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DE-SE país sul'cano com 8,5 mi
,Ihôes de km 2, 150 miIlhões de habitantes,grande pctencial econô-
Imico. Indústriadiwrsificada e exportadora, terI ras férteis, boa infra-es
tItrutura em energia, telenci ,Ijlcomunicações. Abun
de' . d�nte mão-de-obra, preV. cisando apenas de repacei- res no sistema educa
.re, cional.Preçodeocasião.Tratar em Brasília, na
�açados Três Pode
s. Fone: (061) 311-41 cf Fernando.STAURANTE P' .
ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA
J ..'
ZEROJornal Laboratório
do Curso deJornalismo daUniversidade
Federal de SantaCatarina
Redação: Curso deJornalismo (CCE -
UFSC), Trindade,Florianópolis/SC - CEP
88040-900
Telefones:(048) 231-9215 e 231-9490
Telex e fax: (048) 234-4069
Impressão: DiárioCatarinense
Distribuição gratuitaCirculação dirigida
Arte: Michelson
BorgesColaboração:
Agecom, Apufsc,Jaime Luccas, prof.Carlos A. A. Vieira
(carta aos
parlamentares), prof.Francisco Karam, prof.José Gatti, prof, Paulo
Brito (animação)Copy-writer: Carlos
Locatelli
Diagramação: ClaytonWosgrau, ChristinaValadão, GabrielaVeras, Gisele de
Souza, MárioCavalheiro, PabloClaudino, Sandra
Vieira
Edição: AlessandraMathyas, Clayton
Wosgrau, GladinstonSilvestrini, Mauricio
Oliveira, PabloClaudino, Paulo
Henrique de Sousa,Sandra Nebelung
Editoração Eletrônica:Pablo Claudino
Fotografia: BárbaraPetres, ChristinaValadão, Daniela
Queiroz, Gisele de
Souza, Laura Tuyama,Sandra Vieira
Lab. Fotográfico:Daniela Queiroz,
Sérgio Paiva
Montagem: GladinstonSilvestrini, Pablo
ClaudinoSec, gráfica:Pablo
ClaudineSec. de redação:Clayton Wosgrau,Sandra Nebelung
Textos: Alessandra
Mathyas, AlexandreWinck, Aline Cabral,
André Barbosa, AndreaMarques, ChristinaValadão, ClaytonWosgrau, CristinaGomes, Gladinston
Silvestrini, JoiceSabatke, Luís Carlos
Festl, Marcela Corneli,Paulo H. de Sousa,
Patrícia Moser, SandraVieira, Tatiana Ramos
Supervisão: CarlosLocatelli
-
Indiferenças6-
steano, oprimeironúmt!rodoZEROchegacom um atraso de
quase dois meses. Oiniciodas aulas em 21 de março e
a indefinição no processo delicitação que define onde vai ser
impresso o jornal, foram algunsmotivos que contribuíram paraisso. Um outro problema - deordem editorial - que atrasou o
jornal emmais umasemana,foi adeflagração da greve na UFSC.
A reportagem de ZEROestveemtodososcentrosde ensinoda universidade, cobriu assem
bléias de professorese constatouo seguinte: é loucurapensar em
Os sorteios, grandechamariz do comércio no.
auge do Plano Real, agoravoltam à cenapara tentarcobrir o rombo deixado
pelos inadimplentesdaquelafesta. As lojas dogrupo Koerich criaram
uma promoção no mínimoinusitada: o devedor que
pagar a conta em diaconcorre a 12 automóveis
GolO km. Dos 240 mil
carnês liberados pelaempresa, 24mil estão
vencidos.
greve quando o assuntoprincipalaserdiscutido não é o salário dos
professores ou servidores. En
quanto as demais categorias dosservidores públicos federais se
recusam a trabalhar frente ao
assa/to a que estão sendo submetidos os setores estratégicosda nossa economia (Eletrobrás,Telebrás, Petrobrás), os professores umversitários demonstramuma absurda indiferença
Indiferença que não atingeos professores da rede públicacatarinense, parados desde o dia24 de abril e que, de acordo comosecretáriodaCasaCivil,MíltonMartini, estão recebendo um
(jJ=>Os casos de estupro em
FIõrianópolis estão aumentando.
A do- Em 94 foram registradas mais de
re açao 40 ocorrências e nos primeirosmeses de 95 ocorreram oito casos
somente no norte da Ilha. A praiaai dos Ingleses foi a recordista foi em� ocorrências, Uma das causas dessa� crescente violência, segundo a
65 equipe da 68 DP, é a migração� intensado interior doEstado parao
� litoral. Amaioria dos estupradores<3 identificadosnãoédeFlorianópolis.
"tratamento diferenciado", seja láo que isso queira significar.
Na penúltima página, o
jornal traz uma entrevista com
Carla Camurati, diretora deCarlota Joaquina, Princesa doBrazil. O filme, até agora, jápagou todas as despesas de
orçamento somente com o dinheirodasbilheterias .. Entreseus
patrocinadores está a Petrobrás,estatal que muitos dizem ser
deficitária. Carlota .. é um bomexemplo de que, com esforço e
inteligência, tudo é viável noBrasil.
Tem mulher no gingadoAos poucos elas estão invadindo as rodas de capoeira
AAI> mulheres participam que vê uma roda fica com vontadecada vez mais da história dejogar, "quandoescutomúsicadedacapoeira. Hoje,decada capoeira parece que alguma coisa
três alunos que começam a jogar, no meu sangue me faz gingar."
uma é mulher. Mas não foi fácil Acapoeiraéumacoisamistica, tempara elasem conquistar este espaço. umamagiaque enfeitiçaquemjoga.Segundo o professor de capoeira Juliana, 14 anos, que treina háCorvo, uma mulher para ser apenas um mês, pretende jogarconsiderada capoeirista tem que capoeira por muito tempo, "gostosuar bastante. daenergiadacapoeira". AcapoeiraA discriminação das mulheres em não é só uma luta, "a capoeira éuma roda de capoeira está se jogada com o corpo e o espírito",tornando coisa do passado. Redna, diz o professor Corvo. A mulher23 anos, treinou capoeira durante quandoentranarodaéparamostrarum ano e meio. Ela conta quejáviu toda a beleza de sua ginga e nãomuitosmeninos seaproveitarem da para brigar.falta de habilidade de algumas Naépocadaescravaturaasmulhegarotas para lhes passar rasteiras. res não jogavam capoeira. Elas sóMas também falaque amaioria dos participavam do coro e batiamhomens incentiva as mulheres a palmas, enquanto os homensentrar nas rodas e jogar. jogavam naroda. Acapoeiranasceu
Red.naparoudetreinar,massem��da necessidade dos negros em se
'-, //
, Ill' t \. • a
defender dos brancos. Mas as
mulheres tinham a sua própriamaneirade se defender. OprofessorCorvo conta que as escravas
envenenavam a comida dos senhores de engenho ou matavam o
homem branco na cama, com uma
mordida na jugular.Com o fim da escravidão muitacoisa aconteceu à capoeira. Ela foiproibida e suaprática só foi liberadano governo de Getúlio Vargas.Mesmo assim a capoeira só podiaserpraticadadentro das academias.Na década de 40, mestre Bimba daBahia tinha em suas rodas um coro
só composto por mulheres. Mas foisó na década de 50 que elas
começaram a jogar.Uma capoeirista baiana tornou-seuma lenda. Ela ficou conhecida
comoMaria Doze Homens, porqueganhou de doze homens no jogo da
capoeira. Hoje existem no Brasiltrês mestras de capoeira. Duas sãoda Bahia e uma do Rio de Janeiro,conhecidacomomestra Sueli Cota.Ela define a capoeira como um
presente de Deus a todos aquelesque amam de verdade.Alerta: querem acabar com o grupode capoeira da UFSC. Dizem que
quem joga capoeira é marginalPorém poucos sabem que a maior
parte dos alunos é estudante da
própria universidade. Além dissonão é preciso termuita cultura parasaber que capoeira acima de tudo éuma arte.
Andrea Marques
lIB)MAl95
Abra o olhoc::e=- Florianópolis é a segundacapital do país que mais gasta comseus vereadores. Foram R$26.453,00 reais para manter cadaum deles no mês de janeiro, ou R$2,08pagoporcadaflorianopolitanopor mês. Os moradores de Palmas,no Tocantins, ficam com a maior
despesa: R$ 4,81 por habitante,totalizando R$ 22.777,00 parasustentarumúnicovereador. Afonteé a revista Veja, de 3 de maio.
c::e=- Quem está interessado em
participar da Internet vai esbarrarna ineficiência e no alto preço pelaEmbratel. Dos 20mil candidatos jáinscritos no Brasil, apenas l.500terão acesso imediato e a um preçoabsurdo. Uma construtora de
Florianópolis desisitiu quando a
estatal cobrou 600 reais pelaassinaturado serviço,mais despesastelefônicas. NosEUA,ondedezenasde empresas intermediam o acesso
à rede, o novo sócio ganha uma
bonificação de até 20 horas de uso.Depois, acessando em média duashoras diárias, paga apenas 25dólares ao mês de telefone.
c::e=- Começa a se tornarpublica arazão da romaria de ambulânciasaos hospitais da capital nos últimosmeses. Desta vez, porém, a culpanão pode ser creditada a prefeitossedentos por votos. ,Na verdade o
propagado SistemaUnicode Saúde(SUS}nãofuncionanointerior. Hádoismeses ogovernofederal cortoudrasticamente o número de Autorizações de Internação Hospitalar(AIH) que eram enviadas aos
murucipios. Sem esse papel os
hospitais não aceitam os doentes
porque não conseguirão se ressarcirdas despesas. A saída é enviar ospacientes a Florianópolis, onde os
direitosconstitucionaisaindavaleme o cidadão tem a chance de ser
atendido sem terobendito papel namão.
c::e=- Esta semana o programa derádioUniversidadeAbertacontinuacom a coberturadiáriadagreve dosservidores e professores da UFSC.São reportagens e entrevistas queinformamofuncionamentode todosos setores da universidade durantea paralisação. O programa tambémtem quadros como "Na dúvida,pergunte", que esclarece no ar as
dúvidas da comunidade sobre o
funcionamento da UFSC. Para
participar é só ligarpara (048) 231-9529. OUniversidade Abertaé umprojeto de extensão feito por alunosdo curso de jornalismo da UFSC e
vai ao ar de segunda à sábado, das7h45min às 8 horas, na rádioBarriga Verde.
ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA
e todas as classes pro-
D fissio_?ais, os prof�ssores sao os que mais se
manifestam contra oPlano Real. Omagistério paulistapermaneceu emgreve por 34 dias, os professoresfederais pararam em 9 demaio e os
da rede estadual de Santa Catarinaestão em greve desde o dia 24 deabril.
