View
214
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017
VIVÊNCIAS NA SALA DE AULA NO PIBID
Andréa Cristina Martelli
Dulce Maria Strieder
Dulcyene Maria Ribeiro
Lourdes Aparecida Della Justina
Solange de Fátima Reis Conterno
Organizadoras
INDICTO EDITORA
Toledo
2017
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017
Vivências na sala de
aula o Pibid
INDICTO EDITORA
TOLEDO
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017
Copyright: Dos autores. Todos os direitos reservados – 2017
Revisão Dr. Rosan Luiz do Prado – Indicto Editora – Toledo – PR.
Produção gráfica e impressão: Ebook – Indicto Editora
Conselho Editorial: Profª. Ana Meneghini, Profª. Eide Reati do
Prado, Profº. Dr. Rosan Luiz do Prado, Profº Dr. Moacir Jorge
Rauber.
Apoio Financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior – CAPES
Realização: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência - PIBID/Unioeste, Rua Universitária, 1619 - Jardim
Universitário - CEP 85819-100 - Cascavel-PR
E-mail: pibid@unioeste.br
Os autores de cada capítulo respondem individualmente e são
totalmente responsáveis pelo respectivo conteúdo publicado.
RIBEIRO, Dulcyene Maria et al. Vivências na sala de aula no Pibid
Andréa Cristina Martelli, Dulce Maria Strieder e Lourdes
Aparecida Della Justina.Solange de Fátima Reis Conterno;
Toledo Paraná: Indicto Editora, 2017.
436p.
ISBN 978-85-54884-09-3
1. Educação
2. Medotologia
3. Pibid/Unioeste
I. Título
CDD 1ª ed. – 370
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 4
PREFÁCIO
O prefácio é um texto relativamente curto, que
precede a obra e tem o intuito de preparar o leitor para o
que virá em seguida. No caso do conjunto de coletâneas
elaboradas pelo Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – Unioeste, adianto que nenhum texto
desse caráter pode cumprir bem essa função, dada a
surpreendente e interessante experiência de conhecer as
atividades desenvolvidas no Programa nos últimos quatro
anos, discutidas nos capítulos que compõem essa obra.
As reflexões, elaboradas por educadores que constroem
conhecimento sobre o ensino no cotidiano das escolas
públicas, buscando qualificar a formação dos mais novos
professores, mais que revelam o resultado de um trabalho
sistemático realizado com grande senso de
responsabilidade. A leitura dessa obra nos impulsiona à
autorreflexão, a cada linha, provocando nosso
pensamento: “e nós”, que caminhos temos percorrido?
Que escolhas temos feito? Que recursos temos utilizado?
O que temos feito dos nossos erros e acertos?
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 5
O Pibid foi criado em 2007 pela Capes e tem
alcançado expressivo reconhecimento social, colocando-
se como um Programa estratégico no cenário das
políticas de formação de professores. O Programa insere
estudantes do curso de licenciatura no cotidiano das
escolas da rede pública de educação, nas quais praticam o
ensino sob orientação de um docente do curso -
coordenador de área - e de um professor da escola - o
supervisor. Ao mesmo tempo, oportuniza a identificação
de problemas, estudos e mudanças da realidade das
escolas.
O conjunto de coletâneas do Pibid/Unioeste
possibilitam conhecermos e compreendermos como esse
Programa se traduz em um contexto específico. No seu
conjunto, a obra trata da experiência de formação de
autênticos educadores, trazendo temas variados e que
dialogam com a complexidade da práxis educativa das
escolas públicas do Estado do Paraná. O ponto de partida
é de, nada menos que cinco coletâneas, que detalham o
trabalho realizado por diferentes perspectivas, com
destaque para a organicidade das ações realizadas ao
longo do processo de iniciação à docência, que tem como
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 6
ponto de partida a construção de vínculos com a escola, o
diagnóstico sobre a realidade escolar, a realização de
atividades formativas, o uso de mecanismos de
acompanhamento e a socialização dos resultados
alcançados.
Na coletânea “Trajetórias de iniciação à docência
no Pibid/Unioeste”, os coordenadores das diversas áreas
do ensino descrevem as práticas desenvolvidas nas
escolas. Os textos relatam as experiências realizadas de
modo crítico, discutem os fundamentos teóricos e
metodológicos em questão, revelam os saberes
produzidos e efeitos da experiência na formação dos
licenciandos. Além disso, discutem as percepções dos
bolsistas da iniciação à docência e dos egressos do
Programa sobre a própria formação e a conscientização
sobre o fato de que nós, educadores, nunca estamos
prontos por isso continuamos aprendendo. Também
analisam suas vivências quanto às práticas de ensino de
filosofia, biologia, geografia, língua portuguesa e línguas
estrangeiras, alfabetização e letramento, história e
matemática.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 7
Uma marca das discussões travadas nessa
coletânea é a formação de professores reflexivos no
cotidiano da escola, para contemplar um ensino de
qualidade visando à formação plena de sujeitos críticos,
que pensam e transformam sua realidade.
Na coletânea “Experiências na educação em
ciências e matemática no contexto do Pibid/Unioeste”, a
ênfase é a formação de professores e docência nas áreas
de Ciências e Matemática. Por um lado, ainda prevalece
nas escolas um ensino descontextualizado, baseado
apenas na abstração, por outro, as mais novas gerações
demandam cada dia mais por uma aprendizagem
significativa. Em face disso, são relevantes as reflexões
dos textos dessa coletânea, pois partem das práticas de
iniciação à docência nas escolas para analisar a história
do pensamento científico e as possibilidades de ensino
lúdico com uso de jogos, materiais concretos, modelos.
Também discutem as práticas de investigação na escola
como meio de compreensão das condições de existência
no planeta e mudanças observados nos tempos atuais,
como as mudanças climáticas globais, efeitos do uso dos
smartphones no corpo humano, petróleo e combustíveis
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 8
fósseis, o papel dos fungos na natureza. Há relatos sobre
a importância das feiras de ciências e até mesmo da
educação inclusiva com ensino de matemática para
crianças cegas. Desse modo, as experiências relatadas
nessa coletânea apontam a necessária implicação entre
escola e vida dos sujeitos que aprendem, ajudando a
ressignificar a experiência escolar.
Na coletânea “Vivências na sala de aula no
Pibid”, o destaque é para o ensino de línguas, bem como
o modo de formar o professor. É consenso a importância
tanto do domínio do português quanto de outras línguas
para que se aprenda mais sobre si mesmo e sobre o
mundo na sua pluralidade de valores culturais formas de
organização política e social, mas são inúmeras as
dificuldades dessa prática na escola pública. Como
resultado das práticas de iniciação à docência nas áreas
de ensino de português, inglês e espanhol, os textos
argumentam sobre as possibilidades de uso das
tecnologias da informação e comunicação, da literatura,
do cinema, do cordel, dos readers - pequenos livros
reescritos a partir dos grandes e complexos clássicos da
literatura. Também debatem abordagens diferenciadas,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 9
analisando criticamente as mais conservadoras e
explorando inovações possíveis, como a produção de
livro didático. Há reflexões acerca da ação do professor
frente aos desvios de escrita dos alunos, a
problematização acerca da concepção de leitura,
discussões acerca da oralidade. No bojo da reflexão sobre
a função social da escrita, incluindo experimentos sobre o
ensino da função argumentativa e discursiva do texto, a
coletânea apresenta ainda, como lastro, as teorias sócio-
construtivistas no ensino das línguas, valorizando e
empoderando o sujeito do conhecimento.
Na coletânea “O fazer-se docente e o Pibid”, tem
lugar o ensino das ciências humanas na escola. É
indiscutível o papel do ensino de história, geografia e
sociologia para a formação de um cidadão consciente. Os
resultados da experiência de iniciação à docência nessa
área, analisados nos textos dessa coletânea, contribuem
com a reflexão sobre as questões locais como agricultura,
a dinâmica das feiras locais, o estudo da hidrografia. Os
textos discutem o uso de jogos e atividades práticas em
grupos como formas de ensino mais lúdicas, uso da
cartografia como meio de reconhecimento da realidade
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 10
pelos alunos, uso dos jogos narrativos para compreensão
de si como sujeito histórico, uso das bonecas Abayomis –
feitas de retalhos de tecido - para ensino da reflexão
sociológica relativo às questões raciais e de gênero. Ou
seja, os textos compilados dão evidência à necessidade de
formar o pensamento crítico e seres humanos capazes de
compreender e produzir relações sociais saudáveis, com
clareza sobre seu papel nas transformações necessárias da
sociedade.
Na coletânea “Experiências dos subprojetos de
Pedagogia do Pibid/Unioeste”, é dado foco à formação de
professores para ensino da língua materna como condição
para a expressão e autonomia dos sujeitos, desde a
educação infantil e o ensino fundamental. São grandes os
desafios com o ensino de português que forme sujeitos
capazes de produzir e compreender textos. A coletânea
apresenta formas de enfrentamento dessa realidade a
partir da contação de histórias para instigar as crianças a
apreciar a leitura, de aproximações entre a educação
formal e não formal para preparar o sujeito para o
exercício da cidadania, da reflexão sobre a alfabetização
e o letramento, incluindo as pessoas com necessidades
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 11
especiais e a alfabetização matemática, do trabalho com a
literatura como modo de compreensão da realidade e
resolução de conflitos, das contribuições da Teoria
Histórico-cultural, do aprendizado sobre folclore e
cultura popular na educação infantil. Essa coletânea
mostra caminhos percorridos no sentido de colocar o
ensino da língua a serviço da leitura de mundo, abrindo
promissora perspectiva de trabalho para uma efetiva
educação na infância.
À essa altura, deve estar claro para o leitor o
porquê dessa despretensiosa introdução às Coletâneas do
Pibid/Unioeste. Ciente da impossibilidade de reduzir a
poucas palavras a robusta contribuição dessa obra, as
páginas iniciais representam o resultado, principalmente,
de uma leitura transversalizada pela gratidão e honra de
compartilhar ideias com os autores, sujeitos, educadores
do Estado do Paraná. A leitura de mundo, de escola, de
docência e de formação impressa nesse trabalho são o
testemunho vivo de experiências vividas e reflexionadas
no espaço-tempo singular, sob condições objetivas e
específicas. Mas, ao mesmo tempo, no seu conjunto, os
textos apresentados despertam a esperança de que uma
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 12
outra educação é possível, que ela está em construção e
que podemos fazer parte disso, dialogando com outros
educadores, repensando nossas próprias práticas. Boa
leitura!
Alessandra Santos de Assis
Professora do Departamento de Educação II -
FACED/UFBA, docente do Programa de Mestrado
Profissional em Educação na UFBA e Coordenadora
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 13
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................... 15
CONTRIBUIÇÕES DO SUBPROJETO DO
ESPANHOL DO PIBID DA UNIOESTE CAMPUS
CASCAVEL: FORMAÇÃO INICIAL E PREPARO
PARA O USO PEDAGÓGICO DAS TIC.....................33
POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE ESPANHOL
POR MEIO DAS TICs...................................................68
CADERNO DE LITERAMENTO DE INGLÊS:
GRIMM BROTHERS’...................................................86
O USO DE READERS NO ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA..........117
PRIMEIRAS REFLEXÕES SOBRE AS
ABORDAGENS PARA O ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA: O PONTO DE VISTA DE UM
PROFESSOR EM FORMAÇÃO.................................139
CADERNO DE LITERAMENTO DE INGLÊS:
HARRY POTTER……………………………………165
ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA
ENSINO DE INGLÊS: UMA PERSPECTIVA
DISCURSIVA..............................................................206
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid 2017 14
SIMILARIDADES NARRATIVAS DE GÊNEROS
CALCIFICADOS E CONTEMPORÂNEOS...............231
O CORDEL PARA ALÉM DO TEXTO PRETEXTO:
UM DESAFIO POSSÍVEL..........................................256
A ESCRITA EM FOCO: UMA ANÁLISE E
DISCUSSÃO DOS DADOS........................................290
FORMAÇÃO LEITORA DOS ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: CONSIDERAÇÕES A RESPEITO
DOS INTRICAMENTOS E DIVERGÊNCIAS ENTRE
AS POSSIBILIDADES TEXTUAIS OFERTADAS E A
REALIDADE LEITORA ENCONTRADA NO
ESPAÇO ESCOLAR....................................................320
O TRABALHO COM A ESCRITA E SUA
RESSIGNIFICAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
DE CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS,
ARGUMENTATIVOS E DISCURSIVOS..................350
LEITURA E ESCRITA: ALGUMAS ESTRATÉGIAS
PARA O TRABALHO COM A
ORTOGRAFIA............375
ESBOÇO PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE
E A VARIAÇÃO .................................................................................................................... 399
O LÚDICO NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA .................................................... 414
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 15
APRESENTAÇÃO
A coletânea “Vivências na sala de aula no
Pibid” é resultado de atividades desenvolvidas nos
subprojetos, do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, nos
últimos quatro anos.
Nosso projeto contempla 20 cursos de
licenciatura distribuídos em cinco campi da
instituição, sendo esses: Ciências Biológicas
(Cascavel), Ciências Sociais (Toledo), Educação
Física (Marechal Cândido Rondon), Enfermagem
(Cascavel), Filosofia (Toledo), Geografia (Francisco
Beltrão e Marechal Cândido Rondon), História
(Marechal Cândido Rondon), Letras-Inglês
(Cascavel, Foz do Iguaçu e Marechal Cândido
Rondon), Letras – Português (Cascavel e Marechal
Cândido Rondon), Letras-Espanhol (Cascavel),
Matemática (Cascavel e Foz do Iguaçu), Pedagogia
(Cascavel, Francisco Beltrão e Foz do Iguaçu) e
Química (Toledo).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 16
A participação dos cursos de licenciatura da
Unioeste no Programa, desde o edital de 2009,
fomenta reflexões sobre a atuação docente e seus
elementos constituintes, contribuindo para a
melhoria de resultados no processo de ensino e
aprendizagem desde os anos iniciais do ensino
fundamental, ensino médio até a educação técnica
de nível médio. A formação de professores para a
Educação Básica tornou-se centro de discussões
em diferentes momentos na universidade, tendo em
vista a visibilidade das atividades desenvolvidas no
Programa.
As atividades nos subprojetos ocorrem em
diferentes etapas, embora todas sejam
interdependentes. O conhecimento da organização
da escola, sua estrutura e de seus profissionais são
anuais, tanto pela dinamicidade própria da
educação, quanto pelo movimento de bolsistas e a
troca de algumas escolas que deixam de atender
aos critérios do Edital 61/2013 – Capes ou por outro
contratempo. Os estudos dos instrumentos legais e
pedagógicos de cada escola corroboram para
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 17
ampliar o conhecimento da escola parceira do
Pibid.
Concomitantes ao processo de
conhecimento da escola foram desenvolvidos
grupos de estudos na universidade e nas escolas
com a participação dos bolsistas (iniciação à
docência, supervisão e coordenação de área) com
temáticas referentes à docência e ao conhecimento
de cada área. Os fichamentos de livros e textos,
bem como os estudos dirigidos e o uso das mídias
sociais fomentam o planejamento da inserção e
vivência na escola, ou seja, da docência.
Na escola, os bolsistas de iniciação à
docência observaram as disciplinas específicas de
cada subprojeto; desenvolveram oficinas didáticas
e artísticas (turbante, grafite, rap, outros);
organizaram laboratórios e feiras de ciências;
elaboraram planos e projetos de ensino;
prepararam cenários e encenação de peças
teatrais; ministraram palestras, produziram
contação de histórias e materiais didáticos.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 18
Essas atividades desenham a inserção dos
bolsistas de iniciação à docência nas escolas, as
quais contribuem para a sua formação acadêmica e
profissional, pois os aproxima do cotidiano de sua
atuação e ainda permite às comunidades escolares
usufruírem de atividades diferenciadas.
O programa demonstrou e ratificou sua
importância na formação inicial e continuada de
professores para a Educação Básica, exercendo
importante papel nos cursos de licenciatura da
Universidade. Uma das contribuições do Programa
às licenciaturas é a consolidação da relação da
Educação Superior com a Educação Básica, haja
vista que ao desenvolver as atividades previstas em
cada subprojeto, os bolsistas de iniciação à
docência se envolvem diretamente com as
especificidades do seu campo de trabalho e com as
peculiaridades do trabalho docente.
Nesse sentido, essa empiria aprimora os
estágios obrigatórios e suscita reflexões nas
disciplinas dos cursos envolvidos, ultrapassando os
limites de formação daqueles diretamente
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 19
envolvidos e alcançando a comunidade acadêmica
dos cursos como um todo.
A experiência de participar de eventos
científicos proporciona aos bolsistas o desafio da
escrita dentro das normas científicas, bem como, a
sistematização e contextualização das discussões
teóricas com as vivências nas escolas. Além disso,
possibilita o acesso aos novos conhecimentos e
propostas metodológicas de suas áreas e o
conhecimento sobre as realidades diversas. A
participação em eventos instiga a escrita e a fala de
seus objetos de estudo, ocasionando uma
formação mais abrangente e o desafio de construir
argumentos no intercâmbio com acadêmicos de
outras universidades.
Outro fator de contribuição para as
licenciaturas é o aumento de alunos egressos da
Educação Básica, que têm optado pelos cursos de
licenciatura nas universidades públicas. Eles
afirmam que, de uma forma ou outra, o contato que
tiveram com atividades e bolsistas do Pibid quando
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 20
ainda estavam na escola, foi determinante para a
escolha do curso de licenciatura.
Como resultado desse trabalho,
apresentamos as produções que compõem essa
coletânea. Regina Breda e Greice da Silva Castela
autoras do primeiro capítulo, “Contribuições do
subprojeto do espanhol do Pibid da Unioeste
campus Cascavel: Formação inicial e preparo para
o uso pedagógico das TIC”, apresentam um recorte
da investigação de mestrado, desenvolvida entre os
anos de 2013 e 2015, que foi realizada com
bolsistas do subprojeto de Espanhol do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID). Segundo as autoras, a formação inicial, por
meio dos cursos de licenciatura, não tem dado
conta de preparar os futuros professores para
utilizar as Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TIC), explorando-as em todo seu
potencial. Por essa razão, voltaram o olhar sobre
experiências que os acadêmicos bolsistas do Pibid
tiveram com o uso pedagógico das TIC no
subprojeto e como eles avaliaram sua participação
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 21
no subprojeto em relação às experiências com as
TIC. Os pesquisados avaliaram positivamente as
vivências no subprojeto de Espanhol, revelando
segurança para utilizar as TIC em suas práticas
depois de formados.
“Possibilidades para o ensino de espanhol
por meio das TICs” de autoria de Greice da Silva
Castela, apresenta um panorama de Objetos
Digitais de Ensino-Aprendizagem (ODEAs)
elaborados, pelo Pibid, para ensino de Espanhol
para brasileiros integrando recursos tecnológicos.
Todos foram criados, na Unioeste – Campus de
Cascavel – PR, e aplicados em turmas de alguns
Centros de Línguas Estrangeiras Modernas
(CELEMs). O referencial teórico que embasa a
pesquisa considera pesquisas sobre ODEAs,
hipertexto, multiletramentos, novas tecnologias no
ensino e formação docente. A metodologia se pauta
na Linguística Aplicada e em pesquisa-ação,
realizada por meio de notas de campo e gravação
de todos os ODEAs elaborados. Por meio da
socialização das propostas pedagógicas efetivadas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 22
esperam contribuir para que outros professores se
interessem pelo uso das novas tecnologias nas
aulas e vislumbrem possibilidades de utilização
desses ODEAs em suas aulas.
Elaborado por Dâmaris Ellen Albrecht, Felipe
Grespan Rettore, Jaqueline Patricia Schossler
Deak, Marina Garcia Barbosa, Natan Wellington
Kreuz dos Santos, Paula Francielle Becker, Nelza
Mara Pallu e Maria Angélica Rosa Varussa, o
“Caderno de literamento de inglês: Grimm brothers’”
é resultado das atividades a construção do
conhecimento multidisciplinar resultante da
integração de grandes áreas como da linguagem,
da literatura e do cinema. Esta abordagem
desafiadora inspirou o nome do Caderno
Pedagógico constituindo o termo Literamento para
destacar a fusão da Literatura e do Letramento no
processo de formação de leitores dos envolvidos no
projeto. O Caderno Literamento, escrito em língua
inglesa está subdividido em duas partes, escolhidas
de maneira a oferecer aos alunos uma diversidade
de gênero literário (clássico e contemporâneo), e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 23
também pelo conhecimento prévio e preferência
dos aprendizes da escola participante do projeto.
Assim, a primeira parte apresenta unidades que
foram inspiradas pelos contos dos Irmãos Grimm; e
a segunda parte, composta em unidades
configuradas pela Saga Harry Potter.
No capítulo “O uso de readers no ensino de
língua inglesa: Um relato de experiência”, Ana
Maria Kaust, Anna Flávia Lenz Freitas, Camila
Cristina Dias da Silva, Jenny Miki Yoshioka, Delfina
Cristina Paizan, Isabelle Christianes Capetini e
Milena Brepohl Hepp descrevem o uso de readers
no ensino básico de língua inglesa, além de
discutirem sobre o desenvolvimento das aulas
aplicadas, que utilizaram tal recurso. Coracini
(2012) propõe o trabalho com leitura nas aulas de
língua inglesa utilizando-se dos readers e explica
que esse tipo de material se constitui de pequenos
livros reescritos a partir dos grandes e complexos
clássicos da literatura e que, apesar de não
respeitarem o texto original, esse tipo de material é
de grande valia na questão de auxiliar a leitura em
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 24
língua inglesa. Pensando nisso, os “Pibidianos”
elaboraram aulas que utilizavam desse recurso
para auxiliá-los. Compreendendo a importância de
um ensino significativo e contextualizado, busca-se
um maior interesse pelas aulas por parte dos
alunos e uma melhor aprendizagem da língua
inglesa.
Lucas Gabriel Domingos Rojas e Ana Maria
Kaust autores das “Primeiras reflexões sobre as
abordagens para o ensino de língua inglesa: O
ponto de vista de um professor em formação”,
destacam que na caminhada de um professor de
Língua Inglesa em formação há muitas dúvidas
com relação às abordagens a serem utilizadas em
sala de aula. Os autores entendem por abordagem
tradicional, o conjunto de métodos que possuem
características comuns em relação ao papel do
professor como detentor de todo conhecimento, do
aluno como o aprendiz e reprodutor dos
conhecimentos sem reflexão dos conteúdos, do
ensino estrutural e quebrado em partes, da
aprendizagem através do condicionamento dessas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 25
estruturas correspondendo em suas partes na
Língua Materna e na Língua Alvo. Este capítulo traz
reflexões e relatos de experiência acerca de
diversas abordagens em diferentes contextos,
considerando suas efetividades em sala de aula de
Língua Inglesa de duas escolas públicas de Foz do
Iguaçu.
“Caderno de literamento de inglês: Harry
Potter” de Dâmaris Ellen Albrecht, Felipe Grespan
Rettore, Jaqueline Patricia Schossler Deak, Marina
Garcia Barbosa, Natan Wellington Kreuz dos
Santos, Paula Francielle Becker, Nelza Mara Pallu
e Maria Angélica Rosa Varussa, foi aplicado no
Colégio Estadual Eron Domingues/Marechal
Cândido Rondon-PR, em turmas do Nível
Fundamental, do 6º ao 8º ano, tendo como
resultado observado um maior envolvimento e
motivação dos alunos nas aulas de inglês. Está
subdividido em duas partes, escolhidas de maneira
a oferecer aos alunos uma diversidade de gênero
literário (clássico e contemporâneo), e também pelo
conhecimento prévio e preferência dos aprendizes
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 26
da escola participante do projeto. Assim, a primeira
parte apresenta unidades que foram inspiradas
pelos contos dos Irmãos Grimm; e a segunda parte,
composta em unidades configuradas pela Saga
Harry Potter.
O capítulo, “Elaboração de material didático
para ensino de inglês: Uma perspectiva discursiva”
de autoria de Gabriele Rocha, Luisa Canezim,
Camila Boroto, Giulia Pietra, Natália Markewicz e
Juci Mara Cordeiro, discorre sobre o processo de
elaboração do livro English Teaching Activities:
brazilian legends, fables, comics and vídeos,
publicado em Janeiro/2016. Para o
desenvolvimento do trabalho, tomou-se como
referência autores como Schneuwly (2004), Dolz,
Gagnon e Decândio (2009), Cordeiro e
Baumgartner (2013), Marcuschi (2005), entre
outros. A partir dos estudos desenvolveram
atividades tais como: observação do contexto de
ensino-aprendizagem; pesquisa e seleção de
gêneros textuais; elaboração de atividades
didáticas em torno dos gêneros selecionados, e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 27
regência compartilhada utilizando o material
didático (MD) produzido. O desenvolvimento de tais
atividades encontram-se reunidas no livro didático
mencionado.
Produzido por Aline Stenzel, Marina
Jakovacz e Mirian Schröder “Similaridades
narrativas de gêneros calcificados e
contemporâneos”, nos mostra que a habilidade
leitora é inata ao ser humano, de modo que as
várias leituras agem direta e incessantemente no
relacionamento dos indivíduos como sujeitos.
Nesse sentido, o capítulo detalha o
desenvolvimento da mediação leitora (SOLÉ, 1998;
BORTONI-RICARDO et al, 2012; OLIVEIRA;
ANTUNES, 2013), o trabalho com intertextualidade
(BENTES, 2008; KOCH; TRAVAGLIA, 2001 e
2000), bem como o diálogo entre gêneros
(MARCUSCHI, 2008; KOCH; ELIAS, 2011, 2008).
O capítulo “O cordel para além do texto
pretexto: Um desafio possível” de Adriana Paula
Hoff, Daiane Cristina Massirer e Mirian Schröder
apresenta o projeto de ensino “Consciência Negra
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 28
nos versos do Ensino Fundamental”, aplicado em
2016, o qual teve como público-alvo duas turmas
de 7º ano do Ensino Fundamental da rede pública e
foi planejado de acordo com a visão
sociointeracionista de linguagem. Os resultados
obtidos com a aplicação do projeto revelam que o
trabalho com a produção textual ainda é um
desafio, tanto para a escola, quanto para as
Pibidianas. Relevam também que, apesar das
dificuldades e em virtude do desenvolvimento das
etapas de escrita, houve melhora na produção
textual dos educandos.
As autoras Nadieli Maria Hullene Gerei e
Sanimar Busse de “A escrita em foco: Uma análise
e discussão dos dados”, apresentam os resultados
da pesquisa que coletou e descreveu os desvios de
escrita dos alunos do 6º Ano participantes do
projeto. Da análise as autoras afirmam que as
interferências da fala na escrita são uma constante
nas produções e que é comum a presença de
desvios de grafia, considerando que o aluno utiliza
a sua fala como parâmetro para a atividade de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 29
escrita, a qual acaba acentuando a compreensão,
também, das arbitrariedades do código escrito. A
aplicação da Unidade Didática promoveu
diminuição e eliminação dos desvios ortográficos,
revelando que um trabalho sistemático com a
ortografia é urgente e necessário em sala de aula.
O capítulo “Formação leitora dos alunos do
ensino fundamental: Considerações a respeito dos
intricamentos e divergências entre as possibilidades
textuais ofertadas e a realidade leitora encontrada
no espaço escolar” de Danyele Lizzi da Silva, Davi
Vaz Kievel, Ilda Boligon Vedana, Indaiá M. Kroth,
Martiniane A. Dutra da Costa e Simone Alves de
Souza, apresenta um percurso de reflexões sobre
os encaminhamentos dados pelos materiais
didáticos para o trabalho com a leitura nas aulas de
Língua Portuguesa. O texto problematiza algumas
concepções de leitura, apresenta o ponto de vista
de alunos dos 6º e 9º anos do Ensino Fundamental
sobre o papel da leitura e analisa atividades de
materiais didáticos.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 30
“O trabalho com a escrita e sua
ressignificação para o desenvolvimento de
conhecimentos linguísticos, argumentativos e
discursivos” elaborado por Edileusa de Fátima Vaz,
Larissa da Silva Fontana, Maria Auxiliadora de
Miranda, Melissa Gatto Regonha, Rosemari de
Oliveira de Jesus Dassoler, Tatiane Cristina
Becher, Tathiane Cristino, Sanimar Busse
apresenta discussões sobre a escrita no ensino
fundamental. Parte-se inicialmente de reflexões
sobre a construção de conhecimentos sobre a
escrita por alunos do 6º Ano do Ensino
Fundamental. A seguir, destacam-se as discussões
sobre a função social da escrita e sua
problematização em encaminhamentos e
produções escritas de alunos, cotejando a
concepção sociointeracionista e os conhecimentos
dos alunos dos níveis linguísticos à função
argumentativa e discursiva do texto.
Adriana Alexandra Ferreira e Sanimar Busse
elaboraram o capítulo “Leitura e escrita: Algumas
estratégias para o trabalho com a ortografia”, essa
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 31
pesquisa discute a que estratégias os alunos
recorrem no momento em que produzem seu texto,
considerando o conhecimento fonológico e o
conhecimento do código escrito. O estudo das
questões ortográficas e os processos fonológicos
podem conduzir a uma estratégia de ensino que se
orienta pela compreensão dos processos
envolvidos na apropriação da escrita. O erro
ortográfico é tomado como indício e ponto de
partida para ações que possam levar o aluno ao
domínio da escrita e domínio da língua portuguesa.
As atividades compreendem um roteiro de
observação e reflexão da escrita ortográfica a partir
de textos diversos.
No capítulo “Esboço para o trabalho com a
oralidade e a variação”, a autora Sanimar Busse
apresenta uma proposta de atividades que parte de
noções de variação, mudança e diversidade do
português brasileiro, para o trabalho com a escrita
ortográfica. As atividades resultam de alguns
trabalhos de pesquisa sobre com a variação e
diversidade linguística em materiais didáticos e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 32
propõe-se à problematizar conteúdos a partir de
encaminhamentos, muitas vezes, equivocados
sobre variedades da fala mais e menos
prestigiadas.
Tatiane Cristina Becher, Tathiane Cristino,
Melissa Gatto Regonha, Martiniane A. Dutra da
Costa, Rosemari de Oliveira de Jesus Dassoler,
Indaiá M. Kroth, Danyele Lizzi Silva e Stefani Alves
do Carmo no capítulo “O lúdico no ensino da
Língua Portuguesa”, apresentam algumas
considerações sobre atividades lúdicas elaboradas
para o trabalho com conteúdos de Língua
Portuguesa, com enfoque nas habilidades de
escrita e produção textual. Essas atividades tratam
de propostas a serem aplicadas em aulas com as
turmas envolvidas do subprojeto do Pibid de Língua
Portuguesa da Unioeste – Cascavel/PR, e também
foram apresentadas no IV Encontro do Pibid, no
campus da Unioeste de Cascavel, realizado no dia
21 de novembro de 2016.
As organizadoras
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 33
CONTRIBUIÇÕES DO SUBPROJETO DO
ESPANHOL DO PIBID DA UNIOESTE CAMPUS
CASCAVEL: FORMAÇÃO INICIAL E PREPARO
PARA O USO PEDAGÓGICO DAS TIC1
Regina Breda2
Greice da Silva Castela3
Introdução
O contexto de educação marcado pela introdução
das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC)
leva-nos a repensar sobre o papel do professor e a refletir
sobre a introdução da temática das TIC aplicadas aos
processos de ensino e de aprendizagem na formação
inicial de professores, de modo a atuarem nessa
sociedade em que se tem modalidade de educação à
distância on-line, redes sociais e tantas outras
possibilidades permitidas pelas tecnologias digitais.
1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2 Bolsista do Subprojeto Letras-Espanhol, do Campus de Cascavel.
3 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Espanhol, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 34
Nesse sentido, o objetivo dessa investigação4 foi o de
identificar a contribuição que o Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (doravante Pibid),
subprojeto de Espanhol, realizado no curso de
Licenciatura em Letras da Unioeste, Campus de
Cascavel, tem dado ao uso das TIC no processo de ensino
e de aprendizagem, segundo a visão de seus bolsistas,
tendo em vista o contexto atual de necessidade da
inserção das TIC na formação inicial e na escola.
O Pibid surge por meio do Decreto 7.219, de 24
de junho de 2010, que dispõe sobre o programa. No item
IV desse documento, afirma-se que um dos objetivos do
programa é proporcionar experiências metodológicas,
tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar. Tendo em vista esse objetivo, o
subprojeto de Espanhol desenvolvido nas escolas por
meio do Programa Institucional de Bolsas à Iniciação
Docente (Pibid), que utilizou recursos tecnológicos em
práticas de ensino de Espanhol como Língua Estrangeira
4 Este capítulo apresenta parte dos resultados da pesquisa de mestrado
intitulada Contribuições do Pibid de espanhol à formação inicial e ao uso
das TIC, defendida na Unioeste em 2015.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 35
(E/LE), buscou proporcionar vivências com as TIC
promovendo a oportunidade dos bolsistas construírem
propostas didáticas que utilizam os recursos que a
tecnologia disponibiliza, aplicá-las e relatar essa
experiência a fim de que se tenham dados sobre os
resultados dessas aulas.
A geração dos dados ocorreu no segundo semestre
de 2013, momento em que o subprojeto era desenvolvido
com 12 alunos bolsistas e 2 alunos voluntários do curso
de Licenciatura em Letras com habilitação em Língua
Espanhola. A partir da análise qualitativa e interpretativa
das respostas que obtivemos no questionário, na gravação
de falas, e na análise documental do que foi expresso nos
relatórios semestrais das acadêmicas (especificamente no
item 7 deste que se refere às dificuldades encontradas e
como superá-las), buscamos apresentar as contribuições
que o subprojeto de Espanhol do Pibid tem dado à
formação inicial de seus bolsistas, por meio da aplicação
de oficinas em escolas da rede estadual com alunos do
curso de Espanhol do Centro Moderno de Línguas
Estrangeiras – Celem, nas quais empregaram atividades
pedagógicas realizadas a partir do uso do computador e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 36
de recursos digitais disponíveis na internet.
Evidenciamos conhecimentos e vivências que esses
acadêmicos adquiram por meio do Pibid e que não teriam
recebido somente no curso de graduação.
Formação inicial de professores e formação para o
uso das TIC
A literatura especializada no âmbito da formação
de professores (PERRENOUD, 2000) ressalta a
necessidade de repensá-la, no sentido de responder às
exigências e aos desafios cada vez mais complexos que
se colocam às escolas e aos professores. Acredita-se que
uma das finalidades da formação inicial é a de preparar
os futuros professores para trabalharem em escolas em
contextos de mudança.
Verifica-se que, embora seja unânime a
constatação de que a escola não pode deixar de lado as
potencialidades da tecnologia, visto que a geração de
estudantes que cresceu em uma sociedade e cultura
digitais demanda processos de ensino e aprendizagem em
que as tecnologias possam ser incorporadas (LARA,
2011), ainda há muito que se avançar nesses aspectos.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 37
Assim, a busca pela melhor maneira de incorporá-las no
ensino ainda é motivo de pesquisas no ambiente
acadêmico.
Segundo Belloni (2012), as novas formas de
interação social mediadas pelas interfaces fazem surgir
novas formas de perceber e de apreender as informações
visuais, sonoras e semânticas, bem como novas formas
de interpretá-las, classificá-las e utilizá-las em outras
situações, ou seja, novos modos de aprender.
Considerando que as mídias fazem parte de diversas
práticas sociais, elas devem ser inseridas nos processos
de ensino e de aprendizagem: “A mídia-educação em
suas diferentes dimensões (mídias como ferramentas de
ensino-aprendizagem, objetos de estudo e meios de
expressão de todos os cidadãos), deve entrar na escola
como vetor de transformação. A inovação tecnológica é
pretexto e meio para a mudança pedagógica” (BELLONI,
2013, p. 50).
Perrenoud (2000) aponta como uma das dez
competências para ensinar no século XXI o uso das
tecnologias, as quais podem contribuir na luta contra o
fracasso escolar e a exclusão social. O computador não é
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 38
um instrumento próprio da escola, mas espera-se que os
alunos ao utilizá-lo no ambiente escolar, o façam também
em outros contextos. O autor afirma que a tecnologia não
poderia ser indiferente a nenhum professor, pois elas
modificam as formas de viver, de se divertir, de se
informar, de trabalhar e também de pensar, essa evolução
tem efeitos sobre as situações a que os alunos são e serão
expostos na vida, nas quais eles mobilizarão o que
aprenderam na escola.
Coll, Mauri e Onrubia (2010) realizaram uma
revisão de estudos de acompanhamento e avaliação ao
redor do mundo sobre a incorporação das TIC
(computadores, dispositivos e redes digitais) na educação
formal escolar, buscando verificar nos resultados
apresentados os efeitos sobre as práticas educacionais e
os processos de ensino e aprendizagem. Constataram que
o uso das TIC que professores e alunos fazem ainda é
muito limitado. As pesquisas referem-se também à
“limitada capacidade que parecem ter essas novas
tecnologias para impulsionar e promover processos de
inovação e melhora das práticas educacionais” (COLL;
MAURI; ONRUBIA, 2010, p.71), devido à questão
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 39
estrutural limitada, a dificuldades para incluir a internet
no currículo escolar e à falta de um desenvolvimento
profissional adequado do professorado.
No contexto das universidades brasileiras, a
investigação de Barreto (2011) aponta a quase
inexistência de disciplinas sobre tecnologias nos cursos
de licenciatura. Nos cursos de Letras (foco de nossa
investigação), por exemplo, apenas 0,2% das
universidades avaliadas apresentam disciplinas
obrigatórias sobre tecnologias. Os dados demonstram que
a inserção curricular da mídia-educação representa ainda
um grande desafio, ainda que algumas experiências nesse
sentido se desenvolvam a partir de diferentes
perspectivas, como em cursos de extensão, projetos de
pesquisa e iniciação à docência.
Na pesquisa de Lara (2011), em duas
universidades públicas do Estado de Santa Catarina, nos
cursos de licenciatura, constatou-se que os usos que tanto
professores quanto alunos fazem da tecnologia pouco
exploram as suas potencialidades para os processos
educativos., pois limitam-se ao instrumental, ou seja, as
TIC são facilitadoras de tarefas para a digitação de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 40
trabalhos, criação de slides de apresentação desses e
ferramenta de pesquisa na internet.
Concordamos com Coll, Mauri e Onrubia (2010)
ao atestarem que se avança no desenvolvimento do
domínio técnico, mas, infelizmente, não se avança na
questão de explorar as potencialidades das tecnologias
digitais para o ensino e a aprendizagem. De acordo com
os autores,
Enquanto não se proceder a essa revisão
profunda do currículo escolar, vamos
talvez continuar avançando na
incorporação das TIC na educação, no
sentido de melhorar o conhecimento e
domínio que os alunos possuem dessas
tecnologias, e até a utilização eficaz
destas por parte do professorado e dos
alunos para desenvolver sua atividade
como docentes e aprendizes
respectivamente, muito mais difícil,
contudo, será avançar no aproveitamento
efetivo das novas possibilidades de
ensino e aprendizagem que nos
oferecem, potencialmente, as TIC.
(COLL; MAURI; ONRUBIA, 2010, p.
89).
Por isso, esses autores, assim como Castela
(2009) e Lara (2011), propõem que a universidade seja
um espaço de vivências, discussões e de experiências
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 41
sobre a questão das TIC nos processos educacionais. Se
isso de fato acontecer, haverá conformidade entre a
formação inicial de professores e as políticas
governamentais de inclusão das tecnologias nas escolas,
e essas mais preocupadas com a aquisição de
equipamentos informáticos e aquela voltada à
capacitação dos futuros docentes para utilizarem os
recursos tecnológicos em contextos de ensino.
Corroboramos com Lara (2011) que a primeira
preocupação deve ser o investimento na formação inicial
de professores. Segundo ele,
O grande salto qualitativo da educação
ocorrerá quando as tecnologias forem
incorporadas como cultura e como
prática social, e não como mero recurso
instrumental que mantenha as mesmas
práticas e mesmas metodologias
consagradas pela escola tradicional. Isso
requer não apenas as discussões sobre as
possibilidades do emprego das TIC nas
práticas pedagógicas, mas também o uso
destas tecnologias nas práticas
formativas (LARA, 2011, p. 123).
Também destacamos uma consideração
importante que Coll, Mauri e Onrubia (2010) fazem em
relação aos pressupostos pedagógicos que os professores
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 42
possuem:
Os professores tendem dar às TIC usos
que são coerentes com seus pensamentos
pedagógicos e com sua visão dos
processos de ensino e aprendizagem.
Assim, com uma visão mais
transmissiva ou tradicional do ensino e
da aprendizagem, tendem a utilizar as
TIC para reforçar suas estratégias de
apresentação e transmissão de
conteúdos, enquanto aqueles que têm
uma visão mais ativa ou “construtivista”
tendem a utilizá-las para promover as
atividades de exploração ou indagação
dos alunos, o trabalho autônomo e o
trabalho colaborativo (COLL; MAURI;
ONRUBIA, 2010, p. 75).
Nota-se que pôr em prática atividades que
desenvolvam esse trabalho mais colaborativo e autônomo
requer professores que desenvolvam práticas em que o
aluno percorra os próprios caminhos na construção do
conhecimento, para tanto, necessitam receber na
formação de professores um preparo para lidar com a
tecnologia que vai além do instrumental.
Além da necessária revisão do currículo,
importam também as questões relativas aos pressupostos
pedagógicos que os professores têm, já que, se são mais
voltados ao papel do professor como transmissor, a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 43
tendência é que incorporem tecnologias às suas aulas
para realizarem atividades que já faziam sem elas,
enquanto que se receberem um preparo na formação
inicial no qual esteja contemplada a visão de que o que se
espera do professor é que ele crie possibilidades para que
o conhecimento seja construído. Destarte,
compreendemos que as TIC serão ferramentas muito
úteis na promoção desses processos de ensino e
aprendizagem, pelo caráter potencializador que elas
possuem do trabalho autônomo e também do trabalho
colaborativo.
Cabe ao professor também desenvolver o uso
crítico das tecnologias como novos ambientes de
aprendizagem. O emprego da tecnologia requer um
professor atualizado e contextualizado aos desafios que
essa condição tecnológica impõe à sociedade e suas
respectivas consequências na educação. Ramal (2002) e
Castela (2009) atentam para a necessidade de
desenvolverem-se professores usuários críticos e
criativos da tecnologia, que a percebam em todas as suas
potencialidades, contribuindo nesse sentido para com os
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 44
estudos da mídia-educação e do letramento digital nas
disciplinas da formação inicial de professores.
Ainda que a mídia se insira em diversas instâncias
da vida social, Fantin (2012) destaca que grande parte
dos documentos de referência para a educação para as
mídias em distintos países conjugam da mesma
concepção: as mídias dizem respeito à escola.
A autora apresenta maneiras de inserir as mídias
nos currículos (escolar e formativo). No primeiro, há
possibilidade de integração curricular como disciplina
autônoma, enfoque curricular com caráter transversal e
modelos mistos disciplinares e transversais. Já na
segunda proposta, a autora acredita que a educação para
as mídias pode se integrar à didática e à prática de
ensino, indo muito além da análise das práticas de
produção, consumo e recepção.
O importante é não perder de vista que a
presença da mídia-educação
sistematizada no ensino, mais do que
uma necessidade, é hoje condição de
pertencimento e de cidadania
instrumental e cultural, e por isso deve
estar contemplada na educação, e,
particularmente, na formação de
professores. (FANTIN, 2012, p. 87).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 45
Formar para as mídias e tecnologias é formar o
julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e
dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a
imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a
leitura e a análise de textos e de imagens, a representação
das redes, de procedimentos e de estratégias de
comunicação. Nesse sentido, reitera-se a necessidade de
formação para a cultura digital sob o olhar da mídia-
educação, pois ela se torna um fator importante da
cidadania ativa (FANTIN; RIVOLTELLA, 2012).
Para Fantin (2012), a formação inicial pode
contribuir para problematizar questões como os estímulos
provindos da cultura digital e o uso das tecnologias na
vida pessoal em oposição aos seus usos educativos, o que
requer uma reflexão sobre mídia, comunicação,
tecnologia, educação e políticas públicas, mas, sobretudo,
requer uma reflexão sobre que competências midiáticas
os professores devem construir, sobretudo a competência
crítica.
O uso das TIC no contexto do Pibid
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 46
Elegemos três categorias de análise, conforme
observamos a recorrência dos mesmos dados, as quais
são expressas nos subitens que seguem.
Avaliação das acadêmicas sobre a experiência do
Pibid de uso das TIC no ensino
As respostas referentes à questão 5 do
questionário: Como você avalia a experiência da
aplicação dos recursos das TIC na prática pedagógica
por meio do Pibid? foram quase que unanimidade: todos
as acadêmicas consideram a experiência enriquecedora:
Foi ótima experiência, pois ampliou as
possibilidades de aplicações
metodológicas em sala de aula. (bolsista
Pibid 11 – Questionário)
A experiência de aplicação dos recursos
das TIC na prática pedagógica por meio
do Pibid foi muita válida, pois tivemos a
oportunidade de conhecer diferentes
sites para aplicar em sala de aula
(bolsista Pibid 9 – Questionário)
É uma forma de oferecermos aos alunos
atividades diversificadas que
oferecessem contato com o idioma,
saindo da rotina (bolsista Pibid 2 –
Questionário)
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 47
A avaliação é positiva, visto que em
momento algum da graduação pude
desenvolver atividades semelhantes
(bolsista Pibid 8 - – Questionário)
Interessante, pois aprendi a utilizar
programas para trabalhar em outras
aulas fora do projeto (bolsista Pibid 7 - –
Questionário)
A experiência foi ótima, os alunos
participam muito mais das aulas
(bolsista Pibid 5 – Questionário)
Essa experiência foi importante, pois
aprendi a usar certas tecnologias
(bolsista Pibid 12 – Questionário)
Foi extremamente positiva. É uma
oportunidade de prepararmos aulas
envolvendo as TIC e simultaneamente
experimentá-las em sala de aula (bolsista
Pibid 10 – Questionário).
Percebemos nas afirmações dos pibidianas que
elas consideram de maneia significativa a aprendizagem
que tiveram sobre a utilização de determinadas
tecnologias. Além disso, percebem as possibilidades de
aplicação de aulas contemplando as TIC e também
visualizam as possibilidades de diversificar as aulas de
Língua Espanhola, tornando-as mais atrativas e
interativas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 48
Verificamos também que a acadêmica bolsista
Pibid 8 ressalta que não houve oportunidades durante a
graduação para desenvolver atividades semelhantes a
essa que se desenvolveu por meio do Pibid (trataremos
dessa questão adiante).
Houve uma resposta que apresentou uma visão
frustrada da experiência com as TIC na prática
pedagógica nas escolas; vejamo-la:
Considero a experiência nas escolas
frustrante (bolsista Pibid 4).
Consideramos aqui o que relatou a acadêmica
bolsista PIBID 4 nos excertos apresentados anteriormente
referentes à questão 3, que em sua experiência na escola
teve que lidar com problemas técnicos para executar as
atividades que planejou, o que prejudicou o bom
andamento da oficina. Ainda que considere a sua
experiência na escola frustrante, no relatório referente ao
semestre que houve trabalho com as TIC, ela avalia como
positiva a oportunidade que teve por meio do Pibid de
realizar leituras teóricas sobre as TIC no ensino e de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 49
conhecer possibilidades de usá-las na sua prática docente.
Vejamos suas asserções:
Trabalhar dentro do projeto Pibid
espanhol neste primeiro semestre do ano
2013 permitiu que aprendesse cada vez
mais sobre as tecnologias utilizadas em
sala de aula e a sua possibilidade real de
aplicação. Vimos em sites do exterior
ampliar-se a possibilidade de ter mais
ferramentas educacionais. Tivemos
acesso a vários autores que falam sobre
a sua experiência no uso das tecnologias.
Aplicamos vários dos conceitos
apreendidos. Realmente, a internet é
uma ferramenta para todos. (Bolsista
Pibid 4 - Relatório)
A partir da exposição desse relato, ressaltamos
que, além de buscar que os alunos vivenciassem
experiências de uso das TIC no ensino, as ações que
desenvolveram no semestre de junho a novembro de
2013 também foi uma oportunidade para que as
acadêmicas percebam potencialidades nos recursos e
ferramentas disponíveis na internet para o ensino de
línguas, visto que os sites que utilizaram não são voltados
ao ensino. Então, diante disso, coube as acadêmicas criar,
a partir dessas ferramentas e recursos, atividades
envolvendo os conteúdos que pretendiam trabalhar. Ou
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 50
seja, a partir daquilo que não foi pensado para fins
didáticos, elas desenvolveram essas oficinas.
Consideramos que a atividade de seleção dos sites
e de construção de materiais e procedimentos a partir de
recursos que não foram pensados para fins didáticos
mostram que o que se procurou ampliar o entendimento
de que a tônica do fazer do professor deve ser a
criticidade, a interação, a pesquisa e que todas as várias
formas de usar a linguagem devem ser contempladas no
ensino de línguas, inclusive as multimodais e midiáticas.
Dessa forma, como base no que fora desenvolvido
pelos pibidianos em relação às TIC, verificamos que as
acadêmicas foram conduzidas a descobrir as
possibilidades de auxílio didático-pedagógico que os
recursos e ferramentas podem proporcionar aos processos
de ensino e de aprendizagem, corroborando com o
referencial teórico que apresentamos, segundo o qual
considera essa criticidade em relação às tecnologias
essencial para formação inicial de professores, como
Ramal (2002), Lara (2010), e Fantin (2012) defendem.
