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Relatório Ambiental Termo de compromisso COPEL – GERAÇÃO COPEL – IAP – 30/03/99 GESPR/SPRGPR/EQGMA 09/99
Licença de operação de Usinas Hidrelétricas Anteriores Resolução CONAMA 001/86 e atendimento Resolução CONAMA 006/87
USINA HIDRELÉTRICA MARUMBI
Protocolo IAP n.º 4.018.769-3 Vistoria IAP – Esc. Regional
Morretes em Agosto/99
1
ÍNDICE
1. DESCRIÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO ................................................ 2
1.1. HISTÓRICO.............................................................................................................. 2
1.2. LOCALIZAÇÃO....................................................................................................... 2
1.3. ACESSO.................................................................................................................... 2
1.4. DADOS TÉCNICOS................................................................................................. 3
1.5. OPERAÇÃO.............................................................................................................. 3
1.6. ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS......................................................................... 4
1.7. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO......................................................................... 5
1.7.1. ASPECTOS DO MEIO FÍSICO......................................................................... 5
1.7.2. ASPECTOS DO MEIO SÓCIO ECONÔMICO................................................. 5
1.8. ASPECTOS DA ÁREA ESPECÍFICA DO EMPREENDIMENTO ........................ 6
1.8.1. MEIO FÍSICO ................................................................................................... 6
1.8.2. MEIO BIOLÓGICO......................................................................................... 12
2. DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS ............................................................................. 16
2.1. IMPACTOS NEGATIVOS SIGNIFICATIVOS .................................................... 16
2.1.1. NO MEIO BIOLÓGICO .................................................................................. 16
2.1.2. NO MEIO FÍSICO E SÓCIO ECONÔMICO.................................................. 17
3. MEDIDAS MITIGADORAS.................................................................................... 20
3.1. NO MEIO BIOLÓGICO ......................................................................................... 20
3.2. NO MEIO SÓCIO ECONÔMICO.......................................................................... 20
4. MONITORAMENTOS............................................................................................. 23
4.1. COMENTÁRIOS .................................................................................................... 23
4.1.1. ATENDIMENTO ÀS VISTORIAS DO IAP ...................................................... 23
4.1.2. AVALIAÇÃO FINAL DO IAP.......................................................................... 23
5. EQUIPE DE TRABALHO ....................................................................................... 24
6. BIBLIOGRAFIA DE APOIO E CONSULTAS ..................................................... 25
7. ANEXOS .................................................................................................................... 26
2
1. DESCRIÇÃO GERAL DO EMPREENDIMENTO
1.1. HISTÓRICO
Em 1956, o então Ministério da Viação e Obras Públicas, recebeu a
incumbência de promover o aproveitamento de energia hidráulica
existente em um trecho do rio Ipiranga, no estado do Paraná, distrito de
Porto de Cima, no município de Morretes. Destinava-se a produzir energia
para a Rede de Viação Paraná – Santa Catarina, para eletrificação do
trecho da estrada de ferro Paranaguá – Curitiba.
Em abril de 1961 entrou em operação comercial a UHE Marumbi,
localizada a 400 m da estação Véu da Noiva, na Serra do Mar.
Em razão do Plano Nacional de Desestatização PND, e por não se
enquadrar como atividade fim da R.F.F.S.A., foi alienada e transferidos
seus direitos à COPEL em 1997, que assumiu a operação e manutenção
da referida Usina com potência de 9,6 Mw.
A água é captada de reservatório, do tipo “fio d’água”, localizado no Alto
da Serra a 690m, seguindo por condutos forçados até a casa de força,
situada em local privilegiado pela beleza natural.
1.2. LOCALIZAÇÃO
A casa de força situa-se na margem direita do Rio Ipiranga, município de
Morretes, com posição geográfica de 48º59’ de longitude W-R e 25º28’ de
latitude sul, tendo 49 Km2 de área de drenagem, pertencente a Bacia
Litorânea.
1.3. ACESSO
Chega-se a Usina por asfalto pela BR 277, percorrendo 65 Km da capital
até Morretes e dali mais 8 Km até Porto de Cima. A seguir, margeando o
Rio Nhundiaquara, mais 15 Km por estrada vicinal em chão batido. E
normalmente em condições precárias, transitável através de veículo com
tração nas quatro rodas.
