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Abordagem em PASSOS da AESP/ASSISTOLIA baseado nas diretrizes do ACLS/2010.
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Suporte Avançado de Vida em Cardiologia – Edição 2010
RITMOS DE PARADA EM ADULTOS – EVENTO HOSPITALAR
Ritmos Não-Chocáveis – Atividade Elétrica sem Pulso-AESP / Assistolia
*Daniel Valente Batista
Paciente de 64 anos, internado na enfermaria de clínica médica do seu
Hospital, evolui com irresponsividade. Familiar entra no corredor
desesperado, gritando: ‘Meu pai está morrendo! Socorro!’. Às
06h55min, faltando poucos minutos para acabar seu plantão, a auxiliar
de enfermagem vai chamá-lo para avaliar o doente. O que fazer?
PASSO 1- Garantir a segurança da cena.
PASSO 2 – Testar a responsividade do doente. Posicione-se próximo à cabeça do
paciente e movimente seus ombros com suas mãos, de maneira firme, e pergunte:
‘Senhor, você está bem? Você me ouve?’. Se o paciente não responder, siga para
o próximo passo. Não se usam mais aquelas desconfortáveis manobras de torção
mamilar, compressão esternal ou de leito ungueal.
PASSO 3- Caso o mesmo não responda, OBSERVE SUA RESPIRAÇÃO: se o
doente não respira, ou respira de maneira anormal (gasping), vá para o passo
seguinte.
PASSO 4 – Chame ajuda e peça por um cardiodesfibrilador, urgente. Se você
estiver só com o paciente na sala, saia para pedir ajuda; do contrário, peça para
alguém fazê-lo. Lembre-se: caso a pessoa que você selecione para essa função
seja um leigo, p.e. um acompanhante do paciente, seja claro no que você quer e o
oriente que peça ao pessoal da Enfermagem o ‘APARELHO DE CHOQUE’.
Dificilmente ele irá se esquecer de avisar à equipe que o médico precisa do
aparelho de choque, ao passo que memorizar o nome cardiodesfibrilador poderá
fazê-lo esquecer e aí você perderá segundos preciosos.
PASSO 5– Por ser profissional de Saúde habilitado, você poderá checar o pulso
carotídeo do paciente do lado ipsilateral ao seu, mas não por mais de 10
segundos. Se não conseguir palpar o mesmo, siga adiante.
PASSO 6- Comece a Reanimação CardioPulmonar (RCP) por meio das
compressões torácicas efetivas na freqüência de 30 compressões para 2 incursões
*Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Oficial do Serviço
de Saúde do Exército Brasileiro. Ex-integrante da Liga do Coração.
Ventilatórias, a serem feitas com dispositivo de Bolsa-Valva-Mascara ou
interface boca-valva-boca. Caso não haja dispositivo no momento, podem-se
pular as ventilações e executar apenas compressões torácicas, na freqüência de,
PELO MENOS, 100 por minuto.
Observe que você inicia a RCP direto com a compressão torácica e não mais com
a abertura de via aérea através da hiperextensão cervical ou anteriorização da
mandíbula, e também não executa mais a manobra do VER-OUVIR-SENTIR.
Esses passos foram excluídos, pois geravam muitas dúvidas nos socorristas
(mesmo em médicos treinados) e atrasavam a manobra mais importante de toda
RCP: Compressões Torácicas Efetivas.
A sequência a ser seguida agora é a C – A – B.
Mas o que vem a ser uma Compressão Torácica Efetiva? Para que o estímulo
compressor seja efetivo, ele deve seguir alguns princípios essenciais:
1) Posição adequada do Socorrista: o socorrista deve entrelaçar as mãos, de
maneira que a porção hipotenar (ou calcanhar) da mão dominante entre em
contato direito com a região esternal a 2 dedos do manúbrio do esterno, ou,
aproximadamente, na região da linha intermamilar. Os cotovelos do mesmo
devem estar estendidos, e os membros superiores entrelaçados devem fazer um
ângulo de 90º com o corpo da vítima. Observe também que a força para as
compressões vem da contração dos músculos da coluna vertebral e não da
musculatura do membro superior.