Ainda na questão que se refere ao
desenvolvimento de atividades de aplicação das TIC em
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 51
atividades ensino, perguntamos se as acadêmicas
desenvolveram atividades semelhantes em outros
momentos da graduação. Sobre isso, trataremos adiante
Oportunidade de desenvolver atividades envolvendo
TIC na graduação
Observando a Resolução Nº 147/2011-CEPE, DE
4 de agosto de 2011, que aprovou o Projeto Pedagógico
do Curso de Letras – Português/Inglês,
Português/Espanhol e Português/Italiano, do Centro de
Educação, Comunicação e Artes, da Unioeste, Campus
de Cascavel, não se observa nenhuma disciplina
especificamente voltada ao preparo dos futuros
professores ao uso das novas tecnologias da informação e
da comunicação no ensino.
Ainda na questão 5, questionamos:Você teve
oportunidade em outro momento da sua graduação de
desenvolver atividades semelhantes a que desenvolveu
com as TIC por meio do Pibid?
Não tive oportunidade na graduação de
desenvolver atividades semelhantes
(bolsista Pibid 11 - Questionário)
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 52
Apenas ao longo da experiência no Pibid
foi possível manter contato com as TIC
(bolsista Pibid 1 - Questionário).
As atividades que foram desenvolvidas
pudemos ter contato apenas com o Pibid.
(bolsista Pibid 10 - Questionário).
Não temos a oportunidade de
desenvolver essas atividades na
graduação, a carga horária do estágio é
muito curta (bolsista Pibid 5 -
Questionário).
Não tive essa oportunidade em outros
lugares (bolsista Pibid 12 -
Questionário).
Somente no Pibid por enquanto (bolsista
Pibid 2 - Questionário).
As acadêmicas reafirmam que não tiveram outras
oportunidades de desenvolver atividades com as TIC em
outros momentos da graduação. Há ainda a acadêmica
bolsista Pibid 5 que lembra que a carga horária destinada
ao estágio é pequena, por isso, o Pibid amplia a
oportunidade de atuação em sala de aula e de aplicação
de atividades que não são desenvolvidas no decorrer do
curso de graduação como disciplina, nem como atividade
de estágio (nesse caso, de uso das TIC).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 53
Também observando o elevado número de
respostas “nenhuma disciplina” para o número de
disciplinas da graduação que contemplam ao menos
alguns desses recursos e ferramentas, essas informações
evidenciam que as tecnologias não são utilizadas em
contextos acadêmicos bem como demonstram que as
disciplinas pouco exploram as potencialidades das TIC
para o ensino.
O ideal seria que as tecnologias fizessem parte de
todas as disciplinas do curso de graduação como
instrumento de aplicação geral na didática e na pedagogia
(KARSENTI, 2008). Esse autor lembra que as
tecnologias, quando trabalhadas em cursos específicos,
desenvolvem apenas competências informáticas, mas
quando os docentes das instituições formadoras recorrem
às TIC, essas práticas didáticas e pedagógicas funcionam
como “motivação aumentada” para que os futuros
docentes aprendam a integrar as TIC em sua prática
pedagógica.
Já algumas acadêmicas consideram que alguns
aspectos das TIC foram trabalhados em disciplinas da
graduação
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 54
Tivemos uma disciplina no segundo ano
que foram aplicados alguns aspectos
(bolsista Pibid 4 - Questionário).
No segundo ano tivemos alguns aspectos
trabalhados, mas aprendi mais no Pibid
(bolsista Pibid 10 - Questionário).
Tivemos nas aulas de espanhol (bolsista
Pibid 3 - Questionário).
As respostas das acadêmicas apontam que houve
disciplinas que trabalharam com algumas ferramentas e
recursos. As respostas aqui reafirmam o exposto
anteriormente, inclusive quanto à quantidade reduzida de
disciplinas, pois cada acadêmico consegue exemplificar
só uma disciplina que algum uso das TIC aconteceu.
Também nos interessava saber se o emprego das
TIC no ensino de espanhol como língua estrangeira
(E/LE) proporcionado pelas experiências que esses
acadêmicos vivenciaram no Pibid contribuíram para sua
formação como futuros professores dessas gerações de
“nativos digitais”, por isso, a próxima seção trata das
contribuições dessas vivências para a formação dos
acadêmicos bolsistas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 55
No questionário, apontaram que na graduação
usaram as TIC em atividades de pesquisas em sites
indicados pelos professores, criação de apresentação em
slides, criação de apresentação em slides incluindo áudio
e outras mídias, trabalhos com objetos de aprendizagem e
acesso a ambientes virtuais de aprendizagem , do tipo
“Moodle”. Diante do exposto, constatamos que os usos
que foram feitos das TIC para a realização de certas
atividades e suas frequências, de um modo geral, pouco
exploram as suas potencialidades para os processos
educativos.
Tendo em vista a necessidade de uma formação
docente articulada à cultura digital em que se inserem os
estudantes da escola básica, nossa preocupação é avaliar
se o curso de formação em Letras – Espanhol vem
formando seus alunos para essa realidade, por isso,
indagamos: Durante o seu Curso de Graduação você
teve alguma disciplina na graduação que contemplou o
uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação
(TIC) no ensino?
Embora a grade acadêmica não tenha uma
disciplina específica destinada ao preparo para os usos
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 56
pedagógicos das TIC, as acadêmicas consideraram
disciplinas nas quais se introduziu alguns temas
relacionados às TIC ou se utilizou algumas ferramentas e
recursos no decorrer da disciplina.
Ainda que pouco menos da metade das
acadêmicas considere que as disciplinas comtemplaram o
uso das TIC, ressaltamos que não se trata do objetivo
principal da disciplina a formação para o uso das TIC na
escola, apenas houve momentos em que as TIC foram
contempladas e, não necessariamente, com objetivo de
preparo para o uso das TIC em práticas de ensino e de
aprendizagem, ainda que as políticas públicas brasileiras
como as Diretrizes Curriculares Nacionais de formação
de professores da Educação Básica assinalem que o uso
pedagógico das TIC deve ser tematizado, no âmbito das
licenciaturas.
Contribuições do Pibid para o uso das TIC no ensino
depois de formados
Para levantarmos a avaliação das acadêmicas
sobre a questão dos usos das TIC depois de formados,
questionamos: 6. Participar de um projeto de iniciação à
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 57
docência (Pibid) em sua formação inicial, que
proporcionou vivências de práticas de ensino que
utilizaram os recursos tecnológicos. Você crê que isso
contribuirá ou não na incorporação desses recursos para
suas aulas depois de formado?
A maior parte das acadêmicas apresentou
respostas afirmativas, ou seja, acredita-se que essas
vivências no Pibid contribuirão para a incorporação dos
recursos das TIC para suas aulas depois de formados.
Depois da vivência obtida no Pibid ao
longo da graduação é impossível
desvincular ensino de uma LE (Língua
Estrangeira) do uso das TIC como
recurso primordial (bolsista Pibid 1 -
Questionário).
Com certeza isso foi muito importante
para a nossa formação, pois futuramente
será muito útil na realização de nossas
aulas (bolsista Pibid 12 - Questionário).
Com toda certeza, pois o uso das TIC
torna a aula mais dinâmica e envolve
mais os alunos (bolsista Pibid 5 -
Questionário).
Com certeza (bolsista Pibid 7 -
Questionário).
Sim, pois participando do Pibid tivemos
oportunidade de aprender diferentes
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 58
métodos de aplicar as TIC (bolsista
Pibid 9 – Questionário)
Sim, pois já conheço as dificuldades ao
desenvolver este tipo de atividade
utilizando esses recursos (sente-se
experiente) (bolsista Pibid 8 -
Questionário).
Sim, pois com o Pibid verifiquei que é
possível aplicar as TIC (bolsista Pibid 3
- Questionário).
Sim. Pois na graduação ainda
aprendemos uma prática didática
tradicional e o Pibid nos proporciona
experiência e novas possibilidades
didáticas com o ensino de língua
espanhola em sala de aula (bolsista Pibid
11 - Questionário).
Nos relatórios, identificamos que apenas a
acadêmica bolsista 8 reflete sobre esse preparo para o uso
das TIC proporcionado pelo Pibid
O Pibid, portanto, possibilita incorporar
as TIC nas aulas e refletir sobre os
processos de ensino-aprendizagem,
preparando os acadêmicos participantes
do projeto para uma melhor utilização
desses recursos quando, eventualmente,
vierem a ser regentes de suas próprias
turmas (Bolsista Pibid 8 - Relatório )
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 59
As respostas evidenciam que a maior parte das
acadêmicas apresentam uma avaliação positiva sobre as
contribuições dessas práticas que realizaram no Pibid
para as suas práticas futuras.
Essas informações nos fazem afirmar que o
subprojeto Pibid de espanhol tem proporcionado a
oportunidade de experiências didáticas inovadoras que
ampliam o repertório que possuem e os levam a
vislumbrar possibilidades de emprego das TIC em
determinados momentos do processo de ensino e de
aprendizagem. Isso ocorreu porque o projeto mostrou
possibilidades de utilização que ainda não haviam sido
mostradas a eles no curso de graduação, como salienta o
acadêmico bolsista 11 quando refere-se à prática didática
tradicional que recebem no curso de graduação.
A resposta abaixo da acadêmica bolsista Pibid 4
aponta inclusive que o Pibid provocou uma mudança de
olhar sobre as TIC
Contribuirá e contribui, desde que
possibilitou uma mudança no meu olhar
nas tecnologias de informação. Estou
capacitada para atuar, dar aulas com
TIC. No entanto o panorama é
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 60
desalentador (bolsista Pibid 4 -
Questionário).
Creio que sim, principalmente se as
condições da escola favorecerem
(bolsista Pibid 10 - Questionário)
A acadêmica bolsista Pibid 4 ainda ressalta que se
sente capacitada a dar aulas com TIC, ainda que pela
experiência vivida nas oficinas do Pibid, considere as
condições desfavoráveis das escolas, bem como também
afirma a resposta do acadêmico bolsista Pibid 10.
O que a pesquisa de Karsenti (2008) mostrou é
que o emprego das tecnologias em práticas formativas,
tal como já apontam os autores aqui apresentados, tem
impacto nas práticas futuras dos professores que a
receberam.
Para os acadêmicos bolsistas o impacto das
experiências com as TIC na formação inicial por meio do
Pibid foi consideravelmente positivo, mesmo que tenha
sido quase que exclusivamente, quando o ideal seria que
essas experiências se dessem de modo integrado a todas
as disciplinas da graduação, ou seja, deve ser uma prática
comum desde a formação para que os alunos apenas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 61
continuem a realizá-las em suas práticas futuras como
professores.
Ressaltamos aqui o que Karsenti (2008), na
perspectiva de Larose et al (1999), apresenta sobre a
forma que a utilização das TIC acontece varia
essencialmente segundo três parâmetros: 1) o grau de
alfabetização informática do docente; 2) a representação
que ele tem do papel que a informática escolar pode
desempenhar no plano da aprendizagem; 3) as estratégias
de intervenção pedagógica que o docente privilegia. Para
tanto, segundo o autor, vivê-las em todos os cursos é
condição essencial para que o futuro docente se
desenvolva no sentido instrumental e reflita sobre as
aplicações pedagógicas das TIC nos processos de ensino
e de aprendizagem.
Considerações finais
A avaliação que fizeram sobre as experiências
com as TIC nas escolas revela que há ainda muitas
limitações a serem ultrapassadas, pois as condições
desfavoráveis da estrutura dos laboratórios de
informática, dos equipamentos desatualizados, da internet
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 62
com velocidade baixa e do bloqueio de acesso a algumas
páginas, podem levar à desmotivação do emprego das
TIC nos processos de ensino e de aprendizagem.
Contudo, os acadêmicos do subprojeto de Espanhol
mostraram-se proativos e buscaram estratégias de
superação das dificuldades que encontraram no
desenvolvimento de suas aulas. Essas experiências que
tiveram fomentaram muitas reflexões sobre a realidade
da escola pública e sobre a própria formação profissional.
Ainda que enfrentando dificuldades no
desenvolvimento das aulas que utilizaram tecnologias,
procuramos saber se elas empregariam as TIC em suas
aulas depois de formados. Segundo suas respostas,
usariam as TIC em suas práticas futuras como
professoras, o que demonstra o quanto a oportunidade
desse trabalho com as tecnologias em processos de
ensino e de aprendizagem, a qual realizaram somente
pelo Pibid, é importante para uma formação de
professores mais adequada às práticas comuns das
“gerações digitais” que se encontram nas escolas. Além
disso, também foi uma oportunidade para que os
acadêmicos percebam potencialidades nos recursos e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 63
ferramentas disponíveis na internet para o ensino de
línguas e usassem da criatividade para elaborarem
propostas de uso desses recursos e ferramentas
disponíveis na mídia internet que não foram elaborados
para fins didáticos.
No que se refere às contribuições para os alunos
da educação básica que participaram das oficinas, as
acadêmicas consideram que foram positivas, visto que
eles participaram mais das aulas. Outra contribuição é no
sentido de essas práticas ampliarem os horizontes dos
alunos, que passam a ver o computador e a internet como
mais do que ferramenta de entretenimento, mas como
verdadeira fonte de comunicação e informação e
aprendizagem (ASSMANN, 2000).
Em linhas gerais, os acadêmicos avaliam
positivamente as contribuições do Pibid para sua
formação. Os resultados apontados aqui levam-nos a
concordar com Tinti (2012) e Ribeiro, Castela e Langer
(2014), que o Pibid deveria ser estendido a todos os
acadêmicos de licenciatura tendo em vista seu caráter
abrangente de integração da prática à teoria; das
possibilidades de desenvolvimento de aprendizagem da
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 64
docência de forma colaborativa e reflexiva, formando
docentes mais críticos e conscientes de seu papel na
sociedade.
As experiências vividas nas escolas, que vão da
observação à execução de aulas, e que visam ao emprego
de estratégias didáticas inovadoras, formam profissionais
mais abertos à mudança, habituados desde a formação a
buscar o emprego de diferentes metodologias para as
aulas e de construir seus próprios recursos didáticos.
Essas contribuições do Pibid para a formação
inicial de seus bolsistas têm completado algumas lacunas
deixadas pela formação que recebem na graduação,
como, por exemplo, a falta de disciplinas voltadas à
reflexão sobre o uso das TIC nos processos de ensino-
aprendizagem e o emprego mais efetivo de práticas
envolvendo as tecnologias nas disciplinas que cursam na
graduação. Dessa forma, para esses acadêmicos, a
formação inicial estaria atendendo às necessidades que
trabalho docente com as gerações digitais vem
demandando.
Referências
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 65
ASSMANN, Hugo. A metamorfose do aprender na
sociedade da informação. Ci. Inf., Brasília, v.29, n.2, p.
7-15, mai./ago, 2000.
BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Políticas e práticas de
formação de professores da educação básica no Brasil:
um panorama nacional. RBPAE, v. 27, n. 1, p. 39-52,
jan./abr. 2011.
BELLONI, Maria Luiza. Mídia-Educação: contextos,
histórias e interrogações. In: FANTIN, Monica;
RIVOLTELLA, Pier Cesare (orgs.). Cultura digital e
escola: pesquisa e formação de professores. Campinas,
SP: Papirus, 2012.
BRASIL. Decreto 7.219, de 24 de junho de 2010. Dispõe
sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência - PIBID e dá outras providências. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 25 jun. 2010. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/decreto/d7219.htm>. Acesso em: 04 mai.
2017.
CASTELA, Greice da Silva. A leitura e a didatização
do (hiper)texto eletrônico no ensino de Espanhol como
Língua Estrangeira (ELE). 2009. 252 f. Tese
(Doutorado em Letras Neolatinas) - Programa de Pós-
Graduação em Letras Neolatinas. Universidade Federal
do Rio de Janeiro – UFRJ, Rio de Janeiro, RJ. 2009.
COLL, César; MAURI, Teresa; ONRUBIA, Javier. A
incorporação das tecnologias da informação e da
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 66
comunicação na educação: do projeto técnico pedagógico
às práticas de uso”. In: Psicologia da educação virtual –
Aprender e ensinar com as tecnologias da educação e da
comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010. p.66-93.
FANTIN, Monica. Mídia-Educação no currículo e na
formação de professores. In: FANTIN, Monica;
RIVOLTELLA, Pier Cesare (orgs.). Cultura digital e
escola: pesquisa e formação de professores. Campinas,
SP: Papirus, 2012.
FANTIN, Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. Cultura
digital e formação de professores: usos da mídia, práticas
culturais e desafios educativos. In: ______;
______.(orgs.). Cultura digital e escola: pesquisa e
formação de professores. Campinas, SP: Papirus, 2012.
LARA, Rafael. Impressões digitais entre professores e
estudantes: um estudo sobre o uso das TIC na formação
inicial de professores nas universidades públicas de Santa
Catarina.2011.154 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação.
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis,
SC. 2011.
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências
para Ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.
RAMAL, Andréa Cecília. Educação na Cibercultura:
hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 67
RIBEIRO, Dulcylene Maria; CASTELA, Greice da
Silva; LANGER, Arleni Elise Sella. O PIBID-
UNIOESTE: imersão reflexiva na prática docente. In:
______; ______; JUSTINA, Lourdes Aparecida Della
(Org.). Formação de Professores no Paraná: o PIBID
em foco. Porto Alegre: Evangraf/UNIOESTE, 2014.
TINTI, Douglas da Silva. PIBID: um estudo sobre suas
contribuições para o processo formativo de alunos de
Licenciatura em Matemática da PUC-SP.. 2012 148 f.
Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) –
Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação
Matemática. Pontíficia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2012.
UNIOESTE. Resolução nº 147/2011-CEPE, de 4 de
agosto de 2011. Altera, parcialmente, a Resolução nº
157/2003-Cepe, de 26 de novembro de 2003, que
aprovou o Projeto Pedagógico do Curso de Letras –
Português/Inglês, Português/Espanhol e
Português/Italiano, do Centro de Educação, Comunicação
e Artes, do Campus de Cascavel. Disponível em:
<http://www.UNIOESTE.br/servicos/arqvirtual/arquivos/
1472011-CEPE.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2013. Aceso
em 10 set. 2013
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 68
POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE
ESPANHOL POR MEIO DAS TICs1
Greice da Silva Castela2
Introdução
Este capítulo tem por objetivo apresentar alguns
Objetos Digitais de Ensino-Aprendizagem (ODEAs), que
integram recursos tecnológicos, e que foram elaborados
no âmbito do projeto de pesquisa “Descrição e
Elaboração de Objetos Digitais de Ensino–aprendizagem
de Espanhol”5, financiado pela Fundação Araucária, e do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(Pibid), subprojeto Espanhol6, financiado pela Capes.
1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos e com apoio
financeiro da Fundação Araucária. 2 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Espanhol, do
Campus de Cascavel. 5Este projeto de pesquisa visa a: mapear Objetos digitais de Ensino-
Aprendizagem (ODEA) adequados ao ensino e a aprendizagem de espanhol
como língua estrangeira (E/LE) no Brasil disponíveis na Internet; Elaborar
novos Objetos digitais de Ensino-Aprendizagem adequados ao ensino e a
aprendizagem de E/LE no Brasil; Contribuir para a formação inicial e
continuada, de docentes e acadêmicos da Unioeste e professores de língua
espanhola da Educação Básica, na área das novas tecnologias da informação
e comunicação (TICs) na educação. 6 Este projeto de ensino objetiva contribuir para formação inicial de
acadêmicos do curso de Letras Português-Espanhol, bem como melhorar a
qualidade do ensino de E/LE na Educação Básica.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 69
Todos foram criados, na Unioeste – Campus de Cascavel
– PR., e que vem sendo aplicados em turmas de alguns
Centros de Línguas Estrangeiras Modernas (Celems).
A metodologia se pauta na Linguística Aplicada e
em pesquisa-ação, realizada por meio de notas de campo
e gravação dos ODEAs elaborados. Nesse capítulo,
optamos por não descrever a aplicação desses materiais
nas escolas, mas expor recursos que possibilitam a
criação de ODEAs para o ensino de línguas.
O referencial teórico que embasa a pesquisa
pauta-se em formação docente, novas tecnologias no
ensino, ODEAs, hipertexto e multiletramentos, sobre os
quais passamos a comentar, brevemente, na sequência.
Formação docente e ensino com as TICs
A Resolução CNE/CP Nº 1, de 18 de Fevereiro de
2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Formação de Professores da Educação Básica, em nível
superior, curso de licenciatura, de graduação plena, prevê
o preparo para o uso das TICs, conforme expresso em seu
artigo 2º.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 70
Art. 2º A organização curricular de cada
instituição observará, além do disposto
nos artigos 12 e 13 da Lei 9.394, de 20
de dezembro de 1996, outras formas de
orientação inerentes à formação para a
atividade docente, entre as quais o
preparo para: (...) VI -o uso de
tecnologias da informação e da
comunicação e de metodologias,
estratégias e materiais de apoio
inovadores.
Mais recentemente, o Plano Nacional de
Educação (PNE), vigente desde 2011, e construído a
partir da I Conferência Nacional de Educação (CONAE),
estabelece as metas a serem alcançadas pelo país até
2020. Em relação às metas da Educação Básica, aparece
a seguinte estratégia:
Universalizar o acesso à rede mundial de
computadores em banda larga de alta
velocidade e aumentar a relação
computadores/estudante nas escolas da
rede pública de educação básica,
promovendo a utilização pedagógica das
tecnologias da informação e da
comunicação (BRASIL, 2010, p. 25).
Os documentos oficiais indicam a inserção das
tecnologias nos cursos de formação de professores e nas
práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas. Para
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 71
tanto, a universidade necessita converter-se em um
espaço de vivências das TICs nos processos educacionais
(BREDA; CASTELA, 2015).
Segundo Fugimoto (2010), uma utilização do
computador como ferramenta de ensino pressupõe “uma
formação que associe o domínio dos recursos
tecnológicos a uma análise crítica das suas implicações
na Educação e na cultura” (FUGIMOTO, 2010, p. 53).
Ressaltamos que essa análise precisa ser direcionada
pelos docentes e para tanto, necessitam ter consciência
das potencialidades e das limitações do recurso
tecnológico escolhido, do papel social deste, do uso que
seus alunos realizam desse recurso e do objetivo que
pretendem atingir por meio de seu uso em determinada
aula.
Lara (2011) ressalta que essa situação somente
mudará quando se transformar a maneira como as
tecnologias são percebidas e quando estas passarem a
integrar, de fato, o currículo na formação inicial:
O grande salto qualitativo da educação
ocorrerá quando as tecnologias forem
incorporadas como cultura e como
prática social, e não como mero recurso
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 72
instrumental que mantenha as mesmas
práticas e mesmas metodologias
consagradas pela escola tradicional. Isso
requer não apenas as discussões sobre as
possibilidades do emprego das TIC nas
práticas pedagógicas, mas também o uso
destas tecnologias nas práticas
formativas (LARA, 2011, p. 123).
ODEAs, hipertexto e multiletramentos
Um Objeto Digital de Ensino Aprendizagem
(ODEA) pode ser “qualquer arquivo digital (texto,
imagem ou vídeo), desde que usado para facilitar e
promover a aprendizagem” (LEFFA, 2006, p.7).
Segundo Costa; Fialho (2013, p. 109), há quatro
características principais de um ODEA:
1) Reusabilidade: diz respeito à
possibilidade de (re)utilização de um
OA em outro contexto a partir da
capacidade de modificação desse objeto.
2) Interoperabilidade: é a habilidade de
transferir e utilizar informações de
maneira uniforme e eficiente entre várias
organizações e sistemas de informação
(GARCIA, 2011), seja em diferentes
máquinas, em diferentes navegadores,
etc.
3) Granularidade: diz respeito à
capacidade de identificar e intervir na
forma e no tamanho do OA (ou de suas
partes), possibilitando que estas possam
ser encaixadas umas às outras,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 73
permitindo, desse modo, que o todo
inclusive se encaixe com outro todo
(outro OA).
4) Recuperabilidade: diz respeito à
forma de localização e recuperação de
determinado OA a partir do acesso ao
objeto.
Nos ODEAs é muito comum o formato
hipertextual. O hipertexto “constitui uma estrutura
possível em qualquer suporte, mas que é potencializada
quando é produzida especificamente para o suporte
eletrônico (CASTELA, 2008). É um modo de
apresentação de informações, em um monitor de vídeo,
em que são disponibilizadas conexões (links) entre
determinadas passagens de um texto. Esses links se
apresentam como elementos semioticamente ressaltados,
seja palavra, expressão ou imagem, que, ao serem
acionados, podem provocar a exibição de outro
(hiper)texto, texto, fragmento de texto, imagem, som ou
vídeo com informações relativas ao elemento destacado”.
(CASTELA 2009, p. 67)
Lévy (1993), inspirado nos seis princípios de
Deleuze; Guattari (2000 [1980]) para exprimir o rizoma,
compõem os seis princípios, a seguir, que caracterizam o
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 74
hipertexto eletrônico: a) metamorfose, isto é, a rede de
significações está em constante transformação, altera-se e
traz uma nova significação a cada conexão; b)
heterogeneidade, ou seja, há uma grande quantidade de
conexõesque podem realizar-se entre temas ou objetos; c)
multiplicidade e encaixe das escalas, isto é, cada conexão
se compõe de toda uma rede; d) exterioridade, ou seja,
existe uma permanente abertura da rede hipertextual e do
conhecimento em construção; e) topologia, isto é, as
mensagens não circulam livremente, estabelecem-se links
em determinados pontos e não em outros e f) mobilidade
dos centros, já que as redes não têm um único centro.
Ocorre mobilidade de centros de interesses momentâneos
de maneira a contribuir para a construção do
conhecimento.
A utilização de ODEAs, hipertextos eletrônicos e
TICs geralmente envolve multiletramentos, o que
“caracteriza-se como um trabalho
que parte das culturas de
referência do alunado (popular,
local, de massa) e de gêneros,
mídias e linguagens por eles
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 75
conhecidos, para buscar um
enfoque crítico, pluralista, ético e
democrático – que envolva
agência – de textos/discursos que
ampliem o repertório cultural, na
direção de outros letramentos”
(ROJO; MOURA, 2012, p. 08).
Nessa perspectiva, as práticas de multiletramentos
requerem sujeitos ativos, com participação social e
capazes de compreenderem os diferentes gêneros que
circulam socialmente, de utilizarem várias fontes e meios
de comunicação em suas pesquisas, de analisarem as
ideias veiculadas em um texto por várias perspectivas, de
trabalharem em grupo de forma colaborativa, de
assumirem a responsabilidade por sua aprendizagem e
darem continuidade nisso fora do âmbito da sala de aula,
de avaliarem e criticarem seu próprio pensamento e
aprendizagem (COPE e KALANTIZIS, 2000).
No próximo item deste capítulo, apresentamos
alguns tipos de ODEAs elaborados a partir de recursos
disponíveis na Internet.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 76
Possibilidades de criação de ODEAs
Descrevemos, a seguir, alguns recursos empregados,
ilustrando cada um com a figura de um ODEA elaborado
utilizando-o.
a) Glogster:
Pôster digital no qual se pode inserir texto verbal,
imagens, vídeos, áudios, links para outros sites. Dessa
maneira, o professor pode colocar todo conteúdo que
deseja que os alunos acessem em uma única página,
podendo indicar por meio de setas a ordem a ser seguida.
Tutorial disponível em
<http://espanholpibidunioeste.blogspot.com.br/2012/10/c
riando-uma-conta-no-glogster.html>.
Na figura 1, observa-se um pôster digital com
texto verbal e não verbal, vídeo e links hipertextuais.
Figura 1: Glogster elaborado no âmbito do Pibid
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 77
Fonte: Arquivo da pesquisadora
b) Avatar:
O site <http://www.voki.com/site/create>
possibilita a criação de avatares de diversos tipos com
movimento e fala, sendo possível escolher entre diversas
figuras humanas e de animais e escolher características
como tipo de cabelo, roupa, acessórios, cor dos olhos,
tipo de boca, entre outras. Digita-se um texto para que
este personagem fale no idioma escolhido. Pode-se
escolher se a voz é masculina ou feminina e a que país
pertence a variante lida. O programa possibilita que se
escute essa fala do personagem do texto digitado
anteriormente.
A figura 2 se refere a um avatar feminino, por
meio do qual uma aluna realiza sua apresentação pessoal.
Figura 2: Avatar elaborado no âmbito do Pibid
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 78
Fonte: Arquivo da pesquisadora
c) HQ online:
No site <http://www.pixton.com/br/> é possível
criar Histórias em Quadrinho (HQ) onlines. Há diversas
figuras disponíveis de personagens, cenários e objetos,
bem como de customização de detalhes. Também há
vários formatos de balões, nos quais o usuário pode
inserir o texto escrito que desejar.
Na figura 3, há uma HQ criada com recursos desse
site. Figura 3: HQ online elaborada no âmbito do Pibid
Fonte: Arquivo da pesquisadora
d) Tumblr:
É um tipo de blog mais moderno, com
características de uma rede social. Pode ser criado no
endereço <https://www.tumblr.com>. Permite publicação
de textos, imagens, vídeos, links, áudios. Também é
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 79
possível comentar postagens, ‘reblogar’ uma postagem
de outra pessoa no seu próprio blog, enviar mensagem
privada, procurar assuntos de interesse/ comunidades por
meio de tags, customizar o Tumblr e elaborar GIFs.
Otutorial se encontra em
<https://canaltech.com.br/tutorial/tumblr/como-usar-o-
tumblr/>.
A figura 4 apresenta um Tumblr sobre aspectos
culturais na Guatemala, o qual apresenta vídeos, imagens
e possibilidade de comentários.
Figura 4: Tumblr elaborado no âmbito do Pibid
Fonte: Arquivo da pesquisadora
e) Canva:
Criador de revista, panfleto, cartaz, cartão, entre
outras coisas. Possui diversos designs, imagens e
formatos para elaboração desses gêneros discursivos. O
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 80
programa está disponível em várias línguas, dentre elas o
Português no link:<www.canva.com/pt_br/>.
As figuras 5 e 6 se referem, respectivamente, a
um folheto com vocabulário ilustrado de legumes e a um
infográfico com informações culturais sobre o México.
Figura 5: Folheto elaborado no âmbito do Pibid
Fonte: Arquivo da pesquisadora
Figura 6: Infográfico elaborado no âmbito do Pibid
Fonte: Arquivo da pesquisadora
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 81
f) Ebook:
ISSUU é um serviço online que possibilita editar
textos em formato de revista, livro ou panfleto e publicá-
los na Internet no próprio site <www.issuu.com> ou em
uma rede social. É interativo e possui opções de clicar e
virar a página, tornando o monitor um livro virtual. A
visualização das publicações não necessita de registro
dos usuários. No entanto, para fazer a publicação é
preciso realizar um cadastro simples no próprio site.
A figura 7 apresenta duas páginas de um ebook de
anúncios, nesse caso, de imóveis e de ofertas de
emprego.
Figura 7: Ebook elaborado no âmbito do Pibid
Fonte: Arquivo da pesquisadora
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 82
Considerações finais
Verificamos que os ODEAs e materiais
pedagógicos elaborados apresentam resultados positivos
em relação à motivação dos estudantes e ao ensino de
Espanhol para brasileiros, bem como para formação
inicial dos acadêmicos do curso de Letras.
Por meio da socialização de alguns dos ODEAs
elaborados para o ensino e a aprendizagem de E/LE,
esperamos contribuir para que outros professores se
interessem pelo uso das novas tecnologias nas aulas e
vislumbrem possibilidades de utilização desses ODEAs
no ensino. Cabe ressaltar que os recursos expostos podem
ser utilizados para elaboração de ODEAs em qualquer
língua.
Referências
BRASIL. Projeto de Lei nº 8.035 de 2010. Aprova o
Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 e
dá outras providências. Disponível em:
<http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/5
826/projeto_pne_2011_2020.pdf?sequence=1> Acesso
em: 20 fev. 2017.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 83
_______. Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de
2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação de Professores/as da Educação Básica, em
nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 abril 2002.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/res1_2.pdf>
. Acesso em: 17 fev. 2017.
BREDA, Regina; CASTELA, Greice da Silva. O uso
pedagógico das TIC na formação inicial e as futuras
práticas docentes dos professores: alguns apontamentos.
Temática. Ano XI, n. 04. Abril/2015. NAMID/UFPB. p.
183-196. Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/temática> .
Acesso em: 17 fev. 2017.
CASTELA, Greice da Silva. A leitura e a didatização
do (hiper)texto eletrônico no ensino de espanhol como
língua estrangeira (E/LE). Rio de Janeiro: UFRJ,
Faculdade de Letras, 2009. 252 páginas. Tese de
doutorado em Letras Neolatinas.
_______. O hipertexto visto de múltiplas
perspectivas.Revista Travessias. Cascavel.Nº. 01, 2008.
Disponível em <www.unioeste.br/travessias>. Acesso em
20 jul. 2017.
COPE, Bill; KALANTZIS, Mary. Multiliteracies:
Literacy Learning and the Design of Social Futures.
Routledge: Psychology, 2000.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 84
COSTA, Alan Ricardo; FIALHO, Vanessa Ribas. A
recuperabilidade em Objetos de Aprendizagem de
Línguas: descritores em repositórios digitais. Domínios
de Linguagem. v. 7, n. 1, p. 106-126, 2013. Disponível
em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem
/article/view/21775>. Acesso em: 26 ago. 2017.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs:
capitalismo e esquizofrenia. Vol. I. Rio de Janeiro: Ed.
34, 2000 [1980].
FUGIMOTO, Sonia Maria Andreto.O computador na
sala de aula: o professor de educação básica e sua
prática pedagógica. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Estadual de Maringá,
Maringá, PR, 2010.
LARA, Rafael. Impressões digitais entre professores e
estudantes: um estudo sobre o uso das TIC na formação
inicial de professores nas universidades públicas de Santa
Catarina.2011. 154 páginas. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação.
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis,
SC. 2011.
LEFFA, Vilson José. Nem tudo que balança cai: Objetos
de aprendizagem no ensino de línguas. Polifonia.
Cuiabá, v. 12, n. 2, p. 15-45, 2006.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O
Futuro do Pensamento na Era da Informática. São Paulo:
Editora 34, 1993.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 85
ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. Multiletramentos
na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 86
CADERNO DE LITERAMENTO DE INGLÊS:
GRIMM BROTHERS’1
Dâmaris Ellen Albrecht2
Felipe Grespan Rettore3
Jaqueline Patricia Schossler Deak4
Marina Garcia Barbosa5
Natan Wellington Kreuz dos Santos6
Paula Francielle Becker7
Nelza Mara Pallu8
Maria Angélica Rosa Varussa9
Este Caderno Pedagógico, denominado de
Literamento de Inglês, é resultado das atividades
desenvolvidas no Programa Institucional de Iniciação à
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 3Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 4Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 5Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 6Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 7Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 8 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Marechal Cândido do Rondon. 9Bolsista de Supervisão à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Marechal Cândido do Rondon.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 87
Docência (Pibid), do qual o subprojeto Letras – Inglês da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),
campus Marechal Cândido Rondon, faz parte.
O subprojeto Pibid - Letras - Inglês tem como
objetivo aperfeiçoar e valorizar a formação de
professores de Língua Inglesa, promovendo a construção
do conhecimento multidisciplinar resultante da
integração de grandes áreas como da linguagem, da
literatura e do cinema. Esta abordagem desafiadora
inspirou o nome do Caderno Pedagógico constituindo o
termo Literamento para destacar a fusão da Literatura e
do Letramento no processo de formação de leitores dos
envolvidos no projeto.
As atividades aqui apresentadas foram elaboradas
por uma equipe de bolsistas integrantes do projeto nos
anos de 2014 e 2015, sendo eles: cinco acadêmicos do
curso de Letras-Português/Inglês, Dâmaris Ellen
Albrecht, Felipe Grespan Rettore, Jaqueline Patricia
Schossler Deak, Marina Garcia Barbosa, Natan
Wellington Kreuz dos Santos e Paula Francielle Becker;
uma professora coordenadora (docente da Unioeste)
Nelza Mara Pallu; e uma professora supervisora (docente
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 88
do Colégio Estadual Eron Domingues) Maria Angélica
Rosa Varussa.
O Caderno Literamento, escrito em língua
inglesa, foi aplicado no Colégio Estadual Eron
Domingues, em turmas do Nível Fundamental, do 6º ao
8º ano, tendo como resultado observado um maior
envolvimento e motivação dos alunos nas aulas de inglês.
Está subdividido em duas partes, escolhidas de maneira a
oferecer aos alunos uma diversidade de gênero literário
(clássico e contemporâneo), e também pelo
conhecimento prévio e preferência dos aprendizes da
escola participante do projeto. Assim, a primeira parte
apresenta unidades que foram inspiradas pelos contos dos
Irmãos Grimm; e a segunda parte, composta em unidades
configuradas pela Saga Harry Potter.
PART I: Grimm brothers’
GRADE: 6th
UNIT 1: Little Red Riding Hood
CONTENT: Grimm brothers' biography and Little Red
Riding Hood tale
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 89
INTRODUCTION
1) Introducing story activity: Grimm Brothers’ biography
through pictures.
Procedures:
o Show the class the set of five pictures below and
make comments (in Portuguese) about them.
o Use the data show or printed pictures/posters.
o The comments should be brief according to each
picture presentation.
Comments:
o Jacob Ludwig Grimm (1785-1863) e Wilheim
Grimm (1786-1859) nasceram na Alemanha, no
estado de Hessen, na cidade de Hanau.
o Seus contos foram baseados em uma extensa
pesquisa do folclore alemão.
o As temáticas de suas histórias eram baseadas na
solidariedade e no amor ao próximo.
o O primeiro volume dos Contos de Grimm possui
72 histórias e o segundo 108.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 90
Picture 1: Wilhelm Grimm (1785-1863) and Jacob
Grimm (1786-1859)
Disponível em: <http://pushkinpress.com/wp-
content/uploads/grimms-website.jpg> Acesso em: 30
mai. 2014.
Picture 2: Grimm brothers' house (1791-1796) in Steinau
- Germany.
Disponível em:
<http://www.expedition-
grimm.de/uploads/pics/Grimm_Museum_Steinau_klein_0
2.jpg>
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 91
Acesso em: 30 mai. 2014.
Picture 3: Grimm brother's face on a 1000 Deutschmark
(Marco), from 1992.
Disponível em:
<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/
0/0b/1000_DM_Serie4_Vorderseite.jpg/800px-
1000_DM_Serie4_Vorderseite.jpg>
Acesso em: 30 mai. 2014.
Picture 4: Map of Germany - Steinau City.
Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Steinau_in_
CUX.svg> Acesso em: 17 jul. 2014.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 92
Picture 5: Grimm Brothers' graves in St. Mattäus Kirchhof,
Berlin -Germany.
Disponível em: <
<https://br.pinterest.com/pin/276338127111921443/>
Acesso em: 30 mai. 2014.
DEVELOPMENT
1) Guessing activity:
Procedures:
o Read the extract below from the Little Red Riding
Hood tale.
o The purpose here is to motivate the students to
guess the name of the story.
o Give the proper intonation!
o You can use Puppets, inviting the students to
perform.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 93
[...]
"What large ears you have got, grandma! - To hear you
better, my granddaughter.
"What great eyes you have got, grandma! - To see you
better, my granddaughter.
"What a large mouth you have got, grandma! - To eat
you better, my granddaughter.
[...]
MARQUES, C.; PAIVA, E. Chapeuzinho Vermelho.
Little Red Riding Hood. Clássicos Bilíngue.
Português/Inglês. Claranto Editora.
2) Students' background knowledge about the story:
o Explore the previous knowledge of the students
(in Portuguese) about the story asking questions
such as:
What they have already known; the main
characters; if they like the story or not; etc.
3) Little Red Riding HoodVocabulary:
o Give the students the vocabulary table below.
o They can use dictionaries to finish the task during
the class.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 94
o It is necessary, correct the table and read it as
many times (with the students) as possible to
memorize.
Little Red Riding Hood Vocabulary
ENGLISH PORTUGUESE
Large
Great
Ears
Eyes
Granddaughter
Grandmother
Hear
Mouth
Better
Have
See
Eat
CLOSING
1) Memory Game activity (extra material not include
here):
Procedures:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 95
o Explain the rules (in Portuguese).
o Divide the students in small groups and give them
the Memory Game to practice.
UNIT 2:: Little Red Riding Hood Tale
CONTENT: Little Red Riding Hood Tale
INTRODUCTION
1) Jumbled name activity:
Procedures:
o Write on the board the jumbled words below (or
use cards), and make the students identify the
correct order.
o Explain that those words will form the title of the
book.
o Start with the known words: LITTLE and RED,
and then explain the meaning of the word HOOD
(cap).
o Guide them to the proper order.
DEVELOPMENT
1) Little Red Riding Hood Vocabulary reading activity:
Procedure:
HOOD - RIDING - LITTLE - RED
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 96
o Using the following activity sheet paper, review
the main characters of the story.
Write the names of the main characters below:
_________________ ________________
________________ _________________
Disponível em:
<http://www.pre-kpages.com/images/little-red-riding-
hood-comprehension-activity.png.>
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 97
Acesso em: 11 abr. 2015.
2) Setting the story order activity:
Procedures:
o Use one set of cards for each pair of students.
o Guide the students to pay attention to the pictures
as well as the blocks of the whole text.
o The students should put the set in the correct
order of the tale.
Disponível em:
<http://sbt.blob.core.windows.net/storyboards/rebeccaray
/little-red-riding-hood.png>
Acesso em: 02 abr. 2015.
3) Reading and speaking activity:
Procedures:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 98
o After the activity 2 above, read the parts of the
story in English and ask the students to repeat
them in English.
o To finish this activity, read the story in English
one more time, and ask students to give their
comprehension in Portuguese of each passage.
CLOSING
1) Painting/ drawing activity:
Procedure:
o Give students the picture below, asking them to
paint or to continue or even draw something else
related to the story, if that’s the case.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 99
Disponível em:
<https://encrypted.google.com/search?q=little+red+ridin
g+hood&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=VuDHU8G
5PIPKsQSGqYGQCA&ved=0CAYQ_AUoAQ&biw=13
66> Acesso em: 17 de jul. 2014.
UNIT 3 : Little Red Riding Hood
CONTENT: Creating a Happy Ending
INTRODUCTION
1) Pre-activity vocabulary comprehension:
Procedures:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 100
o This is a warm up for the The Map activity.
o First write the words below on the board.
o Write their meanings beside.
o Make sure the students understand each word.
o Ask students to copy the chart from the board.
ENGLISH PORTUGUESE
TITLE
AUTHOR
BEGINING SENTENCE
FAIRY TALE
CHARACTERS
SETTING
MAGIC
PROBLEM
HAPPY ENDING
DEVELOPMENT
1) Comprehension activity - Fairy Tale Story Map
Procedure:
o Using the map sheet below, motivate the students
to create a happy ending or any alternative ending
for the LRRH story. This can be done in
Portuguese.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 101
o Give one card to each student.
o Fill in the card with the students.
Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-
954UenXZiN8/UyI6apJcPoI/AAAAAAAABvw/E-k-
HjEq19U/s1600/The+Three+Little+Pigs.png>. Acesso
em: 03 mai. 2014.
CLOSING
1) Sharing activity
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 102
o Ask the students to share their endings with the
whole class, by reading them aloud.
UNIT 4 : Cinderella Tale
CONTENT: Cinderella’s story around the world
INTRODUCTION
1) Cinderella's curiosities:
Procedure:
o Orally present these curiosities (in Portuguese),
from the box below, about Cinderella’s story.
- Yeh-hsien, Cendrillon, Cinderella, Ashenputtel, Rashin
Coatie, Mossy Coat, Kattie Woodencloack e Cenerentola
são apenas algumas das denominações dadas, através
dos tempos e em várias tradições folclóricas, àquela que
conhecemos como Cinderela ou Gata Borralheira.
- A primeira história de Cinderela foi registrada por
volta de 850 d.C
- As versões mais conhecidas deste conto de fadas são as
de Charles Perrault, dos irmãos Grimm e de Hans
Christian Andersen.
- Devido às traduções e a contextualizações, as histórias
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 103
já publicadas dos Irmãos Grimm sofreram mudanças e
adaptações.
Adaptado de: AZEVEDO, A. L. S., VERSÕES DE
CINDERELA NO BRASIL HOJE: Quem conta um
conto aumenta um ponto?, Rio de Janeiro, 2008.
2) Students' background knowledge activity:
o Ask the students what they have already known
about the story (they can do it in Portuguese).
DEVELOPMENT
1) Bilingual vocabulary activity:
Procedures:
o Give students dictionaries.
o Read the the 10 characters or items below from
Cinderella's tale, and guide the students to find
their meanings using dictionaries.
Portuguese English
Pai Father
Madrasta Stepmother
Meio-irmãs Stepsisters
Pássaro Bird
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 104
Festa Party
Bolsa Purse/Bag
Vestido Dress
Príncipe Prince
Sapato Shoes
Castelo Castle
CLOSING
1) Present the class the video with the story:
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=DKQ83ltXG5c>
Acesso em: 13 de mai. 2014.
UNIT 5 : Cinderella
CONTENT: Cinderella’s Tale
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 105
INTRODUCTION
1) Firstly, review the vocabulary from the previous
activity in the Development section.
DEVELOPMENT
1) Bilingual text activity:
Procedures:
o Complete the text below with the keywords from
the closing activity section (the students’ version
is with the keywords blanks).
o After it, read the text (in Portuguese) and ask the
students to say the suitable keyword (in English).
CINDERELLA’S TALE
A mãe de Cinderela morreu e seu FATHER se casou
novamente, mas sua STEPMOTHER e suas
STEPSISTERS tinham corações ruins. Elas faziam
Cinderella trabalhar na KITCHEN e limpar a casa
inteira, seu único amigo era um BIRD. Um dia, o rei
decidiu fazer uma grande PARTY para achar uma linda
mulher para seu filho se casar, ele convidou todas as
lindas mulheres do país. Cinderella queria ir para a
festa, mas sua STEPMOTHER não permitiu e suas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 106
STEPSISTERS riram de sua vontade, então ela foi
chorar no túmulo de sua mãe. Seu amigo pássaro
apareceu e soltou uma BAG, dentro dessa bolsa tinha
um lindo DRESS e sapatos, então ela se vestiu e foi
para a festa. Ninguém reconheceu Cinderella e o
PRINCE dançou com ela a noite inteira. Quando
chegou a hora de ela ir para casa o príncipe a seguiu.
Cinderella deixou cair um par de seu SHOE e o
príncipe o achou. O BIRD guiou o príncipe até a casa
de Cinderella, e chegando lá o FATHER da Cinderella
conversou com o príncipe e disse que tinha 3 filhas,
mas apenas 2 foram à festa. Então as duas
STEPSISTERS provaram o sapato, mas ele não serviu
para nenhuma das duas, o príncipe insistiu para ver a
outra filha do dono da casa. Cinderella provou o
sapato e ele serviu perfeitamente. O príncipe a levou
para seu CASTLE e casou-se com ela.
2) Checking activity: The teacher can read the text
aloud with the students saying the keywords.
CLOSING
1) Answering activity :
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 107
Procedure:
o Write the question below on the board.
o Help them to understand the question.
o Ask the students to copy the question and give it
their own answer (can be in Portuguese)
o After it, ask them to read their answers aloud.
o Explain them the proper answer.
The question:
Why do you think the main character of the story is
called Cinderella?
UNIT 6: Cinderella
CONTENT: Painting
INTRODUCTION
1) Verbs activity:
Procedure:
o Read and explain the table below.
o Ask the students to translate the verbs.
A) Verbs Table
Infinitive Simple
past
Past
participle
Translation
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 108
To be
(am/is/are)
Been Was/were e.g.:
Ser/estar
To bring Brought Brought
To dance Danced Danced
To fit Fitted Fitted
To go Gone Went
To invite Invited Invited
To lose Lost Lost
To make Made Made
To try Tried Tried
To work Worked Worked
B) Verbs translation linking table
o Read the verbs in English and in
Portuguese.
o Ask the students to link them.
a) Was ( a ) Era/Estava
b) Made ( j ) Experimentou
c) Work ( i ) Perdeu
d) Invited ( k ) Coube
e) Brought ( h ) Indo
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 109
f) Went ( f ) Foi
g) Danced ( c ) Trabalhar
h) Going ( g ) Dançou
i) Lost ( e ) Trouxe
j) Tried ( b ) Fez
k) Fit ( d ) Convidou
DEVELOPMENT
1) Let’s paint and set the tale!
Procedures:
o Write on the board the 10 statements from the box
below.
o Divide the class into groups of two or three
students.
o Hand out one picture, of the 10 available, to each
group.
o They will have to paint it and find one of the
statements from the board that describes the
picture the best.
o Then, make a poster with the pictures and the
statements and hang it on the classroom.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 110
The statements:
1. Cinderella’s mom was sick and died.
2. Her stepmother made her work all day, and
she was always dirty.
3. Her only friend was a bird.
4. The king invited all the girls for a party, but
just her stepmother and stepsister went.
5. The bird brought her one bag; inside of the
bag was a beautiful dress and pair of shoes.
