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Novembro de 2015
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
VII-1
VII – OPERAÇÕES DE TESOURARIA
7.1– Enquadramento Legal
Pelo disposto nas alíneas f) do artigo 47 e h) do artigo 48, ambos da Lei n.º 9/2002, de 12
de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), a
Conta Geral do Estado deve conter uma informação completa sobre “adiantamentos e suas
regularizações” e “o mapa consolidado anual do movimento de fundos por operações de
tesouraria”.
De acordo com o artigo 2 do Regulamento das Operações de Tesouraria, aprovado pelo
Diploma Ministerial n.º 124/2008, de 30 de Dezembro, do Ministro das Finanças,
denominam-se Operações de Tesouraria as entradas e saídas de fundos na Conta Única do
Tesouro (CUT) que não são imputáveis ao Orçamento do Estado (OE), referentes à
movimentação de fundos de terceiros sob responsabilidade do Tesouro, bem como à
transferência de fundos para a execução descentralizada do OE e Bilhetes do Tesouro. São,
também, Operações de Tesouraria os movimentos de fundos imputáveis ao Orçamento do
Estado que, no momento da sua realização, não possam ser imediatamente registados no
Orçamento, aplicando os classificadores orçamentais.
A informação dos movimentos das Operações de Tesouraria efectuados em todas as
Direcções Provinciais do Plano e Finanças e na Tesouraria Central, em Maputo, consta do
Mapa I-4 da CGE de 2014.
7.2 – Considerações Gerais
As operações realizadas pela Tesouraria Central e Direcções Provinciais do Plano e
Finanças, bem como o seu registo no sistema de contabilização da actividade financeira do
Estado, não imputáveis ao OE, são analisadas com base no Regulamento aprovado pelo
Diploma Ministerial n.º 124/2008, retromencionado. Foram considerados, neste âmbito, os
resultados da auditoria efectuada à Tesouraria Central, relativamente ao exercício de 2014.
Segundo o estabelecido no n.º 1 do artigo 3 do mesmo Regulamento, as entradas de fundos
por operações de tesouraria ocorrem nas situações de:
a) Recolha de receitas de terceiros sob responsabilidade do Tesouro para pagamento
de despesas não imputáveis ao Orçamento do Estado;
b) Recolha dos saldos apurados no final de cada exercício;
c) Registo contabilístico da contrapartida dos adiantamentos efectuados por
operações de tesouraria, no pagamento de despesas imputáveis ao Orçamento do
Estado.
Quanto à recolha dos saldos referidos na alínea b), as circulares de encerramento de
exercício, emitidas, anualmente, pelo Ministério das Finanças, preconizam que os saldos
não utilizados, no final de cada exercício, devem ser canalizados à Conta Bancária de
Receitas de Terceiros e desta para a CUT. Estes movimentos são assim meras operações de
tesouraria e, nesta qualidade, deveriam ser objecto de registo, o que não aconteceu, pois
não constam do Mapa I-4, do movimento das operações de Tesouraria, da Conta Geral do
Estado.
Em sede do contraditório, o Executivo afirmou, que “... os saldos de adiantamento de
fundos não podem ser incluídos no Mapa I-4, por servirem apenas para o fecho do
processo administrativo”.
Este pronunciamento não pode merecer o acolhimento por parte deste Tribunal, visto que
contraria o preconizado na alínea b) do n.º 1 do artigo 3 do Regulamento das Operações de
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Tesouraria, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 124/2008, retromencionado, segundo o
qual o movimento de entrada de fundos na CUT é efectuado para atender à recolha de
saldos apurados no final do Exercício.
As saídas de fundos, por operações de tesouraria, pelo preceituado no n.º 1 do artigo 4 do
mesmo regulamento, destinam-se a atender a:
a) Despesas não imputáveis ao Orçamento do Estado cujo pagamento está
condicionado ao prévio ingresso da receita;
b) Despesas inadiáveis, com carácter excepcional, devidamente fundamentadas,
imputáveis ao Orçamento do Estado.
7.3 – Análise Global
No gráfico seguinte, é apresentado o movimento das Operações de Tesouraria, pelos
valores registados nas CGE’s de 2010 a 2014, após a sistematização das entradas e saídas
de fundos, não incluindo os Valores Selados.
Gráfico n.º VII.1 – Evolução das Operações de Tesouraria
Fonte: CGE (2010 – 2014).