Os grevistas dizem que jámobilizaram 70% dos cerca de60.000 professores catarinenses. Aforça do movimento está no fato deque ogoverno deu reajustes desproporcionais para o funcionalismoestadual no mês de março: deixou omagistério com 2,68%; e os cargoscomissionados com uma gratificação de até 90%. Assim o piso salarial de um professor para ajornadade 40 horas semanais é R$ 215,00e omáximo pago a um profissionalem fim de carreira é R$ 621,00. Aisso pode-se somargratificação porregência de classe que é de 40%para professores primários e 20%para quem dá aulas para o ginásio.
Sorteios - A maior parte do
que a professora Ziléia Mendonçade Oliveira recebeu no dia 26 deabril sequer saiu doBESC. O pagamento de R$ 627,00, equivalente a
três meses de trabalho como professora primária de duas escolas estaduais, tirou a conta bancária de
. .
,
., .
• I I ,,'\ ,\\, •. v v v \.,'
Dinheiro não é problemaSanta Catarina supera Paraná
gastando aproximadamenteR$ 23 milhões empublicidade
governo do estado de
O SantaCatarinapoderá gastar, somenteneste ano, 22,9 mi-
lhões de reais em propaganda. Ovalor constado edital de concorrência 01/95 do dia sete de abril, queestabelece as normas da licitaçãopara selecionar as agências de publicidade responsáveis pelas contas oficiais. Se o governo de PauloAfonsoVieiranãousar todaaverba
poderá evitar a burocracia de umanova licitação em 1996, prorrogando os contratos que forem assinados até cinco anos, conforme regulamenta o edital.O estado do Paraná, com uma população de8.443.299 habitantes - quase o dobro da catarinense (4.538.248) - e
uma arrecadação de impostos girando na casados US$ 556 milhões(dados de 1992) - 210 milhões a
mais que Santa Catarina - resolveueconomizar com publicidade. Vai
dispensarpara isso 20,6milhões dereais. Aproximadamente 2,3 milhões a menos que o governo cata
rinense.A verba agitou o mercado de
propaganda, as rádios, as televisões e os jornais. Em 1994 as verbas
publicitárias foram cortadas no primeiro decreto do então governadorAntônioCarlos KonderReis. "Até
que enfim vamos ter um bom mate
rial para trabalhar", festeja DanielAraújo, presidentedoSindicato dasAgências de Propaganda de SantaCatarina e dono de umadelas, aDR
Araújo Propaganda. Ele acredita
que émais vantajoso ao contribuinte saber onde está sendo aplicado o
dinheiro público do que vê-lo ser
desperdiçado em obras de utilidadesuspeita.
O ex-governador AntônioCarlos Konder Reis tem um pontode vista mais rígido que Daniel
quando se discute verbas publicitárias. Quandoassumiuogovernonofinal de março do ano passado,Konder Reis cortou o que pôde da
propaganda oficial, limitando em
cinco as campanhas publicitáriasdurante os nove meses que governou oestado. Isso oajudou acobrir,no final de sua gestão, em apenas45 dias, quatro folhas de pagamento. "Não acho que a Casan e a
Celesc, por exemplo, possam ter
direito àpublicidade, pois não concorrem com ninguém, possuem um
monopólio", opina o ex-governador. A Celesc e a Casan vão gastarem publicidade neste ano, respectivamente, 1,5 milhão e 1,3 milhãode reais.
Sérgio Vieira da Veiga, consultor jurídico da Secretaria deCulturaeComunicaçãoSocial (Seccom), órgão que centraliza os 22,9milhões de reais,justifica o volumeda verba. "O Distrito Federal, quetem uma economia e uma população menores do que Santa Catarina, vai gastar em torno de 21 milhões de reais com propaganda",afirma Sérgio. Ele também reclama dos preços dos anúncios. Se-
Ziléia de um saldo negativo de R$467,00.Elaéumadas16.000ACf's( professores contratados temporariamente)de SantaCatarina. Comomuitos de seus colegas, recebeu o
primeiro pagamento com três me
ses de atraso. Ziléiaé titular de duasturmas daprimeira sérieprimária e
ganha R$ 300,00 mensais.Enquanto trabalhou sem re
ceber, ela teve o auxílio do maridopara sustentar a casa. Ele é telefo-
Torneiras abertasÓRGÃO VALOR EM R$
Sistema BESC 5 milhões
1,5 milhão
1,4 milhão
1,3 milhão
1,1 milhão
1 milhão
Celesc
Sec. da FazendalCiasc
'Cruan
Sec.-
da Saúde
See. da Segurança Publica
milhão
320 mil
300 mil
gundo ele, um edital padrão de oito'centímetros de largura por dez dealtura publicado na Folha de SãoPaulo custa R$ 30.240,00. ZEROchecou a informação com ojornal eobteve uma quantia quase dez ve
zesmenor: R$3.438,80. Aindadeacordo com os números do consultor jurídico da Seccom, um balançopatrimonial de quatro páginas publicado naGazetaMercantil custaria aproximadamente 200 mil reais. NoDiário Catarinense- infor
mação checada por ZERO - esse
mesmo balanço custa, em média,8,5 mil reais.
Neste ano o governo vai licitar a publicidade de 51 órgãos da
administração direta (secretarias,fundações, autarquias) e indireta
(empresas públicas, sociedades deeconomia mista), divididos em 19lotes. Cada lote tem o seu valor
estipulado. Omais cobiçado é o dosistema financeiro BESC, que vaipoder gastar 5 milhões de reais.Nesse caso geralmente os contratossão prorrogados, porque costuma
nista da Casan e recebe R$ 180,00por mês. Para sobreviver com esta
remuneração, eles teriam que co
mer menos que uma cesta básica e
usar dois passes de ônibus por dia."O BESC dá cheque especial paraqualquer pessoa, assim nós conseguimos pagar as contas, depois o
salário entra sópara saldar o débitobancário", confirma Ziléia.
Há quem use outras alternativas para pagar as contas. SilésiaSantiago éprofessoraprimáriacom
o formação universitária e dá aulasai há 21 anos recebendo R$ 358,00� por mês. Ela sorteia qual conta vai� pagar naquele mês. "Eu vejo qual� temmais urgência e deixo as outras� contas de lado, é o único jeito".� Silésia e Ziléia são professo� ras mal remuneradas e tem maisum ponto em comum: elas almo
çam o que é servido como merendanum dos colégios em que dão aulas.Adiretora, queprefere não ser identificada, faz esta concessão, queconstitui um direito dos professores, uma vez que é servida a quantidade que sobra para as crianças.Nesta escola de Florianópolis, cerca de dez professores almoçam a
merenda. Mesmoestandoem plenodireito, osprofessores sevêem ame
açados de perder o almoço por politicagem de duas colegas ligadasZiléia não deixa a profissão ao governo do estado e que alme-
Professores em greve pelo país
Fonte:Editalde Concorrência 001/95
sobrar dinheiro. O lotes da secreta-ria de Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente, da secretaria de
Segurança Pública e da secretariaExtraordinária deQualidade eProdutividade terão a verba mais min
guada: 300 mil reais cada um
deles.Atéoiníciodemaio,47 agên
cias de propaganda de Santa Catarina e três do Paraná e Rio Grandedo Sul haviam pegado o edital deconcorrência na secretaria de Culturae Comunicação Social. A cada
negociação feitacom um veículo de
comunicação a agência responsável pela conta tem direito a 15% dototal acertado. Ou seja, dos R$22.920.000,00 da verba publicitária, R$ 3.483.000,00 vãoparar nascontas das agências de publicidade,que também decidirão quais os
veículos que vão receber os outrosR$ 18.437.000,00. O resultado da
licitação sai no final deste mês.
Clayton Wosgrau
jam a direção da escola.A professora de Português
para a segundograu,TâniaFrancalacei Schambeck. também é chefedo Departamento de LínguaPortuguesa do Instituto Estadual deEducação.Dá aula a 150 alunos e
recebe R$ 600,00mensais. Ela temlicenciatura plena em Letras e 23anos de magistério.
Mesmo assim ela acredita noPlanoReal: "sem ele seria impossível imaginar como estaria a infla
ção hoje". Tâniapondera que o real"vive numa cordabamba", sensívelás pressões de fortes grupos - em
presários, industriais e atravessa
dores.M.P., 33 anos, é professora
de Português para o segundo grau,trabalha 40 horas semanais e rece
be R$ 249,00 mensais. Para com
plementar o orçamento ela vendechocolates, no mês passado estaatividade lhe rendeu R$ 200,00 .
Essa professora, que corrigemais de trezentas redações por semana, é mais uma daquelas quetêm cada vez menos tempo parapreparar aulas e corrigir provas. Asprofessoras de Santa Catarina nãotêm creches para deixar seus filhosnem assistência odontológica pelolpesc - o precário instituto de previdência do estado.
Joice Sabalke
2EH)MAl95
ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA
pode causar preJUlZOS. Fábioexplica que a retirada de grandequantidadedeareiadobancodevemudar o fluxo da corrente marítima naquela área e que o bancotendeaseregeneraralongoprazo.Nesse período, outro depósitosde areia poderão se formar emoutros lugares, inclusivepeito daentrada do mangue do Itacorubi.Fábio, que também trabalha no
projetoNemar (NúcleodeEstudosdoMar), acrescenta queumoutro
problema pode aparecer. O
depósito de areia e o constantemovimento das obras provavelmente vão causar uma grandesuspensão de partículas na água,dificultandoapassagemdaluzdosol e alterando a fotossíntese das
algas naquele local. Isso afastariaalgumasespécies dafaunatemporária ou permanentemente. Apesar disso, o futuro biólogo éfavorável à realização do projeto."Antes de tudo, é preciso tercerteza que os métodos escolhidos são os menos prejudiciais aoequilíbriodoambiente" , completaFábio.
Vôos perdidos - Existe na
Assembléia ummovimento paracriar uma comissão permanentede todos os partidos paragarantiros recursos necessários à obra. Aidéia é do deputado Gilson dosSantos (PPR), que defende um
melhor entrosamento entre o
lhama e a Fatma na definição da
questão ambiental e uma decisãopor parte do governo quanto ao
início dos trabalhos. Para a líderdoPT,Ideli Salvatti, aconstruçãoda via vai diminuir o número deacidentes de trânsitos e desenvolvera turismopoucoexploradona região. Para a maioria dos
deputados, o pontomais crítico éo acesso ao aeroporto da capital,pois alguns deles já perderamvários vôospor causados congestionamentos. As queixas dos
políticos sãofundamentadas combase nos dados do Instituto de
Planejamento Urbano de Floria
nópolis (Ipuf). Diariamente, cercade dezmil veículos circulam pelaúnica viade acesso ao sul da ilha,enquanto o sistema viário com
porta apenas quatromil veículosnaquela região.
Se depender dosmoradoresque terão suas casas derrubadaspara a passagem da via, a obrajáestáaprovada. Paraessas pessoas- cerca de cinqüenta famílias -, ogoverno garante ressarcimentototal e assentamento aos mora
dores emconjuntos habitacionaisque serão construídos com todainfra-estrutura às margens da viaexpressa. "Se tivermos a certezade que nossas condições demoradiaserãomelhores, daremostotal apoio à construção da via
Expressa Sul", diz Jaime deOliveira, presidente da Associação Amigos do Saco dosLimões.