6. Cinderella went to the party and danced with
the prince all night.
7. When she was going home, she lost a shoe.
8. The stepsister tried on the shoe, but it didn’t
fit.
9. Cinderella tried the shoe and it fitted perfectly
in her feet.
10. Cinderella and the prince married and the bird
was always around them.
The Pictures:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 111
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 112
Imagens retiradas do banco público
<www.google.com.br>.
CLOSING
1) Paint activity:
o Ask the students to paint the pictures from the
previous activity.
UNIT 7 : Snow White
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 113
CONTENT: Snow White’s Tale
INTRODUCTION
1) Present the students the trailer of the movie
“Snow White and the Huntsman”, motivating the
students to recognize the tale:
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=2-
UMNSVX7_I>
Acesso em: 11 mai. 2014
DEVELOPMENT
1) Help the students to remember the main aspects of
the plot of the history: main characters, the
characteristics of them, the development of the
story, etc. This can be in Portuguese.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 114
2) True or false? Put your answer in the box.
Snow white is a single child. ( T )
1. The servant killed snow white. ( )
2. She woke up and saw nine dwarfs. ( )
3. The apple did nothing to her. ( )
4. The dwarfs worked at a mine. ( )
5. The Prince woke her up with a hug. ( )
6. The Queen was a very mean woman. ( )
CLOSING
1) Ask the students to create three simple sentences
according to the information that they remember from the
story. The sentences can be in Portuguese according to
the students’ level.
Write on the board examples of sentences:
o The castle was huge.
o Snow White is beautiful.
o The Mirror knows everything.
Explain to the students the format of the sentences:
Subject > Verb > Adjective.
UNIT 8: Snow White
CONTENT: Snow White’s Tale
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 115
INTRODUCTION
1) Sentences reading and sharing ideas:
Procedure:
o Ask some of the students to read their sentences
from the previous activity.
o Correct the sentences with them (orally, or
checking on their desks).
o You can write some of them on the board.
DEVELOPMENT
1) Give the students the word search below:
WORD SEARCH
F C
S M P E
S W W O H X
P Q U E E N U R
I N U I S T O D J A
R V S K I N C T B O B D
L A R U C E O G B F H C I N
M B R H G T P W J K W F S J U C
U V I E M A G I C M I R R O R G Q T
C L I P S F H G A O K Y K G A W O R L D
Y W A M E E C F W M K F P U O C F S T F
W C X M E A N F P Q P M A X G O K R
E V M O S T W I E A H C C B M I
Y G T T B A K H X H R X N L
K K L H N Q F P A P K P
SNOW
BEAUTIFUL
SKIN
LIPS
CASTLE
QUEEN
MEAN
MAGICMIRR
OR
WORLD
MOST
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 116
B E A U T I F U L C
N F F L C K W R
B V N M E Q
X T A W
O Y
2) Ask the students to underline all the forms of the
verb “to be” in the extract below (the extract can
be written on the board, or printed).
Snow white was the name of a beautiful little
princess. Her skin was as white as the snow, her
lips were reddish and her hair was as black as the
night. She lived in a castle with her stepmother, a
mean and vain queen. The Queen had a magic
mirror and every morning she asked it:
- Mirror, my mirror, is there anybody more
beautiful than me in the world?
And the mirror answered:
- No, my queen. You are the most beautiful.
CLOSING
o Correct the exercises above explain/reviewing the
forms of the verb To Be.
o Ask the students to draw what they understood
from the extract (you can use pictures from
magazines available).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 117
O USO DE READERS NO ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA1
Ana Maria Kaust2
Anna Flávia Lenz Freita3
Camila Cristina Dias da Silva4
Jenny Miki Yoshioka5
Delfina Cristina Paizan6
Isabelle Christianes Capetini7
Milena Brepohl Hepp8
Introdução
O Subprojeto Letras- Inglês da Unioeste, Foz do
Iguaçu- PR, tem por objetivo, entre outros, proporcionar
ao acadêmico de Letras contato com o futuro ambiente de
trabalho, realizar leituras e discussões teóricas e de
documentos, a produção de material didático e o suporte
ao professor de língua inglesa do colégio participante.
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Inglês, do campus de
Foz do Iguaçu. 3Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do campus de
Foz do Iguaçu. 4Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do campus de
Foz do Iguaçu. 5Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do campus de Foz do Iguaçu. 6Supervisora Voluntária à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do campus
de Foz do Iguaçu. 7Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do campus de
Foz do Iguaçu. 8Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do campus de
Foz do Iguaçu.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 118
Uma outra ação desenvolvida foi um Curso de Inglês
Básico, ofertado no contra turno, para os alunos
matriculados nos 8º e 9º anos.
Este capítulo trata do relato de experiências dos
“pibidianos” que ministravam o Curso de Inglês Básico e
tem por objetivo refletir sobre a utilização dos readers
como recurso pedagógico.
Os readers podem ser definidos como
adaptações de obras literárias, sabendo disso, na próxima
seção, apresentaremos os referenciais teóricos que tratam
da importância da literatura em sala de aula de línguas
estrangeiras (L.E.) e, em específico, dos readers. Nas
seções seguintes, descreveremos o planejamento e a
condução das aulas, abordaremos as reflexões
desenvolvidas pelos integrantes do subprojeto e
teceremos nossas considerações finais acerca do tema.
Referencial teórico: Ensino de literatura na sala de
L.E.
O objetivo desta seção é discutir os benefícios
do ensino da literatura de língua inglesa, mais
especificamente, através do uso de readers. Como aponta
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 119
Keshavarzi (2012) mesmo a literatura sendo um dos
materiais mais desafiadores de utilizar em sala de aula de
línguas, seu uso apresenta muitos benefícios visto que é
um recurso que permite trabalhar com a compreensão e
produção oral e escrita. O autor, corroborando com o
exposto acima, postula que entender uma língua significa
entender sua cultura, dessa maneira ao se trabalhar com
literatura permite-se ao aluno refletir sobre a sua própria
cultura e a cultura do outro, pois além de apresentar
contextos da vida real, a literatura também representa a
cultura das pessoas que usam uma determinada
linguagem. O autor aponta, ainda, que a literatura permite
promover o pensamento reflexivo, um dos fatores
principais do processo de aprendizagem, pois os textos
literários são bons meios para criar esse ambiente de
reflexão e levar os alunos a pensarem sobre suas próprias
experiências e compará-las com suas expectativas.
Daskalovska e Dimova (2012) argumentam que
a literatura proporciona aos alunos oportunidades de usar
a língua de forma mais criativa e desenvolver uma maior
conscientização sobre o idioma trabalhado. As autoras
também ressaltam que a literatura motiva os alunos para
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 120
a leitura ao provocar seu interesse e instigar sua
imaginação, o que concede aos alunos oportunidades
para discussões significativas e permite desenvolver uma
quinta habilidade: ouvir, falar, ler, escrever e pensar em
inglês.
Sendo a literatura, como aponta Clandfield
(2012), um material autêntico, proporciona ao aluno uma
exposição à língua enquanto discurso, também
colaborandopara a educação integral do ser humano e, ao
examinar os valores contidos no discurso, os professores
podem estimular os alunos a desenvolverem atitudes, ou
seja, possibilita a “humanização” do discente.
Readers
Como descreve Coracini (2012), muitos alunos
possuem dificuldades em interpretar e se concentrar na
leitura de livros, até mesmo em suas línguas maternas e,
também,muitos não possuem o hábito da leitura em
língua materna e/o língua estrangeira, o que torna difícil
o ato de “[...] convencer os educandos de que ler um livro
pode expandir suas ideias, aumentar seu capital cultural e
exercitar seu lado criativo, [...]” (CORACINI, 2012, p.
17).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 121
Pensando nessas dificuldades em se trabalhar
literatura de LE, Coracini (2012) propõe o trabalho com
leitura nas aulas de língua inglesa utilizando-se dos
readers. A autora explica que esse tipo de material se
constitui de pequenos livros reescritos a partir dos
grandes e complexos clássicos da literatura, e que apesar
de não respeitarem o texto original, esse tipo de material
é de grande valia na questão de auxiliar a leitura em
língua inglesa. Os readers podem, também, serem
adaptações de filmes, de biografias e lendas e tem seu
vocabulário ou estrutura gramatical simplificados.
Embora diferentes autores (ex. BROWN, 2007,
HORWITZ, 2008) falem da importância de se trabalhar
com textos autênticos em sala de aula de LE, Alonso
(2012) nos lembra que o uso de readers pode auxiliar no
processo de aprendizagem de línguas uma vez que eles
estão adaptados ao nível de conhecimento de língua dos
alunos e permitem, gradativamente, a inserção de textos
autênticos e em níveis mais avançados.
Silva (2015) compartilha sua experiência de usar
os readers em um curso de inglês no Programa de
Idiomas Inglês Sem Fronteiras que atende toda a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 122
comunidade acadêmica – professores, alunos e servidores
de universidades. A autora desenvolveu suas aulas com
uma turma de inglês para Internacionalização – Básico,
que contava com onze alunos de nível A27, trabalhando
com o reader “The Adventures of Tom Sawyer”. Em seu
projeto, Silva (2015) esperava que os alunos discutissem
suas impressões acerca da leitura e, ao final, produzissem
um vídeo sobre o livro para ser divulgado para as outras
turmas.
Depois de descrever o trabalho com o reader em
sala de aula de língua inglesa, a autora aponta como
ganho o fato de que os alunos praticaram a leitura
extensiva na LE, um tipo de leitura que não é
oportunizada em livros didáticos. A autora também
aponta como a maior vantagem a possibilidade de
trabalhar a compreensão escrita em LE mesmo nos níveis
iniciantes podendo já “contribuir para a aprendizagem de
novos aspectos da língua como cultura, vocabulário
regional e história dos países de língua inglesa.” (SILVA,
2015, p. 83).
7 https://www.examenglish.com/CEFR/cefr.php
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 123
A seguir, apresentamos o relato da experiência de
uso de um reader – “Footprints” no Curso Básico de
Inglês descrito acima.
Projeto: Contexto
Conforme citado anteriormente, as aulas com o
reader ocorreram no Curso de Inglês Básico com aulas
uma vez por semana e duração de duas horas. As aulas
eram planejadas a partir de temas e buscavam
desenvolver as quatro habilidades: ouvir, falar, ler e
escrever em língua inglesa.
O reader trabalhado foi o “Footprints” que faz
parte de uma série de quatro níveis de graded readers
(livros nivelados) desenvolvidos pela Mac Readers for
Teens, que tem como público alvo estudantes
adolescentes na idade escolar, de 11 a 15 anos de idade.
A autora responsável pela adaptação desta obra é Esther
Grace Rodrigues.
De acordo com a descrição, trazida no próprio
livro adaptado, esses graded readers são produzidos com
o intuito de aprimorar o entendimento e aproveitamento
da língua inglesa, oferecendo diversos benefícios, tais
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 124
como histórias que atraem/chamam o interesse do
estudante, introdução contextualizada para uma nova
língua e vocabulário “controlado/pré-estabelecido”.
Além disso, os readers disponíveis pela Mac
Readers for Teens, como é o caso de Footprints, além da
história em si, acompanham atividades de compreensão
do texto, exercícios de construção de vocabulário e jogos
relacionados ao tema que o reader aborda.
Para poder ser trabalhado em sala o reader foi
dividido em quatro partes que resultaram em oito aulas
que abordavam diferentes temas retirados do texto.
Diferentes estratégias de leitura foram utilizadas com o
propósito de proporcionar aos alunos a construção de
significados, com atividades focadas na compreensão do
texto como um todo e não apenas nas estruturas
linguísticas.
Estratégias de leitura
Considerando que o trabalho com readers
desenvolve com mais afinco a habilidade de leitura,
nosso grupo desenvolveu as atividades tomando por base
estratégias de leitura em Língua Inglesa.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 125
Estratégias de leitura são sequências de trabalho
utilizadas para auxiliar na construção do sentido do texto
e assim alcançar os objetivos traçados pelo professor.
Conforme explica Souza et al (2005) a compreensão do
texto ocorre a partir da relação da informação nova e do
conhecimento prévio, assim a construção de sentidos
acontecerá através da interação de diferentes níveis de
conhecimento tornando necessário o uso de diferentes
estratégias para alcançar tal objetivo.
Algumas das estratégias de leitura utilizadas
nesse trabalho foram: reconhecimento de gênero textual,
conhecimento prévio, skimming, scanning, cognatos,
falso cognatos, informação não-verbal, formação de
palavras, referência pronominal.
Reconhecimento de gênero textual: ser capaz de
reconhecer as características próprias de um gênero
possibilita que a localização de informações ocorra
de forma mais rápida, tornando a leitura mais
proveitosa e focalizada.
Conhecimento prévio: aprendizagem baseada
nas experiências vividas pelo individuo, que podem
ser acessadas ao se assimilar informações. Constitui-
se como um recurso essencial para o processo de
compreensão pois possibilita a criação de suposições
e deduções sobre o significado do texto.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 126
Skimming: busca da ideia geral do texto através
de uma observação rápida do texto, durante esse
processo é importante prestar atenção no formato do
texto, título, palavras conhecidas e informação não-
verbal.
Scanning: busca por informações específicas no
texto, no qual realiza-se uma leitura rápida
concentrando a atenção para palavras-chave que
levam à localização de informações específicas.
Cognatos e falsos cognatos: ocorrem devido a
semelhança presente na língua portuguesa e na
língua inglesa em relação ao vocabulário. Nos
cognatos identifica-se palavras que possuem o
mesmo significado e uma grafia semelhante ao
português, já os falsos cognatos possuem uma grafia
parecida, mas um significado diferente.
Informação não verbal: informação fornecida
através de figuras, gráficos, tabelas ou mapas, que
podem ser explorados na busca por informações
específicas.
Formação de palavras: compreender como
funcionam os afixos possibilitam ao leitor ampliar
seu vocabulário e facilita a identificação de novas
palavras, assim tornando a compreensão mais clara
durante a leitura.
Referência pronominal: são os elementos de
referência que levam o pensamento do leitor para
algo já mencionado e ligam as ideias do teto, sendo
importante que o leitor seja capaz de perceber a
ligação entre o elemento de referência e o que ele
substitui.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 127
Sequência de tarefas desenvolvidas no projeto
Sequência 1
Procedimentos: Para iniciar a aula foi perguntado aos
alunos o que sabiam sobre as lendas e se conheciam a
Lenda das Cataratas do Iguaçu, que trata de uma história
de amor entre Naipi e Tarobá*. Em seguida foi
questionado que outras lendas os alunos conheciam e
explicado que cada país tem seu conjunto de histórias que
são passadas por gerações, citando exemplos de diferentes
histórias. Para apresentar a lenda do Pé Grande, que é o
tema do Footprints, foi utilizado de uma parte do desenho
do ScoobyDoo** e como introdução para a leitura foi
entregue uma folha com seis imagens e os alunos
deveriam tentar adivinhar a sequência correta da história.
Após isso entregamos as quatro primeiras páginas do
reader para os alunos lerem em silêncio e em seguida
realizada a leitura em voz alta pelos professores. Foram
feitas questões de compreensão e após isso realizado uma
atividade para associar as imagens com os cognatos e
falsos cognatos e pedido para encontrarem outros
exemplos de cognatos no texto.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 128
*http://www.cataratasdoiguacu.com.br/parque-nacional-
do-iguacu/lenda-das-cataratas
**http://www.trilulilu.ro/video-animatie/the-new-scooby-
doo-movies-10-the-ghost-of-bigfoot
Sequência 2
Procedimentos: Nesta sequência inicialmente foi
realizada uma revisão da história vista na aula anterior e,
em seguida, continuamos com a leitura de mais quatro
páginas do reader. Após uma leitura silenciosa, foram
realizadas algumas perguntas em inglês referentes a essa
parte da história para auxiliar na compreensão. Em
seguida também foi perguntado como os personagens
estavam vestidos para abordar o vocabulário sobre roupas
e entregue para os alunos algumas folhas com desenhos
de peças de roupas e os significados em inglês, para que
eles recortassem e associassem as imagens com as
palavras. Para finalizar essa sequência, foi pedido para os
alunos identificarem alguns cognatos no texto como
forma de relembrar o assunto tratado anteriormente.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 129
Sequência 3
Procedimentos: Nesta atividade foi retomado o que havia
sido lido do reader na aula anterior através de perguntas.
Para expandir questões sobre o clima presentes na
história, foi ensinado aos alunos como fazer perguntas
sobre o tempo e como responde-las em inglês. Também
através de flashcards foi introduzido o vocabulário das
estações do ano. Por fim, explicamos o uso do presente
continuo ao se falar sobre o tempo e como utiliza-lo na
forma negativa e interrogativa.
Sequência 4
Procedimentos: Nesta sequência continuamos a aula
anterior sobre clima, estações do ano e pontos cardeais.
Em seguida, exibimos recortes de previsões do tempo em
inglês e em português, depois pedimos aos alunos para
criarem suas próprias previsões e eles tiveram que ir no
mapa para fazer uma apresentação para a sala. Após as
apresentações, uma lista de adjetivos e seus antônimos
em inglês foram passados no quadro e os alunos,
divididos em grupos, tinham que relacionar os pares da
maneira que achassem mais adequada. Ao final da aula
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 130
foi corrigido as relações feitas pelos alunos e pedido que
copiassem alguns pares e escrevessem frases como
atividade de casa.
Sequência 5
Procedimentos: Durante essa sequência iniciamos a aula
por corrigir as atividades de casa e para revisar os
adjetivos e seus antônimos trabalhados utilizamos de um
jogo da memória. Em seguida entregamos uma nova
parte do reader no qual os alunos realizaram uma leitura
rápida e explicaram o que entenderam.
Sequência 6
Procedimentos: Iniciamos esta sequência por retomar o
havia sido lido do reader na aula anterior por meio de
perguntas. Em seguida, realizamos uma atividade com o
vocabulário do texto, no qual os alunos deveriam ler a
descrição de palavras e expressões em inglês e identifica-
las no texto. Após essa atividade, trabalhamos com os
adjetivos terminados em –ING e –ED utilizando de uma
frase do reader como exemplo e explicamos a diferença
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 131
de uso entre eles. Aplicamos uma atividade em seguida
para verificar se haviam compreendido e pedidos como
atividades para casa que escrevessem três frases
utilizando os adjetivos.
Sequência 7
Procedimentos: Esta sequência foi iniciada por corrigir as
atividades de casa pedidas na aula anterior. Em seguida,
entregamos as últimas páginas do reader e realizamos a
leitura, por ser o desfecho da história verificamos a
atividade proposta na primeira aula de colocar em ordem
as imagens de acordo com a história. Utilizando do
conteúdo do reader apresentamos os comparativos por
meio de frases que comparavam os professores e os
alunos. Para finalizar, entregamos um caça palavras no
qual os alunos deveriam colocar os adjetivos em sua
forma comparativa.
Sequência 8
Procedimentos: Para finalizar as sequências com o
reader, trabalhamos com o vocabulário sobre partes do
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 132
corpo. Para isso, realizamos perguntas sobre o texto que
guiaram os alunos para o vocabulário que abordaríamos.
Após introduzir o assunto perguntamos aos alunos que
partes do corpo conheciam e acrescentamos outros. Para
estimular o trabalho em equipe, finalizamos por pedir aos
alunos que fizessem um cartaz sobre as partes do corpo,
no qual os alunos tiveram que desenhar a silhueta de um
colega em um cartaz e identificar no desenho as partes
que haviam aprendido.
Reflexão
As atividades desenvolvidas ao longo dessa
sequência de aulas mostraram-se proveitosas para os
alunos e, especialmente, para os acadêmicos. Pudemos
perceber que os alunos não estavam cientes da bagagem
cultural do espaço que ocupam, o que fez com que as
aulas se tornassem mais significativas ao fazê-los
entrarem em contato com as lendas da nossa cidade, do
nosso país e refletirem sobre estas ao tomar
conhecimento das histórias de outros povos e de outras
culturas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 133
O enfoque, nesse caso, foi para a construção de
sentido coletivo durante as aulas, que, por sua vez,
contribuiu para desconstruir algumas crenças alimentadas
tanto pelos alunos quanto pelos “pibidianos”. Ao aliar a
literatura ao ensino de língua inglesa e ainda com certa
resistência, os alunos ficaram mais cientes sobre suas
capacidades como aprendizes de segunda língua ao
compreenderem que não há a necessidade de total
domínio de uma língua para que ocorra uma construção
de sentido efetivo ao realizar a leitura de um texto. O
mesmo se aplica à comunicação que podem desenvolver
em outra língua. Nesse sentido, o desenvolvimento das
estratégias de leitura foram essenciais, pois davam um
ponto de partida para o aluno se familiarizar com o texto.
Um bom exemplo disso foi partir de palavras que lhes
fossem familiares, como os cognatos, aliada aos recursos
gráficos proporcionados no livro para a compreensão
textual e posterior interpretação do tema abordado.
Da mesma forma, como professores em
formação, desconstruímos os pré-conceitos referentes ao
uso de literatura em sala de aula, da dificuldade que
envolve essa ferramenta aliado ao ensino de língua
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 134
inglesa. Contrariando tais crenças, percebemos que ao
considerarmos os contextos e as necessidades dos alunos,
analisarmos o material a ser empregado e estudarmos
possíveis procedimentos e abordagens, o ensino de língua
inglesa aliado à literatura configura-se como possível, em
termos de propiciar o contato dos educandos com a
língua e suas situações de uso, como visto ao abordarmos
como questionar e falar do tempo, por exemplo, além do
trabalho com diferentes tipos de vocabulário.
Considerando o que foi exposto, um ponto que
deve ser ressaltado foi o fato de estarmos cientes dos
interesses dos alunos, suas expectativas em relação às
aulas e à língua inglesa antes do início das aulas, pois
isso contribuiu para que, durante o planejamento,
pensássemos neles e nas necessidades que nos foram
expostos, possibilitando que o que fosse abordado lhes
fosse significativo e eles pudessem se identificar como
indivíduos capazes de expressarem suas ideias e
sentimentos e se comunicarem com o outro. De forma
similar, esperamos que as aulas tenham promovido a
desconstrução, ou melhor falando, uma mudança no
posicionamento dos alunos diante de textos literários,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 135
especialmente escritos em língua inglesa, vendo-os como
acessíveis e passíveis de compreensão e com os quais
podem dialogar e falar sobre.
Considerações finais
O uso de readers em sala de aula de Língua
Inglesa se constitui como um recurso muito interessante
visto que traz para a realidade escolar exemplares da
literatura clássica, mas escritos de uma forma adaptada
para a idade e o nível de aquisição da língua estrangeira
por parte do leitor.
Fazer os alunos viajarem no tempo e no espaço
aprendendo uma nova língua é um desafio que pode ser
atingido desde que devidamente investigada a realidade
escolar dos alunos, bem como a contextualização da obra
utilizada de acordo com o ambiente escolar em questão.
Nossa experiência com readers no ensino de
Língua Inglesa em escola pública partiu desse
pressuposto acima. Durante as aulas sempre tentamos
criar pontes entre a realidade dos alunos e o texto que
estava sendo trabalhado, como na primeira aula que se
iniciou através de uma conversa sobre a lenda das
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 136
Cataratas de Foz do Iguaçu para depois abordar lendas
brasileiras e também de outros países.
Ao refletirmos sobre as aulas, percebemos que o
uso de estratégias de leitura possibilitou trabalhar com o
reader de forma contextualizada, criando espaços para
debates e discussões por contrastar conteúdos referentes a
realidade dos alunos e aspectos culturais da língua
inglesa. Também percebemos que com o passar das aulas
os alunos se tornaram mais interessados na ideia de ler
um texto em inglês do que estavam no início do processo.
Referências
ALONSO, K. F.. Os aspectos culturais e contextuais
na aprendizagem de inglês através de textos literários
adaptados: as experiências de estudantes. Anais
Eletrônicos IX Congresso Brasileiro de Linguística
Aplicada. UFRJ: Rio de Janeiro, 2012, p. 1-20.
CLANDFIELD, L.. Teaching materials: using
literature in the EFL/ESL classroom. Available in:
http://www.onestopenglish.com/methodology/teaching-
articles/teaching-materials/teaching-materials-using-
literature-in-the-efl/-esl-classroom/146508.article.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 137
CORACINI, A.. O uso de Graded Readers no ensino
de língua adicional na educação básica. Monografia de
conclusão de curso. UFRGS: Porto Alegre, 2012.
DASKALOVSKA, N.; DIMOVA, V. Why should
literature be used in the language classroom? Procedia
– Social and Behavioral Sciences, vol. 46, 2012, p. 1182-
1186. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S18770
42812014000.
KESHAVARZI, A.. Use of literature in teaching
English. Procedia – Social and Behavioral Sciences, vol.
46, 2012, p. 554-559. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S18770
42812012888.
RODRIGUES, E. G. Footprints. São Paulo: Macmillan,
1998.
SILVA, L. G.. O Uso de Graded Readers no Ensino de
Inglês como Língua Adicional no Programa Idiomas
sem Fronteiras. Brazilian English Language Teaching
Journal, Porto Alegre, December 2015, v. 6, sp. n. -
suppl., s76-s84.
SOUZA, A. G. F; ABSY, C. A; COSTA, G. C; MELO,
L. F. Leitura em língua inglesa: uma abordagem
instrumental. São Paulo: Disal, 2005.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 138
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 139
PRIMEIRAS REFLEXÕES SOBRE AS
ABORDAGENS PARA O ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA: O PONTO DE VISTA DE UM
PROFESSOR EM FORMAÇÃO1
Lucas Gabriel Domingos Rojas2
Ana Maria Kaust3
Introdução
Na caminhada de um professor de Língua Inglesa
(doravante LI) em formação há muitas dúvidas com
relação às abordagens a serem utilizadas em sala de aula.
Percebe-se que as diferentes realidades influenciam
nessas escolhas. Contudo, parece ser de extrema
importância que se conheça mais aprofundadamente
sobre o que envolve cada uma delas. Há muitos métodos
envolvidos nessas escolhas e a postura do professor em
sala de aula juntamente com as suas metodologias
definirão o bom andamento de cada aula.
1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2 Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Foz do Iguaçu. 3 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Foz do Iguaçu.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 140
Sendo um professor em formação e participando
do subprojeto Letras/Inglês - Unioeste/Foz do Iguaçu, do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
– PIBID, tive a oportunidade de observar e refletir sobre
diferentes metodologias envolvendo vários métodos e
abordagens em diferentes salas de aula de LI de escolas
públicas.
Abordagens (ANTHONY, 1963), são o conjunto
de crenças e reflexões quanto ao ensino e aprendizagem
de Língua Estrangeira.
Oliveira (2014) e Stern (1983) nos trazem alguns
conceitos a respeito da abordagem comunicativa e da
abordagem tradicional, ambas surgindo da relação de
vários métodos que foram desenvolvidos de acordo com
as características de momentos históricos.
Este capítulo traz reflexões e relatos de
experiência acerca dessas abordagens em diferentes
contextos, considerando suas efetividades nas
observações realizadas entre os anos de 2016 e 2017.
Abordagens
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 141
Por abordagem tradicional, segundo Stern (1983),
entende-se o conjunto de métodos que possuem
características comuns em relação ao papel do professor
como detentor de todo conhecimento, do aluno como o
aprendiz e reprodutor dos conhecimentos do professor
sem reflexão dos conteúdos, do ensino estrutural e
quebrado em partes, da aprendizagem através do
condicionamento dessas estruturas correspondendo em
suas partes na Língua Materna e na Língua Alvo.
Métodos muito conhecidos que possuem essas
características são o Gramática-Tradução, Método Direto
e Audiolingual. Existem outros métodos que surgiram na
mesma época que possuem essas mesmas características
universais, mas com formas diferentes de execução, neste
capítulo vou discorrer sobre esses três por terem tido
algum tipo de manifestação nas aulas dos professores
observados.
Importante notar que apesar da abordagem desses
métodos ser tradicional, isso não os torna obsoletos, e
tem muito a ver com a formação do professor. Apesar de
haver pontos fracos o mais importante é a contribuição
para acertar no ensino e na aprendizagem de uma Língua
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 142
Estrangeira. Mesmo um professor utilizando da
abordagem tradicional e seus métodos, na atualidade,
pode dar uma aula inovadora e ter êxito no resultado, ou
seja, no aprendizado de seus alunos, mesmo que não haja
reflexão sobre seus conteúdos ensinados, mesmo que
esse professor faça um papel autoritário ou os conteúdos
sejam quebrados em partes vale lembrar que as gerações
de tempos passados aprenderam dessa forma, e bem o
suficiente o que nos faz refletir a respeito.
Abordagem comunicativa, de acordo com
Oliveira (2014) e Brown (1994) não é considerado um
método mas sim uma abordagem por não possuir uma
prescrição, instruções meticulosas a se seguir mas sim
premissas e implicações quanto o aprendizado através da
interação social da língua alvo. Assim, a abordagem
comunicativa é comumente associada ao uso de múltiplos
métodos para atingir a finalidade da comunicação do
aprendiz na Língua Alvo.
Sendo assim, um professor pode utilizar métodos
tradicionais, como os citados anteriormente, mas através
do viés da abordagem comunicativa. Vale notar que a
premissa de alguns métodos por si só seria incompatível
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 143
com a abordagem comunicativa, mas mesclando com
outros métodos em uma mesma aula, o professor
consegue dar conta das quatro habilidades propostas
para o aprendizado do aluno.
Essas habilidades são: de leitura (Reading),
escrita (Writing), fala (Speaking) e compreensão oral
(Listening) em Língua Inglesa e elas compõem o
esqueleto pra compreensão da língua alvo. Muitos
materiais didáticos dividem suas lições de forma que haja
essa separação, seja ela mais quebrada ou os saberes mais
correlacionados entre si em níveis mais avançados de
aprendizagem. Essa forma de ver (e ensinar) a língua
implica nas diferentes formas de se comunicar ou no
enfoque principal a ser dado em determinada aula.
Métodos
Apesar de haver mais métodos do que foi citado
acima, sendo conhecidos como “métodos alternativos”,
surgindo muitos deles por volta de 1960, que deixam de
ser reflexo da psicologia behaviorista que serviu como
teoria de ensino para muitos dos métodos tradicionais,
existem os “métodos comunicativos”, os quais são mais
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 144
centrados no aluno e na possibilidade de se expressarem
na língua alvo.
Por terem se manifestado um número limitado de
métodos em minhas observações do subprojeto (em duas
abordagens diferentes), discorrerei sobre os mesmos
seguindo Brown (1994):
Gramática-Tradução é um método que não requer
domínio da Língua Alvo para que o professor ensine aos
seus alunos, as aulas são ministradas quase inteiramente
na Língua Materna e tem a única finalidade de traduzir
textos entre as duas línguas, sem intenção de
comunicação entre o aprendiz e algum falante da Língua
Alvo.
O Método Direto tem suas aulas ministradas
totalmente na Língua Alvo, é proibido o uso da Língua
Materna, especialmente pelo professor, não importa se é
um conceito abstrato como sentimentos, nem mesmo
para exemplificar. Trabalha bastante com imagens
associando e servindo de exemplo para o vocabulário que
é apresentado.
O Método Audiolingual requer domínio plena da
Língua Alvo pelo professor, proibindo também o uso da
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 145
Língua Materna e dando ênfase a repetições, e visando a
língua como um conjunto de estruturas gramaticais que
podem ser apreendidas mediante condicionamento pela
repetição oral e posteriormente escrita, fazendo uso de
fitas cassetes, materiais visuais (flash cards) e
laboratórios (locais onde o aluno utilizava fones em
cabines para ouvir as fitas de áudio e resolver as
atividades propostas).
Os métodos Gramática-Tradução, Direto e
Audiolingual propõem como papel do educador, um
professor mais ativo e com o controle da turma centrado
em si, ou seja o professor é o detentor do conhecimento,
não abrindo espaço para reflexão e crítica construtiva por
parte do aluno. Como papel do aprendiz, estes métodos
propõem que sejam alunos condicionados para reproduzir
o que lhes for ensinado pelo professor.
O Método Eclético busca contextualizar a
realidade e as necessidades do aluno sem se apegar
rigidamente a algum método, como o nome diz, mescla
várias características de vários métodos para atender as
necessidades de seus alunos (VILAÇA, 2008).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 146
Técnicas
A técnica é um termo muito controverso. Às
vezes encontraremos os termos metodologia ou
procedimento para tratar de técnica. Neste trabalho
optaremos pelo uso do termo técnica.
Na docência, a técnica é a implementação de uma
abordagem e de métodos em sala de aula. Assim sendo,
trata-se do que efetivamente ocorre em sala de aula de
acordo com as estratégias, com a postura, a didática, a
personalidade, a interação com os alunos e o conteúdo a
ser ensinado. As técnicas devem estar em harmonia com
os métodos, que deve estar em harmonia com a
abordagem (ANTHONY, 1963).
Realidade Escolar
Os locais onde se situam os dois colégios nos
quais as atividades do subprojeto foram realizadas se
situam em Foz do Iguaçu, Paraná. Os colégios são o
Colégio Estadual Ipê Roxo e Colégio Estadual Professor
Mariano Camilo Paganoto, localizados respectivamente
na Rua Claudia Gonzales Gavilan, 83, Bairro Cidade
Nova e Rua Gáspar, 447, Bairro Jardim Petrópolis.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 147
A realidade escolar do Colégio Estadual Ipê Roxo
é desafiadora, sendo um colégio inserido na periferia
onde há muitos problemas envolvendo narcóticos e
violência, isso acaba se refletindo no ambiente escolar.
Tendo observado vários professores durante as aulas de
LI, posso afirmar que é um desafio manter a turma
interessada durante metade de uma aula, quem dirá uma
aula inteira ou duas e, às vezes, até mesmo os docentes
não conseguem nem ao menos terminar suas aulas.
A indisciplina é muito grande o que acaba
refletindo em professores frustrados e cansados.
Apesar de toda malícia, não devemos esquecer
que são crianças que foram expostas a um ambiente mais
hostil, mas que não deixam de sonhar e pensar como
crianças, como adolescentes. O colégio faz trabalhos
alternativos com esses alunos como, por exemplo, uma
horta, eventos como festa junina e gincanas.
No Colégio Estadual Professor Mariano Camilo
Paganoto, devido à sua localização mais privilegiada, o
cenário é quase que o oposto ao do colégio anterior,
apenas ocasionais problemas de indisciplina (em uma
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 148
escala bem menor), sendo apenas aquela dispersão que
toda sala de adolescentes e/ou crianças tem.
Como no Ipê Roxo, observei mais de um
professor neste colégio e, apesar de alguns terem turmas
mais tranquilas enquanto outros possuem turmas mais
agitadas, os professores conseguem desenvolver as aulas
a contento, talvez com dificuldades em algumas, mas
todas com o começo, meio e fim.
Pelos corredores do colégio, há várias plaquinhas
com frases motivacionais que estão tanto no Português
quanto no Inglês. Não só isso mas também vocabulário
em plaquinhas coladas em portas, bebedouros, paredes
mostrando o nome daquele objeto em inglês (e no
português também, só pra garantir a referência).
A diferença e facilidades no Colégio Estadual
Professor Mariano Camilo Paganoto podem ocorrer
devido à localização de ambos, com um público cujo
índice socioeconômico é diferenciado, ou seja, o grau de
instrução e participação dos pais dos alunos em suas
vidas é maior e ocorre desde cedo sem necessidade de
imposição judicial através do Conselho Tutelar e o
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 149
Considerando esses dois ambientes, deve-se levar
em conta a prática docente nos diferentes contextos,
partindo de um extremo ao outro, havendo assim um
cenário mais favorável ou mais difícil para ensinar e
sendo um dos motivos para o sucesso na escolha das
abordagens, métodos e técnicas por cada um dos
professores de LI observados.
Prática Docente
Considerando os contextos escolares acima
citados e as turmas nas quais foram realizadas atividades
do subprojeto, a seguir trataremos da prática docente
observada nas salas de aula de LI no período de Julho de
2016 a Setembro de 2017.
Optamos aqui, por uma questão ética, de tratar os
professores observados pela designação A, B, C, D e E,
listados em uma tabela, juntamente com a abordagem,
método, técnica e a reação dos alunos durante as aulas
observadas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 150
Professor Abordagem Método Técnica Reação dos
Alunos
A Tradicional Gramática-
Tradução e
Audiolingual
Repetições de
palavras,
traduções e
exercícios de
completar/pree
ncher
Pouca
atenção a
menos que
cobrados
B Tradicional Gramática-
Tradução e
Audiolingual
Repetições de
palavras e
traduções
Nenhuma
atenção
mesmo sendo
cobrados,
mínima
atenção se
cobrados
agressivament
e (ocorre com
frequência
C Tradicional Gramática-
Tradução e
Audiolingual
Repetições de
palavras,
traduções e
exercícios de
Pouca
atenção a
menos que
cobrados, um
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 151
completar/pree
ncher
pouco a mais
quando
cobrados
agressivament
e (ocorre com
frequência)
D Comunicati
va
Vários
métodos
mesclados
Repetições de
palavras,
traduções e
exercícios de
completar/pree
ncher,
memorização,
interpretação
de texto e
reflexões
sobre os
conteúdos
ensinados
Quase
nenhum
desvio de
atenção;
quando
ocorre, uma
rápida
chamada é
suficiente pra
voltar o foco,
os alunos são
em geral
interessados
na aula
E Tradicional Gramática-
Tradução e
Repetições de
palavras,
Atenção
média, mas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 152
Audiolingual traduções,
exercícios de
completar/pree
ncher e
memorização
há cobranças
agressivas
com
frequência
pra que a
turma preste
atenção na
aula.
Como referenciado na tabela acima, o professor A
utilizou, nas aulas observadas, a abordagem tradicional.
Isso se configurou devido ao uso dos métodos
Gramática-Tradução e Audiolingual.
As turmas do professor A eram
predominantemente sextos e sétimos anos do Ensino
Fundamental II. Sempre ao chegar na sala, o professor A
era bem recebido pelos alunos, apesar de chamar bastante
a atenção de muitos deles em situações em que não
estavam focados na aula, às vezes de uma forma mais
contundente, para manter o controle da turma.
As aulas aconteciam na Língua Materna. Os
exercícios selecionados eram predominantemente de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 153
completar lacunas, ocasionalmente de tradução de textos.
Quando havia vocabulário novo, existia repetição (apesar
de não muita, mas existia).
Apesar de ser querido pelos alunos, os mesmos
dispersavam e bagunçavam muito durante a aula, fazendo
o professor chamar muito a atenção deles para a aula não
virar totalmente uma bagunça, às vezes de forma muito
enérgica (mas nunca ofensiva). Alguns exercícios eram
usados como ameaça para controlar o comportamento
dos alunos, destaque para o exercício de tradução de
textos.
Ao final das aulas, é seguro dizer que apesar da
boa relação com o professor A (mesmo com a ocasional
contundência, sempre que necessário), os alunos não
faziam as atividades, e quando as faziam, era devido à
cobrança do professor A em negociação por nota ou
condicionados à não retenção em sala de aula para poder
participar do intervalo entre as aulas. Essas atividades
eram realizadas de forma automática, sem saber
realmente o que estavam fazendo e, consequentemente,
sem gerar real aprendizagem. Sempre quando voltavam
para a aula de inglês na semana seguinte, a maioria não
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 154
lembrava o que tinha sido passado na semana anterior por
não estarem realmente interessados em aprender os
conteúdos e não ter incentivo da significação das aulas de
inglês nas suas vidas.
Diante do que foi descrito sobre a prática docente
do professor A, não deixando de levar em conta o
contexto escolar onde os sujeitos dessa pesquisa estão
inseridos, verifica-se que a utilização de métodos dentro
da abordagem tradicional não se mostrou eficaz visto que
a aprendizagem da língua estrangeira quase não ocorreu
pois os alunos não se interessavam pelo que estava sendo
discutido/feito/abordado em sala de aula.
Como na tabela acima, o professor B utilizou, nas
aulas observadas, a abordagem tradicional. Isso se
configurou devido ao uso dos métodos Gramática-
Tradução e Audiolingual, porém sua dinâmica é
diferenciada da do professor A, tendo outra postura
perante os alunos e os exercícios selecionados.
As turmas do professor B eram apenas sextos e
sétimos anos do Ensino Fundamental II. O professor B
não era muito bem recebido pelos alunos em sala, alguns
até expressavam seu desgosto e em alguns casos até de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 155
forma bem enérgica. Chamar atenção dos alunos era um
hábito desse professor, frequentemente de forma mais
contundente, mas raríssimas vezes surtia o efeito
desejado no foco ou no respeito dos alunos para com o
docente e o andamento da aula.
As aulas aconteciam na língua materna, possuindo
exercícios orais seguindo o professor através da repetição
de frases, textos e diálogos na LI mas sem explicação do
que significava para os alunos, contendo uma tradução
para que eles soubessem do que se tratava o tópico em
questão, mas ainda assim sem saber o que seria cada
parte ali naquele amontoado de palavras. Outro exercício
era a tradução de textos, no qual os alunos tinham acesso
aos dicionários mas sem nenhuma base de conhecimento
de como utiliza-los, não conseguindo finalizar a tradução
ou ficando desmotivados para sequer começar.
Houve momentos em que os alunos ofendiam o
professor, gerando atrito e resultando no docente
chamando a atenção do discente de forma mais enérgica
ou no professor exigindo a saída do mesmo da sala.
É seguro dizer que o professor B assumia uma
postura muito tradicional em uma época onde há
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 156
necessidade de uma postura mais flexível. Apesar de ter
turmas difíceis, o uso da abordagem mais tradicional e a
falta de adequação às situações em suas salas de aula
gera dificuldades pra manter o controle da disciplina em
sala de aula.
Como referenciado na tabela acima, o professor C
utilizou, nas aulas observadas, a abordagem tradicional.
Isso se configurou devido ao uso dos métodos
Gramática-Tradução e Audiolingual, porém sua dinâmica
partia de forma diferente dos demais professores,
contendo uma outra postura perante os alunos e outra
preferência de exercícios para suas aulas.
As turmas do professor C eram apenas sextos e
sétimos anos do Ensino Fundamental II. O professor C
era sempre recebido de forma mista quando chegava em
suas turmas, tendo alunos(as) que tratavam-no muito bem
e outros que tratavam-no muito mal, tendo uma mistura
de comemorações por ser sua aula de inglês juntamente
com reclamações. Bem recebido ou não, o professor C
sempre tinha que chamar a atenção de forma mais rígida
para que a turma ficasse sob controle. Era sempre
desgastante e raríssimas vezes surtia o efeito desejado.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 157
As aulas aconteciam na língua materna, havia
pouca repetição do vocabulário apresentado (quando
apresentado), dando preferência aos exercícios de
completar lacunas ou tradução com auxílio do dicionário.
As provas eram passadas no quadro para que os alunos
copiassem no caderno, às vezes eram terminadas na
semana seguinte. Muitas vezes o professor C falava para
os alunos que só era necessário copiar e não precisava
fazer no dia, o que resultava em muitos alunos
terminando de copiar (ou não levando a cópia dos
exercícios a sério) e partindo para bagunça.
Quanto à tradução com os dicionários, por falta de
base dos alunos na utilização dos mesmos, também não
havia sucesso na procura de palavras e nem na tradução
dos textos, mas ao final da aula eles também não eram
cobrados pelo professor C a respeito disso (com outros
tipos de exercícios isso se repetia também).
Apesar da recepção mista em cada turma, durante
o andamento da aula, o professor C tinha muito atrito
com os alunos durante elas, o que gerava algumas
discussões fortes durante as aulas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 158
É seguro dizer que o professor C também assumia
uma postura tradicional, apesar de mais flexível, ainda
que não tivesse adequação aos diferentes contextos de
sala de aula, o que resultava no atrito constante com os
alunos e em aulas mal aproveitadas.
Como na tabela acima, o professor D utilizou, nas
aulas observadas, a abordagem comunicativa. Isso se
configurou devido ao uso de vários métodos, inclusive o
método eclético para se adequar às diferentes situações
em sala de aula. A sua dinâmica tem pouquíssima
semelhança com a de qualquer outro professor na tabela
aqui discutido, dando todo um outro tratamento aos
alunos e aos conteúdos apresentados.
As turmas do professor D eram
predominantemente sextos e sétimos anos, mas havia
também oitavos e nonos anos, todos do Ensino
Fundamental II. Esse professor sempre foi bem recebido
em sala, havia dispersão quando entrava em sala, mas
conseguia gerenciar isso facilmente sem perder a
paciência e sem ser agressivo.
As aulas aconteciam quase que totalmente na LI.
O professor sempre repetia a data com os alunos em
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 159
inglês. Havia uso da língua materna, mas poucas vezes e
só para explicar alguns conceitos, mas o predominante
era a aula ser levada na LI. Os alunos entendiam, mesmo
quando ficavam inseguros sobre a compreensão, mas
quando ficavam assim, o professor D os reafirmava. Se
era necessária uma correção, era uma correção em
conjunto com a sala, não direcionada. Se havia
desmotivação, esse professor conseguia motivar usando
um pouco da sua vivência e mostrava o quanto já
aprenderam.
As atividades eram muito variadas, contendo
exercícios de completar lacuna, tradução, filmes para
interpretar (com áudio e legenda em inglês), textos para
interpretar, cruzadinhas, caça-palavras, músicas para
treinar a compreensão, preencher as lacunas e discutir
sobre o tema. Sempre há reflexão do conteúdo do dia,
seja ele mais gramatical ou mais interpretativo, de forma
que o professor reforça a significação do que viram na
aula de LI para a vida de cada aluno.
Raramente houve atrito nas aulas desse professor,
precisando no máximo de uma chamada de atenção
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 160
simples e firme para que deixasse de haver dispersão e o
foco voltasse para aula.
É seguro dizer que o professor D, ao tratar de uma
abordagem que visa mais a comunicação do aluno na LI
assim como a comunicação com esse aluno na relação
interpessoal, conseguiu alcançar seus objetivos: os alunos
se interessavam e apreendiam a LI de forma significativa
e saíam mais culturalmente situados e com belas lições
de vida. A boa relação dos alunos com o professor
também denotam a sua efetividade e segurança ao
trabalhar de uma forma mais próxima e comunicativa do
aluno, assim como trabalhar de forma eclética se
adequando e variando tanto quanto necessário.
Como na tabela acima, o professor E utilizou, nas
aulas observadas, a abordagem tradicional. Isso se
configurou devido ao uso dos métodos Gramática-
Tradução e Audiolingual, apesar da sua dinâmica partir
de forma diferente dos demais professores, houve muita
semelhança com outros professores que favoreceram a
abordagem tradicional.
As turmas do professor E eram exclusivamente
sextos anos do Ensino Fundamental II, o mesmo afirma
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 161
preferir sextos e sétimos anos. Apesar dessa preferência,
os alunos tem um certo atrito com esse professor, embora
não tão agressivo, mas ocasionalmente ocorria certa
contundência por parte de ambos os lados. A recepção
era mista quando ia iniciar uma aula, tendo tanto alunos
muito desapontados por ser a aula desse professor quanto
alunos felizes e alguns alunos neutros em relação à aula e
à disciplina.
As aulas aconteciam predominantemente na
língua materna, com apenas uma ou outra repetição na
LI, os exercícios predominantes eram de completar
lacunas, responder perguntas com enunciado em
português mas com resposta em inglês e vice-versa. Às
vezes continha algum desenho ou caça-palavras e
cruzadinhas (mas muito raro durante as aulas
observadas). Geralmente o dicionário estava liberado,
mas os alunos dificilmente conseguiam encontrar as
palavras que buscavam por falta de experiência e
conhecimento no uso do dicionário.
Sempre havia atrito mais de uma vez em algum
momento da aula, às vezes sendo muito forte, outras nem
tanto. De uma forma ou de outra a aula chegava ao final,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 162
mas a dispersão e agito dos alunos estava sempre
presente em algum nível.
É seguro dizer que nas aulas observadas do
professor E havia uma postura autoritária como nos
demais professores que favoreceram a abordagem
tradicional, tendo também o problema da falta de
flexibilidade, falta de comunicação interpessoal com o
aluno e falta adequação às diversas situações em sala de
aula.
Considerações Finais
Diante da análise das abordagens dentro da
prática docente de cinco professores de LI, como um
professor em formação, posso afirmar que o uso da
abordagem tradicional ainda se sobressai dentro das salas
de aula das escolas públicas onde tive a oportunidade de
desenvolver ações do subprojeto do Pibid Letras Inglês
em Foz do Iguaçu. Embora muitas dessas práticas já
sejam, de certa forma, consideradas “ultrapassadas” fora
do Brasil, aqui ainda se aplicam e continuam sem obter
melhores resultados do que foi obtido anteriormente na
área de ensino/aprendizagem de LI.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 163
Já nas aulas em que o professor utilizou a
abordagem comunicativa, o ensino mostrou-se efetivo
devido a proximidade criada entre professor-aluno e o
seu foco na habilidade de se comunicar nos diferentes
contextos ao invés de apenas focar nas estruturas
gramaticas, sendo significativo a comunicação em LI.
Dessa forma o aluno consegue monitorar o seu próprio
avanço, parte pelo incentivo dado pelo professor e parte
pela autonomia desenvolvida nesse aluno.
