença e caracterizar os
microrganismos isolados a partir da superfície de aparelhos celulares da equipe de
saúde do Hospital Senador Rui Carneiro, localizado no município de Pombal-PB.
Tendo conhecimento sobre os microrganismos mais prevalentes e se estes são
comumente relacionados às IACS, os resultados obtidos poderão ser utilizados
futuramente para conscientização da equipe de saúde para que munidos deste
conhecimento possam atuar mais efetivamente no controle das infecções causadas
por esses patógenos.
13
2. OBJETIVOS
2.1 GERAL
Verificar a presença e caracterizar os microrganismos isolados a partir da
superfície de aparelhos celulares da equipe de saúde do Hospital Senador Rui
Carneiro, localizado no município de Pombal-PB.
2.2 ESPECÍFICOS
Determinar se os aparelhos celulares da equipe de saúde do hospital estão
contaminados com alguma espécie bacteriana;
Identificar quais as espécies bacterianas que podem ser isoladas a partir
destes aparelhos celulares;
Relacionar os microrganismos isolados às infecções associadas aos cuidados
de saúde;
Realizar a contagem de microrganismos mesófilos aeróbios dos aparelhos
celulares da equipe de saúde.
14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 INFECÇÕES HOSPITALARES: DEFINIÇÃO E CASUÍSTICA NO BRASIL E NO
MUNDO
De acordo com a Portaria n.º 2.616 de 12 de maio de 1998, Infecção
Hospitalar é definida como aquela que apresenta manifestação clínica a partir de 72
horas após a admissão do paciente em ambiente hospitalar, ou após a alta, desde
que o quadro infeccioso esteja relacionado ao ambiente hospitalar ou a
procedimentos realizados na instituição (BRASIL, 1998, GARCIA et al., 2013).
Mundialmente, os termos “infecção hospitalar” e “infecção nosocomial” são
considerados ultrapassados e há alguns anos o CDC – Centro de Controle de
Doenças e Prevenção – aconselha a substituição pelos termos “Infecção
Relacionada à Assistência de Saúde (IRAS)” ou “Infecções Associadas aos
Cuidados de Saúde (IACS)”. Estes termos têm uma abrangência maior e envolvem
todas as formas de infecção, sejam elas adquiridas no ambiente hospitalar
relacionados a procedimentos invasivos ou em qualquer outro local em que se
presta algum tipo de cuidado ou assistência à saúde, como procedimentos
realizados em ambulatório e os cuidados domiciliares, por exemplo (HORAN et al.,
2008; HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2015).
As infeções associadas aos cuidados de Saúde vêm aumentando em
números de ocorrência diariamente em todo mundo e afeta tanto países
desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Estão entre as principais causas de
óbito além de contribuírem para um aumento significativo nas taxas de morbidade e
mortalidade em pacientes hospitalizados. Acabam sendo um grande problema
enfrentado pelos hospitais em todo mundo, sendo uma carga negativa tanto para
pacientes quanto para a saúde pública (WHO, 2002; MOHAMMADI-SICHANI &
KARBASIZADEH, 2011; BADR et al., 2012).
Em 2002, o número estimado de infecções associadas ao cuidado de saúde
em hospitais norte-americanos foi de aproximadamente, 1,7 milhões. Entre
pacientes acometidos de alguma infecção houve 155.668 mortes, das quais 99.987
foram causadas ou associadas diretamente ou indiretamente às IACS (KLEVENS et
al., 2007).
Dados mais recentes de um estudo de prevalência de IACS, em hospitais
norte-americanos, em 2011, mostraram que dos 11.282 pacientes incluídos na
15
amostra 452 (40%) tiveram uma ou mais de uma ocorrência. Além destes
resultados, os autores estimaram que o total de pacientes com ao menos uma IACS
em 2011 foi de 648.000 (MAGILL et al., 2014).
Um estudo de prevalência de IACS realizado em países da Europa pelo
ECDC – Centro de Controle de Doenças e Prevenção Europeu – mostrou que dos
231.459 pacientes incluídos na amostra 13.829 (6%) foram notificados por ter ao
menos uma IACS. O número anual estimado para pacientes acometidos de IACS na
Europa entre 2011 e 2012 foi de 3,2 milhões (ECDC, 2013).
No Brasil, os dados obtidos sobre IACS são pouco divulgados e a prevalência
exata é desconhecida. Além disso, não existe um sistema de rastreamento efetivo
que possibilite uma avaliação adequada dos casos de infecção associadas aos
cuidados de saúde. Desta forma, não é possível estimar a real dimensão do
problema no país, além de aspectos relacionados como: fatores de risco de tais
infecções e microrganismos comumente envolvidos, aspectos esses que são
fundamentais para que se planejem de forma efetiva estratégias de controle
(TURRINI & SANTO, 2002; LISBOA et al. 2007).
3.2 MICRORGANISMOS CAUSADORES DE IACS
As fontes de microrganismos que podem causar IACS podem ser endógenas
ou exógenas. As fontes endógenas são compostas por microrganismos que habitam
partes do corpo do paciente e que sob condições normais não causam doença, por
exemplo: microrganismos da flora normal da pele, boca, nariz, genitálias. Já as
fontes exógenas são aquelas externas ao corpo do paciente. Os microrganismos
exógenos podem estar contidos nos profissionais de saúde, cuidadores, visitantes,
equipamentos utilizados na prestação de cuidados, dispositivos eletrônicos e o
próprio ambiente hospitalar (HORAN et al., 2008).
As IACS causadas por Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Enterococcus
spp. e outros Staphylococcus spp. coagulase negativa podem ser transmitidos por
objetos inanimados, e, a contaminação pode ser originária de hábitos higiênicos,
sendo assim, é necessária uma boa higienização das mãos após a manipulação de
dinheiro, assim como após a manipulação de outros objetos (MANGRAM et al.,
1997).
Um estudo epidemiológico sobre a prevalência de IACS em um hospital de
Fortaleza – CE, mostrou que alguns dos principais agente relacionados com esses
tipos de infecção na instituição, foram os agentes bacterianos: Staphylococcus
16
aureus, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter sp.
Escherichia coli, Enterobacter sp. e Candida sp. (NOGUEIRA et al., 2009). O estudo
reuniu 149 registros de pneumonias, infecções de corrente sanguínea, infecções de
trato urinário e infecções de sítio cirúrgico. A espécie K. pneumoniae foi a mais
associada às pneumonias; S. aureus foi indicada como a principal causadora das
infecções de corrente sanguínea; E. coli, K. pneumoniae e Candida sp. foram os
principais agentes associados às infecções de trato urinário; e, as infecções de sítio
cirúrgico foram causadas em sua maioria por S. aureus, E. coli, K. pneumoniae e P.
aeruginosa.