Faltam recursos paraBeira-mar SulPr oj e t otambém
depende·de licençado lbama
zenMAl95
AVia Expressa Sul,obra que vai ligar e
centro de Floria
nópolis diretamenteao sul da ilha, não tem ainda umadata para sair do papel. Apesardo entusiasmo do governo doestado, o projeto não conta com
recursos financeiros suficientesnem com as licenças ambientaisnecessárias. Osuperintendentedaobra, engenheiroLuciasoPresta,explicou que a verba estava
prevista no orçamento deste ano,mas foi vetada pelo presidenteFernandoHenriqueCardoso apósa extinção do ministério doDesenvolvimento Regional, quehavialiberadoR$12milhões parao projeto. O contrato assinadoem dezembro do ano passadoentre o DERISC e o consórcioCBPO (CompanhiaBrasileira deProjetos e Obras)/CNO (Construtora Norberto Odebrecht),vencedor da concorrência, prevêumorçamentodeR$28,3milhõespara a realização das primeirastrês partes da obra, que foidividida em seis etapas. Atualmente, o projeto conta apenascom apromessa de liberação pelogoverno estadual de R$ 200 milmensalmente. "O governo esta
dual não tem condições de realizaras obras sozinho. Estamosbuscando financiamento federalou mesmo de entidades internacionais", esclarece o vice-governadore secretáriodeTransportese Obras, José Augusto Hülse. OBanco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é uma alternativa, desde que o projeto sejaprovado na íntegra. Há tambémnecessidade de recorrer aos
recursos do BNDES para que a
obra seja viabilizada.AViaExpressa Sul começa
com dois túneis escavados em
solo e rocha, entre os bairros da
Prainha e Saco dos Limões, comcerca de 700 metros cada um.
Depois dos túneis será feito um
aterro hidráuli�o de aproximadamente 1200m paralelo às ave
nidas Waldemar Vieira e JorgeLacerda, que será protegido dasondas com os blocos de rochaprovenientes da escavação dostúneis. A próxima etapa será o
acesso à praia do Campeche,juntando-se a estrada que leva à
praia à estrada do aeroporto. Aquartaetapadaviacompreende oacesso à UFSC pela intersecçãode uma estrada no Saco dosLimões passando pelo bairro daCarvoeira. A quinta parte doprojeto é o acabamentodaestradado aeroporto, com a construçãode ciclovias e canteiros. Osviadutos serão a última etapa daviaExpressa Sul.
Parte morta - Ao todo são168 mil m2 de pavimentação,4.400 metros de bueiros e canaisde drenagem e 450 metros deviadutos em concreto armado. Aavenida seguirá o mesmo padrãodaBeira-Mar Norte: duas pistas
m três faixas de tráfego de 3,6etros cadauma, canteiros centralseparador, acostamento interno,clovia e passeios externos.
A construção da via Ex
pressaSul, que temprazomínimode conclusão estipulado em três
anos, é imprescindível para o
desenvolvimento da capital,segundo a Comissão de Fiscalização e Controle de Viação,Transporte e DesenvolvimentoUrbano e Rural, presidida pelosdeputados estaduais FranciscoKüster (PSDB) e Jandir Bellini(PPR). A avenida vai representare possibilitar a internacionalizaçãodoaeroportoHercílioLuz econseqüentemente uma maior
ligação da cidade com o estado e
o resto do país. Existem ainda
J(ia Expressa Sul vai desafogar o trânsito da região da Costeira
beneficios comerciais e imobiliários, já que haverá maiorvalorização da área, considerada"a partemorta da ilha". O espaçoem tomo da via possiblita o
surgimento de mini-estruturasurbanas, divididas em lotes deblocos comerciais e residenciais,cujos valores chegariampertodosUS$ 500milhões, quantiamuitasvezes maior que o valor gastonaexecução da via expressa.
O projeto de construção daviafoi criadoem 1972juntocomos projetosdaBaíaSul edaBeiraMar Norte. A realização da via,antes de ser aprovada, já causa
euforia entre moradores, comerciantes ehoteleiros daregião. ParaMagno Uresta, gerente do HotelVeleiros, a via aumentará o fluxodeturistas pelaPrainha, Costeirae Sacados Limões. "Atualmente,o turista encontra uma estradaestreita e cheia de buracos",reclama o gerente do hotel, umdos poucos da Baía Sul.
Estudos superficiais -
Apesar das expectativas, a
realização da obra esbarra em
vários fatores. Segundo o
engenheiro Luciano Presta, a
draga já está enferrujando com a
esperadaresoluçãodos impasses.Fora os problemas financeiros,existem as dificuldades em
conciliar o desenvolvimento coma preservação do ambiente. Amaiorpolêmica se dá em torno daretiradade areiadobancadoTipitingas,próximoaoaeroporto, paraa construção do aterro. Até agoranão se chegou a nenhuma con
clusão sobre o prejuízo que isso
pode trazer sobre o equilíbrio dafauna próxima à região, pois os
estudos feitos sobreo lugarforamconsiderados superficiais e insuficientes. O banco dos Tipitingasse encontra em área de preservação, protegida por lei federalcomoReservaExtrativistaMarinhadoPirajubaé. Emrazãodisso,o Ibamaestá contratando estudoshidrodinâmicas ebiológicos paraanalisar o funcionamento dascorrentes marítimas, das marés,profundidade e volume de areia.
Apesar dos problemas, a Fatmaresolveu concederalicençapréviapara agilizar os financiamentos.O superintendente do lhama em
Florianópolis, Gabriel Elkeuba,explica que a licença concedida éinsuficienteparapermitir o iníciodas obras. Ele afirma que o lhamae aFatma só vão liberar a obraemcomum acordo quando foremconcluídos os estudos sobre os
possíveis impactos que a cons
trução da via poderia trazer ao
meio-ambiente. Gabriel diz queexiste ainda a necessidade de
apresentar, através do projeto,outras opções de locais para a
retirada de areia.Fábio De La Corte, estu
dante de biologia que escreveu
uma monografia sobre os man
gues da região, acha que a obra
/'
Aline CabralACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA
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Pêssego em calda grego cria desempregooproduto importado custa a metade do preço e ameaça a economia de Pelotas
maprática desleal deI .I comércio intemacio
VI nal está prejudican-do economicamente
urna cidade de 300milhabitantes no sul do Brasil. Localizadaà250 quilômetros dePortoAlegre, no Rio Grande do Sul, Pelotas é responsável por 100%daprodução nacional de pêssego em calda (enlatadoj.juntando em tomo da economia pessegueira 17mil empregos diretos nas 18 fábricas de conser
vas e3.500agricultores domeiorural.
Há dez anos, existiam 40"indústrias beneficiadoras e cer
ca de 12 mil agricultores cultivando pêssego. No ano passado, 4 das 18 indústrias de conservas da cidade não trabalharam deixando 2.300 desempregados o outros 6 mil - que trabalhavam temporariamente noperíodo que vai da colheita atéa embalagem - também sem
emprego. Asindústrias quetrabalharam, utilizaram apenas30% da capacidade instalada.
E como o pêssego é o carro-chefe da produção local, asindústrias que de carona também beneficiavam morango,abóbora, nectarina e aspargoestão deixando de comprar estes produtos dos agricultoreslocais. Segundo o Clube deDiretores Lojistas ( CDL ) de Pelotas, existia em tomo do pêssego urn círculo financeiro quesustentava, através dos pequenos e médios proprietários rurais e trabalhadores da indústria, o comércio da cidade. Durante aúltima campanha eleitoral dizia-se que Pelotas tem 50mil desempregados,mas o Sindicato da Indústria de Doces e
Conservas dePelotas afirmaserem 30 mil.
Presente de grego - Oproblema começou quandograndes indústrias - como aCica- fecharam suas unidades em
Pelotas. Porém aumentou,quando em 1990 a Grécia co
meçou a exportar para o Brasilpêssego em calda que chegapor U$ 0,60 a lata/kg enquantono comércio interno grego o
custo da lata é de U$ 2,00. NoBrasil o custo industrial é U$0,60,mas com todos os impostos opreço de custo fica emU$1,30. Essapráticacomercial queconsiste na exportação de urnproduto abaixo dos preços praticados no mercado interno deorigem do produto é chamadode dumping. E é consideradopelo GATI, organismo que regulamente as práticas comereiais entre os países, como co
mércio desleal.A origem deste problema
está naMacedônia. A exemplodo que acontecenaparte da exIugoslávia, a outra parte - também bastante pobre - vem tentando desmembrar-se da Grécia. E por isso o governo gregojuntamente com a União Européia, da qualfazparte, está subsidiando e ressarcindo os produtores rurais e fabricantes daMacedônia que exportam pêssego beneficiado a urn preçoinferior ao praticado nomercado interno grego. Como Pelotas, aMacedônia é cruzadapelalatitude 32, ideal para o cultivodopêssego em condições apropriadas de solo e clima. E pormotivos de conservação, o local de cultivo deve ser o mesmodo de beneficiamento.
Segundo o Sindicato Rural de Pelotas, há cinco anos a
safra depêssegos domunicípiofoi de 54 mil toneladas/ano. Nasafra 93/94 foi de 32 mil e naúltima (94/95) de 18 mil. Nosúltimos 10 anos a produção de
pêssegos subiunaGrécia de 30milhões para 450 milhões delatas/ano. Em Pelotas foi em91/92 de 29 milhões de latas e
a importação de 3,9 milhões.Em 93/94 a cidade produziu28,4milhões delatas eoBrasilimportou 8,5milhões. Noperiodo 94/95 aproduçãobrasileiraficouem 16milhões enquanto aimportação que ainda não en
cerrou-se durante este ano jáultrapassou ao número produzido no país.
