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claudia regina ilustras: sil takazaki DICAS DE FOTOGRAFIA

Dicas de fotografia por claudia regina

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Page 1: Dicas de fotografia   por claudia regina

c l a u d i a r e g i n a

i l u s t r a s : s i l t a k a z a k i

DIC

AS

DE

FO

TO

GR

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Page 2: Dicas de fotografia   por claudia regina

Rio de JaneiroClaudia Regina

2015

1ª edição

C LA U D I A R E G I N A e S I L TA K A Z A K I

D I C A S D E

FOTOGRAFIA

Page 3: Dicas de fotografia   por claudia regina

SUMÁRIO

prefácio .......................................................................................................5

capítulo 1

o equipamento digital .................................................................. 11

capítulo 2

a técnica .................................................................................................. 47

capítulo 3

como criar fotos incríveis ........................................................... 97

capítulo 4

luz ...............................................................................................................193

capítulo 5

edição ......................................................................................................231

capítulo 6

fotografia como profissão ........................................................263

por quê não fotografei a tapioquinha? ..........................289

configurações das fotos ...............................................................296

apêndices ..............................................................................301

Page 4: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 5: Dicas de fotografia   por claudia regina

5

Prefácio à primeira ediçãoEstava pertinho do meu aniversário, em março de 2013,

quando recebi uma ligação. Era um convite para escrever um

livro básico de fotografia. Me perguntei o que você talvez

tenha se perguntado também: “mais um livro de fotografia

básico?”

Durante esses mais de dois anos, percebi que a principal

razão que me fez aceitar essa ideia foi a oportunidade de

trazer um jeito brasileiro de falar sobre fotografia. Os livros

básicos mais conhecidos da área são todos traduzidos

de versões estadounidenses, e tenho que admitir: não

aguentava mais ter que ver fotos de lugares que não

conheço e de gente jogando futebol americano para

aprender a fotografar!

É claro que este incômodo é pequeno, comparado ao meu

incômodo com a forma de ver o mundo que nos é passada

através dos livros, filmes, e toda cultura de consumo e

desenvolvimento promovida pelos Estados Unidos. É por

este motivo, também, que tentei me desafiar a fazer deste

livro de fotografia uma pequena ponte para uma cultura

da nossa terra. Uma cultura de simplicidade e flexibilidade

(jeitinho) que, resistente, ainda existe no campo, nos povos

originários e em comunidades por todo o nosso país.

Este é um livro de fotografia, e não um livro sobre a crise do

mundo industrial em que vivemos. Então, não se preocupe:

você não vai encontrar essa visão no conteúdo, e sim na

forma de passá-lo. Uma simples diferença entre: “você

precisa comprar este produto para ser feliz, vai lá, compre

agora!” e “esta ferramenta pode te ajudar, mas se você não

tiver ela à mão pode usar outra coisa, fazer uma adaptação

ou viver sem ela.”

Page 6: Dicas de fotografia   por claudia regina

6 Foi um livro que deu trabalho. Para mim, que escrevi e

reescrevi muita coisa, e para minha querida amiga Silmara,

que fez a diagramação e as ilustrações de uma forma incrível,

didática e cheia de sutilezas necessárias.

E por que distribuir de graça na internet um livro que deu

tanto trabalho?

O plano inicial era ter um livro impresso, de verdade, desses

que vendem na livraria. A editora que me convidou para

produzi-lo estava responsável por esta parte. Infelizmente,

tivemos algumas discordâncias sobre pontos do livro e

não foi possível chegarmos a um acordo. Por isso, preferi

distribuí-lo de graça.

E, no fim das contas, essa pendenga toda se mostrou positiva.

Foi graças a ela que criei a força necessária para colocar

este livro no mundo dentro de um contexto coerente com as

minhas próprias demandas.

Como pagamento, quero que você faça da sua fotografia uma

forma de reconhecer o mundo. Que a sua fotografia vá além

das suas necessidades de crescimento e felicidade pessoais, e

seja uma ferramenta de mudança sustentável. Não é possível

mudar tudo, mas podemos mudar a comunidade que nos

cerca e preparar o terreno para quem vem depois.

(Eu e a Sil ainda temos vínculos financeiros. Então você

também pode nos recompensar financeiramente, doando

um valor à sua escolha, caso esse seja seu desejo e

possibilidade.)

Um abraço bem apertado e boa leitura.

Claudia Regina

Rio de Janeiro, 1º de julho de 2015

Page 7: Dicas de fotografia   por claudia regina

7

Como ler este livro

Para que algo seja simples, é preciso suprimir algumas

informações. Fiz de tudo para ser precisa em todas as

explicações, mas muitas delas estão simplificadas para

o melhor entendimento da leitora iniciante. Se você já

entende de fotografia pode achar que algumas partes

estão muito óbvias ou que não citei todas as exceções.

Mas vamos deixar o avançado para os livros avançados,

não é mesmo?

Em alguns poucos momentos achei interessante

aprofundar assuntos específicos. Fiz isso em apêndices,

que estão no fim do livro. São detalhes um pouquinho

mais técnicos ou mais avançados que podem ser

interessantes para quem já tem algum conhecimento.

Se é a primeira vez que você lê sobre fotografia sugiro

deixar os apêndices para a segunda leitura, depois de

praticar bastante o conteúdo regular. Digo isso pois

esse tipo de conteúdo pode confundir se não houver

conhecimento prévio.

Talvez você note que falarei bastante sobre as leitoras,

as fotógrafas, e por aí vai. Meninos, não se sintam

excluídos: este livro não é só para mulheres. Sigo

a tendência de pessoas acadêmicas da atualidade

que buscam escrever usando a linguagem de forma

não sexista ou binária. Nos momentos em que não

consegui excluir marcações de gênero por completo,

usei o feminino como gênero neutro. Este livro é para

todos que gostam de fotografia, não importa se você é

menino, menina, ou nenhuma das duas.

Page 8: Dicas de fotografia   por claudia regina

8 O que é uma boa foto?

Imagino que, ao ler um livro de fotografia, um dos seus

objetivos seja fazer fotos boas. Não é por acaso que

o tipo de mensagem que mais recebo de quem está

começando é assim:

– Olha as minhas fotos e me diz se estão boas?

Meu companheiro, o escritor Alex Castro, recebe este

mesmo tipo de pergunta de iniciantes que gostariam

de ingressar na literatura. Tudo que ele fala sobre

textos pode ser extrapolado, sem tirar nem pôr, para

fotografias:

“Um texto [...] só pode ser bom em função do que

ele se propõe. Nada existe no vácuo. 

O texto que é excelente para fazer rir pode ser

péssimo em causar terror. O texto que é excelente

para informar sobre química orgânica é péssimo em

ensinar inglês.

Se o autor não sabe para que o texto serve, se não

sabe para que escreveu aquele texto, então o texto

não tem chance de ser bom. Ou melhor, pode até

ser bom, mas por acidente e à revelia, do mesmo

modo que um relógio parado estará certo uma vez

a cada doze horas – e errado praticamente o tempo

todo.

Um martelo é bom se eu tenho um prego para

enfiar em uma parede. Se eu quero fritar um ovo ou

trocar uma lâmpada, o martelo não me serve pra

nada.”

Por isso, se você me perguntar “esta minha foto está

boa?”, não saberei responder.

Page 9: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Uma foto desfocada pode ser adequada para uma

exposição de arte. Uma foto desfocada pode ser

inadequada para um catálogo de produtos do

supermercado. Colocar uma chamada dizendo “parcele

em 12x sem juros” no seu site pode ser perfeito

caso seu público-alvo seja de baixa renda, mas pode

também afugentar potenciais clientes arrogantes e de

alto poder aquisitivo.

A boa foto é aquela que teve mais compartilhamentos

na rede social do momento? A que foi vendida por um

preço mais alto no leilão? É a que fez clientes chorarem

de emoção? A que ganhou um Pulitzer? A resposta

depende da pergunta principal: por que você fez essa

foto?

O contexto histórico e autoral também é muito

importante para qualquer obra: a Mona Lisa, se pintada

hoje, não é revolucionária. Uma foto do Sebastião

Salgado, se tivesse sido tirada por mim, não seria

considerada genial. A história contada pela foto,

independente da técnica utilizada, pode ser crucial para

sua relevância.

Eu não sei a receita da foto revolucionária ou genial,

mas a partir do capítulo três vou falar mais sobre as

regras para fotos esteticamente adequadas. Regras

que seguem as mesmas premissas das outras artes

visuais (como a pintura e o design.) Vamos falar sobre

composição, sobre cores e sobre algumas técnicas

consideradas ideais para determinados tipos de fotos.

Sempre que falo alguma dessas regras, vem alguém

retrucar: “Ah, mas eu vi uma foto premiada de uma

pessoa incrível e famosa que não segue essa regra! O

que você tem a dizer sobre isso?”

Page 10: Dicas de fotografia   por claudia regina

10 O que eu tenho a dizer é simples: é preciso ler e

escutar de forma crítica quando colegas dão suas

dicas e impressões. Regras servem como ferramenta

para chegar no seu objetivo. E quebrá-las pode ser o

caminho para chegar nele tanto quanto seguí-las.

Sempre que você escutar alguém dizendo que para

conseguir fazer fotos bonitas você deve fazer isso e não

deve fazer aquilo, escute, aprenda, e depois considere

fazer o contrário. Lembre de ler este livro – e outros

– com isso em mente.

Page 11: Dicas de fotografia   por claudia regina

o equipamento digital

1

Page 12: Dicas de fotografia   por claudia regina

12 Qual câmera comprar?

Essa inocente perguntinha me persegue entre as

mensagens que mais recebo de quem está começando

na fotografia. Minha resposta, embora pareça radical, é

simples: compre qualquer uma.

Muita gente fica indignada quando digo uma coisa dessas e afirma que a câmera

tem sim influência na qualidade de uma foto. Não posso discordar: uma câmera de

celular oferece menos controle e menor qualidade final do que um equipamento

especializado.

Porém, quando estamos começando, ainda não sabemos tudo que uma câmera faz.

Por um bom tempo é inevitável subutilizar todo o potencial da bichinha.

Gosto de comparar a fotografia à profissão de cozinheira: quem é cozinheira

profissional consegue fazer um bom prato mesmo em um fogão caseiro, mas para

trabalhar com isso e montar um restaurante será necessário ter um fogão que

permita mais controle sobre o resultado, além de ele precisar ser mais robusto e

forte para resistir ao uso constante.

A pessoa que está começando a cozinhar pode até comprar um fogão incrível, mas

isso não vai ajudá-la em nada, já que estará aprendendo como cortar uma cebola. As

50 combinações de temperatura, umidade e ventilação do forno não farão diferença

alguma nessa fase inicial.

Se você está começando a fotografar não vai fazer diferença a câmera que está

usando. De início, o objetivo será aprender o básico: picar cebola! Ou, voltando pra

fotografia, medir a luz, focar e compor. E isso dá para fazer com qualquer câmera que

tenha controles manuais.

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Por isso, para quem quer começar a entender os conceitos da fotografia, sempre

sugiro começar com qualquer câmera que permita controles manuais. A experiência

me mostrou que o melhor custo/benefício está em comprar modelos mais básicos e

já usados.

É claro que se você tem dinheiro sobrando dá pra comprar sim o fogão mais caro

logo de saída: o que não dá pra fazer é achar que ele vai ser de alguma serventia na

hora de picar cebola!

Antes de conhecer as câmeras é interessante você saber os nomes que

damos para algumas de suas partes:

Tipos de câmeras: suas vantagens e desvantagens

Sei muito bem que “qualquer uma” não respondeu a sua

pergunta, então vamos analisar os tipos de câmeras que

encontramos hoje no mercado, olhando alguns pontos

importantes: a qualidade de imagem, a possibilidade de

usar diferentes lentes, o controle das configurações e a

portabilidade.

botão

disparador visor

tela LCD

sensor (lá dentro)

lente corpomap

a da

câm

era

Page 14: Dicas de fotografia   por claudia regina

14 Cameraphones

Lembra quando os celulares começaram a vir com

câmera? Pois bem, essas câmeras melhoraram e alguns

celulares entram hoje na categoria cameraphones: a

qualidade anda tão boa que são consideradas câmeras

com celular, e não o contrário.

A maior vantagem desse tipo de câmera é que você

provavelmente já a leva para todo lugar, facilitando

a prática diária da fotografia. A desvantagem é que,

mesmo melhorando muito de uns tempos pra cá, a

qualidade ainda não é tão alta em grandes impressões

ou em momentos de pouca luz.

Qualidade: Inferior (é quase inútil em situações de

pouca luz.)

Troca as lentes? Não, mas existem acessórios para

encaixar no celular e fazer brincadeiras.

Controle das configurações? Não, mas dá para fazer

algumas gambiarras com aplicativos.

Portabilidade: Super portátil.

Dica

Use seu celular para

praticar composição

todos os dias. A limitação

técnica te obrigará a usar a

criatividade para conseguir

fotos atraentes.

De bolso

Essas câmeras normalmente contam com uma

qualidade melhor de imagem e de controle se

comparadas às cameraphones. Elas também são

portáteis, mas com uma qualidade um pouco superior e

mais opções de configurações do que cameraphones. O

flash dessas câmeras costuma ser potente o suficiente

para retratos e são uma ótima opção para encontros

pessoais. Um dos seus maiores defeitos é o intervalo

entre o clique e a foto: perdemos momentos exatos

pois ela não faz a foto na hora que apertamos o botão.

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Dica

Prefira câmeras de bolso

com zoom óptico, pois o

zoom digital faz a imagem

perder muita qualidade.

Abuse também dos modos

que ela oferece, escolhendo

a opção adequada para

fotos de retratos, paisagens,

e noturnas, por exemplo.

Qualidade: Média (não se comporta muito bem com

pouca luz e demora a fazer a foto.)

Troca as lentes? Não.

Controle das configurações? Não muito, mas é possível

usar predefinições dependendo do tipo de foto.

Portabilidade: Super portátil.

Bridge

Também vendidas como superzoom, as bridge são

câmeras consideradas como um meio termo entre as de

bolso e as profissionais.

Sua maior vantagem é possuir mais configurações

personalizáveis garantindo bastante controle. Porém,

não permite a troca de lentes e seus sensores têm uma

qualidade inferior em situações mais críticas, como

pouca luz.

Qualidade: Média (não se comporta muito bem com

pouca luz.)

Troca as lentes? Não, mas possui uma só lente bem

versátil com bastante zoom.

Controle das configurações? Sim.

Portabilidade: Não é muito portátil.

DSLR

As câmeras digital single lens reflex são câmeras que

permitem controle totalmente manual. Dentre elas,

existem desde opções de entrada (mais baratas e

menores) até opções full frame (que têm sensores

Page 16: Dicas de fotografia   por claudia regina

16 maiores e com mais qualidade.) Vou falar mais sobre

sensores e suas diferenças nos próximos tópicos.

São as câmeras mais usadas por profissionais, pelo

menos até a popularização das mirrorless, por permitir

total controle de configurações, boa usabilidade do

equipamento e várias opções de lentes intercambiáveis.

Sua principal desvantagem é o tamanho e o peso,

principalmente quando temos um kit com várias lentes

para carregar nas costas.

Qualidade: Superior.

Troca as lentes? Sim.

Controle das configurações? Sim.

Portabilidade: A câmera e as lentes são pesadas e

volumosas.

Mirrorless

As mirrorless são câmeras do tamanho de compactas,

mas com qualidade superior. Ao contrário das câmeras

DSLR, elas não possuem um dispositivo ótico (com

espelho e prisma), por isso são tão pequenas.

Embora seja uma tecnologia nova, muitas pessoas já as

utilizam profissionalmente. Sua maior vantagem é ter

uma qualidade comparável à das câmeras maiores, mas

em um tamanho reduzido. Isso pode ser um problema

para quem se acostumou à forma de segurar as

câmeras maiores e também para quem gosta do visor

ótico.

Qualidade: Superior.

Troca as lentes? Sim.

Controle das configurações? Sim.

Portabilidade: Super portátil.

Dica

As DSLR são câmeras

rápidas e de corpo robusto.

O atraso entre o clique e a

foto é quase imperceptível;

é possível tirar várias fotos

sequenciais; e aguentam

mais chuva e pancadas do

que câmeras mais leves

– essencial para quem

fotografa diariamente ou

em situações de risco.

Dica

Profissionais gostam

muito das mirrorless

para fotos em que uma

câmera muito grande pode

chamar atenção ou inibir

as pessoas, como fotos

urbanas e retratos.

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Médio formato

São câmeras que usam sensores muito grandes,

oferecendo qualidade superior de imagem. Seus preços

são a partir dos milhares de dólares. Se você está

começando na fotografia e pensando em qual câmera

comprar, provavelmente essa opção é muita areia pro

seu caminhãozinho.

prisma

sensor

DSLR

Diferença entre DSLR e Mirrorless

DSLR

mirrorless

na hora do clique o espelho sobe...

...e o sensor

registra a foto.

espelho

Page 18: Dicas de fotografia   por claudia regina

18 Para começar a fotografar com mais controle

Dentre todas essas opções, sugiro que você comece com qualquer uma que permita

controle das configurações (bridge, DSLR ou mirrorless).

Se escolher uma câmera que permite a troca de lentes, procure começar usando

somente a lente que veio com a câmera. Depois de alguns meses fotografando, você

vai aprendendo o que mais gosta de fotografar, e saberá escolher melhor qual lente

usar em seguida. Acredita em mim: é inútil ter várias lentes. Uma ou duas dão conta.

Termos utilizados

Neste livro e em outros materiais sobre fotografia, você vai encontrar alguns termos

sendo utilizados o tempo todo. Para compreender as lições, vou contar quais utilizo e

seus significados:

Lente ou objetiva?

Objetiva é o termo mais preciso para designar o conjunto de lentes que fica

em frente ao corpo da câmera. Mas o nome lente é utilizado mais frequente e

coloquialmente entre nós, aqui no Brasil, e será o termo que vou usar neste livro.

Digital ou filme?

Ao contrário do método químico, a fotografia digital utiliza um sensor ao invés de

um filme. O método digital é atualmente o mais usado e, portanto, para não deixar

as frases muito compridas, não vou usar termos como filme ou revelação. Sempre

que eu falar em “expor o sensor” considere que isso vale também para “expor o filme”.

Idem para todos os termos exclusivamente digitais utilizados ao longo do livro.

Pós-produção, edição ou manipulação?

O ato de transformar um filme em uma fotografia se chama revelação. Mas a

fotografia digital trouxe novos termos para tudo que fazemos entre o bater a foto e

a fotografia pronta. Pode ser edição, pode ser manipulação, pode ser até photoshopar.

Roubei o termo pós-produção da área de filmagem pois ele engloba tudo que

acontece depois da produção da imagem em si, e parece o termo mais democrático.

Assim, dividimos a criação de uma fotografia em três etapas: pré produção, produção

e pós-produção.

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A pré produção de um retrato pode envolver a escolha da locação e a organização

das luzes. A produção deste retrato envolve desde a medição da luz na hora do

clique até a direção da pessoa. A pós-produção é tudo que vem depois: seja baixar

no computador e enviar direto pra cliente ou passar dias manipulando a imagem em

programas de edição.

Assunto

Pode-se fotografar um objeto, uma pessoa, um animal, um prato de comida. Para

simplificar, chamo tudo que podemos fotografar de “assunto”. É só uma palavra mais

curta para “a coisa que está na frente da câmera”.

Marcas

Ao citar algumas configurações epecíficas, mostrarei exemplos usando as duas

marcas mais usadas de câmeras: Canon e Nikon. É claro que você pode usar qualquer

outra marca. É tudo bastante parecido, na prática, mas é bom ter o seu manual ao

lado para checar se houver dúvidas.

O que são pixels e resolução?

Na fotografia digital, as fotos são formadas por pixels.

E os pixels, por sua vez, são os pontinhos que formam

as imagens no nosso computador. Cada pixel tem cor

e luminosidade próprias. Juntando milhares de pixels

bem pequenininhos, um ao lado do outro, uma foto é

formada.

1 pixel.

Page 20: Dicas de fotografia   por claudia regina

20 A resolução é a quantidade de pixels existentes em

uma foto. Uma foto com baixa resolução é uma foto

com poucos pixels e uma foto com alta resolução é

uma foto com mais pixels.

Imagens que são mostradas em uma tela têm uma

resolução menor do que imagens impressas no papel,

pois os pontinhos que formam cada pixel no monitor

ocupam mais espaço do que os pontinhos que formam

uma imagem impressa. Se você chegar bem pertinho

do seu monitor conseguirá ver cada pontinho de luz,

mas se tentar fazer o mesmo em uma foto impressa,

será impossível. Por isso, uma foto para a internet

não precisa de tanta resolução quanto uma foto para

impressão. O padrão é considerar que uma tela tem 72

pixels por polegada, enquanto o papel tem 300 pixels

por polegada.

Ou seja: se você coloca 72 pixels por polegada em uma impressão no papel, a foto

vai ficar com pouca qualidade, pois os pontinhos ficarão visíveis.

aqui no papel impresso

tem 300 pixels.aqui no monitor

tem 72 pixels.

Dica

Ao comprar uma câmera,

encontramos a quantidade

de megapixels (MP) nas

suas especificações. Esta é

a quantidade de pontinhos

que uma foto tirada por

esta câmera tem. Um MP é

formado por um milhão de

pixels, então uma câmera

de 15MP cria imagens com

15 milhões de pontinhos,

um ao lado do outro!

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O mito dos megapixels

Sempre que fotografo em algum local com muita gente,

alguém olha para minha câmera enorme e pergunta,

com os olhinhos brilhando: “Uau, que câmera, hein?

Quantos megapixels ela tem?

Acho que quem pergunta isso espera que eu diga algo

incrível como "ahhh, tem um trilhão de megapixels!"

Olhinhos param de brilhar quando eu respondo que a

minha câmera tem tantos megapixels quanto muitas

câmeras amadoras por aí.

A confusão acontece pois os megapixels foram a

medida escolhida pela indústria das câmeras amadoras

como um ponto importante de venda. Fica implícito que

quanto mais megapixels, melhor a qualidade da foto!

essas duas fotos têm a mesma quantidade de pixels, mas a foto da direita, feita com um sensor pior, tem menor definição e qualidade.

Dica

Acredite: muitas

profissionais nem lembram

quantos megapixels suas

câmeras possuem, de

tão irrelevante que essa

informação é na prática.

Page 22: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Para quem está começando a fotografar a sério, a

escolha normalmente vai ficar entre o sensor full frame

e o APS-C.

A verdade é que esse número não faz tanta diferença

assim. Os megapixels são, somente, o tamanho da foto.

O que realmente faz diferença na qualidade de

imagem de uma câmera é o sensor – aquela plaquinha

eletrônica que substituiu o filme. Sensores maiores e

melhores criam fotos que reproduzem a realidade com

mais nitidez e qualidade.

Uma câmera que tenha 40 megapixels e um sensor

ruim vai resultar em arquivos enormes, mas com baixa

qualidade. Uma câmera com 8 megapixels e sensor

bom vai resultar em arquivos menores, mas com

qualidade superior.

Sensor: suas características e tamanhos

Existem diversos tipos de sensores usados na indústria da fotografia, mas a

informação que mais interessa para quem está começando é saber seu tamanho. As

câmeras mirrorless e DSLR são divididas comumente entre câmeras com sensores

full frame ou APS-C.

Full frame é o nome dado aos sensores que têm um tamanho próximo ao do filme

35mm, ou seja, por volta de 35x24mm.

APS-C é o nome dado aos sensores que são um pouco menores, e embora o tamanho

exato mude de acordo com o fabricante, normalmente fica próximo de 23x15mm.

Dica

Outros fatores que

contribuem para a

qualidade de uma foto são

a lente utilizada e o uso da

luz (falaremos sobre elas

mais tarde).

Existem também tamanhos maiores do que o filme

35mm (como o médio formato, de 50x39mm), ou

menores (como os usados em câmeras compactas e

celulares.)

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médio formato

full frame = filme 35mm

APS-C

compactas

tamanhos de sensores

Qual sensor escolher?

Agora que sabemos da importância do sensor, é

possível supor que o sensor full frame é melhor.

Porém, um sensor APS-C tem algumas vantagens

que compensam a qualidade ligeiramente inferior:

a primeira é o preço. Não só as câmeras full frame

são muito mais caras, mas seus acessórios também.

Além disso, sensores maiores costumam vir em corpos

maiores e mais pesados. Até mesmo profissionais usam

as APS-C pelo seu custo/benefício. Se você não vai

fotografar em situações muito críticas de luminosidade

ou não precisa ampliar suas fotos em tamanhos

enormes, as APS-C com certeza oferecem qualidade

suficiente.

Qual lente escolher?

Depois de escolher a sua câmera, será a hora de escolher a sua lente. Ao fazer

uma pesquisa rápida você vai se deparar com nomes compridos e cheios de siglas.

Apavorante!

E aí, será que vou de EF-S 18-55mm f/3.5-5.6 IS STM ou a AF-S DX 16-85mm VR

f/3.5-5.6G IF-ED?

Não se preocupe: rapidamente você saberá decodificar cada sigla!

Page 24: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Distância focal: os milímetros

Sempre que você encontrar uma medida em milímetros

(como 50mm), essa será a distância focal da lente.

A distância focal nos diz o ângulo que a lente consegue

nos mostrar. Quando o número é menor, como 10mm, a

lente conseguirá nos mostrar um ângulo bem grande.

Quando o número é maior, como 200mm, a lente

mostrará um ângulo mais fechado.

10mm 50mm 200mm

Compatibilidade de lentes

Em relação ao tamanho do sensor, podemos dividir as

lentes em dois tipos: aquelas que funcionam em todas

as câmeras, e aquelas que só funcionam nas câmeras

APS-C1.

Esse é outro ponto importante na hora de escolher

o tamanho do seu sensor: lentes específicas para

sensores APS-C costumam ser mais baratas que lentes

tradicionais (apêndice 1: fator de corte).

Dica

As lentes feitas

especialmente para

sensores menores

(APS-C) possuem uma

nomenclatura própria: para

Canon são as lentes EF-S,

e para Nikon são as lentes

DX.

1 A compatibilidade de lentes e câmeras pode também depender de outros fatores. Leia o manual da sua câmera para saber exatamente quais lentes são compatíveis.

Page 25: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Veja no exemplo ao

lado cinco fotos em que

eu estava exatamente

na mesma posição,

mas usando lentes

com distâncias focais

diferentes.

A lente que possui

um ângulo de visão

considerado normal

é a 50mm. Lentes

com distâncias focais

menores do que 50mm

são chamadas de

grande-angulares e

lentes com distâncias

maiores são chamadas de

teleobjetivas.

Ao olhar pelo visor

usando uma lente 50mm,

você verá mais ou menos

a mesma coisa que está

vendo a olho nu. As

lentes grande-angulares

encaixam mais coisas no

quadro: ao olhar através

da câmera tudo parecerá

um pouco menor do

que pareceria só com

seus olhos. As lentes

teleobjetivas aproximam

tudo: as coisas ficam

aparentemente maior do

que você estaria vendo

normalmente.

10mm

50mm

70mm

100mm

200mm

Page 26: Dicas de fotografia   por claudia regina

26 Se você está começando a fotografar agora, sugiro usar uma lente de distância focal

normal, como a 50mm, para se adaptar ao novo equipamento. Depois, poderá investir

em outras lentes mais adequadas às suas novas necessidades.

Abertura: o valor f

Iremos falar mais sobre a abertura no capítulo 2, dedicado à técnica básica. Por

enquanto, é interessante você saber que o número que vem depois de f/ representa

o máximo de luz que a lente deixa entrar. Números menores (como 1.8) pertencem a

lentes que permitem mais entrada de luz. Números maiores (como 5.6) pertencem a

lentes que permitem menos entrada de luz.

18 22 35 55

ON

OFF

18-55mm

18 24 35 55

ON

OFF

18-55mm

anel de zoom

Fixa vs zoom

Às vezes, você encontrará lentes com uma só distância focal, como a 50mm, e às

vezes encontrará lentes com duas, como a 18-55mm. A 50mm é uma lente fixa, e a

18-55mm é uma lente zoom.

As lentes zoom possuem um intervalo inteiro de distâncias focais. Ao usar a 18-

55mm, você tem ao mesmo tempo uma lente 18mm, 19mm, 20mm, etc, até chegar

em 55mm. É só girar o anel de zoom na lente e você conseguirá ângulos diferentes

sem precisar mudar de lugar.

Já as lentes fixas possuem somente uma distância focal. Se você quer dar zoom

usando uma 50mm, terá que dar um passinho pra frente!