Observa-se, no gráfico supra, que, com a excepção do ano de 2013, em que as entradas
atingiram 32.196.661 mil Meticais e as saídas registaram 29.273.026 mil Meticais, de 2010
a 2014, tanto as entradas como as saídas variaram entre 23.580.096 mil Meticais e
24.775.469 mil Meticais. Conforme referido nos relatórios de anos anteriores, o nível de
variação das entradas e saídas, ao longo do quinquénio, deve-se, essencialmente, à variação
da emissão e resgate de Bilhetes do Tesouro, uma vez que as operações dos BT’s ocorrem
por Operações de Tesouraria.
A emissão dos BTʼs tem em vista cobrir défices temporários de tesouraria, mediante a
oferta de títulos no mercado interno e, por isso, não está sujeita à orçamentação. Assim, a
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
2010 2011 2012 2013 2014
Em
mil
Me
tica
is
Entradas
Saídas
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sua contabilização é feita através de Operações de Tesouraria, como fluxos extra-
orçamentais1.
De 2010 a 2014, foram feitas emissões e resgates de BTʼs nos montantes de 118.800.000
mil Meticais e 115.100.000 mil Meticais, respectivamente, de que resultou um saldo de
8.400.000 mil Meticais, considerando o saldo que transitou de 2009, de 4.700.000 mil
Meticais, conforme se evidencia no Quadro VII.1, a seguir.
Quadro n.º VII.1 – Bilhetes do Tesouro (2010-2014)
Ano 2010 2011 2012 2013 2014 Total
Emissão 20.000.000 21.500.000 23.500.000 31.600.000 22.200.000 118.800.000
Resgate 19.200.000 21.500.000 24.000.000 28.200.000 22.200.000 115.100.000
Saldo¹ 5.500.000 5.500.000 5.000.000 8.400.000 8.400.000 8.400.000
Fonte: Relatórios e Pareceres sobre as CGE´s de 2010 a 2013 e Extractos Bancários -2014.
(Em mil Meticais)
¹ Saldo final de 2009: 4.700.000 mil Meticais.
Para aferir os dados registados no Mapa I-4 da CGE de 2014, foram verificados os
balancetes mensais de receitas e despesas e as relações “Modelo A” da Tesouraria Central
e das províncias, a partir dos quais se elaborou o quadro a seguir.
Quadro n.º VII.2 - Movimento Global das Operações de Tesouraria
DesignaçãoReceita
(Entradas)
Peso
(%)
Despesa
(Saídas)
Peso
(%)
Niassa 30.050 0,1 49.052 0,2
C. Delgado 36.172 0,2 47.549 0,2
Nampula 50.969 0,2 88.085 0,4
Zambézia 49.989 0,2 77.279 0,3
Tete 75.978 0,3 89.851 0,4
Manica 1.907 0,0 20.570 0,1
Sofala 24.747 0,1 42.014 0,2
Inhambane 19.943 0,1 38.704 0,2
Gaza 28.435 0,1 34.575 0,1
Maputo 49.901 0,2 66.889 0,3
C. Maputo 4.830 0,0 27.136 0,1
T. Central 23.207.175 98,4 23.508.680 97,6
Total 23.580.096 100,0 24.090.385 100,0
Fonte: Direcção Nacional do Tesouro.
(Em mil Meticais)
O valor global das entradas de fundos contabilizados, a nível do País, foi de 23.580.096
mil Meticais, enquanto as saídas totalizaram 24.090.385 mil Meticais, conforme consta do
Mapa I-4 da CGE de 2014.
Gráfico n.º VII.2 – Distribuição do Movimento de Entrada e Saída de Fundos por
Operações de Tesouraria
Saídas
Províncias 581.705
Tesouraria
Central 23.508.680
Entradas
Províncias 372.921 1,6Tesouraria
Central 23.207.175 98,4
23.580.096
Entradas Saídas
Províncias1,6%
Tesouraria Central
98,4%
Províncias2,4%
Tesouraria Central
97,6%
Fonte: Direcção Nacional do Tesouro.
1O classificador económico das receitas e despesas vigente não contempla as operações extra-orçamentais.
