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Guiné-Bissau, poeta Hélder Proença
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Guiné-Bissau
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O primeiro contacto dos portugueses com a costa litorânea da actual Guiné-Bissau1 deu-se em 1446 numa área exclusivamente habitada
por populações animistas. Nessa altura o "Mandimansa" (Imperador mandinga) do Malí era quem exercia influência em grande parte da
região do interior. Depois da queda do império, as províncias, particularmente a de Gabú, formaram reinos independentes, que por sua vez,
devido a guerras constantes se enfraqueceram e desapareceram.
Em 1884-1886, dá-se a divisão da África pelas potências coloniais na célebre Conferência de Berlim. A Guiné-Bissau, agora com as suas
fronteiras traçadas, foi entregue a Portugal. Porém, as subsequentes tentativas de ocupação e colonização portuguesas não se fizeram sem
resistência das populações locais. A última delas ocorreu em 1936 com a revolta dos bijagós de Canhabaque.
Vinte anos mais tarde (1956), Amílcar Cabral e mais cinco correligionários fundam o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (P.A.I.G.C.).
Em 1963, face a intransigência de Portugal, o P.A.I.G.C. passa a acção armada com vista a liquidação do colonialismo português.
1 http://www.tchando.com/gui4.html
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A 24 de Setembro de 1973 é proclamado unilateralmente o Estado da Guiné-Bissau que Portugal reconhecerá formalmente em 1974.
Desde então, o jovem Estado foi governado pelo P.A.I.G.C. até ao levantamento militar de 1998, que culminou com a realização de eleições
legislativas e presidenciais.
HÉLDER PROENÇA2
Escritor da Guiné – Bissau, envolveu-se, nos anos 70, no movimento independentista do seu país,
abandonando os estudos liceais e partindo para a guerrilha em 1973. Após o 25 de Abril,
regressou a Bissau, prosseguindo os seus estudos.
Foi responsável-adjunto pelo sector de educação na região de Bolama e professor de história.
Frequentou, em 1979 e 1980, um curso de Planificação Regional no Rio de Janeiro. De
regresso à Guiné, trabalhou como quadro no ministério da cultura, sendo ainda deputado na
Assembleia Nacional Popular e membro do Comité Central do PAIGC.
2 http://lusofonia.com.sapo.pt/guine.htm
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Hélder Proença começou por se dedicar à literatura era ainda adolescente, escrevendo poemas anticolonialistas, de afirmação
da identidade nacional, que acompanharam a sua actividade política.
Os textos desta fase foram reunidos no volume Não Posso Adiar a Palavra, editado apenas em 1982. Este carácter panfletário foi-se
atenuando progressivamente, embora o autor nunca tenha descurado uma vertente de intervenção política e social.
Considerado um das grandes figuras da nova literatura guineense, escrevendo tanto em português como em crioulo, foi o co-organizador
e prefaciador da primeira antologia poética do seu país Mantenhas Para Quem Luta! (1977). Alguma da sua produção continua inédita.
Não posso adiar a palavra
Quando te propus
um amanhecer diferente
a terra ainda fervia em lavas2012-08-31
e os homens ainda eram bestas ferozes
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Quando te propus um amanhecer diferente a terra ainda fervia em lavas2012-08-31 e os homens ainda eram bestas ferozes
Quando te propus a conquista do futuro vazias eram as mãos
negras como breu o silêncio da resposta
Quando te propus o acumular de forças o sangue nómada e igual coagulava em todos os cárceres
em toda a terra e em todos os homens
Quando te propus
um amanhecer diferente, amor
a eternidade voraz das nossas dores
era igual a «Deus Pai todo poderoso criador dos céus e da terra»
Quando te propus olhos secos, pés na terra, e convicção firme surdos eram os céus e a terra receptivos as balas e punhais
as amaldiçoavam cada existência nossa
Quando te propus abraçar a história, amor tantas foram as esperanças comidas insondável a fé forjada
no extenso breu de canto e morte
Foi assim que te propus no circuito de lágrimas e fogo, Povo meu o hastear eterno do nosso sangue para um amanhecer diferente!
Não posso adiar a palavra Col. Vozes do Mundo, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1982
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