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POLÍTICAS DE SAÚDENO BRASIL
Prof. Carlos Henrique
1º Enfermagem
INTRODUÇÃO
• Preocupação com a saúde da população vem desde a antiguidade.
• Séc. XIX a Medicina Social já dizia que as medidas para promover saúde e combater doenças deveriam ser tanto sociais quanto médicas.
INTRODUÇÃO
• Segunda metade do séc. XX sistematização da POLÍTICA DE SAÚDE como disciplina acadêmica e como âmbito de intervenção social criação da OMS (1946).
• Devido à crise constatada do setor saúde é que se propõe a ORGANIZAÇÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE, o PLANEJAMENTO e a FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS.
PERÍODOS DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
• REPÚBLICA VELHA (1889 – 1930)
• ERA VARGAS (1930 – 1964)
• AUTORITARISMO (1964 – 1984)
• NOVA REPÚBLICA (1985 – 1988)
• PÓS-CONSTITUINTE (1989 – 1992)
Importante
• Perfil epidemiológico
• Contexto histórico
• Como o setor saúde se organiza
I- REPÚBLICA VELHA (1889 – 1930)
# QUADRO EPIDEMIOLÓGICO: predomínio das doenças transmissíveis:
• Febre amarela
• Varíola
• Tuberculose
• Sífilis
• Endemias rurais.
# Ameaças aos interesses do modelo AGRÁRIO-EXPORTADOR intervenção do Estado => organização do serviço de saúde pública e campanhas sanitárias;
# Os serviços eram organizados de acordo com essa necessidade e não em relação aos problemas da população;
# A população não tinha acesso à saúde (assistência) atendimento particular ou de caridade.
# IDEOLOGIA LIBERAL: o Estado deveria atuar somente naquilo que o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não pudesse fazê-lo.
– República velha = instalação do capitalismo no Brasil excedente econômico permitiu a criação das primeiras indústrias atraindo investimento estrangeiro.
– Com o aparecimento das indústrias, as precárias condições de trabalho e de vida das populações urbanas surgimento de movimentos operários que resultaram em embriões de legislação trabalhista e previdenciária;
LEI ELOY CHAVES (1923)
• Organização das CAP (Caixas de Aposentadorias e Pensões) – por instituição ou empresa.
1923 – CAP dos Ferroviários1926 – Portuários e Marítimos
• marco inicial da Previdência Social no Brasil.
Dicotomia da saúde no Brasil
• Saúde Pública: prevenção e controle das doenças;
• Previdência Social: medicina individual (assistência).
II - “ERA VARGAS” (1930 – 1964)
# Predomínio das doenças da pobreza (DIP) e aparecimento das doenças da modernidade.
# Início da transição demográfica: diminuição da mortalidade e envelhecimento da população.
REVOLUÇÃO DE 30
• Autonomia relativa do Estado mudanças no seu aparelho e ampliação de suas bases sociais, emergindo condições para uma POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE.
TRIFURCAÇÃO DO ÂMBITO ESTATAL
SAÚDE PÚBLICA Min. Educação e Saúde
MEDICINA PREVENTIVA Min. Trabalho
SAÚDE OCUPACIONAL Min. Trabalho
TRIFURCAÇÃO DO ÂMBITO PRIVADO
# Fracionamento da assistência:
• Medicina liberal
• Hospital beneficente ou filantrópico
• Hospital lucrativo (empresas médicas).
# Os serviços de saúde passaram para além da ação de polícia e das campanhas sanitárias da República Velha a educação sanitária e a institucionalização das campanhas de controle das doenças, merecendo destaque:
•Serviço de Combate às Endemias (1941);
•Serviço Especial de Saúde Pública (SESP);
•Deptº Nacional de Endemias Rurais (1956).