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Na epígrafe “6. b) C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar” registou-se a saída de
22.200.000 mil Meticais, correspondente à movimentação dos Bilhetes do Tesouro. As
restantes saídas somam 1.890.385 mil Meticais, valores constituídos pelas parcelas de
1.027.490 mil Meticais (54,4%), contabilizados na epígrafe “6.d) C.T.R. - Valores não
Especificados Recebidos em Depósito”, de 632.388 mil Meticais (33,5%), na “6. f) C.T.R
– Distribuição do Produto de Multas”, de 227.244 mil Meticais (12,0%), na “6.a) CTR –
Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar” e 3.263 mil Meticais (0,2%), em
outras.
7.4 – Movimento Anual de Algumas Epígrafes
Na análise do movimento anual das Operações de Tesouraria, foram verificados os
documentos de entradas e saídas de fundos das epígrafes “6.a) CTR – Pagamentos e
Adiantamentos Diversos a Regularizar”, “6.b) C.T.R. – Provisão para Despesas a
Regularizar”, e “6.d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito”
conforme é apresentado no quadro seguinte.
Quadro n.º VII.3 – Representatividade das Epígrafes Seleccionadas
6.a) C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar 227.244 1,0 227.244 1,0
6.b) C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar 22.200.000 94,6 22.200.000 94,7
6.d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito 1.037.182 4,4 1.027.490 4,4
Total Analisado 23.464.426 100,0 23.454.734 100,0
Total do País 23.580.096 24.090.385
Representatividade da Amostra (%) 99,5 97,4
Fonte: DNT - Relações Modelo A.
Epígrafes EntradasPeso
(%)
(Em mil Meticais)
SaídasPeso
(%)
No quadro supra, verifica-se que, da amostra seleccionada, a epígrafe “6.b) C.T.R. –
Provisão para Despesas a Regularizar” foi a que movimentou a maior parte dos fundos,
com um peso de 94,6%, nas entradas, e 94,7%, nas saídas.
Seguidamente, apresenta-se o movimento desagregado, por província, das epígrafes
seleccionadas.
7.4.1- C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar
De acordo com alínea b) do n.º 1 do artigo 4 do Regulamento das Operações de Tesouraria,
aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 124/2008, de 30 de Dezembro, são contabilizados,
nesta epígrafe, os pagamentos de despesas inadiáveis com carácter excepcional,
devidamente fundamentadas, imputáveis ao Orçamento do Estado.
Estes movimentos deverão, em regra, mostrar-se regularizados dentro do respectivo
exercício, mediante registo do gasto efectuado na dotação orçamental apropriada, segundo
o estabelecido no artigo 6 da Circular n.º 03/GAB-MF/2014, de 31 de Outubro, do
Ministro das Finanças.
Nesta epígrafe, foram apuradas receitas e despesas no montante de 227.244 mil Meticais,
que correspondem aos valores apresentados no Mapa I-4 da CGE de 2014, conforme se
observa no quadro a seguir.
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Quadro n.º VII.4 - C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar
ProvínciaReceita
(Entradas)
Despesa
(Saídas)
Peso
(%)
Niassa 434 434 0,2
C. Delgado 584 584 0,3
Nampula 1.167 1.167 0,5
Zambézia 245 245 0,1
Tete 499 499 0,2
Manica 138 138 0,1
Sofala 360 360 0,2
Inhambane 190 190 0,1
Gaza 204 204 0,1
Maputo 367 367 0,2
T. Central 223.056 223.056 98,2
Total 227.244 227.244 100,0
(Em mil Meticais)
Fonte: DNT- Relações Modelo A.
Ainda do mesmo quadro, verifica-se que tanto as províncias, quanto a Tesouraria Central,
regularizaram, na totalidade, os adiantamentos recebidos, sendo que a Cidade de Maputo
não registou qualquer movimento nesta epígrafe.
Do total das despesas realizadas, nesta epígrafe, ao nível do País, a Tesouraria Central
movimentou 98,2%, cabendo às províncias, 1,8%.
7.4.2 – C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar
São registados, nesta epígrafe, os movimentos de fundos de terceiros sob responsabilidade
do Tesouro, as transferências de fundos para a execução descentralizada do Orçamento do
Estado e os valores dos Bilhetes do Tesouro, todos eles não imputáveis ao Orçamento do
Estado. A informação desta epígrafe, relativa ao exercício de 2014, é apresentada no
quadro abaixo.