Outro estudo realizado em um hospital e maternidade em Santa Catarina - RS
mostrou que, os agentes etiológicos causadores das infecções de trato urinário mais
comuns, são os membros da família Enterobacteriaceae. A espécie mais
predominante foi a Escherichia coli, seguida por Klebsiella spp., Enterobacter spp. e
P. aeruginosa (BLATT & MIRANDA, 2005).
Pseudomonas aeruginosa é um patógeno de importância médica,
responsável por infecções em diversos sítios do corpo humano, sendo que o grupo
mais acometido por esse patógeno são os pacientes imunocomprometidos. As
cepas isoladas são frequentemente resistentes a diferentes classes de
antimicrobianos, fator esse que agrava o controle das infecções causadas por esse
patógeno (FUENTEFRIA et al., 2008).
3.3 APARELHOS CELULARES COMO FÔMITES DE PATÓGENOS EM AMBIENTE
HOSPITALAR
Um objeto amplamente utilizado pela população mundial e que podem tornar-
se fômites em potencial são os aparelhos celulares. Brady et al. (2011), associaram
a combinação entre o manuseio constante e o calor gerado pelos aparelhos
celulares como um ambiente propício para o crescimento de microrganismos
associados à nossa pele.
Por serem considerados dispositivos necessários ao nosso cotidiano, o seu
uso pode ocorrer dentro do ambiente hospitalar por pacientes, acompanhantes e até
pelos próprios profissionais de saúde, e, por serem propensos à contaminação
podem favorecer a ocorrência e veiculação de diferentes patógenos. O uso do
dispositivo pode ser estendido inclusive em unidades de terapia intensiva, onde são
tratados pacientes em estado grave e com sistema imune debilitado, sendo este um
grupo bastante suscetível a infecções (KARABAY et al., 2007; TAMBE & PAI, 2012).
17
Vários estudos realizados em instituições de saúde em todo o mundo têm
evidenciado que o aparelho celular pode ser considerado um fômite ao servir de
reservatório de diferentes microrganismos que são comumente associados às IACS
(KARABAY et al., 2007; ULGER et al., 2009; BATH et al., 2011; TAMBE & PAI,
2012).
Em seu estudo, Karabay et al. (2007) realizaram a análise de 122 aparelhos
celulares de profissionais de saúde em um hospital escola na Turquia. A taxa de
contaminação dos aparelhos foi de 90,98%. No entanto bactérias que podem estar
relacionadas às IACS foram isoladas em apenas 10 (9%) dos aparelhos
contaminados. Sendo estes os patógenos: Escherichia coli, Enterococcus faecalis
(sensível à vancomicina), Pseudomonas aeruginosa, P. fluorensis, Klebsiella
pneumoniae.
Ulger et al. (2009) realizaram um estudo com profissionais de saúde em uma
Unidade de Terapia Intensiva em um hospital na Turquia. Foram coletadas amostras
da mão dominante e do aparelho celular de 200 funcionários participantes do
estudo, entre médicos, enfermeiros e outros profissionais. Dos 200 aparelhos
celulares analisados, 94,5% apresentaram contaminação bacteriana por uma ou
mais espécies. Entre os isolados estão algumas espécies comumente associadas a
IACS, como patógeno Staphylococcus aureus resistente à meticilina que foi isolado
em 52% dos aparelhos e em 27,7% da mão dominante dos participantes. Outros
patógenos nosocomiais isolados foram: Bactérias Gram negativas não
fermentadoras, coliformes, Enterococcus spp. e leveduras.
Em um estudo realizado por Bath et al. (2011), utilizando 204 aparelhos
celulares de médicos em um hospital na Índia, observou-se crescimento bacteriano
em 201 destes (98,51%), apresentando o Staphylococcus spp. coagulase negativa
como patógeno mais prevalente. No entanto espécies associadas às IACS foram
isoladas em 154 das amostras, incluindo Pseudomonas aeruginosa (43) Escherichia
coli (34), Staphylococcus aureus sensível à meticilina (29), Klebsiella pneumoniae
(16), Staphylococcus aureus resistente à meticilina (10) e outras espécies menos
ocorrentes.
Mohammadi-Sichani & Karbasizadeh (2011), realizaram um trabalho com
aparelhos celulares de 150 profissionais de saúde entre médicos, enfermeiros,
residentes, internos, e outros trabalhadores em um hospital no Iran. Dos 150
aparelhos amostrados, 141 (94%) apresentaram evidência de contaminação
bacteriana de uma ou mais espécies. Em 50 (33,3%) dos aparelhos foram isolados
18
os seguintes patógenos: Staphylococcus aureus sensível à meticilina, S. aureus
resistente a meticilina, P. aeruginosa, Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter
spp., e Enterococcus faecalis.
Tambe & Pai (2012), realizaram um estudo com profissionais de saúde em um
hospital na Índia. Participaram desse estudo 120 profissionais divididos em quatro
grupos: técnicos de laboratório (n=30), maqueiros (n=30), médicos (n=30) e
enfermeiros (n=30). Das 120 amostras coletadas dos aparelhos celulares, 99
(82,5%) apresentaram contaminação bacteriana ou fúngica; em 85, (70,8%) foram
isolados patógenos nosocomiais, como: Staphylococcus aureus, Escherichia coli,
Enterococcus sp., Pseudomonas sp., Citrobacter sp., Acinetobacter sp.,
Enterobacter sp. S. aureus foi o patógeno mais prevalente sendo isolado em 54,16%
das amostras contaminadas onde 16,9% destas cepas foram resistentes à meticilina.
Foram isoladas também algumas espécies de fungos, sendo as mais prevalentes
Candida sp. e Aspergillus spp.
Um estudo brasileiro realizado em 2013, em um Hospital em Minas Gerais,
avaliou a contaminação bacteriana e fúngica dos aparelhos celulares de 60
profissionais de saúde. Foram coletadas amostras dos aparelhos celulares, da
cavidade bucal e nasal dos participantes. A espécie Staphylococcus aureus foi
isolada a partir da região nasal de 33,3% dos participantes e isolada em 6,7% dos
aparelhos celulares; Streptococcus do grupo mitis/salivarius foi isolado em 100% das
amostras coletadas da região bucal dos participantes e isolados em 8,3% dos
aparelhos celulares. Enterobactérias foram isoladas apenas em aparelhos celulares
de 1,7% dos participantes. Os resultados mostraram que a contaminação dos
aparelhos celulares, e secreções das cavidades bucal e nasal da equipe de saúde
podem veicular agentes infecciosos e atuar na disseminação desses microrganismos
(STUCHI et al., 2013).
Sharma & Jhanwar (2015), colheram amostras a partir de aparelhos celulares
de 40 profissionais de saúde empregados no setor de Obstetrícia em uma Faculdade
de Medicina na Índia. Das 40 amostras coletadas, 34 (85%) apresentaram
contaminação bacteriana. A espécie S. aureus foi o microrganismo isolado mais
comum 25 (62%), seguido por Klebsiella spp. 21 (56%). Enterococcus spp.,
Pseudomonas spp. e Escherichia coli também foram isolados em um número menor
de amostras.
