View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Universidade Federal da Bahia UFBA
DMMDC
Tecnologias da
Informação e
Difusão Social do
Conhecimento
Um Desafio à
Educação
Hilton Japiassu
GRUPO II
Parte II - Aberturas
1. Questionar o mito da cidade científica2. Pôr a Ciência em Cultura
2.1 O conceito de cultura2.2 O conceito de tecnociência2.3 A genealogia da tecnociência2.4 Relações de ciência com a cultura2.5 Impactos da tecnociência
sobre a cultura
Agenda
1. O mito da cidade científica
A ciência como elemento fundador da modernidade
Extraordinária realização do homem moderno Mitificação
A profissionalização da ciência A especialização dos cientista (universal) A normalização das atividades (universal) O financiamento da ciência (local universal)
(Revolução Francesa ou 1ª. Guerra mundial)
Uma visão ingênua da atividade científica
A “sociedade dos sábios”Regida por normas internasIndependentes dos demais processos
sociaisIntrinsecamente “boa”
A queda do castelo com a 1ª. Guerra Mundial
1. O mito da cidade científica
Uma visão mais críticaA ciência é construída socialmenteA ciência não é autônomaA ciência não é desinteressadaA racionalidade científica não é eternaOs cientistas são seres políticosA ciência é hegemônica
(feiticeiros e aprendizes)
1. O mito da cidade científica
O financiamento da ciênciaO conceito de insularidade (Autonomia x Neutralidade x Confiança)A indústria da guerraAs grandes corporaçõesO estadoA big-science
“A ciência tornou-se um empreendimento importante demais para ser gerenciado pela própria comunidade”
(HOBSBAWN)
1. O mito da cidade científica
Colocar a ciência em cultura:
A expressão cultura científica tem a vantagem de englobar em seu campo de significações, a idéia de que o processo que envolve o desenvolvimento científico é um processo cultural, quer seja ele considerado do ponto de vista de sua produção, de sua difusão entre pares ou na dinâmica social do ensino e da educação, ou ainda do ponto de vista de sua divulgação na sociedade, como um todo, para o estabelecimento das relações críticas necessárias entre o cidadão e os valores culturais, de seu tempo e de sua história.
(VOGT)
1. O mito da cidade científica
A cultura científica – Colocar a ciência como um elemento da
cultura– Evitar o esoterismo– Evitar o sentimento de mal-estar da
sociedade– Promover uma educação científica de
qualidade– Promover a aproximação da ciência com o
público (consumo)
“A comunidade científica não deve perder de vista que todo sistema intelectual é mortal”
1. O mito da cidade científica
As duas culturas
– Uma questão fundamental O continente científico x o continente
humanista
– Que interesses políticos alimentam essa dicotomia?
Cientistas “desumanos” e Humanistas “ressentidos”
1. O mito da cidade científica
Agenda
2. Pôr a ciência em cultura
Relações da racionalidade científica com a cultura:
Destaque ao impacto da ciência e da tecnologia – tecnociência, sobre a cultura
Reflexão sobre a conversão da ciência numa atividade social e numa profissão
O conceito no sentido vulgar O conceito no sentido antropológico
O conceito de cultura numa síntese do autor:
2. Pôr a ciência em cultura
[...]a cultura é todo esse feixe de representações, de atitudes (condutas e comportamentos) e de referências susceptível de irrigar, de modo bastante desigual, mas globalmente, toda uma sociedade
(JAPIASSU, 1999, p.178)
Agenda
2.1 O conceito de Cultura
É a cultura que designa o conjunto dos conhecimentos, das
idéias e das representações dizendo respeito à prática
científica, que ganha importância e destaque dentro da sociedade
atual, que é povoada e constituída de objetos
tecnocientíficos.