Quadro n.º VII.5 – C.T.R. – Provisão para Despesas a Regularizar (Em mil Meticais)
Designação Entradas Saídas
Tesouraria Central 22.200.000 22.200.000
Total (1) 22.200.000 22.200.000
Fonte: DNT- Relações Modelo A.
As entradas e saídas contabilizadas, nesta epígrafe, totalizaram 22.200.000 mil Meticais,
valores que correspondem aos inscritos no Mapa I-4 da CGE de 2014.
Observa-se, no quadro, que apenas a Tesouraria Central registou movimentos, nesta
epígrafe, correspondentes à emissão e resgate de Bilhetes do Tesouro, nos montantes
anteriormente referidos.
7.4.3 – C.T.R – Valores não Especificados Recebidos em Depósito
A epígrafe destina-se a receber os depósitos transitórios de importâncias não imputáveis ao
Orçamento do Estado, cujos pagamentos estão condicionados ao prévio ingresso da receita.
De acordo com esta definição, só podem ser efectuadas despesas (saídas de fundos) depois
de confirmada a correspondente receita (entradas).
Seguidamente, é apresentado o resumo das entradas e saídas de fundos nesta epígrafe.
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Quadro n.º VII.6 – C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito
DesignaçãoEntradas
(1)
Saídas
(2)
Diferença
3= (1)-(2)
Niassa 13.776 13.738 38
C. Delgado 34.184 29.083 5.101
Nampula 43.105 45.506 -2.401
Zambézia 44.219 45.844 -1.625
Tete 13.630 13.599 31
Manica 203 1.159 -956
Sofala 21.739 19.746 1.993
Inhambane 19.625 19.689 -64
Gaza 26.918 20.241 6.677
Maputo 34.944 32.493 2.451
C. Maputo 4.830 4.830 0
T. Central 780.009 781.562 -1.553
Total 1.037.182 1.027.490 9.692
Fonte: DNT - Contas Modelo 36 e Relações Modelo A.
(Em mil Meticais)
As entradas e saídas de fundos cifraram-se em 1.037.182 mil Meticais e 1.027.490 mil
Meticais, respectivamente, informação que coincide com a do Mapa I-4 da CGE de 2014.
Ainda, no Quadro n.º VII.6, observa-se que os movimentos mais significativos ocorreram
na Tesouraria Central, com 780.009 mil Meticais, de entradas, e 781.562 mil Meticais de
saídas, seguida da Província da Zambézia, com entradas de 44.219 mil Meticais e saídas de
45.844 mil Meticais e da Província de Nampula, com 43.105 mil Meticais e 45.506 mil
Meticais, na mesma ordem.
Durante o exercício em consideração, as Províncias de Nampula, Zambézia, Manica,
Inhambane e a Tesouraria Central, registaram saídas de fundos superiores às respectivas
entradas, tendo as diferenças sido cobertas com parte dos saldos transitados de 2013.
7.5 – Movimento de Fundos da Tesouraria Central
Foram aferidos os movimentos de entradas e saídas de fundos realizadas pela Tesouraria
Central, as quais correspondem a 97,0% do total movimentado em todo o País.
Tendo em conta as informações mensais das entradas e saídas de fundos, das relações
“Modelo A”, fez-se o levantamento do movimento anual de fundos da Tesouraria Central,
excluídos os Valores Selados. A seguir, são apresentados os dados relativos às entradas e
saídas de fundos, por mês, no exercício económico de 2014.
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VII-7
Quadro n.º VII.7 – Tesouraria Central
Mês Entradas Saídas
Janeiro 4.031 26.093
Fevereiro 12.155 25.846
Março 1.003.309 1.028.770
Abril 5.403.344 3.027.980
Maio 1.023.593 3.419.509
Junho 1.204.108 1.247.563
Julho 34.434 59.079
Agosto 3.019.050 3.039.641
Setembro 1.023.620 1.085.646
Outubro 5.682.636 5.790.865
Novembro 2.014.449 2.123.730
Dezembro 2.782.445 2.633.959
Total (1) 23.207.175 23.508.680
Total do País (2) 23.580.096 24.090.385
Peso (%) (1/2) 98,4 97,6
Fonte: DNT - Relações Modelo A e CGE 2014.