Page 27: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Além dessa abertura máxima, as lentes também

possuem uma abertura mínima. Este número não

aparece no nome, mas em lentes tradicionais para

DSLR ele normalmente fica entre f/22 e f/32.

abertura grande f/2.abertura média f/8.

abertura pequena f/22.

Estabilizador: IS ou VR

Algumas lentes possuem um mecanismo que ajuda a estabilizar pequenos tremores

da câmera durante as fotos. Esse mecanismo é o estabilizador de imagem: uma das

partes óticas móveis da lente fica se movendo dentro dela, compensando assim os

pequenos movimentos que fazemos ao segurar câmera e lentes mais pesadas. O

estabilizador ajuda a evitar fotos borradas por causa do balanço das nossas mãos.

Porém, um erro comum é achar que o estabilizador ajuda a fotografar assuntos em

movimento. Não é bem assim: o estabilizador ajuda a neutralizar o movimento da

pessoa que está segurando a câmera, não da que está sendo fotografada.

A sigla da Canon é IS e a da Nikon é VR. Se a sigla não aparece no nome da lente, é

porque ela não possui esta tecnologia.

Dica

As lentes que permitem

mais entrada de luz são

chamadas carinhosamente

de lentes claras, e seus

preços são os mais

salgadinhos. Elas são bem

úteis em situações de

pouca luz.

Em lentes zoom, você pode encontrar dois valores para

f. Por exemplo: 18-55mm f/3.5-5.6. Isso quer dizer que

a abertura muda de acordo com a distância focal. Em

18mm, a lente tem abertura máxima de 3.5. Em 55mm,

ela tem abertura máxima de 5.6.

Page 28: Dicas de fotografia   por claudia regina

28 Outras siglas comuns

Lentes feitas para câmeras com sensores APS-C possuem siglas correspondentes (EF-

S para Canon, DX para Nikon.) Lentes da série luxo da Canon, de qualidade superior,

possuem a letra L. As características e tecnologias usadas nas lentes também

possuem siglas próprias (como USM para foco ultrasônico da Canon, ou AF-S para

as lentes com motor de foco embutido da Nikon.) Você também vai encontrar lentes

denominadas Macro ou Micro, que são aquelas que permitem fotos de objetos bem

próximos.

Essas siglas são diferentes de acordo com os fabricantes, e encontram-se

especificadas nas descrições das lentes. Ou seja: você não precisa conhecer todas

de antemão. De início, as informações mais importantes são a distância focal e a

abertura. O restante você pode analisar caso a caso.

Qualidade das lentes

Suas lentes serão suas amigas por muito mais tempo do que seu computador, sua

câmera ou seu aplicativo de edição. Elas são o melhor investimento que se pode

fazer. A qualidade da lente é vista nos materiais utilizados na sua montagem e na sua

precisão ao reproduzir a luz refletida. Lentes melhores fazem fotos mais nítidas, com

cores mais reais e com menos aberrações.

Muitas vezes, as melhores lentes são mais caras que nossas câmeras! Mas, sendo

bem cuidadas, podem durar a vida inteira.

aberrações de cores são comuns em lentes de menor qualidade.

Page 29: Dicas de fotografia   por claudia regina

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igit

al

29

Lentes adequadas para cada tipo de foto

É possível fotografar todo tipo de assunto com todo tipo de lente. Mas, para quem

está começando, é interessante conhecer as sugestões mais tradicionais:

70mm

10mm

lentes grande-angulares

distorcem as bordas da

imagem e não são muito

adequadas para retratos

tradicionais.

Retratos

Lentes normais ou

teleobjetivas (entre

50mm e 100mm) são

consideradas as mais

adequadas para retratos

tradicionais, pois

garantem que não iremos

distorcer o rosto ou o

corpo de quem estamos

fotografando.

Page 30: Dicas de fotografia   por claudia regina

30

o fundo desfocado dá

toda a atenção para o que

interessa na foto: a pessoa!

Além disso, lentes com aberturas maiores (como f/1.4

ou f/1.8) também são indicadas pois desfocam bem o

fundo.

1. aline

Page 31: Dicas de fotografia   por claudia regina

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31

Paisagens e ambientes internos

Fotos de arquitetura, paisagens e ambientes internos são algumas das situações que

pedem lentes grande-angulares. Essas lentes permitem incluir vários elementos na

cena.

Dentro das grande-

angulares existe uma

subcategoria chamada

olho de peixe. Lentes

olho de peixe oferecem

um ângulo ainda maior

de visão, mas com uma

distorção bem grande.

Essa distorção deve ser

usada com cuidado para

que o efeito não vire

defeito ou lugar comum.

a lente olho de peixe

cria uma grand

e

distorção na imagem.

2. li

ma,

peru

3. m

anau

s/AM

Page 32: Dicas de fotografia   por claudia regina

32

uma foto da lua com uma 50mm

não mostra muita coisa...

Astronomia, esportes e animais selvagens

Lentes super teleobjetivas (acima de 200mm) são bastante indicadas para tudo

que está bem longe. Essas são aquelas lentes que parecem uma bazuca, usadas por

fotógrafas no campo de futebol. Para fotografar a lua, esportes, pássaros e leões, o

ideal é apostar em uma dessas.

enquanto usando uma 300mm já é possível ver mais detalhes.4.

foto

da

lua

com

um

a 50

mm

5. fo

to d

a lu

a co

m u

ma

300

mm

Page 33: Dicas de fotografia   por claudia regina

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al

33

Coisas pequenininhas

Ao contrário da lente anterior, indicada para fotografar

o que está longe, as lentes macro são usadas para

fotografar bem de pertinho. Essas são as lentes usadas

para criar imagens de insetos, flores e outras miudezas.

lentes macro ou micro permitem fotos bem de pertinho.

Eventos

O tipo de lente usada para eventos depende do nosso

estilo. Tem gente que gosta da versatilidade das lentes

zoom, tem gente que gosta de trabalhar com grande-

angulares e outras que preferem ficar nas lentes

normais.

Page 34: Dicas de fotografia   por claudia regina

34

dentro de um

a igreja, a

luz normalmente é

bem

limitada. ajuda

ter uma

lente que con

siga captar

bastante luz.

Formatos de arquivo

Existem vários formatos de arquivo digital para nossas imagens. Você provavelmente

conhece o JPG, que é o padrão na maioria das câmeras e celulares. Porém, além

dele, você vai gostar de conhecer também um formato que permite mais qualidade

e controle sobre sua foto. Este formato é chamado de arquivo RAW. Ao usar uma

câmera mais avançada, você normalmente terá a opção de escolher entre os dois.

Uma coisa é certa: para

eventos, ajuda muito

ter uma lente com um

valor f baixo (f/1.4, f/1.8,

f/2.8), para conseguir

captar melhor a luz.

Eventos muitas vezes têm

iluminação imprevisível

ou discreta, para criar um

clima gostoso.

6. casamento

Page 35: Dicas de fotografia   por claudia regina

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al

35

QUALIDADE

RAW

JPG

Para fazer uma foto, a

imagem registrada no

sensor é interpretada por

um pequeno computador

que fica dentro da

câmera. Depois de

interpretar a imagem, esse

computadorzinho grava as

informações no cartão de

memória.

A diferença entre o formato RAW e o formato JPG é que o formato RAW grava tudo

que a câmera viu, enquanto o JPG tem uma outra etapa: antes de gravar no cartão

de memória, a câmera interpreta as informações e comprime tudo em um arquivo

menor.

Logo, o arquivo RAW

nos permite a liberdade

de processarmos e

interpretarmos a imagem

nós mesmas, enquanto

o arquivo JPG já sai

processado e interpretado

pela câmera.

Uma analogia interessante é considerar que o arquivo RAW é como o filme e o

arquivo JPG é como a ampliação. Ou seja: o arquivo RAW ainda não é uma foto

pronta! Você não poderá postar uma foto em RAW no seu blog: antes será preciso

revelar a foto usando um aplicativo no seu computador, como o Photoshop ou o

Lightroom.

Usamos o formato RAW para manter todas as informações da imagem que foram

capturadas pela câmera. Assim conseguimos, por exemplo, editá-la no Photoshop ou

no Lightroom tendo mais controle sobre a qualidade e recuperando informações que,

no arquivo JPG, teriam sido jogadas fora para economizar espaço.

Page 36: Dicas de fotografia   por claudia regina

36 A desvantagem do arquivo RAW é que, além de ocupar bem mais espaço no nosso

computador (os arquivos podem ter 3x o tamanho de um arquivo JPG), ele precisa

ser processado. Como não é uma foto pronta, você precisará abrir o arquivo em um

aplicativo de pós-produção e, para imprimir ou postar na internet, será necessário

salvar uma cópia em um formato mais amigável (como o próprio JPG.)

Acessórios

Bons cartões de memória, baterias e acessórios para limpeza do equipamento estão

sempre presentes na mala de equipamentos de quem fotografa.

impressãoblogetc.

impressãoblogetc.

Quando comprei minha

primeira câmera digital,

perguntei para um

fotógrafo que admiro

muito o que eu poderia

fazer para conseguir fotos

melhores tendo uma

câmera que não era top

de linha. Ele me disse:

fotografe em RAW. Sua

câmera pode não ser a

melhor, mas fotografando

em RAW você terá o

melhor que ela pode te

oferecer.

Dica

Use um leitor de cartão

de memória para baixar

as fotos. Ligar a câmera

direto no seu computador

com um cabo USB é um

péssimo método: se a

bateria acabar no meio da

transferência, os arquivos

podem ser corrompidos.

Cartões de memória

Existem vários tipos de cartão de memória, e você deve

checar com cuidado qual o tipo que sua câmera utiliza

antes de comprar um novo. Hoje, a maioria das câmeras

modernas utiliza os cartões CF (Compact Flash) ou SD

(Secure Digital).

Page 37: Dicas de fotografia   por claudia regina

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37

Lembre-se que suas fotos ficarão guardadas neste

cartão. Por isso, compre cartões de qualidade. Esses

cartões podem custar um pouco caro, mas valem o

investimento (a dica de comprar usados vale aqui

também). Fazer lindas fotos e depois ter os dados do

cartão de memória corrompidos não é nada legal!

A capacidade do seu cartão é o que define a quantidade

de fotos que cabem nele. Um cartão de 64GB, por

exemplo, pode armazenar mais de mil fotos RAW de

uma câmera de 16MP.2

Se você quer fazer várias fotos sequenciais ou gravar

vídeo, é interessante checar a velocidade de gravação

do seu cartão. A velocidade do cartão é identificada

em megabytes por segundo (como 50MB/s) ou em um

múltiplo de 150kB/s (como 300x, que seriam quase os

mesmos 50MB/s do exemplo anterior.) Ou seja: usando

um cartão de velocidade 50MB/s ou 300x sua foto

levará meio segundo para ser gravada e, mesmo que

sua câmera fotografe 5 fotos por segundo, o cartão não

conseguirá aguentar o tranco.

Dica

Para evitar perder fotos

importantes, muitas

pessoas gostam de

ter vários cartões de

capacidade menor, ao invés

de ter um só cartão de

muita capacidade. Assim,

você espalha fotos por

vários cartões ao invés de

depender de somente um,

que você pode perder em

um acidente ou por azar

mesmo. Ao invés de ter

um só cartão de 32Gb, é

possível espalhar as fotos

em 4 cartões de 8Gb.

2 A quantidade de fotos que cabem no seu cartão depende do formato escolhido (RAW ou JPG) e da resolução da sua câmera. Faça o cálculo checando o tamanho médio dos seus arquivos e dividindo o tamanho do cartão por este valor.

Baterias

Dependemos de uma fonte de energia para fotografar

digitalmente. Por isso:

Tenha mais de uma bateria: Além da bateria que

veio com a câmera, tenha pelo menos uma extra.

Dependendo do tipo de trabalho que você faz, é bom

ter várias!

Page 38: Dicas de fotografia   por claudia regina

38 Use originais: Pague mais caro nas baterias originais da sua marca. As genéricas não

valem o desconto. Lembre-se que você depende totalmente da bateria. Se ela te

deixar na mão, não há o que fazer.

Carregue a bateria somente quando for usá-la: Mesmo guardada, a bateria

descarrega. O ideal é carregá-la somente no dia do uso para aproveitar ao máximo

sua capacidade.

Guarde-a fora da câmera: Mesmo com a câmera desligada, a bateria solta energia. Só

coloque a bateria na hora de usar.

Acessórios de limpeza

Para evitar manchas nas suas fotos, é importante

manter seus equipamentos limpos. A limpeza pode

ser feita com acessórios especializados. Para limpar

lentes, use um pincel para tirar os resíduos (deixe a

lente de cabeça para baixo) e uma flanelinha para

tirar manchas de gordura, como quando colocamos

o dedão na lente. O sensor também precisa estar

limpo, e muitas impurezas podem grudar nele

quando você troca de lentes. Embora existam

acessórios para isso, é melhor levar em uma

assistência técnica caso não tenha experiência em

manuseá-lo.

Filtros

Filtros são acessórios óticos colocados em frente à lente para correção ou criação

de efeitos. Existem dois tipos de filtros: os circulares e os quadrados. Os circulares

funcionam rosqueando o filtro diretamente na lente. Os quadrados são encaixados

em um suporte rosqueado na lente.

filtro quadrado filtro circular

Page 39: Dicas de fotografia   por claudia regina

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39

Hoje em dia, os filtros que criam efeitos (como colorir uma parte da foto) estão sendo

aposentados, pois muitas vezes é mais prático recriar este efeito na pós-produção

sem perder nenhuma qualidade.

Os filtros que ainda continuam sendo úteis são aqueles que fazem o que não dá pra

fazer depois, como lidar com a iluminação.

Três desses filtros são muito conhecidos: o filtro polarizador, o filtro de densidade neutra e o filtro graduado de densidade neutra.

O filtro polarizador é o queridinho da maioria das

fotógrafas de paisagens. Sua principal função é filtrar

a luz polarizada do céu: isso quer dizer que usando

este filtro você consegue um céu mais azul e com mais

contraste em relação às nuvens. Esse filtro também

elimina reflexos em superfícies não metálicas, como

água e vidro.sem o filtro, n

ossas

pedras ficam cheias

de reflexo e o céu

menos azul.7. rio de janeiro/RJ

Page 40: Dicas de fotografia   por claudia regina

40

O filtro de densidade neutra

só faz uma coisa: deixa passar

menos luz para a câmera! Parece

estranho, ainda mais depois

que aprendemos que as lentes

que deixam passar mais luz

são consideradas melhores. Se

pagamos tão caro para conseguir

o máximo de luz, por que usar um

filtro que deixa passar menos luz?

Este filtro é usado em situações

bem específicas, principalmente

nas fotos de paisagens, em que

as configurações pedem menos

luz. No capítulo 4, sobre fotos de

paisagens, vamos falar mais sobre

essas situações.

O filtro graduado de densidade neutra também

deixa passar menos luz para a lente, mas somente

em uma metade do quadro. Esse filtro é útil quando

estamos fazendo uma foto em que uma parte da cena

está muito mais clara do que a outra. Isso acontece

bastante quando estamos fazendo uma foto que

possui um céu claro.

filtros podem ter borda suave, dura (mais claros ou mais escuros) e podem até mesmo ser coloridos.

às vezes

precisamos de

menos luz para

fazer uma foto

como essa.

8. keukenhof, holanda

Page 41: Dicas de fotografia   por claudia regina

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41

na foto sem o filtro graduado de densidade

neutra, o céu fica muito claro.

Se configurarmos a câmera para mostrar direitinho o céu, pode acontecer da

paisagem ficar muito escura. Se configurarmos a câmera para mostrar direitinho

o paisagem, o céu pode ficar muito claro. Esse filtro resolve este problema,

equilibrando as duas partes:

quando colocamos o filtro, o céu volta a aparecer.

9. ri

o de

jane

iro/R

J

Page 42: Dicas de fotografia   por claudia regina

42 Seu laboratório

Hoje, para felicidade de pais, mães, e cônjuges, não

precisamos mais dedicar o banheiro da nossa casa para

montar um laboratório fotográfico!

Mas ainda é necessário pós-processar nossas fotos,

assim como fazia-se antigamente. Mesmo que você

não goste de manipular suas fotos até que fiquem

irreconhecíveis, vai ser necessário prepará-las de forma

adequada para publicar no seu blog ou para mandar

para a impressão.

A primeira coisa que você vai precisar é de um computador. As configurações ideais

mudam a cada dia, e em seis meses tudo que eu indicar hoje já estará ultrapassado.

Mas não se preocupe: qualquer computador pessoal servirá para começar a treinar.

HD’s externos

monitor IPS

Dica

PC ou Mac? A marca e o

sistema operacional do seu

computador são totalmente

irrelevantes. Como sempre,

minha dica principal é:

independente se você vai

de PC ou Mac, compre um

computador usado e o

custo/benefício será muito

maior.

Talvez mais importante que um bom computador é um

bom monitor. Hoje, os monitores LCD de painel IPS são

os mais indicados por possuírem melhor reprodução de

cores e contraste. Confira a tecnologia utilizada no seu

antes de comprar (apêndice 3: tipos de monitores).

Em seu computador será necessário um aplicativo para

gerenciar e editar suas fotos. Dentre os aplicativos

amadores, estão o Photos (para Mac), o Picasa (com

download grátis, para Mac e Windows) e o Shotwell

(com download grátis, para Linux.)

Os aplicativos mais utilizados por profissionais são o

Photoshop e o Lightroom, da Adobe. Eles são usados

para editar fotos e prepará-las para imprimir ou

publicar na internet. O Lightroom também permite

gerenciar e organizar os arquivos.

Procure por tutoriais na internet e você conseguirá

aprender a mexer no seu aplicativo de escolha

rapidamente.

Page 43: Dicas de fotografia   por claudia regina

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43

Outro acessório que mais cedo ou mais tarde você

pode precisar é um ou mais discos rígidos externos.

Se você pretende tirar muitas fotos é preciso se

preparar para armazenar muitos e muitos bytes. Se o

orçamento permitir use uma tecnologia de transmissão

de dados rápida, para poder gerenciar e editar as fotos

diretamente do HD externo, como USB 3.0, Firewire ou

Thunderbolt.

Backup: não deixe para amanhã

Fotos digitais são muito fáceis de perder: é só acontecer uma pane no seu

computador e você não conseguirá recuperá-las. E uma pane no computador não

é uma possibilidade remota: todas essas tecnologias nas quais depositamos toda

nossa vida e confiança vão nos deixar na mão mais cedo ou mais tarde. É impossível

dizer se seu computador vai falhar hoje ou em dez anos, mas acredite em mim: um

dia, vai acontecer! E, além das panes tecnológicas, ainda podemos sofrer outros

tipos de intempéries como assaltos, incêndios ou crianças que colocam coisas no

microondas.

Faça cópias das suas imagens o quanto antes. Fotos não podem ser repetidas. Perder

fotos pessoais pode ser muito triste, mas perder as fotos daquele casamento que

você fotografou é uma maldade e falta de respeito por quem te contratou.

Os melhores métodos de backup

Existem duas formas de guardar suas fotos: localmente e remotamente. Um exemplo

de backup local é o HD externo que você conecta no seu computador e fica na sua

casa ou escritório. Um exemplo de backup remoto são os sites especializados que

permitem backup pela internet: neste caso, seus arquivos ficam não só na sua casa

ou escritório, mas também nos servidores destes sites.

O ideal é você usar ao menos dois métodos de backup: um local e um remoto. Assim,

em caso de roubo ou incêndio, por exemplo, seus arquivos ainda estarão a salvo em

outro espaço físico.

Page 44: Dicas de fotografia   por claudia regina

44

HD’s externos CD’s, DVD’s,pendrives

nuvem(servidores online)

Backups locais

HDs externos são ótimas opções para fazer cópias dos seus arquivos. Se você quiser

segurança reforçada, procure por sistemas RAID. Esses sistemas possuem mais de

um HD externo no mesmo conjunto, e guardam os arquivos de forma redundante (ou

seja, se um dos HDs do conjunto falhar, você ainda tem uma cópia em outro.)

Outras formas de backup local são mídias óticas (como CDs ou DVDs), pendrives e o

Time Capsule, da Apple.

Backups remotos

Você pode fazer backup das suas fotos e levar o HD para a casa da sua mãe, mas

isso talvez não seja tão prático. Uma boa opção para backups remotos é enviar

seus arquivos para a nuvem. Alguns serviços como o Backblaze e o Crashplan são

conhecidos por permitirem um backup online contínuo dos seus arquivos (inclusive

aqueles que estão em HDs externos) e por terem um bom custo/benefício.

O método infalível

Em cinquenta anos as únicas fotos que irão ter sobrado de hoje, provavelmente,

serão as que estão no bom e velho papel. Quer usar um método infalível de

backup? Imprima suas fotos e guarde com carinho. Esse é o único método que

comprovadamente funciona desde que a fotografia foi inventada.

Page 45: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Page 46: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 47: Dicas de fotografia   por claudia regina

a técnica2

Page 48: Dicas de fotografia   por claudia regina

48 Técnica básica

A busca pela foto bem exposta

Neste capítulo dedicado à técnica, vou falar sobre luz, botões, configurações e

números. Prometo que será menos chato do que parece!

Ao falar sobre luz, usarei bastante o termo foto bem exposta. Mas o que é isso?

Um foto bem exposta quer dizer, simplesmente, uma foto com a

luz adequada. Sabe quando você olha uma foto e ela está muito

escura? É um problema de exposição. Sabe quando você olha uma

foto e ela está muito clara? De novo, um problema de exposição.

Chamamos uma foto que ficou mais clara do que deveria de

superexposta, e uma foto que ficou mais escura do que deveria de

subexposta.

foto bem exposta.

10. p

aque

tá/R

J

Page 49: Dicas de fotografia   por claudia regina

49

a té

cnic

a

foto

superexposta.

foto

subexposta.

Page 50: Dicas de fotografia   por claudia regina

50

Tecnicamente, buscamos

fazer uma foto com

exposição adequada:

a exposição que deixa

a foto do jeito que

planejamos.

Uma foto escura pode estar bem exposta? Pode. O problema é se ela está escura

quando não deveria estar! Subexposta não quer dizer escura, e sim com menos luz

do que queríamos. Superexposta não quer dizer clara, e sim com mais luz do que

queríamos.

esta foto tem uma

luminosidade média. ela é

considerada bem exposta.

esta foto está clara, mas esse era o objetivo. ela é considerada bem exposta.

esta foto está escura, m

as

esse era o objetivo. ela é

considerada bem exposta.

11. s

il12

. fer

nand

a13

. par

aty/

RJ

Page 51: Dicas de fotografia   por claudia regina

51

a té

cnic

a

Leia a @#$%& do manual

Este livro pretende ser um guia para quem está

começando a se aventurar na fotografia com câmeras

que possuem mais funções e permitem mais controle.

As configurações normalmente possuem os mesmos

nomes, mas a localização dos botões e dos menus

muda de modelo para modelo, de fabricante para

fabricante, e de época para época. É essencial que

você entenda o seu próprio equipamento e saiba quais

botões fazem o quê.

Para isso, é indispensável ler o manual. Inteirinho.

Várias vezes. Leia sobre cada função e pratique uma a

uma. Só volte aqui depois de ler tudo!

Sugiro um

exercício: por

padrão, sempre

que você tira uma

foto a câmera

mostra o resultado

no LCD. Procure

no seu manual

como desligar

essa visualização

automática.

Os modos da câmera

Neste livro, vamos fotografar usando o modo manual. Neste modo, todas as

configurações são definidas por nós. Ele é representado usando a letra M.

Existem também modos semiautomáticos (em que você decide algumas

configurações e a câmera decide outras) e modos totalmente automáticos (em que a

câmera decide tudo.)

É muito importante conhecermos cada configuração e sabermos lidar com as

câmeras manualmente antes de conhecermos atalhos. E é por isso que iremos usar o

modo M.

Page 52: Dicas de fotografia   por claudia regina

52 Porém, na vida real, nem sempre é o modo que utilizamos. Não acredite quando

alguém falar que fotógrafas de verdade só usam o modo manual. Isso é besteira.

Primeiro, quem decide quem é fotógrafa de verdade? É quem ganha dinheiro com

fotografia? É quem tem exposições em museus? É quem ganha mais curtidas e

compartilhamentos? Não existe fotógrafa de verdade, existe aquela que consegue

registrar uma foto do jeito que gostaria, usando as ferramentas disponíveis.

A sua câmera consegue fazer bastante coisa sozinha. E, muitas vezes, ela faz isso

mais rápido e de forma mais precisa que você. Usando o modo manual ou não, o

importante é ter controle sobre o resultado.

A luz e a fotografia

Nosso olho e nossa câmera trabalham de forma parecida: absorvendo a luz que

reflete nos objetos e transformando em imagens.

Vamos relembrar como funciona nosso olho? De forma bem simplificada podemos

dizer que os raios de luz refletidos nos objetos passam pela córnea e pelo cristalino,

que focaliza esses raios na retina. A córnea tem um formato convexo, fazendo com

que os raios de luz se concentrem na retina. A retina, por sua vez, é um conjunto de

células que são sensíveis à luz. Ela transforma essa luz em informação e envia uma

reprodução da imagem que está na nossa frente para o cérebro.

A fotografia usa este mesmo conceito: ao invés de uma pessoa, estamos falando de

uma câmera. Ao invés da córnea e do cristalino, temos lentes. Ao invés da retina,

temos um sensor. Ao invés do cérebro, temos um processador de dados e um cartão

de memória!

pupila

retina

cristalinocórnea

sensor

lentes

diafragma

olho humano câmera

Page 53: Dicas de fotografia   por claudia regina

53

a té

cnic

a

Nossas câmeras fotográficas se comportam assim como

nossos olhos. Quando usamos uma câmera totalmente

automática, como a câmera do celular, ela tenta formar

uma imagem nítida sozinha. Ao usar uma câmera

manual, temos controle sobre cada etapa, definindo

como a luz chegará no sensor.

Para criar uma foto bem exposta, medimos a luz e

depois definimos as configurações ideais para usar na

câmera.

Como medir a luz?

Fotometria é a medição da luz. Quando digo que estou

fotometrando, isso quer dizer que estou medindo a luz.

Mas o que é medir luz? Como vou fazer isso? Preciso

saber alguma unidade de luz? Vou precisar fazer

cálculos matemáticos pra fotografar?

São perguntas importantes, mas não se preocupe. Medir

a luz para uma fotografia é muito fácil. Não é preciso

fazer muitos cálculos: existe um amigo chamado

fotômetro que vai medir a luz e nos contar se a foto

está bem exposta!

Mas antes de aprender mais sobre o fotômetro, você

precisa saber como controlar a luz.

Como controlar a luz

Embora nossas câmeras tenham muitos botões, somente três configurações

determinam a exposição de uma foto: a abertura, o tempo de exposição e o ISO.

Se mesmo mexendo nessas três configurações você não conseguir uma foto bem

exposta, o jeito será alterar os fatores externos (o horário do dia, a posição da

modelo, o uso de iluminação artificial ou o tipo de lente utilizada.)

Page 54: Dicas de fotografia   por claudia regina

54

A abertura do diafragma é medida em um valor chamado “f”. Quanto menor o valor f,

mais aberto estará o diafragma (isso pode confundir um pouco a princípio, mas logo

você se acostuma.) Ou seja: a abertura f/2.8 deixa entrar mais luz do que a abertura

f/11.

Além de definir a quantidade de luz que chega no sensor, a abertura do diafragma

define a profundidade de campo, conhecida como DOF (do inglês, depth of field.) O

DOF define o quanto os objetos próximos do foco principal na foto estarão focados

também.

Dica

Cada modelo de lente

tem aberturas máximas

e mínimas diferentes. As

lentes com valores f mais

baixos (como f/1.4 e f/2.8)

permitem maior entrada

de luz, sendo uma ótima

escolha em situações de

pouca iluminação. Estas

são as lentes claras. Já as

lentes que apresentam

valores f maiores (acima de

f/5.6) deixam passar menos

luz, e são chamadas de

lentes escuras.

abertura 1.8, menos DOF abertura 11, mais DOF

1. Abertura do diafragma

A primeira configuração que vamos conhecer para

controlar a exposição é a abertura do diafragma.

O diafragma fica dentro da sua lente e se parece com

isso:

A luz vai passar por este buraquinho na hora da foto.

Quanto maior ele ficar, mais luz entra. Quanto menor

ele ficar, menos luz entra. Ele funciona como a pupila

do nosso olho: fica maior para absorver mais luz

quando necessário e menor quando está mais claro.