As empresas ( Cica, Arisco, -Etti e Peixe por exemplo)que antes compravam as latasde pêssego em Pelotas e so
mente a rotulavam comonome
de seus produtos agora impor-
tam os enlatados que j á vem da os prazos regulamentares doGrécia até com as respectivas processo tomando permanentemarcasnacionais. Além do bai- a taxa provisória sem avisar osxo preço do produto grego, es- gregos, o que é urn erroprocestas empresas recebem dos ex- suai. O governo brasileiro foiportadores o prazo de um ano então chamado ao Gatt parapara o pagamento. E pelo siste- explicações tendo que retirar oma de débito e crédito de im- processo e a taxa. Em novem
postos, as importadoras credi- bro de 94 o sindicato com apoiotam na venda o mesmo valor da Federação das Indústrias do
quepagaramnacompracomos Rio Grande do Sul (Fiergs)impostos da importação. entrou com novo processo no
Segundo o diretor do Sin- Ministério da Indústria e Codicato das Indústrias de Doces mércio que ainda não foi analie Conservas de Pelotas, Amil- sado pelos técnicos brasileiros.car Zanotta - que está organi- O desânimo no Sindicatozando todos estes dados para o Rural de Pelotas reflete-se na
governo do Estado doRioGran- queixa de seu presidente, Júliode do Sul tomar providências - Honório daSilva: "Os produtoo preço baixo dos pêssegos vai res rurais não estão conseguindurar até a produção nacional do vender o pêssego e outros
desaparecer. Todos os países produtos paralelos com lucro, eda União Européia, os Estados estão deixando a agriculturaUnidos, Japão, Austrália e Ar- porquenãotêmmaisoqueplangentinajáprotegeram seusmer- tar." SegundoHonório, como ocados taxando a entrada dopês- solo e clima de Pelotas é encon
sego grego. trado na Argentina e Uruguai,Processos - No Brasil, o onde os recursos e assistência
Sindicato das Indústrias de técnica são superiores, os agriDoces e Conservas de Pelotas cultores da região não tem con
entrou com um processo no dições de concorrer no MercoMinistério da Indústria e Co- sul. O Sindicato Rural vem no
mércio para provar a relação tando que a altemativa para os
causal entre o problema (dum- agricultores tem sido o abando
ping e subsídio na exportação) no do meio rural.e o dano (fechamento de indús-" Se as importações depêstrias). Emjunho de 93, quando sego grego continuarem cres
os Ministérios da Fazenda e o cendo,comovemacontecendo,da Indústria e Comércio come- o Sindicato das Indústrias de
çaram a investigar o problema, Doces e Conservas de Pelotaso governo brasileiro colocou acredita quetodas as indústriassobre opêssego gregourna tari- de pêssegos fecharão. Prejudifa compensatóriaprovisóriapor cando também a industrializa-4 meses. Acontece que termi- ção dos outros alimentos quenadas as investigações e com- vinham na "carona" do pêsseprovado tanto odumping como go.o subsídiona exportação, o go-vemo brasileiro não obedeceu André Barbosa
:- ,
ZBDMAl95
ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA
Projetos de FHC não agradam eprovocam manifestações em todo país
Dias contados para estataisTrabalhadores mobilizam-se contra as reformas do governo
A CUT decidiu medir forçascom o governo pela conquista daopinião pública da forma mais direta: greve. Mais do que reivindicações, omovimentogrevista - concen
trado no setor público- é um protestocontra as reformas constitucionaispropostas pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso.Os trabalhadores das estatais
pararam as atividades em resposta àsameaças de quebra demonoJX?lios desetores considerados estrategicos daeconomia. Dos 50mil petroleiros dopaís, 45 mil aderiram a greve. Já nosetor elétrico, pararam 36mil funcionários, dos 45 mil existentes. Nosetor de telecomunicações a paralisação não chegou a atingir 50%.Apenas 31 mil trabalhadores-dos 70mil - pararam, segundo dados daCUT.
Os últimos capítulos da reforma constitucional demonstram que a
ameaça das privatizações deve se
concretizar em breve. A comissãoespecial daCâmaraaprovouaemenda constitucional que quebra o
monopólio das telecomunicações e
acaba com a distinção entre empresas nacionais e de capital estrangeiroe a flexibilização do monopólio dopetróleo. Neste último item, se o
plenário do congresso ratificar a decisão da comissão, o Estado continuará com o monopólio do petróleo,podendo autorizar a exploração pelocapital privado. Já nas telecomuni
cações, ogovernovai entregar todaa
estruturaconstruídacom investimentos públicos, ficando apenas com a
responsabilidade de regular a exploração.
Com a atual formação do Congresso, aaprovação das emendas queacabam com os monopólios é apenasuma questão de tempo. A oposiçãotem cerca de um quinto dos votos e o
governo só precisacontinuar alimentando os partidos que lhe dão sustentação. O PMDB também foi saciadocom anomeação doex-senadorMauro Benevides para o cargo de Secretário dos Direitos da Cidadania doministério da Justiça. Ele vai receberR$ 5,2 mil paragarantir a fidelidadede toda a bancada. O PMDB exigiuaindaa confirmação deOdacirKleinno ministério dos Transportes. Omais recente partido a embarcar nogoverno foi o PPR, que jáquer puxaro tapete da ministra Dorothéa Werneck, no ministério da Indústria e
Comércio.O presidente Fernando Henri
que teve que apelar à prática fisiológica para aprovar reformas que pretendem mudar o modelo econômicoque possibilitou o desenvolvimentoda economia nacional, desde a década de 30. Por falta de uma eliteempresarial que pudesse financiar osgastos com infra-estrutura, foi o Estado quem assumiu tal papel. "Oprocesso de substituição de importações e o Estado desenvolvimentistaimpulsionaram o recente desenvolvimento econômico e a industriali-
zação dopais", escreveu oeconomista AloísioMercadante. Esse modelosofreu o impacto da terceira revolução industrial, formado pelo desenvolvimento da tecnologia, que promoveu a globalização do processoprodutivo e a formação dos blocoseconômicos. "A saída que o governoapresenta à nação se reduz na privatização da mais importante base mineral do País, a Vale do Rio Doce,além da flexibilização dos monopólios do petróleo e telecomunicações.Isto é a desarticulação dos sistemasbásicos da infra-estrutura econômica, determinantes para a competitividade", explicou Mercadante.
E essa a questão que está na
ordem do dia. E objeto das discussõesentre a esquerda e a direita, por maisque estes conceitos se confundam. Odeputado Carlito Merss (Pl') é irônico: "nós somos os atrasados. 'Mudemo' é o Antônio Carlos Magalhães, o Marco Maciel, Jorge Bornhausen e José Sarney, que sempreestiveram no governo e são responsáveis pela situação do país".
Temendo que o ímpeto privatista dos "mudemo" possa atingir oensino público, os professores universitários também aderiram àgreveconvocada pela CUT. A principalbriga é contra a Lei de Diretrizes deBases da Educação, de autoria doantropólogo Darcy Ribeiro. NaUFSC, a adesão não chega a 30%.
Paulo Henrique de Sousa
Quais são as propostas do PlanaltoCom a justificativa da contençãode despesas e da necessidade deinvestimentos em saúde, educaçãoe outros serviços básicos àpopulação o governo pretende privatizarao máximo as empresas estatais e
diminuir o conjunto de benefíciosda previdência social. Todas as
siderúrgicas estatais já foram privatizadas e ametadogovernoparaeste ano é que os setores de telefonia, energia, de aço e petróleosigam o mesmo caminho. A educação também sofrerá sérias alterações se o substitutivo DARCYMEC-IV for aprovado pelo Congresso nesta semana.
Privatização - Antes mesmo dopresidente FernandoHenrique tomar posse, as siderúrgicas Usiminas, Acesita, CSN. Aços Finos
Piratini e outras quatro já haviamsido privatizadas. Para este ano o
governo pretende abrir concessãoao monopólio da Petrobrás alémda telefonia e energia e a totalprivatização da companhia ValedoRio Doce.Educação - Existem noCongressodoisprojetos para aLei deDiretrizes e Bases da Educação. Um é o
substitutivo Cid Sabóia e o outro éoprojetoDARCY-MEC-IV. Alémdisso o governo lançou a MedidaProvisória 938 que entre outrascoisas prevê uma prova a todos osformandos com a fínalidade deavaliação da qualidade da escolaA nota do aluno neste teste nãoimpedeO recebimento dodiploma.
Previdência - As reformas propostas pelo governo extinguemalguns dos principais benefícios e
muda radicalmente outros. A aposentadoria não será mais por tempo de serviço ouproporcional,maspor idade. Não existirá mais diferença de idade entre homem ou
mulher e trabalhador rural ou urbano para a aposentadoria como
aconteceatualmente. Nãoserámaispermitido o acúmulo de aposentadorias, a criação de institutos estaduais e municipais de previdênciasocial com regraspróprias. Idosose deficientes fisicos também nãoterãomais direito aopagamentodeum salário mínimo mensal, deacordo com as propostas dogoverno para a reforma constitucional.
Alessandra Mathyas
Fracassa greve na UFSCProfessores ignoram as assembléias e continuam em atividade
Amaioria dos professores e servidores daUniversidadeFederalde Santa Catarina
contrariou as decisões tomadaspelas assembléias de suas categorias e não entrou na greve iniciadano dia 9 de maio. O principalargumento de quem continou trabalhando é que agreve é "poli tica"e a pauta de reivindicações estádescolada da universidade No diaseguinte à deflagração do movimento, apenas a Agronomia e o
Jornalismo etavam integralmenteparados. Biblioteca Central, Hospital Universitário e o RU funcionavam normalmente. Na assem
bléia do dia 16, que reuniu apenas196 dos 2019 professores filiadosà Apufsc, 135 votaram pela continuidade domovimento. A avaliação é que a greve deva continuar,embora debilitada pela baixa adesão, até que o governo federal resolvaoimpasse com ospetroleiros.
Um dia após o início da greve, a situação na UFSC era a se
guinte:
Centro Sócio-Econômico:Os cursos de Economia, CiênciasContábeis e Administração não
aderiram à greve. No curso de
Serviço Social, apenas um servidor estava parado.
Centro de Ciências Jurídicas: Nocursodedireitonãohouvemobilização. No departamento de
direito Processual e PráticaForense, dois servidores entraram em
greve. O Fórum da Universidadefunciona normalmente.
Centro de Comunicação e
Espressão; Dos40professores docurso de letras apenas quatro pararam, além de alguns servidores. Ocurso de jornalismo aderiu àgreve,mas os projetos de extensão, comoo universidade Aberta, funcionaram normalmente.
Centro de Ciências da Saúde: No curso de Enfermagem, a
decisão de greve ficou a critério decada professor, mas como as aulasestãos suspensas não se pôde ter
conhecimento do grau de adesão.Os servidores trabalharam normalmente. NocursodeFarrnácia(Aná-
lises Clínicas), os professores optaram pelamobilização. Os servidores e professores substitutos nàopararam as atividades. Nos cursosdeNutrição,MedicinaeOdontologia o funcionamento foi normal.
Centro deCiências Agrárias: O departamento de Engenharia Rural também funciona nor
malmente. Na Agronomia os professores optram pela greve.
Centro Tecnológico: Noscursos de Computaçào e em todosos departamentos de Engenharianão houvemobilização. No cursode de Arquitetura e Urbanismoapenas um servidor não trabalhou.
Centro de Ciências Físicase Matemáicas: Funcionamentonormal dos cursos de Física,Mate-mática e Química.
.
Centro de Ciências Bioló
gicas: No curso deBiologia, a adesão é parcial e ficou a critério decada professor. Os servidores optaram pela greve.
Centro de Filosofia e Ciências Humanas: Nos cursos deCiências Sociais, Filosofia, Geo-
grafia, História e Psicologia a adesão é parcial.
Centro deCiências da Educação: Os estudantes de Pedagogia organizaram um calendário demobilização e vão realizar manifestações de apoio àgreve. O curso
de biblioteconomia não aderiu àmobilização.
Centro de Desportos: Nosdepartamentos de Educação Física,MetodologiaDesportivae Prática Desportiva apenas dois servidores pararam as atividades.
OHospitalUniversitárioenaCentral de Segurança do Campusnão houve paralisação das atividades. O Restaurante Universitárioparou no dia 16 e a Biblioteca dia17. O departamento de Administração Escolar (DAB) também optou pela paralisação.