(Em mil Meticais)
Tem-se, no Quadro n.º VII.7, que a nível Central, em 2014, o movimento de fundos das
Operações de Tesouraria atingiu 23.207.175 mil Meticais, nas entradas, e 23.508.680 mil
Meticais, nas saídas.
Ainda no mesmo quadro, verifica-se que os movimentos de entradas e saídas realizados a
nível Central representam 98,4% e 97,6%, respectivamente, dos totais indicados no Mapa
I-4 da CGE de 2014, que reflecte as Operações de Tesouraria de todo o País.
Tendo em conta a elevada expressão dos movimentos da Tesouraria Central, foram
seleccionadas, para análise, as seguintes epígrafes, “6.a) CTR – Pagamentos e
Adiantamentos Diversos a Regularizar”, “6.b) C.T.R. – Provisão para Despesas a
Regularizar”, e “6.d) C.T.R. – Valores não Especificados Recebidos em Depósito”.
Apresentam-se, seguidamente, os resultados decorrentes da auditoria realizada na DNT.
7.5.1 - C.T.R. - Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar
Na auditoria realizada às Operações de Tesouraria, que incidiu sobre o movimento de
fundos da Tesouraria Central, procedeu-se à verificação dos valores mensais
correspondentes a esta epígrafe, que são apresentados no quadro a seguir.
Quadro n.º VII.8 - C.T.R. – Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar
Mês Adiantamentos Regularizações Saldo por
regularizar
Setembro 35.758 35.758
Outubro 97.542 97.542
Novembro 69.077 69.077
Dezembro 20.679 223.056 -202.377
Total 223.056 223.056 0
Total T. Central 23.207.175 23.508.680
Peso (%) 1,0 0,9 0,0
Fonte: Relações Modelo "A" .
(Em mil Meticais)
Da conferência dos documentos, apurou-se que foram efectuados adiantamentos de fundos
e correspondentes regularizações, no valor de 223.056 mil Meticais, que representam 1,0%
das saídas e 0,9% das entradas movimentadas pela Tesouraria Central.
Ainda, da leitura do quadro, observa-se que os adiantamentos registaram-se nos meses de
Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.
Seguidamente, são apresentadas as instituições que beneficiaram destes adiantamentos.
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Quadro n.º VII.9 – Adiantamentos e Regularizações
Assembleia da República 5 0,0 5 0,0 0
Autoridade Tributária 151 0,1 151 0,1 0
Instituto Nacional de Normalização e Qualidade 0 0,0 24 0,0 24
Ministério da Agricultura 222.312 99,7 222.133 99,6 -179
Ministério das Finanças 513 0,2 692 0,3 179
Tribunal Administrativo 75 0,0 51 0,0 -24
Total 223.056 100,0 223.056 100,0
Fonte: DNT.
Diferença
(Em mil Meticais)
Instituição Valor AdiantadoValor
Regularizado
Peso
(%)Peso (%)
Contribuíram, em grande medida, os adiantamentos efectuados a favor do Ministério da
Agricultura e do Ministério das Finanças, para o pagamento de despesas feitas no âmbito
da declaração de cessação de hostilidades.
Com o objectivo de certificar a regularização das saídas de fundos efectuadas por cada
instituição beneficiária, foram elaboradas as contas correntes que a seguir se apresentam.
7.5.1.1 - Adiantamentos e Regularizações no âmbito da cessação de hostilidades
Foram adiantados, durante o ano, 222.825 mil Meticais, através da emissão de 40 Notas de
Pagamento, para suportar despesas relacionadas com a cessação de hostilidades, cujo
detalhe apresenta-se seguidamente.
Quadro n.º VII.10 – Adiantamentos e Regularizações
Mês Data Valor Mês Data Valor
Setembro (2 Notas de
Pagamento )N/A 35.245
Outubro (26 Notas de
Pagamento)N/A 97.542
Novembro (8 Notas de
Pagamento)N/A 69.077
Dezembro (2 Notas de
Pagamento)N/A 20.448
222.312 - - 222.133 179
216 179
297
216
513 - - 692 -179
222.825 222.825 0
Fonte: DNT.
Total
Ministério das Finanças297
Subtotal
Dez
emb
ro
31-12-2014 -179
Subtotal
Requisitante
Setembro (2 Notas de
Pagamento )16-09-2014
Ministério da
Agricultura
Dez
emb
ro
31-12-2014 222.133
(Em mil Meticais)
Diferença
179
Adiantamentos Regularizações
Como se observa no Quadro n.º VII.10, a regularização do montante adiantado ocorreu em
diversas verbas dos sectores 35A000141 – Ministério da Agricultura e 27A000141 –
Ministério das Finanças.