Page 55: Dicas de fotografia   por claudia regina

55

a té

cnic

a

Um DOF maior significa que mais coisas atrás e à frente do seu foco principal ficarão

definidas. Um DOF menor significa que tudo que estiver atrás ou à frente do seu foco

principal ficará com menor definição.

fotos iguais

com aberturas

diferentes.

retrato usando abertura f/1.4

A abertura ajuda a definir isso: uma abertura maior

garante que menos coisas à frente e atrás do assunto

fiquem em foco, enquanto uma abertura menor garante

que mais coisas fiquem em foco.

Você já deve ter visto retratos em que o fundo está

totalmente embaçado: isso é resultado do uso de uma

abertura bem grande.

f/1.4 f/2.8 f/5.6 f/16

14. ivone

Page 56: Dicas de fotografia   por claudia regina

56

foto de paisagem usando

abertura f/20: tudo fica

em foco.

Fotos de paisagem, por sua vez, costumam ter bastante

coisa em foco. É o resultado do uso de uma abertura

menor.

2. Tempo de exposição

Na frente do sensor das nossas câmeras, existe uma

pequena cortina, responsável por definir por quanto

tempo o sensor será exposto à luz.

Dica

A cortina e o diafragma

são coisas diferentes!

Quando apertamos o botão

disparador, a cortina na

frente do sensor se abre e o

diafragma fica do tamanho

que definimos, tudo isso

bem rapidinho. A abertura

irá definir o tamanho do

buraquinho do diafragma, e

a cortina definirá o tempo

de exposição.

cortina fechada.

sensor

a cortina se abre para expor o sensor.

15. rio de janeiro/RJ

Page 57: Dicas de fotografia   por claudia regina

57

a té

cnic

a

Quanto mais tempo a cortina ficar aberta, mais luz vai entrar e chegar no sensor.

Menos tempo, menos luz. Além de definir quanta luz entra, é com o tempo de

exposição que criamos efeitos que mostram ou congelam os assuntos que se

movimentam, como no exemplo abaixo.

Dica

O visor da sua câmera normalmente vai mostrar somente o número de baixo da fração. Quando

ela mostra o número “200”, o tempo “1/200” está selecionado. Para tempos mais longos ela usa

aspas para representar segundos: quando ela mostra 2”, o tempo “2 segundos” está selecionado.

Veja como sua câmera mostra alguns tempos de exposição:

200: 1/200 segundos | 10: 1/10 segundos | 0”6: 0.6 segundos | 2”: 2 segundos

exemplo de foto que tem um tempo

de exposição de 1/250 segundo e

congela o movimento.

exemplo de foto que tem um tempo de exposição de 1 segundo e mostra o movimento.

16. curitiba/PR

Page 58: Dicas de fotografia   por claudia regina

58 Ao fazer uma exposição bem rápida, é possível congelar o momento que está à nossa

frente. Ao fazer uma exposição mais longa, tudo que se move irá ficar embaçado.

Você pode usar isso ao seu favor para dar a sensação de movimento.

Usar um tempo de exposição lento aumenta as chances de você tremer a foto com

o próprio movimento das mãos! Nessas situações, o ideal é utilizar um tripé. Para

saber qual é o tempo de exposição mínimo necessário para fazer fotos sem tripé,

você pode usar como base a distância focal: em uma lente de 50mm, use ao menos

1/50 segundos. Em uma lente 200mm, ao menos 1/200 segundos. Este é um cálculo

aproximado e não é exato: faça testes para descobrir o tempo mínimo que consegue

usar sem tremer.

O balde de água

Para entender melhor o uso da abertura e do tempo de

exposição, considere a analogia do balde de água. Você

tem duas opções para encher um balde:

1. Deixar a torneira gotejando, e encher o balde em mais

tempo.

2. Abrir totalmente a torneira, e encher o balde em menos

tempo.

As duas opções enchem o balde da mesma maneira! É

assim que iremos usar a abertura e o tempo de exposição:

ao invés de água, estamos deixando passar a luz.

3. ISO

O sensor precisa de uma quantidade ideal de luz para

formar uma foto. Controlamos essa luz com a abertura

do diafragma e com o tempo de exposição. Mas se

a configuração desses dois itens não for o suficiente

para conseguir a luz necessária, podemos forçar o

sensor a trabalhar com menos luz do que ele gostaria,

aumentando a sua sensibilidade. Essa sensibilidade é

definida pelo valor ISO.

Dica

ISO não é um acrônimo que

representa sensibilidade.

Esta sigla remete à

organização que define

padrões diversos, desde

o famoso ISO 9001 para

empresas, até o padrão de

sensibilidade de filmes e

sensores.

Page 59: Dicas de fotografia   por claudia regina

59

a té

cnic

a

Quanto maior o ISO, mais sensível ficará o sensor. Quando temos uma situação de

bastante luz, deixamos o ISO mais baixo para que a foto não fique superexposta.

Quanto temos pouca luz, deixamos o ISO mais alto para que a foto não fique

subexposta.

Os valores mínimos e máximos de ISO variam de acordo com modelos de câmeras.

Normalmente você vai encontrar valores de 80 a 6400, podendo também encontrar

valores menores e maiores.

Aumentar a sensibilidade do sensor pode parecer

a solução milagrosa para a exposição de qualquer

foto, certo? Mas infelizmente aumentar o ISO tem

uma consequência: a qualidade e a nitidez da foto

diminuem. Quanto mais alto o valor ISO, mais ruído

(aberrações em forma de grão) teremos na foto final.

esta foto usando ISO

5000 possui bastante

ruído digital.

17. rio de janeiro/RJ

Page 60: Dicas de fotografia   por claudia regina

60 Usando essas três configurações (a abertura, o tempo de exposição e o ISO)

conseguimos fotometrar uma cena. E agora voltamos ao nosso amigo fotômetro, que

nos ajudará na tarefa.

Fotometria

Nossa câmera possui um fotômetro embutido. Ele está lá para nos dizer como está

a luz de cada cena. Definiremos a abertura, o tempo de exposição e o ISO de acordo

com o que o fotômetro nos diz.

Sempre que você aponta a câmera para uma cena e aperta o botão disparador até

a metade (sem bater a foto), o fotômetro vai medir a luz e te dizer o que acha. Você

vai ver este fotômetro olhando pelo visor (ver mapa da câmera na página 13). Ele se

parece com isso (mas pode ser um pouco diferente dependendo do modelo da sua

câmera):

fotometro canon.fotometro nikon.

Se o fotômetro achar que a foto está muito escura, o indicador irá em direção ao

símbolo de menos, assim:

Nesse caso, para absorver mais luz, podemos aumentar a abertura, aumentar o tempo

de exposição, aumentar o ISO, ou fazer uma mistura dos três.

Se o fotômetro achar que a foto está muito clara, o indicador irá em direção ao

símbolo de mais, assim:

Page 61: Dicas de fotografia   por claudia regina

61

a té

cnic

a

Sugestão de exercício:

Escolha um assunto com

iluminação neutra, como

dentro de casa, e faça três

fotos com o fotômetro na

posição -2, +2 e 0.

-2

+2

0

Nesse caso, para absorver menos luz, podemos diminuir a abertura, diminuir o tempo

de exposição, diminuir o ISO, ou fazer uma mistura dos três.

Se o fotômetro achar que a exposição está adequada, ele vai ficar centralizado:

Normalmente, procuramos mexer nas configurações até o fotômetro ficar

centralizado. Chamamos isso de zerar o fotômetro. Quando ele está assim, é como se

nos dissesse: “Ok, a foto está bem exposta, pode clicar!”

Page 62: Dicas de fotografia   por claudia regina

62 Pontos de exposição

Um ponto de exposição é uma medida relativa à quantidade de luz que entra no

sensor. Colocar um ponto a mais na exposição significa dobrar a quantidade de luz

que chega nele. Tirar um ponto na exposição significa cortar a luz pela metade.

Cada configuração (abertura, tempo de exposição e ISO) é medida por pontos de

exposição:

abertura: a abertura usa

valores padrões fixados. A

abertura f/8 deixa entrar o

dobro de luz da abertura f/11,

mesmo que o número 8 não

seja a metade de 11.

Quando medimos uma cena e o fotômetro aponta “-1”, quer dizer que a cena está

subexposta em um ponto. Para zerar o fotômetro, precisaremos deixar entrar o dobro

de luz. Faremos isso usando o dobro da abertura, o dobro do tempo de exposição, ou

o dobro do ISO.

Tempo de exposição rápidoMenos luz

1 ponto

1/12

5

1/60

1/30

1/15 1/

8

1/4

1/2 1 2 4

Tempo de exposição lentoMais luz

ISO baixoMenos luz

1 ponto

50

100

200

400

800

1600

3200

ISO alto Mais luz

Abertura pequenaMenos luz

1 ponto

f/22

f/16

f/11 f/8

f/5.6 f/4

f/2.8 f/2

f/1.4 f/1

Abertura grande Mais luz

tempo de exposição: o

tempo de exposição de

1/30 deixa entrar o dobro

de luz de 1/60.

ISO: o ISO 400 absorve o dobro de luz do ISO 200.

1 ponto

Page 63: Dicas de fotografia   por claudia regina

63

a té

cnic

a

Usando a mão para fotometrar

O fotômetro sempre busca a luminosidade média que

ele considera perfeita. Isso pode ser um problema

quando estamos fotografando algo que é escuro ou que

é claro. Faça o teste: escolha um objeto preto (como

uma camiseta) e tente fazer uma foto bem próxima.

Se você zerar o fotômetro, a foto vai sair muito clara.

O mesmo acontecerá se fizer isso com uma camiseta

branca: ao zerar o fotômetro, a foto ficará escura.

Isso acontece porque o fotômetro sempre vai zerar na

exposição que não seja nem muito clara, nem muito

escura (apêndice 2: fotometria avançada).

Uma técnica interessante é fazer a medição de

luz na palma da sua mão. Nossas palmas têm uma

luminosidade mais ou menos parecida com o padrão

que nossas câmeras procuram.

a camiseta branca,

acima, fica

cinza. a camiseta p

reta, abaixo,

fica cinza tam

bém!!

Vamos tentar fazer as fotos das camisetas de novo? Desta vez, primeiro você deve

colocar sua mão próxima da camiseta, chegar bem perto com a câmera, apertar o

botão disparador até a metade, zerar o fotômetro, tirar a mão, e bater a foto.

Veja cada etapa de forma detalhada:

1. Vamos usar nossa mão como ponto de partida para

o fotômetro medir a luz. É importante que ela esteja

próxima do objeto para que a mão seja iluminada

exatamente da mesma forma que o objeto que

queremos fotografar.

Page 64: Dicas de fotografia   por claudia regina

64 2. Chegamos bem perto com a câmera para preencher

o quadro com a mão, e evitar que o fotômetro se

confunda com o que está atrás.

3. Ao apertar o botão disparador até a metade, você

diz para a câmera começar a medir a luz. Você pode

soltar o botão enquanto mexe na abertura, tempo

de exposição e ISO.

4. Assim que zerar o fotômetro apontando para a sua

mão, você pode tirá-la do lugar. Na hora de bater a

foto do objeto, você vai apertar o botão disparador

até a metade para fazer o foco, e o fotômetro vai

dizer que a foto está errada. Nesta hora, ignore o

que ele está dizendo e não mexa na abertura, tempo

de exposição ou ISO! Você já definiu a exposição

correta com a sua mão. Pode bater a foto sem se

preocupar com novas medições.

5. Veja que, ao usar essa técnica, a camiseta branca fica

branca, e a camiseta preta fica preta!

ignore o fotômetro! agora sim

Page 65: Dicas de fotografia   por claudia regina

65

a té

cnic

a

Modos de medição

Escolhemos modos de

medição para dizer à

câmera o quanto da

cena queremos que ela

considere na hora de fazer

a fotometria.

Veja no manual da sua

câmera quais são as

opções que ela oferece.

No modo pontual, a câmera considera somente uma pequena área no centro do

quadro. Por exemplo: se você está fotografando alguém em um fundo branco, a

câmera só vai medir a luz no centro, ignorando todo o restante do quadro.

Em quase todas existem ao menos dois modos principais: o modo matricial e o modo

pontual.

No modo matricial, a câmera considera o quadro inteiro para medir a luz: soma cada

um dos pixels e faz uma média que fique com uma exposição correta.

modo matricial: a câmera pega todos os

pixels e faz uma média.

modo pontual: a câmera pega só os

pixels do centro.

18. j

oão

pess

oa/P

B

Page 66: Dicas de fotografia   por claudia regina

66

Para facilitar a fotometria

feita na palma da mão,

podemos usar o modo

pontual. Assim, não

precisamos chegar tão

perto. Coloque a mão no

centro do quadro e sua

câmera irá medir somente

a luminosidade dela.

Balanço de Branco

Lembra que no começo contei que a luz bate em tudo que está por aí e reflete nos

nossos olhos e na câmera? O balanço de branco existe porque existem vários tipos

de luz e, dependendo da luz que bate na nossa cena, as cores podem ficar diferentes.

Isso acontece porque cada tipo de luz tem uma temperatura diferente.

Dica

Esta diferença entre uma

luz e outra se chama

temperatura de cor e é

medida em Kelvins.

Vamos por partes: às vezes, fotografamos com a luz do

sol. As vezes, fotografamos com uma luz artificial como

o flash ou uma lâmpada. Nosso olho é muito esperto,

então conseguimos ver as cores corretamente em

qualquer situação! Mas as câmeras nem sempre são tão

espertas, e precisamos contar para ela qual luz estamos

usando para que ela interprete da forma correta. Assim,

o vermelho vai continuar vermelho, o azul vai continuar

azul e – como não poderia deixar de ser – o branco

continuará branco!

Todo mundo já tirou uma foto iluminada por lâmpada

incandescente que ficou amarelada, não é? Isso

acontece porque a câmera não estava preparada para a

temperatura de cor desta fonte de luz.

medição

pontual.

Page 67: Dicas de fotografia   por claudia regina

67

a té

cnic

a

o balanço de

branco correto

para esta foto

está no meio.

a foto de cima está

muito azulada, e a

de baixo está muito

amarelada.

19. j

eric

oaco

ara/

CE

Page 68: Dicas de fotografia   por claudia regina

68 Procure no seu manual a forma de mudar o balanço

de branco (também chamada de temperatura de cor) na sua câmera: normalmente você encontra todas

as opções que precisa como luz do sol, sombra,

tungstênio, luz de flash e outros.

O balanço de branco ideal vai depender do tipo de

foto que você está fazendo: às vezes deixar a foto

mais quente ou mais fria do que deveria cria uma

sensação adequada.

É possível mudar

a temperatura

manualmente, mas você

pode começar vendo a

diferença das opções pré-

definidas.

no caso desta foto,

prefiro

o resultado de um balanço

de branco mais quente,

mesmo ele sendo incorret

o.

Sugestão de exercício:

Faça a mesma foto

usando vários balanços de

branco diferentes e veja a

diferença.

WHITE BALANCE

AUTO

INCANDESCENT

FLUORESCENT

DIR SUNLIGHT

FLASH

A

20. l

os ro

ques

, ven

ezue

la

Page 69: Dicas de fotografia   por claudia regina

69

a té

cnic

a

Foco

Como conseguir fotos nítidas

Em algumas áreas, fotos bem focadas são necessidade básica (como na fotografia

publicitária) e em outras, nem tanto (como em fotos artísticas ou no fotojornalismo.)

Conseguir fotos nítidas é importante em vários momentos, mas mais importante que

isso é você ter controle sobre o que está acontecendo.

o que vai est

ar em foco e

o

que não vai e

star em foco

na sua foto?

Esta decisão é

importante: o qu

e está em

foco é o que

fica com mais

destaque.

foto focada. foto fora de foco.

Ou seja: para fazer uma foto bem focada decidimos primeiro onde, e depois como.

O primeiro passo é decidir onde será o foco. Quero uma

pessoa focada e um fundo desfocado? Quero foco na

primeira ou na segunda flor? Depois, é só decidir como

fazer isso. Será que faço o foco manualmente ou no

automático? Quais são as melhores opções?

Page 70: Dicas de fotografia   por claudia regina

70 Onde?

O maior erro aqui é deixar a câmera decidir onde o foco vai ficar. Gosto de deixar

a câmera decidir algumas coisas, principalmente quando se trata de cálculos

matemáticos, mas ela é uma ferramenta fria e calculista! Ela não sabe o que é mais

importante na foto, por mais tecnológica que seja. Se você quer fazer o foco no

terceiro cílio do olho esquerdo da sua modelo, como sua câmera vai saber disso?

Existem muitas regras que dizem exatamente onde o foco deve estar em

determinados tipos de fotos. Em retratos, o foco deve sempre ficar nos olhos da

pessoa. Em fotografias de paisagens, costumamos deixar tudo em foco.

Mas não precisamos decorar essas e mais centenas de

regras. Para decidir onde o foco deve estar podemos,

simplesmente, olhar a cena e definir o que é mais

importante. Qualquer coisa que não soma nada à história

que queremos transmitir não precisa estar em foco.

Se pensarmos nos retratos isso fica claro: quando

estamos conversando com alguém dificilmente ficamos

olhando para suas orelhas ou seu nariz! Os olhos

normalmente são a parte mais expressiva do rosto de

uma pessoa e é deste conceito que a regra nasceu.

21. andy

Page 71: Dicas de fotografia   por claudia regina

71

a té

cnic

a

No caso de paisagens podemos fazer a mesma avaliação: quando estamos no

mirante do Machu Picchu é a soma de toda a paisagem que tem o papel de nos

deslumbrar.

tudo em foco, para tentar reproduzir a sensação de estar lá.

Lembre-se: o que define o quanto da cena está em

foco é a profundidade de campo, como explicado na

página 54.

É natural que ambas as regras tenham exceções, mas

só vamos notá-las se entendermos os conceitos que as

criaram.

Diante de uma cena, a primeira coisa que fazemos é nos

perguntar: o que é mais importante?

22. m

achu

pic

chu,

per

u

Page 72: Dicas de fotografia   por claudia regina

72 Como?

Não existe método perfeito de focagem: cada pessoa deve usar a técnica que acha

mais prática e confortável.

Vamos conhecer alguns dos métodos? Depois de testá-los por algum tempo você

poderá escolher o seu preferido para cada situação.

Foco manual (MF) e Foco automático (AF)

Ao lado da sua lente, ou em local similar, existe um botão de modo

de foco. Você pode deixá-lo na opção MF (manual focus), para o

foco manual, ou AF (auto focus), para o foco automático.

Usando o foco manual você irá girar o anel de foco

da lente e observar no visor ou na tela LCD até que

o assunto desejado fique em foco. A localização e o

funcionamento deste anel muda de lente para lente,

leia o manual da sua para saber usá-la corretamente

(apêndice 6: sinalização de foco adquirido no foco

manual).

Usando o foco automático você irá contar para a

câmera onde quer o foco, e ela mandará a lente focar

naquele local sozinha.

AF MF

botão de modo de foco.

Page 73: Dicas de fotografia   por claudia regina

73

a té

cnic

a

Duas formas de usar o foco automático

Podemos contar para nossa câmera onde queremos

o foco de vários jeitos diferentes. Vamos fazer isso

apertando o botão disparador³ pela a metade até

que um sinal da câmera diga que o foco está feito.

Este sinal é um sinal sonoro (um bip) e/ou um sinal

luminoso no visor (normalmente uma bolinha.)4

3 Você também pode usar outro botão para fazer o foco, veja como fazer isso no manual da sua câmera.

4 Essa bolinha e este bip são o sinalizador de foco adquirido. Ele também funciona se você aperta o botão até a metade enquanto faz o foco no manual.

Contaremos para a câmera onde queremos o foco usando os pontos de foco. Eles são

aqueles pontinhos espalhados quando olhamos para o visor.

Page 74: Dicas de fotografia   por claudia regina

74 Os pontos de foco da sua câmera podem ser diferentes dos ilustrados aqui: existem

variações enormes em formato, quantidade de pontos e funcionalidades de acordo

com cada modelo de câmera, e cada dia inventam algo novo para esses pontinhos!

Mas eles sempre fazem a mesma coisa: nos ajudam a contar para a câmera

onde queremos o foco. Vamos selecionar um desses pontinhos e vamos deixá-lo

exatamente em cima do que queremos focar.

Cada modelo de câmera tem seus pontinhos e suas funcionalidades, é preciso ler

o manual e praticar para conhecer as opções que sua câmera oferece. Aqui vou

apresentar duas técnicas utilizadas por bastante gente, independente de seus

equipamentos.

Dica

É preciso tomar cuidado com a opção de selecionar todos

os pontinhos. Isso não quer dizer que a câmera irá focar em tudo: só quer dizer que ela vai escolher um dos pontinhos sozinha. E ela normalmente vai escolher o ponto mais fácil.

Lembre-se quando falei sobre ter controle sobre o que está

acontecendo: deixar todos os pontinhos selecionados é o

mesmo que deixar a câmera decidir por você onde o foco deve

ficar.

Método 1: Escolher o pontinho do meio, focar e recompor

Algumas vezes já me perguntaram: por que a cada foto você aponta para um lado,

e depois aponta para o outro, e aí faz a foto? Você também já deve ter visto uma

fotógrafa como eu fazendo isso. Este método é conhecido como focar e recompor.

Para usar esta técnica é só fazer o seguinte: primeiro, defina onde será o foco.

Digamos que você quer focar no olho da modelo em um retrato. Com o ponto de

foco central selecionado você o coloca em cima do olho da modelo. Aí você aperta

o botão disparador somente até a metade e, mantendo-o pressionado, refaz a

composição. Ao chegar na composição desejada, aperte o botão até o final para fazer

a foto.

Page 75: Dicas de fotografia   por claudia regina

75

a té

cnic

a

coloque o ponto central

no local onde quer focar e

mantenha o botão disparador

pressionado até a metade. refaça a composição e aperte o botão até o final.

Dica

Para não perder o foco,

evite usar esta técnica

se estiver usando uma

abertura muito grande ou

se estiver muito próxima do

assunto fotografado,

Esse método é bem conhecido e utilizado pois pode ser

feito bem rapidamente. Porém, dependendo da situação,

ele pode causar um erro na focagem, que se perde

justamente entre o momento do foco e o momento de

recompor (apêndice 4: o plano de foco).

Page 76: Dicas de fotografia   por claudia regina

76 Método 2: Compor, escolher o pontinho equivalente e focar

Outra forma bastante conhecida de focar é compor,

selecionar o pontinho mais próximo de onde você quer

o foco, apertar o botão até a metade até sua câmera

indicar sucesso, e clicar até o final.

Este método é legal pois evita a grande mudança de

posição do método anterior, garantindo mais precisão.

Para usá-lo, primeiro você precisa descobrir como

mudar a localização do ponto selecionado na sua

câmera: encontre essa informação no seu manual.

Normalmente, existe um botão ou uma combinação de

botões que fazem exatamente isso.

Ainda usando o exemplo do retrato, para usar esta

técnica é só compor, selecionar o ponto que fica em

cima do olho, clicar até a metade até o foco ser obtido

e aí clicar até o final. (apêndice 5: botão disparador)

procure em sua câm

era

o botão que muda o

ponto de foco.

Page 77: Dicas de fotografia   por claudia regina

77

a té

cnic

a

Minha lente não consegue focar, o que faço?

Nossas lentes têm dificuldade para focar em situações

de pouco contraste. Este pouco contraste acontece em

situações de pouca luz, em situações de contra-luz ou

quando tentamos focar em algo sem muitos detalhes

(como uma parede de uma cor só).

Nesses casos você deve procurar um ponto com mais

contraste ou passar para o modo manual.

Vamos analisar o caso de uma silhueta na contra-

luz: ao invés de tentar focar no meio do objeto ou da

pessoa, foque na beirada entre o assunto e o fundo,

onde existe mais contraste:

Quando sua lente estiver com dificuldade em focar, procure apontar para áreas com

mais contraste.

aqui funciona

aqui não funciona

23. samanta

Page 78: Dicas de fotografia   por claudia regina

78 Como segurar uma câmera grande?

Segurar a câmera pode parecer um tópico muito

básico, mas não vá embora ainda! Segurar a

câmera de forma mais efetiva pode fazer uma

enorme diferença na nitidez das suas imagens.

Quando passamos das câmeras compactas para

as maiores, mantemos algumas manias, como

segurá-la com as duas mãos nas laterais. Dá pra

ganhar um bônus se levantarmos os dedinhos!

Porém, ao usar uma câmera com lentes maiores é importante equilibrarmos o peso

de todo o conjunto. A mão que segura a câmera é a direita. Pois é, eu também sou

canhota mas infelizmente não fabricam câmeras às avessas para nós. Todas têm uma

empunhadura – um local especialmente feito para você agarrar bem firme. Logo ali

em cima da empunhadura é onde também fica o botão disparador.

Com a mão direita ocupada com nada mais nada menos do que segurar a câmera e

tirar as fotos, o que fazer com a esquerda? Segure a lente! Às vezes a lente pesa mais

do que a própria câmera, e segurá-la firme é essencial para manter a estabilidade.

Além disso, a mão esquerda também ficará responsável em controlar o anel de zoom

ou de foco (caso esteja usando uma lente zoom ou o foco manual.)

Olhar pelo visor, ao invés de usar o LCD, também garante mais estabilidade – afinal

seu rosto vira um terceiro ponto de apoio. Prender a respiração durante o clique e

apoiar a câmera no seu ombro esquerdo (embora exija um pouco de contorcionismo)

podem garantir fotos nítidas com tempos de exposição que você nunca imaginou.

câmera pequena.

câmera grande.

câmera grande.

Page 79: Dicas de fotografia   por claudia regina

79

a té

cnic

a

Não estou conseguindo acertar o foco, o que pode ser?

Se você está tendo dificuldade em fazer fotos bem focadas, provavelmente é por

algum ou vários desses motivos:

Problema: você não está segurando a câmera firme o suficiente.

Solução: teste as técnicas anteriores para melhorar a estabilidade.

Problema: ao usar o foco automático, sua lente está sempre focando um pouco

à frente ou um pouco atrás de onde deveria. Este problema é conhecido como

backfocusing ou frontfocusing.

Solução: antes veja se o problema não é você (usar o método de focar e recompor é o

principal motivo para erros de foco deste tipo). Se o problema for na lente você pode

procurar no seu manual da câmera opções de micro focusing adjustments ou micro

ajustes de foco.

Problema: às vezes consigo o foco perfeito, às vezes não.

Solução: nem sempre o melhor método de focagem é bom para todas as situações. Se

você está tendo dificuldade somente em um tipo de foto teste novos métodos. Aberturas

e distâncias focais diferentes pedem métodos diferentes. Além disso, ninguém consegue

fotos perfeitamente focadas todo o tempo, é normal errarmos de vez em quando.

Problema: já tentei tudo e ainda assim minhas fotos saem fora de foco.

Solução: no caso de lentes mais baratas, a nitidez pode ser limitada e é possível que este

é o melhor que ela pode te oferecer. Se o problema acontece com uma boa lente leve seu

equipamento para uma assistência técnica para checar se o problema não é na própria

lente ou na câmera.

Page 80: Dicas de fotografia   por claudia regina

80 Os segredinhos para fotos ainda

mais nítidas

Estes segredos são perfeitos para serem usados

isoladamente ou em conjunto para conseguir fotos

supernítidas!

Tripé

O tripé não funciona em todo tipo de situação: não

tente fotografar uma criança no parque com ele! Mas

em situações mais controláveis, como na fotografia

de paisagens e de produtos, ele é um grande amigo.

Com um bom tripé garantimos que a câmera vai ficar

completamente parada.

Disparador remoto

O disparador remoto é um dispositivo para bater a foto

sem precisar tocar na câmera. Existem disparadores

com ou sem fio e eles não são muito caros. Assim

como o tripé, o disparador permite que a câmera fique

estática durante o clique, pois evita o tremor que nosso

dedo causa ao apertar o botão disparador. E mais:

muitas câmeras hoje em dia podem ser controladas

também pelo celular.

Temporizador

Caso você não tenha um disparador remoto é possível

evitar o tremor do clique usando o temporizador da

sua câmera: selecione o temporizador, aperte o botão

disparador e espere alguns segundos até a foto ser

tirada. Assim a câmera tem tempo de se estabilizar. Viu

só? O temporizador não serve somente para você sair

correndo e aparecer também na foto com os amigos!

Page 81: Dicas de fotografia   por claudia regina

81

a té

cnic

a

Mirror lockup

Em câmeras DSLR existe um espelho que se move

dentro da câmera toda vez que fazemos um clique

(ver página 17). É por ele que olhamos pelo visor, e

por causa disso ele precisa subir sempre que vamos

bater a foto para não ficar na frente do sensor. Este

subir e descer do espelho causa pequenas vibrações

que podem diminuir a nitidez da imagem em algumas

situações. Ao usar teleobjetivas ou lentes macro entre

1/30 e 1/4, primeiro levante o espelho e depois faça a

foto. Será preciso clicar duas vezes (uma para subir o

espelho, e outra para bater a foto.) Veja se sua câmera

possui esta opção e como ativá-la lendo o manual.