Figura 1 - Esquema acima demonstrando o local correto de se exercer as compressões torácicas, a região hipotenar da
mão (ou calcanhar da mão), o correto entrelaçamento dos dedos e a posição do membro superior do socorrista em
relação ao tórax do doente. Retirado de: http://www.portalenf.net/guide_15_Reanimacao-cadiorrespiratoria.html
2) Velocidade de compressão: pelo menos 100 compressões por minuto
3) Intervalo adequado: entre cada compressão, deve ser permitido o retorno
completo do tórax a sua posição inicial
4) Profundidade: cada compressão deve se aprofundar pelo menos 5 cm
5) Em se tratando de pacientes internados, LEMBRE-SE DA TÁBUA RÍGIDA
entre o paciente e seu leito! Afinal, sem a superfície rígida, a massagem fica
ineficaz!
E como se dá o controle sobre as ventilações do paciente? Como saber se estão
efetivas? Observe os princípios essenciais:
1) Se o paciente não tem uma via aérea segura, o mesmo deverá ser ventilado
numa frequência de 30:2 com um dispositivo de Bolsa-Valva-Máscara-
Reservatório com Fluxo de 02 de 15 l/min.
2) Caso haja via aérea obtida por meio de combitubo, máscara laríngea,
intubação orotraqueal ou via traqueóstomo, deve-se realizar 1 ventilação a cada
6-8 segundos, sem necessidade de pausas nas compressões torácicas.
3) Não há necessidade de se utilizarem grandes volumes, inclusive essa prática é
danosa ao paciente. Deverá ser feito uso do volume de ar necessário para
elevação visível do tórax.
4) A ventilação deverá durar cerca de 1 segundo, e o responsável pela mesma
deverá permanecer calmo e não deixar que ‘sua vontade de ajudar’ transforme-se
numa hiperventilação descontrolada.
Após cerca de 60 segundos, chega ao local a enfermeira, junto a 3
auxiliares de enfermagem, trazendo o carrinho de parada e o
cardiodesfibrilador. Até então, o único profissional de saúde presente
na cena era você, médico plantonista. E agora?
Bem, a partir do momento que existe um time de parada, algumas noções de
comunicação dentro da equipe são fundamentais. O ACLS preconiza o sistema
de alça-fechada de comunicação. Nesse sistema, o líder da equipe (em geral o
Médico, quando presente) determina funções de maneira precisa e nominal aos
outros auxiliares, e estes respondem também de maneira precisa ao mesmo. Por
exemplo, os assistentes serão denominados de 1,2,3 e 4.
Exemplo: Médico: Assistente 1 (A1), puncione um acesso venoso no doente.
A1: Estou puncionando acesso. Acesso Puncionado
Médico: A1, prepare 1 ampola de adrenalina.
A1: 1 ampola de adrenalina 1 mg preparada!
Médico: A1, aplique 1 ampola de adrenalina seguida de flush de 20 ml SF 0,9%
no acesso e eleve o membro após a aplicação.
A1: Adrenalina feita.
A comunicação em Alça-fechada evita, ou, pelo menos, se propõe a evitar,
confusão de tarefas a serem executadas no momento da PCR, no qual não se
definem o executor de cada atividade e, assim, ficam acumulando-se funções
diversas para um mesmo profissional. Por exemplo, o médico que fica
massageando, ventilando e coordenando a parada. A Enfermeira que fica
ventilando, contando o tempo e preparando medicação. Isso leva, quase sempre,
a um mau desfecho, no qual poucos fazem muito e fazem mal
É importante observar também que, a partir do momento da chegada da equipe, o
líder (idealmente) sai de uma posição de executor para a de coordenador da
equipe e, se possível, deve até afastar-se um pouco do paciente, de maneira que
possa coordenar/orientar ações a serem tomadas, de uma maneira mais clara e
com raciocínio mais lógico. É visível que, quando próximo ao paciente, o líder
tende a querer executar tarefas (checar ritmo, ajudar a puncionar um acesso, fazer
compressões torácicas) e esses atos visivelmente prejudicam a avaliação da
seqüência de reanimação. Obviamente, deverá ser avaliada a quantidade de
membros na equipe.
PASSO 7 – Determinar tarefas. Agora sua equipe conta com 5 profissionais.
Divida as funções:
‘A1 – Você tente puncionar um acesso venoso.’
