O Amanuense Belmiro - UESB

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O Amanuense Belmiro

Cyro dos Anjos

A história…

O Amanuense Belmiro é narrado em primeira pessoa por Belmiro Borba, homem tímido e sonhador, ao mesmo tempo dotado de grande capacidade de observar a si e aos outros. Solteirão e empregado de repartição pública, em que era amanuense (encarregado geralmente de fazer cópias e/ou ofícios), vive em Belo Horizonte com duas irmãs mais velhas.

Analgésico – céptico pequeno

burguês – homem fraco, que não

tem senso de hierarquia e tende

para igualitarismo dissolvente…

Todos, exceto eu, sabem quem eu sou…

Memórias ou

Diário

O diário é escrito durante pouco mais de um ano, do Natal de 1934 a alguns

dias após o Carnaval de 1936.

Carnaval Ano bom

Natal

A rua Erê

Emília

e Francisquinha

A Vila Caraíbas

A vida parou ou foi o automóvel?

O gênio

Machado Assis

ESSAS NOTAS SÃO ÍNTIMAS ENTÃO NELAS ESTÃO

TODA A SINCERIDADE ....SINCERO?

MANDA A MINHA SINCERIDADE QUE EU ESCREVA....

TRATA-SE DE UM DIÁRIO...

A UNIVERSALIDADE NA OBRA

A grande estupidez é vivermos

num conflito constante. Já que

não se possui a vida com

plenitude, o melhor é renunciar

de vez.

Ali pelo oitavo chope chegamos à conclusão de que todos

os problemas eram insolúveis. Florêncio propôs um nono

chope argumentando que outro copo talvez encerrasse

uma solução geral.

A solução é a conduta católica…introduz no nosso

cotidiano, a preocupação da vida eterna, sacrificando, a

esta aquela.

Jandira

…da roda fui o único a não tentar conquistá-la… não o fiz por virtude, mas por timidez.

Sempre haverá um homem e uma datilografa.... Não bastam que sejam donzelas é preciso papais, irmãos, fortuna...

- A família Borba –

Ele é o Borba errado, o sanfonista

“Por que um livro?”

Respondi-lhe que perguntasse a uma gestante por que razão iria dar à luz um mortal, havendo tantos. … Sim, vago leitor, sinto-me grávido, ao cabo, não de nove meses, mas de trinta e oito anos. E isso é razão suficiente. Posta de parte a modéstia, sou um amanuense complicado, meio cínico, meio lírico, e a vida fecundou-me a seu modo, fazendo-me conceber qualquer coisa que já me está mexendo no ventre e reclama autonomia no espaço.

O melhor seria vivermos sem livros, mas o homem não é dono de seu ventre.

Arabela - Carmélia

Começo a amar…

o sintoma é positivo: acabo

de tentar um poema

Mito fáustico Os amores de Glicério e Belmiro

• Não me lembra quanto tempo durou o encantamento e só vagamente me recordo de que, em um momento impossível de localizar, no tempo e no espaço, a mão me fugiu. Também tenho uma vaga ideia de que alguém me apanhou do chão, pisado e machucado, e me pós num canapé onde, já sol alto, fui dar acordo de mim.

*

*Há muito que ando em estado de entrega. Entregar-se a gente

às puras e melhores emoções, renunciar aos rumos da

inteligência e viver simplesmente pela sensibilidade –

descendo de novo, cautelosamente, à margem do caminho, o

véu que cobre a face real das coisas e que foi, aqui e ali,

descerrado por mão imprudente – parece-me a única estrada

possível. Onde houver claridade, converta-se em fraca luz de

crepúsculo, para que as coisas se tornem indefinidas e

possamos gerar nossos fantasmas. Seria uma formula para nos

conciliarmos com o mundo.

A mentira é a base da ordem

doméstica…o que ignoramos é

como se não existisse para nós.

Crítica ao casamento

Silviano Joanna

*

Filósofos e suas teorias

Alguns acontecimentos…

1. A morte de Francisquinha

2. O casamento da Carmélia real, não a minha

3. Redelvim vai preso

4. Mais um natal

5. Visita o Rio por causa de Carmélia / passeio pela

paisagem Machadiana/ o relatório para a

repartição pública

6. A amizade de Carolino e de Glicério

Verdades ...

• Devemos sempre mentir, haja ou não necessidade, isso é que é. Assim, a mentira acaba vindo fácil, fluente, instintiva, Hoje sou um artista no gênero....

• O homem é um animal definidor • Ao narcisismo ninguém escapa • E assim é a vida....os acontecimentos conduzem os

homens • Os amigos são tão raros que precisamos conservá-los a

todo custo. E quando não possamos ser amigos cem por cento, sejamos cinquenta ou vinte

• A ignorância é meia felicidade - as manas

Quem quiser que fale mal da literatura. Quanto a mim direi que devo a ela minha

salvação. Venho da rua deprimido, escrevo dez linhas, torno-me olímpico...”

O vira –lata de Ciro e a Borboleta preta de

Machado

PERREXIL ESTIMULANTE DO PENSADOR. MUSA

Não tenho mais o que escrever porque a vida se

torna vazia, vazia…

Minha vida parou, e desde muito me volto para o passado, perseguindo

imagens fugitivas de um tempo que se foi.

Procurando-o, procurarei a mim próprio.

Os Salpicos…

Meu trecho predileto…

0 São inúteis essas tentativas de análise e interpretação de nós mesmos. Há, em nós, abismos insondáveis, que jamais , exploraremos, onde se recolhem…as tantas vezes contraditórias combinações que compõem as formas sucessivas do nosso espírito…hoje dormimos Arlequim, amanhã acordamos Pierrot… amanhã seremos o que não queremos e hoje somos o que ontem fôramos e não quiséramos ser mais.”

A onda....

0 A questão da revolução e Redelvim

Cap. 73 - Mais um natal

0 - Merry christmas; mister Belmiro

0 - Merry christmas, Mister Prudêncio.

0 - Bom dia, Giovanni. Muito Obrigado pelo Chianti e pelas castanhas....

0 (....)

0 Vamos tomar um cafezinho quente, amigos. O Senhor esteja convosco.

0 10. Qual denuncia não escrita se pode ver nessas linhas?

DAS NEGATIVAS

Fali na vida, por não ter encontrado rumos.

Este diário, ou coisa que o valha, não é

sintoma disso?

DAS IDÉIAS POBRES…

Elas nos escapam, escolhendo,

maliciosamente, a pior oportunidade.

*Pela manhã, Belmiro acorda

assustado, com batidas na porta

do seu quarto. Era Emília,

avisando que já eram dez horas.

Então, Belmiro começa a

lembrar do sonho que tivera,

*

*

*

Na última página do diário do amanuense

Belmiro Borba, ele conta que Carolino lhe

trouxera uma porção de blocos de papel. No

entanto, ele não precisará mais de papel, “nem

de penas, nem de boiões de tinta”. Belmiro

esqueceu-se de avisar ao amigo “que a vida

parou e nada há mais por escrever”. Só não

sabe o que fará “para empurrar os presumíveis

trinta e dois anos” que lhe restam, já que os

Borbas “vão até os setenta”.

E pergunta: “Que faremos, Carolino amigo?”