19
3.4 PRÁTICAS DE HIGIENIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DAS IACS
Admitindo a perspectiva de que os aparelhos celulares são dispositivos
necessários na nossa rotina pessoal e profissional, restringir o seu uso não é uma
alternativa prática. No entanto, a adoção de boas práticas de higienização de mãos
e aparelho é uma alternativa efetiva na prevenção de IACS. (ARORA, et al. 2009;
TRIVEDI, et al., 2011).
Arora et al. (2009), analisaram 160 aparelhos celulares de profissionais de
saúde em setores clínicos e não clínicos em um hospital na Índia. Foram realizadas
culturas dos aparelhos antes e após a desinfecção com álcool isopropílico a 70%. A
taxa de contaminação dos aparelhos nos setores clínicos foram de 40,62% (65
aparelhos) e nos setores não clínicos foram de 19,37% (31 aparelhos).
Staphylococcus spp. coagulase negativa foi o patógeno mais comum isolado,
seguido por E. coli em ambos os setores. Já, após a desinfecção com o álcool
isopropílico, em apenas 5 dos 160 aparelhos (3,1% aproximadamente) foi observado
um novo crescimento bacteriano, provando assim a eficácia da desinfeção ser de
quase 97%.
Badr et al. (2012), realizaram culturas da mão dominante de 32 profissionais
de saúde (cirurgiões, anestesistas e enfermeiros) desinfetadas com álcool em gel e
da mesma mão após simularem uma ligação utilizando o aparelho celular. Após a
desinfecção não houve crescimento bacteriano em nenhuma das 32 amostras. Após
o uso do aparelho celular a taxa de contaminação aumentou cerca de 93,7%
indicando que a solução a base de álcool foi eficiente na desinfecção e confirmando
que o aparelho celular pode ser um reservatório de microrganismos.
20
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Foi realizado um estudo de caráter transversal e exploratório com a equipe de
saúde do Hospital Regional “Senador Rui Carneiro” da cidade de Pombal - PB.
4.2 ÁREA DE ESTUDO
O Hospital Regional de Pombal “Senador Rui Carneiro” é uma entidade
estatal prestadora de serviços médicos e hospitalares localizada no município de
Pombal, no sertão paraibano (Figura 1).
Figura 1 – Localização geográfica do Hospital Regional Senador Rui Carneiro, no
município de Pombal-PB.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população alvo foi composta por indivíduos pertencentes à equipe de saúde
que obedecessem aos seguintes critérios:
1) Maiores de 18 anos;
21
2) Profissionais que estão em contato com pacientes no seu cotidiano
laboral (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares em
enfermagem ou outros profissionais de saúde);
3) Que possuam aparelho celular;
4) E que concordaram em participar do estudo mediante assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).
4.4 TESTE PILOTO
Antes da pesquisa ser iniciada, foi realizado um teste piloto para
padronização, adequação e correção das técnicas de coleta, transporte e inoculação
das amostras.
4.5 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS
As amostras foram coletadas entre os meses de fevereiro e março de 2016,
em horários previamente estabelecidos com todos os profissionais que concordaram
em participar da pesquisa obedecendo ao critério de disponibilidade dos mesmos.
Os procedimentos de coleta foram realizados em um local cedido pela direção do
hospital, de modo que não interferisse na rotina do hospital e para que não
houvesse contato com os pacientes.
Os participantes da pesquisa responderam um questionário contendo
informações relativas aos dados pessoais, informações de ocupação e
conhecimento específico sobre IACS (APÊNDICE B) (EL-ASHRY & EL-
SHESHTAWY, 2015).
As amostras foram coletadas por meio de swabs umedecidos em solução
salina estéril a 0,9% pela técnica de rolamento sobre a superfície de todo o aparelho
(tela, teclado, laterais, tampa traseira e microfone). Posteriormente, os swabs foram
acondicionados imediatamente em tubos contendo caldo BHI (Brain Heart Infusion)
que foi utilizado como meio de transporte (ANKINYEMY et al., 2009). Os tubos foram
devidamente identificados, refrigerados e transportados dentro do prazo máximo de
2 horas para o Laboratório de Microbiologia da Unidade Acadêmica de Ciências
Biológicas do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de
Campina Grande, onde foram incubados aerobicamente a 37 ºC por 24 horas.
22
4.6 ISOLAMENTO PRIMÁRIO
Em laboratório, após o período de incubação, com a turvação do BHI, o
inóculo foi semeado em placas contendo os seguintes meios de cultura: Ágar
Sangue (suplementado com 5% de sangue de carneiro desfibrinado) e Ágar
MacConkey, que posteriormente foram incubadas aerobicamente à 37 ºC por 24 - 48
horas.
4.7 TESTES BIOQUÍMICOS E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES
Após o período de incubação das placas foram realizadas análises
macroscópicas (aspectos morfológicos das colônias) e microscópicas (técnica de
coloração de Gram) dos isolados. Os microrganismos isolados foram posteriormente
submetidos à provas bioquímicas para identificação da espécie, quando possível.
4.7.1 Staphylococcus spp.
Os estafilococos são cocos Gram positivos tipicamente arranjados em cachos
(ver Figura 2).
Figura 2 – Caracterização de cepas de Staphylococcus spp., através de técnica de
coloração de Gram.
Fonte: Arquivo pessoal (2016)
Os estafilococos isolados em ágar sangue foram transferidos para ágar
Manitol a fim de verificar se o microrganismo era fermentador ou não desse
23
carboidrato (ver Figura 3), que é um dos testes bioquímicos presuntivos utilizados
para identificação da espécie Staphylococcus aureus.
Figura 3 – Comportamento de cepas de Staphylococcus spp. em Ágar Manitol: A-
Staphylococcus spp. não fermentador de manitol; B- Staphylococcus spp.
fermentador de manitol.
Fonte: Arquivo pessoal (2016)
4.7.2 Bacilos Gram positivos
Os bacilos Gram positivos (ver Figura 4) isolados em ágar sangue foram
identificados quando possível à nível de gênero.
Figura 4 – Caracterização morfológica de bacilos Gram positivos através da técnica
de coloração de Gram. A- Corynebacterium spp.; B- Outros bacilos Gram positivos.
Fonte: Arquivo pessoal (2016)
24
4.7.3 Bacilos Gram negativos
O crescimento bacteriano em meio MacConkey, que é seletivo para bactérias
Gram negativas, sugere a presença de espécies da família Enterobacteriaceae que
são bacilos Gram negativos (ver Figura 5). Nesse meio é possível verificar e
diferenciar bactérias fermentadoras e não fermentadoras de lactose (Figura 6 EL-
ASHRY & EL-SHESHTAWY).
Figura 5 – Caracterização morfológica de bacilos Gram negativos através da técnica
de coloração de Gram.