Apesar disso, vale lembrar que o sucesso ou não
no processo de ensino/aprendizagem da LI não está na
abordagem, no método ou na técnica individualmente,
mas sim em seguir rigidamente qualquer um deles, não
observando a realidade em sala de aula e as necessidades
dos alunos nela inseridos. Mesmo o uso de múltiplos
recursos, se não houver adequação ao contexto de cada
sala de aula, de forma eclética, resultará em uma aula não
muito eficaz e não alcançará os objetivos docentes (e
nem os discentes), que, por ser tratar de LI, é o
desenvolvimento das habilidades de leitura (Reading),
escrita (Writing), fala (Speaking) e compreensão oral
(Listening) em Língua Inglesa.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 164
Referências
ANTHONY, Edward M. Approach, Method, and
Technique. English Learning 17: 63-67. Ann Arbor:
University of Michigan Press, 1963.
BROWN, H. Douglas. Teaching by Principles: An
interactive Approach to Language Pedagogy. San
Francisco, California, Longman, 1994.
OLIVEIRA, Luciano A. Métodos de ensino de inglês.
São Paulo, Parábola Editorial, 2014.
STERN, H.H. Fundamental Concepts of Language
Teaching. New York: OUP, 1983.
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa. Métodos de Ensino de
Línguas Estrangeiras: fundamentos, críticas e ecletismo.
In: Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades.
Duque de Caxias: Unigranrio Editora, 2008
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 165
CADERNO DE LITERAMENTO DE INGLÊS:
HARRY POTTER1
Dâmaris Ellen Albrecht2
Felipe Grespan Rettore3
Jaqueline Patricia Schossler Deak4
Marina Garcia Barbosa5
Natan Wellington Kreuz dos Santos6
Paula Francielle Becker7
Nelza Mara Pallu8
Maria Angélica Rosa Varussa9
Este Caderno Pedagógico, denominado de
Literamento de Inglês, é resultado das atividades
desenvolvidas no Programa Institucional de Iniciação à
Docência (Pibid), do qual o subprojeto Letras – Inglês da
1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 3Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 4Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 5Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 6Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 7Ex-bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês,
do Campus de Marechal Cândido do Rondon. 8 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Marechal Cândido do Rondon. 9Bolsista de Supervisão à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Marechal Cândido do Rondon.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 166
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),
campus Marechal Cândido Rondon, faz parte.
O subprojeto Pibid - Letras - Inglês tem como
objetivo aperfeiçoar e valorizar a formação de
professores de Língua Inglesa, promovendo a construção
do conhecimento multidisciplinar resultante da
integração de grandes áreas como da linguagem, da
literatura e do cinema. Esta abordagem desafiadora
inspirou o nome do Caderno Pedagógico constituindo o
termo Literamento para destacar a fusão da Literatura e
do Letramento no processo de formação de leitores dos
envolvidos no projeto.
As atividades aqui apresentadas foram elaboradas
por uma equipe de bolsistas integrantes do projeto nos
anos de 2014 e 2015, sendo eles: seis acadêmicos do
curso de Letras-Português/Inglês, Dâmaris Ellen
Albrecht, Felipe Grespan Rettore, Jaqueline Patricia
Schossler Deak, Marina Garcia Barbosa, Natan
Wellington Kreuz dos Santos e Paula Francielle Becker;
uma professora coordenadora (docente da Unioeste)
Nelza Mara Pallu; e uma professora supervisora (docente
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 167
do Colégio Estadual Eron Domingues) Maria Angélica
Rosa Varussa.
O Caderno Literamento, escrito em língua
inglesa, foi aplicado no Colégio Estadual Eron
Domingues, em turmas do Nível Fundamental, do 6º ao
8º ano, tendo como resultado observado um maior
envolvimento e motivação dos alunos nas aulas de inglês.
Está subdividido em duas partes, escolhidas de maneira a
oferecer aos alunos uma diversidade de gênero literário
(clássico e contemporâneo), e também pelo
conhecimento prévio e preferência dos aprendizes da
escola participante do projeto. Assim, a primeira parte
apresenta unidades que foram inspiradas pelos contos dos
Irmãos Grimm; e a segunda parte, composta em unidades
configuradas pela Saga Harry Potter.
PART II: Harry Potter
Grades: 7th
and 8th
UNIT 1: J.K. Rowling
CONTENT: Harry Potter's author - J.K. Rowling
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 168
INTRODUCTION
1) Invitation Letter to the Pibid Project
Procedure:
o Give each student the invitation letter.
o Ask them to read it.
o Explain the class the project, using the letter
below.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 169
2) Present the class the picture of the author – J.K.
Rowling (poster or pendrive TV), and motivate the
students to work with the thematic.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 170
Disponível em: <http://sonhosdeletras.com.br/wp-
content/uploads/2014/03/jkrowling.jpg>. Acesso em: 04 mai. 2014.
DEVELOPMENT
1) Biography Card Activity
Procedure:
o Give each student a copy of the card
below.
o Explore the biography text genre, the
characteristics of the genre "internet
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 171
biography" and the vocabulary (born, pen
name, occupation, etc).
J. K. Rowling
Rowling at the White House Easter Egg Roll, 2010
Born/Data de
nascimento
31 July 1965 (age 48)[1]
Yate, South
Gloucestershire, England[2]
Pen name/Pseudônimo J. K. Rowling
Robert Galbraith
Occupation/Ocupação Novelist
Nationality/Nacionalida
de
British
Education/Educação Bachelor of Arts
Alma mater¹ University of Exeter
Period/Período de
atividade
1997–presente
Genres/Gêneros Fantasy, tragicomedy, cri
me fiction
Notable
work(s)/Trabalhos
Harry Potter series
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 172
notáveis
Spouse(s)/Cônjuges Jorge Arantes (m. 1992–
95)
Neil Murray (m. 2001–
present)
Children/Filhos 2 daughters, 1 son
¹ Alma mater é uma expressão de origem latina, utilizado
para referir-se às universidades, realçando a função da
instituição como fornecedora alimentar para a faculdade
intelectual.
Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/J._K._Rowling>. Acesso
em : 01 mai. 2014.
Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Alma_mater>. Acesso em:
20 nov. 2014.
2) Students’ biography card
Write this model of a biography card on the blackboard,
or give printed:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 173
Name:
Born Day, Month, Year
City, State, Country
Age
Nationality Brazilian
Parents Names
Brothers and Sisters Names
Education Elementary School
School Eron Domingues High
Period Year – Present
Favorite Colors Color
Favorite Author Author
CLOSING
o Ask students to fill the personal biography card
and share with their classmates.
UNIT 2: Harry Potter's Saga
CONTENT: Harry Potter's Books
INTRODUCTION
1) Showing the class Harry Potter's book collection
Procedures:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 174
o Take the collection of the 7 books to class, or
show a picture in a power point presentation of
the collection.
DEVELOPMENT
The covers activity:
Disponível em:
<https://www.google.com.br/search?q=J.K.+Rowling+bi
ography&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=ymhiU8-
8K6fg8gG_1oGIBw&ved=0CAYQ_AUoAQ&biw=1366
&bih=649#q=Harry+Potter+livros&tbm=isch>. Acesso
em : 01 mai. 2014.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 175
1) First, raise, in Portuguese, the students’ background
knowledge of the Harry Potter's books and movies.
2) Give students the cards below with the covers of the
books, write the names of the book on the board.
a) Harry Potter Secrets and Chamber of the
b) Harry Potter Hallows the and Deathly
c) Philosopher’s Harry Potter and the Stone
d) Fire of Harry Potter the Goblet and
e) Azkaban Prisoner Harry Potter and the
f) and the Harry Potter Prince Half-Blood
g) Phoenix Order of the and the Harry Potter
3) Ask the students to write the name in each book.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 176
4) Explain, in Portuguese, what is happening in each
cover by reading the passages below:
HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL: A capa
de Harry Potter e a Pedra Filosofal retrata a primeira aula
de voo de Harry, ilustrando a cena em que ele apanha o
lembrol de Neville Longbotton, que foi roubado e
arremessado longe por Draco Malfoy, um dos vilões da
série. Por causa deste episódio Harry Potter foi
convidado a ser o apanhador do time de quadribol da
Grifinória, sendo o mais novo de toda a história bruxa.
HARRY POTTER E A CÂMARA SECRETA: A capa
de Harry Potter e a Câmara Secreta ilustra o momento em
que Harry sai da câmara puxado por Fawkes, a fênix do
professor e diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore.
HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE
AZKABAN: A capa de Harry Potter e o Prisioneiro de
Azkaban ilustra o momento em que Harry e Hermione
estão voando em um hipogrifo chamado Bicusso indo
salvar Sirius Black (padrinho de Harry) da morte.
HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO: A capa
do livro Harry Potter e o Cálice de Fogo ilustra Harry –
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 177
segurando uma das pistas do torneio, o ovo mágico, na
frente e atrás Cedrico (Hogwarts), Victor Krum
(Durmstrang) e Fleur Delacour (Beauxbatons), todos
participantes do Torneio Tribruxo, no qual Harry Potter
foi o vencedor. Na frente de Harry pode-se ver também
uma cauda com espinhos, que representa o dragão que
ele teve que enfrentar em uma das tarefas do Torneio.
HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX: A capa
de Harry Potter e a Ordem da Fênix ilustra o momento
em que Harry está dentro de uma sala do Departamento
de Mistérios no Ministério da Magia lutando contra
Comensais da Morte.
HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE: A
capa de Harry Potter e o Enigma do Príncipe ilustra
Harry e Dumbledore em frente à Penseira, uma “bacia”
mágica na qual é possível vislumbrar memórias e
pensamentos de forma vívida.
HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE:
A capa de Harry Potter e as Relíquias da Morte ilustra
Harry parado no saguão externo de Hogwarts durante a
batalha final contra Voldemort e seus seguidores, os
Comensais da Morte.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 178
CLOSING
1) A video clip presentation: "Harry Potter in 99
Seconds”
Show the students the video or ask them to watch
at home.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=y57sYHIDP_Y>
Acesso em : 20 jun. 2014.
UNIT 3: Harry Potter's characters
CONTENT: Harry Potter's main characters
INTRODUCTION
1) Harry Potter's word search
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 179
Procedure:
o Read the statements from the word search table
about Harry Potter's context.
o Ask the students to complete the Word Search.
HARRY’S WORD SEARCH
P T C I R O T C E L E S F T K
A C D B T C N Z Q M T Y R U H
A U L E T P P W O K C Z O F V
O L O Y L F U O T D P D G C Q
F L A V O U R B E A N S A A P
F H K H E B M U Y O A U R R H
M A Q C V Y S I O J L S E E O
W F F I A Z W R N D T C T M Q
B U R E V O E A R A M E T E D
C H E S S X L O N Q T X E M L
X J R K H L N C X D I O L B R
D U J V C W J N A D S T R R W
V L T K W U W Z R E O M M A R
F E V S H W G J X R K K I L W
N E D D S W K T D B X K U L J
BROOM, CAULDRON, CHESS,CLOACK,
DELUMINATOR,
FLAVOURBEANS,FROG,LETTER,REMEMBRALL,
SELECTOR,WANDS
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 180
1) Na série Harry Potter, FROG de chocolate são doces
em forma de sapos, feitos de chocolate e encantados
para agir como sapos reais, e, portanto, podem pular.
No filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, eles até
coaxam! Cada sapo vem com uma figurinha de um
feiticeiro famoso e sua descrição, que some logo
depois de aberto.
2) A BROOM é usada tanto como forma de meio de
transporte, quanto importante objeto para o Quadribol.
Famoso jogo dos bruxos.
3) A CLOACK da invisibilidade foi citada primeiro em
“Harry Potter e a Pedra Filosofal” como propriedade
de Harry. Foi comprovada depois em “Harry Potter e
as Relíquias da Morte” que a mesma é uma relíquia da
morte.
4) O CHESS de bruxo é um jogo onde as peças se
movem sozinhas e destroem umas as outras à voz do
bruxo jogador. O jogo ganhou destaque no filme
“Harry Potter e a Pedra Filosofal”.
5) O REMEMBRALL é um objeto muito útil para os
esquecidos. Se a pessoa que estiver segurando esse
objeto tiver se esquecido de algo, uma fumaça
vermelha surge no seu interior. É um objeto redondo e
transparente, e tem o tamanho de uma bola de tênis.
6) FLAVOUR BEANS de todos os sabores é uma
espécie de guloseima com sabores bastante distintos,
como cera de ouvido, por exemplo.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 181
7) O DESILUMINATOR tem forma de isqueiro e suga
para dentro dele todas as luzes do ambiente, ocultando
o bruxo e a atenção que seria dada a ele.
8) O CAULDRON é um objeto muito importante no
preparo de poções. Variam de tamanho e cores, e
ainda podem ser enfeitiçados de forma que mexam
seus conteúdos sozinhos.
9) O chapéu SELECTOR define em qual das quatro
casas cada bruxo deve ficar, sendo elas Grifinória,
Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa.
10) As WANDS são objetos pessoais de cada bruxo. Os
bruxos são escolhidos por elas, e as mesmas são
excepcionalmente fiéis a eles.
11) Um bruxo somente pode ingressar em Hogwarts se o
mesmo tiver recebido uma LETTER.
DEVELOPMENT
1) Biography activity:
Procedures:
o Each student will receive six biographies of the
Harry Potter´s characters.
o Tell them they need to keep the card during the
whole Pibid Project.
o Read the biographies with the students.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 182
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 183
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 184
CLOSING
1) Activity: Finding the character
Procedure:
o Each student will receive six images of Harry
Potter´s characters that correspond to the
biographies.
o The students must put the picture of the character
in the biography that corresponds to it.
o In the end, using slides correct orally, then the
students can glue the images according to their
biographies.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 185
Disponível em:
<http://wiki.potterish.com/index.php?title=Personagens>
Acesso em: 01 mai. 2014.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 186
UNIT 4: Harry Potter and the Sorcerer's Stone
CONTENT: Harry Potter and the Sorcerer's Stone story
INTRODUCTION
1) The Sorcerer's Stone chapters’ activity
Link the suitable chapter title with its translation:
(a) Quidditch ( ) O Homem de Duas
Caras
(b) The Keeper of the
Keys
( ) As Cartas de Ninguém
(c) The Midnight Duel ( ) No Alçapão
(d) Nicolas Flamel ( ) O Dia das Bruxas
(e) The Vanishing Glass ( ) O Menino que
Sobreviveu
(f) The Sorting Hat ( ) O Duelo à Meia Noite
(g) The Mirror of Erised ( ) O Embarque na
Plataforma Nove e Três
quartos
(h) The Boy Who Lived ( ) Norberto, o Dragão
Norueguês
(i) Norbert The ( ) O Vidro que Sumiu
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 187
Norwegian Ridgeback
(j) Halloween ( ) Quadribol
(k) The Letters from No
One
( ) Beco Diagonal
(l) The Man with Two
Faces
( ) A Floresta Proibida
(m) The Potions Master ( ) Nicolau Flamel
(n) Diagon Alley ( ) O Guardião das
Chaves
(o) The Forbidden Forest ( ) O Espelho de Ojesed
(p) The Journey from
Platform Nine and Three-
quarters
( ) O Mestre das Poções
(q) Through the Trapdoor ( ) O Chapéu Seletor
DEVELOPMENT
1) The Sorcerer's Stone review text
Procedure:
o Student text activity: fill in the blanks using the
words from the box
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 188
Harry Potter and the Philosopher's Stone: review
Harry Potter nunca praticou um Esporte enquanto
voava em uma BROOMSTICK. Ele nunca usou uma
capa de invisibilidade, fez amizade com um GIANT, ou
ajudou a nascer um DRAGON. Tudo que Harry sabia
era uma miserável LIFE com os Dursleys, seus horríveis
AUNT and UNCLE, e seu abominável SON, Dudley. O
quarto de Harry é um armário embaixo de uma escada, e
ele nunca teve uma festa de aniversário em onze anos.
Mas tudo isto estaria prestes a mudar quando uma
misteriosa LETTER chega por uma OWL mensageira:
uma carta com um convite para um lugar WONDERFUL
que ele nunca sonhou que existia. Lá ele não achou
apenas amigos, esportes aéreos e MAGIC por todo
canto, mas uma grande DESTINY que estava esperando
por ele... se Harry puder sobreviver ao encontro.
Broomstick – Giant – Dragon – Life – Aunt - Uncle –
Son – Letter – Owl – Wonderful - Magic - Destiny
ROWLIN; J.K. Harry Potter and the Sorcerer's Stone.
Scholastic Inc. Arthur A. Levine Books, 1999. (back
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 189
2) Text comprehension activity:
o Work with the key-words comprehension.
o Explore the students’ imagination and ask what
happens with Harry Potter in the passage.
CLOSING
2) Comprehension activity:
Discuss in the class this happening:
In the review of Harry Potter and the
Philosopher’s Stone, a letter had arrived to Harry
Potter and this would completely change his
destiny.
Based on this, write in the board these questions
and argue with the studwents:
o What makes Harry Potter’s life so
miserable?
o Is it correct to say that the letter is an
invite to Harry Potter?
o To where?
cover). Adaptado.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 190
UNIT 5: Harry Potter and the Sorcerer's Stone story
CONTENT: Harry Potter and the Sorcerer's Stone - The Letter
INTRODUCTION
1) Reading the letter.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 191
Disponível em: <https://s9.favim.com/orig/130804/carta-
harry-harry-potter-hogwarts-Favim.com-827761.jpg>.
Acesso em: 02 mai. 2014.
Procedure:
o Give each student the Letter.
o Ask them to read the letter, reviewing its content.
DEVELOPMENT
2) Work the letter gender
Procedures:
o Draw the students’ attention to some
characteristics of the gender letter below:
1. The meaning of the word "Letter"
2. The function of the preposition "TO"
3. The address (show)
4. The opening of the letter with the word "DEAR
"
5. The development of the letter into 4 paragraphs
6. The opening of each paragraph the (We are
pleased; students; please; we)
7. The expressions of the letter closing : "YOURS
SINCERELY” – sinceramente / atenciosamente
8. The signature "PROFESSOR
MACGONAGALL"
9. The name of the school "HOGWARTS
SCHOOL"
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 192
CLOSING
1) Guide the students to write a similar letter, using
the same pattern of gender.
To:
Dear ___________________
I’m pleased to inform you _________________
______________________________________
______________________________________
______________________________________
Your sincerely,
__________________________
Colégio Estadual Eron Domingues
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 193
UNIT 6: Harry Potter and Hogwarts
CONTENT: Harry Potter and Hogwarts characteristics
INTRODUCTION
1) Pictures presentation (TV, posters, or data-show)
and curiosities about the Hogwarts’ Castle
Disponível em:
<http://progressive.kelbymediagroup.com/photoshopuser/members/
wp-content/uploads/album/510/Hogwarts-castle.jpg>
Acesso em: 27 jun. 2014
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 194
Disponível em:
<http://img3.wikia.nocookie.net/__cb20120304141716/harrypotter/p
t-br/images/f/f2/Grande_Escadaria.jpg>
Acesso em: 27 jun. 2014
2) Explain, in Portuguese, some curiosities about the
Hogwarts Castle:
o O Castelo tem sete andares, e para passar de um
andar para outro, deve-se pegar as escadas que
se movem. Essas escadas se movimentam em
todas as direções e costumam deixar os alunos
novatos bastante confusos.
o No Castelo também há uma sala chamada de
“sala precisa”. Esta sala só aparece aos bruxos
que muito a desejam. É muito utilizada para
esconder objetos.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 195
o A câmara secreta fica no banheiro feminino. Nela
há um Basilisco, uma cobra gigantesca e
extremamente rara e perigosa. Esse animal nasce
de um ovo de galinha chocado por uma rã.
Somente o verdadeiro herdeiro de Slytherin pode
abrir a Câmara.
o Se um “trouxa” pudesse avistar o castelo, apenas
veria uma construção em ruínas com uma placa
de “perigo”.
DEVELOPMENT
1) Listening/reading activity with the song below,
using the pen-drive TV or CD.
"Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts,
Teach us something please,
Whether we be old and bald,
Or young with scabby knees,
Our heads could do with filling,
with some interesting stuff,
For now they're bare and full of air,
Dead flies and bits of fluff,
So teach us things worth knowing,
Bring back what we've forgotten,
Just do your best,
we'll do the rest,
And learn until our brains all rot.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=_CCA13m05TE>
Acesso em 23 jun. 2014.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 196
CLOSING
1) Song comprehension activity:
o Read with the students the song in Portuguese.
2) Listening and filling activity: Hogwarts’ School Song
o Start by working with the box words
comprehension, at the bottom of the chart.
o Complete the song with the missing words (the
words are in the box below)
HINO DE HOGWARTS
"Hogwarts, Hogwarts, ó querida Hogwarts,
Venha nos ensinar
Quer sejamos velhos e calvos
Quer moços de pernas raladas,
Temos as cabeças precisadas
De ideias interessantes
Pois estão ocas e cheias de ar,
Moscas mortas e fios de cordão.
Nos ensine o que vale a pena
Faça lembrar o que já esquecemos
Faça o melhor, faremos o resto,
Estudaremos até o cérebro desmanchar"
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 197
"Hogwarts, Hogwarts, __________________
Warty Hogwarts,
____________________ us something please,
Whether we be old and
_____________________,
Or young with __________________________
knees,
Our _____________________ could do with
filling,
with some interesting stuff,
For now they're bare and full of
____________________,
__________ flies and bits of
______________________,
So teach us things _______________________
knowing,
__________ back what we've
_____________________,
Just do your best,
we'll do the rest,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 198
And _______ until our brains all
____________________."
FORGOTTEN WORTH BRING HOGGY AIR
BALD
FLUFF SCABBY DEAD HEADS LEARN
TEACH ROT
UNIT 7: Harry Potter and the Movie Adaptations
CONTENT: Harry Potter and the Movie Adaptations
main issues
INTRODUCTION
1) Watching the scene
Watch the scene of quidditch (1:13:49 h until
1:23:55 h) from the movie “Harry Potter and the
Sorcerer’s Stone”.
DEVELOPMENT
1) Match the columns with the correct alternative.
ENGLISH PORTUGUESE
(A) It’s a broomstick. ( ) Vá para aquele lado!
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 199
(B) Let’s open.
( ) É uma vassoura.
(C) I don’t remember.
( ) Eu não me lembro.
(D) The quaffle is
released and the game
begins!
( ) Muito bem! (Bem feito!)
(E) Well done!
( ) A quaffle é solta e o jogo
começa!
(F) Take that side!
( ) Vamos abrir.
CLOSING
1) Complete the sentences using the suitable form of the
verb “to be”.
a) The colors of Slytherin _____ green and White.
b) The colors of Gryffindor _____ red and yellow.
c) The broomstick of Harry Potter _____ Nimbus
2000.
d) Gryffindor ____ the winner of the match.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 200
e) Hermione Granger and Ronald Weasley _____
the best friends of Harry Potter.
f) Bludger, quaffle and golden snitch _____ the
balls of the quidditch game.
UNIT 8: Harry Potter and the Quidditch
CONTENT: Harry Potter and the Quidditch aspects
INTRODUCTION
1) Write the sentence below on the board:
"Mount your brooms, please."
Guide the students to the sentence
comprehension, motivating them to the Quidditch
game.
2) Present and describe the picture below:
Work with the vocabulary that’s inside of the
picture
Use the board to write the vocabulary
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 201
Disponível em:
<https://encrypted.google.com/search?q=quadribol&sour
ce=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=oOlsU6D6JMbD8QGxk4
HQCg&sqi=2&ved=0CAYQ_AUoAQ&biw=1366&bih=
653#q=quidditch&tbm=isch>
Acesso em: 09 mai. 2014
DEVELOPMENT
1) Complete the crossword:
Q
U
I
D
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 202
D
I
T
C
H
1.1 –Words of the crossword:
Quidditch: traduzido para o português como quadribol é
o jogo mais popular e nobre entre os bruxos.
Lacarnum Inflamare: feitiço utilizado para acender
uma chama. Hermione o usa em Snape para pará-lo com
suas azarações sobre Harry, durante um jogo de
quadribol.
Nimbus 2000: vassoura de corrida muito cobiçada entre
os bruxos e bruxas de Hogwarts. Harry a usa no jogo de
quadribol.
Golden Snitch: de ouro polido, do tamanho de uma noz e
com duas asinhas de prata, o Pomo de Ouro é a bola
mais importante em um jogo de quadribol, concedendo
150 pontos ao time que capturá-la e encerrando a
partida.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 203
Bludger: uma das quatro bolas de quadribol, os balaços
são pequenos e tentam derrubar os jogadores de suas
vassouras. Os balaços são enfeitiçados para perseguir os
jogadores sem discriminá-los.
Gryffindor: uma das quatro casas de Hogwarts, a qual
Harry Potter faz parte.
Broomstick: a tradução literal para o português é cabo
de vassoura, mas na saga Harry Potter significa
vassoura que são usadas para os bruxos voarem.
Slytherin: uma das quatro casas de Hogwarts.
Gringotts: é o banco mundial dos bruxos.
Quaffle: é uma das três bolas, usada para fazer gol nos
três arcos presentes no quadribol.
Adaptado de: <http://wiki.potterish.com/>
Acesso em 12 mai 2014.
CLOSING
1) Use the picture below (printed or in a poster)
o Explore the students’ participation, making sure
they understand the player’s positions.
o Explain the rules of the game.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 204
Disponível em:
<http://www.fairdene.demon.co.uk/quidditch/images/qui
dditch-pitch.jpg>
Acesso em: 09 mai 2014
2) Video activity
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 205
o Show the favorite lines, from various actors, of
the Harry Potter's cast.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=q-
05HmU_up0>
Acesso em: 09 mai. 2014
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 206
ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA
ENSINO DE INGLÊS: UMA PERSPECTIVA
DISCURSIVA1
Gabriele Rocha²
Luisa Canezim³
Camila Boroto4
Giulia Pietra5
Natália Markewicz6
Juci Mara Cordeiro7
O projeto Pibid e o subprojeto de Língua Inglesa
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Pibid) constitui-se de múltiplos subprojetos,
que têm como objetivo proporcionar aos acadêmicos das
instituições públicas de ensino superior brasileiras a
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos.
² Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Cascavel.
³ Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Cascavel. 4Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Cascavel. 5Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Cascavel. 6Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Cascavel. 7 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Inglês, do Campus
de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 207
possibilidade de aprimoramento dos conhecimentos
acadêmicos, visando melhorá-los em sua totalidade.
Desse modo, o subprojeto Pibid LI (Língua inglesa)
coloca como questão principal a temática de como
ensinar língua inglesa aos estudantes, de forma
diferenciada, fazendo com que os alunos do ensino
fundamental possam interagir e se interessar pela língua
estrangeira que lhes é ofertada na escola.
Com esses objetivos, o subprojeto Pibid LI realiza
suas aulas semanalmente no Colégio Estadual Presidente
Costa e Silva, localizado no bairro Maria Luiza, na
cidade de Cascavel – PR. As atividades desenvolvidas
em sala partem do material didático elaborado pelos
acadêmicos participantes, juntamente com a supervisora
e coordenadora do subprojeto-,que intitula-se English
Teaching Activities: Brazilian legends, fables, comics
and video-songs. Além da docência compartilhada, o
grupo Pibid LI realiza reuniões (Grupos de estudos) a fim
de ampliar o conhecimento teórico-metodológico e
explorar mudanças que podem ser realizadas em sala de
aula e nas atividades didáticas, para que o projeto, como
um todo, deixe reflexos positivos nas turmas em que as
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 208
aulas foram ministradas, e consequentemente, na
educação pelas línguas local.
Contexto educacional brasileiro em relação ao ensino
de Inglês
O ensino de língua inglesa nas escolas da rede
pública de ensino brasileira tem passado por
transformações nas últimas décadas. Durante muito
tempo, o ensino foi realizado, predominantemente,
através do estudo de formas gramaticais e de textos de
maneira descontextualizada, minimizando, dessa
maneira, o papel da língua estrangeira na formação
integral dos estudantes.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
surgem para modificar esse quadro, priorizando o ensino
da língua para os seus usos reais no mundo
contemporâneo. De acordo com os PCN, as línguas
estrangeiras modernas têm como função essencial em
nosso contexto,
[...] funcionar como meios para se ter
acesso ao conhecimento e, portanto, às
diferentes formas de pensar, de criar, de
sentir, de agir e de conceber a realidade,
o que propicia ao indivíduo uma
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 209
formação mais abrangente e, ao mesmo
tempo, mais sólida (BRASIL, 2000, p.
26).
Por essa razão, de acordo com o documento, o
ensino de línguas deve ter como princípio, auxiliar o
aluno a “atingir um nível de competência linguística
capaz de permitir-lhe o acesso a informações de vários
tipos, ao mesmo tempo em que contribua para a sua
formação geral enquanto cidadão” (BRASIL, 2000, p.
26).
Na perspectiva do documento, o processo de
aprendizagem das línguas estrangeiras modernas está
diretamente relacionado a uma função social que
ultrapassa as estruturas linguísticas de uma língua
diferente, uma vez que garante ao aluno a possibilidade
de agir discursivamente no mundo, aproximando-o de
realidades e culturas distintas.
Ao analisarmos o ensino de língua inglesa no
país, vemos que o estudo obrigatório da língua, que se
molda a partir das políticas educacionais, acarreta
diversos problemas no currículo. Segundo pesquisa do
British Council (2015)
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 210
a análise da estrutura institucional
mostrou que não há obrigatoriedade para
o ensino de inglês nas escolas públicas
brasileiras, uma vez que cada estado,
município ou comunidade escolar
determina os idiomas que serão
ministrados e define seu próprio
currículo, não existindo uma base
comum em relação ao ensino da língua
inglesa (BRITISH COUNCIL, 2015).
Além disso, diversas dificuldades encontradas no
ensino de língua inglesa no país, ligadas a questões
institucionais, formativas e infraestruturais, fazem com
que seu potencial transformador na vida dos estudantes,
por meio do acesso a diferentes formas de pensar e
enxergar a realidade, seja reduzido. Como resultado
dessas questões, o estudo da língua torna-se
desmotivador para os jovens, e o seu papel relevante para
a formação educacional no mundo contemporâneo não é
reconhecido.
Buscando reverter esse quadro, surgem
proposições que utilizam os gêneros discursivos como
ferramentas didáticas para o ensino da língua.
O Ensino a partir de Gêneros Textuais
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 211
Com o intuito de compreender mais a fundo a
relevância do uso de gêneros textuais para o ensino de
língua Inglesa, fez-se necessário o desenvolvimento de
um estudo aprofundado no qual se levou em
consideração diversas perspectivas teórico-
metodológicas, bem como as Diretrizes Curriculares
Estaduais de Línguas Estrangeiras Modernas (DCE) e os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
Há variados estudos sobre a utilização de uma
abordagem pautada nos gêneros textuais para o ensino de
línguas estrangeiras devido à grande relevância que essa
abordagem de ensino vem conquistando nos últimos
anos.
Percebe-se que há uma perspectiva de interação
social quanto à utilização de gêneros textuais para o
ensino, já que as Diretrizes consideram o discurso como
prática social e o sujeito como um ser social ativo, com
percepções relativas à construção de uma linguagem
própria e, dessa forma, capaz de realizar reflexões sociais
e ideológicas e construir significados acerca dos
discursos que o cercam. De acordo com as Diretrizes
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 212
o trabalho com a Língua Estrangeira
Moderna fundamenta-se na diversidade
de gêneros textuais e busca alargar a
compreensão dos diversos usos da
linguagem, bem como a ativação de
procedimentos interpretativos
alternativos no processo de construção
de significados possíveis pelo leitor
(BRASIL, 2008, p. 58).
Por se tratar de uma língua estrangeira e,
consequentemente, ser algo não muito presente no
cotidiano dos estudantes, os mesmos acabam construindo
uma relação de afastamento perante a matéria, criando
uma resistência e, assim, gerando uma dificuldade cada
vez maior em entender o conteúdo, e engajar-se neste.
Nessa perspectiva, o uso dos diferentes gêneros
textuais (quando realizado de acordo com uma
abordagem sociointeracional que inclui os indivíduos no
processo de ensino) acaba por promover um resultado
positivo, diferente do apresentado anteriormente: os
alunos se engajam no processo de aprendizagem da
língua estrangeira, tendo em vista o fato de os diferentes
gêneros textuais (e os respectivos tópicos) estarem
presentes na realidade desses sujeitos.
Marcuschi (2005) afirma que “o trabalho com
gêneros textuais é uma extraordinária maneira de se lidar
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 213
com a língua em seus mais diversos usos autênticos no
dia-a-dia.”. O autor também dá exemplos e sugestões
variadas de como se pode trabalhar com essa abordagem
de ensino-aprendizagem, ressaltando os diversos
benefícios resultantes do uso da mesma. Segundo ele, os
estudantes devem ser sempre incentivados a realizar
reflexões acerca dos gêneros textuais (tanto os escritos,
quanto os orais) e as atividades devem ser iniciadas a
partir de um gênero textual mais simples e ir evoluindo,
ao mesmo passo que os estudantes, para algo mais
complexo. Dessa forma, os alunos podem sentir a
evolução da aprendizagem no mesmo ritmo das
atividades, podendo entender mais detalhada e
significativamente as particularidades de cada conteúdo
abordado.
Elaboração de Sequências Didáticas de Gênero –
processo
Estudo bibliográfico
O processo de elaboração das Sequências
Didáticas de Gênero iniciou-se com a etapa de pesquisa
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 214
bibliográfica, a fim de adquirir suporte teórico para
fundamentar a confecção do material pretendido.
Para ter condições de elaborar um trabalho
pautado em gêneros textuais foi necessário,
primeiramente, compreender o que são gêneros do
discurso e como eles se constituem. Para tal, fez-se
necessário primeiro conhecer os principais conceitos da
teoria do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD).
O ISD apoia-se em uma perspectiva interacionista
social de linguagem e em teorias de linguagem que dão
prioridade ao social, dessa maneira, entende-se que o ISD
considera que é por meio das atividades sociais que se
desenvolvem as ações de linguagem, e que o sujeito se
constitui como um ser comunicativo.
Esse conceito da ISD é importante, pois
possibilita compreender que a língua é um agir que se
fundamenta no discurso. Ao realizar essa ação da
linguagem, que se concretizada no discurso, o produtor
do texto, insere sua produção em um gênero discursivo,
mesmo que inconscientemente. A partir desse preceito é
possível compreender o conceito de gêneros do discurso,
postulado por Bakhtin (1992):
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 215
[...] o emprego da língua efetua-se em
forma de enunciados (orais e escritos)
concretos e únicos, proferidos pelos
integrantes desse ou daquele campo da
atividade humana. Esses enunciados
refletem as condições específicas e as
finalidades de cada referido campo não
só por seu conteúdo (temático) e pelo
estilo da linguagem [...] mas, acima de
tudo, por sua construção composicional
(BAKHTIN, 1992, p. 261).
A partir das palavras de Bakhtin (1992), é
possível afirmar que os gêneros do discurso são tipos
relativamente estáveis de enunciados, caracterizados por
um conteúdo temático, uma estruturação linguística
(estilo de linguagem) e, principalmente, uma construção
composicional.
A construção composicional de um gênero, que
pode ser definida como a organização do texto e a
relação que se dá entre locutor e interlocutor,
normalmente é o aspecto mais trabalhado em sala de
aula. Entretanto, segundo as DCE, ao se trabalhar com
gêneros textuais, os professores devem atentar-se
também a aspectos como análise da função do gênero
estudado, o que o compõe, como se dá a distribuição de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 216
informações, qual é o grau de informação presente ali, a
intertextualidade e os recursos de coesão e coerência.
Portanto, para que se possa realizar um bom
trabalho com gêneros textuais abordando todos esses
aspectos, faz-se necessária a construção de Modelo
Didático de Gênero. Dolz e Schneuwly (1998) postulam
alguns procedimentos necessários para conseguir realizar
a construção de um Modelo Didático de Gênero, tais
como: a análise e classificação dos textos a serem
utilizados, a identificação dos gêneros, identificação dos
elementos que podem ser objetos de ensino-
aprendizagem em determinadas situações.
Isso quer dizer que, para construir um modelo
didático de gênero é preciso conhecer os estudos já
realizados acerca dele (incluindo a postulação de suas
características linguísticas e textuais), as capacidades e
dificuldades dos alunos em se trabalhar com textos dos
gêneros selecionados, e a relação entre esta abordagem
de ensino-aprendizagem com as diretrizes dos
documentos oficiais, para o público em foco.
Dessa maneira, a continuação do processo de
Elaboração das Sequências Didáticas de Gênero, sendo
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 217
aqui relatado, segue para as próximas etapas: observação
e análise do contexto de ensino-aprendizagem e pesquisa
e seleção de gêneros textuais adequados às turmas e a sua
proficiência em língua inglesa.
Observação do contexto de ensino-aprendizagem
A escola estadual onde é realizado o campo de
atuação do grupo Pibid – LI está localizada num bairro
de classe média da cidade, atendendo alunos de classes
médio-baixa. Na turma em que os bolsistas em iniciação
à docência atuam, foi possível perceber que a minoria
dos alunos das turmas em questão, possuía acesso a
cursos particulares de língua estrangeira, fora do
ambiente escolar. Sendo assim, pode-se perceber que a
maioria deles, que tinham apenas acesso às aulas de
língua estrangeira ministradas na escola, demonstrou
possuir muitas dificuldades quanto à aprendizagem da
língua inglesa.
Desse modo, pode-se retomar a discussão
levantada logo nas considerações preliminares dos PCN
de Língua Estrangeira, onde se afirma que:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 218
Embora seu conhecimento seja
altamente prestigiado na sociedade, as
línguas estrangeiras, como disciplinas,
se encontram deslocadas da escola. A
proliferação de cursos particulares é
evidência clara para tal afirmação. Seu
ensino, como o de outras disciplinas, é
função da escola, e é lá que deve ocorrer
(BRASIL, 1998, p. 19).
Sabe-se que uma das maiores dificuldades
apresentadas pelos estudantes em relação à aprendizagem
da língua estrangeira se dá devido ao distanciamento que
existe entre seus contextos sociais e o ensino da língua na
escola. Sendo assim, há uma necessidade de trazer
contextos educacionais que englobam as suas diferentes
realidades, fazendo com que os mesmos se engajem e se
enxerguem como cidadãos com direitos, inclusive quanto
à aproximação da língua estrangeira para os diversos
contextos, de forma fundamental, não complementar -
como nos casos de cursos particulares.
Partindo dessas análises e das pesquisas já citadas
nesse capítulo, o grupo Pibid LI desenvolve um material
didático específico para aquele público estudantil em
foco, e o coloca em prática nas salas de aula de língua
inglesa procurando observar as reações dos alunos quanto
à mudança dos contextos de ensino-aprendizagem.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 219
Notou-se que, a partir da implementação do material nas
aulas de língua estrangeira ministradas pelos bolsistas, os
alunos se mostraram muito participativos, motivados e
começaram a participar ativamente da construção de
conhecimento na língua inglesa.
Pesquisa e seleção de gêneros discursivos para o
ensino de línguas
Com base nas observações realizadas pelo grupo
na instituição de ensino onde o projeto é desenvolvido,
foram selecionados gêneros discursivos que de acordo
com a análise das docentes (coordenadora e supervisora)
e dos bolsistas em iniciação à docência, mostraram-se
mais adequados ao contexto escolar em que os estudantes
estão inseridos.
A abordagem de ensino adotada pelo subprojeto
Pibid LI utiliza os gêneros discursivos e as sequências
didáticas (SD) organizadas em torno deles, com a
intenção de aproximar o ensino da língua inglesa da
realidade dos alunos, fazendo com que este se adeque ao
conhecimento de mundo, às competências linguístico-
discursivas básicas almejadas aos/pelos estudantes.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 220
Em relação aos critérios a serem empregados
pelos educadores na escolha dos gêneros utilizados em
sala de aula, Lopes-Rossi (2002, p. 34) afirma que:
o professor precisa fazer sua seleção de
gêneros levando em consideração vários
fatores, como a idade dos alunos, suas
habilidades linguísticas, suas
necessidades de conhecimentos para
uma efetiva participação social e para
seu crescimento intelectual, além da
ocorrência de eventos que possibilitem a
produção de textos e sua circulação
dentro e fora da escola.
Tendo esses objetivos em vista, foram escolhidos
quatro gêneros para compor o material didático-
pedagógico usado na elaboração das sequências didáticas
do projeto: comics, fables, video-songs, e brazilian
legends, este que possibilitou a reflexão a respeito da
cultura e do folclore brasileiros. No decorrer das
observações realizadas, foi possível constatar que a
maioria dos estudantes já possuía conhecimentos prévios
a respeito de tais gêneros em língua portuguesa, fato que,
de acordo com os PCN (1998), facilita o processo de
aprendizagem, uma vez que dessa maneira se parte do
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 221
referencial e das práticas sociais já familiares aos
educandos.
Segundo esse documento o ensino e a
aprendizagem das línguas estrangeiras modernas estão
diretamente relacionados a uma função social que
ultrapassa as estruturas linguísticas de um novo código,
uma vez que garante ao aluno a possibilidade de agir
discursivamente no mundo, aproximando-o de realidades
e culturas distintas e aprimorando suas capacidades
linguístico-discursivas.
Assim sendo, as atividades realizadas em torno
dos gêneros escolhidos buscaram apresentar aos
estudantes conteúdos significativos e temáticas relevantes
em língua inglesa, envolvendo-os em situações de
comunicação real e prezando pelo trabalho com gêneros
que fazem parte de suas referências e interesses, e que
circulam em contextos de comunicação real.
Outra questão relevante trazida pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais diz respeito à função primordial
do ensino das línguas estrangeiras em nosso contexto.
Segundo o documento, as línguas devem
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 222
[...] funcionar como meios para se ter
acesso ao conhecimento e, portanto, às
diferentes formas de pensar, de criar, de
sentir, de agir e de conceber a realidade,
o que propicia ao indivíduo uma
formação mais abrangente e, ao mesmo
tempo, mais sólida (BRASIL, 2000, p.
26).
O engajamento dos estudantes em situações
relacionadas ao desenvolvimento das atividades e nas
discussões realizadas em torno das temáticas que
emergem dos gêneros estudados, portanto, contribui para
o despertar do senso crítico dos alunos em relação ao uso
da linguagem em nossa sociedade, visto que
o distanciamento que o acesso a uma
língua estrangeira oferece, tem como
papel significativo o desenvolvimento
de uma auto percepção mais apurada do
estudante enquanto ser humano e
cidadão, uma vez que “ao entender o
outro e sua alteridade pela aprendizagem
de uma língua estrangeira, ele aprende
mais sobre si mesmo e sobre um mundo
plural, marcado por valores culturais
diferentes e maneiras diversas de
organização política e social (BRASIL,
1998, p. 19).
Por essa razão, de acordo com o referido
documento o ensino de línguas deve ter como princípio
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 223
auxiliar o aluno a “atingir um nível de competência
linguística capaz de permitir-lhe o acesso a informações
de vários tipos, ao mesmo tempo em que contribua para a
sua formação geral enquanto cidadão (BRASIL, 2000, p.
26).
Regência compartilhada utilizando o material (MD)
produzido
As regências, utilizando-se o material didático
desenvolvido, foram ministradas no Colégio Estadual
Costa e Silva, do Ensino Fundamental II. Para a prática, o
grupo de 5 bolsistas foi dividido em uma dupla e um trio,
e designados a duas turmas de 7° e 6° ano
respectivamente. Cada turma, possui em média 30
alunos, em uma faixa etária entre 10 a 12 anos. As
práticas são realizadas no período da tarde, durante 2
horas/aula e as pibidianas bolsistas são acompanhadas
pela professora regente da turma.
No ano de 2016, o conteúdo inicial proposto às
turmas, foi o gênero textual Comics (histórias em
quadrinhos), coincidentemente, o conteúdo estava
previsto na relação de conteúdos programáticos para o 6°
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 224
ano, em Língua Portuguesa. Essa “coincidência” entre a
abordagem das duas disciplinas (Português e Inglês)
permitiu que o material desenvolvido pelo programa,
resultasse em uma perspectiva positiva a respeito do
ensino do gênero textual mencionado, em relação ao
material didático selecionado pela escola.
A título de ilustração sobre como as atividades
são encaminhadas em sala de aula, descreve-se uma das
sequências didáticas utilizadas para o ensino de língua
inglesa. Inicialmente são apresentados aspectos
estruturais do gênero, com o intuito em proporcionar aos
estudantes uma facilitação (auxílio) no reconhecimento
dos aspectos principais do gênero comics, assim como, a
diferenciação entre comic strips, charge e cartoon.
Devido às características singulares de estrutura desses
gêneros, nota-se a ausência de dificuldades dos alunos
em assimilar as mesmas. Vinculado à ausência de
dificuldade dos alunos, também está o fato de tal gênero
textual ser, em sua maioria, lido por crianças da idade
dos aprendizes. Tais fatores resultaram no grande
interesse e disposição dos mesmos durante o processo de
leitura.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 225
No trecho do livro que apresenta algumas
curiosidades sobre o gênero comics, - como por exemplo,
a origem da palavra gibi - foi essencial para causar
surpresa e apresentar aos alunos informações não
somente de cunho teórico, mas também culturais.
provocando, assim, um momento de debate entre os
alunos. O material propõe, então, um questionário (1)
para levantamento de referências sobre o gênero, e outro
(2), como uma discussão introdutória (warm up activity),
que antecede a leitura de uma comic strip. Questionários
escritos, normalmente demandam mais atenção e
concentração dos alunos, talvez isso justifique o fato de
não serem o modelo de atividade favorito dos mesmos.
Previamente a leitura da primeira comic strip, os
aprendizes foram incentivados a adivinhar a história
(predicting strategy) apenas por meio das imagens. A
maioria deles demonstrou interpretações adequadas às
imagens e expressões dos personagens da Monica’s gang
(Turma da Mônica). Em seguida realiza-se a leitura em
voz alta dos diálogos, pelas docentes-pibidianas, com
foco na qualidade da interpretação, no sentido de
transmitir as emoções dos personagens, e em seguida, os
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 226
alunos devem identificar palavras que compreendem na
história. Como forma de incentivar, essa atividade
permite que eles notem que talvez conheçam mais do
inglês do que julgam. Então eles são auxiliados na
compreensão do contexto dos diálogos, assim como cada
palavra desconhecida que seja essencial para a
compreensão geral do texto.
Posteriormente à leitura, realiza-se um
questionamento, sobre algumas questões mais críticas a
respeito do texto, como por exemplo a função social
daquela comics, atividade na qual tiveram certa
dificuldade. Atribui-se esta dificuldade à falta de
familiaridade deles com esse tipo de reflexão mais crítica
sobre os textos lidos.
Continua-se então, com atividades para a
compreensão da leitura e de vocabulário da língua
inglesa. Por fim, questiona-se qual lição (Think About -
reflexão sobre comportamento humano) é possível tirar
do episódio apresentado na história.
Após a realização de todas as atividades didáticas
propostas é possível concluir que os alunos demonstram
interesse nos gêneros estudados: histórias em quadrinhos
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 227
(Comics), Fábulas (Fables), Lendas Brasileiras
(Brazilian Legends), e Video-songs. E também, que ao
deslocar o foco da aula apenas do ensino da estrutura
gramatical da língua, para uma abordagem de ensino que
explore textos de gêneros já conhecidos, e que
provoquem discussões sobre questões sociais relevantes
ao cotidiano dos estudantes, e de questões culturais sobre
o nosso país, por exemplo, é possível ensinar uma língua
estrangeira de forma lúdica, e também, mais significativa
aos seus interesses e à sua educação, mantendo-se, dessa
forma, a sua atenção e o seu interesse nas aulas de língua
inglesa.
Considerações finais
Após todo o processo de pesquisa, elaboração das
atividades pedagógicas, utilização do material didático e
reflexão, descrito previamente, as atividades das SDs
desenvolvidas foram reunidas no livro didático intitulado
English Teaching Activities: brazilian legends, fables,
comics and video-songs. O material didático foipublicado
em Janeiro/2016 pela Editora Evangraf/Unioeste, e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 228
contou com o apoio financeiro da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes.
É possível concluir, a partir da observação de
todas as etapas de desenvolvimento e utilização do livro
no contexto educacional, que, dentre os resultados
positivos alcançados, pode-se mencionar uma notável
mudança de comportamento dos aprendizes (do Colégio
parceiro do projeto Pibid) durante as aulas de Língua
Inglesa. Onde outrora se percebia desinteresse e
indisciplina, agora nota-se mais interesse e engajamento
no desenvolvimento das atividades pedagógicas, nas
discussões das temáticas emergidas nos diferentes
gêneros textuais estudados. Estes são relatos tanto da
docente supervisora quanto dos bolsistas em iniciação à
docência do projeto.
Outro aspecto interessante observado diz respeito
ao comportamento dos próprios bolsistas - supervisora e
graduandos em iniciação à docência -, percebe-se que a
visão sobre o que ensinar, como ensinar, por que ensinar
certo conteúdo e por quais meios, ganhou outras
dimensões em função de toda essa trajetória de
experiências.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 229
Acredita-se, portanto, que essa experiência
vivenciada pelos participantes do Subprojeto de Língua
Inglesa do Pibid Unioeste- Campus Cascavel, constituiu-
se como, uma grande experiência pedagógica na
formação deste grupo de iniciação à docência em língua
inglesa, uma trajetória pertinente e relevante que rendeu
bons frutos tanto para os bolsistas de iniciação à
docência, quanto para os alunos de escola pública que
puderam ter contato com um material didático elaborado
especialmente para as suas necessidades comunicativas, a
partir da sua realidade educacional, e a partir de seu nível
de proficiência.
Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo:
Martins Fontes, 1992.
BRASIL, SEF/MEC. Parâmetros Curriculares
Nacionais- 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental- Língua
Estrangeira. Brasília, DF: SEF/MEC, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto.
Conselho Nacional de Educação. Diretrizes
curriculares de Língua Estrangeira moderna para a
educação básica. Curitiba, PR: SEED, 2008.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 230
BRITISH C. O Ensino de Inglês na Educação Pública
Brasileira. Elaborado com exclusividade para o British
Council pelo Instituto de Pesquisas Plano CDE. São
Paulo. 2015.
DOLZ, J.; GAGNON, R.; DECÂNDIO, F. R. Uma
disciplina emergente: a didática das línguas. In:
NASCIMENTO, E. L. (Org.). Gêneros textuais: da
didática das línguas aos objetos de ensino. São Carlos:
Claraluz, 2009. p. 19-50.
LOPES-ROSSI, M. A. G. (Org.) Gêneros discursivos no
ensino de leitura e produção de textos. Taubaté/SP:
Cabral editora e Livraria Universitária, 2002.
MARCUSCHI, L. A.. Gêneros Textuais: definição e
funcionalidade. In: DIONISIO, Angela Paiva;
MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria
Auxiliadora. (Org.) Gêneros Textuais e Ensino. 4. ed. Rio
de Janeiro: Lucena, 2005. 233p.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 231
SIMILARIDADES NARRATIVAS DE GÊNEROS
CALCIFICADOS E CONTEMPORÂNEOS1
Aline Stenzel2
Marina Jakovacz3
Mirian Schröder4
Ler é um ato constante na vida do ser humano e,
devido à grande variedade de modos de realizá-lo, as
leituras podem e devem ser tratadas com a pluralidade
que seus sentidos exigem. Todos os dias estamos em
contato com os mais diversos textos, como livros, artigos
e bulas de remédio (linguagem majoritariamente verbal),
propagandas, pinturas e fotografias (linguagem não-
verbal). Sobretudo, permeando as mais variadas leituras,
estamos em contato com o outro, seja para compreender
ou questionar, seguir ou discordar – nossos objetivos de
leitura variam tanto quanto os gêneros discursivos.
1 Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2 Voluntária de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Marechal Cândido Rondon. 3 Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Marechal Cândido Rondon. 4 Bolsista de Coordenação de área do subprojeto Letras-Portuguesa, do
Campus de Marechal Cândido Rondon.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 232
Compreendendo que a leitura age direta e
incessantemente no relacionamento dos indivíduos como
sujeitos em sociedade, as acadêmicas participantes do
Pibid do subprojeto Língua Portuguesa da Unioeste de
Marechal Cândido Rondon, sob a coordenação da Profª
Drª Mirian Schröder, optaram por desenvolver um
projeto de ação docente focado nesta habilidade da
língua.
No início do ano letivo de 2017, houve a
organização do quadro das pibidianas de Língua
Portuguesa em relação às turmas com as quais
trabalhariam no colégio colaborador (Colégio Estadual
Eron Domingues – escola da rede estadual de ensino do
município de Marechal Cândido Rondon). Tendo em
vista o fato de o Plano de Trabalho Docente (PTD) da
professora regente das classes estar intimamente
vinculado ao emprego dos livros didáticos utilizados na
escola, estes foram analisados e discutidos entre as
participantes do Pibid, incluindo a coordenadora do
subprojeto e a professora supervisora. Essa dinâmica
organizacional permitiu uma melhor visualização dos
conteúdos e das abordagens propostas pelo material
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 233
didático, orientando a escolha do conteúdo a se trabalhar
no projeto que seria realizado e aplicado ao final do
primeiro trimestre.
Não só o material didático influenciou na escolha
do tema, como também as constantes observações de aula
foram de extrema importância para o conhecimento da
realidade das turmas e planejamento de estratégias
didáticas para o projeto de ensino a ser elaborado.
O projeto se destaca ao abordar não somente um
dos conteúdos programáticos para os 7ºs anos do Ensino
Fundamental (mitos clássicos), mas também por trabalhar
com um conteúdo raramente ensinado nas escolas: a
Jornada do Herói (CAMPBELL, 2005). O aspecto mais
importante e desafiador do projeto foi a elaboração de
aulas que explorassem gêneros míticos calcificados,
como as epopeias, e trouxessem elementos destas
narrativas para gêneros contemporâneos e presentes no
cotidiano dos alunos.
Essa ponte de leituras e análises possíveis entre o
velho e o novo, o antigo e o atual, o calcificado e o
mutável, inspirou não só as pibidianas, mas também os
alunos que participaram do projeto.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 234
O Projeto
As duas acadêmicas responsáveis pelas turmas de
7º ano do colégio colaborador se reuniram para o
planejamento de um projeto com duração de cerca de 10
aulas. Tendo consciência da divergência entre as turmas,
foram elaborados dois projetos oficiais que, apesar de
grande similaridade, possuíam as diferenças necessárias
para melhor atender cada realidade discente.
Abordados até esta altura do capítulo como um
só, os projetos foram intitulados Do mito clássico às
narrativas atuais: leitura crítica, na turma A (doravante
Projeto A) e A jornada do herói na formação de leitores
críticos, na turma D (doravante Projeto D). Tanto o
projeto A quanto o projeto D tiveram os mesmos
conteúdos e, em grande parte, os mesmos textos
utilizados nas aulas, sendo o maior diferencial entre eles
a abordagem metodológica.
O objetivo maior foi, assim, estimular a leitura
crítica dos alunos, utilizando de certa sequência
cronológica evolutiva da história da literatura,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 235
observando padrões com a comparação de narrativas
épicas mitológicas e narrativas de alto consumo atual.
Encaminhamentos metodológicos
A partir das regulares observações das turmas nas
aulas de Língua Portuguesa foi possível conhecer a
realidade escolar dos estudantes. Foram notados e
levados em conta, para o planejamento das aulas dos
projetos, desde aspectos comportamentais até
dificuldades cognitivas dos discentes.
Para um bom planejamento e para a delimitação
de objetivos que possam ser cumpridos, a realidade deve
ser encarada como ponto de partida para o
desenvolvimento de ações pedagógicas. Esta
preocupação, além da realidade social e comportamental,
dialoga também com o conhecimento prévio dos
indivíduos. Para Solé (1998), o conhecimento prévio
pode ser considerado como um esquema de
conhecimentos que um leitor detém (sobre o tema,
funcionamento do gênero, objetivos a serem alcançados,
etc.) e que são ativados durante a leitura. Estes
conhecimentos acabarão por interferir no grau de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 236
dificuldade de um texto para o indivíduo. Para que a
leitura ocorra de maneira satisfatória, é necessário que o
texto não exija do leitor além do que este pode
compreender, ao passo que também não deve ser
desinteressante, "fácil demais" (SOLÉ, 1998, p. 44).
Nos projetos, foram levados em conta os
conhecimentos dos alunos a respeito de elementos da
mitologia greco-romana (criaturas, deuses e principais
mitos), em sua maioria advindos de narrativas
cinematográficas como a adaptação da série "Percy
Jackson e os Olimpianos", do escritor Rick Riordan. O
conhecimento dos alunos a respeito de narrativas
populares atuais também foi significativamente
importante em um momento específico dos projetos,
quando ocorreu a correlação entre os passos da Jornada
do Herói e a aplicabilidade desta teoria monomítica nas
narrativas contemporâneas.
Apesar de acontecerem num mesmo colégio e
com alunos da mesma faixa etária, os projetos foram
aplicados em turmas diferentes. Essa diferença pontual se
provou significativa no planejamento dos projetos. Com
a turma do projeto A, por exemplo, foi possível abordar
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 237
mitos de diferentes sociedades e trabalhar com os 12
passos da Jornada do Herói (CAMPBELL, 2005). Já na
turma do Projeto D, os mitos foram da mitologia greco-
romana e os 12 passos de Campbell foram concentrados
entre os 5 principais aspectos.
Em ambos os projetos, para introduzir o gênero
textual, as pibidianas abordaram o contexto de produção
dos mitos, o que estes significavam naquele momento
histórico e sua ligação intrínseca com a visão de mundo e
os costumes de um povo. Foi bastante ressaltada a
diferença entre a recepção destes textos na época de sua
produção e a recepção leitora atual, na qual os leitores,
com certo distanciamento histórico, olham para os mitos
com uma carga prévia de conhecimento científico que
lhes permite encarar este gênero como uma produção
social de carácter ficcional.
Os mitos foram comparados ao conhecimento
científico, prática restrita no contexto de sua produção.
Para explicar tal dimensão aos alunos, as acadêmicas
utilizaram fenômenos que hoje são explicados pelas mais
diversas ciências, mas que antes eram atribuídos a feitos
sobrenaturais, na figura de criaturas e deuses. Como
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 238
exemplos mais concretos foram utilizados fenômenos
naturais, como as ondas do mar ou ainda erupções
vulcânicas, qual a explicação científica para estes
fenômenos e como os povos antigos os descreviam e
justificavam em sua mitologia.
Com o gênero explicado, desde seus aspectos
histórico-sociais até suas características formais – mito
como gênero discursivo, temáticas recorrentes, estrutura
composicional e estilo (BAKHTIN, 2003), propôs-se a
leitura de três mitos, comentados a seguir, em momentos
diferentes e com abordagens de leitura distintas em
ambos os projetos.
Estratégias de leitura e mitos trabalhados – Projeto A
Em um primeiro momento, os alunos foram
questionados sobre a origem do universo de acordo com
seus conhecimentos. Após várias respostas referentes ao
big-bang, os alunos foram guiados, através de perguntas,
a entender que este conhecimento atual advém de um
avanço tecnológico e de muitos estudos científicos.
Retomando a realidade greco-romana antiga, houve a
exposição oral do mito grego que explica o nascimento
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 239
do mundo8. A respeito da importância da compreensão
oral, Antunes (2003, p. 112) afirma que “a atividade de
ouvir constitui parte da competência comunicativa dos
falantes, uma vez que ela implica um exercício de ativa
interpretação, tal como acontece com o leitor em relação
à escrita”.
Como auxílio na estratégia para compreensão
leitora, o quadro negro foi utilizado durante a contação
do mito, com esquemas simples de representação de
personagens: letras iniciais dos nomes representavam os
personagens e formas geométricas eram desenhadas ao
redor destes, com agrupamento, de acordo com sua
relação na narrativa.
Após a compreensão e discussão a respeito do
primeiro mito, foi iniciada a leitura de um mito,
desprovido de título, presente no livro didático9.
Adotando outra estratégia, os alunos leram o texto
individualmente, para então responderem atividades
8 Versão presente no livro “Os deuses do Olimpo”, de Manelaos
Stephanides (2004).
9 Mito sobre o deus Asclépio, retirado do livro "Heróis, deuses e
monstros da mitologia grega", de Bernard Evslin.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 240
elaboradas pela pibidiana responsável. As atividades
diziam respeito aos dois mitos trabalhados, e foi notável
o melhor desempenho e compreensão a respeito do mito
oralizado. Esta constatação foi repassada aos alunos, que
fizeram relação, inclusive, com o modo como
originalmente os mitos eram apresentados pela
sociedade: por tradição oral.
O terceiro mito, história de origem japonesa sobre
um herói chamado Hidesato10
, foi lido em conjunto com
a turma em aula posterior, após a apresentação e
explicação da Jornada do Herói11
(CAMPBELL, 2005).
Conhecendo, então, a estrutura monomítica, o texto
"Hidesato e a centopeia gigante", da mitologia japonesa,
foi lido em sala. A leitura foi realizada em voz alta por
alguns alunos. Em determinados momentos da narrativa,
a atenção era deslocada do texto escrito para imagens que
a pibidiana mostrava, contendo passagens da história.
Estas imagens eram réplicas de gravuras orientais
10
Várias aventuras do herói Hidesato continuam vivas no imaginário
japonês. A versão do mito apresentada está registrada no livro
“Myths and Legends of Japan”, do autor F. Hadland Davis.
11
A metodologia utilizada com o monomito será explicada em seção
posterior.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 241
seculares que representavam as aventuras de Hidesato.
Após a leitura, os alunos foram solicitados a localizar, no
mito, os passos da Jornada do Herói, sublinhando o texto
e indicando o passo.
Estratégias de leitura e mitos trabalhados – Projeto D
Aos alunos foram exibidos exemplos de
atividades que hoje se explicam pela ciência e que, no
passado, eram justificados por meio de histórias criadas
pelos povos. Atualmente, por exemplo, é sabido que as
ondas acontecem por motivos como a relação entre o mar
e o vento (intensidade, duração e extensão das ventanias).
No passado, os gregos acreditavam tratar-se da ação de
Poseidon, o deus dos mares, que controlava as ondas
conforme o seu humor. Tais fenômenos eram contados e
explicados através dos mitos, juntamente com a história
dos deuses.
Foi a partir dessa contraposição – ciência e
mitologia – que a leitura das narrativas foi iniciada. O
primeiro mito lido com a turma foi “A caixa de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 242
Pandora”12
, que explica a disseminação de doenças e
outros males pelo mundo por meio de uma maldição. O
texto exemplificou como o povo greco-romano elucidava
os elementos da natureza e questões existenciais
humanas: através de mitos. Nesse caso, a questão
explicada foi o porquê da existência dos males na Terra.
A leitura foi feita pela pibidiana e, ao final, foram feitos
comentários sobre a narrativa para retomar os aspectos
principais.
A próxima leitura foi “Aracne e Atena”13
,
realizada por alunos voluntários. As duas histórias foram
comparadas: enquanto “A caixa de Pandora” explica os
males do mundo, este último mito representa a relação de
poder entre deuses e mortais. De acordo com o texto
“Aracne e Atena”, cabia aos deuses presentear os mortais
com suas habilidades que, nesse mito, foi a técnica da
tecelagem.
12
Disponível em: <http://ceyvonepimentel.files.wordpress.com>.
Acesso em: 23 mar. 2017.
13 Disponível em: <www.oocities.org>. Acesso em: 23 mar. 2017.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 243
O terceiro mito, “Perseu e Medusa”14
, foi lido
individualmente pelos alunos após a explanação sobre a
Jornada do Herói, que será detalhada na próxima seção
deste capítulo. Os educandos identificaram no texto os
passos do monomito e foram orientados a fazer anotações
em seus cadernos para marcar os cinco elementos da
Jornada selecionados para o trabalho com este projeto.
Como alguns destes mitos careciam de muito
conhecimento prévio acerca de toda a estrutura
mitológica (árvore genealógica dos deuses e criaturas,
além de feitos anteriores e motivações das ações) ao
longo da leitura, os acontecimentos eram relacionados
com a mitologia, para que a significação do texto fosse
ampliada. Esse é um exemplo de mediação leitora
(SOLÉ, 1998; BORTONI-RICARDO et al, 2012;
OLIVEIRA; ANTUNES, 2013), momento no qual o
professor pode ampliar o conhecimento partilhado entre
ele e os alunos, além de direcionar a compreensão do
texto.
14
Disponível em:<www.historialivre.com>. Acesso em: 23 mar.
2017.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 244
As histórias da mitologia, mencionadas nos três
mitos lidos e exploradas pela pibidiana responsável pelo
projeto, foram relacionadas com elementos da cultura
contemporânea, com a qual os alunos têm contato fora do
ambiente escolar. Um exemplo é o filme “Percy Jackson
e o Ladrão de Raios”15
, que, no projeto D, serviu de
aliado no resgate do conhecimento prévio dos alunos. A
menção a este filme auxiliou na demonstração de que,
mesmo sendo histórias muito antigas, referências à
mitologia clássica, em especial greco-romana, continuam
presentes nas produções culturais contemporâneas. Filme
e livro contam a história de Percy Jackson, semi-deus
filho de Poseidon com uma mortal. Uma das ações do
jovem protagonista é matar Medusa, criatura que, de
acordo com a mitologia grega, transforma quem a olha
diretamente em pedra.
A relação entre o filme “Percy Jackson e o Ladrão
de Raios” e o mito de Perseu e Medusa revela a
intertextualidade (BENTES, 2008; KOCH;
TRAVAGLIA, 2001 e 2000) e o diálogo entre gêneros
15
O filme foi inspirado no primeiro volume da série literária “Percy
Jackson e os Olimpianos”, de Rick Riordan.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 245
(MARCUSCHI, 2008; KOCH; ELIAS, 2011 e 2008)
presentes nestas narrativas, nesta relação entre
contemporâneo e antigo. Nas duas histórias, o herói
precisa enfrentar a criatura com cabeça de cobras. No
caso do mito clássico, o herói utilizou o reflexo de seu
escudo para decapitar Medusa, já na adaptação
cinematográfica, Percy golpeia a Górgona com a ajuda
do reflexo de um celular, pois não podia olhá-la
diretamente nos olhos.
A jornada do herói
Também conhecida por monomito, a jornada do
herói é uma estrutura narrativa que tem como principal
fonte de referência as clássicas epopeias greco-romanas.
Esta estrutura, porém, pode ser observada em narrativas
míticas de povos das mais diversas culturas, períodos e
regiões do planeta.
O antropólogo Joseph Campbell cunhou este
importante termo da narratologia (monomyth)
emprestando um vocábulo utilizado por James Joyce em
sua obra Finnegan’s Wake (2000). Campbell (2005)
também correlaciona esta estrutura narrativa com
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 246
clássicos ícones religiosos, como as histórias de Buda,
Cristo e Moisés.
O monomito traça um padrão no caminho que
determinado personagem (herói) percorre em sua
história, dividido em doze passos e em congruência com
a unidade de ação dramática (ARISTÓTELES, 1996) das
epopeias e do teatro grego, é possível observar a seguinte
divisão:
A partida
Mundo cotidiano
Chamado à aventura
Recusa do chamado
Auxílio sobrenatural
Passagem pelo primeiro
limiar
Ventre da baleia
A iniciação
Caminho de provas
Encontro com a deusa
A mulher como tentação
Sintonia com o pai
Apoteose
A benção última
O retorno
Recusa do retorno
Fuga mágica
Resgate com auxílio
externo
Passagem pelo limiar do
retorno
Senhor dos dois mundos
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 247
Liberdade para viver Quadro 1 – Os doze passos do monomito
Fonte: Adaptado de Campbell (2005)
Para os projetos, a importância do trabalho com
um conceito de narratologia não presente nos conteúdos
programáticos do ensino regular se verifica na
possibilidade de partir de um assunto conhecido e
apreciado pelos alunos, como as histórias narrativas
atuais dos mais diversos gêneros, e traçar um caminho
inverso e extremamente intrigante até as narrativas
clássicas, geralmente encaradas, em um primeiro
momento, como “entediantes” pelos adolescentes.
A apresentação do monomito também ocorreu de
maneira diversa nos dois projetos, visto a diferente
dinâmica de cada classe. Para o projeto D, optou-se por
reduzir a estrutura monomítica em cinco passos
principais, diferentemente do projeto A, no qual foi
possível manter os doze passos. Tomou-se o cuidado para
que, nesta redução, ao menos um passo de cada um dos
três níveis centrais fosse mantido. Assim, os passos
trabalhados no projeto D foram: mundo comum,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 248
chamado à aventura, ajuda de um mentor, inimigos e
problemas, e retorno transformado.
Fazendo a constante ponte entre as narrativas
mitológicas clássicas e as narrativas atuais, os passos da
Jornada do Herói foram abordados um a um, sendo
aplicados constantemente a exemplos de narrativas que
os alunos conhecessem. No projeto D, um filme já
conhecido pelos alunos, “Harry Potter e a Pedra
Filosofal” (2001), foi constantemente utilizado como
referência para exemplificação dos selecionados cinco
passos do monomito. Foi importante o fato de que a
quase totalidade da turma conhecesse o enredo, pois,
assim, os educandos puderam auxiliar na identificação
dos passos.
No projeto A, os doze passos foram apresentados
individualmente e os alunos foram questionados e
induzidos a relatar, a cada passo, trechos de narrativas de
seu conhecimento que apresentassem o passo estudado
no momento. Essa abordagem diferenciada foi possível
pela característica mais tranquila e organizada da turma,
permitindo que se trabalhasse com diálogos constantes
entre pibidiana e discentes. É novamente notável a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 249
importância do conhecimento prévio dos alunos a
respeito de narrativas atuais16
, o que tornou possível a
ampla associação de ficções contemporâneas com as
fases da Jornada do Herói.
Análise de narrativa cinematográfica
A atividade final de ambos os projetos envolveu o
filme de animação “Moana” (2017). Os alunos assistiram
ao longa metragem em sala e tiveram que identificar os
passos do monomito na narrativa cinematográfica, além
de responder a questões reflexivas acerca do conteúdo.
O filme utilizado nos projetos é altamente
recomendável para a faixa etária dos discentes e não foi
instigante aos alunos somente por se tratar de um
lançamento próximo à data da aplicação dos projetos,
mas, principalmente, pela relação de todo o conteúdo
trabalhado até então com a junção do entendimento sobre
mitos e mitologias, padrões narrativos como a jornada do
herói e uma narrativa contemporânea.
16
Para relacionar os passos do monomito com narrativas conhecidas,
os alunos citaram títulos de obras como “Harry Potter”, “Percy
Jackson”, “Jogos Vorazes”, “300”, “Frozen”, entre outras.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 250
A construção das aulas foi organizada de modo a
despertar nos alunos mais sentido e importância aos
gêneros da mitologia clássica, não apenas para sua
apreciação, mas, principalmente, visando o
desenvolvimento da leitura comparativa e crítica. Os
alunos foram instigados não só a comparar
superficialmente estas narrativas tão aparentemente
diversas, relacionando características como o tema, por
exemplo – indo além, os alunos foram capazes de
comparar os textos contemporâneos e clássicos de uma
maneira mais intensa, compreendendo a estrutura
profunda (KOTHE, 1985) das narrativas em questão.
Aspectos de criticidade social também foram
introduzidos em discussões com as turmas, como o
grande engajamento de leitores por narrativas que
seguem a estrutura monomítica e a utilização deste saber
por grandes empresas produtoras de entretenimento para
produzir, propositalmente, narrativas que gerem um alto
consumo e, portanto, lucro.
Mediação leitora para o desenvolvimento da leitura
crítica
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 251
Isabel Solé, em seu livro "Estratégias de Leitura"
(1998), defende que adquirir conhecimentos e
desenvolver o pensamento crítico são apenas dois dos
muitos objetivos possíveis permitidos pela leitura,
objetivos aqueles que permearam o trabalho com a
compreensão leitora dentro dos projetos.
Começando por sempre compreender o aluno
como um leitor constante, os projetos foram realizados de
modo a visar uma ampliação do horizonte de
expectativas (JAUSS, 1994) destes alunos a respeito da
habilidade leitora. Expectativas estas que foram rompidas
ao se levar para a sala de aula um conteúdo formalmente
desconhecido dos alunos, como a Jornada do Herói, e
mostrar sua presença nas histórias existentes na realidade
dos discentes.
No processo da leitura de cada texto, os alunos
foram munidos de informações de mitologia relevantes
para o entendimento das condições de produção dos
mitos e para as narrativas em si, como nome de criaturas
e deuses gregos e suas principais características. Sem
isso, os educandos não teriam o conhecimento prévio
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 252
necessário para compreender os acontecimentos narrados
e relacioná-los com outros elementos mitológicos.
Para que uma pessoa possa se
envolver em uma atividade de
leitura, é necessário que sinta que é
capaz de ler, de compreender o texto
que tem em mãos, tanto de forma
autônoma quanto contando com a
ajuda de outros mais experientes que
atuam como suporte e recurso. De
outro modo, o que poderia ser um
desafio interessante [...] pode se
transformar em um sério ônus e
provocar o desânimo, o abandono, a
desmotivação (SOLÉ, 1998, p. 42).
Em sala de aula, é papel do professor ser o
mediador entre aluno e texto, percebendo se é preciso
levar informações que ampliem o conhecimento de
mundo, para que o educando consiga construir
significados a partir do texto com mais autonomia.
Conhecendo os conteúdos regulares do Ensino
Fundamental e tendo o material didático como base, as
pibidianas puderam traçar hipóteses a respeito do
conhecimento prévio dos alunos, delimitando, assim, um
horizonte de expectativa (JAUSS, 1994).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 253
Conforme o andamento dos projetos, essas
hipóteses sobre conhecimento prévio foram confirmadas
e foi necessário intervir, antes da leitura dos mitos, na
bagagem de conhecimentos dos alunos sobre mitologia.
Nomes de deuses, semideuses e criaturas foram
apresentados, bem como as relações internas entre estes
personagens mitológicos. Esta etapa foi fundamental para
que os estudantes pudessem atuar como leitores mais
autônomos em suas leituras posteriores, evitando que os
mitos fossem recepcionados como textos sem
significação contemporânea e longe do alcance dos
jovens leitores.
Referências
ARISTÓTELES. Poética. Coleção Os Pensadores. São
Paulo: Nova Cultural, 1996.
BAKHTIN, Mikhail. Epos e romance: sobre a
metodologia do estudo do romance. In: Questões de
literatura e de estética: a teoria do romance. Trad.
BERNADINI, Aurora F. et al. 4. ed. São Paulo: Editora
UNESP, 1998. p. 397-428.
______. ([1952-1953]). Os gêneros do discurso. In:
______. Estética da criação verbal. Trad. BEZERRA,
Paulo. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 254
BENTES, Anna Christina. Linguística textual. In:
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina
(orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras.
v. 1. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2008. p. 245-287.
BORTONI-RICARDO et al. Leitura e mediação
pedagógica. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. 10. ed. São
Paulo: Cultrix/Pensamento, 2005.
JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como
provocação à teoria literária. Trad. TELLAROLI,
Sérgio. São Paulo: Ática, 1994.
JOYCE, James. Finnegans wake. Londres: Penguin
classics, 2000.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitura: aspectos cognitivos
da leitura. 9. ed. Campinas, SP: Pontes, 2004.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda
Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2.
ed. São Paulo: Contexto, 2011.
______. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2008.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz
Carlos. A coerência textual. 11. ed. São Paulo:
Contexto, 2001.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 255
______. Texto e coerência. 7. ed. São Paulo: Cortez,
2000.
KOTHE, Flávio René. O herói. São Paulo: Ática, 1985.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise
de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola
Editorial, 2008.
MOANA. Direção: Ron Clements e John Musker. EUA:
Walt Disney Animation Studios, 2016, DVD.
OLIVEIRA, Thaís; ANTUNES, Renata. Negligência na
mediação do professor no trabalho de leitura. In:
BORTONI-RICARDO; Stella Maris; MACHADO,
Veruska Ribeiro (Orgs.). Os doze trabalhos de
Hércules: do oral para o escrito. São Paulo: Parábola,
2013. p. 63-79.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto
Alegre: ArtMed, 1998.
STEPHANIDES, Menelaos. Os deuses do Olimpo. 3.
ed. São Paulo: Odysseus, 2014.
ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história
da literatura. São Paulo: Ática, 2009.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 256
O CORDEL PARA ALÉM DO TEXTO
PRETEXTO: UM DESAFIO POSSÍVEL1
Adriana Paula Hoff2
Daiane Cristina Massirer3
Mirian Schröder4
Introdução
A produção textual é uma questão que provoca
discussões no âmbito escolar, tendo em vista que muitos
professores têm dificuldade em encaminhar e corrigir as
produções textuais de seus alunos, seja por falta de tempo
e condições escolares ou por obstáculos no trabalho com
escrita. Outro elemento que interfere no desenvolvimento
de atividades de leitura e produção textual é o uso de
textos literários como pretexto para o ensino de
gramática.
Partindo da visão sociointeracionista de
linguagem, o subprojeto Pibid-Unioeste de Letras-Língua
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Voluntária do Subprojeto Letras-Portuguesa, Campus de Marechal Cândido
Rondon. 3 Voluntária do Subprojeto Letras-Portuguesa, Campus de Marechal
Cândido Rondon. 4 Coordenadora do Subprojeto Letra-Portuguesa, Campus de Marechal
Cândido Rondon.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 257
Portuguesa, do campus de Marechal Cândido Rondon,
buscou estudar diversas teorias que dão conta de
propostas didático-pedagógicas a fim de melhorar o
desempenho de atividades e projetos escolares de
produção textual. Tais teorias, além de lidas e discutidas
em reuniões, serviram de embasamento para o
planejamento de projetos de ensino junto às turmas
observadas, dentre eles, o projeto “Consciência Negra
nos versos do Ensino Fundamental”.
Tais teorias dão conta de diversos elementos que
fazem parte do processo de produção textual escolar,
como a concepção de gêneros textuais/discursivos
(MARCUSCHI, 2010; SCHRÖDER, 2012; ANTUNES,
2009), a consigna ou encaminhamento (COSTA-HÜBES,
2012; DOLZ, GAGNON; DECÂNDIO, 2010), a
produção textual em si (GERALDI, 1997; ANTUNES,
2009; DOLZ, GAGNON; DECÂNDIO, 2010) e a
correção e refacção de textos (WACHOWICZ, 2015;
RIOLFI et al, 2010).
Por meio destes pressupostos, as pibidianas
envolvidas buscaram desenvolver o projeto longe do uso
do “texto como pretexto” e trabalhando com os
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 258
elementos de produção textual de acordo com o que foi
estudado e discutido pelo subprojeto, procurando, assim,
estimular melhores resultados nos textos dos alunos, que
possuíam dificuldades com a escrita, segundo relatado
pela professora regente.
Este capítulo está configurado para,
primeiramente, apresentar os pressupostos teóricos que
foram trabalhados pelas pibidianas acerca da produção
textual e, em seguida, descrever o projeto “Consciência
Negra nos versos do Ensino Fundamental”. Finalmente,
será feita a análise dos resultados obtidos com o projeto
desenvolvido e as conclusões acerca de todo o processo
de estudo, planejamento e aplicação.
Fundamentação Teórica
Com vistas à produção de cordéis, o projeto de
ensino “Consciência Negra nos versos do Ensino
Fundamental” foi elaborado em conformidade com
pressupostos teóricos referentes ao ensino de Língua
Portuguesa discutidos em reuniões do grupo Pibid
subprojeto Letras-Português da Unioeste campus de
Marechal Cândido Rondon. Adota-se a perspectiva
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 259
sociodiscursiva, que considera o texto como o ponto de
partida para o ensino, porque por meio do texto o
educando pode posicionar-se frente à sociedade e
constituir-se como sujeito social (GERALDI, 1997). Para
trabalhar o texto em sala de aula, parte-se da premissa de
que são os gêneros textuais/discursivos as ferramentas
mais eficientes para instigar o educando a refletir a língua
em seu real funcionamento e em suas diversas
situacionalidades (ANTUNES, 2009).
Visando que os educandos conseguissem produzir
textos que se encaixassem adequadamente ao gênero
proposto, o cordel, pensou-se na produção de consignas
completas e adequadas (COSTA-HÜBES, 2012)no
momento anterior ao trabalho com o processo de escrita,
além de uma correção que fosse voltada não só às
questões gramaticas, mas também à temática, à estrutura
e ao estilo do gênero (BAKHTIN, 1992). Posteriormente
a essas correções, foram planejadas atividades de
melhora, a fim de encaminhar a reescrita e publicação
dos textos.
Esta perspectiva de ensino foi construída ao longo
de um extenso processo histórico. Sobre o ensino da
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 260
língua por meio de gêneros, é possível afirmar que esta é
uma mudança recente, visto que
Do início do século XX até o final
dos anos 1980, as aulas direcionadas
para o ensino da língua portuguesa
dedicavam, em maior ou menor
grau, parte expressiva do seu tempo
a questões voltadas para a escrita
correta, compreendida como a
escrita que primava pela observância
das regras da gramática normativa e
da ortografia (MARCUSCHI, 2010,
p. 66).
Portanto, até pouco tempo as aulas de português
eram tidas apenas como ensino de regras gramaticais e
buscavam pela escrita mais correta possível por parte do
aluno. A partir de então, as aulas tomam outro enfoque: o
texto, que
[...] a partir de 1980, torna-se
tendência: o texto passa a ser
examinado de acordo com seu
funcionamento textual e/ou
discursivo, sendo tomado como
objeto de uso, para a realização de
atividades de leitura, produção e
análise linguística. Mais tarde, passa
a ser tomado como suporte para o
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 261
desenvolvimento de estratégias e
habilidades de leitura e de redação
(SCHRÖDER, 2012, p. 55).
O uso do texto como objeto nos estudos da língua
portuguesa modifica, então, a tradição gramatical que era
pertencente às aulas de português até o momento,
contudo, como afirma Marcuschi (2010), o texto
continuou a ser analisado através de elementos formais,
não havendo a contextualização de seu uso. “Mesmo
assim, pode-se dizer que as reflexões do período
prepararam o terreno e foram fundamentais para que a
perspectiva sociointeracionista da linguagem ganhasse
força nas salas de aula de língua materna nos anos
subsequentes” (MARCUSCHI, 2010, p. 75).
Conforme Rojo e Cordeiro (2004), o ensino a
partir de gêneros textuais/discursivos, no Brasil, só foi
concretizado com os PCNs de Língua Portuguesa, que
ressaltam a importância do trabalho com os conceitos de
situação de produção e de circulação do texto, sendo que
Nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) de Língua
Portuguesa recomenda-se que, nas
aulas de língua materna, o ensino de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 262
textos (leitura/produção) seja
desenvolvido com base na noção de
gênero, por conseguinte, salienta-se
que o professor deve trabalhar com a
maior variedade possível de gêneros,
especialmente com exemplares
daqueles gêneros a que os educandos
se encontram expostos no seu dia-a-
dia e os necessários para ampliar a
competência de atuação social dos
alunos (SCHRÖDER, 2012, p. 56).
Portanto, apenas ao final dos anos 90, as escolas
começam a pensar em gênero como um instrumento para
o ensino de língua, de modo que os estudantes devem, no
ambiente escolar, entrar em contato com o maior número
de gêneros para conhecê-los e empregá-los em sociedade.
Nesse sentido, Alves (2008) pontua que o gênero
cordel pode ser um instrumento a ser usado pelo
professor para realizar a comunicação entre estudantes e
sociedade. A autora ainda ressalta a importância do
cordel “como forma de despertar o senso crítico do
aluno, bem como sua capacidade de observação da
realidade social, histórica, política e econômica [...]”
(ALVES, 2008, p. 103).
O intuito de empregar os gêneros textuais e
estudá-los por meio da sua situação de uso social e de sua
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 263
circulação, como apresenta Antunes (2009, p. 210), é o
de “caracterizar as especificidades das manifestações
culturais concernentes ao uso da língua e facilitar o
tratamento cognitivo desse uso, seja oral, seja escrito”.
Assim, o conceito de gênero textual vem para tratar das
questões socioculturais envolvidas nos textos e auxiliar
no processo de aprendizagem da língua e da produção
textual.
Os gêneros, por sua vez, são um “conjunto regular
de formas e de padrões de ocorrência, de maneira que
essas classes são reconhecidas como protótipos,
convencionalmente estabelecidos e socialmente
esperados” (ANTUNES, 2009, p. 212). Desta forma, os
gêneros são como “modelos” a serem seguidos, que
foram estabelecidos pela sociedade com base em
distintos propósitos comunicativos e espera-se que eles
sejam usados adequadamente conforme o seu contexto.
Dentro de todo este contexto: gêneros
textuais/discursivos, ensino por meio de texto,
interlocução com a sociedade e atenção ao contexto de
produção, é que, segundo Costa-Hübes (2012, p. 10-11),
devem ser refletidas as consignas, “pois são as condições
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 264
de produção que fulcram o que e como escrever naquele
contexto significativo”, ou seja, o encaminhamento das
produções textuais deve englobar todos os quesitos
mencionados anteriormente para que o aluno saiba o que
e como escrever.
Costa-Hübes (2012) aponta que para que sejam
cumpridos estes elementos dentro dos encaminhamentos,
é importante atentar para cinco questionamentos a serem
perguntados na consigna e respondidos nas produções
dos alunos: A) Qual gênero? B) Para quem? C) O quê?
Qual o tema? D) Por quê? E) Como escrever?.
A relevância de uma consigna bem produzida está
no fato de que
o texto é uma unidade coerente, isto
é, um todo que faz sentido na
situação. A coerência resulta de um
julgamento geral para o conjunto do
texto em relação à tarefa pedida ou à
pertinência da situação. Ele é
considerado coerente em função de
sua adaptação à situação de
comunicação, do efeito que suscita,
de sua orientação argumentativa e da
presença de um fio condutor que lhe
dá coesão e unidade (DOLZ;
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 265
GAGNON; DECÂNDIO, 2010, p.
25).
Isto é, o encaminhamento da produção textual é
comparado pelos autores a um fio condutor, que guia a
produção dos estudantes. Sendo assim, os alunos só
conseguem produzir bem quando compreendem
corretamente o que lhes é solicitado.
Depois da compreensão da consigna há o
processo de escrita, que envolve muito mais que a
simples transcrição de palavras em uma sequência. A
partir do que está no encaminhamento, os alunos podem
partir para “o desenvolvimento dos conteúdos temáticos
em função do gênero” (DOLZ, GAGNON; DECÂNDIO,
2010, p. 25), que trata da busca e escolha de informações
pertinentes. Inicialmente, os autores elencam a fase de
planificação, na qual ocorre a organização de dados, para,
então, haver a real escrita com os usos dos recursos
linguísticos.
Após a escrita inicial, geralmente há a correção
dos textos por parte dos docentes. É nesta etapa que são
reconhecidos os problemas de escrita enfrentados pelos
estudantes e que o professor tem a chance de intervir,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 266
portanto, “[n]os erros dos alunos [que] não devem ser
repreendidos, pois fazem parte dos processos de
aprendizagem e nos informam sobre o estado de seus
conhecimentos” (DOLZ, GAGNON; DECÂNDIO, 2010,
p. 35). Estes autores ainda salientam que os erros são
obstáculos que futuramente serão os responsáveis pela
aquisição dos conhecimentos sobre a língua.
Entretanto, a correção de textos, assim como sua
produção, não deve se pautar unicamente na verificação
de acertos e erros ortográficos e gramaticais, pois
fazer um texto não é apenas uma
questão de gramática. É uma forma
particular de atuação social que
inclui o conhecimento de:
a) elementos linguísticos;
b) elementos de textualização;
c) elementos da situação em que
o texto ocorre (ou ‘o estatuto
pragmático do texto’), como as
finalidades pretendidas, os
interlocutores previstos, o espaço
cultural e o suporte em que o texto
vai circular, o gênero em que vai ser
formulado, entre outros (ANTUNES,
2006, p.171 apud WACHOWICZ,
2015, p. 186).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 267
Portanto, é preciso que o professor esteja atento a
todos estes elementos durante a correção dos textos.
Valendo-se de uma consigna bem elaborada e de
condução adequada da aula, o professor, no momento da
correção, terá condições reais de avaliar tanto os
elementos linguísticos quanto os textuais; tanto os
elementos internos quanto os externos, tanto o texto
quanto o contexto, enfim, os elementos acima apontados.
Sobre os tipos de correção, Wachowicz (2015)
elenca quatro maneiras de corrigir textos: 1) anotações ao
final (são feitos comentários no fim do texto, longe dos
erros encontrados); 2) anotações codificadas (é criado um
código que deve ser consultado para entender qual foi o
problema encontrado); 3) anotações na margem ou no
corpo do texto (comentários feitos perto do erro
encontrado); 4) anotações “coringa (símbolos e
perguntas/comentários gerais, sem muita especificidade).
Contudo, “nenhuma prática de avaliação de
textos, na perspectiva da aprendizagem ou da avaliação
processual, faz sentido se não fizer uso das alternativas
de reescrita ou de reestruturação” (WACHOWICZ, 2015,
p. 213). Então, após a correção dos textos, é
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 268
imprescindível que os docentes realizem mais uma etapa
da produção: a refacção. Sendo assim, como aponta a
linguista, a produção de textos é uma avaliação
processual, na qual podem ser identificados os progressos
obtidos pelos educandos.
É possível diferenciar dois processos da refacção:
a reescrita parte das correções feitas pelo professor, de
modo a melhorar a versão inicial, enquanto a
reestruturação acontece na reorganização completa do
texto (WACHOWICZ, 2015).
Além da refacção ser uma etapa fundamental na
avaliação dos textos, esta é uma fase que deve ocorrer
naturalmente em todas as produções escritas, pois, como
afirmam Riolfi et al (2010), todo texto escrito exige um
escrever e reescrever, de modo a atingir um texto claro o
suficiente para que se possa entendê-lo sem explicações
do autor. Como apresentam os autores, “é pela ausência
do leitor no momento da escrita e, depois, pela ausência
de quem escreveu o texto no momento da leitura que o
trabalho com a linguagem escrita se iguala ao ofício de
um tecelão” (RIOLFI et al. 2010, p.121).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 269
Corpus
O projeto de ensino “Consciência Negra nos
versos do Ensino Fundamental” foi planejado durante o
mês de outubro de 2016 e aplicado entre os dias 08 e 17
de novembro do mesmo ano, no total de 07 aulas por
turma. Seu objetivo foi trabalhar o gênero cordel com
duas turmas de 7º ano do Ensino Fundamental II da rede
pública do estado do Paraná, bem como discutir a
importância do combate ao preconceito racial e
importância da valorização das características étnico-
culturais do negro.
Em verdade, o projeto vincula-se à retomada do
trabalho com o gênero realizado pela professora
supervisora, que havia estudado as características
prototípicas do gênero cordel (Módulo 1), mas não havia
encaminhado a produção textual. Com vista a uma futura
apresentação em um evento do colégio colaborador com
a temática Consciência Negra, a docente solicitou à
equipe do Pibid auxílio para trabalhar a produção de
cordéis abordando esta temática, considerando que a
maior dificuldade apresentada no diagnóstico feito pela
docente fora a produção textual.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 270
Na fase inicial do projeto, todas as pibidianas do
subprojeto Letras - Língua Portuguesa fizeram
apresentações (Módulo 2) nas seis turmas em que a
professora supervisora do Pibid atuava. Estas
apresentações abordaram a temática “Consciência
Negra”, apresentando um histórico da data aos discentes,
exemplificando a sua importância em contextos atuais
nos quais o preconceito ainda existe. Neste aspecto,
foram debatidos a exclusão social, bem como gírias e
expressões de cunho racista que são utilizadas em
sociedade em tom de brincadeira, mas que revelam um
racismo velado, a fim de conscientizar os educandos do
mau uso. Para abordar a valorização do negro, a fim de
enaltecer a data positivamente e não somente recordar
passagens históricas tristes vividas por ele, foram
apresentados ícones negros que fizeram história e
mudaram o modo de pensar de toda a sociedade, além
das práticas de inclusão social, como as cotas raciais e a
crescente valorização da cultura afro por meio de figuras
públicas reconhecidas, como diversos músicos que falam
sobre o empoderamento e o orgulho negro.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 271
Após esta apresentação inicial para o futuro
trabalho a ser desenvolvido através dos projetos de
ensino, as pibidianas tiveram um espaço de tempo para
planejar as aulas a serem aplicadas nas turmas que
acompanhavam, isto é, cada pibidiana trabalhou o projeto
de ensino na turma em que observava duas aulas
semanais. Este planejamento se deu a partir das leituras e
discussões de textos teóricos sobre o gênero cordel e
acerca do ensino de produção textual, buscando estar em
conformidade com as propostas dos documentos oficiais
e do PTD (Plano de Trabalho Docente) da professora
supervisora.
As duas turmas de 7º ano do turno vespertino, ao
contrário do que aconteceu com as outras classes, tiveram
o projeto desenvolvido em paralelo com três pibidianas:
duas que já observavam aulas, uma em cada turma, e
outra que tinha acabado de ingressar no subprojeto e
ainda não havia tido contato com os educandos, além das
apresentações iniciais.
Durante o projeto de ensino, foram realizadas
leituras dos cordéis “Quem tem crespo é rainha”, de Jarid
Arraes, e “Negros: Do colonial ao atual”, de Nailton
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 272
Souza Saraiva, de modo a retomar o gênero cordel que já
havia sido introduzido pela professora regente e o
conteúdo Consciência Negra, debatido durante as
apresentações do subprojeto. Logo após, foi produzida
uma sextilha coletiva a partir das participações dos
alunos, que montaram a estrofe falando da beleza do
cabelo negro (Apresentação da situação e Módulo 3).
Na sequência, ocorreu o encaminhamento da
produção textual (Produção Inicial), sendo que os alunos,
em duplas, deveriam escrever um cordel com três
sextilhas (focando especialmente nas rimas nos 2º, 4º e 6º
versos), apresentando as características estudadas ao
longo do projeto e seguindo uma única temática ao longo
do texto. Foram registrados no quadro de giz os possíveis
subtemas relacionados à Consciência Negra que
poderiam ser abordados nos cordéis e foi solicitado que
os educandos registrassem estas anotações em seus
cadernos. Durante a produção, as bolsistas auxiliaram os
educandos em suas dúvidas. Os assuntos mais escolhidos
pelos alunos para seus cordéis foram o preconceito e a
beleza negra.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 273
Após a produção inicial em duplas, que foi
concluída em tempos distintos pelas duas turmas, o
auxílio para a realização da produção final ocorreu de
maneira distinta (Módulos 4, 5, n). Na turma que
concluiu seu trabalho dentro do tempo programado, que
surpreendentemente fora a anteriormente considerada
como a que mais possuía dificuldades em produzir textos,
foi possível realizar a correção textual e apresentar
atividades de melhora com base nos diagnósticos de
equívocos apresentados pela maioria dos educandos.
Nesta turma, portanto, foram exibidas sextilhas montadas
com erros semelhantes aos apresentados pelos alunos e
estas foram lidas em voz alta pela turma, e solucionados
os seus equívocos em conjunto, a fim de que
aprendessem a reconstruir aqueles textos de uma maneira
mais coerente às características propostas pelo projeto.
Já a segunda turma, que necessitou de mais tempo
para produzir seus textos, tendo em vista que o fato de
permanecer muito receosa em relação à presença das
bolsistas, o tempo de produção foi mais longo, pois os
educandos não interagiam com as sugestões e o auxílio
das pibidianas durante as produções, o que atrapalhou
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 274
parcialmente o desenvolvimento do projeto. Nesta turma,
optou-se por trabalhar a refacção dando assistência
especial às duplas, individualmente, considerando que a
interação não estava sendo suficientemente significativa
para trabalhar a atividade de melhora dos equívocos
coletivamente. Desta forma, foi possível auxiliar os
educandos com seus principais equívocos de uma
maneira mais eficaz, pois eles sabiam compreender o que
poderia ser melhorado e puderam falar mais abertamente
com as bolsistas sobre as suas dificuldades.
As refacções dos cordéis foram ensaiadas pelas
duplas para futura declamação em evento e apresentadas
em sala para as bolsistas. Ambas as turmas se
envolveram nesta atividade (Produção final) de maneira
participativa. Em aulas posteriores, as bolsistas ainda
auxiliaram os educandos na confecção dos seus livretos
de cordel, que seriam expostos em evento escolar, no dia
da apresentação da produção dos textos, de forma
declamada.
Este trabalho desenvolvido pelo Pibid é uma
reconfiguração da sequência didática proposta por Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004):
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 275
Ilustração 1 – Esquema da Sequência Didática
Fonte: Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.98)
Uma proposta interessante de adaptação da SD,
em conformidade com a realidade dos anos iniciais do
Ensino Fundamental, foi elaborada por Costa-Hübbes
(2008) e consiste na inserção de um módulo de
reconhecimento do gênero, com atividades e exercícios
que contemplem a leitura, a pesquisa e análise linguística
com textos (já publicados) do gênero, antes da etapa da
produção inicial (COSTA-HÜBBES, 2009).
Ilustração 2 – Esquema da SD adaptada por Costa-Hübes
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 276
Fonte: Adaptado de Swiderski e Costa-Hübes (2009, p. 120).
As sequências acima foram pensadas em
situações específicas de produção, distintas da realidade
encontrada no colégio colaborador. A sequência da
primeira ilustração, foi produzida por autores que
pensaram em uma realidade própria do seu país, que é de
primeiro mundo, no qual os educandos já possuem maior
conhecimento dos gêneros específicos, o que não
pressupõe um trabalho mais extenso com o
reconhecimento do gênero e temáticas antes da produção
inicial. Já a sequência proposta na segunda ilustração,
mesmo se aproximando mais da realidade enfrentada pela
educação no país, ainda se encontra distante do contexto
em que a equipe do Pibid fora inserida. Considerando
que o contexto em que as sequências foram produzidas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 277
pelos autores nos quais o projeto se embasou era distinto
da realidade em sala de aula, tornou-se necessário
desenvolver uma nova sequência de trabalho com a
produção textual, representada na próxima ilustração:
Ilustração 3 – Esquema da SD adaptada pelo Pibid
Fonte: Dados da pesquisa
Como pode ser observado na ilustração acima,
antes da produção inicial, muitas etapas foram realizadas.
O módulo 1, de reconhecimento do gênero foi trabalhado
pela professora supervisora do subprojeto, que focou
mais em leitura e estudo das suas características. Em
seguida, foram realizadas as apresentações das bolsistas
sobre a temática Consciência Negra, a fim de preparar os
educandos para projetos futuros. A partir destas etapas,
foi possível apresentar o projeto de escrita aos alunos,
retomando as etapas anteriores até encaminhar a
produção inicial. Após a produção inicial, foram
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 278
trabalhados os módulos de correção e elaboração de
atividades de melhora e a produção final.