Abertura mais nítida

Cada lente tem um ponto de abertura onde a foto tem máxima nitidez. Normalmente

é um ou dois pontos depois da abertura máxima (em uma lente de abertura máxima

f/2.8 a provável melhor abertura é f/5.6).

Mas cada lente tem sua personalidade, então o melhor é testar. Com lentes zoom é

possível que cada distância focal tenha uma abertura de melhor nitidez equivalente.

Teste suas lentes e descubra: coloque a câmera em um tripé, selecione um foco

manualmente e faça várias fotos exatamente iguais, mudando somente a abertura e

o tempo de exposição. Depois, compare-as no computador com ampliação máxima.

f/2.8 f/5.6 f/11 f/22

Page 82: Dicas de fotografia   por claudia regina

82 Mantenha tudo limpo

Pessoas caprichosas

mantém seus

equipamentos

impecavelmente limpos.

Pontos de gordura nas

lentes ou pó podem ser

retirados com panos

que não soltem fibras,

ou mesmo com alguns

produtos especializados.

O sensor também é vítima

da sujeira! Ao trocarmos

de lentes, partículas

entram e grudam nas

partes internas da

câmera. Tome muito

cuidado com o sensor:

se não tem experiência

e conhecimento para

limpá-lo prefira levar seu

equipamento para uma

assistência técnica.

sujeiras no

sensor (veja

que não fui

caprichosa!)

Lentes de qualidade

A maior diferença entre lentes ruins e lentes boas é a nitidez. Se a nitidez é um

ponto importante para você considere investir em lentes de qualidade superior.

Devo ter uma lente com estabilizador de imagem?

É só fazer a primeira pesquisa para comprar de lentes e percebemos a enorme

diferença entre os preços de lentes com e sem estabilizador. Analise bem suas

necessidades na hora de definir se vale a pena fazer esse investimento. Se pergunte:

“vou fotografar em situações extremas de luz a ponto do estabilizador fazer

diferença?”

Page 83: Dicas de fotografia   por claudia regina

83

a té

cnic

a

O estabilizador pode vir a calhar para quem fotografa casamentos, fotojornalismo e

natureza usando lentes teleobjetivas.

Já para quem faz fotos com luz abundante, como em estúdio, o investimento pode

não fazer tanta diferença. A quantidade de luz dessas situações permite o uso de

tempos de exposição rápidos e que não tremem a foto.

Técnica na prátca

A ordem dos fatores é importante

Eu falei primeiro de fotometria e depois de foco por um motivo: embora a gente use

o mesmo botão para medir a luz e para fazer o foco, essas duas coisas normalmente

não serão feitas ao mesmo tempo!

Se fizermos a fotometria no lugar errado, a foto sairá com a iluminação errada.

Se fizermos o foco e depois ficarmos mexendo nossa câmera pra lá e pra cá,

provavelmente o foco se perderá.

Um passo-a-passo básico de toda a parte técnica seria o seguinte:

1. Encontre o objeto de iluminação média que vai usar para fazer a medição (como

a palma da sua mão);

2. Aponte para ele, aperte o botão disparador até a metade, e mexa nas

configurações (abertura, tempo de exposição e ISO) até zerar o fotômetro;

3. Pode soltar o botão disparador;

4. Faça a composição que gostaria de fazer. Lembre-se, o fotômetro pode ir pra lá

e pra cá, mas você já mediu corretamente a cena e não precisa mais mexer nas

configurações;

5. Aperte o botão disparador até a metade para fazer o foco onde quiser e

mantenha-o pressionado até bater a foto;

6. Bata a foto.

Se, na hora de fazer a próxima foto, o ambiente tiver as mesmas condições de luz

da primeira, você pode pular os primeiros passos e ir direto para o 5, sem mexer nas

configurações de abertura, tempo de exposição ou ISO.

Page 84: Dicas de fotografia   por claudia regina

84 Como fotografar na contraluz

e fazer silhuetas

Ao fotografar uma pessoa na

contraluz a câmera pode achar

que está tudo muito claro e acabar

deixando a foto mais escura do que

deveria. Você pode usar a técnica

da mão para fazer uma fotometria

correta.

Em situações de contraluz também

podemos querer fazer uma silhueta.

Para conseguir uma boa silhueta

você pode apontar para o céu, fazer

a fotometria, e depois voltar para a

composição desejada.

24. lisie

Page 85: Dicas de fotografia   por claudia regina

85

a té

cnic

a

A situação de contraluz

também nos permite usá-

la como luz de contorno.

Nesta foto, por exemplo,

a luz cria um contorno

dourado em volta da

Adrielly.

Para conseguir esse efeito

podemos também usar a

técnica da mão, da mesma

forma que fizemos no

primeiro exemplo. Porém,

o contorno só será visível

se atrás da pessoa houver

um fundo que também

está projetando sombra

em si mesmo. Veja no

esquema:25. adrielly

Page 86: Dicas de fotografia   por claudia regina

86 Como fazer fotos com o fundo desfocado

O efeito do fundo desfocado é muito admirado e muita

gente acredita que uma foto parece mais profissional

por causa dele. Este é um dos efeitos impossíveis de se

reproduzir na pós-produção, e não fica natural se feito

no computador.

O fundo desfocado depende dos seguintes fatores:

Distância focal

Quanto maior a distância focal, maior será o desfoque.

Se estiver usando uma lente 18-55mm, faça a foto em

55mm.

Distância entre assunto e lente

Quanto mais próxima você estiver do assunto, mais

próximo da lente será o foco, e mais o fundo ficará

desfocado. Chegue perto!

26. andy

Page 87: Dicas de fotografia   por claudia regina

87

a té

cnic

a

Abertura

A abertura é a principal responsável pela profundidade de campo (releia o item

"como controlar a luz”, página 53). Use a maior abertura que sua lente permitir para

conseguir mais desfoque. Uma abertura f/5.6 vai desfocar mais o fundo do que uma

abertura f/11.

Distância entre o assunto e o fundo

Quanto mais distante o

fundo estiver do ponto

de foco, mais desfocado

ele ficará. Ao tentar fazer

um retrato com fundo

desfocado é melhor deixar

a pessoa longe do fundo

do que encostada nele.

Nem sempre é possível

juntar todos esses fatores

em uma só foto, mas

tentando colocar alguns

em prática com certeza

você conseguirá bons

resultados, usando o

equipamento que possui

hoje.

Como fotografar com pouca luz e à noite

Fotos noturnas são um pesadelo: é difícil focar, é difícil medir a luz e na maior parte

das vezes acabamos com fotos escuras, tremidas ou com um montão de ruído. Mas

não desanime: fotos noturnas podem ser muito divertidas de fazer e depois que a

gente pega o jeito, dá vontade de trocar o dia pela noite.

Page 88: Dicas de fotografia   por claudia regina

88

o ruído nem sempre é um problema, não deixe de fazer a foto por causa dele.

Dica

Câmeras compactas

possuem modos específicos

para fotografar à noite.

Use-os para conseguir

fotos nítidas e com boa

iluminação. Esses modos

podem ser chamados de

noturno, noturno com

flash, retrato noturno,

paisagem noturna, ISO, alta

sensibilidade, entre outros.

Veja no seu manual.

Um tripé ou um ISO alto.

Fotos noturnas normalmente exigem estabilidade

para fazermos longas exposições. Falei sobre tripés

na página 80 e também dou uma dica de tripés mais

compactos na página 168.

Se você não tiver um tripé, também dá para subir o ISO

sem medo! O ruído resultante pode ser suavizado na

pós-produção ou pode ser incorporado na foto.

27. rio de janeiro/RJ

Page 89: Dicas de fotografia   por claudia regina

89

a té

cnic

a

Use o (subsestimado) nivelador da sua câmera

É muito fácil fazer fotos noturnas tortas, pois temos

menos referências. Nessa situação o ideal é usar o

nivelador embutido da sua câmera para ter horizontes

retos. Procure no seu manual: se sua câmera não possui

nivelador, use o nivelador de bolha do tripé.

Choveu? Fique feliz!

Chuva costuma ser uma péssima notícia, mas para fotos

noturnas ela é bem vinda. Já notou que na maioria das

cenas noturnas dos filmes as calçadas estão molhadas?

É que a água reflete a luz, logo a chuva nos ajuda a

deixar a cena mais bem iluminada e interessante.

Na próxima vez que chover você já sabe: ao invés de se

encolher na cama, bota uma capa de chuva e saia pra

fotografar!

desnivelada.

nivelada.

28. veneza, itália

Page 90: Dicas de fotografia   por claudia regina

90 Aberturas bem fechadinhas

Aberturas mais fechadas (como f/22) permitem exposições mais longas e,

consequentemente, conseguimos registrar movimentos de forma interessante.

o movimento traz mais interesse para esta foto.

Em fotos noturnas a abertura menor também permite que os pontinhos de luz se

pareçam com estrelas. Pode parecer um detalhe bastante pequeno, mas em uma foto

maioritariamente escura isso faz bastante diferença.

tudo que é ponto de luz vira estrela.

29. v

enez

a, itá

lia30

. ven

eza,

itália

Page 91: Dicas de fotografia   por claudia regina

91

a té

cnic

a

Por fim… as configurações

Sei que uma das grandes dificuldades da fotografia noturna é a parte mais técnica.

Embora cada situação seja única (pra variar!), algumas dicas são válidas:

Para focar: use o liveview (tela LCD) da câmera e dê zoom (na visualização) para focar

manualmente. Normalmente é mais fácil focar em pontos de luz do que em outras

áreas. Eu não costumo confiar no foco automático nesses casos.

Para a foto não ficar com muito ruído: aposte na longa exposição ao invés do ISO alto.

Mas, pessoalmente, não acho que o ruído é algo tão do mal assim.

Para a foto não ficar tremida: o tripé é seu amigo, mas se não tiver um disponível,

apoie a câmera em um banco, no chão, no muro, em qualquer lugar. Só não vale achar

que vai ser possível segurar a câmera na mão por 2 segundos sem tremer.

Para a foto não ficar escura: a fotometria de uma cena noturna é diferente da cena

diurna. Dificilmente seu fotômetro ficará zerado. Embora, repito, situações diferentes

peçam soluções diferentes, lembre-se que a tendência é que o fotômetro fique um

ou dois pontos no negativo. Na dúvida, teste e refaça.

Procure métodos alternativos de iluminação

Luminárias, velas, lanternas e até um tablet podem

servir como fonte de iluminação. Essas fontes não são

muito potentes, mas colocando-as bem pertinho do

assunto você conseguirá resultados perfeitos.

esse tomilho foi iluminado usando uma vela

Page 92: Dicas de fotografia   por claudia regina

92

Para dominarmos esse tipo de efeito é preciso prática. Tente fazer isso em várias

fotos. Teste com diferentes velocidades e acompanhando diferentes objetos.

O passo-a-passo:

1. Selecione um tempo de exposição longo. Assim você conseguirá o efeito de

movimento. Um segundo já é o suficiente pra fazer o efeito;

2. Aponte para o seu assunto, que está se movendo, e mova a câmera junto com

ele;

3. Clique e comece a tirar a foto. Continue seguindo o seu assunto com a câmera;

4. A exposição irá terminar e, se você conseguiu seguir a velocidade do assunto

com sua câmera ele deverá estar nítido enquanto o fundo ficou desfocado.

Como fazer panning

Panning é o efeito que mostra o movimento da cena,

borrando uma parte da foto. Este movimento é captado

movendo a câmera enquanto tiramos a foto.

31. n

aard

en, h

olan

da

Page 93: Dicas de fotografia   por claudia regina

93

a té

cnic

a

Como fotografar no nascer e no pôr do sol

O céu fica lindo quando o sol está nascendo ou se

pondo. Mesmo acontecendo diariamente não nos

cansamos da beleza de suas cores. Registrar esta

belezura toda não é complicado.

Para conseguir manter as cores e o contraste é preciso

subexpor a foto um pouquinho.

Se você está usando o modo de medição matricial

pode fazer isso deixando o fotômetro em um número

negativo (como -1 ou -2).

32. a

lter

do

chão

/PA

Page 94: Dicas de fotografia   por claudia regina

94 Se você está usando o modo de medição pontual, pode apontar para uma parte

próxima ao horizonte, um pouco acima da parte mais iluminada e do próprio sol. Se

você fotometrar onde está o sol ou na parte mais clara, as chances são grandes de

subexpor a foto mais do que o necessário.

Dica

Muitas câmeras compactas

oferecem a opção de

compensar a exposição

para cima ou para baixo.

Você encontra essa

configuração em um ícone

EV. Ao fazer fotos do pôr do

sol você pode compensar

a exposição em um valor

negativo e conseguirá

melhor profundidade de

cores e detalhes.

faça a fotometria aqui

não faça a fotometria aqui (vai ficar muito

claro)

não faça a fotometria aqui (vai ficar muito

escuro) ícone EV

33. r

io d

e ja

neiro

/RJ

Page 95: Dicas de fotografia   por claudia regina

95

a té

cnic

a

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Page 96: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 97: Dicas de fotografia   por claudia regina

como criar fotos incríveis

3

Page 98: Dicas de fotografia   por claudia regina

98 Olhar, analisar, compor

A composição não depende quase nada do seu

equipamento e não pode ser arrumada no computador

depois.

Ela é a base do que chamamos de uma fotografia

bonita. Decidir quais botões apertar fica fácil e rápido

depois de um tempo praticando. A partir daí, dedicamos

a maior parte dos nossos esforços à composição.

Entender a parte técnica é importante. Saber pós-processar suas imagens em um

mundo digital também. Mas a composição é um dos principais fatores para sua foto

se destacar na multidão.

34. alter do chão/PA

Page 99: Dicas de fotografia   por claudia regina

99

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Antes de apontar sua câmera para a cena que pretende fotografar, é preciso parar e

observar. Olhe em volta e responda às seguintes perguntas:

• Por que decidi fotografar isso?

• O que chamou a minha atenção nesta situação?

• Quais são as coisas mais importantes desta cena?

• O que não é importante?

Depois de responder essas perguntas, você terá um ponto de partida para iniciar a

composição. Analise:

• Qual vai ser o resultado usando diferentes lentes?

• E se eu chegar mais perto ou for mais longe? E se eu me abaixar?

• Se eu andar em volta da cena, qual ângulo ficará mais interessante?

Depois de olhar e analisar, vem o momento de compor. Vou te contar alguns

princípios que usamos para chegar em composições interessantes, mas lembre-

se que não existe certo ou errado. A composição escolhida deve ajudar a contar a

história por trás daquela imagem. Os caminhos para chegar neste resultado devem

ser escolhidos por você!

Estes princípios não são exclusivos da fotografia: eles existem e funcionam

igualzinho para toda arte visual (pintura, ilustração, escultura e design, por exemplo.)

São dois grupos de informações que usamos ao criar e ao analisar a composição

em uma foto: os elementos formais (os elementos que compõem uma imagem) e os

princípios das artes visuais (a organização desses elementos dentro de um quadro).

Os elementos formais

São sete os principais elementos formais das artes

visuais. Eles nos auxiliam a entender a estrutura de

uma fotografia. Para que uma imagem seja formada,

pelo menos alguns desses elementos estarão sempre

presentes. Os elementos, em si, são como as letras do

alfabeto: não têm significado próprio. É a forma de usá-

los que nos ajuda a passar uma mensagem.

Page 100: Dicas de fotografia   por claudia regina

100

linhas delimitam os

objetos da imagem.

1. Linha

A linha é normalmente o primeiro elemento formal

citado em qualquer aula de arte. Fica fácil saber

o motivo: linhas são a base para todo tipo de

representação visual.

Uma foto mostra o mundo em duas dimensões. Nela, linhas que não existem na vida

real (como as linhas de uma escultura) passam a existir. Dá pra dizer que não existe

fotografia sem linha, pois é ela que delimita tudo que está no quadro.

Para entender melhor o que é a linha, imagine-se desenhando uma foto. Por onde

você começa? Normalmente, pelas linhas!

35. o

slo,

nor

uega

Page 101: Dicas de fotografia   por claudia regina

101

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

linhas nao

aparentes.

Além de delimitações literais, as linhas podem ser

também somente sugeridas. No exemplo abaixo, as

linhas que formam as parreiras são complexas, mas

a organização delas no quadro sugere duas linhas

simples convergentes:

O uso de linhas retas traz uma sensação de

modernidade e ordem. Já o uso de linhas curvadas e

irregulares traz uma sensação mais orgânica e natural.

Linhas horizontais são mais confortáveis aos nossos

olhos do que verticais, pois na vida real temos como

base um horizonte; linhas diagonais trazem mais

dinamismo.

36. h

eilb

ronn

, ale

man

ha

Page 102: Dicas de fotografia   por claudia regina

102 Linhas normalmente não existem de forma pura em

fotografias. Sua influência no resultado final é mais

discreta do que outros elementos, e normalmente

trabalhamos muito mais com linhas sugeridas do que

linhas literais.

linhas (sugeridas)

retas que trazem a

sensação de ordem.

linhas (sugeridas) curvadas que trazem a sensação orgânica da natureza.

37. keukenhof, holanda

38. svartifoss, islândia

Page 103: Dicas de fotografia   por claudia regina

103

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

2. Textura

Ao tocar em objetos à nossa volta, conseguimos sentir

sua textura. É possível sentir a diferença entre uma

casca de maracujá (com rugas e saliências) e a casca de

um ovo (lisa e suave).

Em uma imagem de duas dimensões não temos uma

textura real, mas é possível simular essa textura usando

outros elementos (como cor e luz.)

em uma foto como

essa, o objetivo é

evidenciar a textura

do píer velho.

a pele do bebê é delicada, e usando uma luz suave evidenciamosesta característica.

Por exemplo: Usando

uma iluminação lateral

e dura, evidenciamos

a textura dos objetos.

Usando uma iluminação

suave, evidenciamos

assuntos delicados.

39. g

iova

nni

Page 104: Dicas de fotografia   por claudia regina

104 3. Cor vermelho vermelholaranja

laranjaam

arelo laranja

amarelo

amarelo

verde

verdeazul

verde

azul

azul

violet

avio

leta

vermelho

violetaTodo mundo aprendeu

um pouquinho sobre

cores na pré-escola. Para

a fotografia, no entanto,

precisamos saber um

pouquinho mais do que

aprendemos com a tinta

guache. Começamos

observando o círculo

cromático:

A cor é um dos elementos mais poderosos e versáteis que existem. Podemos dar

destaque a algum elemento usando somente uma cor. Podemos também criar

equilíbrio usando uma combinação de cores.

Vejamos a temperatura da cor: cores mais quentes (amarelo e laranja) trazem uma

sensação de aconchego e calor. Cores mais frias (azul e roxo) trazem uma sensação

fria e estéril.

cores quentes

cores frias

foto amarelada,

trazendo aconchego.

40. naarden, holanda

Page 105: Dicas de fotografia   por claudia regina

105

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

cores análogas.

foto azulada, representando o frio.

Podemos criar significado usando uma combinação

de cores. A mensagem passada pela cor só funciona

quando usamos poucas cores. Ao usar mais de três

cores, esse elemento deixa de ser tão evidente.

Duas combinações interessantes são as de cores

análogas e cores complementares.

Cores análogas são

aquelas que ficam

próximas no círculo

cromático. Usando cores

análogas criamos uma

unidade harmônica dos

elementos da foto.

o azul e o lilás são

cores

análogas, e criam uma

unidade na imagem.

41. t

rom

so, n

orue

ga

42. aquário de londres, inglaterra

Page 106: Dicas de fotografia   por claudia regina

106

cores

complementares.

Cores complementares são aquelas localizadas

de forma oposta no

círculo cromático. Usando

cores complementares

criamos um constraste de

cores harmônico.

o vermelho e o verde são

um exemplo de cores que

criam contraste.

4. Luz e Sombra

Este elemento é bem fácil de entender: é simplesmente o jogo de claro e escuro na

imagem.

Eu gosto de comparar o uso da luz e da sombra com

escutar música: ver uma foto mais escura é como

ouvir um fado, ficamos pensativos, imaginando o que

está oculto naquelas sombras. Ver uma foto mais

clara é como ouvir um sambinha, uma explosão de

informações. Podemos usar luz e sombra com diferentes

proporções e contrastes.

Page 107: Dicas de fotografia   por claudia regina

107

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

foto com uso de luz e sombra.

Uma foto escura pode ser misteriosa.

As fotos em preto e branco dependem totalmente deste

elemento, já que não possuem cor.

44. maíra

45. naarden, holanda

Page 108: Dicas de fotografia   por claudia regina

108

5. Volume

O volume é a representação de um objeto 3D. Assim

como a textura, na fotografia a terceira dimensão de um

objeto pode apenas ser simulada. Essa simulação é feita

usando sombras e perspectiva (nosso cérebro interpreta

o que é menor como estando mais longe).

uso de perspectiva para mostrar a profundidade da cena.

46. inhotim/MG

Page 109: Dicas de fotografia   por claudia regina

109

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Podemos evidenciar ou

diminuir o volume de um

objeto. Por exemplo: se

você fotografa uma bola

com uma luz totalmente

regular é possível que ela

mais pareça um círculo do

que uma bola. uma bola iluminada de

forma regular pode

parecer um círculo.

6. Forma

Ao contrário do volume, a forma tem duas dimensões. Reconhecemos a forma de uma

pessoa mesmo sem notar o volume, desde que seja possível reconhecer uma cabeça

e um corpo.

mesmo não vendo os

detalhes, é possível

reconhecer uma pessoa

por sua forma.

É fácil notar as formas ao

analisar fotos de silhuetas,

mas ela está lá mesmo

quando não é tão óbvia.

A forma pode ser definida

com linhas, cores, luzes e

sombras.

47. s

alva

dor/

BA

Page 110: Dicas de fotografia   por claudia regina

110 A forma é muito importante, pois é ela que nos faz

reconhecer o assunto da foto. Dependendo do ângulo

que escolhemos, uma forma pode ficar irreconhecível.

Também é possível evidenciar a forma usando

desfoque, luz e cores.

a forma das montanhas

é evidenciada com o uso

de sombras e luzes em

relação ao fundo.

7. Espaços

Costumamos separar a foto em dois espaços: o espaço

positivo e o espaço negativo. O espaço positivo é o

assunto principal, enquanto o espaço negativo nos

ajuda a conduzir o olhar para este assunto.

48. black sand beach, islândia

Page 111: Dicas de fotografia   por claudia regina

111

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

o espaço negativo envolve

o assunto fotografado.

espaço positivo. espaço negativo.

O espaço negativo é como o ar: ele envolve o assunto

principal, sem chamar atenção para si. Ele é neutro e

serve para dar mais atenção ao assunto. Ao navegar o

olhar pela imagem, procuramos os espaços positivos.

Dica

Na fotografia e no design

usamos este espaço

negativo para dar destaque

ao assunto principal. O

maior erro de quem está

começando é ter medo

de deixar espaços vazios.

Mas lembre-se que quanto

mais espaço vazio, mais

destaque você dá para o

assunto principal, e não o

contrário!

não tenha

medo do vazio.

49. tromso, noruega

50. rio de janeiro/RJ

Page 112: Dicas de fotografia   por claudia regina

112 Como juntar os elementos no quadro

Depois de conhecermos os elementos, é hora de colocarmos eles dentro de um

quadro e formar nossa foto. 7 princípios nos ajudam a decidir como fazer isso.

1. Equilíbrio

Ao olhar uma foto equilibrada nosso olhar viaja dentro da imagem. Ao olhar uma

foto desequilibrada nosso olhar procura o que está faltando. Para conseguir o

equilíbrio, distribuímos os elementos no quadro de forma que eles se complementem

ou façam sentido.

nesta foto, a pedra no canto inferior esquerdo se equilibra com a montanha grande no canto superior direito. o lago, cortando a foto na diagonal, divide os dois elementos.

uma foto parecida, feita

de outro ângulo, não

inclui a pedra. veja como

o vazio faz a foto ficar

desequilibrada.

51. kvaløya, noruega

Page 113: Dicas de fotografia   por claudia regina

113

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

nesta foto, a modelo está

olhando para o canto superior esquerdo. criar um

espaço negativo para onde

ela possa olhar faz a foto

ficar mais equilibrada.

números ímpares costumam

criar um equilíbrio mais

agradável do que pares. nesta

foto, três ciclistas (número

ímpar) se equilibram com uma

(número ímpar) última pessoa

no fim do quadro.

52. m

ari

53. r

io d

e ja

neiro

/RJ

Page 114: Dicas de fotografia   por claudia regina

114 2. Contraste

O contraste é o uso de

iluminação ou cores para

definir o caminho do olhar

de quem observa. Para

garantir a separação de

assunto e fundo, usamos

cores complementares ou

luz e sombra.

nosso olhar

costuma ir

primeiro para as

partes

mais iluminadas

de uma

foto. neste e

xemplo,

embora a modelo

ocupe

pouco espaço no

quadro,

ela fica em evidê

ncia por

ser o assunt

o mais claro.

3. Repetição

O uso de elementos parecidos em cor ou formato cria

um padrão que pode ser abstrato ou enfatizar um

assunto sem dar atenção para cada elemento.

a repetição mostra que

o assunto da foto é

“desenhos rupestres”,

mas não notamos, de

partida, cada desenho

individualmente.

54. carol

55. m

useu

de

arqu

eolo

gia

do x

ingó

/AL

Page 115: Dicas de fotografia   por claudia regina

115

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

5. Ritmo

O ritmo é o que define a

forma como o observador

viaja o olhar pela imagem.

Usamos linhas, formas e

desfoques para criar um

ritmo de movimento ou

de leveza.

as bandeiras tanto em primeiro plano quanto lá no fundo criam profundidade e fazem o olhar viajar pela foto.

4. Ênfase

É o destaque dado para o assunto principal da foto.

Quase sempre existe algum assunto principal, e

procuramos dar toda a ênfase a ele. Podemos fazer isso

usando luz/sombra, cores e desfoques.

a modelo está em ênfase pois é o elemento com mais nitidez e iluminação do quadro.

57. m

anife

staç

ão e

duca

fro/

RJ

56. s

hirl

ley

Page 116: Dicas de fotografia   por claudia regina

116 6. Proporção

A proporção é o que

distribui os elementos

no quadro de acordo

com a sua importância e

tamanho.

7. Unidade

Tudo que está no quadro

tem que ter alguma

função na composição. O

maior erro encontrado nas

fotografias de iniciantes

é este: muitos elementos

não dizem nada ou não

adicionam nada à foto,

deixando a imagem sem

unidade.

a montanha, a árvore

e as pessoas parecem

insignificantes pois o céu

toma a maior parte da

imagem.

tudo que está na foto deve ter sua função. na dúvida é melhor ter elementos de menos do que elementos demais.

58. o

berh

ofen

am

thun

erse

e, s

uíca

59. b

arra

da

guar

atib

a/RJ

Page 117: Dicas de fotografia   por claudia regina

117

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Regras de composição

Seguir algumas regras de composição já consagradas garante imagens bem

equilibradas. Você pode quebrar essas regras quando houver um bom motivo para

isso, mas segui-las é um bom começo para criar fotos mais bonitas.

Regra dos terços

Pegue o seu quadro e desenhe mentalmente um jogo

da velha em cima dele. Os pontos importantes da sua

foto devem ficar em alguma das quatro convergências

dessas linhas.

Cada foto tem suas características próprias e nem

sempre é fácil definir o que vai nas bolinhas. Antes de

bater a foto olhe para a cena e defina o que tem mais

importância e deve estar em evidência.

coloque aquilo que é mais importante nas áreas marcadas.

nesta foto o barco é o ponto de destaque, e ele se encontra na convergência inferior esquerda: o restante da cena é espaço negativo e dá contexto.

60. c

ânio

n do

xin

gó/A

L

Page 118: Dicas de fotografia   por claudia regina

118

em retratos buscamos manter os olhos no terço superior.

nesta imagem existem

dois pontos de intere

sse:

a escada e a c

achoeira.

elas se equilibram, cada

uma localizada em

uma

interseção do jo

go da velha.

Depois de aprender a regra dos terços ou estudar um pouquinho de fotografia

ficamos tentados a nunca mais fazer uma foto centralizada na vida! Não centralizar

nada no quadro é, aliás, o conselho que você mais vai escutar quando se trata de

composição.

61. m

onic

a62

. sel

jala

ndsf

oss,

isla

ndia

Page 119: Dicas de fotografia   por claudia regina

119

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Pratique bastante esta

regra para ver como

os resultados podem

ficar bonitos, mas não

tenha medo de quebrá-

la quando quiser criar

tensão na imagem: o

uso de outros elementos

pode fazer uma foto

centralizada ficar muito

bonita também.