3
O acesso ao reservatório é realizado solicitando-se “auto de linha” à rede
ferroviária, partindo-se da estação Eng. Lange, a dois quilômetros da
usina, descendo na Estação Banhados.
1.4. DADOS TÉCNICOS
Trata-se de Média Central Hidrelétrica, cujos itens principais são:
- Início operação comercial – 1961 RESERVATÓRIO
- Potência efetiva (MW) – 9,60 - Nível d’água máximo(m) – 691,5
- Queda bruta (m) – 472,9 - Nível d’água jusante (m) – 214,0
- N.º de unidades – 4
- Tipo de turbina – Pelton VERTETOURO
- Descarga max. Vert. (m3/s) - 1500
- BARRAGEM - Bacia Hidrográfica - Litorânea
- Altura máxima (m) – 14,0
- Comprimento (m) – 67,0
- Tipo de barragem (m) – concreto ciclópico
- Costa da crista (m) – 692,5
1.5. OPERAÇÃO
A usina não está automatizada. Utiliza dois operadores, com revezamento
semanal, e um contratado para manutenção de áreas verdes. Equipes da
Usina de Capivari realizam as manutenções periódicas.
5
1.7. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO
1.7.1. ASPECTOS DO MEIO FÍSICO
A localização do empreendimento situa-se na planície litorânea do
Paraná, estando o reservatório próximo a denominada Estação Banhados
e a casa de força, próxima Estação Eng. Lange, oriunda do aproveitamento
do potencial hidrelétrico do Rio Ipiranga.
O relevo da região é bastante acidentado, composto no local do
empreendimento por solo tipo – Cambissolo e Afloramentos Rochosos
formados em zonas muito movimentados da Serra do Mar.
O clima, predomina o tipo AF – Tropical Super Úmido, sem estação seca
e isento de geadas, cujas principais médias anuais são: temperatura do
mês mais quente, superior a 22ºC e nos meses mais frios superior a 18ºC,
umidade relativa média na faixa de 85% em alguns pontos chega a chover
até 4.000 mm anuais. Não há deficiência hídrica e os excedentes situam-se
entre 800 e 1.200 mm anuais.
A cobertura florestal tem o predomínio da Floresta Atlântica (Floresta
Umbrófila Densa), que ocupa 54,20% da região e representa 9.88% do
total de floresta nativa do Estado.
1.7.2. ASPECTOS DO MEIO SÓCIO ECONÔMICO
Tomando como referência o município de Morretes, os índices principais
seriam:
- População total : 16.077 hab. - Urbana – 7.207
- Rural – 8.807
- Taxa anual de crescimento - Urbana – 2,16%
- Rural – 3,21%
- Participação PIB Municipal - Agropecuária – 27,66%
- Indústria – 6,47%
- Serviços – 65,87%
- Produtos Agrossilvopastoris: - Gengibre, banana, pepino.
6
- Indústria dominante: Editorial e gráfica, Produtos Minerais não metálicos,
Produtos alimentares, Extração de minerais.
1.8. ASPECTOS DA ÁREA ESPECÍFICA DO EMPREENDIMENTO
No que diz respeito à área sob domínio da empresa, afeta ao
empreendimento da Usina Marumbi, e tendo como referência a planta de
situação (anexo I), e sua descrição sucinta, citamos:
1.8.1. MEIO FÍSICO
a) Área
O perímetro da gleba que envolve a usina e seus entornos, engloba
9,10 ha, sendo que as glebas que compõe o reservatório e seus
entornos abrangem 5,89ha, ambos situados em “área de especial interesse turístico”, no município de Morretes, Serra do Marumbi.
a.1) Referencial
Observa-se pelas cartas de uso do solo, de declividade e de drenagem
(anexos II, III e IV Ipardes) e fotos aéreas IAP/1980 (anexo V), que no
contexto da micro região, as áreas possivelmente impactadas à época
da construção da obra e já reestabilizadas ambientalmente,
representam em termos de escala relativa, impactos ambientais de
baixa magnitude em relação à área geral da micro região.
b) Atributos relevantes
Não bastasse a beleza cênica da Serra do Mar e tratar-se de “área de
especial interesse turístico” e de preservação permanente, para
garantia de manutenção da riquíssima biodiversidade existente, o
empreendimento está localizado próximo ao Véu da Noiva, ponto de
peculiaridades incomparáveis na micro região.
c) Margens
As áreas nas margens direita e esquerda do entorno do reservatório,
conforme a planta de situação (anexo I ), são de domínio da empresa, e
possuem matas ciliares preservadas.