I. Ficar privado dos instrumentos indispensáveis para dominar o meio
II. Permanecer totalmente dependente daqueles que possuem a competência para dominá-lo - Burocratização e a de Organização racionais e racionalizadas
2.1 O conceito de Cultura
O processo de alienação
Impactos e/ou Influências
I. As representações mentaisII. Os elementos culturais de
natureza míticaIII. Os elementos culturais, que
constituem os sistemas de crençasIV. Os elementos culturais formados
por sistemas “metafísicos”, “ideológicos” ou pré-científicos
2.1 O conceito de Cultura
2.1 O conceito de CulturaMapa conceitual
Agenda
Ciência x Tecnologia
A ciência consiste num conjunto de verdades, logicamente encadeadas entre si, de modo a fornecerem um sistema coerente.
Subjetivamente, é um conhecimento certo das coisas por suas causas ou por seus princípios. Proporciona ao homem um conhecimento objetivo da realidade.
Investigação racional ou estudo da natureza, direcionado à descoberta da verdade.
2.2 O conceito de tecnociência
Tal conhecimento é aplicado para tornar mais eficiente a produção da vida material, e tal aplicação
constitui a tecnologia.
2.2 O conceito de tecnociência
Ciência x Tecnologia
Por um lado, a ciência constitui a fonte da tecnologia e fornece-lhe as formas e o saber que irão permitir criar tecnologias.
Por outro lado, o progresso da ciência está dependente dessas tecnologias.
2.2 O conceito de tecnociência
Apesar das suas diferenças, a ciência e a tecnologia estão intimamente interligadas.É possível fazer a sua distinção, é impossível separá-las.O desenvolvimento e o progresso de ambas assenta na sua cooperação mútua. Assim, deverão ser tratadas como uma unidade, daí o conceito…tecnociência.
2.2 O conceito de tecnociência
Tecnociência
Unidade cada vez maior
da ciência e da tecnologia
(JAPIASSU, 1999, p.182)
2.2 O conceito de tecnociência
Traço dominante do passado de ambas
A clássica distinção entre:
ciência - o saber sistemático, racional e geral
técnica - o saber sumário e empírico (JAPIASSU, 1999, p.182)
2.2 O conceito de tecnociência
A partir da Revolução Industrial
... com a difusão da cultura científica nos meios técnicos, a técnica deixa de ser um saber artesanal para converter-se em
tecnologia
2.2 O conceito de tecnociência
“Tecnologia constitui a manifestação mais visível do
fenômeno ciência”(JAPIASSU, 1999, p.182)
2.2 O conceito de tecnociência
Ao prolongar num sentido mais sistemático e científico as técnicas anteriores...
... a tecnologia cada vez mais se distingue da ciência:– por seu objeto– pela preocupação em exprimir, num
discurso o fazer da ciência– pelo rigor dos seus passos– pelo uso crescente das matemáticas– pela precisão das suas observações e de
suas medidas
(JAPIASSU, 1999, p.182)
2.2 O conceito de tecnociência
“O verdadeiro caráter da ciência moderna consistiu em ter sido orientada para
experiência, para a utilização e o consumo, ou seja, para a tecnologia”
(JAPIASSU, 1999, p.183)
2.2 O conceito de tecnociência
A produção do saber científico foi devido ao método experimental
“Agir sobre o mundo natural,para compreendê-lo e explicá-lo,
para nos apropriar dele, dominá-lo, controlá-lo e manipulá-lo, ou seja,
conhecê-lo”
(JAPIASSU, 1999, p.183)
2.2 O conceito de tecnociência
Saber é poder(BACON)
Tornar-nos mestres e possuidores da natureza
(DESCARTES)
2.2 O conceito de tecnociência
Assim,
“a ciência e a técnica - a tecnociência – funcionam como ideologia. Ambas se
fundem, pois parecem ter uma afinidade de ´essência´”
(JAPIASSU, 1999, p.185)
2.2 O conceito de tecnociência
“Quando esses dois sentidos se desenvolvem separados,
nenhuma sociedade é capaz de pensar com sabedoria.”