‘A2 – Assuma as compressões torácicas na freqüência de 30: 2’
‘A3 – Assuma a ventilação com Bolsa-Valva-Máscara com Reservatório a 100%
com 15 litros/O2 por minuto. Lembrem-se, A2 e A3, de trocar suas funções a
cada 2 minutos de RCP’
‘A4 – Conte o tempo de parada e registre as drogas feitas e me avise ao final de
cada ciclo de 2 minutos’
PASSO 8 – Verifique o ritmo do paciente. Pegue o cardiodesfibrilador na função
pás, aplique gel condutor, posicione corretamente as pás sobre o tórax (em geral
coloca-se uma pá no apex e outra na região paraesternal direita) e cheque o ritmo,
o paciente está parada há cerca de 90 segundos. Nesse momento pode haver um
erro relativamente comum em relação à função pás. Existem, nos desfibriladores,
botões para selecionar a derivação escolhida: DI, DII, DIII, aVF,aVR, Avl e
PÁS. Se você não colocar a função PÁS, não irá conseguir o traçado adequado e
poderá se desesperar e sair gritando: ‘tragam outro aparelho, esse está
quebrado!’. Parece simples (e realmente é), mas não é raro que, na hora da PCR,
o médico esqueça esse detalhe salvador.
O Monitor do Cardiodesfibrilador mostra o ritmo baixo:
Figura 2 - Assistolia
ou
Figura 3 – Atividade Elétrica sem pulso
Veja que os ritmos elencados acima caracterizam ritmos de parada NÃO
chocáveis e, nesse momento, a RCP bem feita, utilização precoce de drogas e os
5H e 5Ts das causas reversíveis de PCR.
PASSO 9 - Puncione um acesso venoso (se é que o paciente já não está com um)
ou garanta que o acesso existente é funcionante. De pronto, peça para seu auxiliar
preparar e fazer uma dose de Epinefrina/Adrenalina 1mg que deverá ser repetida
de 3-5 minutos.
Você: ‘A1’ – Prepare uma ampola de adrenalina de 1 mg.
A1: ‘ 1 ampola de adrenalina preparada’
Você: ‘Administre 1 ampola de adrenalina + 20 ml de SF 0,9% em flush e eleve
o membro do paciente após’
A1: ‘1 ampola de adrenalina feita’
PASSO 11 – Monitorize o paciente com os eletrodos e, em caso de uma
ASSISTOLIA, lembre-se de fazer o protocolo do CA-GA-DO!
Esse protocolo baseia-se em:
CAbos: cheque os cabos do monitor ou do cardiodesfibrilador para ver se estão
todos conectados no paciente e aos aparelhos. Afinal, se não houver essa
conexão, é óbvio que se terá assistolia!!
GAnhos: às vezes, o paciente tem muito tecido corporal entre o miocárdio e os
eletrodos (obesos, atletas com musculatura avançada, pacientes com DPOC, etc)
e aí, por vezes, o seu traçado não fica bem capturado e não aparece de maneira
ideal no monitor. Para isso, aumenta-se o ganho, ou seja, a capacidade do
aparelho em ampliar o ritmo representado pelos números N/2, N e 2N. Assim,
coloque o ganho no máximo permitido, em geral, 2N, e reavalie se há, de fato,
assistolia, e não um Fibrilação Ventricular Fina.
Derivação: Mude a derivação avaliada. Às vezes, o eixo resultante do QRS em
um paciente fibrilando encontra-se perpendicular à derivação habitual que se
avalia no modo PÁS (que é DII). Então, desloque a PÁ – ESTERNO, que
habitualmente fica na posição paraesternal direita, em sentido caudal até a altura
do Hipocôndrio Direito e a PÁ – ÁPEX, que habitualmente fica na região de
ápice cardíaco, em sentido cranial na região paraesternal esquerda, conforme a
foto.
Figura 4 - A figura acima ilustra o passo que deve ser feito sobre a derivação. A imagem à sua esquerda representa a
posição habitual em que as pás do Cardiodesfibrilador são colocadas no tórax do paciente. Nesta posição a derivação
avaliada é DII, onde se mede a diferença entre o braço direito e o membro inferior. Na executar a troca das pás de de
acordo com a figura a direita, muda-se em o eixo avaliado para Avl, que é a derivação do plano frontal perpendicular
a DII.
Se, após checar Cabos, Ganhos e Derivações, o ritmo permanece em Assistolia, é
porque é, de fato, uma assistolia real.
PASSO 12 – Comece a imaginar qual causa reversível de PCR esse paciente
poderia estar tendo. Para isso, uma saída é pedir o prontuário do doente e dar
uma rápida análise da prescrição e últimos exames, ou perguntar se há alguém da
equipe, no momento, que está acompanhando o caso da paciente e que possa
ajudar. Essa pessoa pode ser até o acompanhante! .p.e ‘Dr, ela tem problema
renal, dialisa’ ou’ Dr. Ela foi operada há 10 dias de um implante ortopédico’.