– Previdência social para trabalhadores urbanos formais;
– Por categorias: marítimos (IAPM), comerciários (IAPC), bancários (IAPB), transportes e cargas (IAPETEC), servidores do estado (IPASE);
– Estimulou o crescimento da medicina previdenciária na primeira metade do século, garantindo acesso desses trabalhadores e seus familiares à assistência médico-hospitalar (excluindo o restante da população).
Criação dos IAP’s (Institutos de Aposentadorias e Pensões)
III - AUTORITARISMO (1964 – 1984)
Condições de saúde continuam críticas: mortalidade infantil (que tinha diminuído entre as décadas de 40 e 60) sofreu um aumento após 1964, juntamente com a tuberculose, malária, Chagas, acidentes de trabalho, etc.
Predomínio das doenças da modernidade e presença ainda das DIP.
Mesmo com o “MILAGRE BRASILEIRO” (1968 – 1973) não houve melhora no quadro sanitário.
Após 1974 há uma queda das doenças transmissíveis, principalmente as imunopreviníveis.
Aumenta as tensões sociais reivindicando melhoria nas condições de vida = reforma de base dificultando a manipulação das massas.
GOLPE MILITAR EM 1964
# Regime autoritário (21 anos)
# Privilegia o setor privado: compra de serviços, apoio aos investimentos e empréstimos com subsídios.
# Promoveu a unificação dos IAP’s em 1966 INPS (Instituto Nacional de Previdência Social):
• Aposentadoria e pensões;
• Assistência médica dos contribuintes e familiares.
# 1973 = estendeu a medicina previdenciária aos trabalhadores rurais FUNRURAL (só que de forma diferenciada).
# 1974 = criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS):
» Plano de Pronta Ação (PPA) - 1974 ampliação do atendimento de urgência a população não segurada nas clínicas e hospitais particulares contratados.
# V Conferência Nacional de Saúde (CNS) – 1975:
• Diagnóstico do Setor saúde: insuficiente, descoordenado, má distribuição de recursos, inadequação e ineficácia.
• Proposta do Governo: SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE - explicitava as atribuições dos diversos ministérios e das responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal.
# Os empresários da saúde se opuseram, fazendo com que o governo concentrasse sua ação em um conjunto de programas verticais, tais como:
- Programa Nacional de Saúde Materno-infantil- Campanha de Meningite- Programa Nacional de Imunização (PNI)- Programa Nacional de Alimentação e Nutrição
(PRONAN), etc.
# 1975:criação do Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica;criação do regime de Vigilância Sanitária;
# 1977 = criação do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social):
MS: prevenção (universal: ações higienistas e atenção primária);
MPAS: curativas de diagnóstico, tratamento e reabilitação (trabalhadores formais)
# Estreita relação Estado e segmento privado contratos e convênios;
# Privatização das ações curativas pagamento por quantidade de atos médicos;
# Quase inexistia controle ou regulação “cheque em branco”.
• FAS (Fundo de Assistência social)/Caixa Econômica Federal: financiou a ampliação da rede privada (fornecedor privado, político e funcionários do governo) juros mínimos e prazo a perder de vista.
# FIGUEREDO Programa Nacional de Serviços Básicos de
Saúde (PREV-SAÚDE):
• iniciativa de reorganização do Sistema de Saúde (maior integração dos dois ministérios e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde);
• diretrizes que reforçavam a atenção primária da saúde;
• participação da comunidade;• regionalização e hierarquização dos serviços;• referência e contra-referência;• integração de ações curativas e preventivas.
# Resistência dos “anéis tecnoburocráticos”: interesse do setor privado, políticos e boicote dos dirigentes do INAMPS.
POLÍTICOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
“tecnocratas”
EMPRESÁRIOS
AIS (AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE) - 1982
– Repasse dos recursos do INAMPS para as Secretarias Estaduais de Saúde (para expansão da rede de saúde);
– Tentativa incipiente de descentralização do poder;
– Gestão ainda no nível federal.
– Amplia as ações de assistência (serviços previdenciários) para a POPULAÇÃO NÃO CONTRIBUINTE.