(SNOW, 1995, p.72)
2.2 O conceito de tecnociência
Agenda
Reflexão sobre a tecnociência como reflexão sobre ela mesma
Sociedade tecnocientífica– termo usado para enfatizar a indissociabilidade
do saber científico e de seus efeitos materiais ou sociais
Sociedade tecnoburocrática– quando a política cede o lugar à administração,
convertendo-se num negócio de competênica tecnocientífica
2.3 A genealogia da tecnociência
saber poético (fazer) x saber teórico (conhecimento não implicando transformações dos objetos), e também oposição ao saber prático
constitui-se então como “intervenção organizada do homem na natureza”
Grécia Antiga
2.3 A genealogia da tecnociência
Esta intervenção envolve um modo racional e sistemático do homem pôr em ação
determinados materiais a fim de alcançar objetivos também materiais
Assim sendo, é um saber inferior (relações do homem com seu ambiente natural)
Ponto alto do saber: contemplação das idéias ou na reflexão ético-política
Grécia Antiga
2.3 A genealogia da tecnociência
A ciência adquire outra situação e passa a ter outro estatuto
Saber que tem por objetivo converter o homem em mestre e possuidor da natureza (dominador)
Ciência e técnica começam a formar um par indissociável (inseparável, indissolúvel)
2.3 A genealogia da tecnociência
Revolução Científica Moderna(Séc. XVII)
Constituem-se dois aspectos, teórico e prático, da mesma realidade
A técnica se converte em mera aplicação da ciência
Desaparece a Techné antiga e começa a surgir a Tecnologia Moderna
Revolução Científica Moderna(Séc. XVII)
2.3 A genealogia da tecnociência
Concepção de Homem como “ser para a técnica”
Todas as formas simbólicas de culturas passam a ser vistas como “filhas da técnica”
A questão do otium e do nec-otium
Sociedade Industrial(Séc. XVIII)
2.3 A genealogia da tecnociência
Contemporaneamente.....
1ª Constatação: técnica não mais como exclusividade dos objetos materiais... estende ao mundo dos indivíduos, da sociedade... técnicas tendo por objeto o homem...
2ª Constatação: técnica não mais vista apenas como mera aplicação de um saber teórico
2.3 A genealogia da tecnociência
Contemporaneamente...
prévio... e como uma prática..... possuindo lógica própria....
3ª Constatação: tecnologia não constitui mais uma forma de cultural isolável das outras manifestações culturais... Possui sua autonomia...
2.3 A genealogia da tecnociência
Agenda
2.4 Relações de ciência com a cultura
“A ciência constitui também história de um certo fracasso.”
[JAPIASSU, 1999, p.189]
Justificativa de Japiassu:
Ao longo do tempo, progressivamente, a ciência perde o contato com a cultura, desde que “se impôs com a referência suprema e hegemônica do discurso social”.
2.4 Relações de ciência com a cultura
sec. XVII:– Relação de integração: ciência como
componente mais fundamental do vasto movimento cultural
sec. XVIII:– Relação de aliança: relação orgânica,
embora não institucional
2.4 Relações de ciência com a cultura
Séc. XIX:– Relação de DISTANCIAMENTO: apesar das
resistências do Romantismo. A maioria dos artistas, dos filósofos, dos músicos e dos escritores demonstra uma alta dose de desinteresse pela ciência.
– Na segunda metade do século: o termo “Ciência” ganha direito de cidadania, substituindo o termo de “filosofia natural”.
– A partir de 1865, com a codificação das etapas fundamentais do Método Experimental, por Claude Bernard, que se impõe o primeiro critério de demarcação entre ciência e não-ciência.
2.4 Relações de ciência com a cultura
Séc. XX:– Relação de ALIENAÇÃO: Todo o atual
movimento cultural (artístico, literário ou filosófico) parece manifestar, em relação à ciência, uma dupla atitude:– Quer de indiferença mais ou menos
rancorosa, quer de reconciliação mais ou menos estratégica.
– Tentativa de recuperação, procurando resgatar, do prestígio inconteste da racionalidade científica, elementos para se forjar discursos de justificação.
