A importância de brincar no desenvolvimento saudável

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Brincar é tão importante para o desenvolvimento óptimo das crianças, que é reconhecido pelas Nações Unidas como um direito fundamental de todas as crianças.

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Neste documento vou-vos apresentar para além de informação teórica de relevo, situações práticas vivenciadas no programa de colaboração com a

Coordenação do Ensino Básico de S.Vicente.

Programa de jogos tradicionais e recreativos junto das Escolas do Ensino Básico

Jogos simples [vaivém, tracção, tiro ao alvo…] e jogos mais complexos [hóquei de vassoura,...]

1º e 2º ano:

Jogos mais complexos

Demasiadas regras

Demasiadas restrições

Desinteresse rápido

Distracções constantes

Adaptação do jogo , cada um jogava como queria

Jogos simples, regras elementares

Diversão

Poucas distracções

Empenho em atingir os objectivos

Academia Carlos Alhinho

Escalões mais jovens

Imposição de regras rígidas durante os treinos

Durante 2 minutos as regras eram cumpridas, nos restantes 15 minutos praticava-se boxe, ginástica, basket, rugby,…

Treinador desesperado

Porquê? Será falta de pulso por parte dos orientadores? Ou os jogos demasiado restritivos e complexos não

serão os mais apropriados para esta faixa etária?

Brincar é tão importante para o desenvolvimento óptimo das crianças, que é reconhecido pelas

Nações Unidas como um direito fundamental de todas as crianças.

Segundo a American Academy of Pediatrics, brincar é essencial para o desenvolvimento, pois contribui para o desenvolvimento cognitivo, físico, social e para o bem-estar emocional das crianças e jovens.

A mesma fonte refere ainda que brincar permite às crianças usarem a sua criatividade, desenvolvendo a imaginação, destreza e força emocional.

Brincar é importantíssimo para o desenvolvimento de um cérebro saudável.

É através da brincadeira que as crianças interagem com o mundo em seu redor. Brincar permite à criança criar e explorar um mundo que dominam, vencendo os seus medos enquanto experienciam os papéis de adultos.

Quando dominam o seu mundo, brincar ajuda as crianças a adquirir novas competências que levam a uma maior confiança e resiliência que vão necessitar para enfrentar os desafios futuros.

Indirectamente brincar permite que as crianças aprendam a trabalhar em grupo, a partilhar, a negociar, a resolver conflitos, e a desenvolver capacidades de auto-defesa. Quando é permitido à criança controlar a brincadeira, esta pratica tomadas de decisão importantes, movendo-se ao seu próprio ritmo, descobrindo as suas áreas de interesse.

Idealmente, muitas das brincadeiras devem envolver adultos, mas quando são controladas por adultos a criança tende a tentar adaptar-se às preocupações e regras dos adultos, perdendo assim alguns dos benefícios que brincar [apenas com a assistência dos adultos] lhes oferece, particularmente quando falamos do desenvolvimento de habilidades, criatividade, liderança e espírito de grupo.

Apesar dos numerosos benefícios associados ao brincar, o tempo para brincar livremente tem sido substancialmente reduzido para algumas crianças. Esta tendência até afecta as “crianças jardim de infância”, que têm vindo a sofrer uma redução importante do tempo para brincar para dar espaço a situações mais “académicas”. Estas modificações têm implicações na capacidade das crianças armazenarem novas informações, porque a capacidade cognitiva das crianças é reforçada por uma clara e significativa alteração das actividades. Uma mudança na instrução académica não oferece essa alteração clara no esforço cognitivo e certamente não oferece desenvolvimento motor adequado. Mesmo uma aula de educação física demasiado estruturada pode não oferecer o mesmo benefício que brincar com alguma liberdade.