Mantenha os horizontes na horizontal, por favor!

Se tem uma coisa que

estraga muitas fotos por

aí é fazê-las tortas. Não:

não é artístico, não é

diferentoso, não é estiloso.

É simplesmente feio.

Acredite em mim.

pessoas tranquilas

passeando de barco pelo

mar... não, a foto torta

não é legal.

Parece radical, mas o motivo é simples: entortar a foto é um ótimo método para fazê-

la remeter a movimento e caos, criando tensão. O problema é que a maioria das fotos

tortas que vejo por aí são de pessoas paradas, objetos inanimados, paisagens imóveis

ou momentos tranquilos!

63. i

lha

do m

el/P

R

64. s

alva

dor/

BA

Page 120: Dicas de fotografia   por claudia regina

120

O único bom motivo para fazer uma foto torta é para

acompanhar e evidenciar movimento ou criar tensão.

No cinema, esta técnica é chamada de dutch tilt.

o horizonte torto nesta foto só funciona pois evidencia o movimento e o caos.

Se você está deixando sua foto torta porque não consegue alinhar o horizonte,

porque quer encaixar alguma coisa melhor na composição, ou porque quer que ela

fique mais estilosa, melhor parar por aí!

Algumas câmeras possuem um nivelador embutido, é só apertar um botão (veja

no manual se a sua oferece esta opção.) Você também pode usar um nivelador à

parte, que se encaixe no topo da câmera (onde ficaria o flash). Alguns tripés também

possuem o clássico nivelador de bolha.

Caso nada dê certo e não exista outra opção, alinhe a imagem na pós-produção. O

chato dessa alternativa é que você acaba perdendo parte da sua foto.

Se quer encaixar mais coisas na foto, mude seu posicionamento. Se quer uma

foto mais criativa, use a composição e a luz. Mas, por favor, deixe seu horizonte na

horizontal!

65. o

slo,

nor

uega

Page 121: Dicas de fotografia   por claudia regina

121

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Uso de molduras

Colocar um elemento neutro e discreto em volta do assunto principal pode ser uma

boa opção para conseguir evidenciar o que é importante.

esta foto usa a janelinha do avião como moldura.

esta foto usa a

caverna como

moldura.

Qualquer coisa pode virar

uma moldura. Ela pode ser

óbvia, como uma janela.

Ela também pode ser

somente induzida, usando

elementos desfocados e

naturais.

A moldura está lá

somente como figurante,

e o ideal é que ela não

chame muita atenção.

Podemos esconder seus

detalhes usando sombras

ou desfoques.

66. n

iteró

i/RJ

67. i

lha

do m

el/P

R

Page 122: Dicas de fotografia   por claudia regina

122 Além de apontar para

o assunto principal da

imagem, a moldura

também ajuda a dar um

contexto contando parte

da história.

Na foto abaixo existem

vários níveis de moldura:

tente encontrá-las e

entender como elas

ajudam a criar interesse

na imagem.

uma moldura também adiciona contexto à foto.

68. luar

Page 123: Dicas de fotografia   por claudia regina

123

com

o cr

iar

foto

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crív

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Simplicidade na composição: mostre só o que é importante

Um dos segredos para conseguir fotos mais bonitas é mostrar somente elementos

que são importantes e relevantes. Uma foto poluída não é necessariamente uma foto

com muitos elementos, e sim com muitos elementos que não adicionam nenhuma

informação importante na imagem ou que aparecem na foto de forma desorganizada.

em uma foto poluída fica difícil ver o que é importante, pois são muitos elementos brigando por atenção.

quando focamos somente

no que interessa a

foto fica muito mais

interessante.

69. ilha grande/RJ

Page 124: Dicas de fotografia   por claudia regina

124 Definir o seu

posicionamento é o

primeiro passo. Antes de

levantar a câmera, passeie

e veja a diferença de cada

ângulo na cena. Veja onde

a luz está batendo e o que

ela está evidenciando.

Escolhido o ângulo,

aponte a câmera e veja o

que ela está mostrando

no quadro.

Muitas vezes um passinho

é o suficiente para

mostrar ou esconder

elementos em uma cena.

Observe como mudar

meu posicionamento

em poucos centímetros

fez a diferença na foto

ao lado. O telhado que

aparecia na primeira foto

foi escondido por uma

folhagem incluída na

composição.

Veja a diferença que faz

dar um passo para os

lados ou se abaixar. Veja a

diferença que faz chegar

mais perto ou mais longe

do seu assunto.

70. o

berh

ofen

am

thun

erse

e, s

uíça

Page 125: Dicas de fotografia   por claudia regina

125

com

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foto

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eis

foto na hora mágica.

A melhor hora para fotografar

Adoro usar o sol como fonte de luz: ele está lá disponível para todo mundo, é de

graça, e não é preciso trocar suas pilhas.

Uma das dicas de fotografia mais tradicionais quando usamos a luz natural é:

fotografe sempre na hora mágica. A hora mágica é aquele momento em torno do

nascer e do pôr do sol. Neste momento, a luz está suave e dourada e o céu está com

cores lindas. Seguindo esta linha de pensamento, também se diz por aí para nunca

fotografar ao meio dia, pois neste horário a luz está muito forte, criando sombras

feias e duras.

Porém, vivendo a fotografia no dia a dia, descobri que

não é tão simples assim.

A melhor hora para fotografar depende de muita coisa:

o tipo de foto, a logística necessária, a disponibilidade

e conforto de clientes, o lugar do mundo onde você

está... Por esses motivos, não existe uma só resposta. É

necessário analisar qual é o melhor horário para você!

71. rio de janeiro/RJ

Page 126: Dicas de fotografia   por claudia regina

126

Qual é o seu melhor horário?

O primeiro ponto a considerar é sua

localização. A hora mágica pode durar

cinco minutos em Belém, uma hora

em Porto Alegre, e o dia inteiro na

Noruega. Além disso, sabemos que

o ângulo em que o sol viaja no céu

também depende da estação do

ano.

No Brasil, além da variedade

enorme de iluminação,

dependemos de outros fatores

metereológicos.

Quando eu morava em Curitiba, era

impossível marcar ensaios para a hora

mágica durante o inverno, pois ficava muito frio.

Eu acabava fotografando durante o temido meio dia

para minhas clientes ficarem confortáveis.

Dica

No norte, existem épocas

em que a chuva tem hora

marcada. Independente do

que os livros de fotografia

disserem, é inviável marcar

um ensaio no parque bem

na hora do toró. Norte,

sul, nordeste, sudeste ou

centro-oeste têm também

suas necessidades únicas,

que só você conhece!

Dependemos também da disponibilidade das outras

pessoas envolvidas. O mundo não gira ao redor do

nosso umbigo fotográfico e nem sempre quem vai

participar também está disponível no horário perfeito.

Quem fotografa paisagens profissionalmente encara

problemas semelhantes: imagine que você chegou

em Xangai hoje, seu vôo demorou, o trânsito atrasou,

o tempo fechou... Mas a foto precisa ser entregue

amanhã! É preciso fazer uma foto bonita, pois prazos

são prazos. Mesmo que você não seja profissional, as

férias também têm hora marcada para acabar e nem

sempre a condição ideal estará te esperando em Paris.

Page 127: Dicas de fotografia   por claudia regina

127

com

o cr

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foto

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crív

eis

choveu. e aí?

o que fazer?

acordei às 4 da manhã, fui pra locação... E o tempo estava fechado. nesta foto, usei uma lente teleobjetiva para focar a composição no reflexo dos barcos, e não na paisagem tradicional.

Como trabalhar com situações não-tão-perfeitas de luz?

É preciso ser realista: se não é viável fotografar na hora

perfeita, quais são as alternativas e como trabalhar com

elas?

Se a foto de paisagem não vai ficar legal porque

o tempo está nublado, que tal focar em outros

elementos? É possível chegar mais perto, usar o preto e

branco ou criar efeitos que façam a iluminação ser sua

amiga, não inimiga.

72. r

io d

e ja

neiro

/RJ

73. fl

ores

ta n

egra

, ale

man

ha

Page 128: Dicas de fotografia   por claudia regina

128 Se foi imprescindível

marcar um retrato

durante um horário em

que o sol está a pino,

você pode aproveitá-

lo para trabalhar fotos

mais contrastadas e

dramáticas. Só tome

cuidado com expressões

desconfortáveis: a

tendência é que a gente

aperte os olhos quando

o sol está na nossa cara.

Em retratos tradicionais,

onde a pessoa está

olhando diretamente

para a câmera, talvez seja

necessário procurar uma

sombra.

esta foto com iluminação

dramática foi feita com o

sol forte.

mesmo quando o sol está a pino é possível buscar ou criar uma sombra.

O mais importante para se trabalhar com a luz natural é entender que é ela quem

manda. Se você planejou uma foto específica e o tempo virou, não dá pra insistir: seja

flexível e trabalhe com a luz que a natureza te deu.

74. michele

75. c

ristia

ne

Page 129: Dicas de fotografia   por claudia regina

129

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foto

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crív

eis

A fotografia preto e branco

A imagem em P&B era originalmente uma limitação. A

fotografia foi inventada oficialmente em 1839 mas foi

só cerca de 100 anos depois que a fotografia colorida

ficou viável. Era o fim da restrição e todas poderiam

fotografar o mundo como ele sempre foi: colorido!

Mas por que, mesmo depois da descoberta e

popularização da fotografia colorida, continuamos a

fazer fotos em preto e branco?

O primeiro motivo para que a foto em P&B não morresse foi a reação de

profissionais da época. Assim como ainda hoje é possível escutar gente negando

a validade da fotografia digital em relação ao filme, na década de 40 fotógrafas

negavam a novidade da fotografia colorida. Essa modinha estaria depreciando

a fotografia de verdade. É comum isso acontecer a cada mudança de estilo ou

tecnologia: até mesmo Monet era visto como alguém que estava depreciando a arte

de verdade pela crítica da época, que negava o impressionismo.

76. r

io d

e ja

neiro

/RJ

Page 130: Dicas de fotografia   por claudia regina

130 Mesmo com o choque inicial, a fotografia colorida desde

então cresceu e se tornou a mais utilizada. Atualmente,

ela é unanimidade na mídia: é muito raro encontrarmos

um filme, um outdoor ou um editorial de moda sem

cores.

As cores nos permitem registrar o mundo com mais

precisão, mas as fotos preto e branco ainda vivem. Pode

ser por causa de uma nostalgia crônica presente em

todas as gerações. Entretanto, a maioria das pessoas

concordam com um simples motivo: as cores podem

nos distrair do que realmente interessa em uma foto. A

emoção, as formas e as texturas aparecem muito mais

em um registro sem esta distração.

um dia nublado já não tem cores mesmo…

77. ilha grande/RJ

Page 131: Dicas de fotografia   por claudia regina

131

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foto

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crív

eis

78. a

ngel

ica

e le

andr

oRetratos

Page 132: Dicas de fotografia   por claudia regina

132

a direção afetiva busca sensações que vão além da foto.

79. j

osi e

and

Introdução à Direção Afetiva

O que falar quando vamos fotografar uma pessoa? Como deixá-la à vontade e evitar

a trava que acontece quando apontamos uma câmera? De onde vem aquele sorriso

verdadeiro e aquele olhar de cumplicidade que nos encontra do outro lado da foto?

Page 133: Dicas de fotografia   por claudia regina

133

com

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iar

foto

s in

crív

eis

80. c

assi

o e

julia

no

Direção é um desses assuntos ignorados em livros de fotografia

gringos. A maioria dos livros que chegam pra nós vêm dos

Estados Unidos e são feitos por pessoas estadounidenses e

para pessoas estadounidenses. É fácil entender o motivo desse

assunto não ser falado nesses materiais: a direção tem uma

ligação direta com nossa forma de se relacionar.

No Brasil e no restante da América Latina nosso jeito de se

relacionar é pessoal e acolhedor, mesmo com algumas variações

entre campo e cidade. A gente se encosta, convida prum café e

abre a geladeira na casa dos outros. Essa atitude acolhedora só

deixa de existir naquelas classes que tentam imitar o jeito frio

de quem está há centenas de anos nos explorando.

As dicas de direção gringas, normalmente baseadas em “coloque

a mão da pessoa pra cima” e “mexa a cabeça dela pra tal

posição”, são mecânicas e objetificantes. Talvez até funcionem

quando lidamos com modelos profissionais, mas reproduzir esse

passo-a-passo com a maioria das pessoas é garantia de criar

uma situação incômoda. Mas tem como fazer diferente?

Page 134: Dicas de fotografia   por claudia regina

134

81. tathiana

Durante todo o ano de 2014 levei uma oficina de

Direção Afetiva para todos os estados do Brasil. De

janeiro a dezembro, de região em região. Eu e as

pessoas que participaram desta oficina desenvolvemos

– em conjunto – uma direção mais lúdica, mais

empática e mais política.

Esses três pilares são assunto suficiente para outro

livro, admito! Mas tentarei trazer aqui uma introdução

que possa te ajudar a lidar melhor com as situações

que aparecem quando você vai fotografar pessoas.

“O que eu faço?”

Aponte uma câmera para alguém e espere alguns

segundos. Logo, a pergunta virá. “O que eu faço?”

Pode ser que a pergunta não venha verbalizada. Pode

ser que ela venha somente com uma carinha de dúvida.

Pode ser que ela venha em formato de pose-e-sorriso-

de-festa. Pode ser que venha através de um olhar

desviado ou de um olhar ensaiado. Mas ela virá.

Page 135: Dicas de fotografia   por claudia regina

135

com

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crív

eis

E ela vem porque toda vez que alguém aponta uma câmera pra gente, gostando ou

não, nós de repente sentimos uma autoconsciência em relação ao nosso corpo e

nossa presença. É como se estivéssemos vivendo a vida tranquilamente e, ao ter uma

câmera apontada para nós, lembrássemos que nosso corpo está ali. E é por isso que

nessa hora não sabemos muito bem o que fazer com ele. E perguntamos, com a boca

ou com o corpo, o que fazer.

O primeiro passo para uma direção, afetiva ou não, é responder a essa pergunta. A

cada dois segundos. Toda vez que você estiver apontando uma câmera para alguém.

(Depois disso, a pergunta “E agora?” virá. Responda essa também e repita o processo.)

Esse primeiro passo já é difícil o suficiente de seguir. Principalmente porque quando

gostamos de fotografia temos uma certa mania de ficar acariciando os botões da

câmera e pensando na luz, na composição e nas configurações ao invés de olhar para

o ser vivo que está ali parado na nossa frente. Se você mora numa cidade grande,

vá para um parque no sábado à tarde e observe os ensaios acontecendo: você verá

uma pessoa desconfortável posando e uma pessoa continuamente olhando para uma

telinha para ver se suas fotos estão ficando boas.

81a. alcinda e manoel

Page 136: Dicas de fotografia   por claudia regina

136

82. r

ita e

ped

ro

Praticar a direção afetiva é parar de se preocupar tanto em como está ficando a foto

e passar a se preocupar em como está ficando a pessoa fotografada.

(Na verdade, o primeiro passo se resume em deixar de ser narcisista. Se você nasceu

no Ocidente depois da Segunda Guerra Mundial, boa sorte com esta tarefa!)

E o segundo passo é ter uma resposta para a pergunta “O que eu faço?”

Por algum motivo existem algumas respostas que

saem automaticamente da nossa boca. Todas elas são

terríveis e devem ser evitadas a todo custo – a não ser

que você fale tudo como se estivesse cantando uma

linda poesia envolvente, como é o caso de uma querida

soteropolitana que encontrei nessas andanças.

As respostas proibidonas são:

• Pode agir naturalmente

• Faça o que quiser!

• Finja que eu não estou aqui!

• Agora dá um sorriso!

Page 137: Dicas de fotografia   por claudia regina

137

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eis

A primeira é um dos pedidos mais danados que podemos fazer pra alguém para

quem estamos apontando uma câmera (muitas vezes enorme.) Agir naturalmente

nessas situações é travar e se sentir desconfortável.

Pedir para a pessoa fazer o que ela quiser é a mesma coisa que falar: “Sabe as

trocentas milhões e infinitas possibilidades de coisas que podem ser feitas no

mundo? Então, escolhe uma aí você, porque eu estou ocupada.” Fotógrafa: tome essa

responsabilidade de volta, pois ela te pertence!

Fazer fotos sem que a pessoa perceba é um jeito de conseguir fotos espontâneas,

mas não é sempre esse o caso. Não adianta pedir pra ela fingir que você não existe:

se ela já te viu, será impossível desver.

Já os dentes demais (crianças) ou dentes de menos (adultos) que aparecem quando

pedimos um sorriso deveriam ser motivo suficiente para nunca mais fazermos isso.

Todas as pessoas ficam radiantes quando estão sorrindo, com ou sem dentes, mas só

quando estão realmente sorrindo. Isso vale para outras expressões também: já tentei

pedir para um casal olhar entre si com um olhar apaixonado, já tentei pedir para uma

pessoa ficar assim, mais introspectiva, sabe? Mas não dá. Só modelos profissionais

sabem imitar um sorriso, um olhar ou uma expressão pra vender margarina. Gente

como a gente só sabe expressar sentindo.

83. josi

Page 138: Dicas de fotografia   por claudia regina

138

84. a

ndre

ssa

e m

arin

a

As poses

Quando conseguimos

evitar esses pedidos,

acabamos caindo na

opção gringa de direção:

responder à pergunta “O

que eu faço” pedindo uma

pose. Só que poses são

tudo que há de ruim da

fotografia de pessoas. Se

você já tentou posar para

uma série de fotos, com

certeza tem um motivo

para não gostar de poses.

Vou contar três dos meus.

Motivo número um: poses nos deixam desconfortáveis

Imagina a situação. Estou fotografando uma pessoa, e resolvo colocar ela numa

pose. Pode ser uma pose que eu inventei na hora ou uma que eu vi em um desses

horripilantes guias de poses que se encontram por aí. Começo a pedir:

– Então, senta ali. Isso. Agora, hmmmm, estica um pouco a perna. Não, a outra perna.

Agora, coloca a mão assim encostada no ombro. Agora vai virando a cabeça na minha

direção. Devagar! Não, volta um pouquinho. Isso! Perfeito! Agora dá aquele sorriso.

*CLICK*

Page 139: Dicas de fotografia   por claudia regina

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eis

85. paula

Por que essa situação é tão incômoda para quem está

posando? É porque provavelmente não é uma posição

em que a pessoa costuma colocar seu corpo no dia

a dia e, principalmente, porque posar é baseada em

correções.

A cada frase do tipo “Coloca a perna ali, coloca o

braço mais pra cá, vira a cabeça assim mais pra acolá”,

estamos na verdade dizendo: “Você está fazendo errado.

Você está fazendo errado. Você está fazendo errado”.

E essa mensagem não é muito acolhedora, né?

Motivo número dois: poses nos transformam em outra pessoa

Não interessa quantos livros ou guias de

pose você decorar. Mil poses nunca serão

o suficiente para representar a infinita

variedade e combinações de movimentos

que existe em cada um de nós. Por mais

que a foto fique boa.

Page 140: Dicas de fotografia   por claudia regina

140 Um moço me contou, certa vez, que durante as fotos do seu casamento o fotógrafo

pediu que ele fizesse muitas poses. Uma delas era em um piano de cauda que existia

no espaço. Ele deveria fingir que estava tocando enquanto sua noiva deitava em

cima do piano de forma glamurosa. Diz ele que a foto ficou um espetáculo. Mas

ele e a esposa morriam de vergonha dela, pois não tinha nada a ver com eles. Eles

eram super casuais e despojados, e naquela foto quadrada eles foram somente

bonequinhos para o prazer do fotógrafo.

O mesmo vale para produções, maquiagens e outros acessórios, pois esses artifícios

foram feitos justamente para transformar aquela pessoa em outra.

Motivo número três: poses não nos representam

As poses nos livros e nos guias são sempre limitadas na representação de pessoas.

Um guia de poses de mulheres sempre vai ter mulheres de um certo biotipo (aposto

que não preciso te explicar qual.) E aí, quando você for fotografar uma mulher como

eu, que não tem cabelo, aquela pose de mexer e esvoaçar as madeixas não vai ajudar

em nada. O mesmo vale para quando você for fotografar uma pessoa gorda (as

dos guias são sempre magras), o mesmo vale para quando você for fotografar uma

pessoa cadeirante (as dos guias nunca têm deficiência), o mesmo vale para quando

você for fotografar um casal homosexual (os casais dos guias são sempre homem e

mulher, magros, brancos, ele mais alto que ela.) E por aí vai.

86. cecília

Page 141: Dicas de fotografia   por claudia regina

141

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crív

eis

Na melhor das hipóteses, tentar encaixar as pessoas em poses cria desconforto. Na

pior, constrangimento.

Embora desconforto e constrangimento não nos impeçam de fazer fotos bonitas,

o nosso objetivo aqui não é só fazer fotos bonitas, e sim evitar desconforto e

constrangimento. Este já é um objetivo por si só.

Mas, se não é pra pedir as proibidonas ou as poses, o que digo então?

87. vivien e lorraine

Um movimento de distração

Sabemos que apontar a câmera causa autoconsciência,

então uma das formas de evitar que essa

autoconsciência traga também desconforto é pedir para

a pessoa fazer algo com esse corpo e mente que foram

(re)descobertos.

Page 142: Dicas de fotografia   por claudia regina

142

88. andrea

Conseguimos fazer isso pedindo para que a pessoa use

seu corpo – considerando as possibilidades motoras

de cada uma – e sua imaginação de forma lúdica,

interessante, inesperada ou desafiadora.

Todo tipo de movimento serve para esse propósito. Os

conjuntos de pessoas e situações é que vão ditar as

ideias. Mas vou dar alguns exemplos para sairmos do

abstrato.

Se estou fotografando uma pessoa no parque e ela tem

um jeito sapeca, posso fazer um pedido singelo como

“sobe naquela árvore ali!” É um pedido simples, mas

que é desafiador, e desde a reação ao pedido já saberei

se é algo que deixa a pessoa mais ou menos à vontade.

A ideia não é fazer uma foto de pessoa subindo

em árvore. Este é somente o recurso utilizado para

conseguir trazer as expressões verdadeiras da pessoa.

Page 143: Dicas de fotografia   por claudia regina

143

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eis

O mesmo vale para movimentos da imaginação.

Posso pedir para uma pessoa fechar os olhos e

sentir o sol batendo na sua pele, escutar o canto dos

passarinhos e imaginar que está flutuando em uma

pequena nuvem no céu enquanto toma um picolé de

abacaxi que acabou de comprar na Rua XV.

Um movimento pode ser grande ou pequeno, pode

ser pedir pra pessoa subir numa árvore ou fazer

carinho no próprio cotovelo, pode ser uma interação

com o próprio corpo, com outra pessoa ou com o

ambiente, pode envolver o corpo, a imaginação, ou os

dois ao mesmo tempo. O essencial é pedir de forma

objetiva. Pedir pra “ir ali e fazer alguma coisa” não é o

suficiente. É preciso especificar e trazer detalhes.

Sugerir esses movimentos simples e diretos já é o

suficiente para criarmos situações espontâneas e

expressivas, e é o primeiro passo para começarmos

a fazer uma direção afetiva. Depois disso podemos

ir além e explorar outras ações e imaginações que

trabalhem memórias, desejos e autoconhecimento.

Dê um feedback constante

Não tem certeza se tudo que falei até agora faz

sentido? Está com o pé atrás e não sabe se vai querer

aplicar essas ideias malucas? Tudo bem. Mas eu

tenho uma dica final que deve servir até para você.

Sempre que alguém está tirando uma foto nossa,

ficamos em dúvida se está ficando bom. Quando

alguém pede pra gente subir numa árvore, não temos

certeza se era assim mesmo que era pra fazer. Quem

está com a câmera tem o controle nas mãos pois

decide quando clicar e sabe como está ficando. Quem

está do outro lado não tem nenhum controle. Só

dúvidas.

Dica

Cuidado para não acabar

corrigindo movimentos

assim como fazemos com

as poses. Se você acha que

aquela dança entre o casal

vai ficar mais bonita se ela

colocar o braço mais pra lá,

pedir pra ela fazer isso vai

ter o mesmo resultado de

corrigir uma pose.

Page 144: Dicas de fotografia   por claudia regina

144

90. juliana

89. l

aris

sa

Resolver isso é muito simples. Diga que está tudo certo.

As frases mágicas são: “É isso mesmo!”, “Perfeito!”, “Está

ficando ótimo”, “Nossa, que linda ficou essa foto!” Repita

essas frases o máximo que puder. Mesmo que seja

mentira. Mesmo que você tenha esquecido de tirar a

tampinha da lente. “Ficou perfeita”.

Page 145: Dicas de fotografia   por claudia regina

145

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Um aconchego e um ouvido

A fotografia de pessoas tem uma peculiaridade: a relação entre quem está do lado de

cá e de lá da câmera faz a diferença.

Para facilitar isso, é legal que exista um aconchego nesta relação. Normalmente, uma

conexão acontece antes mesmo do primeiro encontro. Numa situação profissional,

por exemplo: uma cliente vê meu portfolio, lê o que e como escrevo e já leva suas

impressões e afinidades para o nosso encontro. É essencial deixar claro que você é

um ser humano antes de tudo. É mais importante ainda deixar claro qual ser humano

você é.

Conhecer e ouvir são a segunda parte dessa relação. Saber se esse é o tipo de

pessoa que sobe em árvore, que gosta de picolé de abacaxi ou que tem uma

história especial que aconteceu na Rua XV é parte importante da afetividade na

direção. É se importar. Dependendo da pessoa, as mesmas brincadeiras e sugestões

podem ser perfeitas ou bastante inadequadas. Falar “feche os olhos e agora pense

que um homem lindo está cheirando seu cabelo!” pode funcionar com uma moça

heterossexual, mas não com uma lésbica ou com uma que não tenha interesse em

relacionamentos afetivos. Evite momentos chatos e não se baseie em estereótipos.

90. juliana

Page 146: Dicas de fotografia   por claudia regina

146 Quem trabalha ou quer trabalhar com fotografia pode tentar fazer isso formalmente.

Eu enviava algumas perguntinhas bem gostosas de responder para todas as clientes

que eu ia fotografar. Mas, na verdade, o conhecer acontece mesmo no momento das

fotos. Todo mundo tem histórias pra contar. É só perguntar e ouvir. As fotos podem

ficar para os intervalos.

No fim, essa empatia é o mais importante. Mais importante, diga-se de passagem, do

que fotos bonitas.

Mas, mas, mas… É o que a pessoa quer!

De todos os “mas” que surgiram nas dezenas de oficinas pelo Brasil, esse sempre foi o

mais presente:

“É tudo muito bonito o que você está falando mas… E quando não é o que a pessoa

quer? As pessoas querem parecer diferentes. As pessoas querem poses que as façam

mais glamurosas ou parecidas com modelos de margarina. As pessoas querem

esconder o que elas realmente são pois elas não se gostam! E aí?”

Sim, é verdade. Tem pessoas que querem exatamente isso mas… Você concorda?

Se concorda, vá em frente. Se não, faça de outro jeito. Você escolhe ser parte do

problema ou da solução.

Page 147: Dicas de fotografia   por claudia regina

147

com

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iar

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eis

Técnicas para retratos

Os olhos e o rosto

No capítulo sobre foco já contei que a regra mais importante de foco em retratos é:

foque sempre no olho!

Os olhos costumam ser a parte mais expressiva do rosto. Se a pessoa estiver olhando

diretamente para a câmera é ainda mais importante que eles estejam em foco.

O ideal é que os dois olhos fiquem em foco, mas se a

pessoa estiver em um ângulo que só permita focar em

um deles, prefira focar naquele que está mais próximo

da câmera, pois ele está mais em evidência.

Lentes indicadas

Teleobjetivas (como a 85mm)

com abertura grande (como

f/1.2, f/1.4, f/1.8 e f/2.8).

Configurações

use aberturas maiores para

desfocar o fundo e deixar a

pessoa em evidência.

91. p

risci

la

Page 148: Dicas de fotografia   por claudia regina

148

faça o foco no olho que está

mais próximo da câmera.

92. fi

ona

Page 149: Dicas de fotografia   por claudia regina

149

com

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iar

foto

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crív

eis

O ângulo do olhar pode

fazer muita diferença

na naturalidade de

um retrato. Evite fazer

a pessoa virar o olho

de forma que não seja

natural para ela. Para isso

o ideal é que a pessoa

esteja olhando mais ou

menos na mesma direção

para a qual o rosto está

virado.

olhos voltados para onde

costumam estar voltados

significam resultad

os

naturais e agradáveis.