7
A usina localizada no denominado imóvel Ipiranga, alguns quilômetros
abaixo da barragem, abrange uma área total sob domínio da empresa,
com 210,50 ha, dos quais, os entornos da Usina, abrangem 9,10 ha,
afetos às atividades e infra estruturas operacionais.
d) Qualidade d’água
Foram realizados em Agosto/99, monitoramentos contratados junto ao
LACTEC “Instituto Tecnológico do Laboratório Central de Pesquisa e
Desenvolvimento”, cujos índices de qualidade d’água em pontos à
jusante e a montante acusaram em resumo o seguinte diagnóstico,
melhor detalhado no anexo VI.
d.1) Definição das estações de amostragem
Foram definidas três estações de amostragem para a qualidade das
águas do rio Ipiranga, sendo duas a montante da barragem da UH
Marumbi e uma a jusante, mostradas na Tabela 1. Este delineamento
amostral teve como objetivo a avaliação da qualidade da água na
porção mais próxima do ambiente rio, na região lacustre (de maior
profundidade e próxima da barragem) e na saída das turbinas.
TABELA 1 - Estações de amostragem de água na região da UH
Marumbi.
DESIGNAÇÃO DESCRIÇÃO
E1 rio Ipiranga - a montante do reservatório
E2 rio Ipiranga - reservatório
E3 rio Ipiranga - a jusante da usina
A estação E1, localizada no rio Ipiranga, cerca de 3 a 5 km a montante da
área do reservatório.
A estação E2, localizada no reservatório, cerca de 500 m da barragem.
A estação E3, localizada no rio Ipiranga, cerca de 300 a 500 m a jusante da
usina Marumbi.
As Figuras de 1 a 3 ilustram cada uma das estações de amostragem
mencionadas na Tabela 1. O Anexo 1 apresenta o trecho do rio Ipiranga
8
selecionado para o estudo ambiental em questão e as 3 (três) estações de
amostragem de águas acima descritas.
FIGURA 1 - Rio Ipiranga - montante do reservatório da UH Marumbi.
FIGURA 2 - Rio Ipiranga - reservatório da UH Marumbi.
9
FIGURA 3 - Rio Ipiranga - jusante da UH Marumbi.
d.2.) Avaliação da qualidade das águas pelo IQA O IQA foi calculado através do programa Índice de Qualidade das
Águas, desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná -
PUC9.
Os resultados das análises físicas, químicas e microbiológicas para
compor o IQA nas águas do rio Ipiranga, no mês de julho de 1999,
encontram-se na Tabela 4. Eles mostram que as águas do rio Ipiranga são
águas de BOA QUALIDADE para fins de potabilização (IQA entre 52 a 80),
desde que não apresentem níveis quaisquer de toxicidade.
TABELA 4. Resultados analíticos nas estações de amostragem do rio Ipiranga –
jul / 99.
ESTAÇÕES E1 E2 E3
ALTITUDE (m) 684 684 665
COLIFORMES FECAIS (NMP /
100 ml) <1,1 2,2 <1,1
10
DBO5 (mg / L) 2,36 2,27 1,52
FOSFATO TOTAL (mg / L P) 0,001 0,002 0,001
OXIGÊNIO DISSOLVIDO (mg / L) 8,5 7,2 6,3
NITROG..ÊNIO TOTAL (mg / L N) 0,60 1,30 <0,50
pH (adimensional) 6,6 6,4 6,2
TEMPERATURA DA ÁGUA (°C) 12,8 15,1 14,2
TURBIDEZ (NTU) 1,6 1,6 0,8
SÓLIDOS TOTAIS (mg /L) 41,0 42,5 41,5
COLIFORMES TOTAIS (NMP / 100 ml)
12,0 3,6 1,1
DISCO DE SECCHI (m) - 2,50 -
CONDUTIVIDADE (µS / cm) 29,5 30,5 30,2
IQA QUALIDADE
71,56
BOA
70,68
BOA
69,68
BOA
A Figura 4 mostra o gráfico do Índice de Qualidade da Água nas três
estações de amostragem no rio Ipiranga.