Esses avanços não foram suficientes para alterar significativamente as condições de saúde da população nem para reorientar o
modelo médico-assistencial privatista
de interesse das empresas médicas, empresas multinacionais de medicamentos
e equipamentos médico-hospitalares
Organização da classe operária do ABC
Movimento Sanitário
Sociedade organizada
Mobilização pelas “DIRETAS JÁ”
MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA
IV – “NOVA REPÚBLICA” (1985 – 1988)
Queda da mortalidade infantil e doenças imunopreviníveis;
Manutenção das doenças da modernidade (aumento das causas externas);
Crescimento da AIDS;
Epidemias de dengue (vários municípios e inclusive capitais).
Interrupção da recessão econômica do início da déc. 80 e a conquista da democracia
resgate da “dívida social” acumulada no período autoritário
colocaram a saúde na agenda política
• Conceito ampliado de saúde;
• Reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado;
• Criação do Sistema única de Saúde (SUS);
• Participação popular (controle social);
• Constituição e ampliação do orçamento social.
Difusão da proposta da Reforma Sanitária:
A REFORMA REPRESENTAVA DOIS PONTOS:
1. Indignação contra precárias condições de saúde, o descaso acumulado, a mercantilização do setor saúde, a incompetência e o atraso;
2. A possibilidade da existência de uma viabilidade técnica e uma possibilidade política de enfrentar o problema.
# 1986 = Eleições diretas para Governador dos estados (novo ator fortalecido na cena política).
AIS SUDS (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde) - 1987
• “Estratégia ponte” para instalação do SUS;
• Apresentava certos avanços organizativos: superava a compra de serviços ao setor privado;
• Os repasses eram feitos com base na Programação Orçamentária Integrada (POI);
SUDS - 1987
• Criaram-se os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde: paritários e deliberativos (estímulo a participação da sociedade civil);
• Descentralização: “ESTADUALIZAÇÃO” – poder político aos estados;
SUDS - 1987
• Tudo que era do antigo INAMPS passa agora à Secretaria Estadual de Saúde;
• Os investimentos começaram a ser direcionado ao setor público e não mais ao privado:
1980: público absorvia apenas 28,7%;1987: público absorveu 54,1%.
V – PÓS-CONSTITUINTE (1989 – 1992)
Epidemia de cólera em 1991 no Brasil;
Mortalidade:
– Agravamento por causas externas (homicídios > acidentes trânsito);
– DCV - Causas externas – Neoplasias;
– Queda na mortalidade infantil.
Morbidade:
• Erradicação da poliomielite;
• persistência da tuberculose;
• estabilização das taxas de AIDS;
• expansão da dengue (inclusive a hemorrágica);
• incremento das taxas de leshmaniose visceral;
• incremento da malária;
• diminuição da hanseníase e diminuição das doenças imunopreviníveis.
Regulamentação do SUS:
1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (1988) – “Constituição cidadã”:
• Saúde como direito de todos e dever do Estado;
• Ampliação do conceito de saúde.
2. LEI ORGÂNICA DA SAÚDE (Lei 8.080/ 90):
• Condições para promoção, proteção e recuperação da saúde;
• Organização e funcionamento dos serviços;
• Todos os prestadores de saúde estão subordinados, não só os serviços integrantes do SUS.
3. LEI COMPLEMENTAR DA SAÚDE (Lei 8.142/ 90):
• Participação da comunidade (Conselho e Conferência de Saúde);
• Transferências intergovernamentais de recursos financeiros.
Apesar da universalização da saúde
“CAOS DO SUS” no seu nascimento e sucateamento dos serviços públicos
Collor reduziu em quase a metade os recursos para a saúde
# O processo de Reforma Sanitária deparou-se no período de 1988 a 1992 com políticas, que se caracterizavam:
• Apoio ao modelo médico-assistencial privatista reciclado (expansão da assistência médica supletiva);
• Reforço à centralização decisória e ao controle burocrático;
• Desmonte do SUDS e “operação descrédito” da Reforma Sanitária;
• Municipalização discriminatória (“presente de grego”);
• Implantação distorcida do SUS;
• Lógica da produtividade nos serviços públicos através do SIH e SIA.
