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O que está em crise é o modelo de
sociedade e o sentido de
vida que adotamos.Os tempos atuais nos urgem a buscar
mudanças e novos
paradigmas civilizatórios.
As autoridades costumam
repetir que as tragédias não
têm uma única causa,
– seriam resultantes
de uma soma inesperada de
fatores.
A cada temporal, os
políticos carregam nas
tintas do imponderável
.“Nunca choveu tanto”, “a água dos rios atingiu
volume recorde”,
“fomos pegos de surpresa”.
No entanto, à custa de
centenas de mortes e prejuízos
incalculáveis, impõe-se outra
vez a dura realidade:
O descaso do poder público.
O descaso do poder público
é o fator
primordial a explicar
a dimensão dos estragos
causados pela chuva não apenas no Rio, mas
também em São Paulo,
Minas e pelo país afora.
O descaso do poder público,
o desinteresse e alheamento
pelo bem coletivo. E toda a dor e todo o
sofrimento por eles
ocasionados.
Salta aos olhos
a incapacidade das esferas
governamentais de
prevenir as tragédias
que se repetem,
ignorando as medidas necessárias
para proteger as populações das áreas de
risco.
E o fato é que o assunto é
tratado no dia a dia de todas as esferas de
governo como se fosse
mais uma
banalidade a cargo da burocracia
federal.
Não é.
Funcionários de pelo
menos cinco ministérios
–Meio Ambiente, Cidades,
Transportes, Bem-Estar
Social e Integração
Nacional–...
...já deveriam ter passado
pelas cidades da região
serrana do estado nos
últimos anos e observado
que a ocupação
das encostas não podia
acabar bem.
Um colunista do jornal
Folha de São Paulo chega a
questionar que talvez
cinco ministérios não sejam suficientes para cuidar
do assunto, e propõe a
criação de mais um, o
Ministério da Catástrofe.
Quantas vidas ainda haverão
de ser ceifadas pelo
descaso e pela
cegueira social que acomete nossos
políticos e governantes?
Com a tolerância,
e até o estímulo
irresponsável do poder público,
áreas sob risco permanente de deslizamentos são ocupadas
desordenadamente.
Normas de edificação são
ignoradas, os cuidados
com a cobertura
florestal e com a
impermeabilização do solo são considerados dispensáveis.
Não se trata apenas de
incompetência técnica nem
falta de recursos.Muitas vezes, por motivos
políticos, autoridades
não se dispõem a pagar
o preço de remover
os habitantes das áreas
ameaçadas.
Estas mesmas autoridades,
muitas vezes, facilitaram
a sua ocupação,
criando redutos eleitorais em
terrenos predestinados
à tragédia.
A omissão das autoridades só pode ser chamada de criminosa, quando suas vítimas, mais uma vez, se contam às
centenas nestes dias.
“O ser humano nasce para
uma vida longa e plena. E se ele
morre antes de seu
termo, que acontece
com a vida não vivida?”
“Para onde vão suas alegrias e dores?
Os pensamentos que não teve
tempo de contemplar,
os atos que não
cumpriu?”
“Meu nome? Não sou mais ninguém.”Desabafo de morador de Friburgo que carrega o caixão da filha. Atrás dele, o corpo da mulher.
Famílias como a formada pela estilista Daniela Conolly, o músico Alexandre
França, e João Gabriel, de apenas dois anos de
idade.
Apoiar com doações as ações de solidariedade
em prol das 5 mil famílias que tiveramas casas devastadas pela enchente.
E, principalmente, exercitar a nossa cidadania,
de modo a tentar reverter a cegueira e a surdez
que acometem políticos e governantes.
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