Tatíana Ramos
Colaboração: MarcelaCorneli
Apenas l%dacomunidadeuniversitâria
compareceu na
primeira assembléia
conjunta de
professores,servidores e alunos
Campanha defende universidade pública e gratuitaUma campanha nacional em
defesa dauniversidade pública e gratuita vem sendo feita pelas IFES
(Instituições Federais de Ensino Superior) de todo Brasil, ameaçadascom a nova política educacional em
tramitação no Congresso Nacional.Entre outras questões, prevê a redução de investimentos públicos peloGoverno Federal nas universidadese o fim da indissociabilidade do en
sino, pesquisa e extensão nessas ins
tituições.A UFSC está implementando
uma programação com atividadesque vão desde palestras nos cursos degraduação à cobrança pública daposição de cada deputado e senadorde SC a respeito das questões educacionais. A intençã ) é fazer com quealunos, professores, servidores e so
ciectade emgeral seposicionemfrente
às decisões parlamentares e contribuam nadefesadocaráterpúblicodainstituição.
Essa campanha da IFES pretende mostrar também, através dedados, a contradição de constantes
críticas direcionadas às universidades federais , como por exemplo,considerá-Ias lugar de jovens de familias abastadas ou ainda que são
instituições pouco produtivas. O re
cente estudo realizado no Fórum dePró-Reitores Comunitários Estudantis, que mostra um percentual desomente 26% dos alunos como pertencentes à camada mais alta da so
ciedade, enquanto 25% originam-seda classe média e os 49% restantevem da classe baixa. No que se refereàqualidade e quantidade, aprodução"deve ser avaliada pelos resultadosobtidos na sociedade", como afirma
o reitor da UFSC e presidente daAndifes ( Associação Nacional deDirigentes de Instituições Federaisde Ensino Superior ) Diomário deQueiroz. OEnsino Superior é citadoainda como burocrático e corporativista "Há falhas como em qualquerinstituição, mas não vejo como solução a restruturação das universidades, o que faltam são melhorias",completa o reitor.
Nesse sentido, a Andifes estádesenvolvendo uma ação junto ao
Ministro da Educação Paulo Renatode Souza, propondo uma nova discussão sobre universidades, incluindo autonomia das instituições públicas (no que diz respeito a gestão e
distribuição de recursos), qualidade(condiçõesmínimas paraobtenção daqualidade total do ensino) e análisedo desempenho (através do Progra-
ma de Avaliação Institucional dasUniversidades Brasileiras - Paiub).
A avaliação das IFES se faznecessária,jáquedos 18%dearrecadação fiscal noorçamento doGoverno Federal que vão para o MEC57,28% são destinados ao EnsinoSuperior (público e privado). Assimcomo também é relevante na avaliação o papel desempenhado pelasuniversidades nas suas regiões, incluindo o aumento de pesquisa e
extensão, publicações e cursos de
graduação e pós graduação.Não se
pode ignorar, também, os atendimentos gratuitos dos hospitais universitários, das clínicas odontológicas e dos estudantes de direito nas
assistências jurídicas.
Sandra Vieira
� Entenda a LDB
A Lei de diretrizes e Bases emtramitação no Congresso Nacionaldefine os rumos da educação no
Brasil. O primeiro projeto de LDBfoi feito na década de 60 e definiapraticamente questões políticas.Mais tarde com o golpe militar,houve uma reforma do ensinoinstituída pela lei 5692/71quepriorizava a formação técnica,profissionalizante e acrítica.
A partir de 1987 formou-se o
fórum de defesa da escola pública,reunindo associ ações de professores,sindicatos docentes, aUNE, a SBPCe outrasentidades da sociedadecivil.Nesta época discutia-se na Assembléia Constituinte uma nova lei dediretrizes e bases para a educação.A partir de um projeto elaboradopelo então deputado Jorge Harge(PDTlBa), o fórum organizou uma
proposta de LDB encaminhadamaistarde para a Comissão deEducaçãoda câmara dos deputados. Algunsdos principais dispositivos doprojeto, conhecido no Congressocomo "Cid sabóia", são:
- a contemplação do ensinoprimário, secundário e terceirograutratando todas as fases do ensinocomo um UlUCO processo;
- necessidade de um ensino
adequado às condições regionais e
com uma visão criticada realidade;- adoção de um padrão único
de qualidade na educação com a
finalidade de não acentuar as
desigualdades sociais;- valorização do ensino em
língua indígena além de gruposétnicos;
- concursopúblico paramagistério para todas as escolas e em
qualquer setor.A proposta deste projeto que
mais sofreu oposição dos últimosgovernos foi a implantação de um
Conselho Nacional de Educaçãoindicado pela sociedade civil em
substituição ao antigo ConselhoFederal de Educação. A idéia éimplantar no país um Sistema:Nacional de Educação acom
panhado pelo conselho, sendo uma
parte do estado, mas autônomo aos
governos. Todas as decisões normati vas, como credenciamento decursos, por exemplo, teriam quepassar por este conselho.
A votação do projeto CidSabóia para aLDB fOI se estendendopelos anos, até que em 1992 surgiudo senado um novo projeto de lei dosenador Darcy Ribeiro. Este projetofoi modificado e hoje o substitutivodo governo para a educação,DARCY-MEC-IV, pretende criaros "Centros de Excelência". De umamaneirageral esta proposta permitea cobrança de taxas escolares em
todos os níveis, concede certificadode estudos superiores a quem cursar
cinco disciplinas, reduzo ano letivode 200 para 180 dias, acaba com a
indissociabilidade entre pesquisa,ensino e extensão pri vilegiandofinancei ramente asmelhores universidades, fere a isonom..iasalarial alémde omitir o concurso público paramagistério e a dedicação exclusiva.
Alessandra Mathyas
Papo-furado
Ineficiência e Socorro:"O Estado gigantesco,ineficiente e por vezescorrupto, não dá maispara ser subsidiado pelasociedade" - LuísEduardo Magalhães(PFL- BA), presidenteda Camâra dos Deputados.No ano passado, oBanco do Brasil emprestou US$ 300 milhões - a
juros baixíssimos - paraa VARIG - empresaprivada -
, que vai maldas pernas. A CaixaEconômica Federal, nosúltimos anos, tememprestado algumascentenas de milhares dedólares para que a redeGlobo de Televisãoconstrua cidadescenográficas. Os jurossão tambémsubsidiados, ao contrário daqueles cobradosdo contribuinte. AVASP, ex-estatal deSão Paulo, foi privatizada pra resolverproblemas como ineficiência adminsitrativa,excesso de burocracia e
funcionários e falta delucratividade. Privatizada, todos os problemas e dívidas aumentaram. A VASP -
agora empresa privada -
pede novamente so
corro ao Estado porqueseus aviões correm o
risco de serem confiscados. As pautasjornalísticas são fartaspara criticar e defendera privatização e/oufechamento de agênciasdo BB e da CEF, mastímidas em mostrar osproblemas da privatização, como o caso
VASP.
2EfVMAl
95
ContradiçõesCinismo: "Numa
democracia, liderar nãoé impor, mas con
vencer" - FernandoHenrique Cardoso.
No último dia 28, FHCexonerou José Ma
chado Sobrinho, diretorda Petrobrás, por ter
criticado a privatizaçãoda estatal.
O fantasma: CidMoreira, apresentadordo telejornal mais visto
no país, denunciaseguidamente na TV
funcionários fantasmasdo governo e das
estatais. O próprio CidMoreira, que trabalha
há mais de 25 anos na
rede Globo, aposentouse no início de 95 pela
TV Educativa do Rio deJaneiro, ganhando
1.200 reais mensais e
sem jamais ter trabalhado lá em todo o
período da Globo.Silêncio total no
jornalismo global.Censura: O projetoTamar/lbama, re
conhecido mundialmente por salvar da
extinção as tartarugasmarinhas, recebe apoio
da Petrobrás. Nasentrevistas que dão aos
repórteres da redeGlobo, os pesquisadores da equi pe
Tamar são orientados a
retirarem as camisetascom a inscrição "Apoio
Petrobrás".
2EfVMAl95
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r1 , , ), r ,
tem que abandonar o meio ondevivia.
Essa susceptibilidade a recaídas deu origem a certas diretrizesdo grupo: não andar desacompanhado, não comparecer às reuniõesapós o uso de drogas ou portandoas e a preferência por pessoas queprocuram o tratamento pela própriainiciativa". Arecaídaépior, dámais depressão", diz AN.R.,,19.Dependente de maconha e cocaína,começou a fumar com os amigossurfistas aos 13 anos. O fim de umnamoro de cinco anos contribuiupara o aumento de consumo decocaína. AN.R. já havia frequentado o grupo por duas semanas,
Gam recupera 50%...
dos viciadosGrupode O
gaúcho Dilceu Brizola, 39 anos, tinhauma vida estrutura
.
da. Era casado, paide dois filhos e estava empregadonumagranja noRio Grande do Sul.Esta estabilidade profissional e familiar começou a serabaladaquandoDilceu perdeu o controle sobre oconsumo de álcool, aos 23 anos,
chegando a beber um litro de ca
chaça por dia. A situação pioroucom o falecimento da esposa, hátrês anos. Dilceumergulhou na depressão e no álcool, que resultou naperda do empregar carro, terras e
casa, tudo gasto com bebidas e
mulheres. Viveu na rua por doisanos, pouco comia (chegou a ter 40kg sendo que o seu peso normal é
68kg) e consumia cerca de cincolitros de cachaça diariamente. -
Brigas com a família, discriminação social, perda do empre_goe de bens, iniciação no roubo. E o
chamado "fundo do poço" no qualuma pessoa drogada pode chegar.Muitas vezes é só nesse momento
que a droga passa a ser vista comovilã e o doente procura a ajuda deentidades e grupos especializados.Dilceu foi encaminhadopelo irmãoao centrode tratamentode São Josée começou a frequentar oGrupo deAjuda Mútua (GAM), que funciona desde 1992 nas dependênciasda UFSC. Agora, há um ano sem
ingerirbebidas alcoólicas, ele espe-
.
apoior
mutuo
integradependentescom
esportese aulas
lER)MAl95
Psicólogas também atendem HWpositivo
Cristina Valadão
ra a cura de uma poliomielite nas
pernas, causadapela falta de circulação sanguínea em funçãodoálcool, para voltar a trabalhar.
Os resultados obtidos peloGAM sãomotivo de orgulho para oDr. Wilson Kraemer dePaula, professor aposentado do Departamento de Enfermagem daUFSC e coor
denador do GAM. Em três anos,foram recuperadas 36 pessoas e
outras 24 reintegraram-se à sociedade, de um total de 128. Desses,apenas seis voltaram à dependência. "Quase 50% de recuperação. Eum índice alto comparado a outros
métodos", diz Wilson, que deveessa vitória à convivência dos doentes com o ambiente sadio da universidade, somada à liberdade de
escolha que é dada ao dependenteentre usar ou não usar drogas. Ostratamentos tradicionais, que obrigam o paciente a permanecer emlocal fechado, proibido de usar
drogas, sãoeficientes sóenquanto oindivíduo está trancado na instituição, diz Wilson.