É legal oferecer um espaço no quadro para onde a pessoa possa se virar. A

composição dos retratos tradicionais sugere que a pessoa esteja sempre inclinada

para dentro da foto, não para fora.

ofereça espaço na direção para onde o rosto e o olhar estiverem virados.

93. b

arba

ra

94. l

etíc

ia

Page 150: Dicas de fotografia   por claudia regina

150 Os olhos estão bem no centro da nossa cabeça. Abaixo

deles, temos todas as outras feições e o restante

do corpo. Acima deles, temos somente a testa. Se

centralizarmos a linha dos olhos verticalmente, teremos

um vazio que desequilibra a composição no topo do

quadro.

nesta foto a linha dos olhos está no terço superior do quadro, tudo bem cortar um pedaço da cabeça!

Neste caso, a sugestão para fotos de rosto é colocar os

olhos na linha superior da regra dos terços. Às vezes,

pode ser necessário cortar o topo da cabeça. Mas não

se preocupe, na composição ele não faz tanta falta!

95. lilyan

Page 151: Dicas de fotografia   por claudia regina

151

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

cuidado onde sua foto corta as pessoas.

Enquadramento...

Ao fazer fotos de rosto,

evite fazer o corte nas

bordas (exatamente no

queixo ou no topo da

cabeça). Se é pra fazer

um corte próximo, chegue

bem pertinho. Se é pra

fazer um corte mais

afastado, mostre um

pouco de pescoço;

Se mostrou cotovelos,

mostre mãos. Se mostrou

joelhos, mostre pés;

Evite cortar a pessoa

em partes do corpo

que dobram (tornozelo,

joelhos, cintura, cotovelos,

pescoço, pulsos).

se quiser fazer um retrato “sem cabeça”,

ao invés de cortar exatamente no pescoço,

inclua uma parte do rosto.

96. f

abio

la

Page 152: Dicas de fotografia   por claudia regina

152

97. taysa

Retratos contextualizados

Nos retratos nada deve chamar mais atenção do que a pessoa. Fundos e roupas

neutras garantem que isso aconteça, mas usar somente elementos neutros pode

resultar em fotos banais e simplórias.

É possível incluir elementos em retratos que façam parte da composição ou que

ajudem a contar a história da pessoa fotografada, desde que o fundo não brigue pela

atenção do olhar.

esta é a foto

original.

um corte exatamente

na borda do queixo

faz a composição ficar

esquisita.

decida se vai mostrar um pouco de pescoço...

ou se vai

cortar

bastante.

Page 153: Dicas de fotografia   por claudia regina

153

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

a paisagem faz parte

integrante da foto,

dando contexto ao

momento retratado.

o fundo dá o contexo para

os dançarinos, mostrando

que estão na rua, gra

ças

ao quiosque, e mostrando

também a reação dos

amigos que assistem.

98. m

aira

e b

ryce

99. r

io d

e ja

neiro

/RJ

Page 154: Dicas de fotografia   por claudia regina

154

Você pode usar esta luz lateralmente, dando volume e profundidade ao rosto. Você

pode usar esta luz de fundo, criando uma silhueta. Também dá pra usá-la de fundo

deixando a janela superexposta, criando um banho de luz.

foto usando

a luz da

janela latera

lmente.

A luz da janela

A luz da janela é adorada por muita gente! Ela não é

exatamente uma fonte de luz: o que ela faz é moldar a

luz que vem lá de fora.

Coloque uma pessoa ao lado de uma janela onde não

esteja batendo luz do sol direta (ou que tenha uma

cortina deixando a luz mais suave) e você conseguirá

fazer um lindo retrato.

100.

fabí

ola

Page 155: Dicas de fotografia   por claudia regina

155

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

foto usando a janela como luz de fundo, bem superexposta. silhueta com a luz da janela.

101.

fabí

ola

102.

julia

Page 156: Dicas de fotografia   por claudia regina

156

Estúdio ou locação externa?

Vantagens do estúdio:

Clima (pode estar chovendo lá fora e dá para continuar fotografando);

Dá pra criar todos os efeitos de luz que você imaginar, pois a luz está sob seu

total controle;

O tempo é todo aproveitado fazendo fotos (não é preciso ir conhecer a

locação, ficar andando de um lado pro outro).

Vantagens da locação externa:

O ambiente é mais natural e não intimida pessoas que não são modelos;

Dá pra fazer lindas fotos com a luz do sol nas suas diversas formas, que além

de tudo é de graça e nasce para todas;

É possível incluir outros elementos na composição, dando contexto e criando

interesse;

Lugares diferentes permitem exercitar a criatividade e conseguir resultados

únicos a cada ensaio.

uma textura criadapor janelas e persianaspode deixar a luzinteressante

103. erika

Quando o sol está

batendo na janela

diretamente é

possível criar efeitos

mais dramáticos,

principalmente se você

usar grades, persianas

e outros elementos que

criem texturas.

Page 157: Dicas de fotografia   por claudia regina

157

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Fotos de crianças

O mais difícil de fotografar crianças é controlar as

pessoas adultas em volta! Precisamos implorar para as

pessoas grandes brincarem e ficarem à vontade, mas

crianças fazem isso naturalmente. O maior desafio é

impedir pais e mães de podarem a criançada e dizer

“olha lá pra tia! dá um sorriso pra tia!”

Transforme o ensaio em uma brincadeira. Brinque com

a criança. Deixe-a brincar.

Se o seu objetivo é trabalhar com ensaios infantis

profissionalmente, lembre-se que hoje muita gente

gosta de fotografia, e pais e mães às vezes têm o

mesmo equipamento que você! O papel de profissionais

é registrar aquilo que a família não consegue: a

relação. Fotos da criança sozinha são importantes, mas

o carinho de toda a família é o que faz esse tipo de

ensaio especial.

104. olivia

Page 158: Dicas de fotografia   por claudia regina

158 fotos da família interagindo com a criança são as mais especiais.

Dica

Para conseguir fotos

bonitas em que as crianças

olham para a câmera

naturalmente, você pode

usar um baffle. Um baffle

é um acessório que se

encaixa na lente e pode

ter formato de bichinhos

e personagens. Você

pode comprá-lo pronto

em algumas lojas e pode

também fazer em casa, de

EVA ou crochê.

Dicas técnicas

Crianças correm e não param para a foto! Por isso, corra

junto e use um tempo de exposição rápido o suficiente

para que todas as imagens não saiam borradas. Uma

boa lente com autofoco rápido também pode ajudar

bastante.

105. raphael

Page 159: Dicas de fotografia   por claudia regina

159

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

ao invés de impedir a criança de correr, corra junto e seja rápida no gatilho!

locações externas dão mais

liberdade para a criança e

para você. só tome cuidado

com dias muito quentes ou

muito frios.

As lentes mais indicadas

para fotos infantis são

aquelas versáteis, que

nos permitem captar a

foto mesmo se a criança

estiver escondida em um

cantinho ou correndo

no parque: lentes zoom,

como a 24-70mm, são um

bom exemplo.106. lucas

107. bella

Page 160: Dicas de fotografia   por claudia regina

160

Gosta de fotografar bebês? Existem muitas vertentes,

desde as fotos posadas de recém nascidos até as fotos

que mostram mais do dia a dia da família.

Independente do estilo que mais te interessa, lembre-

se que, assim como nas fotos de crianças maiores, a

interação de papais e mamães com seus bebês é o que

faz falta nas fotos pessoais.

todo mundo gosta dos pequenos detalhes de bebês.

Embora seja possível fazer ensaios infantis em estúdio,

a limitação física pode ser um problema para a parte

da brincadeira. Fotos com luz natural e em espaços

mais amplos permitem mais liberdade tanto para você

quanto para a criança.

108. laura

Page 161: Dicas de fotografia   por claudia regina

161

com

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iar

foto

s in

crív

eis

Fotografia de paisagens e viagens 10

9. h

avan

a, cu

ba

Page 162: Dicas de fotografia   por claudia regina

162

O maior desafio das fotos durante passeios pelo mundo

é que a fotografia faça parte da viagem sem atrapalhar!

Quem viaja com você?

O nosso problema número um é com quem viajamos. Já

viajei sozinha, com colegas e com a família. É inevitável:

quem quer fotografar vai andar um pouco mais devagar,

parar mais vezes e querer esperar “só mais alguns

minutinhos” até a luz ficar perfeita.

Se você está viajando com alguém é preciso achar o equilíbrio combinando um

cronograma um pouco mais folgado do que normalmente seria. Com mais tempo

entre cada atividade é possível fotografar tranquilamente sem ninguém ficar

impaciente com você.

Se a pessoa com quem você costuma viajar não tem nenhuma paciência para

seus devaneios fotográficos, é melhor escolher outra companhia na próxima

oportunidade!

110. ilha grande/RJ

Page 163: Dicas de fotografia   por claudia regina

163

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foto

s in

crív

eis

Viaje por mais tempo

Várias pessoas têm a oportunidade de tirar 30 dias de

férias por ano. Que tal viajar esses 30 dias ao invés

de vender parte das férias pra chefe? Ficar por várias

semanas em um destino faz você entender muito melhor

o local e seus costumes. Nos primeiros dias no Rio de

Janeiro você já mata as atividades obrigatórias, como ir

no Cristo Redentor, onde dificilmente você vai tirar fotos

diferentes de outras milhões de turistas, e sobra tempo

para as fotos realmente especiais.

Só depois de um tempo é possível entender a energia de

um lugar. E é isso que faz a maior diferença nas imagens

que criamos e na própria vivência de viagem.

Sei que viajar por bastante tempo não é fácil (e nem barato, dependendo como e pra

onde você vai). Mas se não for possível ficar um mês inteiro viajando, considere ficar

o tempo todo em um só lugar. Evite viagens do tipo “conheça 20 países da Europa

em 15 dias”. Fotos interessantes de viagem contam histórias e a gente só conhece

histórias com tempo. Fotos de paisagem precisam ser planejadas, o que também

demanda tempo. Ou seja: tempo é essencial. E não só suas fotos ficarão mais bonitas

assim, mas também suas experiências.

111. naarden, holanda

Page 164: Dicas de fotografia   por claudia regina

164 Crie um dia da fotografia

Se seu objetivo da viagem definitivamente não é fotografar, ou quem viaja contigo

não curte muito a ideia de mudar o cronograma por causa disso, planeje e negocie

um dia da fotografia. Ali pela metade final da viagem, separe um dia dedicado às

fotos. No nascer do sol, volte a algum lugar que você achou interessante; caminhe

sem rumo para fotografar detalhes durante o dia; e vá para outro local bonito no pôr

do sol.

No dia da fotografia você

pode se preocupar só com

as imagens que quer criar.

Sem passeios apertados,

e atividades turísticas

corridas.

O legal é que fotografar

pode ser um jeito de ver

as coisas com muito mais

atenção e cuidado aos

detalhes. Quem sabe você

volta com uma história

especial no fim do dia?

112.

círc

ulos

de

mor

ay, p

eru

Page 165: Dicas de fotografia   por claudia regina

165

com

o cr

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foto

s in

crív

eis

Fotografar ou descansar?

Durante suas férias, evite levar junto a pressão da fotografia perfeita. Você não

precisa voltar das suas viagens com as fotos mais lindas já feitas no universo. Se esta

não é a sua profissão, aproveite as férias para realmente limpar a mente e deixá-la

novinha em folha para novas ideias quando voltar pra casa.

Deixe que as fotos bonitas

sejam uma consequência

de boas experiências, não

uma obrigação.

113.

con

gonh

as/M

G

Page 166: Dicas de fotografia   por claudia regina

166 A sua foto da Torre Eiffel é igual a todas as outras?

Em inglês existe uma palavra da fotografia chamada

snapshot. Uma snapshot é a foto que a turista faz

quando desce do ônibus, aponta para um lugar incrível,

tira uma foto, volta pro ônibus e vai pro próximo lugar

incrível.

Fotos assim são aquelas sem nenhum cuidado com

a composição e normalmente resultam em algo sem

graça e batido. Quer um exemplo? Que tal a famosa

foto da Torre Eiffel?

nem dá pra dizer que a foto é minha, porque todo mundo já fez uma igual.

Antes de fazer uma foto, gosto de me perguntar:

• Estou fazendo essa foto só para provar para os outros que estive em um lugar

bonito?

• Se eu fizer uma busca na internet vou encontrar centenas de fotos iguais à que

estou prestes a fazer?

• Estou fotografando só porque é o que se espera de alguém com uma câmera

enorme?

Page 167: Dicas de fotografia   por claudia regina

167

com

o cr

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foto

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crív

eis

gosto mais de uma foto menos óbvia.

pense em projetos

que te façam sair

para fotografar

na

sua cidade!

Se a resposta para

qualquer uma dessas

perguntas for sim, acho

melhor guardar a câmera

e deixar pra lá.

Hoje procuro fotografar

somente quando estou

fazendo isso pelo prazer

de criar uma imagem

bonita e criativa.

Fotografe a sua cidade

Lembra que eu disse que precisamos de tempo para

conhecer bem os lugares e assim fotografá-los melhor?

Pois bem: passamos a maior parte do nosso tempo na

nossa própria cidade!

114. paris, frança

115. rio de janeiro/RJ

Page 168: Dicas de fotografia   por claudia regina

168 Você pode fotografá-la com as vantagens que todas

as turistas que a visitam não possuem: você conhece

suas histórias e segredos como ninguém, está presente

todos os dias, e se a luz não ficar muito boa hoje você

pode voltar no dia seguinte. Não se acomode em casa,

seu olhar sobre a sua própria cidade é especialmente

incomparável.

Técnicas para fotos de paisagens e viagens

O que levar?

Viajar pode ser cansativo: é comum bater mais perna do que faríamos em casa, para

aproveitar a viagem ao máximo. Para não ficar com um torcicolo no final do dia,

procure levar poucos equipamentos. A câmera, uma ou duas lentes e os cartões de

memória são o suficiente.

Tripés são grandes e

precisam ser despachados

em aeroportos. Se quiser

algo mais compacto

invista em um estilo

gorillapad: ele é um

pequeno tripé com pernas

flexíveis, que pode ser

usado tanto no chão

quanto agarrado em

objetos (como grades e

postes).

Lentes indicadas

Grande angulares permitem

mostrar toda a paisagem,

e lentes zoom possuem

versatilidade para não

carregarmos muito peso

durante as viagens.

Configurações

Use aberturas mais fechadas

para conseguir manter toda a

paisagem em foco (como f/11).

E não esqueça o tripé!

Page 169: Dicas de fotografia   por claudia regina

169

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foto

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crív

eis

Dica

Fotos interessantes contam

histórias. É assim que

decidimos o que vamos

fotografar: quais histórias

você quer contar? É uma

história de beleza, de

cultura, de gente? Antes de

apontar e clicar, pense qual

história você quer contar.

Em busca da luz ideal

Embora a gente precise considerar todos os fatores na

hora de usar a luz natural (falei sobre isso na página

125), para aquelas fotos de paisagens canônicas é

inevitável buscar a hora mágica. Dizem as fofocas que

revistas de fotografia nem consideram uma foto que

não tenha sido feita neste horário!

na hora mágica é possível registrar lindas cores em fotos de paisagens.

É preciso se planejar de acordo com o nascer e com o

pôr do sol para conseguir fotos deste estilo. E o mais

interessante de fotografar nos horários mais bonitos

é que a maioria das pessoas que saem só para turistar

estarão no hotel.

116. oberhofen am thunersee, suíca

Page 170: Dicas de fotografia   por claudia regina

170 Quando fui para Paris não acreditei no que vi: durante o dia a frente do Louvre

estava sempre lotada. Uma multidão fazendo as fotos clássicas. Mas foi só chegar o

final do dia e todo mundo sumiu. O museu mais visitado do mundo estava deserto

enquanto o céu dava um espetáculo de cores.

louvre na hora mágica. acorde cedo, ouça

os passarinhos e

faça fotos bonitas.

Acordar cedo e chegar no

local da foto pelo menos

uma hora antes do sol

nascer é outra forma de

conseguir fotos bonitas e

sem turistas. Não tenha

preguiça: desde que seja

seguro, a experiência

de passear antes de

todo mundo acordar é

especialmente gostosa!

É como se o mundo fosse

só seu. E você pensa que

em megalópoles como

Londres não dá mais pra

ouvir os passarinhos? Se

você pegar o primeiro

trem às 5 da manhã

garanto que dá.

117. paris, frança

118. londres, inglaterra

Page 171: Dicas de fotografia   por claudia regina

171

com

o cr

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foto

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eis

Como a hora mágica pode durar bem pouco (às vezes a luz mais linda dura somente

alguns minutos) é muito importante você ir durante o dia para o local escolhido

e já planejar os ângulos e a composição. Algo que ajuda bastante também no

planejamento é usar um aplicativo no computador ou no celular para saber

exatamente onde o sol irá nascer/se pôr e os horários exatos. Tente ir para o local

escolhido já sabendo a foto que pretende fazer.

Como fazer fotos de longa exposição

Fotos com uma cachoeira toda aveludada ou um mar

todo esfumaçado geram um interesse enorme. quem não gosta de uma cachoeira aveludada?

Esse efeito é resultado de

uma técnica bem simples

chamada longa exposição.

É fácil realizar esse tipo

de foto. É só colocar a

câmera no tripé e usar

exposições longas (que

podem ter de 1 segundo

a vários minutos.) Usando

uma exposição longa tudo

que se mexe na cena irá

ficar embaçado.

Para fazer fotos assim

você começa deixando

o ISO no mínimo

(normalmente é o ISO 100

ou 200) e a abertura mais

fechada que sua câmera

permitir (normalmente

fica entre f/22 e f/29).

119. skogafoss, islândia

Page 172: Dicas de fotografia   por claudia regina

172

Para chegar na fotometria

adequada, precisamos

então compensar a pouca

entrada de luz causada

pelo ISO baixo e pela

menor abertura com o

tempo de exposição bem

longo.

Isso é fácil de fazer à

noite, por exemplo, mas

bem mais complicado

quando existe luz demais

(como durante o dia ou

mesmo no amanhecer ou

anoitecer.)

Às vezes, mesmo

deixando o ISO lá em

baixo e o diafragma bem

fechadinho, ainda tem luz demais. Aí o tempo de exposição não é longo o suficiente

para conseguir o efeito bonito que procuramos.

A solução ideal para situações assim é usar um filtro de densidade neutra (ND). Tudo

que este filtro faz é deixar passar menos luz para a câmera, permitindo que você use

exposições mais longas sem mudar outras características da foto.

Se você não tem um filtro ND ainda sobram duas opções: usar outros filtros que

também deixam passar menos luz (como o filtro polarizador) ou fotografar em RAW

superexpondo a foto para arrumar depois na pós-produção. É trapaça, mas o negativo

digital consegue manter muitas informações então pode ser uma alternativa pra

quando não temos outra escapatória.

120.

ver

anóp

olis

/RS

Page 173: Dicas de fotografia   por claudia regina

173

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

foto original. depois de corrigir a exposição usando o Lightroom.

121.

sko

gafo

ss, i

slân

dia

Page 174: Dicas de fotografia   por claudia regina

174 E se eu não levar o tripé?

É quase impossível fazer longuíssimas exposições sem tripé, mas às vezes dá pra

dar um jeito. Tripé é assim: quando você fica com aquela preguicinha de carregar o

danado é exatamente quando vai aparecer a oportunidade para usá-lo!

Como não gosto de carregar muitos trambolhos isso acontece bastante comigo.

Nesse caso, costumo fazer o seguinte: primeiro apoio a câmera em um lugar sólido

e firme (na falta de algo assim na locação você pode sentar no chão e usar o joelho

como apoio.) Depois, na hora de clicar, prendo a respiração e aperto o disparador sem

soltá-lo até o fim da foto.

no caso desta foto

coloquei a câmera em

cima de uma das pedras.

a primeira saiu tremida,

mas no fim consegui uma

foto com exposição de 1.6

segundos que, sem tripé,

é teoricamente impossível.

Não é sempre que

funciona, mas depois de

uma ou duas tentativas é

possível que você tenha

sucesso!

122.

ver

anóp

olis

/RS

Page 175: Dicas de fotografia   por claudia regina

175

com

o cr

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foto

s in

crív

eis

A foto sai tremida mesmo com tripé!

Ao apertar o botão disparador você pode fazer a câmera

tremer. O ideal, neste caso, é ter um disparador remoto.

Ele permite que você aperte um botão longe da câmera,

evitando que ela se mexa. Se você não possui um

disparador remoto também dá para ligar o temporizador

da câmera, dando um tempo para ela se estabilizar do seu

apertão no disparador antes de começar a exposição.

Também é importante desligar o estabilizador da lente

(página 27) sempre que você estiver usando o tripé, pois

em muitas lentes o mecanismo usado para estabilizar a

imagem serve para estabilizar a câmera em movimento.

Quando usamos o tripé a câmera já está perfeitamente

parada e o estabilizador pode gerar o efeito contrário:

gerar tremor!

O segredo das fotos com grande-angular

Uma das lentes preferidas entre profissionais para

fazer fotos de paisagens é a grande-angular. Com ela,

você consegue incluir vários elementos na imagem,

mostrando a grandiosidade das paisagens.123. foz do iguaçu/PR

Page 176: Dicas de fotografia   por claudia regina

176 Ao usar esta lente lembre-se de incluir elementos

de vários planos na composição, e assim garantir o

efeito de grandiosidade. Tente chegar perto de pedras,

pessoas e outros objetos de interesse e incluí-los na

composição.

Fotos de paisagem grandiosas mostram desde coisas

que estão longe até coisas que estão próximas.

foto com elementos próximos.

A técnica do cartão preto

A técnica do cartão preto é utilizada para conseguir

fotos bem expostas em situações onde um pedaço da

foto está muito mais claro que o outro. Usamos essa

técnica principalmente em momentos como no nascer

do sol ou pôr do sol, quando a exposição do céu fica

muito diferente da exposição da paisagem. Usar o

cartão preto é uma forma fácil de já ter uma foto bem

exposta sem precisar contar com a pós-produção.

124. floresta negra, alemanha

Page 177: Dicas de fotografia   por claudia regina

177

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Vamos ver um exemplo?

As fotos ao lado foram

feitas um pouco antes do

nascer do sol.

Quando eu queria que o

céu tivesse detalhes, ela

ficou assim:

Para conseguir os detalhes

da paisagem, no entanto,

tive que aumentar o

tempo de exposição.

Consegui os detalhes do

banco... Mas perdi o céu:

Usando a técnica do

cartão preto, no entanto,

consigo uma foto que

tem a exposição correta

tanto no céu quanto na

paisagem:

125.

naa

rden

, hol

anda

Page 178: Dicas de fotografia   por claudia regina

178 A técnica é muito simples: com a câmera em um tripé, você segura um objeto preto

na frente da lente, cobrindo a metade mais clara da foto. No final da exposição, é só

tirar o cartão e deixar a parte mais clara ter sua exposição correta.

Vamos para um passo-a-passo mais detalhado:

1. Faça a medição da fotometria apontando para a parte clara e para a parte escura

da cena, mudando somente o tempo de exposição. No exemplo da foto acima,

usando ISO 100 e f/8, tive uma exposição de 30 segundos para a paisagem e de

3 segundos para o céu.

2. Escolha a exposição mais longa (neste caso, 30 segundos) e coloque o cartão

preto na frente da lente, cobrindo somente a parte mais clara do quadro. Olhe

pelo visor ou use o LCD para checar se o cartão está cobrindo de fato a parte

que você quer cobrir.

3. Aperte o botão do obturador para começar a fazer a foto. Conte os segundos

que se passaram e, quando faltarem os segundos da exposição mais curta, tire

o cartão de frente da lente! Contar de cabeça pode ser um pouco complicado,

então use um cronômetro (como o do celular.) No caso da foto de exemplo, tirei

o cartão quando meu cronômetro chegou em 27 segundos (30 segundos da

exposição da paisagem menos 3 segundos da exposição do céu.)

4. Pronto. Sua foto foi feita usando duas exposições diferentes e ficou linda!

Page 179: Dicas de fotografia   por claudia regina

179

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Essa técnica só funciona com exposições longas, pois

é humanamente impossível tirar o cartão no meio de

uma exposição de meio segundo!

O nome é cartão preto mas você pode usar qualquer

coisa que bloqueie a exposição do sensor da câmera: só

precisa ser um objeto plano, preto e fosco. Eu uso um

caderninho de anotações com capa preta que sempre

carrego comigo.

Se você tem um disparador remoto é uma boa ideia

utilizá-lo: você pode selecionar a opção bulb e contar o

tempo direto no cronômetro.

Enquanto está segurando o cartão na frente da

lente, tente fazer pequenos (bem pequenos mesmo)

movimentos circulares para que a foto não saia com

uma linha muito definida da diferença de exposição.

Existem filtros que fazem algo muito parecido com esta técnica: são os filtros

graduados de densidade neutra (ou, simplesmente, ND-grad.) Eles também

compensam a exposição de uma metade do quadro. A vantagem do filtro é a

facilidade de uso. As desvantagens são limite de pontos (normalmente só até 3

pontos) e localização do gradiente (dá pra colocar o cartão mais pra cima e mais pra

baixo, ao contrário do filtro, caso ele seja circular.)

Inclua pessoas nas suas fotos de viagem

Um dia, ao visitar a Islândia, parei em uma praia muito

peculiar chamada Black Sand Beach e por um momento

decidi fazer fotos de longa exposição das ondas

branquinhas contrastando com a areia preta.

Page 180: Dicas de fotografia   por claudia regina

180 Depois de trocar a lente

com um vento forte,

montar o tripé na posição

correta em cima daquela

areia esquisita, definir a

exposição, fazer o foco

bem direitinho e chegar

na composição final,

comecei a fotografar.

a foto ficou bem

menos ordinária

com as crianças!

126.

bla

ck s

and

beac

h, is

lând

ia

Page 181: Dicas de fotografia   por claudia regina

181

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Estava conseguindo os resultados que queria quando olhei para o lado e notei

algumas crianças correndo em direção à minha cena! Por um momento achei que

elas iriam estragar minha foto e falei uns palavrões dentro da cabeça. Mas logo notei

que uma foto com as crianças ficaria muito mais interessante. Como elas estavam

bem longe, nem perceberam que estariam na minha composição. Continuaram

brincando de fugir das ondas enquanto eu fazia as fotos que, realmente, ficaram

muito melhores do que a primeira.

Muitas vezes queremos uma foto impecável, só com aquela paisagem bonita e nada

mais. Mas figuras humanas trazem perspectiva e contexto para uma imagem, e elas

podem ser a diferença entre uma foto de paisagem bonita, mas sem graça, para uma

foto que chama a atenção.

Sei que muitas vezes não queremos turistas chatas

na foto. Mas, ocasionalmente, ao invés de esperar as

pessoas saírem da sua foto, espere elas entrarem!

127. rio de janeiro/RJ

Page 182: Dicas de fotografia   por claudia regina

182 Fotografia de flores 128

Page 183: Dicas de fotografia   por claudia regina

183

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

. . . Procurar um ângulo diferente é

essencial. Chegar perto da flor e fazer

uma foto de cima pra baixo traz os

resultados mais bobos. Se abaixe,

chegue mais perto, procure um ângulo

menos previsível.

. . . O fundo faz muita diferença.

Desfocar o fundo e deixá-lo

imperceptível dá destaque para

detalhes delicados.

... Uma luz suave resulta em uma

foto suave. Flores são delicadas e a

luz suave (na sombra ou em um dia

nublado) evidencia esta delicadeza.

Quando a gente começa a levar a fotografia a sério nos empolgamos com vários

assuntos que depois percebemos serem bastante batidos. É o caso de fotos de

bichinhos de estimação, autorretratos no espelho segurando a câmera e… florzinhas.

Mas não deixe de fotografar flores por causa disso: elas nos permitem praticar muita

coisa importante de composição e iluminação, e tentar fazer uma foto de flor que

não pareça banal é um ótimo exercício. Aprendemos com elas que...

Equipamentos indicados para fotos de flores

Para conseguir fotos bem próximas o ideal é usar uma lente macro. Mas se você

ainda não possui uma, pode conseguir resultados legais com filtros close-up, que

transformam lentes normais em lentes macro. A qualidade ótica não fica a mesma,

mas é uma opção mais barata para quem está começando ou só se aventurando.

129

130

131

Page 184: Dicas de fotografia   por claudia regina

184

Fotografia de comida

132

Page 185: Dicas de fotografia   por claudia regina

185

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Sanduíches de fast-food são muito mais bonitos nas fotos do que na vida real. Embora seja motivo para indignação, este é o princípio da fotografia de comida! Na vida real você tem o cheiro, a textura e o sabor. Na foto, o único sentido que podemos usar é a visão, e imagens bonitas compensam pelos outros sentidos.

uma foto de ov

os caipiras

com aparência mais

colorida e co

m contexto,

usando luz

natural later

al.