Fonte: Arquivo pessoal (2016)
Figura 6 – Fermentação de lactose por Enterobactérias em Ágar MacConkey: A -
Fermentadora de lactose; B - Não fermentadora de lactose
Fonte: Arquivo pessoal (2016)
25
Todos os microrganismos isolados neste meio foram submetidos à provas
bioquímicos para identificação à nível de espécie inoculando os isolados nos
seguintes meios bioquímicos: TSI (Triple Sugar Íron), Critato de Simmons,
Fenilalanina, Gelatina, MR-VP (Methil Red e Voges Proskauer), Malonato, Caldo
Triptona de Soja e SIM (H2S, Indol e Motilidade) e identificados utilizando a tabela de
comportamento de Enterobactérias no Tríplice Açúcar com Ferro (TSI) (KRIEG &
HOLT, 1984) (ANEXO A).
4.8 CONTAGEM TOTAL DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS AERÓBIOS
A contagem de microrganismos foi realizada para determinação de uma
média de Unidades Formadoras de Colônias por ml de cada amostra.
Foram realizadas diluições seriadas das amostras, sendo retiradas 1 mL da
amostra do caldo BHI, a qual foi transferida para uma sequência de tubos contendo
9 mL de solução salina estéril. De cada diluição, foi transferida 100 µL para placas
de Petri contendo ágar PCA (Plate Count Ágar), em duplicatas, através do método
spread plate e foram incubadas à 37 ºC por 48 horas (SILVA et. al., 1997).
As contagens foram realizadas segundo técnica padrão, com o auxílio de
contador de colônias mecânico CP602 Phoenix Luferco. Foram utilizadas as
duplicatas com padrão de crescimento entre 30 e 300 unidades formadoras de
colônias. A média de colônias foi obtida através da soma do total de colônias nas
duas placas. A média multiplicada pelo fator de diluição das amostras
correspondentes forneceu o número aproximado de microrganismos presentes em
cada amostra (CARVALHO et al., 2005).
4.9 POSICIONAMENTO ÉTICO
Foram obedecidos nesta pesquisa os princípios éticos postulados na
Declaração de Helsinque emendada em Seul 2009, e os termos preconizados pelo
Conselho Nacional de Saúde na resolução 466/2012 sobre pesquisa envolvendo
seres humanos. Este projeto foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em
Pesquisa – CEP, através da Plataforma Brasil (CAAE: 55625716.7.0000.5182)
(ANEXO B).
26
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quarenta e dois profissionais da área de saúde participaram do estudo. A
parcela maior da amostragem foi composta pela equipe de enfermagem (37/88%). A
mesma é composta por 74 profissionais, incluindo enfermeiros, técnicos em
enfermagem e auxiliares em enfermagem. A categoria constitui o maior parte do
quadro de funcionários em todos os setores da instituição de saúde. Em virtude da
própria dinâmica laboral, é esta categoria que entra em contato direto e por mais
tempo com os pacientes.
Os setores com o maior número de amostras coletadas foram a Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) (14/33,33%) e a Clínica Médica (13/30,95%). A distribuição
dos profissionais participantes do estudo e das amostras coletadas de acordo com o
setor de atuação é demonstrada na Tabela 1 e por categoria profissional na Figura
7.
Tabela 1 - Número de amostras de aparelhos celulares distribuídas por setor de
atuação dos profissionais de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,
Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.
Setor n %
Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
14 33,3
Clínica Médica 13 30,95
Maternidade 5 11,9
Centro Cirúrgico
3 7,1
Área Vermelha
3 7,1
Central de Material e Esterilização (CME) 2 4,7
Urgência
1 2,3
Serviço Social
1 2,3
Total 42 100
Fonte: França, K.R.S. (2016)
27
Figura 7 – Distribuição dos participantes por categoria profissional da equipe de
saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de
fevereiro à março de 2016.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
Todas as 42 amostras coletadas dos aparelhos celulares no presente estudo
apresentaram crescimento bacteriano. Em todas as amostras foram isoladas duas
ou mais espécies bacterianas. A taxa de contaminação dos aparelhos celulares
avaliados foi de 100%, maior que em todos estudos semelhantes, utilizados como
referência. A Tabela 2, mostra o comparativo entre a taxa de contaminação do
presente estudo com alguns estudos semelhantes realizados em todo o mundo.
Tabela 2 - Comparação entre as taxas de contaminação de aparelhos celulares em
ambiente hospitalar, de profissionais de saúde em diversos estudos.
Autores Nº de Amostras Taxa de Contaminação (%)
Karabay et al. (2007) 122 90,9%
Arora et.al. (2009) 160 40,62%
Bath et al. (2011) 204 98,53%
També & Pai (2012) 120 82,5%
El-Ashry & El-Sheshtawy (2015) 200 92,5%
Sharma & Jhanwar (2015) 40 85%
França, K.R.S. (2016) 42 100%
Fonte: França, K.R.S. (2016)
28
Apesar de seu número de amostras ter sido maior, em seu estudo, Bath et al.
(2011) relataram uma taxa de contaminação semelhante à obtida no presente
estudo. Dos 204 aparelhos celulares avaliados, 201 (98,53%) apresentaram
crescimento bacteriano. Em comparação ao presente estudo, Arora et al. (2009)
relataram a menor taxa de contaminação, onde, dos 160 aparelhos avaliados,
apenas em 65 (40,62%) foi observado crescimento bacteriano.
Entre os principais patógenos nosocomiais isolados no presente estudo
destacam-se as espécies Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae,
Klebsiella spp., Escherichia coli, Enterobacter spp., e Staphylococcus spp. A
distribuição de todos os microrganismos isolados no presente estudo está
representada na Tabela 3.
Tabela 3 – Agentes bacterianos isolados a partir de aparelhos celulares de
profissionais da equipe de saúde Hospital Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-
PB, no período de fevereiro à março de 2016.
Agentes bacterianos isolados Nº de bactérias isoladas
Frequência entre isolados (n=111)
Frequência entre amostras (%) (n=42)
Bactérias Gram Positivas
Staphylococcus spp. Manitol + 16 14,4 31,5 38,1 83,33
Manitol - 19 17,1 45,2
Corynebacterium spp. 2 1,8 4,7
Outros Bacilos Gram Positivos 29 26,1 69,0
Bactérias Gram Negativas
Escherichia coli 5 4,5 11,9
Klebsiella pneumoniae 4 3,6 9,5
Klebsiella spp. 4 3,6 9,5
Enterobacter spp. 10 9,0 23,8
Citrobacter diversus 8 7,2 19,0
Pseudomonas aeruginosa 3 2,7 7,1
Outros B.G.N.* Não
fermentadores
11 9,9 26,2
TOTAL 111 100%
*Bacilos Gram Negativos
Fonte: França, K.R.S. (2016)
29
Os microrganismos mais prevalentes na amostragem pertenciam ao gênero
Staphylococcus, que foram isolados em 30 (71,4%) das 42 amostras. Os isolados
não foram identificados a nível de espécie, e, como foram submetidos apenas ao
teste de fermentação do manitol, os isolados foram separados em dois grupos:
Staphylococcus spp. Manitol positivos, isolados em 16 amostras (38,09%) e
Staphylococcus spp. manitol negativos, em 19 (45,23%). Em quatro amostras foram
isolados os dois tipos de espécies de Staphylococcus spp. Manitol + e Manitol -.