Em 1987, profissionais dosetor pessoal,médico e de enferma
gem dauniversidade constataram a
ausência de atendimento especializado aos dependentes de drogas.Estima-se que 10% da populaçãobrasileira tenhaalgumproblema dedependência e que 34% dos estu
dantes da universidade usem ou jáusaram algum tipo de droga. Para
atender à comunidade em geral foicriado no mesmo ano o Serviço deAtendimento às Necessidades Psicossociais (SANPS), e para os estudantes foi criado um programa de
prevenção, com palestras realizadas semestralmente. Alguns universitários se interessaram pelo assunto e, em 1989, formaram oGru
po Alternativo de Estudo dos Problemas das Drogas (GAEPD).
Wilson diz que o grupo era
formado somente por "caretas" interessados no estudo aprofundadodo assunto, até que um drogadocomeçou a freqüentar as reuniõessemanais, iniciando um confrontoentre doente e saudáveis. O professor diz que esse convivia fez o
doente enxergar o quanto a vida de
dependente é ruim. A recuperaçãodessa pessoa, com sua opção pelavida sem drogas, trouxe ao grupo a
conclusão de que o ambiente sadioda universidade é terapêutico na
recuperação de dependentes. Dissonasceu o GAM.
O grupo é freqüentado pormuitos "dependentes cruzados",pessoas que utilizam várias drogasao mesmo tempo. André Aloisio deSouza, 25, filho de pai alcólatra,começou aos 14 anos bebendo com
amigos. Oemprego degarçom facilitava o consumo de álcool e maconha, droga que experimentou comos colegas aos 18 anos. Dois anos
depois, experimentavacocaínacomumanamorada. '"Tivemedodaoverdose,mas gostei", conta. Aos 22 já
usava cocaína injetada. Nesse período tentou o suicídio duas vezes,uma após ingerir cocaína e outrabêbado, Há dois anos André freqüentou oGAM, mas abandonou otratamento. "Eu precisava sofrermais", diz. Agora está há um mêsnogrupo.
A maioria dos dependentesprocura as drogas para fugir deproblemas, diz A S., 24, dependente cruzado que está noGAM háum mês. ''Nós devemos encarar avida como ela é, sem fugas. Porcurar as drogas para fugir de um
problema é ter dois problemas",conclui. AS. era a favor da legalização da maconha, mas hoje reco-
nhece que essadroga é oestopim deum processo auto-destrutivo. "O
começo é gostoso, mas onde se en
contra a maconha estão as outras
drogas", conta. Ospacientes fazemreflexões sobre esse cotidiano e
destino da vida dependente das 8hàs 18h nos primeiros meses em queparticipam do Gam, Depois passam a ocupar esse tempo com práticas desportivas, participando deaulas na universidade, palestras e
outras atividades. "O ideal é nãoisolá-los. A sociedade não deve termedo dos drogados em recuperação e sim dos que estão soltos na
universidade", diz Wilson.João Carlos dos Santos, 40,
começou aestudar informática estemês. Uma experiência fascinante
após uma vida de tráfico e uso de
drogas. João experimentou maco
nhapelaprimeiravez aos oito anos.Seus familiares, traficantes deManaus, deram acesso às outras dro
gas, como cocaína, LSD, heroína e
morfina. Passou dez anos presoportráfico, quando afundou mais na
dependência devido ao intenso co
mércio de entorpecentes que haviana cadeia. João foi solto háum ano
e frequenta o Gam há um mês e
meio. ''Procurei ajudaporque estava muito violento e não fazia maisnada semdrogas, nem sexo", explica. Com 15 dias de tratamento,ofereceram-lhe cocaína como pagamento por tráfico e João não re
sistiu. Hoje reconhece que estádoente e sujeito a recaídas, por isso
mas largou o tratamento julgandoestar curado. Recaiu na segundavez que viu a droga. Agora está hádoismesesemabstinêncianoGAM.
Para auxiliar a separação domeio das drogas, o GAM iniciouem 94 um programa de moradia,dispondo duas casas que contam
com 18 leitos. A atenção sobre o
residente é de 24h. O direito à
pensão dura seis meses, tempo ne
cessário para a "colação de grau"do grupo, quando o doente passa aser considerado recuperado. Wilson acredita que ométodo pioneirode uso dauniversidade como ambiente terapêutico pode servir demodelo: "Várias entidades, inclusive estrangeiras, já nos visitaram
para observar o tratamento, quevem trazendo reflexos no comportamento que a comunidade universitária dispensa aos dependentes",diz.
Dois processos administratívos, devido a faltas pelo consumodebebidasalcoólicas edrogas, quase levaramEgídio das Luzes Filho,36, ao destino da maioria dos de
pendentes. "Se tivesse perdido o
emprego, perderia minha famíliatambém. Iria afundar nas drogas e
no roubo", diz Egídio, servidor doDepartamento de Saúde Pública daUFSC. O segundo processo foi arquivado depois que o funcionárioentrou para o GAM, há dez meses.Hoje está recuperado e reintegrado,frequentando o grupo apenas para"manutenção" .
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Elas continuam apanhandoEm média, seis mulherespor diaregistram queixa na 6ª DP contra
as agressões dos maridosviolência contra a
Amulher. aumentou14% em Florianópolis nos três pri-
meiros meses do ano em relação a
1994. Até o dia 23 de abril, foramregistrados na 68 DP (Delegaciade Proteção àMulher e aoMenor)651 casos de agressão, em médiaseis por dia. Em 1994, no mesmo
período, 574 mulheres apresentaram queixas. Segundo adelegadaMadge Branco, em 1994,ocorreram 1864 denúncias, o quecorresponde a uma médiaassustadora de cinco mulheres pordia procurando ajuda na 68 DP.
Umdoscasosmais chocantesregistrado emmarço deste ano, foio de um bebê com apenas doismeses que sofreu lesões em todo o
corpo, quando estava no colo damãe nomomento em que omaridoaespancava.Amenor sofreu lesõessuperficiais na cabeça, nas mãos,nas pernas e nos pés.
No dia cinco de março, o
vigia de uma escola do centro,Manuel Paulinho Bitencourt, 48,espancouamulher,LaureciPereiradoNascimento, 38, e a filha, J. B.,2 meses, que estava no colo damãe. O vigia chegou em casa
bêbado, às 13h30min, e irritou-seao saber que Laureei não haviapreparado o almoço. A mulher,conhecendo o temperamentoviolento do marido, pegou no colo
a filhamais nova do casal, usandoa como um escudo para evitar a
agressão. Muito transtornado,Manuel pegou um fio elétrico e
começou a bater na mulher e na
filha.Para conterafúriadomarido,Laureei correu para fora de casa
aos gritos pedindo a ajuda dosvizinhos. As vítimas foramsocorridas por um sobrinho deManuel, que abraçou Laureeiprotegendo-as.
Tranqüilizado o agressor,Laureei procurou a delegacia deProteção à Mulher e ao Menorpara apresentar aqueixa. Segundoela, o marido já a espancou pelomenos cinco vezes, inclusivedurante a gravidez do primeirofilho. Na época, Laureei saiu decasa logo após o nascimento dofilho, J. P. B., hoje com quatroanos. Ela acabou voltando devidoàs promessas do marido de largara bebida. Nada mudou. Laureeicontinuou a ser constantemente
agredida com socos, pontapés,mordidas e até mesmo com um
martelo.Pela primeira vez Laureei
procurou ajuda na 68 DP. ManuelPaulino Bitencourt foi detido e o
menor, J. P. B. ficou sob os
cuidados do S.O.S. Criançadurante seis meses. No entanto, ospedidos deperdão fizeram Laureeimudar de decisão, voltar para a
casa e recuperar o filho.
Laureei e afilha: surra demartelo, socos, pontapés emordidasPor enquanto o inquérito
continua em andamento. Naquinta-feira passada, o vigiatrancou a mulher no banheiro e
ameaçou-a demorte. "Ele só vempara casapara terrelações sexuais,não trazdinheiro, comida e nem ao
menos se preocupa com os filhos", disse Laureei, sentada na sala deespera da 68 DP, enquantoamamentava a filha, agora com
quatro meses.
Natural de Paulo Lopes,Laureei veio a Florianópolisprocurar emprego quandoconheeeu Manuel com quem teve
dois filhos e vive há cinco anos.
Elanão quer se separar domarido,apesar de saber que ele tambémbatia nas três ex-mulheres. ''Euqueria terumafamília,mas escolhio homem errado", admite Laureei,Segundo a assistente social dadelegacia, ReginaMariaMendes,a vítimaestárecebendoum auxíliofinanceiro para poder cuidar dosdois filhos.
Marcela Corneli
Ovos são principal foco da Salmonela
Seos pais em geraljá sen
tem nascer as rugas comas rotineiras diarréias e
vômitos dos seus rebentos, o quedirão de 65 crianças de O a 5 anos
com intoxicação alimentar de umasó vez. Isso aconteceu numa crecheem Ibirama no último dia 23 demarço. Os alimentos contaminados, nada mais eram que pratoscomo costela assada, salsicha cruae até leite.
A causa deste e de 98% doscasos do tipo.registrados no estadoé umabactériaconhecida como salmonela. Ela ataca principalmenteno verão e, somente nos meses dejaneiro e fevereiro deste ano, se
gundo dados da Vigilância Epidemiológica, ocorreram em SantaCatarina 19 surtos com 161 pessoasintoxicadas. Osnúmeros de 94, ainda defasados, dão conta de 68 sur
tos com 648 vítimas. Já segundo aVigilância Sanitária, teriam havido 64 surtos com 2.296 intoxicados, mas pelo menos 30% dessessurtos foram causados por outrasbactérias, além de vírus.
Dos diversos tipos de salmonela, a que tem causado maisproblemas ao homem é a enteretides, que causa gastroenterite. Ossintomas são dores abdominais,febre, diarréia e, às vezes, vômitos.Existe o risco demortepor desidra-
tação, provocadapeladiarréia, massão casos raros. Quem corre mais
perigo são as crianças - como as deIbirama -
, por terem o sistemaimunológico ainda pouco desenvolvido, e os idosos, por tê-loenfraquecido. A doença é detectada comum simples exame de sangue, fezesou urina, e os resultados saem em
três ou quatro dias.A bactéria é encontrada na
turalmenteno intestinodeanimais,mas o principal foco de contaminação no estado tem sido os ovos degalinha Isso porque às vezes a
salmonela migra do intestino daave para o ovário, contaminando oovo. Por isso o maior risco vem dohábito de comer maionese caseira,feita com ovo cru.
