A luta dos povos indígenas e a violação

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A LUTA DOS POVOS

INDÍGENAS E A VIOLAÇÃO

DOS SEUS DIREITOS

HÁ 500 ANOS...

Há cinco séculos, os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, dandoinício a um processo de migração que se estenderia até o início doséculo XX, e paulatinamente foram estabelecendo-se nas terras queeram ocupadas pelos povos indígenas.

O processo de colonização levou à extinção muitas sociedadesindígenas que viviam no território dominado, seja pela ação das armas,seja em decorrência do contágio por doenças trazidas dos paísesdistantes, ou, ainda, pela aplicação de políticas visando à "assimilação"dos índios à nova sociedade implantada, com forte influência europeia.

Embora não se saiba exatamente quantas sociedades indígenasexistiam no Brasil à época da chegada dos europeus, há estimativassobre o número de habitantes nativos naquele tempo, que variam de 1 a10 milhões de indivíduos.

Números que servem para dar uma ideia da imensa quantidade depessoas e sociedades indígenas inteiras exterminadas ao longo desses500 anos, como resultado de um processo de colonização baseado nouso da força, por meio das guerras e da política de assimilação.

O DESLOCAMENTO DA

POPULAÇÃO

Os povos que habitavam a costa leste, na maioria falantes de línguas do TroncoTupi, foram dizimados, dominados ou refugiaram-se nas terras interioranas paraevitar o contato.

Hoje, somente os Fulniô (de Pernambuco), os Maxakali (de Minas Gerais) e osXokleng (de Santa Catarina) conservam suas línguas. Curiosamente, suas línguasnão são Tupi, mas pertencentes a três famílias diferentes ligadas ao TroncoMacro-Jê.

Os Guarani, que vivem em diversos estados do Sul e Sudeste brasileiro e quetambém conservam a sua língua, migraram do Oeste em direção ao litoral emanos relativamente recentes.

As demais sociedades indígenas que vivem no Nordeste e Sudeste do Paísperderam suas línguas e só falam o português, mantendo apenas, em algunscasos, palavras esparsas, utilizadas em rituais e outras expressões culturais.

A maior parte das sociedades indígenas que conseguiram preservar suas línguasvive, atualmente, no Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil. Nas outras regiões, elasforam sendo expulsas à medida em que a urbanização avançava.

IMPORTÂNCIA E

DIREITOS DAS TERRAS

INDÍGENAS

No final da década de 1970, a questão indígena passou a sertema de relevância no âmbito da sociedade civil. Paralelamenteos índios iniciaram os primeiros movimentos de organizaçãoprópria, em busca da defesa de seus interesses e direitos.

Diversas organizações indígenas e entidades de defesa dedireitos promoveram amplo debate, visando a assegurar ademarcação das terras dos índios e a realizar reflexão críticasobre a política de integração. Ao mesmo tempo em que estesse organizavam politicamente, no sentido de defender osdireitos à posse das terras indígenas, passou-se a debater asbases de uma nova política indigenista, fundamentada norespeito às formas próprias de organização sociocultural dospovos indígenas.

Esses foram os fatos recentes que possibilitaram a aceleraçãodos trabalhos de demarcação e regularização das terrasindígenas no Brasil.

Os índios são reconhecidos pela Constituição como

representantes de uma cultura a ser preservada. Para isso, é

preciso garantir-lhes as terras necessárias que ocupavam desde

antes da criação do Estado brasileiro. Essas áreas devem ter

espaço para a construção de aldeias e também para sua

reprodução física e cultural.

No Brasil existem 225 povos indígenas com 180 línguas

diferentes, que vivem em 635 terras reconhecidas pela Funai.

Cerca de um terço ainda está em processo de demarcação.

RESERVAS INDÍGENAS

NO BRASIL

As reservas indígenas brasileiras ocupam 12,5% do território

nacional, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai). O

número equivale a 1.069.424,34 quilômetros quadrados de

terra distribuídos em 503 terras indígenas já reconhecidas.

O Brasil ainda tem outras 112 terras indígenas que estão

sendo analisadas e ainda não têm superfície definida.

Na maioria das Reservas os Confrontos entre índios,

agricultores, madeireiros e garimpeiros são freqüentes.

A população indígena está crescendo pela primeira vez em

séculos. No censo realizado pelo IBGE em 1991, 0,2% da

população se declarava indígena. Em 2000, esse percentual

dobrou, chegando a 0,4%, ou 734.127 pessoas.

Já a Funai só considera índios aqueles que vivem em reservas

delimitadas. Para a fundação, a população indígena era de 530 mil

pessoas em janeiro de 2008.

Recuperação Demográfica: Em estimativas feitas por diversos

estudiosos, antropólogos, demógrafos ou profissionais de saúde,

constata-se que a maioria dos povos indígenas tem crescido, em

média, 3,5% ao ano, muito mais do que a média de 1,6% estimada

para o período de 1996 a 2000 para a população brasileira em

geral.