Em vários estudos de mesma natureza, espécies do gênero Staphylococcus
foram as mais prevalentes. Bath et al. (2011) isolaram Staphylococcus spp.
coagulase negativa em 21,57% das amostras, S. aureus sensível à meticilina em
14,22% e S. aureus meticilina resistente em 4,9%. Ulger et al. (2009), isolaram
Staphylococcus spp. coagulase negativa em 90,5% das amostras e S. aureus em
25%. Mohammadi-Sichani & Karbasizadeh (2011) isolaram Staphylococcus spp.
coagulase negativa em 52,7% e S. aureus em 19,33%.
Os estafilococos estão presentes em um terço da população de seres
humanos adultos, de forma assintomática. Estes microrganismos podem se espalhar
através do contato direto do seu portador com superfícies de objetos. Possivelmente
este é então o principal fator que favorece a transferência destes microrganismos
para os aparelhos celulares. (GOEL & GOEL, 2009).
Staphylococcus aureus, foi indicado por Nogueira et al. (2009), como principal
causador de infecções de corrente sanguínea e um dos principais associados com
infecções de sítio cirúrgico. Goel & Goel (2009) afirmaram que as infecções
estafilocócicas podem nunca serem erradicadas devido a condição do homem ser
um dos principais hospedeiros de microrganismos do gênero.
Os estafilococos têm o homem como o seu principal reservatório, fazendo
parte da microbiota da pele, garganta, intestino e fossas nasais (SANTOS et al.,
2007). A sua maior prevalência no presente estudo, era esperada, e é explicada pelo
fato de que de forma rotineira, o aparelho celular entra em contato com a nossa
pele, que é um dos habitats de espécies do gênero.
A espécie Klebsiella pneumoniae foi isolada em 4 (9,5%) das amostras de
aparelhos celulares e Klebsiella spp. também em 4 (9,5%) das amostras. K.
pneumoniae foi citada por Nogueira et al. (2009) em um dos seus estudos, como
microrganismo mais associado às pneumonias, e um dos mais causadores de
infecções do trato urinário e de sítio cirúrgico. O tratamento de infecções causadas
por bactérias do gênero Klebsiella tem se tornado difícil, devido algumas cepas
30
carregarem plasmídeos codificadores de enzimas conhecidas como betalactamases,
que conferem ao microrganismo resistência a antibióticos da classe dos
betalactâmicos (MENEZES et al., 2007).
Escherichia coli foi isolada em 5 (11,9%) das amostras. Quando associada à
IACS, a espécie é comumente relacionada às infecções do trato urinário. Em um
estudo de prevalência, realizado por Blatt & Miranda, (2005), a espécie Escherichia
coli foi o agente etiológico que mais causou infecções de trato urinário em um
hospital em Fortaleza-CE.
Enterobacter spp., foram isoladas em 23,8% das amostras. Espécies deste
gênero são importantes causadoras de IACS e são intrinsecamente resistentes à
várias classes de antibióticos (PATERSON, 2006). Blatt & Miranda, (2005), também
relatou em seu estudo de prevalência de infecções do trato urinário, que das 251
uroculturas analisadas, 15 (6%) foram causadas por Enterobacter spp.
Pseudomonas aeruginosa foi isolada em 3 (7,1%) das amostras coletadas no
presente estudo. A espécie é responsável por infecções em diversos sítios do corpo
humano e as cepas isoladas são frequentemente resistente à várias classes de
antimicrobianos (FUENTEFRIA, et. al., 2008)
Todos os microrganismos isolados dos aparelhos celulares dos profissionais
de saúde foram agrupados de acordo com o setor em que estes profissionais atuam.
A Tabela 4 mostra o resultado deste agrupamento.
Os setores em que foram isolados maior diversidade de microrganismos,
foram a Clínica Médica e Unidade de Terapia Intensiva.
Staphylococcus spp. foram os microrganismos mais prevalentes na clínica
médica e na unidade de terapia intensiva, sendo que foram isolados em um número
maior de amostras de profissionais atuantes na UTI.
Dos setores avaliados, três comportam pacientes em estado grave ou mais
susceptíveis à infecções, que são: Unidade de Terapia Intensiva que admite
pacientes em estado grave, Centro Cirúrgico que é um dos locais onde se realizam
procedimentos mais invasivos e a Maternidade. Das amostras obtidas de aparelhos
celulares de profissionais atuantes nos 3 setores foram isolados microrganismos
associados às IACS.
Das amostras provenientes de aparelhos celulares de profissionais da UTI
foram isoladas Staphylococcus spp., Klebsiella pneumoniae, Klebsiella spp.,
Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp., todas estas são de importância
médica, cuja as infecções em que são comumente associadas foram descritas
31
anteriormente. Dos aparelhos celulares dos profissionais de saúde da maternidade
foram isoladas Staphylococcus spp., Klebsiella spp., e Enterobacter spp., já de
aparelhos celulares de profissionais de saúde do centro cirúrgico foram isolados
Staphylococcus spp., Klebsiella sp., Escherichia coli, e Enterobacter sp.
Tabela 4 – Agentes bacterianos isolados de aparelhos celulares da equipe de saúde
de acordo com seus setores de atuação, no Hospital Regional Senador Rui
Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.
Setores
CM*
UTI* MAT*
CC* CME* AV* UM* SS*
Staphylococcus spp. 9 11 3 2 1 2 1 1
Mic
rorg
an
ism
os iso
lad
os
Klebsiella pneumoniae
3 1 - - - - - -
Klebsiella spp.
-
1
2
1
-
-
-
-
Escherichia coli 4
-
-
1
-
-
-
-
Pseudomonas aeruginosa
1
2
-
-
-
-
-
-
Enterobacter spp. 4
3
1
1
-
1
-
-
Citrobacter diversus
2
3
2
-
-
1
-
-
B.G.N.** Não Fermentadores de Lactose
2
5
1
-
1
-
1
1
Corynebacterium spp.
1
-
-
-
-
1
-
-
Outros B.G.P***
8
9
4
2
2
2
1
1
* CM: Clínica Médica; UTI: Unidade de terapia Intensiva; MAT: Maternidade CC: Centro Cirúrgico;
CME: Central de Material e Esterilização; AV: Área Vermelha; UM: Urgência Médica; SS: Serviço
Social. ** Bacilos Gram negativos; *** Bacilos Gram Positivos.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
Quanto aos riscos das IACS, a problemática é mais séria na UTI. Neste
ambiente o paciente está mais exposto ao risco de infecção, tendo em vista sua
condição clínica e a variedade de procedimentos invasivos rotineiramente realizados
(LIMA et al. 2007).