A Vigilância Sanitária conseguiu em janeiro deste ano uma
vitória contra os bares e restauran
tes.
com a aprovação da portaria001195, que proíbe a produção e a
comercialização de produtos alimentícios feitos com ovo cru. Embora a fiscalização tenha consta.ado que a maioria dos estabelecimentos vem cumprindo a portaria,ainda há o problema damá higienedos funcionários. Em geral trabalham nos bares e restaurantes pessoas completamente despreparadaspara manipular alimentos, com os
cabelos à mostra, sem luvas, ou até
sem noçõesbásicasdehigiene, comolavar as mãos antes de mexer em
comida.Eles tendem a causar conta
minação porque muitos são portadores assintomáticos da salmonela,isto é, possuem a bactéria mas nãoapresentam os sintomas. Tambémsão fatores de risco temperaturas de30 graus, comuns no verão da Ilhade Santa Catarina, além do forteconsumo local de peixes e mariscos. Isso vem contribuindo parafazer da Grande Florianópolis umdos maiores focos de contágio doestado. Segundo a Vigilância Epidemiológica, cercade 55% dos surtos do ano passadono estado ocorreram na 18ª Regional, que reúne21municípios, incluindo a GrandeFlorianópolis, Nova Trento e Palhoça.
Segundo Cleide Rosana VieiraBatista, professora demicrobiologia de alimentos do Centro deCiências Agrárias (CCA), a bactéria pode contaminar inclusive a
água, embora a simples cloraçãoseja umamedida preventiva suficiente. Acontaminaçãodiretade urnapessoa para outra é rara, mas podeacontecer, principalmente atravésde talheres e sanitários.
Cleide Rosana afirma que ainfecção é tratadacom antibióticos,mas segundo Roseli Ferreira Dias,
chefedo Serviço de Controle deZoonoses da VigilânciaEpidemiológica, geralmente o próprio organismo elimina a infecção em doisou três dias. As duas também têmsérias controvérsias sobre os métodosde prevenção. Aprofessoraafirma que as temperaturas baixasmatam abactéria e, portanto, bastacolocar o alimentocontaminado nageladeira ou no freezer. Já RoseliFerreira garante que o frio desseseletrodomésticos só deixa a salmonelainativa, mas assim que acornida é colocada em temperatura ambiente, a bactéria se reproduz e
prolifera.A chefe do Controle de Zo
onoses afirma que a salmonelamorre com a fervura do alimentonuma temperatura acima dos 60
graus, ou poucomais dametade doponto de ebulição da água. As demais medidas preventivas são simples. Evitar alimentos de origemanimal crus ou que sejam preparados com ovo cru, beber somente
água tratada- clorada-, ou, na piordas hipóteses, fervida, e ter mínimos cuidados de higiene, como
manter os talheres limpos. Umafaca que corta um alimento contaminado e em seguida é usada paracortar outro não-contaminado,pode passar a bactéria de um paraoutro,
Bactériajáintoxicou
161 este ano
Alexandre Winck
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TV a cabo terá canais locaisDinheiro vai ser fundamentalpara audiência daprogramação
/()
s telespectadores de-
L}savisados não vão demorar a perceber: nosanos 90, a TV a caboestámudando radical-
mente o modo de assistir televisão.Com dezenas de empresas de cabodifusão proliferando-se oferecendouma programação variada, os números da TV por assinatura se mul
tiplicam e aumentam a mania do
zapping, a troca convulsiva de ca
nais. Além da transmissão de emissoras internacionais, a TV a cabopoderá surpreendermuitos assinantes. A nova legislação determina a
criação de canais com produçõesexclusivamente locais, o que podeimplantar um novo tipo de regionalização da televisão no Brasil.
O número de assinantes cresce rapidamente desde o início dosanos 90, antes mesmo da aprovaçãoda lei sobre a TV a cabo no final de94. Segundo a Folha de São Paulo,de 26 de março, o número de assinantes da TV paga no Brasil devecrescer de 400 mil para 1,2 milhãoem um ano. Antonio Athayde, diretor-geral da NetBrasil umadasmaiores operadoras de TVpor assinatura do país, estima, na mesma reportagem, que até o ano 2000 haverá 10milhõesde consumidoresdeTVpagaem todo o país.
Omarketingmaiseficiente dasempresas distribuidoras deTV acabo
parece ser o de frisar o preço e
variedade de programação e de ca
nais, superior aos sistemas por para-
zsoMAl95
bólicas. Enquanto empresas comercializam pacotes através de parabólica de 11 ou 6 canais, como é o caso
da Globosat e da TVA, com custos
de instalação em torno de mil reais,pelo sistema de TV a cabo o usuáriorecebe até 20 canais, além dos locais, ao preço de intalação de R$120,00. Isso está satisfazendo boa
parte dos assinantes. Maria Concei
ção Aranha, 46 anos, estudante de
Sociologia da Universidade Federalde Santa Catarina, conta que sua
família assina a Multicanal desdeoutubro de 93 e considera a TV a
cabo uma forma de adquirir culturasem sair de casa. "Pensamos também em comprar uma antena parabólica e assinar a Globosat. Mas,como os canais locais deixariam deser transmitidos, caso não fosse instalado um conversor - o que tornavaos equipamentosmais caros -, entãoescolhemos a TV a cabo, que custoumenos e nos deu mais opções."
Outros assinantes, como a
dona-de-casaVâniaCoelho,38 anos
temmotivos inusitados para assinara TV a cabo. "Resolvi assinar a
Multicanal em princípio porqueachava feio a antena interna da televisão e também porque eu e meu
filho gostamos da variedade da programação, com os filmes e documentários".
Mas a disseminação das redese dos canais de TV a cabo pode,alterar hábitos antigos dos telespectadores. ÁureoMoraes, professor deTelejornalismo e chefe do Departa-
mento de Comunicacão da UFSC,teme que um grande número de te
lespectadores abandone as informações locais e passe a se interessarexclusivamente pelas programaçõesde redes mundiais, como a CNN.Outro risco, segundo Áureo, podeser a dificuldade de operar os canaiscomunitários de forma democrática,já que apenas alguns grupos queproduzem televisão dispõem de tecnologia, dinheiro e equipes paragerar produções com qualidade."Pode acontecer a implantação deum canal chamado de comunitárioque atenda ao gosto de umaminoriatransmitindo leilão de tapetes persas", exemplifica.
Pode-se acreditar, dessa forma, que aTV a cabo deverá acentuaro caráter da chamada "neo-TV",defmada pelo teórico da televisãoUmberto Eco. A "neo-TV" teria começado a existir quando esta tomoua si mesma e aos seus participantescomo tópicos. Um exemplo, citadoporEco, foi o casamento da princesaDiana em 1982, quando os cavalosda carruagem que levou a princesareceberam pílulas para que não fizessem suas necessidades durante a
cerimônia, enquanto televisões domundo inteiro transmitiam o evento.
Outro teórico da cultura pósmodema, o americano Steven Connor, em seu livro Cultura Pós-moderna (Ed. Loyola), reforça essa visão. Ele acha que as novas tecnolo
gias , desde o controle remoto e aTVa cabo até as concepções da futura
TV interativa, podem criar ummun
do de simulações apartadas da referência ao real.
A regulamentação da TV a
cabo no Brasil só entrou em vigorem 6 de janeiro deste ano mas
representa, de certa forma, um passoadiante para a redemocratização dastelecomunicações. A lei foi aprovada pelo Congresso Nacional e peloSenado em setembro e outubro doano passado, resultado do trabalhode comissões parlamentares que es
tudaram o assunto com várias entidades. Representantes da FederaçãoNacional de Jornalistas (Fenaj), Ordem dos Advogados do Brasil(OAB), Associação Brasileria de
Imprensa (ABI) e de alguns partidospolíticos, por exemplo, criaram o
primeiro Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação queacompanhou todo o trabalho queantecedeu a aprovação final, ao ladodas representações dos setores políticos, da Associação Brasileira de
Empresas de Rádio e Televisão
(Abert) e da Telebrás. Após a aprovação, empresas como a Net Brasile TVA, que j á vinham operandosistemas de TV a cabo, passaram a
trabalhar semprob lemas legais. Atualmente, segundo pesquisas recen
tes do jornal Folha de São Paulo,NetBrasil (urn conglomerado deempresas formado pela Globo, RBS e
Multicanal) e TVA (do grupo Abril)controlam mais de 70% das operadoras de TV a cabo de todo o país.
Sucessos de vendas na capitalEm Florianópolis, os núme
ros daTVa cabo também impressionam. A Multicanal já possui 12mil assinantes, num trabalho de
pouco mais de quatro anos. O su
cesso rendeu o prêmio "Top de
Marketing 94" da Associação dos
Dirigentes de Vendas e Marketing- ADVB - de Santa Catarina.
Em 1990, a Antenas Comunitárias TV Cabo Comercial Ltda.se instalou em Florianópolis e em
poucos meses vendeu 360 contra
tos deTVpor assinatura. Como nãohavia nenhum tipo de legislaçãosobre aTVa cabo no Brasil, os 360
Textos:assinantes compraram apenas a
promessa da instalação de um paLuís Carlos Festi cotecom20canaisnumprazode 18
Marcelo: planos para geração de um canal local
meses. Receberam 11 canais em
agosto de 91. Em 92, a TV Caboassociou-se àMulticanal do Rio deJaneiro e passou a constituir aMulticanal Florianópolis S.A.
Atualmente, aempresaoferece um pacote com 25 canais atendendocercade40mil telespectadores espalhados no centro e em 17bairros da capital. O gerente co
mercial Marcelo Sobierajski dosSantos diz que aTV a cabo deveráse expandir com iniciativas empresáriais e comunitárias. "Há a inten
ção da Multicanal de operar em
outrosmunicípiosdaGrande Florianópolis, como São José, caso sejadivulgado um novo edital de con
cessões do governo federal e se
consiga vencer a licita.,..-."".-----,a ção. Também está nos
ai planos a geração de um� canal local a ser incluí
� do no pacote de assina� turas". A empresa pre-"d .
!1l ten e negociar com en-
� tidades como Fundação-..jFranklin Cascaes, Centro Integrado de Cultura, Secretarias de Turismo e da Cultura e Universidade Federal deSanta Catarina formas
para produzir a programação. Um outro canalpoderá ser gerado para'a AssembléiaLegislativa Estadual e para a
Câmara de Vereadoresde Florianópolis.
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Quem sabe quem os lerá?Quem sabe a que mãos
irão?É citando o poeta portu
guês Fernando Pessoa que CarlaCamuratimelhor define seunovotrabalho: o longa-metragemCar
lotaJoaquina - PrincesadoBrazil.
Sucesso depúblico, Carlota Joaquina conseguiu em apenas quatro meses de exibição o
retomo na bilheteria dos 630 mildólares investidos na produçãodo filme. Neste período o filmefoi assistidopor 520 mil espectadores estreando em apenas algumas capitais. Nas cidades dePorto Alegre e Salvador está sendoexibido em duas salas de cinemaao mesmo tempo. Na cidade doRio de Janeiro chegou a passarem 9 salas simultaneamente.Quanto à venda dos direitos detransmissão para a televisão,Carla não aceitou as propostasdas emissoras e doou o direito àTVE que transmitirá o filme na
sua programação de fim de ano,
Era uma vez uma princesa...Trajetória de Carlota Joaquina serve de eixoparafilme sobre história brasileira
a mais alta ja-
D nela da minha casa
Com um lençobranco digo adeus
Aos meus versos que pertencem para a humanidade
Eu não estou alegre nem
tristeEsse é o destino dos ';'er-
sos.