0102030405060708090
100
E1 E2 E3
estações de amostragem
IQA
FIG. 4 - Índice de Qualidade de Água na região da UH Marumbi.
11
O IQA não leva em conta os elementos tóxicos, como poluentes orgânicos,
pesticidas e metais pesados. Embora eles devam ser avaliados,
obrigatoriamente, em futuros levantamentos ambientais, é de se esperar
que não estejam presentes nas águas do rio Ipiranga, levando-se em conta
as restrições impostas à atividades poluidoras em Áreas de Preservação
Ambiental. Neste caso particular, pode-se sugerir que o IQA seja um
indicador representativo da qualidade deste corpo d’água na região da UH
Marumbi, dada a inexistência de agricultura, indústrias e ocupação humana
nas proximidades.
d.3) Conclusões Com base no exposto e, principalmente, nos resultados obtidos, destacam-
se:
1. Os resultados dos IQA nas estações de amostragem
monitoradas no rio Ipiranga, no presente estudo, classificam as águas
como de BOA QUALIDADE para fins de potabilização para o
abastecimento doméstico.
2. Não foram observadas violações ao enquadramento das
águas do rio Ipiranga, como rio de CLASSE ESPECIAL, com relação aos
parâmetros que compõem o IQA.
3. Os resultados mostram que não há contribuição de esgotos
domésticos e de atividades poluidoras na região da UH Marumbi, por ser
local de difícil acesso e de topografia acidentada, situado dentro de Área de
Proteção Ambiental.
4. O rio Ipiranga, na região amostrada, apresentou baixos
índices de contaminação fecal, boa capacidade de tamponamento
(neutralização de ácidos), bons níveis
de oxigenação e baixas concentrações de nutrientes fósforo e nitrogênio
(pequeno estímulo à eutrofização).
12
5. O escoamento superficial das águas das chuvas tem
influência na qualidade da água do rio Ipiranga, podendo aumentar o
aporte de sólidos e favorecer o assoreamento do reservatório da UH
Marumbi.
6. A preservação da vegetação ciliar original nas margens do
reservatório da UH Marumbi, favorece a qualidade da água pelo sua
capacidade de retenção de material alóctone.
7. A melhor resposta do IQA para o presente estudo é como
instrumento de gestão ambiental, sugerindo que a utilização das águas do
rio Ipiranga para a produção de energia elétrica não vem causando
problemas de relevância para os demais usos.
e) Parecer SUDERSHA – O anexo VII, cópia da declaração oficial da
“Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental”, afirma que, nada tem a opor-se quanto à
utilização da água e que não existem usuários significativos da água à
jusante do empreendimento da Usina Hidrelétrica Marumbi.
1.8.2. MEIO BIOLÓGICO
a) Vegetação
No perímetro sob domínio da empresa, nos entornos do reservatório da
UHE Marumbi, a vegetação em ambas as margens, bem como a
vegetação no trecho a jusante, esta preservada com características de
Floresta Densa Mista, típica Floresta Umbrófila Densa ( Floresta
Atlântica).
13
Jusante da barragem – mata preservada
Nas glebas onde encontra-se a usina, alguns quilômetros abaixo da
barragem, a vegetação da mesma tipologia primária de Floresta
Atlântica, está preservada. Exceção feita, aos locais pertinentes às
atividades operacionais, e em dois pequenos pontos adjacentes à usina
junto a margem do rio, sob trecho de passagem de linhas de
transmissão. Nestes pontos há presença de vegetação herbácea e
arbustiva, e ausência de vegetação arbórea.
Usina – entorno preservado, a exceção dos dois focos citados
14
Em termos relativos, os percentuais de vegetação primária comparados
às áreas ocupadas por infraestruturas, teriam a seguinte composição:
- Áreas com vegetação primária – 95%
- Áreas destinadas à infra estruturas – 5%
Não há registros de ocupações indevidas com edificações, nas áreas
sob domínio da empresa.
b) Fauna íctica
A empresa implementou (1992) uma Estação Experimental de Estudos
Ictiológicos na Us. Segredo (EEEIS), a qual realiza com equipe própria
levantamentos Ictiológicos e Limnológicos em seus reservatórios.
Através de intercâmbio de cooperação técnica, o material coletado nas
campanhas de esforço de pesca é analisado pela UEM/NUPELIA (Univ.
Est. de Maringá - Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e
aquicultura) que diagnostica os resultados destes levantamentos.