32
No presente estudo, a espécie Pseudomonas aeruginosa foi isolada a partir
de dois aparelhos celulares de profissionais atuantes na unidade de terapia intensiva
da instituição, um destes profissionais é Médico atendente no setor. Sem a devida
higienização, ocasionalmente o aparelho celular deste médico pode tornar-se
reservatório e veículo de transmissão deste microrganismo e se houver qualquer
descuido por parte deste profissional, um de seus pacientes pode ser colonizado por
este patógeno.
As 42 amostras obtidas dos aparelhos celulares foram submetidas à
contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios. Os resultados das contagens
encontram-se na Tabela 5.
Tabela 5 – Contagem de microrganismos mesófilos aeróbios em superfície de
aparelhos celulares da equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,
Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.
Amostra Microrganismos
Mesófilos Aeróbios
UFC/mL*
Amostra Microrganismos
Mesófilos Aeróbios
UFC/mL*
1 11,95 x 107 22 18,2 x 107
2 13,35 x 107 23 101,5 x 107
3 14,75 x 107 24 2,28 x 107
4 17,3 x 107 25 10,8 x 107
5 10,3 x 107 26 1,47 x 107
6 28,85 x 107 27 19,35 x 107
7 13,5 x 107 28 29,2 x 107
8 28,4 x 107 29 8,5 x 107
9 16,75 x 107 30 28,7 x 107
10 18,65 x 107 31 10,2 x 107
11 96 x 107 32 6,65 x 107
12 3,65 x 107 33 7,35 x 107
13 20,45 x 107 34 24,45 x 107
14 11,5 x 107 35 20,1 x 107
15 4,9 x 107 36 13,2 x 107
16 26,55 x 107 37 6,75 x 107
17 17,3 x 107 38 0,73 x 107
18 21,4 x 107 39 5,55 x 107
19 90,5 x 107 40 0,64 x 107
20 17,55 x 107 41 1,00 x 107
21 9,95 x 107 42 6,6 x 107
*Unidades Formadoras de Colônias por Mililitro.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
No Brasil, não existe legislação específica à respeito de padrões
microbiológicos para superfícies e equipamentos (CERQUEIRO et al. 2015). O
33
padrão proposto por Silva Jr (2007 apud CERQUEIRO et al., 2015) é bastante
utilizado para superfícies de utensílios utilizados na manipulação de alimentos, e
preconiza como aceitável, aquele que contenha até 50 UFC/cm² (5 x 10¹ UFC/cm²).
Esse valor de referência não pode ser utilizado no presente estudo, pois os
resultados do mesmo, são dados em UFC/mL. Por esse motivo, os resultados da
contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios obtidos no presente estudo,
foram comparados com o padrão de superfície de utensílios utilizados na
manipulação de alimentos, descrita pela Associação Americana de Saúde Pública –
American Public Health Association (APHA), que considera como limpos aquele
utensílio que possuir os seguintes valores: ≤ 2 UFC/cm2 (0,2 x 10¹) ou não superior
à 100 UFC/utensílio, APHA (1984, apud PINTO, 2001, p.137). Neste caso, serão
utilizados o valor de referência de 100 UFC/utensílio que serão comparados aos
valores obtidos a partir da contagem de mesófilos na superfície de aparelhos
celulares dos profissionais de saúde.
Quando comparados ao valor de referência preconizado pela APHA, todos os
aparelhos celulares amostrados mostraram valores muito acima do limite
estabelecido >100 UFC/utensílio, neste caso em particular, considerou-se o aparelho
celular como um utensílio, só para fins de comparação.
Sabe-se que não é o padrão correto à ser utilizado. Um utensílio de
manipulação de alimentos não é manuseado da mesma forma, nem com a mesma
frequência e muito menos com a mesma finalidade que os aparelhos celulares. Mas,
essa comparação serve para mostrar uma linha de raciocínio. Que, caso fosse feito
uma comparação entre a quantidade de microrganismos permitidos em utensílios
manipuladores de alimentos e os microrganismos presentes nos aparelhos celulares
amostrados no presente estudo, estes estariam bem acima do valor permitido.
5.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS
A amostragem foi composta por 42 profissionais de saúde. Trinta e sete
(88%) dos profissionais que responderam ao questionário pertenciam à equipe de
enfermagem, sendo 20 (48%) técnicos em enfermagem, 15 (36%) enfermeiros, 2
(5%) auxiliares em enfermagem. O restante da amostragem foi composta por 3 (7%)
médicos, 1 (2%) fisioterapeuta e 1 (2%) assistente social.
A idade dos participantes variou entre 22 e 64 anos. A média da idade dos
profissionais de saúde foi de 34,94 anos ± 10,06. A faixa etária com maior
34
representatividade foi composta por profissionais entre 26 e 33 anos, com um total
de 21 amostras. A distribuição dos participantes por faixas etárias está demonstrada
na Figura 8.
Figura 8 – Faixa etária dos profissionais da equipe de saúde do Hospital Regional
Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
Todos os participantes afirmaram utilizar o aparelho em ambiente hospitalar.
Este fato era esperado, pois o celular é um dispositivo essencial na rotina destes
profissionais. Muito embora, quando questionados se atendem o celular quando
estão com pacientes, 33 (79%) responderam que não, enquanto 9 (21%)
profissionais afirmaram que atendiam chamadas mesmo durante o atendimento de
pacientes.
Mark et al. (2014) relataram que 25% dos 150 profissionais questionados em
seu estudo afirmaram nunca utilizar o seu aparelho celular no ambiente de trabalho,
o que foi considerado pelo autor um ato de relutância por parte destes profissionais
em admitirem que utilizam o dispositivo em ambiente hospitalar, isso por quê, na
instituição em estudo haviam políticas institucionais proibindo o uso de aparelhos
celulares na instituição, e talvez, admitindo o uso, poderiam de certa forma serem
prejudicados.
35
El-Ashry & El-Sheshtawy (2015), afirmaram que 95,5% dos 200 profissionais
questionados utilizavam o aparelho em ambiente hospitalar. Este estudo ainda relata
que 76 (38%) dos profissionais afirmaram não atender chamadas enquanto atendem
seus pacientes e 124 (62%) afirmaram atender chamadas enquanto atendem seus
pacientes. Desta forma, pode-se afirmar que no presente estudo, os profissionais
entrevistados apresentavam maior consciência em não atender o celular durante o
atendimento de pacientes que o estudo de El-Ashry & El-Sheshtawy (2015). Na
realidade, o ideal seria que 100% dos indivíduos só atendessem chamadas ou
manuseassem o aparelho quando não estivessem realizando atendimentos.
Quarenta e um (98%) dos profissionais responderam que praticam
regularmente a higienização das mãos, e apenas um (2%) que não a faz. Os que
responderam sim, foram questionados em quais situações praticam essa
higienização. A maioria relatou praticar a higienização das mãos antes e depois de
entrar em contato com pacientes e depois de realizar procedimentos.
Quando questionados se acreditam que os seus aparelhos celulares podem
conter e veicular microrganismos, todos os indivíduos responderam que sim. Esse
resultado foi o oposto ao obtido por El-Ashry & El-Sheshtawy (2015), onde apenas
29 dos profissionais (14,5%) afirmaram acreditar que seus aparelhos celulares
podem conter e veicular microrganismos, e 171(85,5%) afirmaram não acreditar
nesta afirmação.