Escrevi-os e devo mostrálos a todos
Porque não posso fazer ocontrário
Como a .flor não pode es
conder a cor,Nem o rio esconder que
corre,Nemaárvore esconderque
dájruto.
Ei-los que vão já longecomo que na diligência
Eeu semquerersintopenaComo uma dor no corpo.
quando os contratos de exclusividade em salas de cinema terãoterminados.
Quatro empresas estatais(petrobrás, Telerj, Embratel e
Banco do Brasil) e três privadas(Maratur, Transbrasil e DomVital) juntamente com o prêmiodo concurso de Resgate do Cinema Brasileiro - categoria estreante , promovido pelo governofederal em 94, dividiram o financiamento do filme. Carla conta
que agora, depois de terem hesitado em apoiar o filme, a Petrobrás realizará para seus funcionários debates e sessões especiais do filme.
Apaixonada por história,Carla procurou nos quase 500anos de história brasileira um
momento que pudesse transformar em filme. E encontrou a
chegada da família real aoRio deJaneiro como uma segunda descoberta do Brasil. Não uma descoberta geográfica, mas social.E viu que a vida da princesaCarlota Joaquina era suficientemente excêntrica e conturbadapara servir de eixo e ponto dereferência para a narrativa dofilme.
Nos primeiros oito meses
antes de escrever o roteiro, emparceria comMelanieDimantas,ela pesquisou I4livros de historiadores que, juntamente com
manuscritos e jornais da época,serviram como fonte para mos
trar uma história verídica sobreprincesas e rainhas. Nos meses
restantes, do roteiro à conclusãodas filmagens, Carla continuoupesquisando.
Contextualizado na decadência do sistema monárquicoeuropeu diante das idéias da Revolução Francesa, o filme mos
tra como a ameaça napoleônicaobrigou o reino lusitano a fugirde seu território e povo em direção a sua colônia sulamericana.Tudo isto em meio a acertos políticos envolvendo a Inglaterra e
Carla Camurati acompanha estréias dofilmepovobrasileiro.Eatravés deDomJoão VI e da princesa CarlotaJoaquina, interpretados porMarco Nanini eMarieta Severo,o filme mostra os bastidores daentão nova elite brasileira em
contraponto com uma colônia depovo exótico, humilde e deslumbrado pela realeza.
Carla Camurati lamentaque o povo brasileiro não conheça a história de seu país: "nósvivemos repetindo os erros constantemente. Essemovimentoneoliberal, por exemplo, essa idéiade privatizar tudo. A repúblicabrasileira começou com isso.Hoje é mais fácil privatizar doquemoralizar, você se exime daresponsabilidade. Não sou a favor de um estado pesado e lento,mas não acredito no pensamentoneoliberal. E acho que perdendoo controle das estruturas de basecomo comunicação, petróleo e
energia, vocêperde o controle dopaís. Se existe dinheiro mal empregado, gente ganhando absurdos, vamos suar para corrigiristo. Há cem anos oBrasil estavano mesmo movimento de viradade um império para repúblicaonde o importante era liberalizar. Como não temos conhecimento disto, parece que isso é a
nossa salvação, que esse tipo decoisa a gente nunca tentou. Porcausa destas coisas, é importante a gente conhecer nossa história" .
o submisso e confuso reino dePortugal. A situação portuguesaé agravada, como bem mostra o
filme, com a morte de Dom José- herdeiro do trono - e a conse
quente loucura de sua mãe D.Maria 1. O que obriga, inesperadamente, que o despreparado D.JoãoVI , irmão deD. José, assuma a coroa. D. João VI já era
casado com a destemperada e
fogosa Carlota Joaquina, que lheforaprometidaainda criançanumacordo entre Portugal e Espanha. A infanta espanhola, queapesar de ter apenas dez anos
quando foi para Portugal casarcom o infante João, jamais deixou de falar cotidianamente sua
língua natal. O casal, e os 15 milnobres da corte,viajam durantetrês meses so
frendo falta deágua e comidaem meio a tem
pestades e calmanas para um
paraíso tropicalconhecido como
Brazil. Aqui a
corteenfrenta situações completamente absurdas comparadasaomodo devivereuropeu. O próprio casal real,desprezado em
Portugal, foiaqui veneradopelo ingênuo
//
Diretora
jáatuouemsete filmes
Textos: André Barbosa
Carla Camuratiestreou na direção
cinematográfica em
88 com o curtametragem A Mulher
FatalEncontra oHomem Idea/, melhor
roteiro no FestRioFestival, melhor filmeno Rio Cine Festivale prêmio Abraci noFestival de Brasília.Dirigiu em 90 outrocurta: Bastidores.Em parceria com
José Antônio Garciafoi roteirista de EleMe Bebeu(91), e O
Corpo (86), duasadaptações de sua
maior influêncialiterária, Clarice
Uspector. No cine-ma, admira Luís
Buõuel, Woody Allene Federico Fellini.
Atuou em setefilmes, como CidadeOculta (85) de ChicoBotelho e o recenteLamarca - um Cora
ção em Chamas (93),do diretor Sérgio
Rezende.Encenou peças
como Cartas Portuguesas (91/92),direção de Bia
Lessa, e também fezalgumas telenovelas
(Champagne).A cineasta lamenta que opovo brasileiro não conheça sua história
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DE UMA FORÇA A/IItiI r
EDUCAÇAO PUBLICA
SegundoO depoimento deprofessores da
UFSC que estiveram em Brasília, a
única força que está funcionando deverdade junto a deputados e senadores
nesta revisão constitucional é o lobby. Ou seja,
pressão individualizada sobre cada um dos parlamentares. Todo deputado e senador, por exemplo, conhece o
lobby do pneu usado importado, pois não faltam carta
zes sobre o assunto espalhados pelos corredores do
congresso e até dentro dos gabinetes de nossos parla-
r----�----------------------------�IIIIIII
Excelentíssimos Deputados e Senadores representantes de Se.
Senhores Congressistas,
Uma parcela significativa da comunidade universitária catarinense
está perplexa e apreensiva com a orientação imprimida pelo governo Fernando HenriqueCardoso no seu desejo obsessivo de inserir o Brasil, a qualquer custo, na nova ordem
internacional globalizada, ditada pelos países mais desenvolvidos do mundo.
Há apreensão também com o comportamento do Parlamento
brasileiro, que parece esquecer seus compromissos básicos com o povo brasileiro. O
Congresso está excessivamente atrelado aos projetos açodados do Governo, ao invés de
sensibilizar-se com os contrastes sociais existentes no Brasil.
Estamos atentos a esses desvios. O Parlamento deve ser a caixa de
ressonância da sociedade; deve ser o equilíbrio, a sensatez, diante das ações cooptadoras e
autoritárias dos governos, mesmo aqueles eleitos democraticamente. Mas o que vemos hojeé o contrário de tudo aquilo que esperamos dos nossos representantes. No lugar de umaatitude de vigilância em relação ao Executivo, vemos a subserviência; no lugar daspropostaspara tomar a sociedademais justa, com a erradicação damiséria, da fome, do analfabetismo,vemos um acordo pelo alto para a manutenção dos privilégios de uma "elite" que não se
preocupa com o seu povo, pois está atrelada aos seus interesses privados travestidos de
interesses públicos.Não suportamos mais tanta ambigüidade. Os senhores terão que
optar entre os interesses da maioria dos cidadãos e o desejo de uma minoria insaciável e
predadora. Os senhores terão que tornar transparentes o seu discurso, eliminando os seus
aspectos esquizofrênicos - uma fala para o público, através da mídia, e outra para o poder,nos labirintos dos Ministérios e do Palácio do Executivo.
Como cidadãos politicamente capazes, exigimos mais
transparências nas suas atitudes e uma defesa intransigente dos nossos direitos
conquistados com muita luta, como a manutenção da Universidade Pública, gratuitae autônoma; a aprovação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação, nos termos
concebidos pela Câmara, através do trabalho do Deputado Cid Sabóia; manutençãodo Regime Jurídico Único; pelo fim do ''vestibular'' de saída - Medida Provisória do
Executivo - e pela rigorosa acuidade na alienação do patrimônio' público.
Cordialmente,
�---------------------------------_.
mentares. Em defesa da universidade pública, porém,os professores da UFSC nada encontraram. Por isso,recorte esta carta, preencha e mande-a para um dos
deputados federais ou senadores catarinenses abaixo,eleitos por você em outubro do ano passado.
Senadores(Praça dos Três Poderes, CEP 70.iJ.()5--900)
Esperi4iio Antin· Belou Filho ...PP.(o.61).224�80371 311-420.61 311"42Q()Fax: (061)311-420.7Gab. 24 .. Ala Nilo CoelhoVilson Pedro Kleinubing � PFL
(061)311-20.41/311-2042/311..2044Fax: (Q.pl) 311-20.50Gab. 0.5 .. Ala Fe1into MüJlerCasild,() João Mãldaner .. l'MJ)B(0.61) 224..58841311-2142! 311�2�-4S·Fax: (061) 311,,2150Gab. 15 .. AIaFelinto MUller
Deputados Federais(Praça des Três Poderes, CEP 70lnO.;9Q.o)
Edison Andrino de Oliveira � PMn'S(0.61) 318-5639 /Fax: .318..2639 .. �b, 639Edson Bez de Oliveira - PMDB
(061) 318·,570.3 / Fax: 318..370.3.., Ga.b. 703Lu� Henrique da Silveira - Pl'ADB
(o.61) 318-520.91 Fax: 318-220.9 .. Gab. 209Valdir Colatto .. PMDB(o.61) 318-5662.1 Fax: 318-2662 .. Gall. 662Rivaldo Antônio Macari - PMDB(o.61) 318-5672 / Fax: 318-2672 .. �ll. 672Hugo Matias Biehl - PPR(0.61) 318-5332 / Fax: 318-2332 - Gab. 332João Alberto Pizzolatti - PPR
(0.61) 318-53061 Fax: 318-230.6 .. Gab. 30.6Mário Roberto Cavallazzi - PPR(o.61) 318-5254/ Fax: 318-2254 .. Gall. 254Paulo Roberto Bauer � PPR
(061) 318-5718/ Fax: 318-2718 - Gab. 718José Carlos Vieira - PFL .
(o.61) 318-57B/ Fax: 318-2713 - Gab. 713Paulo Gouvea da Costa � PFL
(o.61) 318-5325 /Fax: 318-2325 .. Gall. 32.5Paulo Roberto B. Bornhausen - PEL(o.61}318-5418 / Fax: 318-2418 .. Gab. 418José Fritsch - PT
(o.61) 318-5273 / Fax: 318-2273 - Gab. 273Milton Mendes de Oliveira - rT(061) 318-5715 / Fax: 318-2715 .. Gab. 715Antônio Serafin Venzon .. PDT
(061) 318-5576/ Fax: 318-2576 - Gab. 576Leonel Arcangelo Pavan - PDT
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