Tais levantamentos constam da síntese, denominada “Pequenos
Reservatórios” (Anexo VIII), que avalia individual e comparativamente
os resultados, cujas inferências estatísticas, são as seguintes: Esse reservatório, localizado no rio Ipiranga, da bacia Atlântica, não tem informações disponíveis sobre sua área e idade. (Tab.1).
A única campanha de amostragem realizada em apenas um ponto desse reservatório e durante o inverno, fato extensivo aos demais reservatórios a seguir, revelou a presença de apenas 3 exemplares de um pequeno cascudo H. cf steidachneri. Esses dados não são, entretanto, relevante.
Tabela 9. Capturas totais e Captura por Unidade de Esforço (CPUE = no. ind./1000m2 de rede/24 horas) no reservatório MARUMBI
MARUMBI TOTAL
Espécie N CPUE
H.cf. steindachneri 3 4,19
16
2. DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS
De uma forma geral, decorridas quase quatro décadas da implantação do
empreendimento da Usina Marumbi, percebe-se impactos positivos ao meio
sócio econômico, haja vista a produção de energia para a Rede Viação
Paraná Santa Catarina, trecho estrada de ferro Curitiba Paranaguá.
No que diz respeito aos meios físico e biológico, os impactos causados
foram minimizados pela concepção na locação do empreendimento, ou já
revegetalizados naturalmente pela sábia ação da natureza.
Entretanto diante das dificuldades para a fiscalização e vigilância mais
ostensiva, devido a localização do reservatório em plena Serra do Mar, sem
condições de acesso por estrada, acarretou após a desativação da estação do
Véu da Noiva (RFFSA), atos de vandalismos em alguns pontos.
Usuários nômades, montanhistas, campistas e de outros grupos sem noções
de educação ambiental, infestaram alguns pontos, com depósito de lixos.
Ocasionaram abertura de trilhas estreitas em matas de preservação
permanente, e suspeita-se que alguns grupos estenderam o uso do local,
supostamente como “habitat” para consumo de drogas, perceptível por
indícios remanescentes nas periferias.
Em relação aos resultados do IQA citados no item 1.8.1. d), as águas
monitoradas no Rio Ipiranga e reservatório são classificadas como de boa qualidade para fins de potabilização para o abastecimento doméstico.
2.1. IMPACTOS NEGATIVOS SIGNIFICATIVOS
2.1.1. NO MEIO BIOLÓGICO
a) Vegetação
Nas periferias do reservatório observou-se cerca de 4 trilhas de acesso
ou de fuga, pelo interior da mata. Os aventureiros ou campistas,
acessam ao local a pé, pela mata (Caminho dos Jesuítas), tendo como
base de saída a Estação Banhados, situada alguns quilômetros acima,
17
ou ainda, através do ponto final da estrada que acessa ao município de
Quatro Barras.
Nas imediações da usina, embora de significância duvidosa quanto à
tratar-se de impactos, existem dois focos de áreas nas margens do rio.
Uma com +- 1.500m2 e outra com +- 4.500m2, nas quais, devido a
passagem de linha de transmissão, a vegetação remanescente contém
apenas grupos de herbáceas e arbustivas em densidades medianas.
b) Ictiofauna
Por informações e comprovado na pesca científica realizada, a
presença de peixes é praticamente nula no reservatório, provavelmente
devido a 02 fatores:
- Pescas predatórias eventuais e rebaixamento do descarregador de
fundo, para manutenções de emergência.
- Aspectos de condições ambientais próprias, que possivelmente não
favorecem alta piscosidade no local.
2.1.2. NO MEIO FÍSICO E SÓCIO ECONÔMICO
a) Depósito de lixos
Em aproximadamente 05 pontos (focos) ao longo do reservatório,
acumulam-se diversos lixões, contendo plásticos, latões, tecidos, peças
de alumínio, jornais, papéis, garrafas latas de cervejas, etc., com
poluição visual e carreados pela ação das chuvas e ventos, até as
águas da represa.
b) Estação do Véu da Noiva
Desde a sua desativação, além do desagradável aspecto visual do
abandono de suas instalações, suspeita-se que sirvam de guarida e
refúgio a usuários, que acarretam as degradações citadas
anteriormente.