Análise
As duas turmas em que o projeto foi aplicado
possuíam perfis bastante distintos em relação à presença
das bolsistas em sala de aula. A turma D, apesar de não
apresentar um perfil mais reservado, diante da presença
das bolsistas em suas observações e primeiras aulas
aplicadas no projeto, mantinha-se em silêncio com medo
de interagir e gerar o riso. Esta insegurança fora revelada
pela professora supervisora, que diversas vezes
necessitou cobrar maior participação e incentivar os
educandos a participarem, demonstrando que o
comportamento da turma era outro sem os olhares das
bolsistas em sala. Em contrapartida, a turma C não
apresentava qualquer intimidação com a presença das
bolsistas. A turma C, ainda segundo a professora
supervisora, possuía maior dificuldade em produção
textual, devido à indisciplina e ao descomprometimento
por grande parte dos educandos.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 279
Considerando as particularidades das duas turmas:
uma insegura demais, que necessitava ser estimulada
constantemente, e a outra indisciplinada ao extremo e
descomprometida com o trabalho da escrita, pensou-se
no trabalho diferenciado com estes educandos: a presença
de uma equipe maior de bolsistas em sala.
A aplicação do projeto revelou-se em uma
experiência surpreendente tanto para as bolsistas quanto
para a professora supervisora, pois a turma que mais fora
taxada como difícil e, inclusive, a mais temida pelas
bolsistas, mostrou-se extremamente participativa nas
aulas e desenvolveu a produções de cordéis em menos
tempo do que a turma que era considerada como mais
eficiente na produção textual. Este resultado pode ser
considerado como um indício de que a metodologia
empregada nas produções textuais anteriores ao projeto
não contemplavam todos os processos considerados
significativos na construção de um trabalho com a escrita
mais construtivo. O trabalho conjunto com um maior
número de bolsistas mais a professora supervisora em
sala também contribuiu para que todos os educandos
tivessem um atendimento mais significativo, com auxílio
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 280
em cada etapa de suas produções, algo difícil de ocorrer
com apenas uma professora em sala de aula.
Outro aspecto positivo para que o trabalho tenha
sido concluído com resultados significativos foi o fato de
deixar claro aos educandos o propósito de suas
produções: uma publicação oral em evento escolar, além
de um livreto de cordel a ser exposto no colégio
(devidamente explicitado na Apresentação da situação).
Assim, as produções dos educandos passaram a ter um
propósito maior do que uma simples avaliação de
desempenho escolar, tornaram-se uma prática discursiva
complexa com uma real funcionalidade social.
Analisando a metodologia empregada no projeto
(apresentação da temática, retomada do gênero, análise
de textos, produção inicial coletiva, segunda produção
em duplas, atividades de melhora e refacção orientadas
pelas bolsistas, publicação oral em evento escolar),
percebeu-se uma melhora nas produções textuais dos
educandos da primeira versão para a segunda (Módulos n
e Produção final), visto que estes foram orientados a
pensar nas características do gênero e não somente nas
regras gramaticais de seus textos.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 281
A ilustração 4 apresenta a digitalização da
produção inicial e da produção final de um cordel
produzido por uma das duplas envolvidas no projeto.
Percebe-se que na última estrofe ocorreu uma fuga total
do tema, prejudicando a coerência do texto, mesmo que
tenha sido muito bem escrita e esteja de acordo com as
normas da língua. Após a correção, apesar de ter sido
produzida uma estrofe talvez não tanto criativa quanto a
da primeira versão, a coerência do cordel tornou-se
adequada, uma vez que todo o texto aborda a mesma
temática:
Ilustração 4 – Produção inicial e produção final
Fonte: Dados da pesquisa
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 282
Apesar de todo o trabalho com a escrita dos
cordéis ter sido desenvolvido com vistas a contemplar
todos os aspectos considerados por Costa-Hübes (2012)
como fundamentais em uma produção de texto em sala
de aula, alguns aspectos poderiam ter sido melhorados,
como a estratégia do “como escrever” o texto, visto que a
grande maioria dos educandos não conseguiu contemplar
a métrica do gênero (sete sílabas poéticas), mesmo que
tenha escrito versos cursos e com as rimas adequadas.
Considerando que os cordéis seriam declamados, e que o
propósito maior das produções era fazer com que os
educandos compreendessem criticamente a temática
Consciência Negra e se posicionassem frente à
comunidade escolar por meio de suas produções, as
bolsistas e professora supervisora consideraram que não
sacrificariam a qualidade de conteúdo pela métrica
perfeita. Quiçá em projetos futuros possa ser pensado um
método eficiente de produção de um gênero desta
complexidade a fim de manter qualidade de conteúdo e
métrica adequados. Uma solução também poderia ser
continuar a trabalhar a refacção dos cordéis, visando
atingir novos propósitos, como a métrica e a linguagem
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 283
do texto, que apresentaram algumas repetições em
determinadas produções finais, além da ausência do uso
de artigos e conectores em diversas produções, como no
exemplo abaixo:
Ilustração 5 – Exemplo de produção textual
Fonte: Dados da pesquisa
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 284
No cordel acima, poderiam ser trabalhados ainda
pequenos equívocos quanto à coesão textual, marcados
pela sugestão de correção em vermelho, a ausência de
palavras que ligam as frases com maior sentido, bem
como a redundância do primeiro verso (desde a infância a
criança), além da repetição que poderia ser evitada na
segunda sextilha. O título também poderia ser repensado,
visto que não trata especificamente de uma criança negra,
mas sim do negro que sofre preconceito. Estes detalhes
poderiam enriquecer a produção dos educandos.
Considerando que diversas produções finais
retornaram com estes equívocos, notou-se que, ao visar o
trabalho com produção textual sem ser pretexto para uma
verificação de habilidades linguísticas, mas sim uma
produção com propósitos mais significativos, para fora
da sala de aula, temendo desenvolver um trabalho de
escrita com pretexto para correções gramaticais, optou-se
por não sistematizar nem intensificar atividades de
melhora linguística, somente de rimas e conteúdo
temático. Isto demonstra que o trabalho com a escrita
construtiva precisa contemplar todas as características
(temática, estilística e estrutural) do gênero, visto que
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 285
trabalhá-lo em sala de aula não significa somente focar
na estrutura e características mais marcantes (como se
verifica no trabalho escolar ainda hoje). No caso
específico, optou-se por trabalhar com as rimas dos
cordéis, bem como com a linguagem própria.
Considerações Finais
Considerando que o ensino da língua por meio
dos gêneros textuais é recente no contexto brasileiro, e
que este, quando ocorre, ainda enfrenta dificuldades para
não se tornar um trabalho de texto pretexto para a
aplicação de conteúdos gramaticais, conclui-se que
projetos como o “Consciência Negra nos versos do
ensino fundamental” são importantes para auxiliar o
professor supervisor em um trabalho com o texto que
vise ultrapassar os propósitos habituais dos educadores: a
conferência da compreensão do conteúdo e da linguagem
escrita. A mera atribuição de notas torna o trabalho com a
escrita um castigo para os educandos e até mesmo para
os educadores, pois é difícil produzir um texto coerente
sem nenhum propósito estabelecido. Acreditar na
capacidade do educando e construir com este um trabalho
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 286
de escrita construtiva faz com que o discente passe a
acreditar mais em sua própria capacidade de escrever e
possa surpreender o professor com uma produção mais
satisfatória do que a esperada, como ocorreu na turma C,
que surpreendeu as bolsistas e a docente supervisora.
Mesmo desenvolvendo o projeto de maneira
planejada e conforme os pressupostos teóricos estudados
em reuniões do grupo Pibid, ainda foram encontradas
dificuldades em desenvolver um trabalho completamente
satisfatório, tendo em vista que foram encontrados alguns
equívocos em relação à gramática nas produções finais
dos educandos. Parte destes equívocos foram
reproduções de problemas já apontados nas correções, e
que não foram compreendidos significativamente por
parte de todos. Apesar destes pequenos problemas,
percebidos na escrita e não na oralização dos cordéis, a
evolução dos textos fora significativa e, se fossem
desenvolvidos novos módulos de refacção, os cordéis
seriam ainda melhor produzidos, a fim de sanar estes
pequenos detalhes percebidos em sua escrita. Este
diagnóstico auxiliou na percepção de que é possível
desenvolver um trabalho com a linguagem sem focar
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 287
somente na gramática, mas não se deve temer a sua
cobrança, pois focar somente na estrutura pode resultar
em produções satisfatórias, porém com falhas em sua
linguagem.
Apesar disso, o projeto foi significativo para o
amadurecimento da escrita dos educandos e para trazer
para a sala de aula um novo modo de enxergar a escrita e
o aluno: um meio de ascensão social de um sujeito
participante de uma comunidade linguística.
Referências
ALVES, Roberta Monteiro. Literatura de cordel: Por que
e para que trabalhar em sala de aula. Revista Fórum
Identidades. Ano 2, v. 4 – p. 103-109 – jul-dez de 2008.
ANTUNES, Irandé. A escrita de textos na escola: de olho
na diversidade. In: Língua, texto e ensino: outra escola
possível. São Paulo: Parábola, 2009. p. 207-216.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Estética da criação
verbal. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 421 p.
(Publicação original 1979). [1952-53]1979.
COSTA-HÜBBES, Terezinha da Conceição. O processo
de formação continuada dos professores do Oeste do
Paraná: um resgate histórico-reflexivo da formação em
língua portuguesa. Londrina, PR: UEL, 2008 (Tese de
doutorado em Estudos da Linguagem).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 288
______. Reflexões linguísticas sobre metodologia e
prática de ensino de língua portuguesa. Revista
Confluências, Instituto de Língua Portuguesa do Liceu
Literário Português, n.35/36, p. 129-146, Rio de Janeiro,
1° sem./2009.
______. Reflexões sobre os encaminhamentos de
produção textual: enunciados em diálogo com outros
enunciados. In: ENCONTRO DO CELSUL, n.X, 2012,
Cascavel – PR. Anais do X Encontro do CELSUL –
Círculo de estudos linguísticos do Sul. UNIOESTE,
2012. PDF.
DOLZ, Joaquim; GAGNON, Roxane; DECÂNDIO,
Fabrício. Produção escrita e dificuldades de
aprendizagem. Campinas, SP: Mercado das Letras,
2010. p. 4-110.
______; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY,
Bernard. Seqüências didáticas para o oral e a escrita:
apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY,
B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola.
Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 95-128
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 4. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1997.
MARCUSCHI, Beth. Escrevendo na escola para a vida.
In: Coleção explorando o ensino, v. 19 – Língua
Portuguesa: Ensino Fundamental. Brasília, Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 200 p.
RIOLFI, Claudia et al. Ensino de língua portuguesa. –
São Paulo: Cengage Learning, 2010.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 289
ROJO, Roxane; CORDEIRO, Glaís Saler. Apresentação:
gêneros orais e escritos como objetos de ensino: modo de
pensar, modo de fazer. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J.
Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado
de Letras, 2004. p.7-18
SCHRÖDER, Mirian. Livro didático público
paranaense “Língua portuguesa e Literatura”: O
professor-autor e o gênero discursivo. – Curitiba, 2012.
189 p. (Tese de doutorado em Letras - UFPR)
SWIDERSKI, Rosiane Moreira da Silva; COSTA-
HÜBES, Terezinha da Conceição. Abordagem
sociointeracionista & sequência didática: relato de
uma experiência. Revista Línguas & Letras. v. 10 nº 18
1º sem. 2009 p. 113-128.
WACHOWICZ, Teresa Cristina. Avaliação de textos na
escola. – Curitiba: Intersaberes, 2015.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 290
A ESCRITA EM FOCO: UMA ANÁLISE E
DISCUSSÃO DOS DADOS1
Nadieli Maria Hullen Gerei2
Sanimar Busse3
Palavras Iniciais
Neste capítulo, analisaremos os dados coletados
nas produções textuais autobiografia e anúncio
publicitário, de acordo com as categorias estabelecidas
por Bortoni-Ricardo (2006).
Para realizar a análise dessa dissertação, adotamos
a categoria estabelecida por Bortoni-Ricardo (2006).
Segundo a autora, é essencial no trabalho com a variação
linguística que as análises e diagnoses de desvios sejam
feitas de acordo com categorias claras e sistemáticas. Isso
é necessário para que a avaliação do professor e do
pesquisador não fique subjetiva ou excessivamente
interpretativa. Ao realizar suas pesquisas, a autora segue
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos 2Voluntária de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 3 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 291
alguns critérios de análise, postulados de acordo com a
categoria do problema, que se configuram da seguinte
forma:
Quadro 01: Categorização dos desvios de grafia
segundo sua natureza.
1) Desvios decorrentes da própria natureza
arbitrária da língua.
2) Desvios decorrentes da transposição dos
hábitos da fala para a escrita, que englobam:
2.1)
Desvios
decorrentes da
interferência de
regras
fonológicas no
falar estudado.
2.2)
Desvios
decorrentes da
interferência de
regras
fonológicas
variáveis
graduais.
2.3)
Desvios
decorrentes da
interferência de
regras
fonológicas
variáveis
descontínuas. Fonte: Bortoni-Ricardo (2006, p. 54).
De acordo com Bortoni-Ricardo (2006), no
primeiro caso estão os desvios que são resultado do
pouco conhecimento sobre as convenções que regem a
língua escrita, pois há fonemas que possuem mais de uma
representação ortográfica. Há também o fenômeno
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 292
inverso, isto é, letras que representam mais de um
fonema.
Nesta primeira categoria, estão os desvios
decorrentes da própria natureza arbitrária da língua, que
acontecem independentemente da região geográfica,
classe social e faixa etária.
Na segunda categoria, encontram-se desvios
decorrentes da transposição de hábitos da fala para a
escrita. Há diversos fatores que podem motivar seu
aparecimento, tanto linguísticos - posição da sílaba em
relação à silaba tônica, a classe gramatical, entre outros,
como extralinguísticos - classe social, faixa etária,
localização geográfica, rural x urbano, entre outros.
Apresentaremos a seguir as subcategorias defendidas
pela autora.
Na categoria dos registros decorrentes da
interferência de regras fonológicas, Bortoni-Ricardo
(2006) apresenta os vocábulos fonológicos constituídos
de duas ou mais formas livres ou dependentes – juntura.
O fenômeno inverso – a segmentação, também se
enquadra nessa classificação. O contexto de juntura e
segmentação é favorecido pela proximidade entre a vogal
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 293
final de uma palavra e vogal idêntica ou foneticamente
próxima à palavra seguinte.
Na próxima subcategoria definida pela autora, a
dos desvios decorrentes da interferência de regras
fonológicas variáveis graduais, estão a despalatalização
das sonorantes palatais (milho>mio), a monotongação de
ditongos decrescentes (peixe>pexe; caixa>caxa), a
desnasalização das vogais átonas finais (homem>homi), a
assimilação e degeminação do /nd/ (cantando>cantano) e
a queda do /r/ final nas formas verbais (vender>vendê).
Para a última subcategoria, a dos desvios
decorrentes da interferência de regras fonológicas
variáveis descontínuas, Bortoni-Ricardo (2006) apresenta
como exemplos a semivocalização do /lh/
(trabalhar>trabaiá), a epítese do /i/ após sílaba final
travada (paz>pazi), a troca do /r/ pelo /l/, a
monotongação do ditongo nasal em “muito” (munto), a
supressão do ditongo crescente em sílaba final
(veio>vei), a simplificação dos grupos consonantais no
aclive da sílaba com a supressão da segunda consoante
(dentro>dentu) e a ocorrência de metátese no vocábulo
“satisfeito” (sastifeito).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 294
À categorização de Bortoni-Ricardo (2006),
acrescentamos a hipercorreção. A hipercorreção
caracteriza-se pela generalização das regras para todas as
palavras, independente do contexto, quando o aluno
ainda não domina perfeitamente o código linguístico e
suas arbitrariedades.
Análise dos dados colhidos nos textos autobiográficos
Nesta seção apresentaremos os principais desvios
ortográficos encontrados nas produções textuais dos
alunos, coletadas para levantamento inicial dos dados e
identificação do perfil da turma escolhida para o trabalho,
6° ano de um colégio estadual do município de
Cascavel/Paraná, campo de estágio do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID),
do Subprojeto de Língua Portuguesa. As produções
foram encaminhadas pela professora regente da turma;
nosso trabalho foi o de diagnosticar os desvios de grafia
para posterior análise.
Essa coleta inicial foi utilizada como base para
sabermos quais tipos de desvios eram mais
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 295
frequentemente registrados. Como recorte, optamos pelo
6° ano do Ensino Fundamental, por considerarmos que
nessa fase o aluno já adquiriu o código linguístico,
restando apenas dúvidas a serem eliminadas. O número
de textos selecionados foi o de 10 textos de meninos e 10
textos de meninas, para podermos analisar sob a variável
sexo.
Muitos desvios ocorrem devido à própria natureza
arbitrária do sistema. A escolha por uma única grafia se
mostrou necessária no processo de construção da escrita
alfabética. Os alunos, porém, muitas vezes, não têm
compreensão desse código e os desvios ortográficos
surgem nas produções textuais. No corpus encontramos
os seguintes fenômenos:
a) Desvios na representação da sibilante nas
palavras: “desia” (descia); “concidero” (considero);
“paciar” (passear); “casula” (caçula) – duas vezes;
“silensio” (silêncio); “sinuzite” (sunisite); “postisos”
(postiços); “prinsipalmente” (principalmente);
“prinsipau” (principal).
b) Desvios na representação nasal nas palavras
“mada” (nada); “inportante” (importante) – duas vezes;
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 296
“emgraçado” (engraçado); “tenpo” (tempo); “educão”
(educam); “achão” (acham); “saibão” (saibam); “min”
(mim).
Ocorre desvio também no presente do indicativo
em “ouço”, devido à irregularidade do verbo. Como o
verbo no infinitivo é “ouvir”, o aluno não compreendeu
que, ao conjugarmos, devemos trocar /v/ por /ç/. Há
também a possibilidade de substituir “ouço” por
“escuto”, por exemplo, na fala.
No que se refere aos desvios ortográficos
decorrentes da interferência de regras fonológicas no
falar estudado, temos a presença de segmentação nas
palavras “da qui” (daqui) e “pe queno” (pequeno) e
juntura na palavra “alevanto” (a levanto), dois fenômenos
esperados para essa categoria.
Na segunda categoria, a dos desvios decorrentes
da interferência de regras fonológicas variáveis graduais,
temos a presença dos seguintes fenômenos:
despalatalização da sonorante palatal lateral na palavra
“velio” (velho); o fenômeno inverso, a palatalização da
sonorante palatal lateral na palavra “familha” (família) e
neutralização da vogal anterior /e/ na palavra “mi” (me).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 297
Na terceira categoria, a dos desvios decorrentes
da interferência de regras fonológicas variáveis
descontínuas, temos a presença de semivocalização de
/lh/ na palavra “camioneiro” (caminhoneiro) e a
supressão do ditongo crescente em sílaba final em “so”
(sou). Além desses dois fenômenos, há inserção vocálica
na palavra “adevogado” (advogado) e troca da vibrante
múltipla ou velar pelo tepe na palavra “cachoro”
(cachorro); para Bortoni-Ricardo (2006), nesta categoria
se encontram os traços “privativos de variedades rurais
e/ou submetidos a forte avaliação negativa” (BORTONI-
RICARDO, 2006, p. 57). Inserir a vogal “e” em
advogado e usar velar no lugar de vibrante múltipla ou
velar são, no português brasileiros, fenômenos de
desprestígio linguístico.
Inicialmente, analisaremos os desvios decorrentes
da própria natureza arbitrária da língua.
No corpus encontramos os seguintes fenômenos
considerando a natureza arbitrária da língua:
a) Desvios na representação da sibilante nas
palavras “faso” (faço) – duas vezes; “presiso” (preciso) –
duas vezes; “chingar” (xingar); “faser” (fazer);
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 298
“concertado” (consertado); “prisipal” (principal);
“baicho” (baixo); “sertos” (certos) – duas vezes;
“esforsada” (esforçada); “veses” (vezes); “educasão”
(educação); “bagunsa” (bagunça); “pasado” (passado);
“dico” (disso).
b) Desvios na representação nasal nas palavras:
“mam” (mãe); “comverson” (converso); “ganei”
(ganhei); “emcontrada” (encontrada); “pricipal”
(principal); “inportante” (importante); “indeligente”
(inteligente); “brimcalhona” (brincalhona); “tanbém”
(também); “quado” (quando); “quamdo” (quando).
Ao invés da conjunção adversativa “mas”, o aluno
usou uma conjunção coordenativa aditiva, “mais”,
equívoco muito comum na língua portuguesa; esse
processo se classifica como a ditongação de palavra
monossilábica terminada em sonora (outros exemplos:
“paz – paiz; três – trêis).
Por fim, na tabela da hipercorreção, ocorre uma
generalização da regra: o aluno pode ter acreditado que
os fenômenos que acontecem na maioria das palavras
serão regra geral para todas. Em nosso corpus
encontramos as seguintes palavras: “ataquar” (atacar):
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 299
muitos verbos em língua portuguesa são formados por
“que” – quebrar, queimar, querer, entre outros. Então, o
aluno pode ainda não ter percebido que quando a vogal é
/a/, deve usar a surda /c/ para formar verbos, como em
caminhar, cantar, entre outros.
Na palavra “aulto” (auto), o aluno fica em dúvida
e grifa as duas letras, /l/ e /u/, para marcar a lateral.
Provavelmente, muitas vezes troca o /l/ pelo /u/ e ainda
não compreendeu em que contextos deve usar cada uma,
além de, possivelmente, não perceber a existência tanto
de “alto” como de “auto”.
Outras palavras que encontramos no corpus
foram: “internete” (internet) – em língua portuguesa, a
maioria das sílabas se configura em CV (consoante-
vogal) ou CVC (consoante-vogal-consoante), sendo nulo
o fenômeno de palavra terminada em consoante surda ou
sonora /s/, exceto em palavras que, como essa, são
estrangeiras. Dessa forma, o aluno acresce uma vogal
para que a surda /t/ permaneça em uma sequência comum
à língua – CV. Nas duas últimas palavras, “meo” (meu) e
“erma” (irmã), temos a ocorrência do mesmo fenômeno:
o aluno provavelmente deve ter sido corrigido em relação
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 300
à neutralização de vogais anteriores /e/ e /i/ e das
posteriores /o/ e /u/ em posição pós-tônica ou pretônica.
Dessa forma, generalizou a regra para outras palavras em
que realmente o uso do /u/ e do /i/ era esperado.
Passemos agora à análise dos desvios de grafia
decorrentes da transposição dos hábitos da fala para a
escrita.
Na primeira categoria, a dos desvios de grafia
decorrentes da interferência de regras fonológicas no
falar estudado, encontramos a presença de segmentação
nas palavras “ne nhuma” (nenhuma), “de mais” (demais),
“bisa vó” (bisavó) – duas vezes, “apare seu” (apareceu) –
duas vezes, e juntura nas palavras “porico” (por isso) e
“atarde” (a tarde). Em algumas dessas palavras, temos a
ocorrência de mais de um fenômeno, como em “apare
seu” e “porico”, nas quais ocorre também desvio na
representação da sibilante.
Na segunda categoria, a dos desvios decorrentes
da interferência de regras fonológicas variáveis graduais,
temos a presença dos seguintes fenômenos: palatalização
da sonorante palatal lateral em “familha” (família) e
dessonorização da sonora nasal em “costo” (gosto) e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 301
“alcuma” (alguma). Nesta mesma categoria, encontramos
monotongação de ditongos decrescentes em “primera”
(primeira) e “bandera” (bandeira).
Na terceira categoria, a dos desvios decorrentes
da interferência de regras fonológicas variáveis
descontínuas, ocorre a presença dos seguintes
fenômenos: despalatalização de /nh/ na palavra
“camioneiro” (caminhoneiro); supressão do ditongo
crescente em sílaba final em “so” (sou); troca da vibrante
múltipla ou velar pelo tepe nas palavras “cachorinha”
(cachorrinha), “ero” (erro), “moreram” (morreram) e
“derubou” (derrubou), troca de /r/ por /l/ na palavra
“cabeleleira” (cabeleireira). Por último, na palavra
“istudo” (estudo), percebemos a neutralização da vogal
anterior pretônica /e/.
Graficamente, os desvios de representação da
nasal e da sibilante /s/ em textos de meninos e de
meninas podem ser representado da seguinte maneira:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 302
Gráfico 01: Desvios de representação da sibilante /s/ e de
representação nasal
Por meio deste gráfico, podemos perceber que os
meninos cometeram 9 desvios de representação nasal e
de representação da sibilante /s/. As meninas, por outro
lado, apresentam diferenças em relação aos desvios,
totalizando 17 ocorrências de desvios em representação
da sibilante /s/ e 11 ocorrências na representação nasal.
Gráfico 02: Desvios de transposição dos hábitos da fala para a
escrita
0
5
10
15
20
Meninos Meninas
Representação dasibilante /s/
Representação nasal
0
5
10
Meninos Meninas
2.1 - Interferência de regras fonológicas nofalar estudado.
2.2 - Interferência de regras fonológicasvariáveis graduais.
2.3 - Interferência de regras fonológicasvariáveis descontínuas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 303
Os dados deste gráfico revelam que as meninas
tiveram um número maior de desvios em todas as
categorias. Na categoria desvios decorrentes da
interferência de regras fonológicas no falar estudado,
enquanto os meninos tiveram 3 ocorrências, as meninas
tiveram 6; na categoria de desvios decorrentes da
interferência de regras fonológicas variáveis graduais os
meninos apresentaram 3 ocorrências e as meninas 5; na
última categoria, a dos desvios decorrentes da
interferência de regras fonológicas variáveis
descontínuas, os meninos tiveram 4 ocorrências e as
meninas o dobro, 8.
Outro dado que o gráfico permite visualizar é que
as meninas tiveram, em ambas as categorias, um maior
número de ocorrências de desvios. Isso pode ter se dado,
talvez, porque geralmente seus textos são maiores; então,
com um maior número de palavras, maior a
probabilidade de aparecimento de desvios. Considerando
o nível de ensino e os desvios comuns à alfabetização, os
dados não permitem verificar até que ponto o trabalho
com a grafia regule mais a escrita das meninas, em
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 304
virtude da sua adesão às formas de prestígio e de
correção.
Conforme exposto na Metodologia, nesta turma o
número de meninas repetentes era maior. Isso levou a
várias delas estarem em uma faixa etária que não
condizia com o restante da turma. Além disso, o
comportamento das meninas era um pouco relutante em
colaborar com as atividades. Porém, apesar de
aparentemente estarem menos atentas, conseguimos
desenvolver um trabalho produtivo também com elas.
Análise dos dados colhidos nos anúncios publicitários
produzidos pelos alunos
Para a análise dos dados coletados nos textos do
gênero anúncio publicitário, utilizaremos as mesmas
categorias da análise dos textos do gênero autobiografia.
O encaminhamento desta produção fazia parte da
Unidade Didática, elaborada e aplicada conforme exposto
no capítulo 2, na seção 2.5.1. As atividades aplicadas
tiveram como conteúdos a ortografia e a produção
textual, sendo conteúdos estruturantes a análise
linguística e a ortografia.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 305
Os conteúdos específicos trabalhados na Unidade
Didática foram a representação grafemática das sibilantes
surdas e sonoras /s/ e /z/; /g/ e /j/; /x/ e /ch/ e a
conjugação de verbos no pretérito na 3ª pessoa do plural
/am/ e no futuro do indicativo na 3ª pessoa do plural /ão/.
Nossos objetivos, com a Unidade, foram os de
levar os alunos a compreenderem as regularidades e as
irregularidades ortográficas da língua portuguesa; a
reconhecerem as representações grafemáticas de uma
mesma unidade sonora e a identificarem as principais
características e elementos do gênero anúncio
publicitário.
Para atingirmos tais objetivos, nossa metodologia
foi composta por atividades como: banco de palavras;
análise das características do gênero anúncio publicitário;
produção de regras a respeito do uso de determinadas
letras para representar um som; audição de músicas e
registro de palavras específicas da canção; organização
das palavras em grupos, conforme as suas semelhanças;
confecção de listas de palavras utilizando alguma
semelhança entre estas; realização de atividades de
escrita e promoção da escrita espontânea.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 306
A produção do anúncio foi feita para
percebermos e avaliarmos de que forma e em que medida
as atividades mais direcionadas para a reflexão
linguística, em especial a ortografia, podem colaborar
para a diminuição dos desvios percebidos na produção
textual autobiografia.
Para a produção textual, levamos aos alunos
alguns produtos de beleza que pertenciam à
pesquisadora, para que lessem, reconhecessem a marca e
tivessem um material para se inspirarem na produção.
Não era obrigatório que fossem utilizados estes produtos,
os alunos poderiam criar um anúncio para qualquer
produto existente na sociedade ou um produto que fosse
fruto de sua imaginação.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 307
Fonte: Imagem produzida pela pesquisadora.
Nos anúncios publicitários produzidos dos
meninos, tivemos dois desvios de representação nasal,
nas palavras “linpeza” (limpeza) e “en” (em) e dois
desvios de representação da sibilante /s/, nas palavras
“fasa” (faça) e “esprementaram” (experimentaram).
Nos desvios decorrentes da transposição dos
hábitos da fala para a escrita, encontramos três palavras
que classificamos na categoria desvios decorrentes da
interferência de regras fonológicas descontínuas, que são
“cachoro” (cachorro), “cachorona” (cachorrona) e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 308
“corendo” (correndo). Nas três, percebemos que o aluno
utiliza o /r/ tepe ao invés do vibrante ou do velar;
considerando a história de colonização do Oeste do
Paraná, predominantemente por italianos e alemães, e
sabendo que em suas línguas de origem o /r/ tepe é o
mais utilizado, inclusive em início de palavra ou de /r/
duplo em meio de palavra, podemos inferir que,
provavelmente, o aluno sofre desta influência.
Nesta categoria incluímos também a palavra
“desondorante” (desodorante), pois, para nós, parece um
caso de nasalização, como na palavra “indentidade”
(identidade). Embora Bortoni-Ricardo (2006) não
classifique explicitamente a nasalização nessa categoria,
sabemos que essa nasalização também é um marcador de
um grupo social, proveniente da região rural, fator
previsto para essa categoria.
Algumas palavras, encontradas no corpus, não
conseguimos classificar em nenhuma das categorias
estabelecidas por Bortoni-Ricardo (2006). São elas:
“refrecante” (refrescante) e “greme” (creme). Então,
recorremos à classificação de Oliveira (2005), que criou
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 309
uma categoria específica para esses desvios de escrita, o
G3B, que ele chama de “outros casos e casos acidentais”.
No caso das meninas, em relação às
arbitrariedades do código, tivemos dois desvios de
representação nasal, nas palavras “un” (um) e “toms”
(tons) e um desvio de representação da sibilante /s/, na
palavra “comese” (comece). Também tivemos um caso
de hipercorreção, na palavra “macil” (macio).
No caso das meninas, tivemos ocorrência de
desvios em duas categorias: na categoria de desvios
provenientes de interferência de regras variáveis
graduais, tivemos as palavras “dexa” (deixa) e “cheroso”
(cheiroso), que se classificam como monotongação de
ditongos decrescentes e a palavra “descubrir” (descobrir),
que caracteriza um caso de elevação ou alteamento da
vogal média posterior, bastante típico na fala brasileira,
principalmente do Sul do país. A elevação da média-alta
anterior, /e/ para /i/, também é registrada nos dados,
como em “leiti” (leite), “denti” (dente), em posição pós-
tônica. Na categoria de desvios decorrentes de regras
fonológicas variáveis descontínuas, tivemos a palavra
“sorir” (sorrir); nessa categoria podem ser classificados
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 310
os desvios relacionados à classe social e à oposição rural
x urbano, como parece ser o caso dessa palavra.
No corpus, encontramos também a palavra
“desadorante” (desodorante), que também classificamos
como “outros casos ou casos acidentais”, conforme
classifica Oliveira (2005), mas que também pode
representar um processo fonológico ou metaplasmo.
Nos textos do anúncio, encontramos as seguintes
ocorrências de desvios na representação nasal e de
desvios na representação da sibilante /s/. Graficamente,
podemos representar:
Gráfico 03: Desvios de representação da sibilante /s/ e de
representação nasal em textos de meninos e meninas:
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Meninos Meninas
Representação da nasal
Representação da sibilante /s/
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 311
Na produção do anúncio, é possível observar uma
diferença nos desvios no registro da nasal, apenas 2 duas
ocorrências para meninos e 2 ocorrências para meninas.
Na representação da sibilante /s/, as ocorrências são ainda
menores: apenas 2 casos para meninos e 1 caso para
meninas.
As meninas apresentaram uma diminuição de
desvios de grafia, pois, de acordo com pesquisa realizada
com a turma e analisada no capítulo da Metodologia
deste trabalho, das 14 meninas em sala, apenas 2
disseram não fazer o dever sempre ou quase sempre. Para
os meninos, apenas 6, de 9, afirmaram fazer o dever
sempre ou quase sempre.
Como sabemos, não há, em sala de aula, como
explorar com profundidade todos os conteúdos, ficando a
tarefa de casa responsável por fixá-los. Assim, talvez o
fato de as meninas realizarem o dever com mais
frequência tenha ajudado também, além do trabalho com
a Unidade Didática, na diminuição dos desvios.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 312
Na categoria dos desvios de transposição dos
hábitos da fala para a escrita, tivemos poucas
ocorrências.
Gráfico 04: Desvios de transposição dos hábitos da fala para a
escrita em textos de meninos e meninas:
Na primeira subcategoria, a dos desvios
decorrentes da interferência de regras fonológicas no
falar estudado, não tivemos nenhuma ocorrência, nem
nos textos de meninos, nem nos textos de meninas. Na
segunda subcategoria, a dos desvios decorrentes da
interferência de regras fonológicas variáveis graduais,
nos textos dos meninos não houve nenhuma ocorrência e,
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
Meninos Meninas
2.1 - Interferência de regras fonológicas no falar estudado.
2.2 - Interferência de regras fonológicas variáveis graduais.
2.3 - Interferência de regras fonológicas variáveis descontínuas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 313
nos textos das meninas, houve 4 ocorrências. Na terceira
subcategoria, a dos desvios decorrentes da interferência
de regras fonológicas variáveis graduais, tivemos 4
ocorrências nos textos dos meninos e 2 ocorrências nos
textos das meninas.
A sala de aula na qual realizei a pesquisa era
bastante tumultuada e ativa, pois, além de ser o mês de
novembro, os alunos e professores haviam acabado de
sair de uma greve. Por isso, estavam tendo 6 aulas
diárias, inclusive aos sábados. Esses fatores
influenciaram na coleta dos dados, pois era difícil
controlar a agitação da turma e orientar sobre a atividade
que deveriam realizar. Apesar disso, a recepção sempre
calorosa da professora regente permitiu a aplicação da
Unidade Didática.
A turma na qual trabalhamos apresentou alguns
traços no seu comportamento, principalmente entre as
meninas. Das 14 meninas que preencheram o
questionário, 6 eram repetentes; do total de 9 meninos, 3
eram repetentes. Proporcionalmente, 42,85% das
meninas são repetentes, contra 33,33% dos meninos.
Observamos que, por não estarem na mesma faixa etária
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 314
da turma, havia um comportamento diferente ao realizar
as atividades, além das deficiências de conteúdos, que se
destacava. Conforme os dados já colocados acima, 2
tinham 15 ou mais, enquanto no grupo dos meninos a
idade máxima era a de 13 anos.
Além disso, o comportamento das meninas era
um pouco relutante em colaborar com as atividades.
Porém, apesar de aparentemente prestarem menos
atenção à explicação e às atividades, foi possível, com
uma didática específica, desenvolver um trabalho
produtivo, tendo levado a resultados positivos.
Considerações finais
Observando os dados coletados, podemos
observar que nossos objetivos foram alcançados, pois
pretendíamos levar os alunos a compreenderem as
regularidades e as irregularidades ortográficas da língua
portuguesa; a reconhecerem as representações
grafemáticas de uma mesma unidade sonora e a
identificarem as principais características e elementos do
gênero anúncio publicitário. Tais objetivos, conforme os
gráficos revelam, foram atingidos, considerando que, em
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 315
apenas uma das categorias não houve mudança de
número de ocorrências, em duas categorias tivemos
diminuição de ocorrências e em três tivemos completa
eliminação de ocorrências.
Assim, concluímos que um trabalho, como o que
foi realizado, é necessário e possível, pois, com
sistematização e retomada das regras, os alunos
compreenderam de forma mais completa as
irregularidades do código. Consideramos, ainda, que há
limites neste trabalho, levando em conta o tempo
destinado para a realização do Mestrado. Investigações
mais sistemáticas são, sem dúvida, necessárias.
Por meio dos dados, é possível observar que um
trabalho sistematizado com a variação linguística em sala
é necessário, considerando a modalidade oral e escrita da
língua.
Referências
BAGNO, Marcos. Sete erros aos quatro ventos: a
variação linguística no ensino do português. São Paulo:
Parábola, 2013.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 316
______. Nada na língua é por acaso: por uma
pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola,
2007.
______. A inevitável travessia: da prescrição gramatical
à educação linguística. In: BAGNO, Marcos; STUBBS,
Michael; GAGNÉ, Gilles. Língua materna: letramento,
variação e ensino. São Paulo: Parábola, 2002.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris; OLIVEIRA,
Tatiana de. Corrigir ou não variantes não-padrão na fala
do aluno? In: BORTONI-RICARDO, Stella Maris;
MACHADO, Veruska Ribeiro (Orgs.). Os doze
trabalhos de Hércules: do oral para o escrito. São
Paulo: Parábola, 2013. p. 45-79.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Do campo para a
cidade: estudo sociolingüístico de migração e redes
sociais. São Paulo: Parábola, 2011.
______. Métodos da alfabetização e consciência
fonológica: o tratamento de regras de variação e
mudança. Scripta, Belo Horizonte, v. 9, n. 18, p. 201-
220, 2010.
______. O professor pesquisador: Introdução à
pesquisa qualitativa. 2 ed. São Paulo: Parábola, 2008.
______. Nós chegemu na escola, e agora? São Paulo:
Parábola, 2006.
BUSSE, Sanimar. Língua portuguesa, diversidade e
ensino: uma análise de contextos multilíngues. In:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 317
Anais...Goiânia: Simpósio Mundial de Estudos de
Língua Portuguesa, 4, 2013, p. 191-197.
______. Um Estudo Geossociolinguístico da Fala do
Oeste do Paraná. 2010. 287 f. Tese (Doutorado em
Estudos da Linguagem). Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
______. Atlas Linguístico-Etnográfico da Região Oeste
do Paraná/ALERO: uma descrição preliminar do
movimento diatópico e diastrático da fala. SIGNUM:
Est. Ling., Londrina, v. 12, n. 1, p. 123-144, jul. 2009.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. 2.
ed. São Paulo: Scipione, 1994.
CUNHA, Ana Paula Nobre da. As segmentações não-
convencionais da escrita em textos de crianças brasileiras
e portuguesas: um estudo sobre prosódia. In: Anais...
Évora: Simpósio Mundial de Estudos de Língua
Portuguesa, 2, Évora, 2010. p. 80-96.
GAGNÉ, Gilles. A norma e o ensino da língua materna.
In: BAGNO, Marcos; STUBBS, Michael; GAGNÉ,
Gilles. Língua materna: letramento, variação e ensino.
São Paulo: Parábola, 2002. p. 163-243.
GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula.
Cascavel: ASSOESTE, 2008.
KATO, Mary Aizawa. No mundo da escrita: uma
perspectiva psicolinguistica. São Paulo: Ática, 1986.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 318
MOLLICA, Maria Cecilia. Fundamentação teórica:
conceituação e delimitação. In. MOLLICA, Maria
Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à
Sociolinguística. 4 ed. São Paulo: Contexto, 2010. p. 09-
14.
______. A formação em linguagem. In. MOLLICA,
Maria Cecília (ORG.). Linguagem: para formação em
Letras, Educação e Fonoaudiologia .São Paulo: Contexto,
2009. p. 70-79.
______. Da linguagem coloquial à escrita padrão. Rio
de Janeiro: 7Letras, 2003.
MOLLICA, Maria Cecilia; LOUREIRO, Fernando.
Aportes sociolingüísticos à alfabetização. In: Encontro
Nacional da Associação Nacional de Pós Graduação em
Letras e Linguística, 23., 2008, Goiânia, Anais...Goiânia,
2008, p. 1-12. Disponível em:
http://www.stellabortoni.com.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=969:apoatis_soiiolioguistiios_
%C3%A0_alfabitilzai%C3%A3o&catid=1:postartigos&I
temid=61. Acesso em 20 ago. 2015.
MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: este peculiar
objeto de conhecimento. In: MORAIS, Artur Gomes de.
O Aprendizado da Ortografia. Belo Horizonte:
Autêntica, 2007.
OLIVEIRA, Marco Antônio. Da forma sonora da fala à
forma gráfica de escrita: uma análise linguística de
alfabetização. Cadernos de estudos linguísticos,
Campinas, v.16, nº 16, p.5-30, jan./jun. 1989.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 319
OTHERO, Gabriel de Ávila. Processos fonológicos na
aquisição da linguagem pela criança. ReVEL, v. 3, n. 5,
p. 01-13, 2005.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
Diretrizes curriculares da educação básica: Língua
Portuguesa. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação
do Paraná, 2008.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 320
FORMAÇÃO LEITORA DOS ALUNOS DO
ENSINO FUNDAMENTAL: CONSIDERAÇÕES A
RESPEITO DOS INTRICAMENTOS E
DIVERGÊNCIAS ENTRE AS POSSIBILIDADES
TEXTUAIS OFERTADAS E A REALIDADE
LEITORA ENCONTRADA NO ESPAÇO
ESCOLAR1
Danyele Lizzi da Silva2
Davi Vaz Kievel3
Ilda Boligon Vedana4
Indaiá M. Kroth5
Martiniane A. Dutra da Costa6
Simone Alves de Souza7
Por que a escola tem relação com a formação leitora
dos alunos?
É de concordância geral que o espaço escolar é,
de fato, essencial para que crianças, jovens e adultos
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 3Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 4 Bolsista de Supervisão à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 5Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 6Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 7Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 321
tenham conhecimento crítico bastante para que possam
lutar por seus direitos e para contribuir com o
desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária. Uma
sociedade letrada é sinal de progresso e libertação das
amarras da ignorância que é o adubo que faz florescer as
intolerâncias sociais. Entende-se nesse conceito que é
pertinente à escola proporcionar um ambiente favorável
ao desenvolvimento do aluno enquanto leitor crítico,
capaz de argumentar, defender e refutar ideias e ideais.
Este capítulo pretende levantar considerações e
questionamentos a respeito de quais propostas de leituras
são oferecidas em sala de aula, usando como base de
análise dois livros didáticos, e as perspectiva de leitura na
escola segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais e
as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica
(BRASIL, 1998), em comparação com quais são as
expectativas de leitura dos alunos pertencentes ao
segundo ciclo do Ensino Fundamental.
Para muitos leitores experientes o gosto pela
leitura veio de forma natural, podemos chamar esses de
leitores autodidatas. Não é incomum, nesses casos, que a
linha divisória entre aprender a ler e o gostar de ler seja
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 322
tênue. Contudo, estamos longe de afirmar que a maioria
dos leitores possam ser considerados experientes, quando
se trata de leitores que não fazem parte do espaço
acadêmico, a realidade com a qual estamos habituados é
de uma maioria que lê de maneira casual.
Assim, chegamos ao seguinte questionamento:
por que ler? O que faz com que essa habilidade seja tão
fundamental? Entende-se que dominar e ter contato com
boas leituras, sejam elas críticas ou de cunho literário
clássico, é importante para aprimorar a habilidade de
comunicação, de maneira escrita ou na oralidade. Uma
vez que todos os processos de interação e comunicação
envolvem níveis de leitura, seja de maneira simples, no
cotidiano ou em espaços formais, é fundamental ressaltar
que a leitura é defendida como componente
importantíssimo para o desenvolvimento de criticidade,
da capacidade de argumentar e defender um ponto de
vista e principalmente no que concerne ao próprio
crescimento pessoal.
Pensando na formação desses leitores é que
somos levados ao espaço escolar, principal responsável
pelo desenvolvimento dessa formação leitora, uma vez
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 323
que acompanha e desenvolve os processos de
alfabetização, leitura e escrita. Cabe aqui propor uma
reflexão a respeito dessa aquisição de conhecimento, qual
seria o papel da escola nessa construção do leitor e quais
são os textos usados nas propostas de leituras?
Segundo Freire (1990), a leitura do mundo
precede a leitura da palavra e ocorre nos primeiros anos
da infância, refletindo o espaço em que a criança está
inserida, a casa, a família. A leitura sempre vai ao
encontro com a maneira como o leitor se identifica no
mundo, é por esse motivo que o aluno sente vontade de
ler aquilo que conversa com seu ambiente, sua família,
seus gostos e valores. Esse parâmetro não muda, mesmo
na adolescência até a fase adulta a procura é por leituras
que reflitam os conflitos pessoais próprios da idade.
O trabalho na escola, principalmente pensando
nos anos iniciais do ensino fundamental, deve levar em
consideração essa necessidade de identificação que os
alunos possuem no momento em que escolhem suas
leituras. O que se nota é um grande desfalque nesta
formação leitora, em que na verdade de maneira geral se
enxerga os estudantes como não-leitores, considerando
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 324
que não ler clássicos ou textos complexos, os exclui de
serem considerados como leitores.
Para entender o porquê algumas vezes chega-se a
essa conclusão de maneira equivocada, considerar-se-á
qual é a visão de leitura presente na escola, usando como
base os seguintes documentos: Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica e os Parâmetros
Curriculares Nacionais.
A leitura sob o olhar coletivo
Procura-se compreender, primeiramente, de que
maneira o processo de leitura é encarado no espaço
escolar usando como base os documentos orientadores
vigentes em âmbito nacional.
Conforme as recomendações dos PCNs (1998), é
necessário excluir a visão de leitura como um simples
modo de decodificação de códigos, em que o leitor não é
capaz de compreender os sentidos do texto. Esse texto
deve propiciar ao aluno um vasto contato com diversos
tipos de linguagens e contextos, contribuindo para o
desenvolvimento da leitura, auxiliando assim a formação
do sujeito.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 325
O leitor precisa saber distinguir se as informações
são claras ou não, construindo hipóteses sobre o título e
saber fazer o uso de inferências, a partir de
conhecimentos prévios que possuem sobre o assunto
tematizado. Deve-se também ter uma boa prática de
leitura, propiciando resultados eficientes, tendo em vista
o contato e a interação com diversos textos.
Para que a formação de leitores dentro do
ambiente escolar seja efetiva, é necessário que alguns
passos sejam seguidos. Segundo os PCNs (BRASIL,
1998), deve haver nas escolas, bibliotecas com livros de
gêneros variados à disposição dos alunos para consulta
ou empréstimo. Além disso, o professor deve permitir
que os alunos escolham suas leituras e que os leia de
maneira livre, respeitando seu tempo e espaço.
Segundo as propostas das Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica/DCES (PARANÁ, 2000),
deve-se tratar a língua como viva, dialógica e em
constante movimento, sempre levando em conta o
contexto linguístico familiar do aluno, trabalhando os
conceitos necessários para o uso da norma escrita padrão,
não se pode desconsiderar as diferentes práticas sociais.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 326
Sob a perspectiva do documento, o ensino-
aprendizagem de Língua Portuguesa deve ter como
objetivo o aprimoramento dos conhecimentos científicos
e discursivos dos alunos. Para que ocorra o processo de
letramento é necessário que se encare a língua como
múltipla, uma manifestação coletiva de opiniões diversas.
Essa visão deve respaldar o trabalho com a leitura, na
seleção de materiais e textos e nas atividades.
Segundo Bakhtin (1999), a compreensão do texto
vai além de seus limites formais, não sendo apenas fixo,
mas sim dotado de sentidos que se integram em diálogos.
No contato com o texto, deve-se ter a compreensão de
que a língua é um instrumento de poder, e a capacidade
de usá-lo de forma crítica é uma maneira de assenhorar-
se de seus direitos.
É no âmbito escolar que esse trabalho crítico deve
ter seus primeiros passos, direcionando o trabalho com
leituras e textos que não sejam exclusivamente elitistas,
mas sim que estejam imersas na realidade social. O
documento ressalta que não é proposto o abandono do
conhecimento gramatical, e incentiva-se o uso de normas
fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 327
Quanto às práticas discursivas, o documento
ressalta três aspectos; oralidade, escrita e leitura. A
oralidade, apesar de não ser valorizada em sala de aula,
deve ser o ponto de partida para dar-se início ao processo
de alfabetização, leitura/escrita, pois a criança quando
chega à escola, já domina a oralidade.
No que concerne à leitura, as Diretrizes
Curriculares Nacionais entendem esse processo como um
ato dialógico, interlocutivo, envolvendo diversos grupos,
económicos ou sociais, que envolvem âmbitos familiares,
culturais, religiosos, etc. O trabalho com a leitura em sala
de aula deve levar em consideração a realidade
apresentada no texto e a realidade vivida pelo
interlocutor, fazendo com que haja uma ponte que
permita diminuir o distanciamento do texto em sala.