Quando questionados se higienizam as mãos todas as vezes que manuseiam
o aparelho celular, 39 (93%) afirmaram que não e apenas 3 (7,14%) afirmaram que
sim. O fato de, 93% dos profissionais não higienizarem as mãos após manusear o
aparelho celular, é algo preocupante, pois esse mal hábito pode, além de disseminar
estes patógenos no ambiente hospitalar, favorecer a contaminação cruzada via
profissional de saúde – paciente imunocomprometido.
Quando questionados de praticam de forma regular a higienização dos
aparelhos celulares, 25 (59,52%) profissionais de saúde relataram não ter esse
hábito e 17 (40,47%) afirmaram que sim, praticam regularmente essa higienização.
Destes 17 participantes, apenas 11 responderam a frequência e o que
utilizavam e 6 não souberam responder, e acabaram deixando a questão em branco.
O que leva a crer que esses profissionais na realidade também não possuem o
hábito de higienizar o seu aparelho celular e apresentaram relutância em admitir.
36
As figuras abaixo mostram o padrão de resposta à respeito da frequência de
higienização dos aparelhos celulares e os desinfetantes que os profissionais
costumam utilizar na desinfecção do aparelho (Figuras 9 e 10).
Figura 9 – Frequência de higienização dos aparelhos celulares pelos profissionais da
equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro, Pombal-PB, no
período de fevereiro à março de 2016.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
Figura 10 – Agentes químicos utilizados para a desinfecção do aparelho celular
pelos profissionais da equipe de saúde do Hospital Regional Senador Rui Carneiro,
Pombal-PB, no período de fevereiro à março de 2016.
Fonte: França, K.R.S. (2016)
37
Quando questionados sobre o que utilizam na higienização do aparelho, dos
11 participantes que conseguiram responder essa questão, 8 (73%) afirmaram
utilizar alguma solução alcóolica, 1 (9%) afirmou utilizar álcool à 70% ou clorexidina,
1 (9%) afirmou utilizar algodão umedecido em álcool e 1 (9%) afirmou utilizar papel
toalha na desinfecção do aparelho. Apesar de não especificarem qual o tipo de
álcool utilizado, acredita-se que seja o álcool à 70%, por ser um desinfetante mais
acessível em ambiente hospitalar. O álcool à 70% pode ser utilizado para essa
finalidade, apesar de que o recomendado é utilizar o álcool isopropílico, que é o
agente indicado para desinfecção de dispositivos eletrônicos por evaporar de forma
mais rápida sem que haja risco de danificar o aparelho.
O profissional que respondeu papel toalha, provavelmente não tem
conhecimento de que para que haja a desinfecção é necessário o uso de algum
desinfetante, e que o papel toalha sozinho tende apenas a espalhar ainda mais os
microrganismos na superfície do aparelho, além de também servir de fômite, pois
estará carreando os microrganismos presentes no aparelho celular.
Mohammadi-Sichani & Karbasizadeh (2011) testaram a eficiência do álcool
etílico à 70% e álcool isopropílico à 70% na desinfecção de aparelhos telefônicos de
profissionais de saúde. Os dois desinfetantes foram testados frente à cepas de
Staphylococcus aureus, (ATCC: 25923), Enterococcus faecalis (ATCC: 9854),
Pseudomonas aeruginosa (ATCC: 27853) e Escherichia coli (ATCC: 25922). Dois
aparelhos celulares foram desinfetados, cada um com uma solução alcoólica
diferente, um com álcool etílico à 70 % e outro com álcool isopropílico à 70% durante
10 segundos. Nenhum crescimento bacteriano foi observado após a desinfecção dos
aparelhos e não houve diferença significativa nos efeitos das duas soluções
alcoólicas para descontaminação dos telefones celulares. Sendo assim, os dois
agentes foram igualmente eficazes.
Por fim, foram questionados se compartilham o uso do aparelho com os
familiares. A resposta dada por 32 dos participantes (76%) foi que sim, enquanto 10
(24%) afirmaram que não, este resultado foi o oposto obtido por El-Ashry & El-
Sheshtawy (2015), em seu estudo, que relataram que 57 profissionais (28,5%)
afirmaram compartilhar o uso do seu aparelho celular com outros familiares, e 143
(71,5%) afirmaram não compartilhar o uso do aparelho.
Essa é uma questão importante, pois, tendo em vista que os resultados dos
microrganismos isolados e identificados no presente estudo, sabe-se que parte
deles são patógenos causadores de IACS, e que, os profissionais de saúde, quando
38
não higienizam os seus aparelhos celulares, ao compartilhar o uso com familiares
em casa, pode ocorrer a disseminação destes patógenos entre os familiares, e, da
mesma forma, pode disseminar patógenos de origem comunitária no ambiente
hospitalar.
Foi possível observar algumas contradições nas respostas dos participantes,
como: todos os participantes acreditavam que o aparelho celular pode veicular
microrganismos, mas a maioria não higieniza as mãos após o uso do celular e
também não higieniza o aparelho; além disso, os 40% que relataram higienizar o
aparelho celular, não souberam explicar de forma eficaz como fazem a higienização.
Pode-se sugerir que a higienização que os profissionais afirmam realizar,
pode não estar sendo efetiva, uma vez que, todos os aparelhos avaliados no
presente estudo, apresentaram altos indícios de contaminação bacteriana e isso,
pode estar relacionado principalmente às más práticas de higienização do aparelho
celular e/ou das mãos. Lembrando que, os aparelhos avaliados pertenciam aos
profissionais de saúde, que em algum momento do dia, durante as atividades de
rotina no hospital, iriam manuseá-los.
De maneira universal, padrões de higiene são pré-requisitos para uma vida
saudável. Em ambiente hospitalar, essas boas práticas de higienização deveriam ser
seguidas da forma mais rígida possível, pois é um local de prestação de cuidados e
proteção à saúde humana.
A ameaça de contaminação com patógenos de importância hospitalar é
válida, uma vez que no presente estudo foi observado que todos os aparelhos
celulares avaliados que pertenciam aos profissionais de saúde, continham índice de
contaminação bacteriana, inclusive várias espécies isoladas são de importância
médica por estarem relacionadas com as IACS.
Restringir o uso do aparelho não é algo viável, uma vez que, um dos
benefícios deste dispositivo eletrônico é a comunicação rápida entre os setores da
instituição. Mas se não houver certa moderação no uso associada a uma rotina de
higienização das mãos e do aparelho, ele pode tornar-se um meio de comunicação
prejudicial ao hospital.
Quando se trata de IACS, a prevenção sempre será a melhor atitude a ser
tomada. Estratégias de prevenção, higienização de rotina do aparelho celular com
soluções alcoólicas ou outras substâncias desinfetantes podem reduzir o risco de
contaminação cruzada, então, é algo que deve ser tratado como prioridade na
instituição de saúde.
