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Visões Interdisciplinares da Maconha:

evidências, valores e fantasias

Mesa 6: A política da

Maconha

Campinas, 12 de junho de 2015

•(i) Panorama internacional

•(ii) Legislação e prática jurídica brasileira

•(iii) Debates atuais

Roteiro da apresentação

Convenções da ONU sobre Drogas

Convenção Ano Principais assuntos

Convenção Única sobre

Entorpecentes

1961 (1973) Definem substâncias que devem ficar

sob controle da comunidade

internacional, estabelecem regras

para garantir a disponibilidade de tais

substâncias para uso médico e

científico, e para evitar o desvio para

o comércio ilícito.

Convenção sobre

Substâncias Psicotrópicas

1971

Convenção contra o Tráfico

Ilícito de Entorpecentes e

Substâncias Psicotrópicas

1988 Estabelece diretrizes para o controle e

punição do tráfico ilícito de

entorpecentes e define estratégias de

colaboração entre os países

Panorama Internacional

• Artigo 4º: cannabis “exclusivamente para fins científicos e

medicinais”

• Artigo 22: regras especiais para o cultivo de determinadas

substâncias, determinando a eliminação da cannabis (junto com

folha de coca e papoula) para prevenir o desvio da substância para

fins de comércio ilícito.

• Artigo 49: abolição do uso não-medicinal e não-científico da

cannabis em 25 anos (com a ratificação em 1964, o prazo venceu

em 1989).

Convenção de 1961

• Artigo 36.1 (a): tráfico deve ser punido como crime, e que os

crimes graves devem ser “sujeitos à punição adequada,

particularmente por meio de prisão ou outras penas de privação

de liberdade”.

• Artigo 36.1 (b): quando o tráfico for cometido por “dependentes”,

pode-se prever como alternativas à prisão “que tais pessoas

sejam submetidas a medidas de tratamento, educação, cuidado,

reabilitação e reintegração social”

Convenção de 1961

• Reitera a obrigação dos Estados de criminalizar ações contrárias à Convenção de 1961

• Art. 3º ressalva que, em casos de pequena monta, as Partes podem prever, como alternativa à condenação ou punição, medidas como educação, reabilitação ou reintegração social, ou ainda tratamento e cuidado, nos casos de dependência química.

• As convenções não obrigam os Estados a definir o uso de drogas como um crime punível.

Convenção de 1988

(fonte: Dejusticia)

Comparativo de penas na América Latina*

(fonte: Dejusticia)

Comparativo de penas na América Latina*

• Debate: qual é o grau de flexibilidade na

interpretação das convenções?

• A responsabilidade pelo endurecimento das leis

no mundo é dos textos internacionais ou dos

legisladores nacionais?

• É possível reformar a política de drogas

internacional sem alterar as Convenções?

Convenções da ONU Sobre Drogas

• Criminalização do uso (Japão, Filipinas, Hungria)

• Despenalização do uso (Suécia)

• Descriminalização do uso (Equador, Holanda, Espanha, EUA*)

• Uso medicinal (Califórnia*)

• Uso recreativo (Uruguai, Colorado, Washington*)

Modelos de Legislação Sobre Drogas

• Distinção objetiva (Quantitiy Threshold - QT)

• Distinção subjetiva

Distinção Jurídica entre Uso e Tráfico

País QT Sanção

México 5g Nenhuma até o limite, alta

se ultrapassar

EUA* 1 ounce (28,45g) Multa, em geral

Holanda 5g / 30g / 1kg Sem punição / multa leve /

multa alta

Portugal 10 dias (25g) Sanção administrativa

Rússia 6g Sanções administrativas,

incluindo prisão (até 15

dias)

Índia 100g Crime, pena de até 1 ano

Exemplos de Distinção Objetiva

Classificação Quantidade Pena

Uso Até 6g* Sem pena

Mínima escala > 0 – 300g 2 a 6 meses

Média escala > 300g – 1kg 1 a 3 anos

Grande escala > 1kg – 10kg 5 a 7 anos

Máxima escala > 10kg 10 a 13 anos

• Lei aprovada em Julho/14

Exemplo: Equador

• Cannabis: proibida em 1936

• Código Penal de 1940: sem distinção entre uso e tráfico.

Pena de 1 a 6 anos.

• Lei nº 6.368/76: distinção subjetiva entre uso e tráfico

– Posse para uso (art. 16): detenção, 6 meses a 2 anos

(substituível)

– Tráfico (art. 12): reclusão, 3 a 15 anos.

Leis de Drogas e Prática Jurídica no Brasil

• Lei 11.343/06:

– Mantém o critério subjetivo

– Despenalizou o uso (art. 28)

– Aumentou as penas para o tráfico – 5 a 15 anos

– “Tráfico privilegiado”: redução de 1/3 a 2/3

(substituível, por decisão do STF)

• Classificação das substâncias: Portaria ANVISA

nº 344.

Leis de Drogas no Brasil

Composição da População Carcerária Brasileira (2012)

• Sistema Penitenciário (INFOPEN): Dos 548 mil presos no Brasil

em 2012, 138.200 eram relacionados ao tráfico de drogas;

– 25% da população prisional (contra 10,5% em 2007).

– 50% da população prisional feminina.

• Prisões (NEV/USP):

– Prisões em flagrante, na via pública, em patrulhamento de rotina

– Presos estavam sozinhos e desarmados.

– Escolaridade até o primeiro grau completo.

Prisão e Tráfico de Drogas

• Cenário internacional:

– UNGASS 2016 – revisão do Plano de Ação

de 2009 – o que esperar?

– Revisão das Convenções, interpretação

flexível, endurecimento.

– Integração regional: pontos em comum e

dissonâncias no Continente

Debates Atuais

• Câmara:

– PL 7.270/2014 (Dep. Jean Wyllys)

– PL 7.187/2014 (Dep. Eurico Junior)

• Senado:

– PLS 236/2011 – Novo Código Penal (Sen. José

Sarney, Rel. Sen. Pedro Taques)

– PLC 37/2011 (Dep. Osmar Terra, Rel. Sen. Antonio

Carlos Valadares)

– Sugestão nº 8/2014 (Rel. Sen. Cristovam Buarque)

Projetos de Lei

• Recurso Extraordinário 635.659/SP

– Interposto pela Defensoria de SP

– Argumentos:

• Direito à intimidade

• Princípio da lesividade: uso próprio não causa lesão a

terceiros

– Repercussão Geral reconhecida. Rel. Min. Gilmar

Mendes.

STF

Luiz Guilherme Mendes de Paiva

Diretor de Projetos Estratégicos e Assuntos Internacionais

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD

http://www.justica.gov.br

http://obid.senad.gov.br

senad@mj.gov.br

Tel. (61) 2025-7213