Candido (1972) atribui à literatura três funções: a
psicológica, a formadora e a social. A primeira, permite
ao homem a fuga da realidade. Na segunda, a literatura
por si só faz parte da formação do sujeito. A função
social, por sua vez, é a forma como a literatura retrata os
diversos segmentos da sociedade, é a representação
social e humana.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 328
Sugere-se nas DCNs que o ensino da literatura
seja pensado a partir de pressupostos que busquem
formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que
sentiu. As lacunas apresentadas no texto devem ser
preenchidas com as informações possuídas pelo
interlocutor, fazendo com que sua experiência de mundo
de sentido ao texto.
Além dos PCNs e das DCNs, na tentativa de
também observar quais propostas de leituras estão sendo
oferecidas em sala de aula, consideram-se aqui dois
livros didáticos de Língua Portuguesa de 6º e 7° ano do
Ensino Fundamental.
O capítulo um do livro, indicado ao 6°ano, inicia
com a apresentação do texto As Três Penas, de Jacob
Grimm (1989). O conto narra a história de um rei que
propõe um desafio aos três filhos, a fim de saber quem
herdará o trono. Para isso, lança três penas ao ar e pede
que cada filho siga a direção de uma das penas, e vencerá
quem trouxer o tapete mais fino. O filho mais jovem, por
ser bobo, acaba por ficar com a pena que caiu no chão,
porém, por sorte, encontra uma entrada secreta que o leva
até um sapo mágico que o entrega o tapete. Vários novos
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 329
desafios são impostos pelos irmãos mais velhos, pois o
filho bobo sempre vencia. Até que pediram ao pai o
desafio de encontrar a moça mais bonita, que pulasse
mais longe. O sapo mágico transforma um sapinho em
uma linda mulher e novamente o filho mais novo vence.
“[...] Diante disso os dois irmãos mais velhos tiveram de
reconhecer a sua derrota. Boboca herdou a coroa e
reinou pelo espaço de muitos anos com toda a
sabedoria”.
Após a leitura, é proposto um estudo do texto por
meio da compreensão e interpretação, com perguntas
relacionadas ao contexto, as quais permitem ao aluno
expressar opiniões, analisando o texto por meio de
imagens e observando sua construção, como estrofes,
versos e tipos de frase, com uma breve explicação com
exemplos.
Ainda no primeiro capítulo é recomendado, para a
realização das questões de Cruzando Linguagens, assistir
ao filme O Jardim Secreto, 1993; um filme com direção
de Agnieska Holland, com base no livro de Frances
Burnett. A história se passa no início do século XX; a
protagonista, uma menina que acaba de perder os pais,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 330
Mary, desembarca na Inglaterra, para viver com o tio
viúvo, um lorde que tinha apenas um filho que nunca sai
do quarto; os dois viviam em uma mansão feita de pedra,
madeira e metal na qual existem segredos. Mary era uma
criança mimada que é disciplinada pela rigorosa e fria
governanta da mansão. A menina, até então sozinha,
passa a explorar a propriedade, descobrindo um jardim
abandonado e decide restaurar o lugar com a ajuda do
filho de um dos funcionários da casa, conquistando assim
a atenção do primo doente.
Na sequência, é proposta a leitura do conto
maravilhoso O Patinho Bonito, de Marcelo Coelho
(1989), cuja temática se aplica ao contexto atual. A
unidade finaliza com uma sugestão de produção textual
em que são apresentados elementos de contos
tradicionais com quebra de um desses, como em: menina,
avó, lobo e helicóptero. A intertextualidade presente nas
atividades permite um trabalho eficiente na formação
leitora e escrita, se o professor estabelecer conexões
entre o ponto de partida do aluno e a perspectiva de
apropriação da língua padrão.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 331
O primeiro capítulo do livro de 7°ano apresenta o
texto Asclépio, de Heloisa Prieto (2009). O texto conta a
história de Asclépio, deus da medicina na mitologia
grega. Apolo apaixonou-se por Corônis e logo tiveram
um filho, mas durante a gestação ela se apaixonou por
um mortal, o jovem Ischys. Quando Apolo soube da
traição, sentenciou Corônis à morte. No momento em que
ela estava sendo colocada sobre a pira para ser queimada,
Apolo arrancou do seu ventre o menino ainda vivo.
Assim nasceu Asclépio confiado ao centauro Kiron que
lhe ensinou a medicina. O menino crescia e, com o
tempo, adquiriu uma grande habilidade na medicina,
descobrindo através de Atena uma maneira de ressuscitar
os mortos com o sangue da Medusa, que continha o
violento veneno do lado esquerdo e o sangue do lado
direito de devolver à vida; Asclépio utilizava apenas o
sangue para devolver a vida aos mortos. Mas a maestria
de Asclépio tornou-se perigosamente grande e começou a
ressuscitar os mortos. Zeus, por influência de Hades, o
matou com um raio. Apolo colocou o seu filho entre as
estrelas e o divinizou. Assim Asclépio é um Deus que
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 332
não está no Olimpo, mas caminha entre os homens
ensinando a medicina e aliviando-os das doenças.
Os dois materiais didáticos analisados trazem
propostas que, apesar de não serem necessariamente
atuais, apresentam relação com temas envoltos no
cotidiano e temática adolescente. Os capítulos são
contemplados com referenciais recentes, como charges e
filmes.
Para que essas sugestões sejam aproveitadas, cabe
ao professor fazer uma seleção ponderada a respeito de
que obra utilizar e, sobre o que e de qual maneira discutir
a leitura. Desta forma, o educador pode, até mesmo, criar
pontes que relacionem o texto trabalhado com outros
assuntos, fazendo com que a possibilidade de debater
assuntos do cotidiano dos alunos se torne real. Assim, o
livro didático se torna, não uma muleta salvadora, mas
sim um apoio que pode servir de direcionamento para o
trabalho em sala de aula, uma vez que desenvolve de
maneira eficiente as sugestões de leitura, interpretação e
senso crítico.
Não é equitativo considerar o material didático
somente como desatualizado, limitador e sem
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 333
aprofundamento. Existem bons e maus livros, mas é certo
que é possível fazer um bom trabalho com textos
considerados ruins, ser capaz de promover discussões e
reflexões a respeito de um texto são estratégias
importantíssimas em sala de aula.
As sugestões indicadas nos dois livros didáticos
considerados, apresentam adequação no que se refere à
faixa etária, não trazem um linguajar demasiado
complexo e possibilitam que o professor discuta
diferentes temas relacionados com os textos. Não são
necessários grandes recursos para incrementar as
atividades em sala e despertar o interesse e curiosidade
dos alunos. É praticável usar os recursos que nos sãos
fornecidos no espaço físico escolar, por exemplo o uso de
textos na internet, competições entre grupos, contação de
histórias, momento do aluno na biblioteca, debates
argumentativos, entre outras inúmeras possibilidades.
As propostas de textos apresentados no livro são
importantes, porém, cabe ressaltar que a inserção dessas
atividades apenas complementa a aula do professor, que é
o mediador e se faz importante na construção do interesse
no aluno em ler e participar das questões que sugere no
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 334
livro. O livro didático analisado está dentro da sala de
aula há anos e permanece até os dias atuais, trabalha com
diferentes gêneros textuais e apresenta uma sequência de
atividades que serve de guia para as aulas de português.
Atividades e debates a respeito da leitura, fazem
com que o aluno tenha a possibilidade de expandir seu
conhecimento. Além disso, as sugestões de outros
livros/filmes que se relacionam com o tema estudado,
também podem ampliar a visão de mundo dos alunos,
ajudando-os a associar os assuntos. Para isso,
incentivasse a realização de debates na tentativa de
relacionar o texto com a realidade, trazendo à tona
debates que visam discutir a opinião deles sobre os
assuntos.
Para trabalhar com esses textos, após falar o
título, pode-se questionar os alunos sobre o que eles
acreditam que o texto trata, fazendo assim uma
inferência, induzindo-os a deduzir sobre como será o
enredo. Ao finalizar a leitura, apresentar uma atividade
de familiarização com texto, que estimula a criatividade e
imaginação dos alunos, fazendo com que estes inventem
outros finais para a história. A existência de outras
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 335
propostas de leitura cria a possibilidade de trabalhar com
intertextualidades.
Descortinando o uso do texto
É certo que não se ensina em sala de aula da
mesma maneira como uma década atrás, a mudança de
gerações é muito expressiva e tem um peso significativo
no trabalho do professor, por isso, sempre é ressaltada a
necessidade de atualizações. É fundamental mais do que
dominar os conteúdos específicos, é necessário também
estar atento a maneira como o ensino deve ser
direcionado para se obter melhores resultados. Pensando
nas características próprias de cada turma ou grupo de
aluno é que os textos a serem considerados em sala de
aula devem ser escolhidos,
A leitura vai [...] além do texto [...] e
começa antes do contato com ele. O
leitor assume papel atuante, deixa de ser
mero decodificador ou receptor passivo.
E o contexto geral em que ele atua, as
pessoas com quem convive passam a ter
influência apreciável em seu
desempenho na leitura (MARTINS,
2006, p. 32- 33).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 336
Um professor que é um bom leitor será capaz
possibilitar aos alunos um bom trabalho com o texto, seja
ele simples ou complexo. Permitindo que os alunos sejam
apresentados a leituras dotadas de contextos e
entendendo que ser indecifrável não é o que qualifica um
texto. Pelo contrário, é preciso escolher textos que
tenham muito a dizer ao maior número de leitores.
Segundo Lajolo (2009), “As experiências de leitura que a
escola deve patrocinar precisam ter como objetivo
capacitar os alunos para que, fora da escola, lidem
competentemente com a imprevisibilidade as situações
de leitura exigidas pela vida social”. (2009, p.17)
Passar a entender o que é lido abre caminhos para
que a formação leitora seja consolidada sem os
sofrimentos tão frequentes. Ler só por ler, sem contexto
ou finalidade, textos que não conversem com a realidade
dos alunos apenas faz com que seja ainda mais difícil
encaminhá-los ao gostar de ler e a entender o porquê ler.
É preciso que o processo de leitura seja mais do
que decodificar frases. Ler não é decifrar como um jogo
de adivinhações, o sentido de um texto. O aluno deve ser
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 337
capaz de atribuir significação a partir do texto e
relacioná-lo a outros textos significativos.
Quais perspectivas os alunos têm sobre leitura
A partir dessas considerações parte-se para os
dados coletados em sala de aula, no que diz respeito aos
gostos e preferências que possuem os alunos em idade
escolar. Para isso, foram usadas as informações coletadas
com alunos de 6° e 9° anos do Colégio Estadual Marilis
Faria Pirotelli. Por se tratar de colégio localizado na
região central de Cascavel -PR, conta com uma variedade
grande de alunos que são transferidos todas as semanas e
que pertencem a regiões distintas da cidade.
A prática diária em sala de aula permite aos
professores perceberem que, ao ingressar no Ensino
Fundamental II, os alunos leem narrativas curtas e
ilustradas com facilidade e certa frequência; a imagem
ainda é muito importante na compreensão e sedução dos
pequenos leitores; poemas, contos, fábulas e histórias em
quadrinhos fazem parte do cotidiano deles. No entanto,
conforme as narrativas vão se tornando mais densas e
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 338
menos coloridas, maior se torna a distância entre eles e os
livros.
Para compreender melhor o contato dos
estudantes do Ensino Fundamental II, nessa escola,
optou-se em questionar alunos da série inicial (6º) e final
(9º) mantendo um diálogo com eles sobre o hábito de
leitura e sua importância na formação do indivíduo.
Um questionário aplicado a 57 alunos do 6º ano
revelou que 87% deles gostam de ler. Em suas
justificativas disseram que por meio da leitura é possível
viajar, sonhar e viver aventuras; é possível aprender
coisas novas, palavras e histórias; ler inspira, estimula a
criatividade e a imaginação; é possível “carregar”
imagens do livro, mesmo que o livro não tenha figuras.
Já os 13% que alegaram não gostar de ler disseram que
acham chato, sentem preguiça e preferem “mexer” no
celular.
Notou-se ainda que suas preferências são por
títulos e capas alegres, que sugerem aventuras por
mundos mágicos, como em O pequeno príncipe, de Saint
Exupéry e, permeados de seres com superpoderes como
os presentes em Mangás, histórias em quadrinhos
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 339
japonesas. Há também alunos que gostam de mistérios,
lugares sombrios e distantes da realidade, que despertam
o medo e a curiosidade, como A hora do espanto, de Tom
Holland. Porém, situações do dia a dia de um estudante
adolescente como eles, retratadas na coleção Diário de
um Banana (2007), de Jeff Kinney, gênero infanto-
juvenil, está entre os preferidos, além de Querido Diário
Otário (2011), de Jim Benton, o que mostra um interesse
atual crescente por aspectos do mundo real deles e pela
identificação com a vida das personagens.
Dos cerca de 80 alunos do 9º ano, última série do
Ensino Fundamental II, ao serem indagados sobre seus
gostos quanto à leitura, 48% deles afirmaram que gostam
de ler. Para eles, há um imenso universo de histórias para
se conhecer e viver; compararam a leitura a uma viagem
a qual permite ao leitor deslocar-se no tempo e espaço,
“como uma fuga da vida cotidiana”, “como se pudesse
viajar por outros mundos, conhecer novas culturas,
pessoas, novas histórias, sem sair do lugar”. Também
expressaram que a leitura ajuda a ter novas ideias e a
melhorar a escrita, o que mostra certa maturidade em sua
formação leitora.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 340
Seus gostos são por livros que narram ficção
científica, suspense e mitologia, sendo a série Percy
Jackson, de Rick Riordan (2008) a mais citada entre os
livros preferidos deles. Eles parecem se entregar ao ato
de ler, sem resistência, como cita uma aluna “sinto que
quando eu leio estou em outro mundo e eu adoro essa
sensação”.
No entanto, mais de metade dos alunos, 52%,
assumiram que não gostam de ler ou gostam um pouco e,
quando o fazem, escolhem livros mais finos, que
aparentam ser mais fáceis. Alguns disseram não ter
tempo para isso, outros que sentem sono ao ler, que não
conseguem se concentrar, admitem não ter interesse ou
paciência para isso.
Esses alunos, ao serem questionados sobre os
títulos lidos e mais apreciados, excluindo alguns que
disseram jamais haver terminado de ler um livro, citaram
livros com dramas reais como A culpa é das estrelas, de
John Green (2012), que relata uma história de dois jovens
com câncer que se apaixonam; O Menino do pijama
listrado, de John Boyne (2006), história ambientada na
Segunda Guerra Mundial que narra o surgimento da
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 341
amizade entre dois meninos, um alemão e um judeu, e
Quero ser belo, de Tania Alexandre Martinelli (2003),
que trata a respeito do tema da anorexia. Vários também
citaram O diário de um Banana, como os alunos do 6º
ano.
Um dado relevante é que, em ambas as séries, são
livros atuais que lhes interessam, ainda que possam ser
influência da mídia. Não há citações a clássicos da
Literatura Brasileira, seja por ignorá-los ou por não os
apreciar, embora Monteiro Lobato seja comumente visto
em empréstimos semanais dos alunos de 6º ano.
Percebe-se, portanto, que ao iniciar o Ensino
Fundamental II, 6º ano, embora a maioria dos alunos
ainda apresente interesse pela leitura, gradativamente,
nas séries seguintes, eles vão substituindo esta atividade
por outras, como acesso a redes sociais e encontros com
amigos, visto que passam a ter mais mobilidade e
independência. A televisão, seja aberta ou paga, também
os envolve e tira-lhes o tempo que poderia ser dedicado à
leitura. Outros adolescentes, ainda, passam a ter mais
responsabilidades como cuidar do irmão mais novo,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 342
desempenhar tarefas domésticas e até auxiliar na
economia da família trabalhando informalmente.
Instalam-se, então, novos interesses para os
alunos e novos desafios aos professores. Não é fácil
incentivar a leitura, mas é imprescindível fazê-lo, embora
as turmas sejam tão diversas social e culturalmente. Faz-
se necessário compreender o universo do adolescente
para encontrar algo que o vincule ao ato de ler com
efetivo envolvimento intelectual.
Por outro lado, pode-se dizer que os adolescentes
não estão tão distantes assim da leitura ainda que de
modo mais informal, visto que leem mensagens de
Whatsapp, Messenger e Facebook sobre os aspectos
corriqueiros de suas vidas. Não é recente o discurso de
que as novas gerações são as que mais fazem leituras.
Pela grande quantidade de informações que podem ser
facilmente encontradas na internet, podemos dizer que
nunca estivemos tanto em contato com textos como
antes. São textos curtos e simples, comentários e
respostas, mas são formas de leitura do cotidiano atual.
Talvez seja importante ressaltar esse olhar sobre o
mundo real que prevalece nos gostos dos alunos não
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 343
leitores. Estão conectados em seus mundos particulares e,
possivelmente, buscam uma identificação com suas vidas
nas narrativas literárias. A vida pode lhes ter tolhido o
gosto pelo imaginário, o místico e a catarse sobre seus
próprios problemas talvez seja o que buscam nos livros.
Dificuldades e caminhos
Mas quais são as possibilidades que o professor
em sala de aula pode fazer para que os alunos que não se
identificam como leitores despertem interesse nessa
atividade que é necessária para a apropriação e
compreensão do conhecimento científico nas mais
diversas áreas? Devemos considerar a escola responsável
por esse gradual desinteresse nas práticas de leitura ou
entender esse processo como natural?
Uma atividade que tem se mostrado interessante
para alunos tanto do 6º quanto do 9º ano é a leitura
coletiva de narrativas longas em sala. Com vários livros
do mesmo título, sejam novelas ou romances, ler com os
alunos ajuda-os a concentrar-se e acompanhar o enredo,
garantindo uma compreensão mais efetiva. As reflexões e
discussões orais provocadas no desenrolar dos capítulos
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 344
vão estabelecendo conexões e o aluno não leitor vai se
prendendo à história.
Essa prática positiva revela que a escola não pode
se eximir da culpa de desfavorecer, em certos aspectos, o
afastamento do aluno para com a leitura, admitindo-o
como processo natural. Embora, fatores culturais, sociais
e competências individuais interfiram nessa mudança de
perspectiva sobre o ato de ler, os professores devem ser
incansáveis na busca por atividades criativas que
resultem na formação leitora de seus alunos.
Insistir no contato do aluno com a Literatura, seja
atual ou clássica, ainda que pareça difícil, é
imprescindível para que ele se efetive como leitor. Boas
leituras propiciam gradativamente uma linguagem mais
elaborada, um vocabulário mais rico e uma visão de
mundo mais ampla, conhecimentos necessários para a
formação escrita, sem necessidade de exercícios
gramaticais repetitivos que, descontextualizados, tornam
o aprendizado enfadonho e ineficiente.
É essencial manter-se em mente que não é
possível obrigar alguém a se tornar um leitor, o gosto
pela leitura e o entendimento de suas minúcias surge de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 345
maneira gradual. O professor, na tentativa de auxiliar o
transcorrer desse processo de formação leitora, deve ter o
papel de mediador na tentativa de conduzir o aluno ao
encontro de seu próprio gosto pessoal e individual. Não é
por meio da imposição de textos tidos como clássicos que
o aluno desenvolverá apreço por ler.
Vale ressaltar ainda que uma opção para o
trabalho em sala de aula com leituras é fazer bom uso das
ferramentas tecnológicas, aproximando o contato diário
dos estudantes com os conteúdos em sala de aula. Usar
da tecnologia em sala de aula permite trazer opções mais
lúdicas do que o simples trabalho com o texto impresso, é
possível dessa maneira usar músicas que façam
referência ao material textual, cenas de filmes, imagens,
atividades que contemplem habilidades de atenção e
raciocínio, entre outras. Esse é um dos caminhos em que
é possível levar o aluno a sentir-se instigado a ler.
Entretanto, é importante possuir consciência da
dificuldade desse processo. Tornar o aprendizado menos
enfadonho é um compromisso nobre e desafiador que
alguns encaram como uma barreira que torna o trabalho
em sala de aula lento e ineficiente. Não é uma novidade a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 346
dificuldade do ensino e a facilidade com que uma sala de
aula pode se tornar um verdadeiro campo de batalha. É
nessa dificuldade que devemos refletir a respeito,
levando em conta que cada escola e aluno tem suas
particularidades e é necessário um planejamento
consciente, dos conteúdos e encaminhamentos, para que
questões importantes a respeito do ensino não passem
despercebidas em um trabalho mecânico de
simplesmente “dar aula”.
É preciso que o professor saiba a relevância da
formação leitora, não deixando que esse processo ocorra
de maneira descuidada e ao acaso. A escola para muitos é
o principal lugar de contato com textos, senão o único,
por isso não se pode deixar que a formação leitora ocorra
de maneira irrefletida. Uma vez que a formação escrita
depende de maneira direta desse perfil leitor que o aluno
vai adquirir na escola. Uma boa escrita, dotada de sentido
e crítica, só é formada a partir da experiência e contato
com textos.
Contudo, é preciso ter uma delimitação clara entre
a distinção uso do texto para a formação leitora e escrita
do aluno. Facilmente essas duas coisas podem se
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 347
confundir, o que nos leva a importante reflexão já
mencionada aqui; o texto não deve ser usado apenas
como um direcionamento de atividades relacionadas ao
processo de escrita. É fundamental que o ler não seja
apenas um processo automático de decodificação, porque
isso faz com que a leitura seja dissociada de seus
significados e o texto perca boa parte de seu sentido.
Nesse processo de entender o que o texto quer
dizer é que vamos de encontro com discussões que estão
em voga atualmente, muito se discute sobre a
importância do professor não levar uma opinião para sala
de aula, porém, nenhum texto pode ser considerado
neutro. É impossível que isso ocorra uma vez que todo
texto tem em si mesmo uma função, um objetivo e por
isso, também uma opinião, seja ela explícita ou não. O
que deve acontecer é que em sala o professor leve um
leque variado de opiniões e opções e permita que o aluno
construa seu perfil leitor. Nesse sentido, o professor tem
o papel de encaminhar essas leituras, organizá-las de
maneira coerente, respeitando as características da turma
e fazer o possível para tornar essa leitura instigante.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 348
Esse é um dos muitos desafios que o professor
encontra, posto que, por vezes, a escola parece ir de
encontro aos interesses do aluno e, frequentemente, não
corresponde às suas expectativas. Por isso, recomenda-se
que esse distanciamento entre o interesse do estudante e
os textos e leituras usados em sala seja diminuído. Não
se tenta aqui propor uma solução definitiva para o
problema de leitura na escola, o que se sugere é uma
reflexão a respeito de como é possível dar voz aos
alunos, ouvindo seus interesses e deixando com que os
problemas e conflitos próprios da idade não sejam
ignorados. Esse é um dos caminhos para chegar até o
aluno e conseguir com que ele não leia simplesmente por
obrigação, mas que entenda a importância deste ler.
Não cabe ao professor, sozinho, solucionar todos
os conflitos e problemas encontrados em sala, mas é
importante que estejamos atentos e, principalmente,
conscientes de quais impasses e dilemas enfrentamos e
de quais são nossas alternativas no percurso da docência.
Referências
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 349
BRASIL. Ministério da Educação. CNE/CEB. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
Brasília, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade
para a Educação Infantil. Brasília, 2006b.
CEREJA, Willian Roberto; MAGALHAES, Thereza
Cochar. PNLD 2017/2018/2019. Editora Saraiva. 9ªed.
Reformulada, São Paulo, 2015.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São
Paulo: Cortez, 1990.
PRIETO, Heloísa; EUGÊNIA, Maria. Divinas
Desventuras - Outras Histórias da Mitologia Grega. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2009. p. 27.
GRIMM, Jacob. Os Contos de Grimm. Tradução de
Tatiana Belinky. São Paulo: Paulus, 1989. p. 161-3.
LAJOLO, Marisa. O texto não é pretexto: será que não é
mesmo? In: ZILBERMAN, Regina; RÖSING, Tania
(Org.). Escola e leitura: velha crise, novas alternativas.
São Paulo: Global, 2009. p. 17-40.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo:
Brasiliense, 2006.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 350
O TRABALHO COM A ESCRITA E SUA
RESSIGNIFICAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE CONHECIMENTOS
LINGUÍSTICOS, ARGUMENTATIVOS E
DISCURSIVOS1
Edileusa de Fatima Vaz2
Larissa da Silva Fontana3
Maria Auxiliadora de Miranda4
Melissa Gatto Regonha5
Rosemari de Oliveira de Jesus Dassoler6
Tatiane Cristina Becher7
Tathiane Cristino8
Sanimar Busse9
Palavras iniciais
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 3Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 4 Bolsista de Supervisão à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 5Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 6Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 7Voluntária de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 8Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 9 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 351
Neste capítulo apresentamos algumas reflexões
sobre o trabalho com a escrita, considerando as
orientações em documentos oficiais, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais/PCNs (BRASIL, 1998),
discussões teóricas sobre gêneros, argumentação,
discurso, escrita e análise de alguns encaminhamentos.
Partimos de reflexões em torno dos gêneros
textuais, as quais partem da compreensão de que o
desenvolvimento da competência linguística está
relacionado à capacidade de interagir e posicionar-se
diante dos diferentes discursos. Considera-se, portanto, o
estabelecimento de movimentos argumentativos baseados
no devido domínio das formas de expressão da língua,
conforme Bakhtin (2002).
Segundo Busse (2007), o trabalho com a leitura e
a produção textual é desenvolvido nas aulas de língua
portuguesa como atividade deslocada do uso da língua
em situações reais de interação. Este trabalho
fragmentado e muitas vezes distante da função social da
língua tem como prática rotineira a reprodução e
incorporação de conhecimentos que, ao colocar professor
e aluno no papel de objetos do processo, acabam por
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 352
frustrar possíveis ações que poderiam instigar o espírito
criativo e investigativo.
Para Geraldi (1993, p. 127):
Aprender a língua seja de forma natural
no convívio social, seja de forma
sistemática em uma sala de aula, implica
sempre reflexão sobre a linguagem,
formulação de hipóteses sobre a
constituição e funcionamento da língua.
Quando nos envolvemos em situações
de interação há sempre reflexão
(explícita ou não e neste caso
automática) sobre a língua, pois temos
de fazer corresponder nossas palavras às
do outro para nos fazer entender o outro.
As interações sociais balizam o uso que se faz
sobre a língua. Ou seja, trata-se de compreender o
funcionamento da linguagem a partir das condições que
atuam sobre aquela situação de interação. No que se
refere à escrita, o aluno precisa aprender a se deslocar do
texto escolar para o ambiente real de comunicação,
conforme Busse (2013).
Busse (2007), em uma pesquisa realizada com
materiais didáticos utilizados no Ensino Fundamental e
Médio, verifica uma tentativa frágil e precária de
estabelecer estratégias de interlocução em eventos sociais
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 353
de comunicação, contudo, não há uma ação que possa
levar o aluno a atuar como “interlocutor”, pois as
atividades redundam na compreensão linear da temática
do texto. Ou seja, não um trabalho que considere o texto
no seu contexto de produção, tão pouco, na sua função
social.
Tendo em vista que a escrita durante a formação
escolar se organiza em torno de práticas, Geraldi (1997)
faz a distinção entre redação e produção textual, na
primeira produzem-se textos para a escola, enquanto na
segunda, o texto é produzido na escola. Em termos
práticos tal distinção pode significar uma prática
relacionada ao comprimento de tarefas, cujo o foco é a
reprodução de um texto próximo ao que a escola
considera ideal, enquanto no segundo tem-se uma
produção linguística efetuada a partir de um contexto
escolar, mas que pode voltar-se para a realidade e as
práticas sociais de utilização da linguagem.
Martins (1997) destaca que leitura e escrita não
são algo nato ao ser humano. São dimensões que se
recriam a cada conexão com práticas reais de interação.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 354
Martins se vale da psicanálise para refletir sobre os
impulsos que marcam a experiência leitora:
A psicanálise enfatiza que tudo quanto
de fato impressionou a nossa mente
jamais é esquecido, mesmo que
permaneça muito tempo na obscuridade
do inconsciente. Essa constatação
evidencia a importância da memória
tanto para a vida quanto para a leitura.
Principalmente a da palavra escrita – daí
a valorização do saber ler e escrever -, já
que se trata de um signo arbitrário, não
disponível na natureza, criado como
instrumento de comunicação, registro
das relações humanas, das ações e
aspirações dos homens; transformado
com frequência em instrumento de poder
pelos dominadores, mas que pode
também vir a ser a liberação dos
dominados (MARTINS, 1997, p. 19).
As Diretrizes Curriculares/DCEs destacam a
experiência individual da leitura para a formação do
leitor. Ou seja, é o descobrir-se no texto e no própria ato
de ler:
Compreende-se a leitura como um ato
dialógico, interlocutivo, que envolve
demandas sociais, históricas, políticas,
econômicas, pedagógicas e ideológicas
de determinado momento. Ao ler, o
indivíduo busca as suas experiências, os
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 355
seus conhecimentos prévios, a sua
formação familiar, religiosa, cultural,
enfim, as várias vozes que o constituem
(PARANÁ, 2008, p. 56).
Para Ferreiro (1996), a leitura e a escrita são
sistemas construídos simultaneamente. Sabe-se que um
bom leitor é, consequentemente, um bom escritor. Pois,
um indivíduo que tenha um contato significativo com o
processo da leitura irá internalizar, com mais facilidade, a
forma padrão do código escrito.
Segundo os PCNs (1998), na produção de textos
escritos o autor necessita harmonizar uma soma de
aspectos como: o que dizer, a quem dizer e como dizer.
Em relação ao aluno espera-se que ele domine esses
aspectos no momento da produção, porém para que isso
ocorra se faz necessário organizar uma série de
atividades que possa ensiná-lo a escrever. Com isso o ato
de escrever se torna menos complexos e tanto a primeira
escrita quanto a refacção se torna mais fáceis.
Uma possibilidade que fará o estudante tornar-se
mais íntimo com a produção são as reproduções, as
paráfrases e os resumos. Esses meios proporcionam ao
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 356
aluno melhorar a coesão e o incorpora no aspecto “como
dizer”.
Conforme destaca Geraldi (1997),
o texto nunca está acabado, pois o
produto do trabalho de produção se
oferece ao leitor, e nele se realiza a cada
leitura, num processo dialógico. A
produção deste leitor é marcada pela
experiência do outro, autor, tal como
este, na produção do texto que se oferece
à leitura, se marcou pelos leitores que,
sempre, qualquer texto demanda. Desta
forma, o texto é o lugar de interlocução,
encontro. O texto produzido completa-se
na leitura. Neste sentido, o texto é
condição para a leitura; a mesma,
vivifica os textos (GERALDI, 1997, p.
57).
Esses deslocamentos que o aluno deve realizar
entre as situações de produção do texto, autor e leitor, e
modalidade de escrita nos levam a pensar sobre a escrita
como transformação de comportamentos. Trata-se de
levar ao aluno a perceber que a escrita requer posturas
diante da língua, as quais estão relacionadas ao
conhecimento e à experiência leitora.
De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998)
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 357
As categorias propostas para ensinar a
produzir textos permitem que, de
diferentes maneiras, os alunos possam
construir os padrões da escrita,
apropriando-se das estruturas
composicionais, do universo temático e
estilísticos dos autores que transcrevem,
reproduzem, imitam (BRASIL, 1998, p.
77).
É por meio de outras escritas que servem de
exemplos, isso fará com que o aluno no momento da
produção vá desenvolvendo um estilo próprio de escrita.
Outra alternativa para a aprendizagem da produção de
textos é a refacção, um texto pronto tem sempre uma
série de oportunidades de reescrita. A qual fará com que
o estudante crie uma habilidade de escrita e com isso
surgi um instinto crítico.
Para que a refacção tenha êxito a mediação do
professor é de extrema importância, pois é o educador
que fará atividades que resultarão em o educando sair do
texto, refletir sobre sua escrita e retornar ao texto com
uma visão linguística mais clara.
No entanto, a leitura atenta do texto faz que se
compreenda quais melhoria são necessárias e quais se
adaptam melhor ao texto. Os PCNs nos dizem que a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 358
leitura é o processo ativo de compreensão e interpretação
do texto. Ela permite com que se tenha entendimento de
quem é o autor e qual o assunto se trata o texto.
Porém, uma leitura crítica não é apenas fazer uma
decodificação dos códigos ou obter informações vazias,
mas sim se trata de estratégias de seleção, antecipação,
inferência e verificação, as quais são necessárias para
uma competência textual.
Os PCNs afirmam que
Um leitor competente sabe selecionar,
dentre os textos que circulam
socialmente, aqueles que podem atender
as suas necessidades, conseguindo
estabelecer as estratégias adequadas para
abordar tais textos. O leitor competente
é capaz de ler as entrelinhas,
identificando, a partir do que está
escrito, elementos implícitos,
estabelecendo relações entre o texto e
seus conhecimentos prévios ou entre o
texto e outros textos já lidos (BRASIL,
1998, p. 70).
Com a prática de leitura, com a ajuda do professor
e da família, o aluno poderá desenvolver a competência
de leitura. Porém, para isso é necessária uma demanda de
tempo e de persistência. Por haver uma variedade de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 359
gêneros o educando precisa compreender que para cada
tipo de gênero há uma forma adequada de leitura, não se
lê um romance da mesma forma que uma receita. Além
disso, há uma conexão de sentidos com a mistura de
informações dos textos e os conhecimentos de mundo do
leitor.
Para uma formação ampliada de leitores os PCN
apresentam algumas sugestões didáticas de leitura:
Leitura Autônoma, a qual dá a oportunidade para o aluno
ler sem a mediação do professor textos adequados ao seu
conhecimento. Leitura Colaborativa, é de forma que o
professor faz a leitura com seus alunos e em seguida faz
questionamentos sobre os sentidos e elementos
linguísticos. Leitura em voz alta pelo professor, é a
leitura compartilhada tanto pelo professor quantos pelos
educandos, essa dá a possibilidade de o texto ser mais
extenso. Leitura programada, o professor faz o
fatiamento de um texto e os alunos fazem a leitura dos
fragmentos para que possam discuti-los com os colegas.
Leitura de escolha pessoal, nessa o professor pode sugerir
um gênero e os educandos escolhem o que querem ler,
com isso o aluno tem a oportunidade de ampliar seus
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 360
gostos, e no momento certo deverá relatar suas
experiências de leitura, a qual poderá ser feita tanto na
escola quanto em casa. Com todas essas possibilidades de
leituras o aluno pode se adequar na forma que preferir,
fazendo com que a leitura se torne mais prazerosa e
agradável.
Os gêneros textuais e a argumentação
A proposta de ensino da Língua Portuguesa
baseada na concepção sociointeracionista da língua prevê
que os encaminhamentos para o trabalho com a produção
de texto partam de situações reais de uso da língua, a
partir da função social da escrita.
Segundo Koch (2003), o conceito de "texto"
depende das concepções que se considera com relação à
língua e ao sujeito. Na concepção de língua como
representação do pensamento, considerando o sujeito
consciente de suas ações e dizeres, o texto é concebido
como um produto lógico do pensamento, ou seja, dessa
representação mental, sendo que o leitor/ouvinte age
passivamente no sentido restrito de “captar” essa
representação mental, junto às intenções psicológicas do
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 361
produtor; já para uma concepção de língua como código,
quer dizer, instrumento de comunicação, sendo o sujeito
pré-determinado pelo sistema, a concepção de texto
coincide com a de um simples produto de codificação a
ser decodificado pelo leitor/ouvinte que conhece o
código - nesse sentido, o texto é totalmente explícito, e o
“decodificador” age passivamente neste processo; por
fim, para uma concepção interacional (ou dialógica) da
língua, em que os sujeitos são atores/construtores sociais,
o texto consiste em um lugar próprio da interação entre
interlocutores ativos, que se constroem dialogicamente.
Diante desta última concepção,
A compreensão deixa de ser entendida
como simples “captação” de uma
representação mental ou como a
decodificação de mensagem resultante
de uma codificação de um emissor. Ela
é, isto sim, uma atividade
interativa altamente complexa de
produção de sentidos, que se realiza,
evidentemente, com base nos elementos
linguísticos presentes na superfície
textual e na sua forma de organização,
mas que requer a mobilização de um
vasto conjunto de saberes (enciclopédia)
e sua reconstrução no interior do evento
comunicativo (KOCH, 2003, p. 17).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 362
Conforme destaca Busse (2007), numa
perspectiva dialógica, a avaliação sobre o texto está
condicionada ao seu contexto macro e micro de
realização em que suas relações são de interdependência
e determinação. Assim, “as reflexões em torno do texto e
da sua especificidade em relação ao gênero textual têm
como princípio a negociação de sentidos entre locutor e
interlocutor” (BUSSE, 2007, p. 1887).
Para Bakhtin (2002, p. 279), os enunciados
refletem especificidades e finalidades “não só por seu
conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela
seleção operada nos recursos da língua -”, mas pela
junção destes à construção composicional, que marca os
enunciados com a relativa estabilidade dos gêneros do
discurso. Para Busse (2007, p. 1787), “o texto passa a ser
compreendido a partir de instâncias determinadoras,
como o contexto situacional em que os enunciados
indicam certas finalidades, em que os graus de
argumentatividade instauram-se em movimentos que se
particularizam no seu interior”.
Nesta perspectiva, a atividade escrita apresenta-se
como processo de apresentação e negociação de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 363
informações, a partir do compromisso com o seu
conteúdo proposicional. Pode-se, assim, falar em um
sujeito que, ao enunciar, responsabiliza-se pelo que é
enunciado e o faz na perspectiva de constituir uma
realidade.
Segundo Bazerman (2006, p. 29), ao criar formas
tipificadas ou gêneros, também se é levado a “tipificar as
situações nas quais nos encontramos”. Os gêneros
mantêm relações paralelas com a realidade em que se
circunscrevem, trazendo à superfície práticas
arregimentadas por “situações sociais” de comunicação.
Motta-Roth (2004, p. 94) considera como
pressuposto de que as
“pessoas reconhecem similaridades
entre situações recorrentes e assim
elaboram representações de ações
tipificadas. Essa representação é um
construto social, intersubjetivo, baseado
em esquemas mentais das situações, que,
por sua vez, são construídos a partir da
experiência social, em termos de
eventos, participantes e linguagem
pertinentes”.
Segundo Busse (2007, p. 1818), “quanto ao texto
argumentativo, observa-se um envolvimento do locutor
para com o contexto da sua produção, porque atua sobre
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 364
categorias opinativas e reflexivas, cujo espaço de
constituição reside na persuasão e no convencimento”.
A argumentatividade como característica
essencial da interação social (KOCH, 2002) supõe,
portanto, o uso da língua a partir da seleção, organização
e mobilização de estratégias que cumpram esta
perspectiva. Em se tratando do texto escrito, os processos
argumentativos podem apresentar-se em construções que
acenam para alguns movimentos identificados até o
momento, como a justificação/confirmação e
contraposição/negação de proposições.
O “como se diz”, portanto, assume relevância
linguística e social, tendo em vista que as possibilidades
de arranjo sintático podem indicar as intenções do
locutor, dando ao texto uma organização e uma estrutura
particularizante, em que os “estados de coisas não têm
existência na realidade, mas são eles próprios
interpretações ou representações da realidade”
(CAMACHO, 2002, p. 259).
Segundo Koch (2002, p. 17), o texto reserva
espaço para uma infinidade de realizações relacionadas
ao momento da enunciação, em que a língua pode ser
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 365
compreendida como atividade interativa altamente
complexa de produção de sentidos, que se realiza,
evidentemente, com base nos elementos linguísticos
presentes na superfície textual e na sua forma de
organização, mas que requer a mobilização de um vasto
conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução no
interior do evento comunicativo.
A explicitação de uma proposição que se
apresenta, a priori, definida num conjunto possível de
atribuições, requer, em primeira instância, uma
apreciação dos seus constituintes, da força persuasiva das
informações e da sua relevância no interior do texto. Tais
movimentos sugerem um cuidado com as condições
linguísticas de realização do texto; são estas que
correspondem a arranjos sintático-semânticos, que
balizam os graus de argumentatividade do texto (BUSSE;
SELLA, 2003).
O desenvolvimento da competência linguística
compreende o posicionamento do indivíduo que interage
com o discurso do outro, produzindo o seu discurso como
sujeito na perspectiva da avaliação, da reflexão e do
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 366
domínio das formas de expressão da língua (BAKHTIN,
2002).
Para Bakhtin (2002), os gêneros são tipos
relativamente estáveis de enunciados produzidos pelos
diversos campos de atividade humana e se distinguem
uns dos outros por seu conteúdo temático, pelo estilo da
linguagem e por sua construção
composicional. Marcuschi (2003) os define como
famílias de textos com uma série de semelhanças e como
eventos linguísticos que não se definem por
características linguísticas, mas
que se caracterizam como atividades sociodiscursivas.
Ainda de acordo com Marcuschi (2003), observar
a história dos gêneros revela que sua primeira fase foi
desenvolvida por povos de cultura essencialmente oral,
gerando um conjunto limitado de gêneros. A segunda
fase tem início com a invenção da escrita alfabética, no
VII a.C.. Com isso, o número de gêneros aumenta e
surgem os gêneros escritos. A expansão dos gêneros se
torna ainda mais notável a partir da terceira fase que tem
início no século XV com o florescimento da cultura
impressa e se amplia na quarta fase, iniciada no período
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 367
intermediário de industrialização no XVIII. Na fase atual,
por conta dos aparelhos eletrônicos e a internet,
vivenciamos uma “explosão” de novos gêneros, tanto
orais como escritos.
Assim, Marcuschi (2003) mostra que os gêneros
são artefatos construídos historicamente pelo ser humano,
portanto, não são entidades naturais. Ele ressalta ainda
que não podemos definir os gêneros com base em
propriedades que lhe seriam necessárias e suficientes,
pois a ausência de alguma propriedade pode não alterar o
gênero. Nessa perspectiva, o autor afirma que os gêneros
se caracterizam muito mais por suas funções
comunicativas, cognitivas e institucionais do que por
suas particularidades linguísticas e estruturais.
Segundo Koch (2003), os falantes/ouvintes
aprendem as diferentes maneiras de adequar a linguagem
conforme a prática social, a partir de sua
competência sociocomunicativa, o que os leva a
reconhecer textos da vida quotidiana, como anúncios,
avisos, artigos de jornais, catálogos, receitas médicas,
guias turísticos, literatura de apoio à manipulação, etc.,
o que leva ao reconhecimento, mesmo que intuitivo, de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 368
estratégias de construção e interpretação de um texto,
acarretando, assim, o desenvolvimento da
capacidade metatextual desse falante/ouvinte para a
construção e intelecção de textos.
A constituição da escrita e os níveis linguísticos
O desenvolvimento da escrita é altamente
intricado e duradouro, desse modo, necessita-se que os
alunos reformulem, continuamente, suas ideias para que
o código seja internalizado, adquirindo, assim, as regras
da norma culta. Contudo, nas produções textuais,
observa-se que, comumente, há desvios de ordem
ortográfica, que estão relacionados às influências da
oralidade.
Marcuschi e Paiva (2007) apontam que
Todas as línguas desenvolvem-se em
primeiro lugar na forma oral e são assim
aprendidas por seus falantes. Só em
segundo lugar desenvolve-se a escrita,
mas a escrita não representa a fala nem é
dela derivada de maneira direta [...].
Todas as línguas variam tanto na fala
como na escrita, e não há língua
uniforme ou imutável, daí ter-se que
admitir regras variáveis em ambos os
casos (MARCUSCHI; PAIVA, 2007, p.
8).
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 369
Sendo assim, tanto fala quanto escrita podem
sofrer variação, porém, a fala apresenta variações mais
notáveis do que o código escrito. Portanto, “a fala não
pode ser normatizada por algum conjunto de regras
gerais como no caso da escrita” (MARCUSCHI; PAIVA,
2007, p. 19). Outra questão discutida pelos estudiosos
sobre essas modalidades, refere-se ao fato da escrita não
ser totalmente suficiente para reproduzir todas as
minucias da fala.
Ademais, segundo Rodrigues (1999), o texto
escrito possui especificidades próprias de sua
modalidade, sendo que a leitura de um texto escrito traz
consigo uma oralidade confeccionada a partir do escrito,
caracterizada por entonação e pausas marcadas, em geral,
pelos sinais de pontuação
convencionais, diferentemente da oralidade típica da fala.
Ainda segundo a autora, vale ressaltar que "a língua
escrita não constitui pura transcrição da falada"
(RODRIGUES, 1999, p. 31), sendo que as diferenças
entre a modalidade escrita e falada resultam dos
diferentes processos de falar e de escrever, ou dos
contextos de produção do texto falado e do escrito.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 370
Consoante a Bortoni-Ricardo (2005), existem
diferenças estruturais entre a comunicação oral e a
escrita. Enquanto a fala constrói-se paralela ao contexto,
de maneira dinâmica, na escrita não há essa
simultaneidade entre o escritor e o leitor. A fala tende a
ser mais fragmentada, menos explícita, utiliza
construções sintáticas mais resumidas e expressões
indexicais referentes ao contexto imediato, ocorrendo
sem planejamento prévio e com a interação imediata
entre interlocutores. A escrita é mais explícita, menos
repetitiva ou redundante, com maior precisão lexical,
recursos sintáticos mais complexos e ocorre com maior
planejamento, porém sem tanto envolvimento entre
escritor e leitor.
O momento da leitura no ambiente escolar é de
suma importância para que o aluno se familiarize com as
estruturas das palavras, considera-se esse, o caminho
mais rápido e eficaz que implicará no domínio da escrita,
pois segundo Bortoni-Ricardo (2013),
O domínio da ortografia é lento e requer
muito contato com a modalidade escrita
da língua. Dominar bem as regras de
ortografia é um trabalho para toda a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 371
trajetória escolar, e quem sabe, para toda
a vida do indivíduo (BORTONI-
RICARDO, 2013, p. 55).
Para um domínio eficiente das regras
ortográficas, é necessário que o professor seja um
mediador nesse processo. A finalidade desse ensino
formal é a de levar o aluno não apenas à leitura
superficial, mas também levá-lo a organizar as ideias e
entender o funcionamento das estruturas
linguísticas. Consoante a Gomes-Santos e
Almeida (2014), o trabalho docente, tanto voltado à
escrita quanto a outros conteúdos linguísticos, requer a
utilização de materiais de ensino previamente
desenvolvidos, com o fito de serem mediados pelo
professor em diferentes contextos de interação dentro
da sala de aula, nos quais nem tudo pode ser previsto,
e cada contexto pode vir a exigir maneiras específicas de
se transformar os objetos envolvidos neste processo de
ensino/aprendizagem.
Sabe-se que, ao escrever, o texto não pode ser
resultado de um agrupamento de ideias sem sentido
lógico. Desse modo, a coesão textual caracteriza-se como
elemento primordial no que diz respeito à conexão de
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 372
expressões, palavras e frases. É preciso que os termos
estejam organizados, de modo que se crie uma unidade
textual e que nele haja coesão. Para Antunes (2005), a
coesão é a “propriedade pela qual se cria e se sinaliza
toda espécie de ligação, de laço, que dá ao texto unidade
de sentido ou unidade temática” (ANTUNES, 2005, p.
47). Sendo, portanto, função da coesão promover uma
continuidade de sentido ao texto para que, junto à
coerência, a interpretação do leitor flua no momento da
leitura.
A coesão textual, contudo, não se classifica
somente por uma rasa ocorrência de elementos coesivos
no texto. As relações textuais causadoras da coesão são
realizadas por meio de quatro mecanismos, os quais
dizem respeito à ação de repetir, de substituir por meio de
anáforas e catáforas, de ligar palavras conforme o sentido
e de promover a ligação entre períodos fazendo uso de
conectores.
Diante do exposto, considera-se importante a
produção de diferentes gêneros textuais na sala de aula,
sendo que são os atos de escrita e de reescrita contribuem
para a compreensão dos recursos que propiciam a
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 373
manifestação da coesão textual.Para um trabalho efetivo
nesse aspecto, o conhecimento das classes de palavras
torna-se importante, pois elas contribuem para a
aplicação da coesão no texto.
Considerações finais
As experiências advindas as atividades do Pibid,
durante a observação compartilhada e docência,
percebemos que nossa postura didático-pedagógica em
muito se relacionou a perspectiva sócio-interacionista,
privilegiando o diálogo e criando espaços de discussão da
realidade quanto ao emprego efetivo da uma língua em
situações reais de comunicação.
Deve-se estimular os alunos a compreenderem o
mundo que os rodeia buscando resolver as interrogações
que a realidade, mediada pela leitura e escrita, apresenta.
Escrever é mais que a submissão a uma estrutura, ou
forma. É navegar em direção ao outro, em ondas que
requerem o domínio de várias habilidades: discursivas,
argumentativas, textuais e gramaticas.
A escrita é, portanto, resultado de leituras
realizadas com base em outras leituras, do encadeamento
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 374
de conhecimentos e por meio da mediação do professor,
cujo trabalho se orienta a partir de encaminhamentos
reflexivos de modo a formar leitores e produtores de
texto do seu tempo, autores de suas ideias e senhores de
suas atitudes.
Referências
ANTUNES, Irandé. Lutar com as palavras: coesão e
coerência: São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2002.
BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais: tipificação e
interação. São Paulo: Cortez, 2006.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na
escola, e agora? São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º
ciclos do Ensino Fundamental: Língua
Portuguesa. Brasília/DF: MEC/SEF.
BUSSE, Sanimar; SELLA, Aparecida Feola. O discurso
do contraponto: onde está o estigma? In: Línguas &
Letras. n. 1 e 2. Cascavel: Edunioeste, 2003.
BUSSE, Sanimar. Uma Avaliação Sobre O Perfil
Argumentativo Do Gênero Opinativo Em Redações
Produzidas Por Vestibulandos. Anais [do] 4º Simpósio
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 375
Internacional de Estudos de Gêneros Textuais, Tubarão:
UNISUL, 2007.
CAMACHO, Roberto Gomes. O papel da estrutura
argumental na variação de perspectiva. In: Gramática
do Português Falado. v. VI. Campinas, São Paulo:
Editora da Unicamp, 2002.
GERALDI, João Wanderlei. O Texto na Sala de Aula.
Leitura e Produção. Cascavel: Assoeste, 1984.
_____. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes,
1997.
GOMES-SANTOS, Sandoval; ALMEIDA, Patrícia
Sousa. Escrita e trabalho docente na alfabetização.
In: ELIAS, Vanda Maria (org.). Ensino da língua
portuguesa: oralidade, escrita e leitura. São Paulo:
Contexto, 2004.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos
do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
KOCH, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem.
São Paulo: Contexto, 1992.
_____. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez
Editora, 2002.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais:
definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela P.;
MACHADO, Anna R.; BEZERRA, Maria A.
(Org.) Gêneros Textuais e Ensino. 2. ed. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2003.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 376
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo:
Brasiliense, 1982.
MOTTA-ROTH, Désirée. Questionamentos sobre
linguagem. Disponível em:
<http://coralx.ufsm.br/desireemroth/cursos/semana2004.h
tm>. Acesso em: 28 mar. 2007.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 375
LEITURA E ESCRITA: ALGUMAS
ESTRATÉGIAS PARA O TRABALHO COM A
ORTOGRAFIA1
Adriana Alexandra Ferreira2
Sanimar Busse3
Considerações iniciais
Apresentamos neste capítulo atividades para o
trabalho com a escrita ortográfica. A proposta
compreende a produção escrita a partir da sua função
social. Tomamos o texto como orientação para a
implementação de estratégias que minimizem as dúvidas
e hipóteses equivocadas sobre a grafia ortográfica.
Segundo Mello (2008),
“o fato notório é que a escola ainda não
tem cumprido com maestria seu papel de
agente transformador da sociedade e não
atenta para a pluralidade cultural que
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Voluntária de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 3 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 376
habita o próprio espaço escolar”
(MELLO, 2008, p. 4).
Mello (2008) destaca ainda, que o fato de se
ignorar o conhecimento empírico e a questão
sociocultural presente na formação do aluno é colocá-lo
em um contexto de aprendizagem inexistente que irá
promover uma educação artificial, não refletindo o uso
real da língua. A autora ressalta que, além desse
distanciamento, ao ignorar esses aspectos, a escola
mostra “o desconhecimento da sistemática das relações
fala e escrita como duas modalidades da língua que
retratam a sua própria essência” (MELLO, 2008, p. 4).
Mas, para que o ensino seja compreendido pelo
aluno como uma relação de interação entre os falantes, o
professor deve ter o conhecimento e domínio dos estudos
que explicam estes fenômenos. A formação do educador
tem de ser ampliada de forma que, ao se deparar com os
“erros”, possam compreendê-los e buscar por
metodologias que ajudará o aluno a sanar estes
problemas.
Nesta concepção, aprender a escrever significa
um processo que se dá de dentro para fora, é o
conhecimento construído e não apenas uma transferência
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 377
que advém de fora, o processo é baseado na construção e
reformulação de hipóteses.
Assim, o conhecimento não é apenas uma
transferência de conteúdos, pelo contrário, o aluno passa
a ter controle de seu aprendizado, testando
possibilidades, fazendo generalizações e criando
modelos. Para Oliveira (2005), o aprendiz vai cometer
inúmeros desvios de escrita, ou seja, cada produção
escrita será conduzida de acordo com a hipótese que o
aluno construiu naquele momento, recobrindo alguns
fenômenos e outros não.
Oliveira (2005), destaca ainda que esses desvios
ou “erros” são necessários. Citando Piaget, o autor
explica que estes são “erros construtivos”. O aluno
precisa passar por essas etapas, porque contribuirá na
construção do seu conhecimento. Partindo dessa
perspectiva, o aluno que “erra” não está necessariamente
com problemas de aprendizagem e sim avançando na sua
construção. Ele detém um controle sobre o
conhecimento.
Oliveira (2005), aborda também uma terceira
concepção de aprendizagem da escrita, já que a segunda,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 378
mesmo apresentando aspectos relevantes para esse
aprendizado, não dará conta de explicar alguns
fenômenos presentes nas produções textuais escritas.
Nessa concepção, estará presente uma intermediação da
oralidade. Para ilustrar essa teoria e apontar o que ela
difere das outras, o autor apresenta os seguintes
exemplos: ispeciau (=especial), os elefati (=os elefantes)
e nos foi (=nós fomos).
Atividade I
Antes da contação da história, apresentar aos
alunos o título para que apresentem suas hipóteses sobre
o que o texto irá abordar.
O texto “Os Sentimentos”17
, de Lya Luft, foi
organizado em partes. Os alunos receberão imagens do
emotion card, e a cada parte colarão em um cartaz a
imagem representando os sentimentos.
Antes da contação da história o professor deverá
inserir o título da crônica no quadro e questionar os
alunos sobre as hipóteses deles em relação a construção
desse texto. Em continuidade o professor de forma oral
17
Disponível em: https://www.pensador.com/frase/Nzk0NDc4/.
Acesso em: 14 ago. 2017.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 379
irá contar a história, poderá utilizar o quadro para colar as
ilustrações, conforme a sequência dos fatos narrados. O
modelo abaixo é ilustrado com emoctions e foi
fragmentado a partir do texto original. Cada fragmento
corresponde à adaptação de um parágrafo do texto.18
As
imagens estão disponíveis nos links que se seguem:
Capa
http://revistaw.com.br/wp-
content/uploads/2012/09/emoticons.jpg
Fragmento 1
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/736x/88/5c/8d/885c8dfe3f2e069f07caeb
6a5a3e0aeb.jpg
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/39/d3/b3/39d3b3f0e73917de63
2cd3bb1bf27f13.jpg
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/d3/08/52/d30852cc0e623b277
2338754280584d5.jpg
18
Fica a critério do professor a adaptação.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 380
https://st2.depositphotos.com/1052233/6947/v/950/depos
itphotos_69470603-stock-illustration-crazy-smile-
character.jpg
Fragmento 2
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/236x/06/28/18/06281886b5b1dd13191f
976e038be98d--smiley-faces-smileys.jpg
https://comps.canstockphoto.com.br/can-stock-
photo_csp18692585.jpg
Fragmento 3
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/af/a5/a9/afa5a926dd91ff40eebf
d62249056287.jpg
http://4.bp.blogspot.com/-0d7U-
R3S5Rs/Vabk44EFEbI/AAAAAAAAOWg/NMleEspzA
uA/s1600/pro%2Bbottas.jpg
https://st.depositphotos.com/1001911/4949/v/950/deposit
photos_49498407-stock-illustration-who-cares-
emoticon.jpg
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 381
Fragmento 4
https://thecreatorwritings.files.wordpress.com/2015/07/w
inking-emoticon.png?w=500
https://thumbs.dreamstime.com/z/nenhum-emoticon-
29087585.jpg
https://st2.depositphotos.com/1967477/6346/v/950/depos
itphotos_63462997-stock-illustration-scared-emoticon-
smiley-cartoon.jpg
Fragmento 5
https://static9.depositphotos.com/1001911/1174/v/950/de
positphotos_11744945-stock-illustration-bored-
emoticon.jpg
http://3.bp.blogspot.com/_rUZJg8OK7MY/TEnoGsJdB7
I/AAAAAAAAA3M/aYwbifQh-KQ/s1600/pedra.jpg
Fragmento 6
http://www.istockphoto.com/br/vetor/polegar-para-cima-
emoticon-gm544662460-
97940247?esource=SEO_GIS_CDN_Redirect
https://img2.ibxk.com.br/2014/12/18/18151717037398.jp
g?w=700
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 382
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/736x/d0/ea/2d/d0ea2d1a2984fcffb0ac54
3b7cdd6f9b.jpg
https://cdn.pixabay.com/photo/2014/11/18/20/19/screen-
536647_960_720.png
http://cdn5.colorir.com/desenhos/color/201112/fa2756dc
31a7bc43f772bb15ecc24555.png
Fragmento 7
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/736x/7f/0e/88/7f0e88d87d07b41ba4fae2
cf5b34faaa--smiley-faces-smileys.jpg
http://2.bp.blogspot.com/-
vLoM4nRY_pw/VBTjAZgj1JI/AAAAAAAACSA/NKO
ZuiN0HIk/s1600/emoticon-triste-27704949.jpg
Fragmento 8
https://i.pinimg.com/236x/f9/c5/6a/f9c56aabe44ffdc2c56
3eec773512973--smileys-emoji.jpg
Fragmento 9
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 383
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/41/77/2b/41772b39ff371e5ae1
f087ed96b771d1.jpg
https://thumbs.dreamstime.com/z/emoticon-angel-
8727269.jpg
http://st.depositphotos.com/1738826/3504/v/950/depositp
hotos_35046685-Sea-life-cartoon-background.jpg
Fragmento 10
https://rafapolab.files.wordpress.com/2013/11/emoticon-
amor.jpg
http://2.bp.blogspot.com/-
8wxNV_Rdt_c/UoJY1zIyvWI/AAAAAAAABIM/4PAsk
rdnmL0/s1600/emoticon-confuso-22051357.jpg
http://st.depositphotos.com/1738826/3504/v/950/depositp
hotos_35046685-Sea-life-cartoon-background.jpg
Fragmento 11
https://st2.depositphotos.com/1052233/6947/v/950/depos
itphotos_69470603-stock-illustration-crazy-smile-
character.jpg
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 384
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/736x/23/d7/54/23d754e1cdb98ae1b940
9cf1da73386c--smiley-faces-emojis.jpg
https://previews.123rf.com/images/azuzl/azuzl1403/azuzl
140300022/26496534-Vector-drawing-of-decorative-
Datura-bush-with-large-leaves-Stock-Photo.jpg
Fragmento 12
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/736x/75/c2/47/75c247d32c50d15a690ad
d8dbe00b29f--symbols-emoticons-emoji-symbols.jpg
Atividade II
Conversa após a leitura do texto:
1) Quem são os personagens da história? Há como
definir um personagem principal?
2) Porque vocês acham que a Loucura propôs a
brincadeira de esconde-esconde?
3) Os sentimentos descritos no texto são comuns ao
nosso cotidiano?
4) Se você fosse um personagem da história, qual
seria?
5) O que mais chamou sua atenção no texto?
Após essa discussão inicial, os alunos receberão
uma folha para que produzam um pequeno resumo da
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 385
história que será acompanhado de sua própria ilustração.
Modelo a ser impresso:
Atividade III
Entregar o texto impresso aos alunos para que eles
utilizem como consulta para responder as atividades
escritas.
1- Pesquise em seu dicionário o significado das
palavras a seguir:
Apatia:
Hipocrisia:
Arrogância:
Frígida:
Desdém:
2-Complete a cruzadinha abaixo, se necessário
utilize o texto como material de consulta:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 386
Atividade IV
Agora que você concluiu a cruzinha observe que
as palavras têm sons semelhantes, porém são
representadas por letras diferentes.
1 – Descreva abaixo qual o som a letra sublinhada está
representando nas seguintes palavras:
Indecisão _______________________________
Desconfiança____________________________
Entusiasmo______________________________
Curiosidade_____________________________
Preguiça________________________________
Beleza__________________________________
Generosidade____________________________
Hipocrisia________________________________
Essas seriam as únicas possibilidades de representar essas
palavras?
______________________________________________
______________________________________________
_____________________________________________
Quais outras letras poderiam ser utilizadas para
representar esses mesmos sons?
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
7 Falta de memória
8 Estado de pureza;
qualidade de inocente
9 Sentimento que pode
despertar encanto é belo
1 Grande demonstração de alegria
2 Falta de confiança ou suspeita
3 Não possuir capacidade de decidir
4 Desejo de saber ou tudo ver
5 Pouca disposição para fazer algo
6 Manifestação de fingimento ou
falsidade
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 387
Você sabe por que utilizamos uma forma e não outra para
essa representação?
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
2- Agora destaque no texto 10 palavras diferentes das
utilizadas na cruzadinha, que tem som de /s/ ou /z/. Após
isso observe as palavras e responda:
As letras utilizadas para representar esses sons são
sempre as mesmas?
Descreva abaixo as palavras que tem som de /z/, mas que
são escritas com outras letras:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
Descreva as palavras que tem som de /s/, mas que são
escritas com outras letras:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
Agora que já encontramos as palavras é possível
dizermos que:
O som de /z/ pode ser representado pelas
letras_________________________________________
O som de /s/ pode ser representado pelas
letras_________________________________________
3 - A letra X pode representa diferentes sons na língua
portuguesa. No texto, por exemplo, temos as palavras
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 388
paixão e cochichar. Escreva no quadro abaixo palavras
outras palavras que tem:
Som de x escritas
com x
Som de x escritas
com ch
5 - Observe as palavras que foram retiradas do texto.
Jogo Inveja Junto
Frígida Gemid
o
Fingid
amente
Observando apenas as palavras da segunda linha
podemos perceber que a letra ___ também pode
representar o som de que corresponde a letra J.
Quais as letras que aparecem depois de:
G:
______________________________________________
______________________________________________
J:
______________________________________________
______________________________________________
OBS: Nesse momento o professor deverá formular a
regra com o aluno.
O g só representará o fonema /j/ antes das vogais e e i.
Antes de a, o e u, usa-se j.
Atividade V
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 389
Leitura do Texto: Felicidade Clandestina (Clarice
Lispector)19
O texto será entregue fatiado e o os alunos se
dividirão em equipes para montá-lo. O professor deverá
criar as dicas escritas sobre a sequência do texto, como
por exemplo, no primeiro parágrafo, aparecem as
palavras “crespos, devoradora”; no parágrafo dois fala-se
sobre um “cartão postal”; e assim por diante. Após
montar o texto, será realizada a leitura coletiva e a
discussão oral sobre a temática central do conto. Na
sequência será proposto aos alunos que produzam um
pequeno texto descrevendo o que daria a eles “uma
felicidade clandestina”.
Atividade VI
Apresentar aos alunos a música Receita de Felicidade20
,
do cantor e compositor Toquinho. Após ouvirem a
música, entregar uma cópia impressa da letra, com
palavras faltantes, para que os alunos as completem,
ouvindo novamente o áudio.
19
Disponível em http://contobrasileiro.com.br/felicidade-clandestina.
Consultado em 26 jul. 2017. 20
Disponível em? https://www.vagalume.com.br/toquinho/receita-
de-felicidade.html. Acesso em: 18 ago. 2017.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 390
1) Agora vamos completar a música com as palavras
que faltam:
ilusão paixão criança ingenuidade
amizade esperança Junte
sorriso sonho
casal acontecer
luz Peça
faz
arco-íris
prazer
Atividade de conversação após ouvirem a música:
1. O que vocês acharam da música?
2. Para o autor da música o que é preciso para
construirmos a felicidade?
3. Qual é o sentimento que a música nos causa?
4. Será que existe mesmo uma receita para ser feliz?
Atividades escritas
1- Na língua portuguesa podemos representar um
mesmo som, porém com letras diferentes.
Organize no quadro abaixo as palavras que você
preencheu na música de acordo com o som que
elas representam:
S com som de Z X com som CH L com
som de
Ç
com
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 391
U som
de S
2- Na letra da música há uma combinação dos
sentimentos para construir a felicidade. Que
outras palavras podem ser relacionadas a esses
sentimentos:
Saudade:
Amor:
Amizade:
3- Existe repetição de sons na música? Por que essas
repetições são utilizadas?
______________________________________________
______________________________________________
__________________________________________
4- Crie rimas:
Carinho
Amizade
Saudade
Felicidade
Esperança
5- Observe as imagens abaixo, você perceberá que
assim como na música existem outras formas de
definir a felicidade, pois esse sentimento é
diferente para cada um de nós:
6-
Imagens disponíveis em:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 392
http://3.bp.blogspot.com/-
ExJj8ybPutw/UFIwYA5zhdI/AAAAAAAABuU/zYJWj
LH0Dk8/s640/O+que+%C3%A9+felicidade+%C3%A9+
o+encontro+do+sonho+com+a+realidade.png
https://static.frasesparaface.com.br/imagem/f/e/felicidade
-e-ter-algo-o-que-fazer-ter-algo-que.jpg
https://i.pinimg.com/originals/af/52/b9/af52b9740b1da06
ef51507bf8dc63566.jpg
https://www.mensagens10.com.br/wp-
content/uploads/2013/06/felicidade-e.jpg
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/originals/31/b9/66/31b96617fc374011eb
3f50ee48872445.jpg
7- Agora, você é o autor. Crie frases que descrevam
o que a felicidade representa para você:
Felicidade é____________________________________
Felicidade
é_____________________________________________
Atividade VII
Para dar continuidade ao trabalho com a temática
da felicidade, apresentar aos alunos o poema: “Duas
dúzias de coisinhas à – toa que deixam a gente feliz”21
,
de Otavio Roth, com um banco de palavras para que os
alunos as insiram no poema.
21
Disponível em:
http://poeticaecotidiana.blogspot.com.br/2010/08/duas-duzias-de-
coisinhas-toa-que-deixam.html. Acesso em: 14 ago. 2017
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 393
No quadro abaixo você encontrará algumas palavras
completam as lacunas do poema:
Cachimbo Chiado Cheirinho Cachecol
Assim Pisar Aceso Passarinho
Após completar as lacunas, realizar a leitura do
poema com os alunos para escrever no quadro as palavras
de acordo com a sequência.
Atividade VIII
1- Vamos pesquisar no dicionário as palavras que
não conhecemos?
Dropes:
Flaminho:
Flanela:
Persa:
2- Observe as palavras abaixo, depois responda as
questões propostas.
a) O que há em comum em todas as palavras?
b) Qual outra letra do nosso alfabeto, poderia
corresponder ao som que o dígrafo CH representa
nessas palavras?
Cachecol
Cachimbo
Cheirinho
Chiado
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 394
c) As duas letras que são grafadas depois de CH na
primeira palavra são uma __________ e uma
____________!
d) As duas letras que são grafadas depois de CH na
segunda coluna são __________!
e) Porque existe essa diferença? Porque escrevemos
essas palavras com CH e não X?
______________________________________________
______________________________________________
__________________________________
f) Você sabia que.... Na língua portuguesa existem
muitas palavras que são de origem estrangeiras,
dentre elas estão, palavras indígenas, africanas,
inglesas, francesas e por essa razão não
conseguimos determinar uma regra para a grafia
delas, por isso precisamos muitas vezes
memoriza-las!! É o caso palavras do poema
cachecol e cachimbo que são usadas em nossa
língua mas tiveram sua origem em outra22
.
Confira abaixo:
22
Disponível em: https://www.dicionarioetimologico.com.br. Acesso
em: 19 ago. 2017.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 395
g) No poema vimos que o dígrafo CH pode
representar o som de X, assim como a letra X
pode representar o som de CH. Abaixo você
encontrará uma lista de palavras que são escritas
iguais, mas mudam de significado, conforme a
letra que usamos para escrever. Você está
desafiado a pesquisar o significado das palavras e
também uma frase que mostre os dois sentidos
possíveis para cada uma delas:
Curiosamente, apesar da origem ameríndia do
cachimbo, a palavra cachimbo é de origem
africana, a partir da palavra quimbunda kixima,
que significa "tanque, cisterna". Provavelmente,
isso deve-se ao fato de a maior parte do tabaco
produzido no Brasil se destinar a ser utilizado
como moeda de troca na África por escravos
africanos.
Cachecol: é uma palavra de origem
francesa, pode ser relacionada ao
verbo esconder, ocultar e da ainda da
palavra col (colo) que, na linguagem
poética, significa pescoço.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 396
Tachar/Taxar Chá/Xá Taxa/Tacha
Cheque/Xeque Bucho/Buxo Cocho/Coxo
Cocha/Coxa Luchar/Luxar Xácara/Chácara
h) A letra X além de representar o som do dígrafo
CH, pode representar outros sons na língua
portuguesa. O X pode assim assumir valor de s, z,
cs e ss. Pesquise em livros, revistas e jornais,
palavras que tem o X representado por essas
outras letras. Utilize o quadro abaixo para
organizar seus dados:
Palavras
escritas com
X, mas tem
som de S.
Palavras
escritas
com X,
mas
com
som de
Z.
Palavras
escritas
com X,
mas
com
som de
CS.
Palavras
escritas
com X,
mas
com
som de
SS.
Atividade IX
Agora que já conhecemos parte das possibilidades
de escrita que nosso sistema ortográfico dispõe e
sabemos que alguns sons poderão ser representados por
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 397
uma letra apenas e em outros casos a mesma letra poderá
representar vários sons, vamos pensar em quais regras
poderíamos criar para nos auxiliar no momento de nossa
escrita:
Som de Z
Escrevemos palavras com a letra S mas com som de Z
quando:
Escrevemos palavras com a letra X mas com som de Z
quando:
Escrevemos palavras com a letra Z também com som de
Z quando:
Som de S
Escrevemos palavras com a letra Z com som de S
quando:
Escrevemos palavras com a letra C com som de S
quando:
Escrevemos palavras com a letra S também com som de
S quando:
Escrevemos palavras com o dígrafo SS com som de S
quando:
Escrevemos palavras com a letra Ç com som de S quando
Som de G e J
Escrevemos palavras com a letra G com som de J
quando:
Escrevemos palavras com a letra J com som de G
quando:
Som de X e CH
Escrevemos palavras com a letra X com som de CH
quando:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 398
Escrevemos palavras
Referências
GEREI, Nadieli Mara Hullen. Desvios de grafia em
produções textuais escritas de alunos do 6° ano do
Ensino Fundamental. 2017. p. 131. Dissertação
(Mestrado em Letras) – Programa de Pós-Graduação em
Letras, Universidade Estadual do Oeste do Paraná -
UNIOESTE. Cascavel, PR.
MELLO, Jeanne de Albuquerque de. Interferências da
oralidade na produção escrita. In: Revista Encontro de
Vista, v. 2, jan/jun. 2008.
OLIVEIRA, Marco Antônio de. Conhecimento
linguístico e apropriação do sistema de escrita. 1. ed.
Belo Horizonte: CEALE/FAE/UFMG, 2005. v. 01.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 399
ESBOÇO PARA O TRABALHO COM A
ORALIDADE E A VARIAÇÃO1
Sanimar Busse2
Para início de conversa
Apresentamos, neste capítulo, uma proposta para
o trabalho com a variação e diversidade linguística no
Ensino Fundamental.
É preciso problematizar as concepções de língua e
linguagem que pautam os encaminhamentos dados pelos
materiais didáticos, em que se privilegiam a estrutura e
sua dimensão padrão, sem considerar as demais
variedades da língua. Não se trata de enaltecer variedades
linguísticas, mas de auxiliar o aluno a construir hipóteses
e conhecimentos sobre o funcionamento da língua e,
prioritariamente, das adequações de uso às diferentes
situações de comunicação.
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2 Bolsista de Coordenação de área do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 400
No que se refere à escrita, a proposta contempla
momentos de registro escrito que vão da mais espontâneo
(escritas de observações e conclusões) e ao mais formal
(entrevistas, cartazes e textos).
Da maneira como é encaminhado o trabalho com
a diversidade linguística pelo material didático, prevalece
a visão preconceituosa sobre as variantes linguísticas,
que no espaço da sala de aula surge para reafirmar a ideia
de homogeneidade da língua e a noção de desvio da
norma.
A partir da reflexão de uma variedade da língua, o
linguajar caipira, na fala do personagem da Turma da
Mônica, Chico Bento, busca-se refletir sobre as
possibilidades da língua, auxiliando o aluno a
desmistificar conceitos sobre a fala e os falantes.
Você já pensou no seu jeito de falar?
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 401
Grave um áudio no celular. Ouça o áudio.
Agora, escreva as suas impressões:
Escreva no balão sobre o seu jeito de falar com o
professor:
https://pixabay.com/pt/microfone-m%C3%BAsicas-
est%C3%BAdio-som-1674903/
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 402
Escreva no balão sobre o seu jeito de falar com a
professora:
Escreva no balão sobre o seu jeito de falar com os
colegas:
Refletindo sobre a língua
https://pixabay.com/pt/comunica%C3%A7%C3%A3o-
cabe%C3%A7a-bal%C3%B5es-homem-1991849/
https://pixabay.com/pt/discurso-bal%C3%A3o-
falar-bolha-1026399/
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 403
A palavra é...
Vamos descobrir o que significa...
Leia o poema “Vício de Fala”, de Oswald de Andrade.
Vamos criar um poema com as nossas formas de falar
G Í R I A
1- Linguagem característica de um grupo profissional ou
sociocultural.
2 - Linguagem usada por determinado grupo, geralmente
incompreensível para quem não pertence ao grupo e que serve
também como meio de realçar a sua especificidade.
3- Linguagem considerada grosseira ou rude.
4- Manha, esperteza, astúcia.
5 - Circunlocução afetada.
Publicado em: 2016-09-24, revisado em: 2017-02-27
Disponível em: ‹https://dicionariodoaurelio.com/giria›. Acesso em: 27 Jul. 2017
https://pixabay.com/en/glasses-eyes-brocante-
vintage-old-2564550/
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 404
Vamos pesquisar?
1. Como chama a língua que você fala?
2. Como você acha que os moradores da sua
cidade falam?
3. Tem gente que fala diferente aqui na sua
cidade? Poderia dar um exemplo do modo
https://pixabay.com/en/search-to-find-internet-
1013910/
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 405
como falam essas pessoas “que falam
diferente”?
4. E, em outros lugares do Brasil, fala-se
diferente? Poderia dar um exemplo do modo
como falam em outros lugares do Brasil?
Um pouco mais de pesquisa...
Você conhece a Turma da Mônica?
Quem são os personagens da Turma da Mônica?
Onde vivem?
O que gostam de fazer?
Características de cada um?
Qual é seu personagem preferido? Por quê?
Sugere-se construir gráficos com as respostas dos
entrevistados
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 406
Vamos estudar um pouco sobre o personagem Chico
Bento...
O que mais chama atenção no personagem?
______________________________________________
Agora você está representando o papel do Chico Bento.
Como você pediria emprestada uma borracha ao
seu colega?
______________________________________________
Como você pediria licença para a professora para
ir ao banheiro?
______________________________________________
Por que o jeito do Chico Bento falar chama
atenção?
Se surgirem os adjetivos “certo”, “errado”, “bonito” ou “feio”, propor
aos alunos pesquisa do significado em dicionários.
Levar os alunos a refletirem sobre seu jeito de falar. Qual seria o
melhor jeito de falar a língua portuguesa?
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 407
Personagem Chico Bento – Turma da Mônica
O mundo caipira
Descreva todas as características do personagem
Chico Bento:
O comportamento do personagem é semelhante a
alguém que você conhece:
Onde essa pessoa vive?
Chico Bento, criado em 1961, teve como
modelo um tio-avô de Mauricio, sobre quem ele
ouvia muitas histórias contadas pela sua avó.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 408
Essas imagens revelam uma realidade do “Mundo
Caipira”. Pesquisa outras, de acordo com a sua visão:
Vamos pesquisar mais um pouco...
Sistematizando impressões
Quem rezou a primeira missa?
Quem foi o pai da aviação?
Quem descobriu o Brasil?
Ajude o Chico a responder...
Em grupos, vamos pesquisas sobre:
Música Caipira
Comida Caipira
Filmes Caipiras
Encontre no seu dicionário os
significados para a palavra “caipira”:
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 409
Desafio...
A letra X pode representar diferentes sons na língua
portuguesa. Pesquise essas palavras e desafie o seu
colega a soletrar...
Ainda sobre oralidade e ortografia...
Ao falar a palavra “alembro”, o
personagem utilizou que palavras
como exemplo:
A
A
A
A
A
X com o mesmo som da palavra peixe
*
*
*
*
*
X com o mesmo som da palavra peixe
*
*
*
*
X com o mesmo som da palavra peixe
*
*
*
*
X com o mesmo som da palavra peixe
*
*
*
*
*
*
*
*
O desafio é:
Música com as palavras:
5) “lembrar”
6) “voar”
7) “levantar”
8) “mostrar”
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 410
A comunicação acontece em
situações reais de interação...
• A linguagem tem sempre um objetivo, uma intenção:
Quem fala...
Para quem fala...
O que fala...
Com que objetivo fala...
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 411
Para dar conta da comunicação e da
interação mobilizamos uma infinidade de
conhecimento de ordem linguística e
extralinguística...
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 412
Referências
BORTONI-RICARDO, S. M.. Educação em língua
materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo:
Parábola Editorial, 2004.
______. Nós cheguemu na escola, e
agora?:sociolinguística & educação. São Paulo: Parábola
Editorial, 2005.
______. Métodos de alfabetização e consciência
fonológica: o tratamento de regras de variação e
mudança. SCRIPTA. Belo Horizonte, MG, v. 9, n. 18, p.
201- 220, 1º sem. 2006.
______. O professor pesquisador: introdução à
pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São
Paulo: Scipione, 1989.
LEMLE, M.. Guia Teórico do Alfabetizador. São
Paulo, Ática. 2000.
OLIVEIRA, M. A. de. et al. ‘Da Forma Sonora da Fala A
Forma Gráfica da Escrita’. Cadernos De Estudos
Linguísticos, v. 16, n. 2, p. 5-30, 1989.
OLIVEIRA, M. A. de; NASCIMENTO, M do. ‘Da
Analise de Erros Aos Mecanismos Envolvidos Na
Aprendizagem da Escrita1. EDUCACÃO EM
REVISTA, v. 12, n.1, p. 33-43, 1990.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 413
OLIVEIRA, M. A. de. Conhecimento linguístico e
apropriação do sistema de escrita. 1. ed. Belo
Horizonte: CEALE/FAE/UFMG, 2005. v. 01. 70p.
SILVA, Miriam Barbosa da. Leitura, ortografia e
fonologia. São Paulo: Ática, 1981.
PACHECO, V. ‘Evidência do funcionamento da língua
oral no texto escrito’. Intersecções, Jundiaí, edição 1,
n.1, ano 1, 2008, p.1-15.
SILVA, M. B. da. Leitura, ortografia e fonologia. São
Paulo: Ática, 1981.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 414
O LÚDICO NO ENSINO DA LÍNGUA
PORTUGUESA1
Tatiane Cristina Becher2
Tathiane Cristino3
Melissa Gatto Regonha4
Martiniane A. Dutra da Costa5
Rosemari de Oliveira de Jesus Dassoler6
Indaiá M. Kroth7
Danyele LizziSilva8
Stefani Alves do Carmo9
Palavras iniciais
O ensino da escrita ortográfica e da produção de
texto consiste em um encargo educacional desafiador
para os professores que atuam no ensino de Língua
Portuguesa. Uma das razões que torna esta modalidade
1Este trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo
Brasileiro, voltada para a formação de recursos humanos. 2Voluntária de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 3Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 4Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 5Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 6Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 7Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 8Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel. 9Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Letras-Português, do
Campus de Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 415
de ensino um desafio é o fato de que a experiência que os
alunos possuem como leitores, muitas vezes, ainda se
restringe ao espaço da sala de aula. Faz-se necessário,
portanto, refletir acerca das inúmeras possibilidades de se
reforçar o ensino de Língua Portuguesa, utilizando-se,
inclusive, de atividades interativas e lúdicas adequadas
para cada série e conteúdo.
Neste capítulo, serão apresentadas algumas
considerações sobre atividades lúdicas elaboradas para o
trabalho com conteúdos de Língua Portuguesa, com
enfoque nas habilidades de escrita e produção textual.
Essas atividades tratam-se de propostas a serem aplicadas
em aulas com as turmas envolvidas do subprojeto do
Pibid de Língua Portuguesa da Unioeste – Cascavel/PR, e
também foram apresentadas no IV Encontro do Pibid, no
campus da Unioeste de Cascavel, realizado no dia 21 de
novembro de 2016.
O trabalho com a confecção de recursos lúdicos
para o ensino de conteúdos de Língua Portuguesa surgiu
das discussões realizadas nas reuniões de avaliação das
atividades de docência realizadas nas aulas do 6º Ano do
Ensino Fundamental. Do ponto de vista pedagógico,
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 416
amparando-se na grade curricular e nos documentos
basilares da educação, como as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica de Língua Portuguesa, doravante DCE,
e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa, doravante PCN, espera-se que um aluno do
6º Ano do Ensino Fundamental domine alguns
conhecimentos básicos no que se refere à escrita
ortográfica, às classes de palavras e à escrita de textos
narrativos.
Para o aluno que busca conquistar sua autonomia
a partir da reconstituição de sua própria identidade,
segundo os PCN (1998, p. 47), “[...] o trabalho de
reflexão deve permitir-lhe tanto o reconhecimento de sua
linguagem e de seu lugar no mundo quanto a percepção
das outras formas de organização do discurso,
particularmente daquelas manifestas nos textos escritos”,
o que consiste em um dos objetivos propostos pelas
atividades aqui apresentadas, as quais procuram trabalhar
as habilidades de leitura e escrita de forma a trazer o
aluno para participação ativa na construção de seu
próprio conhecimento e autonomia quanto ao uso da
linguagem.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 417
No que concerne aos objetivos do ensino de
línguas, conforme as DCE (2008, p. 54),
O estudo dos conhecimentos
linguísticos, sob esse enfoque, deve
propiciar ao aluno a reflexão sobre as
normas de uso das unidades da língua,
de como elas são combinadas para
produzirem determinados efeitos de
sentido, profundamente vinculados a
contextos e adequados às finalidades
pretendidas no ato da linguagem.
Além de desafiar os alunos a partirem de seus
conhecimentos sobre a língua e descobrirem novas
possibilidades de uso dessa língua, o planejamento e a
confecção dos jogos representaram um momento para
que se pudesse refletir sobre a aplicação dos conteúdos
da disciplina de forma lúdica e transdisciplinar.
Segundo Mendonça (2008, p. 357), o lúdico
promove um “estímulo de exploração criativa”, entre
professores e alunos. Deslocar-se de rotinas pedagógicas
cristalizadas em torno de um ensino mecânico e
descritivo é um desafio para nós professores. Para os
alunos, bolsistas do Pibid, trata-se de recriar experiências
de docência, tomando os conteúdos como ponto de
partida, lançando os alunos do 6º Ano do Ensino
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 418
Fundamental em uma aventura pela língua, em que
descobrir significa aprender.
Mesmo explorando conteúdos estruturais e
formais, o jogo e o lúdico podem auxiliar os alunos a
perceberem determinadas funções da língua e,
estimulados pela criação, transformarem a comunicação
em possibilidades. Para Vigotsky (1994, p. 81),
“o lúdico vem a influenciar no
desenvolvimento da criança, [...] a
criança aprende a agir, há um estímulo
da curiosidade, [...] adquire iniciativa e
demonstra autoconfiança, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do
pensamento e da concentração”.
Trata-se, pois, conforme D’Ávila (2006, p.18), de
introduzir uma concepção de ensino lúdico, “em que se
inserem conteúdos, métodos criativos e o enlevo em se
ensinar e, principalmente, aprender”. Ademais, os jogos e
a ludicidade estabelecem entre os alunos um espírito de
cooperação a partir da resolução de problemas e desafios.
Na sequência deste capítulo, apresentaremos as
atividades lúdicas desenvolvidas.
Dominó dos sons
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 419
O ensino da ortografia apresenta-se, muitas vezes,
como uma atividade mecânica, que pode não fazer
sentido para os alunos. Primeiramente, destacamos que as
atividades devem estar contextualizadas em propostas
que contemplam a escrita a partir da sua função social. A
atividade lúdica, como o Dominó, deve ser trabalhada
como estratégia de fixação de conhecimentos já
trabalhados anteriormente.
O jogo “Dominó dos sons” pode ser jogado por
quatro pessoas. Inicialmente, as peças são colocadas
sobre a mesa, viradas para baixo e misturadas. Depois,
cada jogador pega cinco peças, enquanto as demais
continuam viradas para baixo, sobre a mesa. Em seguida,
decide-se quem inicia o jogo e o primeiro jogador coloca
uma peça qualquer virada para cima, sobre a mesa. O
segundo jogador deve colocar uma peça em que uma das
extremidades represente o som final da palavra que o
jogador anterior colocou sobre a mesa, e assim
sucessivamente. Apenas uma peça por vez pode ser
jogada. Caso o jogador não tenha uma peça que possa ser
encaixada, ele deve “comprar” outra peça, até que
encontre uma que se encaixe. Se as peças para serem
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 420
“compradas” acabarem, e, ainda assim, o jogador não
conseguir uma peça adequada, deverá passar a vez.
Vence o primeiro jogador que fica sem peças na mão.
No jogo “Bingo da Ortografia”, os alunos devem
visualizar as imagens expostas pelo professor, escolher
16 delas e escrevê-las de acordo com a ortografia padrão.
Após preenchidas as cartelas, o professor irá ditar os
nomes das imagens. O aluno que marcar todas as
palavras escolhidas por ele anteriormente ganhará, desde
que as palavras escolhidas estejam escritas de acordo
com a ortografia correta.
A borboleta azul
Os relatos acompanham a criança desde os
primeiros momentos de interação com o meio. Porém, as
produções escritas do gênero textual narrativas realizadas
pelos alunos, embora trabalhadas exaustivamente desde
os primeiros anos do Ensino Fundamental, apresentam
problemas. Há uma incompreensão das suas fases e
elementos.
Na atividade lúdica “A borboleta azul”, busca-se
levar os alunos a entender o uso de sinônimos, para evitar
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 421
redundâncias, ampliar a seleção lexical e atualização de
sentidos. A atividade foi desenvolvida a partir da
confecção de um cartaz e de um fantoche de uma
borboleta azul. No primeiro momento, contamos a
história da borboleta azul fazendo uso do fantoche,
incitando os alunos a imaginarem, realmente, uma
borboleta azul. Após, mostramos o cartaz com um recorte
da história onde há lacunas que devem ser preenchidas
por sinônimos que se encaixam no texto. Para completar
essas lacunas, o aluno deve escolher um sinônimo dentre
as opções disponibilizadas por escrito dentro de uma
caixa, utilizando a palavra escolhida de modo a garantir o
sentido do texto. Em seguida, é importante que o
professor conte a história com o auxílio do fantoche, para
captar ainda mais a atenção dos estudantes. O cartaz e os
materiais a serem utilizados nesta atividade, apresentada
no IV Evento do Pibid na Unioeste, são apresentados na
Figura 1, a seguir.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 422
Figura 1 – Atividade “A borboleta azul”, exposta no IV Encontro do
Pibid, campus da Unioeste de Cascavel
Dados: substantivos e verbos
Ainda com foco nas narrativas e sua estrutura
linguística, formada basicamente por substantivos,
adjetivos e verbos, criamos o dado de substantivos e
verbos. O objetivo deste jogo é estimular a criatividade
dos estudantes e aprimorar o ensino de verbos e
substantivos.
Para sua realização, é necessário ter em mãos uma
caixa com vários objetos (substantivos) e um dado que
dispõe de um verbo em cada lado. A professora deve
jogar o dado, tirar um substantivo da caixa e o aluno
deve, então, formar uma oração utilizando as duas
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 423
palavras. O jogo também possibilita a aprendizagem das
conjugações, pois os estudantes podem conjugar o verbo
no tempo verbal que quiserem. Os dados a serem
utilizados para esta atividade são expostos na Figura 2.
Figura 2 – Dados: substantivos e verbos, expostos no IV
Encontro do Pibif, campus da Unioeste de Cascavel
Sequência da fábula com imagens
As fábulas são trabalhadas no 6º Ano do Ensino
Fundamental para desenvolver habilidades de leitura e
escrita. Seu ritmo próximo dos relatos orais permite ao
aluno atribuir sentidos, principalmente orientados pela
sua estrutura textual e linguística.
Nesta atividade iremos explorar conteúdos
relacionados às fases da narrativa. O objetivo é trabalhar
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 424
com a sequência narrativa que compõe uma fábula,
abordando quais características delimitam o gênero e o
diferenciam do relato.
No interior de uma caixa há uma fábula conhecida
dividida em 9 cartões, mostrando por meio de imagens os
acontecimentos principais da história. Um por vez os
alunos irão retirar de forma aleatória um cartão e colocar
no painel no local em que acredita pertencer aquela parte
da história, se no começo ou no final da fabula. Cada
cartão tem na parte de trás um pequeno pedaço de velcro
que permite que seja colado no painel com TNT. Após
todos os cartões serem dispostos, o professor deve
orientar uma discussão a respeito da importância da
sequência narrativa, instigando os alunos a comentarem
porque os eventos na história ocorreram daquela maneira
e quais seriam as implicações em colocar um elemento
narrativo pertencente ao final da fabula em seu início. A
atividade é exposta na Figura 3.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 425
Figura 3 – Sequência da fábula com imagens, exposta no
IV Encontro do Pibid, campus da Unioeste de Cascavel
Preenchendo lacunas do texto
A atividade “Preenchendo lacunas do texto” tem
por objetivo elaborar o trabalho em sala de aula a
respeito do que se tratam substantivos, adjetivos,
advérbios e verbos. Podem ser usadas quantas fábulas
forem necessárias para completar o trabalho em sala de
aula com o tema, sendo que cada uma delas é dividida
em grupos de cartões que serão usados em sequência para
o jogo. O aluno irá ler o cartão que contém lacunas nos
verbos, substantivos e adjetivos. Em seguida, jogará um
dos dados e deverá responder se o resultado é um verbo,
substantivo ou adjetivo e em qual lacuna da frase ele se
encaixa melhor.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 426
Nesse momento, o professor deve orientar os
alunos a, caso seja necessário, realizar adequações na
frase, comentar os novos sentidos que ela recebeu e, por
fim, ler a frase original. O jogo pode acontecer com dois
ou mais times competindo entre si ou apenas como uma
atividade dinâmica para toda turma. A atividade é
apresentada na Figura 4, na sequência.
Figura 4 – Atividade “Preenchendo lacunas do texto”,
exposta no IV Encontro do Pibid, campus da Unioeste de Cascavel
Questões ortográficas, palavras primitivas e
derivadas
Com a intenção de praticar a ortografia de
palavras que comumente geram dúvidas quanto à sua
escrita na língua portuguesa, as primeiras atividades aqui
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 427
propostas estabelecem momentos de teoria e prática, nos
quais os alunos serão não apenas expostos à correta
grafia das palavras trabalhadas, mas, também,
participarão ativamente de atividades práticas, que
tencionam a memorização da escrita correta desse
vocabulário em específico.
A primeira atividade tem início com uma
apresentação visualmente atrativa, desenvolvida no
programa PowerPoint, contendo uma lista de palavras
com ortografias específicas que serão apresentadas aos
alunos. As questões ortográficas diferenciadas foram
escolhidas por representarem dúvidas frequentes em
alunos de vários níveis escolares, sendo elas: palavras
escritas com s, ss ou ç; com x ou ch; e com j ou g, de
acordo com o cartaz feito como exemplo para explicar a
atividade no IV Encontro do Pibid na Unioeste, na figura
5.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 428
Figura 05 – Cartaz exemplificando as questões ortográficas
a serem trabalhadas nesta sequência de atividades, exposto no IV
Encontro do Pibid, campus da Unioeste de Cascavel.
Nessa primeira apresentação das palavras, o slide,
cujo título apresenta “s, ss ou ç?”, é seguido por uma
lista das palavras a serem trabalhadas e suas respectivas
regras, sendo que o espaço específico para se completar
com a(s) letra(s) corretas, dentre as possibilidades
estabelecidas, está, inicialmente, em branco. Os alunos
ajudam o professor a completá-los. Essa etapa da
atividade pode, também, ser desenvolvida em quadro,
sendo que o(a) professor(a) escreve toda a sequência de
palavras por primeiro e, na sequência, completa-as com a
ajuda do grupo. O mesmo será feito com a lista de
diferenciação entre escritas com x/ch e j/g.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 429
Em uma segunda atividade proposta, chamada
“Jogo das sílabas”, vários envelopes contendo sílabas são
distribuídos em grupos de 4 a 5 alunos para que,
trabalhando em equipe, formem o máximo de palavras
que conseguirem com as sílabas disponíveis. As palavras
desse jogo são as mesmas trabalhadas na apresentação
anterior. Para finalizar a sequência de atividades
referentes à ortografia, um “Jogo do mico” é realizado,
em grupos de 4 a 5 jogadores, utilizando cartas com as
palavras da primeira apresentação, diferentes, porém, das
palavras do jogo das sílabas. As figuras 6, 7, 8 e 9
apresentam o “Jogo do mico”, apresentado no IV
Encontro do Pibid na Unioeste, campus Cascavel.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 430
Figura 6 – Jogo do Mico Ortográfico 1
Figura 7 – Jogo do Mico Ortográfico 2
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 431
Figura 8 – Cartaz explicativo referente ao “Jogo do mico
ortográfico”, exposto no IV Encontro do Pibid, campus
da Unioeste de Cascavel
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 432
Figura 9 – Atividade “Jogo do mico ortográfico”, exposta no IV
Encontro do Pibid, campus da Unioeste de Cascavel
Para uma segunda sequência de atividades,
palavras primitivas e derivadas serão trabalhadas,
também por meio de apresentação no PowerPoint ou no
quadro. Primeiramente, explicando o que são palavras
primitivas e derivadas, para, em seguida, apresentar
vários exemplos. Essas palavras são praticadas por um
“Jogo da memória” em que as cartas se encaixam. Uma
das cartas contém a palavra primitiva, enquanto a outra
contém dois exemplos de palavras derivadas. Os alunos
irão se reunir em grupos de 5 a 6 integrantes e jogar com
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 433
sua sequência de cartas. O vencedor é o aluno que
encaixar mais cartas até o fim do jogo.
Já a 3ª atividade proposta consiste em um jogo da
memória sobre palavras primitivas e derivadas. O jogo
foi feito com cartolinas coloridas; azul e rosa, que tinham
o objetivo de separar por cores as palavras primitivas e as
palavras derivadas. As cartas azuis, que eram referentes
as palavras primitivas, possuíam recortes que poderiam
ser encaixadas com as cartas rosas, que possuíam
palavras derivadas. O “Jogo da memória” com palavras
primitivas e derivadas é apresentado na Figura 10.
Figura 10 – Jogo da Memória com palavras primitivas e derivadas,
exposto no IV Encontro do Pibif, campus da Unioeste de Cascavel
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 434
Considerações finais
Com o uso dessas ferramentas didáticas
apresentadas, podemos obter resultados relevantes e
eficazes na educação.
“O brincar proporciona a aquisição de
novos conhecimentos, desenvolve
habilidades de forma natural e
agradável. Ele é uma das necessidades
básicas da criança, é essencial para um
bom desenvolvimento motor, social,
emocional e cognitivo.” (MALUF, 2003,
p. 9).
Essa prática de ensino faz com que os alunos
criem vínculos com seus professores e, como
consequência, faz com que se envolvam mais com as
atividades. Essas táticas fazem com que o aluno possua
maior desenvolvimento motor, cognitivo, social e até
mesmo biológico.
O fato de que o aluno reproduzirá sua realidade
através da imaginação fará com que seja impulsionado o
poder de expressar suas angústias e dificuldades. E
assim, o que talvez fosse difícil de fazer através das
palavras torna-se uma tarefa mais prazerosa. “A
educação lúdica contribui e influencia na formação da
criança, possibilitando um crescimento sadio, um
enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 435
espírito democrático enquanto investe em uma produção
séria do conhecimento” (ALMEIDA, 2003, p. 41). Ao
desenvolver tais atividades, o educador cria um ambiente
divertido, que poderá reproduzir valores éticos e morais,
buscando, assim, formar cidadãos conscientes dos seus
deveres e responsabilidades.
Referências
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas
e jogos pedagógicos. São Paulo, São Paulo: Loyola,
2003.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto
ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa.
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
MEC/SEF, 1998. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/
arquivos/pdf/portugues.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2017.
D’ÁVILA, Cristina Maria. Eclipse do lúdico. Revista da
FAEEBA: Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.
15, n. 25, p. 15-25, jan./jun. 2006. Disponível em:
<http://www.uneb.br/revistadafaeeba/files/2011/05/nume
ro25.pdf >. Acesso em: 04 ago. 2017.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e
aprendizado. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
Vivências na sala de aula no Pibid
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Pibid 2017 436
MENDONÇA, João Guilherme Rodrigues. Formação de
professores: a dimensão lúdica em questão. Cadernos da
Pedagogia, São Carlos, ano 2, v. 2, n. 3, jan./jul 2008.
Disponível em:
<http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/c
p/article/viewFile/55/48>. Acesso em: 04 ago. 2017.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes
curriculares da educação básica: Língua Portuguesa.
Curitiba, 2008. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.
br/arquivos/File/diretrizes/dce_port.pdf>. Acesso em: 29
ago. 2017.
VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da
mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
Recommended