Essa é uma hora em que o curso do ACLS não é tão claro, e é ai que seu
conhecimento da vida diária e raciocínio clínico irão fazer a diferença. Talvez
seja no algoritmo de AESP/Assistolia que você, médico, fará a maior diferença
em uma reanimação. As causas são:
Causa – 5Hs Racional Conduta - Imediata
Hipovolemia Paciente estava com história de
diarréia?Algum sangramento clínico
visível? Recebeu sangue, tinha
hemoglobina baixa nos últimos
exames?? Teve muitos vômitos?? Era
uma doente séptica?
Acesso Venoso (idealmente dois) e
infusão rápida de cristalóides
AQUECIDOS. Considere 1-2 litros
inicialmente.
Hipóxia Veja o histórico das anotações de
enfermagem a respeito de saturação de
O2. Pergunte ao acompanhante se
antes de parar o doente estava
cansado, com extremidades
arroxeadas. Ele estava usando suporte
de O2? Havia, por exemplo, uma
venturi ou uma máscara reservatório
na face do paciente quando você
chegou? Esses dados podem sugerir
um paciente com Insuficiência
Respiratória Grave que parou por
hióxia.
Garanta o suporte de O2 para oxigenar e
ventilar o doente. Veja que, na parada
FV/TV, uma ventilação efetiva com
bolsa-valva-máscara-reservatório era o
bastante (desde que fosse efetiva, ou
seja, ocorresse elevação do tórax). Neste
caso, pode-se tentar ela, mas HÁ
CERTA PREFERÊNCIA em se fazer
uma VIA AÉREA AVANÇADA, ou
seja, Intubação Orotraqueal, Máscara
Laríngea ou Combitudo. Cuidado para
não confudir Via Aérea Avançada (que
pode ser supra ou infraglótica) com via
aérea definitiva (que é uma infraglótica
com balonete insuflado)
H+ - Acidose Procure a última gasometria arterial
do doente e cheque o Ph. Ele era um
doente renal? Ele dialisava? O
enfermeiro ou acompanhante
facilmente podem responder a esse
questionamento.
Faça Bicarbonato de Sódio EV – 1ml por
kg in bolus
Hipo-
Hipercalemia
Cheque os últimos exames de Potássio
do doente registrados em prontuário.
Procure na evolução de doença renal
ou diálise, da mesma forma que feito
para o item acidose. Olhe para o
Monitor do doente e analise o ritmo.
Você enxerga as ondas sinusoidais da
Hipercalemia grave?
Aplique imediatamente o Glucona de
Cálcio a 10% - 1ampola in bolus. Essa
medida não baixa o potássio sérico.
Contudo, elimina os efeitos deletérios da
atuação do potássio
Hipotermia Não é muito comum no nosso meio,
mas pode acontecer com as vítimas de
afogamento ou nos doentes
traumatizados.
Aquecimento ativo com cristalóide
aquecido, DESLIGAR O AR
CONDICIONADO, Cobrir com mantas
térmicas.
Causas - 5 Ts Racional Conduta-Imediata
Tensão no Tórax –
Pneumotórax
Hipertensivo
Veja o ambiente em que ele parou: você
está recebendo um doente vítima de
traumatismo no tórax na sala de parada
do IJF? É um doente clínico com acesso
central? Quando foi que foi puncionado?
Teve relato de dificuldade para
puncionar? Há um raio-x de controle que
você possa ver? Olha a traquéia do
doente e veja se há desvio. Se ele já
estiver com uma via aérea ausculte o
mesmo enquanto alguém ventila – Há
abolição do murmúrio?? RACIOCINE!
Toracocentese de alívio no 2º
Espaço Intercostal da Linha
Hemiclavicular. Para isso pegue
um jelco (14-16) coloque em uma
seringa de 20 ml com 10 ml de SF
0,9%, faça o procedimento e
observe o borbulhamento na
seringa. Logo após, desconecte a
seringa do jelco e o deixe lá
enquanto se providencia a
drenagem do tórax.
Tamponamento
Cardíaco
Qual enfermaria que ele parou? Cirurgia
Cardíaca? Cardiologia? Ele fez algum
procedimento cardíaco esses últimos
dias? Facilmente a acompanhante ou o
enfermeiro podem lhe dizer isso. Porque
ele tava internado? Era um renal com
água no coração?
Proceda a pericardiocentese. Para
isso, utilize uma seringa de 20ml
conectada a um jelco calibroso e
perfure o tórax logo abaixo e a
esquerda do apêndice xifóide em
direção ao ombro esquerdo do
doente e sob MONITORIZAÇÃO
eletrocardiográfica constante.