Segundo refere Jenkinson [2001] no documento The Genius of Play: Celebrating the Spirit of Childhood as crianças brincam melhor:

Quando os adultos estão atentos [são assistentes das brincadeiras], mas não intrusivos, quando o terreno é seguro dando coragem para desenvolver novas descobertas e aventuras;

Quando a sua confiança na vida é absoluta, não temendo o desconhecido, sendo destemidos;

Quando as suas brincadeiras estão livres das preocupações dos adultos e as suas transformações não requerem produto final;

Quando os seus sentidos estão directamente ligados à natureza e aos elementos;

Quando as crianças são livres para se tornarem os construtores, os criadores do seu próprio mundo;

Quando podem brincar com outros e desenvolver relações;

Quando podem brincar sozinho, ser solitário, ter a sua privacidade;

Quando se podem “transformar” em novos seres através das suas brincadeiras;

Quando podem revelar-se, as suas alegrias, sofrimentos e preocupações, sem medo do ridículo. E quando o mistério e a imaginação não são negadas pelos factos.

Brincar é parte integrante do ambiente académico. Assegurando que a escola tem em linha de conta o desenvolvimento social e emocional da criança, bem como as suas competências cognitivas. Tem sido demonstrado em diversos estudos que brincar ajuda as crianças a adaptarem-se ao ambiente escolar e até mesmo a melhorar a prontidão para a aprendizagem.

A criança não pode ser considerada um adulto em miniatura, mas um autêntico indivíduo, dispondo das suas leis de vida específicas. Considerar a criança como um adulto em miniatura leva a insistir em que as diferenças entre eles são de grau, enquanto na realidade são de naturezas diferentes, e conduz ainda à apreciação da criança segundo normas exclusivamente adultas [Edgar Thill, 1989]

Ainda segundo Edgar Thill, o educador físico, do mesmo modo que outros educadores, não pode ser dispensado de um conhecimento aprofundado da criança, tal como não pode ignorar as leis do desenvolvimento a que esta se encontra submetida. Assim, estará apto a propor actividades educativas melhor adaptadas às necessidades dos alunos , aumentando a eficácia da sua pedagogia, evitando cometer erros prejudiciais às crianças.

Aos 8 anos a criança é corajosa, empreendedora e atraída pelo desporto. Aos 9 a sua motivação pessoal e a auto-estimulação, para o cumprimento de tarefas, são muito fortes. É a idade da independência, ano charneira entre a infância e a pré-adolescência. Por fim, aos 11 anos, o espírito competitivo está muito desenvolvido.

Também as capacidades coordenativas, como sejam a reacção, o ritmo, o equilíbrio, a orientação e a capacidade de diferenciação, têm a sua fase sensível durante a infância, particularmente entre os 7 e os 9/10 anos.

Entre os 9 e os 12 anos as crianças vivem o seu melhor período de aprendizagem, ou seja, em que revelam maior capacidade de aprendizagem motora [Meinel e Schnabel, 1976]. As habilidades e as técnicas podem ser aprendidas a partir de uma capacidade espontânea de imitação, que é provocada por movimentos internos de acompanhamento durante a observação. É esta a razão porque as crianças necessitam de bons exemplos ou de bons modelos, em termos dos movimentos que têm de efectuar.

Todos os conhecimentos acumulados sobre o desenvolvimento da criança são de grande utilidade para o educador que, recorrendo a estes dados, pode adaptar o conteúdo do seu ensino à evolução psicogenética dos seus alunos. As diferentes etapas do desenvolvimento físico, psicomotor, afectivo, cognitivo e social constituem preciosos pontos de referência, indispensáveis ao estabelecimento dos conteúdos a ensinar. Por outro lado, adaptando-se às estruturas mentais da criança, em cada período, o educador consegue obter a sua adesão e apoiar-se numa motivação real.

No que concerne ao educador físico e desportivo, deverá combinar, sobretudo a partir dos 7-8 anos, trabalho individual com trabalho de grupo, embora este ultimo só seja verdadeiramente eficaz cerca dos 9-10 anos.

O estudo do desenvolvimento da criança também insistiu no valor pedagógico e na importância funcional do jogo, no período pré-escolar e escolar, entre 3 e 11 anos. O jogo põe em funcionamento todas as actividades perceptivas sensoriomotoras, estimula os diferentes domínios da afectividade e necessita de procedimentos cognitivos mais ou menos complexos.

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