20
3. MEDIDAS MITIGADORAS
3.1. NO MEIO BIOLÓGICO
a) Vegetação
Os dois pequenos focos com baixa densidade de vegetação arbustiva já
citados, localizados nas imediações da usina, terão seus impactos
minimizados através do enriquecimento com plantio de espécies arbustivas
nativas da região, na forma de adensamento, com abertura de covas
adequadas e manutenção através coroamentos periódicos. Estima-se que
até 04/99, será realizada a obtenção e plantio de cerca de 300 mudas de
espécies arbustivas, em espaços médios de 12 a 15m2 por muda. A
execução e manutenção ficará a cargo de um auxiliar de serviços gerais
terceirizado, existente no local, o qual receberá a supervisão de técnicos
florestais da empresa.
b) Fauna íctica
Em que pese no momento, a baixíssima ou quase inexistência de peixes
no reservatório, devido às razões já citadas em 2.1.1 b), diante das
circunstâncias de dificuldades para fiscalização naquela micro região,
versus os vandalismos ocorrentes, julgamos prudente não recomendar
repovoamentos ícticos, de forma a não suscitar cadeia de atos predatórios
decorrentes, em prejuízo à estabilidade do ambiente primário,
secularmente preservado na flora e fauna terrestre.
3.2. NO MEIO SÓCIO ECONÔMICO
No intuito de tentar coibir ou ao menos procurar minimizar as degradações
iniciais, decorrentes das ações humanas no entorno das margens e matas
do reservatório da Usina Marumbi, as atitudes que as áreas operacional e
de gestão ambiental da empresa, submetem a apreciação do IAP, tem a
seguinte itemização cronológica e parcerias:
21
a) Limpezas
Contando com apoio de milícia do BPFLO, a cada 120 dias, a partir
de NOV/99, será realizada pela empresa, a limpeza dos detritos
porventura existentes em alguns pontos às margens e periferias do
reservatório, e comunicado ao IAP através relatórios de inspeção e
fotografias. Quando o processo estiver estabilizado, sob controle,
tais inspeções poderão ser mais espaçadas.
b) Placas orientativas
Representantes das equipes de gestão e controle ambiental da
empresa em conjunto com o IAP e suas normas de comunicação
visual, projetarão folders e placas orientativas no sentido de
promover a educação ambiental e alerta quanto a penalidades por
crimes ambientais. Tais placas serão elaboradas e afixadas por
equipe da área operacional da empresa. Todavia sua implantação
ficará condicionada à viabilização do item ( c) “vigilância”, sugerido à
seguir:
c) Vigilância
Nas imediações do reservatório, diante das dificuldades de acesso e
de comunicação, acrescidos principalmente ao fato da empresa não
deter poder de milícia para exercer a correta vigilância ativa naquele
local, ela não poderá assumir isoladamente tal compromisso.
Diante dos tipos de usuários, aventureiros, a potencialidade de
intrigas, brigas e inclusive de riscos de vidas seria aumentada,
mesmo que fosse apenas vigilância passiva, com o caráter
observativo, educacional e retroinformativo às autoridades
ambientais.
As sugestões que se apresentam como mais coerentes e objetivas
por parte da empresa seriam:
c.1. - Notificar e solicitar, utilizando os termos do convênio existente
entre o IAP e o BPFLO, que através daquele acordo de cooperação
para fiscalização ambiental, que a vigilância inicialmente fosse
22
realizada pela polícia florestal e IAP de forma aleatória, em
condições educativas e ou ostensiva, quando julgar necessário.
Se nas análises de prós e contras for julgado pertinente e houver
concordância da RFFSA, do BPFLO e do IAP, a empresa poderá
estudar a viabilidade de em parceria com aquelas instituições,
providenciar a reforma de uma das residências da antiga vila
desativada da rede ferroviária, para moradia e ou trocas de guarda
da fiscalização do BPFLO. Ou mesmo, como pequena base voltada
à Educação Ambiental.