7.5.1.2 – Estornos Automáticos do e-SISTAFE
Conforme se mostra, no quadro seguinte, em 2014, foram estornadas automaticamente,
pelo sistema, várias ordens de pagamento destinadas ao pagamento de salários aos
funcionários da Autoridade Tributária, do Tribunal Administrativo e da Assembleia da
República.
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Quadro n.º VII.11 – Estornos Automáticos
Instituição Mês Data Valor Mês Data Valor
30-12-2014 24 31-12-2014 12
30-12-2014 39
30-12-2014 12
75 51 24
Autoridade Tributária de
MoçambiqueDezembro 30-12-2014
15131-12-2014
151 0
Assembleia da República Dezembro 30-12-2014 5 31-12-2014 5 0
Instituto Nacional de
Normalização e
Qualidade
- - - 01-01-2015 24 -24
Total 231 231 0
Fonte: DNT.
DiferençaRegularizaçõesAdiantamentos
24
(Em mil Meticais)
Subtotal
Dezembro
Dez
emb
ro
31-12-2014 39Tribunal Administrativo
De modo a regularizar essas transacções, os montantes foram pagos através da epígrafe de
Operações de Tesouraria, C.T.R. - Pagamentos e Adiantamentos Diversos a Regularizar.
Contudo, pela sua natureza, estes movimentos deveriam ter sido registados na epígrafe “6.
d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito”.
Exercendo o direito do contraditório, o Governo reconheceu o facto e justificou o uso
daquela epígrafe pela necessidade de “flexibilizar o processo”, uma vez que o recurso à
epígrafe devida, a 6. d) C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito, estaria
condicionado ao ingresso prévio da receita.
Há a referir, a este respeito, que as epígrafes de Operações de Tesouraria devem ser
movimentadas de acordo com os propósitos para os quais foram criadas.
7.5.2 – C.T.R. - Provisão para Despesas a Regularizar
No quadro a seguir, temos os movimentos desta epígrafe, referentes ao exercício
económico de 2014.
Quadro n.º VII.12 – C.T.R. - Provisão para Despesas a Regularizar
Mês Entradas Saídas
Janeiro 0 0
Fevereiro 0 0
Março 1.000.000 1.000.000
Abril 5.400.000 5.400.000
Maio 1.000.000 1.000.000
Junho 1.000.000 1.000.000
Julho 0 0
Agosto 3.000.000 3.000.000
Setembro 1.000.000 1.000.000
Outubro 5.400.000 5.400.000
Novembro 2.000.000 2.000.000
Dezembro 2.400.000 2.400.000
Total 22.200.000 22.200.000
Total T. Central 23.207.175 23.508.680
Peso (%) 95,7 94,4
Fonte: Relações Modelo A.
(Em mil Meticais)
O movimento global desta epígrafe foi de 22.200.000 mil Meticais, nas entradas e saídas,
representando, respectivamente, 95,7% e 94,4%, do total da Tesouraria Central.
Entretanto, da análise da conta bancária n.º 002141570015 – MPF – Banco Mundial –
EMRO/99, na qual são movimentados os fundos referentes aos BT´s, contabilizados por
esta epígrafe, C.T.R. - Provisão para Despesas a Regularizar, apurou-se que o resgate
Novembro de 2015
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
VII-10
destes foi de 19.800.000 mil Meticais, valor que diverge em 2.400.000 mil Meticais, da
informação apresentada no Mapa I-4 (Movimento das Operações de Tesouraria) da CGE
de 2014.
A divergência, conforme esclarecimentos prestados pela DNT e apurado nos processos,
deveu-se a um débito efectuado indevidamente pelo Banco de Moçambique, na CUT, ao
invés de ser na conta bancária em alusão, violando-se o plasmado no artigo 7, Capítulo II,
das Regras de Abertura, Movimentação e Encerramento de Contas Bancárias do Estado,
aprovadas pelo Diploma Ministerial n.º 260/2004, de 20 de Dezembro, do Ministro do
Plano e Finanças, segundo o qual, “A CUT é movimentada a débito, só para contas do
Estado ou seus credores, apenas por instrução e-SISTAFE”.