# IMPEACHMENT DE COLLOR (final de 1992) retomada dos ideais da Reforma.
# GOVERNO DE ITAMAR FRANCO
• NOB 93 (Norma Operacional Básica)- Estados = PARCIAL ou SEMIPLENA - Municípios = INCIPIENTE, PARCIAL ou
SEMIPLENA.
• Permitiu a transição dos municípios de prestador a executor do sistema de saúde.
• O SUS enfrentou a descontinuidade administrativa do Ministério da Saúde, com perdas importantes de verbas, embora alguns fatos o tenha reforçado:
- influência da sociedade civil na política de saúde por intermédio dos Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais de Saúde;
• municipalização da saúde reconhecendo a diversidade das situações;
• experimentação de modelos assistenciais alternativos por governos estaduais e municipais;
• certos movimentos de cidadania (luta contra fome e a miséria, defesa da vida e contra a violência, etc.);
• No setor privado houve expansão da Assistência Médica supletiva;
GOVERNO DE FHC
# PLANO REAL (1994): resultou, com a expansão do neoliberalismo, em mais desajuste social: desemprego, violência e piora das condições de vida.
- Segmentos da classe média e trabalhadores de melhor nível seguros ou planos de saúde à medida que se deterioravam os serviços públicos de saúde e a mídia desqualificava os esforços de construção do SUS;
- Os demais cidadãos usuários do SUS, apesar do direito à saúde, eram repelidos dos serviços de saúde pelas filas, maus tratos, burocracia, humilhações, greves e baixa qualidade dos serviços.
Acesso aos serviços de saúde:
# Apesar das dificuldades, ocorreu uma extensão de cobertura dos serviços no final do séc. XX no Brasil.
• “(...) o que temos hoje se distancia daquele que foi consagrado na constituição cidadã, sua existência é essencial num país que apresenta enormes disparidades regionais e sociais (...)”.
• “(...) onde deu SUS, deu certo (...)”.
FHC: “1997: O ANO DA SAÚDE NO BRASIL”
• Comprometendo-se com a mudança do modelo de atenção através do PSF;
• Proposta de 847 para 3.500 Equipes de saúde da Família (ESF);
• Foi implantado o PAB (Piso de Atenção Básico) para custear ações de atenção básica (valor fixo per capta x população), além de outros incentivos financeiros;
FHC: “1997: O ANO DA SAÚDE NO BRASIL”
• O Ministério da Saúde estabeleceu orientações para a organização da atenção básica de saúde, explicitando as responsabilidades dos municípios, ações, atividades, resultados e impactos esperados;
• Em 2002 alcançou-se 17.000 ESF e uma cobertura de cerca de 50 milhões de usuários do SUS;
FHC: “1997: O ANO DA SAÚDE NO BRASIL”
• O Ministério da Saúde estabeleceu orientações para a organização da atenção básica de saúde, explicitando as responsabilidades dos municípios, ações, atividades, resultados e impactos esperados;
# 2000 = criou-se a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização de planos ou seguros de saúde.
ANTES DO SUS
• centralização dos recursos e do poder na esfera federal;
• ações voltadas para a atenção curativa e medicamentosa;
• serviços exclusivos para contribuintes;
• não participação da comunidade;
HOJE COM O SUS
• Sistema único de saúde baseado no modelo cubano e canadense (princípios);
• Ações voltadas para prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde;
• Investimento nas ações preventivas: PACS e PSF (ESTRATÉGIA DE REFORMA INCREMENTAL);
HOJE COM O SUS
• Controle social: Conselhos e Conferências de Saúde;
• Processo de MUNICIPALIZAÇÃO;
• Novo MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE (vai além da relação hospedeiro e agente etiológico).
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