Toxinas Esse doente chegou na emergência com
história de tentativa de suicídio? Tomou
alguma medicação? Fez uso de opióide
ou benzodiazepínico em excesso( por
exemplo, após uma anestesia?)
Tente identificar alguma droga e
aplique seu respectivo antídoto, se
existir:
Flumazenil – Benzodiazepínicos
Naloxone – Opióides
Atropina – Carbamantos
(‘Chumbinho)
Trombose
Pulmonar
Doente em PO de cirurgia ortopédica,
intraabdominal, ginecológica? Estava
hipotensa e taquidispnéica antes de
parar? Aqui vale ressaltar que, apesar de
o treinamente feito no ACLS pressupor
que você só está tendo contato com a
vítima após ela ficar irresponsiva, na
vida real isso pode ser diferente e, às
vezes, isso melhora a situação em seu
favor. Por exemplo, você pode ter sido
chamado para avaliar um doente
taquidispnéico, hiposaturando e com
hipotensão após um PO de cirurgia
ortopédica e que, enquanto você o
avaliava, entra em PCR. Nesse caso,
você rapidamente irá pensar em um
TEP. Então sempre valorize a situação
clínica em que você está envolvido!
Paciente com PCR por
tromboembolismo maciço tem de
ser submetida a trombólise
química imediata. Contudo,
sabemos da gravidade em que se
encontra o doente acometido por
essa enfermidade. O que se deve
fazer é tentar rastrear esse doente
antes que ele evolua para PCR, na
fase em que se encontra
taquidispnéico e hipotenso.
Trombose
Coronária
História de Dor Torácica! Trombólise/ Sala de
Hemodinâmica
OBS: Hipoglicemia não faz mais partes dos H’s das causas reversíveis de PCR.
PASSO 13 – Baseado no seu raciocínio clínico, tome as condutas necessárias
para reverter a situação e CONTINUE mantendo a RCP com 30:2 (caso você não
tenha obtido uma via aérea definitiva) ou, pelo menos, 100 compressões por
minuto, associadas a 1 ventilação a cada 6-8 segundos, com o dispositivo de via
aérea avançada, de maneira assíncrona com as compressões, e que permitam
elevar visivelmente o tórax. REFORÇO QUE NÃO SE DEVE USAR SUA
VONTADE DE AJUDAR O DOENTE COM HIPERVENTILAÇÃO!!!!!!
Sempre que possível, utilize a capnografia associada a seu dispositivo de via
aérea avançada.
PASSO 14 - Passado 5 ciclos de 30:2 ou 2 minutos, reavalie novamente o ritmo
do doente. Se chocável ,siga o PASSO 15. Se continua não chocável, lembre-se:
Trocar os papéis de compressão e ventilação, sempre atentando para que se faça
uma massagem de alta eficácia e uma ventilação efetiva conforme explicado no
PASSO 6.
Pedir para o auxiliar responsável pelas medicações ir deixando preparada a
próxima ampola de adrenalina.
Lembre-se: ATROPINA não faz mais parte do algoritmo de AESP/Assistolia e
não deve ter seu uso feito de rotina!
PASSO 15 – Caso o paciente evolua para um ritmo Chocável, siga no protocolo
de Suporte Avançado de Vida para ritmos chocáveis – FV/TV, conforme texto
específico.
PASSO 16 – Caso o paciente retorne a vida, submeta-o aos Cuidados Pós-
Parada, conforme texto específico.
ERROS/FALHAS COMUNS
1) Falta de equipe completa para realizar a reanimação. A grande realidade
brasileira conta com 2 ou 3 profissionais para realizar um atendimento que
necessita de , pelo menos, 5 pessoas.
2) Falta de treinamento dos demais profissionais de saúde, eventualmente até
dos próprios médicos, que, desatualizados e sem os protocolos na cabeça,
quase que nem nível medular, lentificam o processo de reanimação,
atrasam os procedimentos necessários e deixam de executar corretamente
as compressões torácicas. Assim sendo, não adianta muito só você,
médico, estar capacitado se sua equipe não tiver noções de BLS. “Uma
andorinha só não faz verão”.
3) CHOCAR RITMOS NÃO-CHOCÁVEIS! Apesar de isso parecer
absurdo, eventualmente, observa-se colegas desatualizados que, apesar da
boa intenção, acabam sendo iatrogênicos e perdendo preciso tempo de
RCP aplicando choque que serão, em 100% das vezes, infrutíferos.