7.5.3 – C.T.R. – Valores não Especificados Recebidos em Depósito
Esta epígrafe destina-se a registar o depósito transitório de importâncias não imputáveis ao
Orçamento do Estado, cujo pagamento está condicionado ao prévio ingresso da receita.
De acordo com esta definição, só podem ser efectuadas despesas (saídas) depois de
confirmadas as correspondentes receitas (entradas).
No quadro a seguir, apresenta-se o resumo mensal dos movimentos de entradas e saídas de
fundos nesta epígrafe, em 2014, efectuados pela Tesouraria Central.
Quadro n.º VII.13 – C.T.R. - Valores não Especificados Recebidos em Depósito
Mês Entradas Saídas
Janeiro 4.030 4.728
Fevereiro 12.106 3.982
Março 2.948 7.588
Abril 3.230 7.441
Maio 21.999 0
Junho 203.120 224.934
Julho 34.255 33.736
Agosto 18.429 16.331
Setembro 23.418 26.267
Outubro 282.635 270.164
Novembro 14.449 27.002
Dezembro 159.389 159.389
Total 780.009 781.562
Total T. Central 23.207.175 23.508.680
Peso (%) 3,4 3,3
Fonte: Relações Modelo A.
(Em mil Meticais)
As entradas e saídas de fundos foram de 780.009 mil Meticais e 781.562 mil Meticais,
correspondendo a 3,4% e 3,3%, respectivamente, do total movimentado pela Tesouraria
Central.
Com o objectivo de certificar as entradas e saídas de fundos, foram elaboradas as contas
correntes das instituições que movimentaram fundos nesta epígrafe, cujo resumo é
apresentado no Quadro n.º VII.14.
Novembro de 2015
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
VII-11
Quadro n.º VII.14 – Resumo dos Movimentos Efectuados
Instituição EntradasPeso
(%)Saídas
Peso
(%)O bservação
Receitas Consignadas 37.147 4,8 37.873 4,8
Rádio Moçambique 37.147 4,8 37.873 4,8
Devolução de Saldos 0 0,0 1.424 0,2
Instituto Nacional da Juventude 0 0,0 1.424 0,2
Devolução do saldo do projecto
PROJOVEM recolhido no
exercício de 2013
Regularização de Pagamentos Pendentes 515.652 66,1 513.768 65,7
Ministério das Finanças 114.531 14,7 113.797 14,6
Ministério da Ciência e Tecnologia 1.150 0,1 0 0,0
Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze 399.971 51,3 399.971 51,2
Pagamento de Salários 29.301 3,8 30.587 3,9
Conselho Nacional de Electricidade 4.210 0,5 4.210 0,5
Fundo de Desenvolvimento Agrário 6.600 0,8 7.077 0,9
Instituto de Gestão das Participações do Estado 3.528 0,5 4.337 0,6
Inspecção Geral de Jogos 4.149 0,5 4.149 0,5
Instituto Nacional de Transportes Terrestres 9.199 1,2 9.199 1,2
Instituto de Supervisão de Seguros 1.615 0,2 1.615 0,2
Receitas de Capital 197.909 25,4 197.909 25,3
Ministério das Finanças (Dividendos Pagos pelo
Banco Internacional de Moçambique)197.909 25,4 197.909 25,3
Receitas provenientes de
dividendos das participações do
Estado
Total 780.009 100,0 781.561 100,0
Total T. Central 23.207.175 23.508.680
Peso (%) 3,4 3,3
Fonte : Relações Modelo "A" de Receita e Despesa.
(Em mil Meticais)
Pagamentos não creditados nas
contas dos beneficiários em
2013 e 2014
Pagamento de Salários por OT e
posterior Regularização
Taxas de Radiofusão
Do total das saídas, no montante de 781.561 mil Meticais, destacam-se as da Agência do
Desenvolvimento de Vale do Zambeze, de 399.971 mil Meticais, e do Ministério das
Finanças, de 311.706 mil Meticais (197.909 mil Meticais e 113.797 mil Meticais).
No período em consideração, foram canalizadas e requisitadas, pela Empresa Rádio
Moçambique, receitas resultantes da cobrança da taxa de radiodifusão no montante de
37.147 mil Meticais.