2.4 Relações de ciência com a cultura
Hoje:– A natureza se encontra praticamente dominada
– Natureza não dependente dos deuses nem é totalmente autônoma, mas como projeção da iniciativa coletiva dos homens, através de sua racionalidade tecnocientífica
– Por meio dessa racionalidade a physis se converte em polis
– Acontecimentos atribuídos aos que detêm o controle dessa racionalidade e decidem politicamente quanto a seus rumos
2.4 Relações de ciência com a cultura
Hoje:“O importante a ressaltar é que grande parte
do corpo social se vê condenada à alienação, pela racionalidade
tecnocientífica, do meio no qual vive: não somente não o domina mais, mas fica privado de conhecer seus constituintes
tecnocientíficos.”[JAPIASSU, 1999, p.192]
Se a relação da ciência atual com a cultura é de alienação, em que ela
consiste?
2.4 Relações de ciência com a cultura
Hoje:“Em seu sentido sócio-político a alienação
constitui uma separação entre o criador e sua obra, entre o trabalhador e o
produto do seu trabalho. Melhor dizendo, é a despossessão ao mesmo tempo de um bem e de uma essência,
de uma terra e de uma história, de uma propriedade e de uma liberdade.”
[JAPIASSU, 1999, p.192]
2.4 Relações de ciência com a cultura
Hoje:– homem privado de seu próprio mundo: e a
tecnociência contribui para que ele perca o seu mundo, na medida em que o oculta, o esteriliza e o desencanta.
– homem torna mais produto que produtor: a realidade tecnocientífica o separa das coisas e dos outros homens.
Resultado: Solidão, sentimento de dilaceramento, de privação da norma, de revolta, de absurdo e de afastamento de si. Segundo F. Châtelet (1982) seria o estado normal do homem contemporâneo.
2.4 Relações de ciência com a cultura
Agenda
A tecnociência se insinua até mesmo em nossa maneira de calcular e de
pensar (microcomputadores) de fazer amor (pílulas anticoncepcionais),
de dar a vida (biotecnologias) e de morrer (tanatotecnologias).
(JAPIASSU, 1999, p.193)
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
Os impactos da ciência e da tecnologia na sociedade
O sistema de ensino em relação às ciências e às humanidades
A posição do Estado moderno A ideologia cientificista A falta de integração entre a
tecnociência e a cultura A maneira como a tecnociência tem sido
transmitida ao público
O sistema de ensino em relação às ciências e às humanidades
Em nosso sistema de ensino, por exemplo, as “humanidades”, são desclassificadas ou relegadas a
segundo plano, enquanto o “tecnocientífico” é valorizado por sua
eficácia e por sua performance.
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
A posição do Estado em relação ao assunto
O Estado moderno proclama sua autonomia relativamente às
religiões e às ideologias. Mas cada vez mais acredita estar
fundada na ciência. Sua neutralidade é ambígua, pois se funda na racionalidade científica.
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
A ideologia cientificista
O grande impacto da tecnociência atual sobre a cultura é o da ideologia
cientificista que, desde o século passado aparece como um fenômeno difuso e anônimo, mas respondendo à
necessidade da sociedade moderna de garantir sua identidade e sua
unidade.
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
A falta de integração entre a tecnociência e a cultura
Enquanto nosso sistema educacional continuar discriminando e desvalorizando, na formação dos futuros
cientistas, o ensino das “humanidades”, e enquanto persistir em manter os estudantes de humanidades
distanciados da cultura tecnocientífica, permanecerá exercendo nefastas influências o divórcio das duas
culturas: de um lado, produzindo e opondo técnicos ou tecnocratas incapazes de compreender os
problemas de valor, do outro, humanistas ressentidos com a tecnicidade das ciências.
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
A maneira como a tecnociência tem sido transmitida ao público
Ora, se o discurso científico é proposto e difundido dissociado de sua prática concreta, só pode ser feito ocultando-
se parte de sua verdade. Assim, quando vulgarizada a informação sobre
as ciências se vê necessariamente reduzida a um mero “efeito vitrine”.
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
A maneira como a tecnociência tem sido transmitida ao público
O que é triste, no mundo de hoje, é que o indivíduo livre e soberano vem sendo apresentado como uma espécie de
“marionete” realizando espasmodicamente os gestos que lhe impõe o campo social-
histórico: ganhar dinheiro, consumir e gozar.
(CASTORIADIS, 1996)
2.5. Impactos da tecnociência sobre a cultura
Agenda
Obrigado!
Recommended