A decisão do estilo de produção depende do local onde a foto será usada. As fotos são para um catálogo? O fundo branco e a produção limpa costumam ser mais adequadas. As fotos são para um site? Combine a produção das fotos com a aparência do site.

Equipamentos indicados para fotos de comida

Um tripé ajuda muito a ter controle enquanto você faz fotos de comida, e uma lente

clara vai garantir bastante desfoque. Uma lente 50mm f/1.8 é ótima para começar a

fazer fotos lindas. Para conseguir uma luz agradável você pode usar a luz natural, que

entra pela janela.

Produção

Antes de começar a clicar devemos nos preocupar com a produção da cena. Você quer uma aparência mais minimalista? Pode trabalhar com um fundo branco e louças discretas. Quer uma aparência mais caseira? Pode usar uma mesa de madeira, pratos com detalhes e guardanapos coloridos. Você pode usar a luz da janela de forma lateral, direta ou de fundo.

O resultado final da fotografia de comida depende muito mais dessa produção do que do seu equipamento.

uma foto de ovo

caipira com aparência

minimalista, usando a luz

da janela vindo de trás.

a luz da janela garante um resultado de qualidade, sem que seja preciso comprar novos equipamentos.

133.

(pro

duçã

o: le

tícia

mas

sula

)13

413

5. (p

rodu

ção:

adr

iana

pita

)

Page 186: Dicas de fotografia   por claudia regina

186

Fotografia da lua (foto usando

uma 200mm)

136

Page 187: Dicas de fotografia   por claudia regina

187

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

esta é a foto da lua que a maioria das câmeras automáticas faz.

A primeira coisa que a gente pensa ao fotografar a lua é que está bastante escuro. Então será como fazer outras fotos noturnas, certo? Errado! A lua é muito brilhante. Ela está refletindo a luz do sol, e por isso fotografá-la vai ser como fotografar de dia.

É por isso também que usar uma câmera automática vai resultar em uma foto

Para conseguir detalhes será necessário usar o modo de medição pontual, explicando para a câmera que o que te interessa é exatamente aquele pontinho branco. Coloque a lua exatamente no centro do quadro, e faça a fotometria de acordo com esta medição.

Para conseguir uma foto em foco a melhor técnica é ligar o visor LCD, aproximar a lua com o zoom, e fazer o foco manual. Se a sua câmera não faz isso, aposte no foco automático.

Dizem que a lua fica maior quando está mais próxima do horizonte, mas isso é pura ilusão de ótica (pois no horizonte conseguimos compará-la à paisagem, e mais tarde ela está perdida em um céu amplo). Como nossas lentes não se iludem como nossos olhos, o posicionamento da lua não faz diferença alguma para seu tamanho na fotografia.

Equipamentos indicados para fotografar a lua

Use a lente de maior distância focal que você tiver. Profissionais usam lentes de mais de 400mm, mas esse tipo de lente normalmente não existe no kit de quem está começando! Você conseguirá fazer fotos da lua usando lentes de 200mm ou 300mm (mas vai ser necessário cortar a foto na pós-produção).

horrível: a câmera vai ver toda aquela escuridão e só um pequeno pontinho claro... e vai fotometrar tentando achar o meio termo. O resultado: o céu continuará escuro e a lua vai virar uma machinha branca no meio daquela escuridão toda.

Page 188: Dicas de fotografia   por claudia regina

188 Fotografia de interiores 137

Page 189: Dicas de fotografia   por claudia regina

189

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

Fotos de arquitetura, decoração ou institucionais podem ser legais de fazer. Como

os objetos não cansam ou piscam podemos preparar a foto com calma e fazer um

registro perfeito em um só clique!

O objetivo dessas fotos

é colocar a pessoa

observadora dentro da

foto, como se ela estivesse

ali. Antes de clicar, ande

pelo ambiente e veja

qual é o melhor ângulo:

o objetivo é mostrar todo

o ambiente mantendo

uma composição

agradável. Preste atenção

nos detalhes: não tem

nenhum fio aparecendo?

As cortinas estão bem

arrumadas? Os móveis

bem alinhados?

Coloque a câmera em

um tripé e ligue o LCD:

será possível ver tudo

que tem na foto, checar

se é melhor mudar algum

objeto de lugar (ou se

tem algum fio no meio do

caminho) e fazer o foco

manualmente.

nesta foto, movi alguns objetos que ficavam no caminho,

retirei fios, e virei as tampas das lixeiras para o mesmo

lado. mexer nesses pequenos detalhes ajuda a tirar

distrações de uma foto que já tem muitos elementos.

138

139

Page 190: Dicas de fotografia   por claudia regina

190 Equipamentos indicados para fotos de interiores

Nesta área uma lente grande-angular é essencial. Com ela podemos mostrar todo

o ambiente de uma só vez e com amplitude. Para evitar distorções não incline a

câmera para baixo ou para cima: a mantenha sempre nivelada com o chão.

centro do objeto.

paralelo ao objeto.

com a câmera paralela evitamos a distorção.

não paralel

o

ao objeto.

não perpendicu

lar

ao centro do

objeto.

com a câmera

inclinada

a foto fica

distorcida.

Page 191: Dicas de fotografia   por claudia regina

191

com

o cr

iar

foto

s in

crív

eis

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Page 192: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 193: Dicas de fotografia   por claudia regina

luz4

Page 194: Dicas de fotografia   por claudia regina

194 Luz é luz

Tem gente que adora a luz do sol, e tem quem gosta

de usar flashes. Tem quem fotografe com a luz que

entra da janela e quem crie a luz do zero dentro de um

estúdio.

Mas não acredite quando alguém falar que gosta de certa luz porque ela é mais

bonita. Pois não interessa de onde está vindo a sua luz: ela é sempre o mesmo

acontecimento físico. Toda luz se comporta igual, seja do sol ou da lanterna. Quando

aprendemos como a luz funciona, conseguimos usar qualquer uma com total

controle.

Tudo que aprendemos sobre luz nas aulas de física da escola é o suficiente para

conseguir fotografar melhor. Se, assim como eu, você não estava prestando tanta

atenção naquela época, vamos relembrar alguns pontos.

Não é essencial aprender

física avançada para

saber como usar a luz na

fotografia. Vou explicar

aqui o mínimo necessário

para entendermos como

o comportamento da luz

afeta nossas decisões. Se

você quiser saber mais,

sugiro começar pelo livro

Luz, ciência e magia.

A luz que usamos para ver o mundo e para fotografar

é formada por várias bolinhas de luz que viajam pelo

espaço.

Essas bolinhas não tem massa e são super pequenininhas. Elas são chamadas de

fótons e são feitas de energia eletromagnética.

São muitos os fótons que viajam pelo espaço. Alguns são invisíveis, como o

infravermelho. Outros, são visíveis, como a luz que sai do nosso abajur.

A luz visível é somente um pequeno espectro de toda a frequência eletromagnética

que chamamos de luz. Ela é composta por todas as cores que conhecemos, viajando

juntas.

Page 195: Dicas de fotografia   por claudia regina

195

luz

raio-

gam

a

raio-

x

ultra

violet

a

infra

verm

elho

rada

r

FM TV Onda

s cu

rtas

AM

luz visível

luz invisível luz invisível

Na fotografia, trabalhamos com este espectro de luz visível. Repito: não interessa

de onde a luz vem. O que nos interessa é como os objetos se comportam ao serem

iluminados.

O que acontece com os fótons de luz quando eles encontram um objeto? O objeto

pode transmitir, absorver ou refletir os fótons que vieram ao seu encontro.

este objeto transmite a luz.

este objeto absorve a luz.

este objeto reflete a luz.

O ar transmite toda a luz que passa por ele e, por isso, não conseguimos vê-lo.

Objetos transparentes (como água ou vidro) transmitem a luz também. O que impede

que esses objetos sejam invisíveis, então? É a refração. A luz que vem de algum

ângulo muda de direção ao encontrar um objeto como esses, criando um desvio e

nos dando a dica de que existe algo transparente ali.

Page 196: Dicas de fotografia   por claudia regina

196

o raio de luz muda de direção, e depois volta ao caminho no mesmo ângulo original.

objetos translúcidos

transmitem a luz de

forma aleatória.

a refração é facilmente vista na água. sabemos que existe água nesta jarra porque aprendemos a ver a refração desde crianças! ao notar que os lápis e canetas atrás da jarra parecem distorcidos, sabemos que ali dentro tem água.

Quando o raio de luz passa por um objeto, muda de posição, e sai no mesmo ângulo,

chamamos de transmissão direta.

Objetos chamados de translúcidos (como um tecido fino branco ou uma folha sulfite

comum) são aqueles que transmitem a luz em ângulos aleatórios. Quando os raios

de luz são transmitidos por um objeto saindo em ângulos aleatórios chamamos de

transmissão difusa.

Page 197: Dicas de fotografia   por claudia regina

197

luz

objetos brancos, pretos

e vermelhos.

uma luz difusa é aquela que cria uma sombra com pouca

definição. uma luz dura é aquela que

cria uma sombra com bordas bem

definidas.

Objetos opacos (como você e um livro) refletem e absorvem a luz. Quando a luz bate

em um objeto opaco, ela cria uma sombra do outro lado. A luz absorvida some e gera

calor. A luz refletida define a cor dos objetos. Um objeto que absorve todas as cores

é preto. Um objeto que reflete a luz vermelha e absorve as outras é vermelho. Um

objeto que reflete todas as cores é branco.

Agora é hora de descobrir como a luz transmitida, absorvida ou refletida faz

diferença nas nossas fotos.

Luz dura e luz difusa

Luz gera sombra, e muitas vezes, para entender melhor a luz, vamos analisar a

sombra que ela criou! É assim que definimos uma das características de iluminação

mais importantes da fotografia: a luz dura e a luz difusa.

luz dura. luz difusa.

Page 198: Dicas de fotografia   por claudia regina

198 A diferença entre uma luz dura e uma luz difusa depende só de uma coisa: o

tamanho aparente da fonte de luz.

Quanto maior a fonte de luz, mais difusa vai ser a sombra, pois os raios de luz virão

de várias direções diferentes. Quanto menor a fonte de luz, mais dura vai ser a

sombra, pois os raios virão todos da mesma direção.

o sol é uma fonte de luz

bem pequena, pois não

interessa o tamanho real

da fonte de luz e sim o

tamanho aparente. a tela de

um celular pode ser enorme

se estivermos iluminando

uma formiga.

A palavra aparente é muito importante! Em um dia sem nuvens, o sol é considerado

uma fonte de luz bem pequena. Mesmo sabendo que o sol é bem grande, ele parece

pequenininho quando olhamos aqui da terra. A tela de um celular é bem pequena em

relação à uma pessoa, mas é bem grande em relação à uma formiga.

Podemos nos colocar no lugar do assunto para descobrir o tamanho da luz. Se você

vai fotografar uma pessoa no parque é bem fácil: do ponto de vista de um humano

na terra, o sol parece bem pequeno. Se você vai fotografar uma pequena formiga,

imagine-se no lugar dela: a tela do celular parecerá enorme! Nestes exemplos, o sol

irá criar uma luz dura, e a tela do celular irá criar uma luz difusa.

Lembre-se: o tamanho

real da fonte de luz não

faz nenhuma diferença no

resultado final. O que faz

diferença é o tamanho da

luz aparente em relação ao

assunto.

luz dura luz difusa

fonte de luz aparentemente

pequena(dura).

fonte de luz aparentemente

grande(suave).

Page 199: Dicas de fotografia   por claudia regina

199

luz

Modificadores de luz

É fácil achar uma fonte de luz maior do que uma

formiga, mas como encontrar uma fonte de luz tão

grande quanto uma pessoa?

Ao invés de tentar encontrar um flash gigante, podemos

pegar nossas fontes de luz pequenas e modificá-las.

A forma mais fácil de transformar uma fonte de luz

pequena em grande é usar um difusor. O difusor,

como o nome já explica, serve para transformar uma

luz dura em uma luz difusa. Aprendemos que objetos

translúcidos transmitem a luz de forma difusa, lembra?

Apontar uma fonte de luz pequena para um objeto

difusor irá espalhar os raios de luz e fazer deste objeto

uma grande fonte de luz.

Tecidos brancos, nuvens e difusores profissionais são

muito úteis para transformar uma fonte de luz pequena

em uma fonte de luz grande.

Page 200: Dicas de fotografia   por claudia regina

200 Outro jeito de criar uma fonte de luz grande é usando um rebatedor. O rebatedor

funciona de forma parecida com o difusor, mas ao invés de transmitir a luz, ele irá

refletí-la. Se você aponta uma pequena luz para uma parede branca, a parede inteira

irá virar a fonte de luz.

uma parede branca é ótima para rebater os raios de uma fonte de luz pequena e transformá-la em uma fonte de luz grande.

Sombrinhas são acessórios que existem nos dois formatos: temos sombrinhas

difusoras e sombrinhas rebatedoras. Ambas nos ajudam a deixar a luz mais suave.

sombrinha rebatedora.

sombrinha difusora.

Podemos querer também diminuir uma fonte de luz. Isso é possível usando

acessórios que absorvem toda a luz.

Page 201: Dicas de fotografia   por claudia regina

201

luz

o snoot é um tubo preto que se acopla na frente da fonte de luz para deixá-la menor e mais dura.

veja esta foto de

um limão, tirada

com o flash da

câmera. como tudo

está iluminado, a

luz não evidencia

o volume da cena

e afoto fica feia e

boba.

A direção da luz

Usamos luz e sombra para revelar o volume de um objeto. Dependendo da direção

de onde vem essa luz, criamos diferentes sensações.

O flash que vem embutido em cima das nossas câmeras ilumina nosso assunto

exatamente do ângulo que estamos fotografando. Iluminar um assunto de frente cria

uma imagem com poucas sombras e, consequentemente, com pouco volume.

Page 202: Dicas de fotografia   por claudia regina

202 Uma pequena mudança na direção da luz pode fazer

muita diferença na sensação que a foto passa. Você pode

fazer um teste simples hoje mesmo: coloque a sua câmera

em um tripé e use uma lanterna (mesmo a do celular

serve) para iluminar um pequeno objeto de diferentes

direções. Faça isso de noite, com as luzes apagadas, para

que a luz do ambiente não interfira no resultado.

limão iluminado de diferentes direções. veja só a diferença entre cada foto e, principalmente, a diferença para a foto anterior, iluminada pelo flash embutido.

Luz em retratos

A luz mais tradicional para retratos é difusa e lateral, criando um pequeno triângulo

de luz em uma das bochechas. Ela é conhecida como luz rembrandt. Coloque sua

fonte de luz (flash, janela, lanterna ou qualquer outra opção) a 45º da pessoa e

chegará neste resultado.

ilustração de esquema desta luz.

Page 203: Dicas de fotografia   por claudia regina

203

luz

retrato de rembrandt.

exemplo de

foto com luz

rembrandt.

Rembrandt van Rijn (1606–1669), Amsterdam. Portrait of a man (1632). Oil on wood. 75.6 x 52.1 cm. New York, The Metropolitam Museum of Art.

140

Page 204: Dicas de fotografia   por claudia regina

204

essa luz vai contra as regras, mas fica bonita!

aqui a luz lateral evidencia o clima íntimo

da imagem

Já falei sobre a luz da janela no capítulo 3, ao contar

algumas dicas para fotografar pessoas. Agora, você já

sabe porque a luz da janela é tão interessante: se o sol

não está batendo diretamente na janela, ela se torna

uma enorme fonte de luz difusa e lateral!

Mas não se limite à luz suave a 45º. Use a luz forte do

meio dia, a luz lateral de uma luminária, a luz que passa

pelas folhas de uma árvore... Todas essas opções, e

muitas outras, podem criar fotos bonitas.

141. sil

141a. ale

Page 205: Dicas de fotografia   por claudia regina

205

luz

A luz disponível

Toda luz que está no ambiente sem que a gente tenha

colocado é chamada de luz disponível. Essa pode ser a

luz do sol, a luz no teto da casa, a luz que vem de um

abajur ou uma mistura de várias fontes de luz.

Nem sempre podemos mudar de lugar a luz disponível,

e nem sempre conseguimos modificá-la. Para conseguir

diferentes resultados, precisamos mudar o nosso

próprio posicionamento ou o posicionamento do

assunto fotografado.foto usando a luz disponível da tocha.

142. mari

Page 206: Dicas de fotografia   por claudia regina

206

uma foto feita dentro de casa, com várias luzes no teto e um pouco de luz natural, fica com cores e sombras descontroladas.

mudei o assunto para perto da janela, usando somente uma fonte de luz, e a foto já ficou mais bonita..

O único perigo é quando

temos muitas fontes de

luz diferentes. Diferentes

luzes podem resultar em

uma foto com sombras

e cores bagunçadas, que

não geram interesse.

Ao fotografar usando a luz

disponível, tome cuidado

com isso! Procure estar

ciente de todas as luzes

que estão iluminando seu

assunto, e tente posicionar

câmera e assunto de

forma a aproveitá-las

melhor.

Quando a luz disponível

não é suficiente ou não

nos dá o controle que

procuramos, podemos usar

luzes artificiais.

Page 207: Dicas de fotografia   por claudia regina

207

luz

foto com flash.

A luz artificial

Toda luz que criamos especialmente para fotografar é

uma luz artificial. Trabalhar com luzes artificiais é legal

pois conseguimos controlar seu posicionamento, definir

sua potência e usar modificadores.

Infelizmente, para lidar com luzes próprias, também

precisamos aprender a mexer em mais equipamentos,

saber a função de mais botões e ler mais manuais.

Antes de começar a usar luzes artificiais é importante

dominar a sua câmera usando a luz disponível. Leia

e releia o capítulo 2 e pratique bastante antes de

começar a brincar com luzes artificiais.

143.

julia

na

Page 208: Dicas de fotografia   por claudia regina

208 As luzes artificiais são divididas em dois grandes grupos: luz contínua e flash.

Luz contínua

O nome dá a dica: estas luzes ficam ligadas o tempo todo, e iluminam seu assunto

mesmo quando a foto não está sendo tirada. São ótimas para conseguir ver a luz

antes de bater a foto.

Fresnel e quartz: São bastante potentes e usam

lâmpadas halógenas. Precisam ser ligadas na tomada

ou em geradores, por isso não são muito práticas para

trabalhos em locação. Bastante usadas em estúdio e

para filmagem.

Luz LED: Esta tecnologia permite o uso de luz contínua

de forma mais portátil, pois gasta menos energia e usa

baterias menores. Tem menor potência que as lâmpadas

halógenas.

Flashes

Também conhecidos como strobes, estes equipamentos

soltam um rápido disparo de luz na hora da exposição.

Tochas: Equipamentos bastante encontrados em

estúdio, também usam lâmpadas halógenas e têm

bastante potência. Precisam estar ligadas na tomada ou

em geradores.

Flashes speedlight: Speedlights são bastante portáteis

e não usam muita energia, consumindo pilhas ou

pequenas baterias. Usam lâmpadas de xenônio e têm

potências variadas de acordo com o modelo.

Fresnel

LED

Existem vários outros tipos de equipamentos de iluminação contínua e flashes, e

você pode encontrá-los em todas as lojas de equipamentos fotográficos.

tocha

speedlight

Page 209: Dicas de fotografia   por claudia regina

209

luz

O flash speedlight é o que costuma possuir o melhor

custo/benefício para quem está começando, e é a escolha

de muita gente para fotografar profissionalmente. A partir

de agora falarei mais sobre ele.

Usando o flash em cima da câmera

O flash que vem embutido na nossa câmera oferece uma luz frontal, criando

resultados que geram pouco interesse. Usar um flash externo e em cima da câmera

permite um pouco mais de controle, pois ele pode ser girado para outras direções.

flashes externos permitem que você gire a fonte de luz para resultados diferentes.

apontando o

flash para

seu assunto.

Alguns modos de usar o flash em cima da câmera:

1. Direto

Apontar a luz diretamente para seu assunto

normalmente cria uma iluminação frontal desagradável.

Mas em algumas situações, como fotos de festas

noturnas, pode ser a única opção.

Page 210: Dicas de fotografia   por claudia regina

210

rebatendo

o flash no

teto.

2. Rebatendo no teto

Tetos brancos estão presentes em muitas situações.

Aponte o flash para cima e o teto inteiro se transforma

em uma fonte de luz. Isso garante uma luz mais suave

do que o flash direto.

Dica

Alguns flashes contam com um pequeno cartão rebatedor embutido. Ele existe para ser usado

em situações em que você está rebatendo a luz no teto, e serve para devolver um pouco de

luz frontal para o assunto. Assim, pequenas sombras, como aquelas abaixo dos olhos, são

prevenidas. Observe que as sombras da foto abaixo são uma mistura das duas fotos anteriores.

rebatedor

embutido

no flash.

teto branco.

teto branco.

Page 211: Dicas de fotografia   por claudia regina

211

luz

3. Rebatendo lateralmente

Se você tiver uma parede branca ao lado do seu assunto, pode usá-la para simular

uma luz lateral. Essa luz irá evidenciar melhor o volume e pode ser mais interessante

do que a luz frontal.

Alguns erros comuns

Rebater o flash... ao ar livre

Usar o flash rebatido ao ar livre pode ser legal, mas é preciso apontá-lo para algo

que reflita luz. Vejo muita gente apontando o flash para o céu ou para o lado, sem

que a luz possa encontrar um caminho de volta!

Usar o rebatedor embutido do flash... sem um teto branco

O rebatedor embutido do flash serve para jogar alguns raios de luz de volta para

o assunto, de forma frontal. Se você está ao ar livre ou em um espaço sem um teto

branco, somente essa pequena luz frontal irá chegar no assunto: ou seja, seria mais

efetivo apontar o flash frontalmente de uma vez por todas.

Apontar o flash para superfícies coloridas ou pouco refletivas

Se você apontar a luz para uma parede vermelha, ela vai refletir luz vermelha. Nem

sempre este é o objetivo. Apontar o flash para superfícies muito escuras (como um

teto de madeira) é gastar pilha à toa: cores escuras absorvem muito mais luz do que

refletem.

rebatendo o flash em uma parede lateral.

parede branca.

Page 212: Dicas de fotografia   por claudia regina

212 Quando uso flash aparece uma mancha preta na foto

Se a mancha preta é uma faixa, é porque você está usando um tempo de exposição

muito rápido. Descubra no manual da sua câmera qual é a velocidade de sincronismo

do flash: normalmente é 1/250. Usar um tempo de exposição mais rápido que isso

(1/300, 1/400, etc) irá resultar na faixa preta (não deu tempo do flash iluminar

aquela parte.)

Se a mancha preta é arredondada, na base da foto, é porque o flash está registrando

a sombra da lente. Isso acontece ao usarmos o flash embutido usando distâncias

focais menores. As melhores soluções são dar um zoom (usando uma distância focal

mais longa da lente), usar um lente com distância focal maior ou usar um flash

externo ao invés do flash embutido.

uma faixa: use uma

velocidade de sincronismo

adequada para sua

câmera (normalmente

1/250)!

uma mancha arredondada: dê zoom, use uma lente menos grande-angular ou um flash externo.

Page 213: Dicas de fotografia   por claudia regina

213

luz

Flash TTL ou manual?

A potência da luz criada pelo flash pode ser definida usando dois modos: TTL ou

manual. A maioria dos flashes modernos oferece as duas opções.

TTL

TTL significa through the lens, ou através da lente. Ele é um modo automático: cada

vez que você bate uma foto, a câmera e o flash conversam. A câmera diz pro flash “ó,

amigo, preciso de mais dois pontinhos de exposição por aqui.” O flash, por sua vez, dá

a quantidade de luz que a câmera pediu.

Esse modo é chamado de através da lente pois essa medição acontece no momento

que você aperta o botão disparador. Sim, é bem rápido! Entre o momento que você

aperta o botão e o momento que a foto é tirada, o flash dispara um pré-flash e mede

quanta luz entrou na lente. Assim, define a potência necessária para iluminar sua

cena corretamente.

O flash, assim como a câmera, sempre procura uma iluminação neutra da cena. Se

você está fotografando objetos muito escuros ou muito claros, é possível que seja

necessário compensar a exposição do flash. Se, ao bater a foto, você achar que o flash

não jogou luz suficiente, você pode compensar a exposição para cima (+1, +2, etc.) Se,

ao bater a foto você achar que o flash jogou luz demais, pode compensar a exposição

para baixo (-1, -2, etc.) Leia no manual do seu flash quais botões apertar para fazer

isso, pois cada modelo tem um passo-a-passo diferente.

Manual

No modo manual nós é que definimos a potência do

flash. Essa potência é definida em frações (1/1, 1/2, 1/4,

1/8, 1/16, 1/128, etc.)

Para usar o flash no modo manual, fazemos o seguinte:

• Colocamos as configurações desejadas na câmera (ISO, abertura e tempo

de exposição);

• Selecionamos a potência desejada no visor do flash;

• Apertamos o botão disparador até a metade, apontando para o objeto que

queremos iluminar;

Page 214: Dicas de fotografia   por claudia regina

214 Ao fazer isso, o visor do flash irá mostrar um valor em metros. Esta é a distância que

o flash precisa estar do objeto para que ele seja iluminado corretamente, usando a

potência selecionada. Se você não quiser ou puder se mover, pode mudar a potência

para conseguir definir a distância correta.

flash

externo.

sapata

do flash.

flash

encaixado

na câmera.

flash embutido

(já vem na

câmera). A ligação entre câmera e flash

Para que seja possível usar o flash longe da câmera

você precisará encontrar uma forma para que eles

conversem.

Infravermelho

O infravermelho é uma opção interessante e pode ser

usado de três formas: com dois flashes (um fica em

cima da câmera e controla o que está longe), com um

transmissor infravermelho (um aparelhinho encaixado

na sapata), ou com a funcionalidade de transmissão

de infravermelho embutida da câmera (presente na

maioria das câmeras atuais). Vamos por partes:

Um passo além... Usando o flash fora da câmera

O flash em cima da câmera cria uma iluminação

frontal que possui poucos atrativos e não nos dá

muito controle. Mudar o posicionamento da luz e das

sombras é essencial para criarmos fotos com diferentes

sensações.

Usar o flash fora da câmera não é difícil. Atualmente,

a maioria das câmeras consegue conversar com os

flashes da mesma marca mesmo que eles não estejam

acoplados nela. Chamamos esta técnica de flash remoto.

Page 215: Dicas de fotografia   por claudia regina

215

luz

• Se você já tem dois flashes, é possível usar um em cima da câmera para controlar

aquele que está longe. O flash que controla é chamado de master, e o flash que

é controlado é chamado de slave. Alguns modelos só podem ser usados como

slaves, preste atenção na hora de adquirir o seu.

• Transmissores infravermelho são pequenos e não muito caros.

• Muitas câmeras possuem um transmissor infravermelho embutido. Leia as

especificações da sua para descobrir se ela tem essa funcionalidade.

Desvantagens do Infravermelho

É preciso que o flash esteja

visível para a câmera, e quando

fotografamos ao ar livre e com

muita luz, o alcance do sistema

é comprometido.

Vantagens do Infravermelho

Você pode usar o TTL e

controlar o flash slave de

dentro do menu da sua

câmera.

Rádio

Outra forma bastante conhecida de disparar um flash

remoto é usando um sistema de rádio. Esta ligação é

feita acoplando um transmissor na sapata do flash e

um receptor no flash.

Existem várias marcas de sistemas à rádio. A maior

diferença entre as opções é a capacidade de usar o TTL.

Opções de rádio mais baratas só nos permitem usar o

flash no manual.tran

smissor.

receptor.

Desvantagens do rádio

As opções que transmitem

em TTL são bastante caras, e

se você usar as opções mais

baratas, com o flash no manual,

será necessário ir até ele para

mudar configurações.

Vantagens do rádio

O alcance é muito maior

e não é necessário que o

transmissor e o receptor se

vejam.

Page 216: Dicas de fotografia   por claudia regina

216 Como usar o flash remoto?

Ao usar um flash remoto podemos balancear a luz disponível com a luz do flash ou

podemos eliminar a luz disponível e usar somente o flash.

Balanceando o flash com a luz disponível

Uma situação em que procuramos balancear as duas luzes é em retatos ao pôr do

sol. Ao fotografar com uma exposição adequada para o céu, a pessoa não aparece. Ao

fotografar com uma exposição adequada para a pessoa, o céu fica muito claro.

se quisermos uma

foto do pôr do sol,

é fácil. mas nem

dá pra ver que

tem uma pessoa

nesta foto!

ao medir a luz na área de sombra, vemos a Giulia mas perdemos os detalhes do céu – para conseguir fotografá-la usei um tempo de exposição muito longo e, além de mal iluminada, a foto ficou tremida.

usando o flash

conseguimos ver

os detalhes do céu

e a nossa modelo.