POLÍTICAS

INDIANISTAS

Em 2010 o indigenismo oficial no Brasil completou cem anos.

Apesar da longa e dramática história da colônia e do império,

apenas em 1910, vinte anos após a promulgação da República,

foram criados mecanismos jurídicos e administrativos

específicos, em âmbito federal, para conduzir as relações junto

aos povos indígenas.

As políticas iniciadas em 1910 abriram um novo período, a partir

do qual a União passou a se responsabilizar e a se envolver

diretamente com a questão indígena, retirando das províncias e

líderes locais suas prerrogativas anteriores

.No ano do centenário diversos novos desafios se apresentam ao

indigenismo de Estado. Um novo Estatuto dos Povos Indígenas,

que pretende substituir o de 1973, aguarda votação no

Congresso. Em dezembro de 2009, o governo iniciou um amplo

projeto de reestruturação da Fundação Nacional do Índio (Funai),

que promete modernizar, aparelhar e aproximar dos índios o atual

órgão indigenista oficial, tido por muitos como um dos mais

sucateados e ineficazes da Nação.

INICIATIVAS

INDÍGENAS

Simultaneamente ao processo de auto-organização política dospovos indígenas no Brasil, diversas outras ações foram por elesdesencadeadas, assumindo cada vez mais novos espaços, alémdaqueles tradicionais: atuando na política partidária,desempenhando o papel de professores, agentes de saúde,escritores, documentaristas, pesquisadores, entre outros, sempredivulgando suas lutas e, principalmente, suas ricas culturas e modosde vida diferenciados.

A incorporação da educação escolar pelos povos indígenas - eo conseqüente domínio da escrita - tem permitido a formação desucessivas gerações de professores indígenas que, por sua vez, têmproduzido uma série de materiais didáticos nos quais a autoriaindígena é cada vez mais marcante. Produzidos tanto nas línguasnativas como em português, esses materiais são utilizados nasescolas indígenas visando uma formação escolar mais adequada decrianças e jovens.

O fenômeno da inclusão digital, que tem tomado conta de todas

as regiões do país com a disponibilização de tecnologia da

informação, alcança parte das comunidades indígenas que,

através do acesso à rede virtual, têm produzido uma diversidade

de sites de sua própria autoria.

Hoje temos diversos índios estudando em universidades e se

formando como advogados, antropólogos, professores,

historiadores, jornalistas, etc. Envolvidos na defesa dos direitos

dos povos indígenas, estão cada vez mais ocupando espaços

nessas áreas.

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS

INDÍGENAS NO BRASIL

Um relatório da ONU critica a política indigenista do governo brasileiro.Segundo o texto, os índios do país apresentam baixos indicadores sociaisem todas as áreas, principalmente educação, saúde e justiça, e o governonão tem coerência nas políticas que afetam tais comunidades. O relatório foielaborado pelo relator especial da ONU para os Direitos Humanos e asLiberdades Fundamentais dos Povos Indígenas, James Anaya, que visitou opaís em agosto do ano passado.

Anaya esteve em comunidades indígenas do Amazonas, Roraima e MatoGrosso do Sul. Outras críticas foram em relação aos direitos dos povossobre recursos naturais de suas terras, “frequentemente ameaçados porinvasões e ocupações indevidas”, e à falta de consulta aos índios por partedo governo sobre questões que afetam suas comunidades. Os maioresproblemas são a insegurança e violência entre as aldeias.

A ONU pediu ao Brasil que faça uma campanha nacional para o respeito dapopulação pelas questões indígenas e diversidade. À instituiçõesbrasileiras, recomendou que sigam trabalhando pelo acesso dos índios aserviços como saúde e educação. O documento será apresentadooficialmente ao Conselho de Direitos Humanos da ONU no dia 14 desetembro, em Genebra.

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS

INDÍGENAS NO BRASIL

O número de índios assassinados em 2011 é o menor identificado peloConselho Indigenista Missionário (Cimi) desde 2005, quando foramregistrados 43 casos, contra os 51 do ano passado. Desde 2008, o númerose mantinha em 60 casos anuais.

Embora a quantidade de mortes tenha ficado abaixo inclusive da médiaanual (55,8) calculada para o período entre os anos de 2003 e 2011, quando,ao todo, foram mortos 503 índios; a organização indigenista ligada à IgrejaCatólica destaca que o resultado não significa uma melhora no quadro geralda violência contra os povos indígenas.

De acordo com o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil,divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Cimi, houve uma piora em váriosoutros aspectos, por exemplo, nas tentativas de assassinatos e no númerode suicídios e de índios que morreram por falta de assistência à saúde.

Para o Cimi, os 30 casos de tentativa de assassinato contra 94 vítimasrepresentam um “aumento assustador” se comparados às 18 ocorrênciasregistradas em 2010.

Outro problema abordado diz respeito aos serviços de assistência à saúdeindígena, como a falta de profissionais, de medicamentos, equipamentos,transporte e de assistência constante.

TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL

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