Nas saídas, do quadro, temos uma regularização de 513.768 mil Meticais (65,7%), de
pagamentos que não deram entrada nas contas dos beneficiários, como devido, em 2013 e
2014, por terem ficado pendentes nos respectivos Bancos Comerciais, até ao encerramento
do exercício.
Assim, os recursos foram devolvidos à conta de Receitas de Terceiros e desta à CUT, para
posterior pagamento aos destinatários, através de Operações de Tesouraria.
As receitas de capital não foram consideradas como receita orçamental e, por conseguinte,
não foram receitados os dividendos de 197.909 mil Meticais pagos pelo Banco
Internacional de Moçambique (Millennium bim). O valor foi recolhido através das
Operações de Tesouraria e, posteriormente, transferido ao IGEPE, para fazer face à
amortização da dívida contraída com o banco em alusão, no âmbito da aquisição de acções
no Banco Nacional de Investimentos.
Sobre este assunto, o executivo afirmou, no exercício do direito do contraditório, que a
transferência de 197.909 mil Meticais para a conta do Estado resultou de um erro cometido
pelo Millennium bim, pois, em regra, o valor deveria ficar cativo a favor do próprio banco,
uma vez que os dividendos deste só serão considerados como receita do Estado após o
pagamento da dívida deste com o banco, nos termos do acordo de financiamento celebrado
entre as partes.
Novembro de 2015
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2014
VII-12
O Governo informa, no mesmo documento, que a reposição do montante, ao Millennium
bim, foi efectuado por Operações de Tesouraria, por tratar-se de uma despesa inadiável
face ao compromisso assumido pelo Governo e não prevista nas operações financeiras.
O procedimento adoptado pelo Executivo contraria o princípio da não compensação
consagrado na alínea e) do n.º 1, do artigo 13 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro,
segundo a qual “as receitas e as despesas devem ser inscritas de forma ilíquida”.
Por outro lado, pelo facto desta transacção ter ocorrido por operações de tesouraria, ficou
sem o devido registo na Conta Geral do Estado como dividendos pagos pelo Millennium
bim.
Foram inscritos, nesta epígrafe, pagamentos de salários das entidades apresentadas no
quadro seguinte.
Quadro n.º VII.15 – Pagamento de Salários através de Operações de Tesouraria
O rdem Instituição Beneficiária Valor
1 Conselho Nacional de Electricidade 4.210
2 Fundo de Desenvolvimento Agrário 7.077
3 IGEPE 4.337
4 Inspecção Geral de Jogos 4.149
5 Instituto Nacional dos Transportes Terrestres 9.199
6Instituto de Supervisão de Seguro de
Moçambique1.615
30.587Total
Fonte: DNT
(Em mil Meticais)
Este facto, conforme o Despacho do Vice-Ministro das Finanças, datado de 17/06/2014,
recaído sobre a informação n.º 625/DNO-DOC/MF/2014, deveu-se à falta de dotação
orçamental e à limitação imposta pela Lei n.º 1/2014, de 24 de Janeiro2, que impossibilitou
a inscrição de saldos transitados dos exercícios anteriores e de excessos de arrecadação das
Receitas Consignadas e Próprias.
Deste modo, os salários foram pagos através das Operações de Tesouraria, enquanto se
aguardava a revisão do OE, para efeitos de inscrição dos saldos transitados e do excesso de
arrecadação.3
Importa referir que o motivo da inscrição dos saldos, na Lei Rectificativa, conforme os
propósitos apresentados no último parágrafo da página 17 do Relatório do Governo, Sobre
os Resultados da Execução Orçamental, foi de reforçar algumas actividades importantes e
inadiáveis cujas dotações mostravam-se insuficientes, tais como as despesas adicionais
com o pacote eleitoral, o financiamento do investimento do Millennium Challenge Account
e os sectores prioritários, não constando, deste modo, o pagamento de salários aludido na
informação apresentada pela DNT.
Por outro lado, tratando-se de despesas já conhecidas, deveriam merecer o devido
enquadramento no Orçamento do Estado, evitando-se, deste modo, o recurso a estas
operações, o que revela, claramente, deficiências nos mecanismos de planificação.
2 Lei que aprovou o Orçamento inicial 3 Vide o parágrafo sétimo da proposta de revisão do Orçamento do Estado para 2014 (Lei n.º 22/2014 de 2 de
Outubro).
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