39
6. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que os aparelhos
celulares da equipe de saúde em estudo são reservatórios de microrganismos,
inclusive de espécies de importância médica por serem causadoras de IACS
(Staphylococcus spp., Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas
aeruginosa, Enterobacter spp.), e por isso, podem estar assumindo um status de
veículo de agentes patogênicos em ambiente hospitalar.
A contagem total de microrganismos mesófilos aeróbios foi bastante elevada,
apesar de seus resultados não terem sido comparados com parâmetros
microbiológicos específicos para dispositivos eletrônicos. Mas quando comparada a
um parâmetro estabelecido pela Associação Americana de Saúde Pública (APHA),
mostraram valores bem acima do limite estabelecido.
O conhecimento dos profissionais analisados mostrou-se insuficiente, o que
se fazem necessárias ações de conscientização destes profissionais em relação a
boas práticas de higienização e métodos corretos de higienização de mãos e do
próprio aparelho celular para que haja redução dos potenciais riscos biológicos que
estes microrganismos podem trazer.
40
REFERÊNCIAS
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45
APÊNDICES
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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS ISOLADOS A PARTIR DE APARELHOS CELULARES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO HOSPITAL SENADOR RUI CARNEIRO, POMBAL/PB
A) OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA: Obrigado (a) pela sua participação como voluntário (a) em nossa pesquisa!
Objetiva-se com esta pesquisa avaliar a presença de microrganismos na superfície de aparelhos celulares da equipe de saúde no Hospital Regional Senador Ruy Carneiro e de alunos do último semestre do curso técnico em enfermagem do ITEC-PB, ambas as instituições localizadas na cidade de Pombal-PB, com o intuito de no futuro este conhecimento poder nortear a instituição de medidas preventivas de Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde.
B) RISCOS POSSÍVEIS E BENEFÍCIOS ESPERADOS: Os sujeitos desta pesquisa não serão expostos a nenhum risco, visto que os mesmos não serão expostos a nenhum tratamento ou substância química e/ou medicamento. Esclareço, outrossim, que os benefícios esperados envolvem implantar um protocolo de higienização de mãos e aparelhos celulares pertencentes à equipe de saúde nesta instituição, além de prevenir e promover o controle de infecções hospitalares causadas por patógenos nosocomiais.
C) PROCEDIMENTOS: Para realização desta pesquisa, será analisada a microbiota presente na superfície do aparelho celular, além de dados que serão coletados do participante mediante questionário. Os dados serão analisados e divulgados cientificamente preservando a identidade do profissional de saúde.
D) RESSARCIMENTO: Não está previsto nenhum ressarcimento ou indenização para os participantes desta pesquisa.
E) ACESSO ÀS INFORMAÇÕES: Você poderá desistir de participar da pesquisa em qualquer momento, mesmo que tenha assinado este Termo de Consentimento. As informações obtidas de cada participante são confidenciais e somente serão usadas com o propósito científico, sem divulgação de nomes. O pesquisador, os demais profissionais envolvidos nesse estudo e o Comitê de Ética, terão acesso aos arquivos dos participantes, para verificação de dados, sem, contudo, violar a parte confidencial. E) CONSENTIMENTO: Declaro que, após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento, concordo em participar deste estudo. Portanto, autorizo o uso das informações coletadas. Através deste instrumento e da melhor forma de direito, autorizo a Professora Doutora Cyntia Helena Pereira de Carvalho, RG 1749735 – SSP/RN, vinculado a
47
Universidade Federal de Campina grande, Lotada na Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas no Curso de Odontologia, a incluir meu caso no estudo. Autorizo também a publicação do referido trabalho, de forma escrita, sem citar meu nome. Concedo também o direito do uso para fins de ensino e divulgação em revistas científicas, desde que mantido o sigilo sobre minha identidade. Estou ciente que deverá ser de livre e espontânea vontade. Patos, _____/_____/_____. Concordo com os termos deste documento, razão pela qual estudo de acordo: Nome do participante:______________________________________________
Endereço: _______________________________________________________
RG:_____________ Órgão expedidor: __________CPF:__________________
Assinatura do participante:__________________________________________
________________________
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APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Você, é um profissional de saúde e entra em contato direto com pacientes
diariamente e por isso estamos interessados em sua opinião a respeito do uso de aparelhos celulares durante as atividades de rotina no ambiente de trabalho.
Você não levará mais do que 10 minutos para responder esse questionário. Cada pergunta tem apenas uma resposta. Por favor, leia as perguntas com atenção e depois responda
espontaneamente.
SUAS RESPOSTAS SÃO ANÔNIMAS E SERÃO MANTIDAS EM SIGILO.
Sobre o uso do aparelho celular durante as atividades de rotina laborais
1. Você utiliza o aparelho celular no hospital?
[ ] Sim [ ] Não
2. Você recebe chamadas enquanto atende seus pacientes? [ ] Sim [ ] Não
3. Quando não está em uso onde o aparelho celular fica armazenado?
[ ] Jaleco [ ] Mão [ ] Bolso da calça/camisa [ ] Bolsa
[ ] outros _______________________
4. Você usa o mesmo aparelho celular em casa?
[ ] Sim [ ] Não
5. Será que seus familiares utilizam o seu aparelho celular em casa?
[ ] Sim [ ] Não
Perfil da Amostra
Idade
Sexo [ ] Masculino [ ] Feminino
Profissão Exercida
[ ] Enfermeiro [ ] Téc. em Enfermagem [ ] Aux. de Enfermagem [ ] Outro______________.
Departamento [ ] Ambulatório [ ] UTI [ ]Outro. Qual? ___________.
49
6. Seu aparelho celular pode veicular microrganismos? [ ] Sim [ ] Não
Sobre a prática da higienização das mãos e do aparelho
7. Você recebeu algum tipo de treinamento em higienização de mãos?
[ ] Sim [ ] Não
8. Você já teve acesso à materiais informativos sobre a importância da
higienização das mãos? [ ] Sim [ ] Não
9. Você pratica regularmente a higienização das mãos? [ ] Sim [ ] Não
10. Em que situação você higieniza as mãos? _____________________________________________________________
_____________________________________________________________.
11. Você pratica regularmente a higienização do seu aparelho celular?
[ ] Sim [ ] Não
Se SIM, com que frequência?
_____________________________________________________________.
E o que utiliza?
_____________________________________________________________.
12. Você higieniza as mãos todas as vezes que utiliza o aparelho celular? [ ] Sim [ ] Não
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ANEXOS
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ANEXO A – TABELA DE COMPORTAMENTO DAS
ENTEROBACTÉRIAS NO TRÍPLICE AÇÚCAR COM FERRO (TSI) (BERGEY’S
MANUAL OS SYSTEMATIC BACTERIOLOGY, 1984.)
52
53
54
ANEXO B – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO PROJETO À AVALIAÇÃO DO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISAVIA PLATAFORMA BRASIL.
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