É possível que o BPFO por já possuir uma base de apoio na região
para fiscalização de áreas mais prioritárias, aliado a questões de
ineficácias operacionais, não deseje abrir nova frente com sub-base
própria para atender especificamente o local do reservatório.
c.2.) – Outra alternativa seria tentar viabilizar tanto as limpezas
periódicas, como as atitudes de Educação Ambiental nas imediações
do reservatório, através de parcerias de baixo custo, com ONG’s
(“Clube Paranaense de Montanhismo”, “Montanhistas de Cristo” e
outras) já habituadas à tais atividades na região da Serra do
Marumbi, aliado ao natural interesse preservacionista inerente à
estas entidades, que também são usuários da Serra do Marumbi.
d) Colaboração periódica
Independentemente do que ficar acertado entre as instituições supra
citadas, a empresa através das equipes técnicas de manutenção e
de inspeções periódicas aos equipamentos da barragem da Usina do
Marumbi, apresentarão em seus relatórios, observações sobre
possíveis anomalias relativas aos aspectos de preservação
ambiental para serem notificadas ao IAP, BPFLO e/ou ONG’s
conveniadas, para as providências cabíveis.
23
4. MONITORAMENTOS
Embora a inexistência de impactos significativos, a exemplo do cumprimento
das medidas corretivas minimizadoras propostas para os aspectos de
enriquecimento com arbustivas, limpezas e vigilância, a empresa passará a
realizar relatórios periódicos semestrais ao IAP, acerca de anomalias
detectadas no monitoramento das áreas de preservação sob seu domínio no
empreendimento da média central hidrelétrica do Marumbi.
4.1. COMENTÁRIOS
4.1.1. ATENDIMENTO ÀS VISTORIAS DO IAP
Tendo como referência a inspeção ambiental procedida pelo Escritório
Regional do IAP de Paranaguá, escritório de Morretes, emitido em 23/07/99
este diagnóstico é coincidente com aquele parecer e acrescenta detalhes e
recomendações visando o consenso entre instituições em prol da
preservação ambiental do local.
4.1.2. AVALIAÇÃO FINAL DO IAP
Aguarda-se avaliação do IAP em relação ao descrito neste relatório, de
forma a atender o termo de compromisso para obtenção da Licença de
Operação para a Usina Hidrelétrica Marumbi. Bem como, se julgar
pertinente, após efetuadas as atitudes mitigatórias propostas, vir a
considerar o processo ambientalmente estabilizado, nos moldes de um
“P.C.A. – Plano de Controle Ambiental”, como referencial à novas
inspeções quando das renovações periódicas de L.O.s. para este
empreendimento.
24
5. EQUIPE DE TRABALHO
ÁREA COPEL EMPRESA DE GERAÇÃO Superintendente Geral – Eng. Luiz Fernando Leone Viana GESPR – Superintendência da Produção– Eng. Sérgio Luiz Lamy SPRGPR – Gestão da Produção – Eng. Takao Paulo Hara EQGMA – Equipe de Meio Ambiente – Biol. Luiz Augusto Marques Ludwig ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO Coordenação: Luiz Benedito Xavier da Silva - Eng. Florestal – Msc Consultor Técnico Ambiental Registro IBAMA 3/41/1999/000154-0 Tecnogarden –CGC 02.549.606/0001-06 Registro IBAMA 4/41/1999/0001104-8 Biólogo Pleno: Luiz Augusto Marques Ludwig Eng. Florestal Sênior: Mario Antonio Virmond Torres Téc. Florestais Pleno Edson Mulinari Cabral Jorge Pedrozo Equipes de apoio: Equipe de Ictiologia Usina de Segredo Coordenação – Claiton Bastian
Téc. Piscicultura Equipe de Limnologia LACTEC Coordenação – Dra. Sandra Mara Alberti Engenheira Química Equipe Sócio Patrimonial Coordenação – Albino Mateus Neto Equipe de Ictiologia NUPELIA Coordenação – Dr. Angelo Agostinho Biólogo
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6. BIBLIOGRAFIA DE APOIO E CONSULTAS
Nossas Árvores – Manual para Recuperação da Reserva Florestal Legal
SPVS – 1996.
Acta – Forestalia Brasiliensis – Volume 1, Junho 1993 – ISSN 0103 – 1279,
publicação científica da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia
Florestal.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
Maack, R. – Geografia Física do Estado do Paraná – 1968.
Maack, R. – Mapa Fitossanitário do Estado do Paraná – Curitiba 1950
Programa Paraná Cidade – Atualizado 03/06/98
IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
LACTEC – Instituto Tecnológico do Laboratório Central de Pesquisa e
Desenvolvimento
FUEM/NUPELIA – Fundação Universidade Estadual de Maringá / Núcleo de
Pesquisa em Limnologia e Aquicultura
SUDERSHA – Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental
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