4) Não conferir os Cabos, Ganhos e Derivações na assistolia. Por exemplo,
você passa a noite na enfermaria e, ao entrar no quarto de um doente,
observa o monitor em assistolia. Acreditando piamente no aparelho, pede
ajuda e se prontifica a iniciar as compressões. Na primeira compressão
torácica, o paciente logo acorda assustado e com uma baita dor no tórax.
Por isso, assistolia = CA-GA-DO.
5) Falta de PREVENÇAO DE PCR. Quando se fala em AESP/Assistolia,
está-se falando de causas reversíveis ou detectáveis de eventos dantescos.
Não custa nada checar o último potássio daquele paciente da enfermaria
que, por algum contratempo, não foi dialisar no dia previsto. Não custa
seguir a determinação clássica de se solicitar um RX de Tórax após a
punção de um acesso em subclávia. Lembrar-se sempre da PROFILAXIA
para TEP nos doentes clínicos, sempre que indicado.
Todas essas medidas são válidas, haja vista que a grande maioria das
AESP/Assistolias ocorrem em ambiente intra-hospitalar e, muitas vezes,
por negligência dos profissionais assistentes.
Por isso, PENSE NOS 5Hs e 5Ts antes MESMO DA PARADA! Faça
disso uma tarefa diária com o seu doente!
6) Falta de checagem de material antes de acontecer o evento. Ao assumir
seu plantão em um Serviço de Emergência, cheque se o Desfibrilador
Funciona, se o carrinho está equipado, se o laringoscópio está com pilhas
funcionando. Os equipamentos de Reanimação CardioPulmonar devem
ser considerados itens tais quais extintores de incêndio: Esperamos nunca
precisar utilizá-los, mas sempre devem estar sempre prontos para uso.
7) Afobação na ventilação, muitas vezes cursando com Hiperventilação. Isso
é muito comum quando o paciente está com tubo orotraqueal e você
observa quem está na ventilação com uma frequência de 1 ventilação a
cada 1 ou 2 segundos, quando o preconizado é de 1 ventilação a cada 6
segundos. Chega a ser dantesco!
8) Desesperar-se porque ‘não pode chocar’ o doente. Justamente na
AESP/Assistolia é que a calma de quem coordena a parada se faz
preponderante. Afinal, o raciocínio clínico na busca pela causa reversível
é fundamental
9) Fazer Atropina na AESP/Assistolia!
10) Por fim, cabe lembrar a discussão sobre a distanásia. Muitos pacientes que
param em AESP e Assistolia são doentes já em fases avançadas e
irreversíveis de doenças clínicas e estão internados para paliação. Por isso,
ajude ao seu colega plantonista. Converse com a família e com o próprio
paciente a respeito da não reanimação e obtenha um consentimento
informado, mesmo que o doente esteja aparentemente bem. ESCREVA
ISSO em sua evolução diária e no Prontuário; do contrário, as palavras
não escritas podem ir ao vento! Evite que um doente sem indicação seja
submetido a reanimação cardiopulmonar, intubação e outras medidas
invasivas que só irão prolongar o sofrimento!
BIBLIOGRAFIA
1) 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary
Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science. Circulation
November 2, 2010, Volume 122, Issue 18 suppl 3
2) Suporte Avançado de Vida em Cardiologia – ACLS – Curso para o Aluno –
Instituto Paulista de Treinamento e Ensino /IPATRE – American Heart
Association, ministrado em 2012.1
3) Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e
ACE. Editor: Hazinski MF, MD. Highlights da American Heart Association.
Figura 5 – Algoritmo circular do Suporte Avançado de Vida. Veja que na PCR em ASSISTOLIA/AESP as
mudança básicas elencadas são: 1) não se usa amiodarona 2) NÃO SE FAZEM CHOQUES. No restante, os
cuidados com as causas reversíceis, compressões torácicas de alta eficácia, ventilação adequda e frequência de
30:2 (com troca de funções a cada 2min ou 5 ciclos) continuam. Mais uma vez lembre que via aérea avançada
não é a mesma coisa de via aérea definitiva. A avançada pode ser um dispositivo extra-glótico, como máscara
laríngea ou combitube, ao passo que a definitiva pressupõem um tubo infra-glótico com balonete insuflado, no
caso de IOT. Na Parada, intubar um doente não é essencial, desde que ele esteja ventilando bem com a bolsa
valva-máscara ou o dispositivo extra-glótico. Figura retirada dos Highlights da American Heart Association
2010.
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