144.

giu

lia

145.

giu

lia

146.

giu

lia

Page 217: Dicas de fotografia   por claudia regina

217

luz

Podemos resolver esta situação usando o flash.

Usando o modo manual, primeiro descobrimos qual é a

exposição adequada para mostrar o céu corretamente

(página 60).

Depois, ligamos o flash e usando o TTL fazemos uma

foto de teste. Se a pessoa sair muito clara ou muito

escura, podemos compensar a exposição do flash para

mais ou para menos.

um dia nublado resulta

em um céu triste.

usando um gel verde no

flash, deixamos o céu

mais colorido.

Dica

Como a temperatura de cor do pôr do sol e do flash são

diferentes, podemos usar um filtro corretor. Esse tipo de filtro,

chamado de gel de correção, é acoplado na frente do flash para

mudar sua cor. Também podemos usar esses filtros para criar

efeitos.

gel de

correção.

Usar um gel verde no

flash é um dos efeitos

mais clássicos para deixar

um anoitecer nublado um

pouco mais interessante.

É fácil: primeiro você

coloca o gel verde

no flash. Depois, você

ajusta sua câmera para

a temperatura de cor luz

fluorescente. Isso fará com

que a pessoa que você

está fotografando fique

com cores naturais, mas o

céu fique mais rosado.

147.

sôni

a e

oliv

er

Page 218: Dicas de fotografia   por claudia regina

218 Eliminando a luz disponível

Quando a luz disponível não nos interessa muito

podemos eliminá-la completamente e usar somente o

flash como fonte de luz.

nesta foto a luz ambiente foi eliminada e a sala de estar virou um estúdio.

É fácil chegar neste resultado: tudo que precisamos fazer é medir a luz disponível e

fotometrar subexpondo a cena. Você pode testar a subexposição em -2 ou -3 pontos.

Lembre-se de manter o tempo de exposição dentro da janela de sincronismo (1/250).

Depois, usamos o flash para criar a luz do zero.

148.

pat

ricia

Page 219: Dicas de fotografia   por claudia regina

219

luz

Como fazer fotos high key e low key

Uma foto high key tem muitos tons claros e quase nada de sombras. Não podemos

confundir esse efeito com o erro de exposição, em que uma foto fica clara demais

sem essa intenção! A foto high key é clara porque a iluminação é bem distribuída,

não existem muitas sombras e os elementos da foto também são de tons claros.

high key.

Como fazer uma foto High key?

Utilize um fundo claro, de

preferência branco;

Evite sombras,

principalmente sombras

muito duras;

Use poucos detalhes

mais escuros para dar

contraste;

Usar luz natural ou

flash para preencher a

luz em todo o assunto

fotografado;

Tome cuidado para não

estourar e perder os

detalhes da imagem.

149.

fern

anda

Page 220: Dicas de fotografia   por claudia regina

220

low key.

Já a low key é uma imagem composta principalmente

de sombras. Nela poucos detalhes são claros, somente

para sugerir o assunto fotografado.

Como fazer uma foto Low key?

Utilize um fundo escuro

ou com pouca luz;

Use uma luz bem

contrastada;

Ao usar flash concentre-o

em poucas partes do

assunto;

Ao usar luz natural

coloque o assunto onde

tem mais luz e deixe o

resto na sombra;

Tome cuidado para não

ficar tudo na sombra e

ficar difícil de notar do

que se trata.

150.

sam

anta

Page 221: Dicas de fotografia   por claudia regina

221

luz

Como iluminar objetos como vidro e metal

Alguns objetos refletem a luz de forma diferente, o que faz iluminá-los um desafio

maior. Todas as superfícies que lembram espelhos (ou seja, onde você consegue ver

reflexos, mesmo que não perfeitamente) refletem a luz de forma direta: ao olhar uma

luz por um espelho, ela tem a mesma intensidade da luz original.

ângulo onde

para ver o re

flexo.

luz fora da zona de reflexo.

Conseguimos fotografar

esses objetos posicionando

a luz em um local em que

ela não seja refletida ou

usando o reflexo ao nosso

favor, usando uma luz grande

o suficiente para preencher

toda a área reflexiva do

objeto. Veja alguns exemplos

em seguida:

Page 222: Dicas de fotografia   por claudia regina

222

luz dentro da zona

de reflexo.

usando um rebatedor do tamanho da zona

do reflexo.

Page 223: Dicas de fotografia   por claudia regina

223

luz

Taças e garrafas de vidro são bons

exemplos de assuntos bem difíceis de

iluminar. Por serem circulares esses

objetos irão refletir tudo que está à

nossa volta.

Conseguimos fotos mais atraentes

controlando os reflexos. Os dois esquemas

mais comuns são: fundo branco com

reflexos pretos e fundo preto com reflexos

brancos.

flash

apontado

para trás

objeto fotografado

fundo branco

com reflexos

pretos

papel

preto dos

dois lados

parede branca

aprontar a câmera e clicar normalmente não é o suficiente para fazer uma foto interessante de objetos de vidro, veja como fica feia!

Page 224: Dicas de fotografia   por claudia regina

224

Ruído: como lidar

O ruído é uma característica da fotografia digital que deixa muita gente frustrada.

Vamos entendê-lo melhor?

Por que fotos digitais têm ruído?

O sensor da nossa câmera precisa de uma certa quantidade de luz para que possa

registrar uma fotografia. Digamos, de forma ilustrativa, que meu sensor precisa de

10 bolinhas de luz para registrar uma foto. Se eu mostrar somente 5 bolinhas de luz

a minha foto vai ficar escura, e se eu mostrar 15 bolinhas, minha foto vai ficar clara.

Este é o conceito básico de exposição, afinal. E o que ele tem a ver com o ruído?

Meu sensor sempre vai precisar de 10 bolinhas de luz. Se estou em uma situação

bem iluminada, conseguir essa quantidade será fácil. Se estou em uma situação

com pouca luz, no entanto, precisarei deixar meu diafragma mais aberto, e por mais

tempo, pois as bolinhas de luz vão entrar bem aos pouquinhos. De uma forma ou de

outra o importante é conseguir chegar nas 10 bolinhas.

flash

apontado

para trás

objeto fotografado

fundo preto

com reflexos brancos

papel

preto

atrás

parede branca

Page 225: Dicas de fotografia   por claudia regina

225

luz

Mas e se eu não posso deixar meu diafragma mais aberto? Ou se não posso deixar

ele aberto por mais tempo?

Entra em ação a nossa terceira opção: o ISO!

Meu sensor trabalha de forma ótima no ISO 1005. Usar este valor me garante a

melhor nitidez e qualidade da câmera. Mas quando chega uma situação crítica eu

posso aumentar o valor de ISO e obrigar a minha câmera a trabalhar com menos luz.

Porém, aumentar o valor de ISO não vai fazer a minha câmera precisar só de 5

bolinhas de luz, como se fosse mágica! Aumentar o valor de ISO só vai fazer com o

que o meu sensor tente dar um jeito de fazer a foto com 5 bolinhas de luz, sendo que

ele precisaria normalmente de 10.

O sensor é elétrico e está sempre sujeito à interferências no seu circuito ali dentro

da câmera. Quando usamos luz suficiente, essas interferências são insignificantes.

Mas quando o sensor tenta aproveitar ao máximo a luz insuficiente, ele também

aumenta a interferência. Quando o sensor estica as 5 bolinhas para fazem o papel de

10 bolinhas, ele estica também a interferência nos pixels, e essa interferência resulta

em pixels errados. E é aí que surge o ruído.

5 Este é o valor para câmeras Canon. Em outras marcas o valor mínimo é outro.

a câmera precisa deste tanto de luz.

usando o ISO mínimo, precisamos dar o tanto de luz necessário. Cada “bolinha de luz” tem um pouco de interferência.

usar um ISO mais alto faz o sensor se contentar com menos luz. A interferência passa a ser maior e mais significativa.

interferência

interferência

maior

Page 226: Dicas de fotografia   por claudia regina

226 O resultado dessa interferência é que os pixels deixam

de ter a cor e a luminsidade corretas. Vários pixels

ficam errados, e você pode ver o resultado dos pixels

maluquinhos facilmente ao ver a imagem de pertinho:

O ruído aparece mais nas áreas de sombra (onde a luz

foi mais insuficiente.)

foto com ISO 100.

foto com

ISO 4000.

Page 227: Dicas de fotografia   por claudia regina

227

luz

Quem tem medo do ISO alto?

Durante minha primeira aula prática de fotometria, pedi para alunos e alunas

fotometrarem uma cena de pouca luz. A maioria virou para mim e falou: “vish, mas o

tempo de exposição tá muito longo, vai ficar tremida! Vamos colocar flash!” Perguntei

qual era o ISO que estava sendo usado e, batata: estava todo mundo com medo de

subir o ISO. Na segunda aula, aconteceu o mesmo. Na terceira, e nas seguintes, a

história se repetiu.

E minha resposta sempre foi a mesma: “Sobe esse ISO!”

Quando falo isso, recebo protestos. E a qualidade da foto? E o ruído? E o flash? E o

ruído? E minha câmera que é ruim? E o ruído?

Vejamos cada um dos argumentos:

“Eu não uso ISO alto porque quero melhor qualidade na minha foto”

Este é o maior equívoco sobre o ISO alto. Sim, todo livro de fotografia ensina que

aumentar o ISO faz a foto perder definição. Mas é muito importante saber a diferença

entre foto com definição e foto boa.

As vezes deixamos de fazer uma foto incrível com ISO alto para fazer uma foto

medíocre com definição perfeita.

“Eu não uso ISO alto porque não gosto de ruído”

Todo mundo tem direito de não gostar de ruído. Mas quem disse que toda foto

usando um ISO alto tem ruído? O ruído só aparece em áreas de sombra. Se sua foto

está bem iluminada o ruído será imperceptível. Faça uma foto com ISO alto de um

céu azul e verá que quase não há diferença do ISO ótimo da sua câmera, seja ela

qual for.

O ruído só vai aparecer demais se você estiver fotografando com pouquíssima luz.

“Eu não uso ISO alto porque minha câmera é ruim/de entrada”

Se você é o tipo de pessoa que diz isso, garanto que você pode usar pelo menos o

dobro do ISO máximo que está usando atualmente. Experimente!

Page 228: Dicas de fotografia   por claudia regina

228 “Eu só uso ISO alto quando a luz tá realmente ruim, para evitar de usar flash”

Quando a luz de uma cena está muito ruim a melhor opção é… melhorar a luz! Usar

o ISO alto em uma situação de luz muito precária é justamente o único momento em

que esta é a pior opção.

A não ser que esta seja a única saída, considere melhorar a luz (seja escolhendo

outros horários, locações ou usando luz artificial) além de subir o ISO.

“Quando tem pouca luz, prefiro usar o flash com ISO baixo”

Temos a tendência de criar o time ISO alto e o time flash e colocá-los para brigar! A

verdade é que um não elimina o outro. O ISO alto pode e deve ser usado com todos

os métodos de iluminação que você souber usar (seja a luz da janela, do flash ou da

lanterna.)

Repito: em uma foto bem iluminada o ruído não é problema.

“Mas, mas, mas… o ruído…”

O que eu acho mais interessante daqueles que têm um medo crônico do ruído é que

poucos fazem fotos onde é possível ver o ruído tanto assim.

Se você faz fotos para colocar na internet ou em álbuns diagramados com várias

fotos na mesma página, nem será possível ver o ruído! Só da pra ver o ruído em

ampliações bem grandes.

“Mas então, quando devo me preocupar com o ISO?”

Existem algumas situações em que o ISO deve mesmo ser usado no mínimo. Capas

de revistas e catálogos de produtos precisam de fotos 100% lisinhas. Mas se você faz

o tipo de foto que precisa de ISO baixo, provavelmente já sabe disso. Normalmente,

quem me diz que evita subir o ISO não costuma fazer o tipo de foto que justifique

este medo.

Page 229: Dicas de fotografia   por claudia regina

229

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Page 230: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 231: Dicas de fotografia   por claudia regina

edição5

Page 232: Dicas de fotografia   por claudia regina

232 Pós-produção

É preciso editar minhas fotos?

Se engana quem pensa que alterar as características de

uma foto é privilégio da fotografia digital. Desde que a

fotografia se entende por gente encontramos jeitos de

mexer nela de modo a passar melhor uma mensagem

ou criar um estilo próprio.

Existem muitas formas de alterar uma imagem. A maioria das opções de

processamento existentes no nosso computador se basearam em técnicas nascidas

na sala escura, onde o filme era revelado.

“Atrás de um grande

fotógrafo, sempre havia um

bom laboratorista”

- Josias Santos, ex-laboratorista

brasileiro

Na fotografia química é possível definir estilos e efeitos com a escolha do filme, dos

filtros na hora da foto ou de diferentes processos de revelação e ampliação.

O processo de ampliação é especialmente responsável

pelo resultado final da fotografia. É nesse momento

que a exposição final da foto é definida. É também

quando é possível adicionar contraste, clarear ou

escurecer partes da imagem, deixar peles irreais,

corpos impossíveis e até mesmo remover inteiramente

elementos indesejados.

Page 233: Dicas de fotografia   por claudia regina

233

ediç

ão

as fotos de Stalin com “traidores” removidos são famosas.

O trabalho no laboratório é um ofício à parte. É difícil de aprender, demorado e

complexo. As pessoas responsáveis por este processo viravam o braço direito de

profissionais, tendo grande responsabilidade sobre suas fotos.

Henri Cartier-Bresson, um dos fotojornalistas mais famosos da história, não tinha

o conhecimento (nem a paciência) para processar seus negativos. Voja Mitrovic,

que foi um dos principais laboratoristas de Cartier-Bresson por muito tempo, mal é

lembrado.

Hoje, é mais comum editarmos nossas próprias fotos. Dentro do computador fazemos

todo o processo de revelação e ampliação, além de muitas coisas que antigamente

eram feitas na hora do clique – como a decisão de usar um filme preto e branco.

Muitas vezes o processo acaba aí, e nossas fotos são exibidas somente nas telas do

computador, do tablet ou do celular. Se decidirmos imprimir estas fotos, contamos

com profissionais que nos ajudam na tarefa de escolher o melhor método e papel.

Antes da popularização

da fotografia digital

profissionais até sabiam

revelar suas próprias fotos,

mas era bastante comum

que esse trabalho fosse

delegado para outras

pessoas.

Page 234: Dicas de fotografia   por claudia regina

234

Ou seja: a solução mais simples normalmente é a

melhor! É mais rápido mudar um vaso de lugar do que

tentar tirá-lo depois da foto pronta, na edição. É mais

rápido adicionar um efeito de cor na edição do que

carregar e usar uma série de filtros para chegar no

exato mesmo efeito.

A pós-produção serve para duas coisas: evidenciar o

que já está bom e adicionar o nosso estilo pessoal.

Pós-produção não serve para transformar fotos feias

em fotos bonitas, nem para arrumar erros causados por

preguiça.

Não tenha medo da manipulação. Não existe nem

nunca existiu uma fotografia pura. Desde o momento

em que escolhemos a composição e o ângulo, a lente

e o momento do clique, estamos manipulando a

realidade. Depois, durante a pós-produção, continuamos

esta manipulação até chegar no resultado desejado.

Vou te apresentar alguns conceitos de pós-produção

e suas aplicações. Todos esses conceitos podem ser

aplicados na fotografia digital, na fotografia de filme, e

usando qualquer aplicativo. Se você usar a criatividade

verá que eles podem ser usados em qualquer meio de

contar histórias, fotográfico ou não.

Não vou detalhar o passo-

a-passo para aplicar cada

conceito em cada situação.

Se quiser saber mais

como usar ferramentas

específicas, invista em

livros especializados

e atualizados, ou faça

buscas específicas na

web. Por exemplo: para

saber como criar o efeito

de processo cruzado no

Photoshop, procure na

web por “processo cruzado

photoshop X” (onde X é a

versão do seu Photoshop.)

“Não faz sentido fazer com

mais o que pode ser feito

com menos.”

- William de Occam

Isso não quer dizer que podemos fotografar sem nos

preocuparmos com erros, já que “dá pra arrumar depois”.

O ideal é lembrarmos do princípio da lógica conhecido

como navalha de occam.

Seja no processo químico ou digital, o momento do pós-processamento é

considerado parte integrante da fotografia final. Editar uma imagem não é

necessariamente mudar suas características e sim finalizá-la.

Na fotografia digital, nossas fotos saem muito mais homogêneas de dentro da

câmera. Isso acontece pois nossos sensores são todos iguais e é mais fácil adicionar

muitos dos efeitos depois. A pós-produção, nessa situação, é também parte

importante da definição do nosso estilo.

Page 235: Dicas de fotografia   por claudia regina

235

ediç

ão

Cortar e alinhar

Podemos achar que alguns elementos podem ser cortados de uma foto pronta. O

único problema de fazer isso é que, se cortarmos muito, perdemos resolução (ver

página 19).

Às vezes não é possível mudar de lente ou de posicionamento na hora da foto. Cortá-

la na pós-produção vira uma opção viável. Ao olhar a foto pronta, podemos também

simplesmente mudar de ideia em relação ao enquadramento inicial. Muitas fotos

famosas foram cortadas e este é um artifício comum.

a foto icônica de Che Guevara,

feita por Alberto Korda,

foi cortada para dar total

destaque ao revolucionário.

Page 236: Dicas de fotografia   por claudia regina

236 Já falei na página 119 da importância de um horizonte alinhado. Se não foi possível

conseguir o alinhamento perfeito na hora do clique, dá pra sacrificar as bordas da

imagem alinhando durante o corte.

exemplo de corte para alinhar o horizonte.15

1. m

anau

s/AM

Page 237: Dicas de fotografia   por claudia regina

237

ediç

ão

correção de

perspectiva de

uma foto de

prédio, feita em

aplicativo de

edição.

Fotos feitas com grande-angulares ou com inclinação da câmera podem ficar com a

perspectiva inadequada (ver página 190). Dá pra notar isso ao fazer uma foto de um

prédio de baixo para cima. A correção dessa perspectiva pode ser feita em alguns

aplicativos atuais de edição ou usando lentes especializadas, chamadas de tilt shift. A

correção posterior, assim como o alinhamento do horizonte, também sacrifica partes

da imagem.

152.

bel

o ho

rizon

te/M

G

Page 238: Dicas de fotografia   por claudia regina

238 O corte serve, por fim, para adequar uma foto a uma certa proporção. A proporção

padrão da maioria das câmeras atuais é de 2x3, mas também podemos querer uma

foto 1x1 (quadrada) ou 16x9 (widescreen), entre outras inifinitas possibilidades.

A escolha da proporção pode ser por

estilo pessoal ou por uma necessidade da

mídia onde a foto será exibida. Fotos para

o seu site, para um álbum ou para uma

capa de revista precisam ter diferentes

proporções.

1 x 1

2 x 3

16 x 9

1x1

2x3

16x915

3. m

anau

s/AM

Page 239: Dicas de fotografia   por claudia regina

239

ediç

ão

O histograma

Antes de alterar algumas propriedades da imagem é legal conhecer o histograma.

O histograma é um gráfico que nos mostra precisamente as informações de

luminosidade de uma foto. Com base nele sabemos quantos pixels da foto são

formados por sombras, luzes e tons médios.

0 255

eixo x

eixo

y

0 255

6 Considerando uma foto de 8 bits.

Como esse gráfico é criado, exatamente?

Para preencher este gráfico, um computadorzinho vai pegar cada pixel de uma

imagem e medir sua luminosidade. Ao medir todos os pixels, vamos terminar com o

histograma completo:

Como assim, um gráfico?

O histograma é um

gráfico cartesiano. No

eixo X (horizontal), ele

considera todos os tons de

luminosidade, do branco

puro ao preto puro. Em

uma foto encontramos normalmente 256 níveis de luminosidade6, ou seja: o gráfico

vai do zero (preto puro) ao 255 (branco puro). No eixo Y, ele considera a quantidade

de pixels da foto que têm cada luminosidade.

sombras tons médiosluzes

Page 240: Dicas de fotografia   por claudia regina

240 Lembre-se: o histograma não está nem aí para as cores7. Ele mede somente a

luminosidade (um pixel vermelho que possui luminosidade 19 vai estar na mesma

coluna do eixo X do que um verde que possui luminosidade 19.)

para o histograma, esses dois quadrados têm a mesma luminosidade.

foto escura e seu

respectivo histograma.

Para entender melhor, vamos analisar algumas fotos e seus respectivos histogramas.

Em uma foto predominantemente escura teremos muitos pixels amontoadinhos no

lado esquerdo do histograma.

7 Embora exista também

um histograma dos canais

de cores vamos focar

aqui no histograma de

luminosidade.

154.

vila

vel

ha/E

S

Page 241: Dicas de fotografia   por claudia regina

241

ediç

ão

foto clara e seu

respectivo histograma.

Em uma foto

predominantemente clara

teremos muitos pixels

amontoadinhos no lado

direito do histograma.

155.

hav

ana,

cuba

Page 242: Dicas de fotografia   por claudia regina

242

foto com tons médios

e seu respectivo

histograma.

Fotos que possuem vários tons médios ficam com um

histograma que parece com uma pequena montanha:

Page 243: Dicas de fotografia   por claudia regina

243

ediç

ão

Quando temos áreas

muito subexpostas na

imagem, os pixels vão

formar uma linha no

lado esquerdo. Se a

sua imagem tem um

histograma assim, quer

dizer que as áreas mais

escuras da foto não

possuem detalhes ou

informações: são formadas

por preto puro.

O contrário também acontece. Um histograma com um pico encostado do lado

direito indica que as áreas mais claras da sua foto não possuem detalhes: são

formadas por branco puro.

Entender o histograma

garante controle sobre

a edição e aparência da

sua foto. Com um pouco

mais de experiência você

também pode acessar o

histograma na sua câmera

durante a realização das

fotos. Ele é muito mais

confiável do que o LCD

para checar a exposição e

notar se houve perda de

detalhes nas sombras e

nas luzes.

em vermelho você vê

as partes da foto onde

o preto é puro, sem

detalhes.

Page 244: Dicas de fotografia   por claudia regina

244 Alcance dinâmico

Digamos que você está na praia, vendo um lindo pôr do sol. Seus olhos usam uma

tecnologia muito avançada: é possível ver o céu, o mar, a areia e os barquinhos.

Nossas câmeras não são tão avançadas. Se tentarmos fazer uma foto deste mesmo

pôr do sol, a câmera só vai conseguir registrar os detalhes de uma parte da cena. Se

escolhermos uma exposição adequada para o céu, o restante ficará na sombra. Se

escolhermos uma exposição adequada para o que está na sombra, o céu ficará muito

claro.

aqui, perdemos os detalhes na sombra.

aqui perdemos os detalhes nas luzes.

156.

ara

caju

/SE

Page 245: Dicas de fotografia   por claudia regina

245

ediç

ão

Esse limite de registro dos sensores é chamado de alcance dinâmico. Em situações

com uma variação muito grande de luz precisamos decidir onde vale a pena perder

detalhes, pois a câmera não consegue registrar tudo. Câmeras mais modernas

possuem um alcance dinâmico cada vez maior, mas ainda não chegam perto dos

nossos olhos.

Para evitar a perda de detalhes precisamos usar uma iluminação com menor variação

de intensidade ou utilizar técnicas como a edição HDR8.

8 Veja como fazer uma

foto HDR no link: http://

www.dicasdefotografia.com.

br/o-guia-definitivo-da-

fotografia-hdr

Controles básicos: exposição, contraste, burn e dodge

foto com exposição alterada na pós.

Exposição

Embora a exposição

seja definida durante o

clique, é possível alterá-

la ou refiná-la durante o

processamento.

157.

los

roqu

es, v

enez

uela

Page 246: Dicas de fotografia   por claudia regina

246

Dica

Fotografar em RAW é um

bom jeito de conseguir

recuperar mais detalhes

nas sombras e nas

luzes. Arquivos JPG, para

economizar espaço, não

guardam esses detalhes.

Veja abaixo: a mesma foto,

se tirada em RAW, guarda

mais informações.

Uma foto que ficou

exageradamente

subexposta ou

superexposta não pode

ser milagrosamente

recuperada. Principalmente

se houverem pixels

empilhados em um dos

lados do histograma:

esses pixels são preto ou

branco puro e não guardam

detalhes.

não é possível recuperar grandes erros de exposição pois detalhes são perdidos nas luzes ou nas sombras.

Page 247: Dicas de fotografia   por claudia regina

247

ediç

ão

Contraste

Podemos controlar o contraste de uma foto no momento do clique com a iluminação.

Luzes mais duras, por exemplo, criam fotos mais contrastadas. É possível também

ajustar ou evidenciar este contraste no seu aplicativo de edição.

Aumentar o contraste é

intensificar as áreas claras

e as áreas escuras da

imagem: o que é escuro

fica mais escuro e o que é

claro fica mais claro.

Uma foto pouco

contrastada possui pixels

bem distribuídos em uma

pequena montanha do

histograma:

158. inhotim

Page 248: Dicas de fotografia   por claudia regina

248

Se analisamos o histograma de uma foto bastante

constrastada, encontramos um vale. Os meios-tons

existem em menor quantidade do que sombras e luzes.

Uma foto constrastada

tende a ser mais

dramática e viva,

enquanto uma foto pouco

contrastada traz mais

leveza. A escolha entre

uma ou outra depende da

mensagem que você quer

passar e também do seu

estilo pessoal.

Page 249: Dicas de fotografia   por claudia regina

249

ediç

ão

nesta foto, usei o Lightroom

para aumentar o contraste,

escurecer algumas partes

e deixar a modelo em

evidência. Em vermelho,

você vê as áreas onde a

exposição foi diminuída.

Em amarelo, a área onde a

exposição foi aumentada.

Burn e Dodge

As vezes queremos alterar a exposição em áreas específicas da imagem. Para isso

usamos as técnicas de burn ou dodge. De forma bem simplificada, burn é “escurecer”

e dodge é “clarear”. Na fotografia com filme, isso era feito controlando o tempo de

exposição do papel fotográfico em determinadas áreas para deixá-las mais claras ou

mais escuras.

neste famoso retrato de James Dean, feito pelo fotógrafo Dennis Stock, vemos as marcações do laboratorista Pablo Inirio em uma ampliação de teste, mostrando as partes que serão clareadas ou escurecidas para chegar no resultado final.

Nos aplicativos atuais de edição é possível fazer o mesmo usando diversas

ferramentas.159. fabíola

Page 250: Dicas de fotografia   por claudia regina

250

nesta foto, usei a ferramenta gradiente no Lightroom para diminuir a exposição do céu. em vermelho você vê onde o gradiente está.

160.

alt

er d

o ch

ão/P

A

Page 251: Dicas de fotografia   por claudia regina

251

ediç

ão

Efeitos: processo cruzado, vinheta, grão

Processo cruzado

Ao revelar um filme, é preciso banhá-lo em uma série de químicos. Cada tipo de filme

precisa de um químico equivalente, e usar o químico errado pode ser uma técnica

criativa. Ao trabalhar digitalmente, não existem filmes ou químicos, mas é possível

imitar o resultado dessa técnica usando aplicativos atuais.

esta foto teve suas cores alte

radas

para imitar o processo cruzado

realizado com filme, usando a curva

tonal do Lightroom.

161. serra da capivara/PI

Page 252: Dicas de fotografia   por claudia regina

252

vinheta exagerada.

Vinheta

A vinheta é um

escurecimento das bordas

da imagem causado

pela ótica da lente. Esse

defeito pode ser usado

como efeito, evidenciando

o centro do quadro e

levando nosso olhar para

o assunto principal. Tome

cuidado para não exagerar

ou a vinheta volta a ser

defeito!

vinheta discreta.

162. joão pessoa/PB

Page 253: Dicas de fotografia   por claudia regina

253

ediç

ão

Grão

O grão é originalmente um defeito, assim como

a vinheta. O ISO causa ruído na foto digital e

grão na fotografia de filme. Nossa nostalgia faz

o grão parecer mais interessante que o ruído,

então podemos adicioná-lo na pós-produção,

criando a aparência de foto de filme.

exemplo de grão

adicionado digitalmente.

163. porto velho/RO

Page 254: Dicas de fotografia   por claudia regina

254

se simplesmente tirarmos a saturação desta foto o resultado terá pouco contraste. Se escurecermos somente a cor amarela, criamos uma foto muito mais interessante.

Fotos em preto e branco

Fotografando digitalmente temos muito

controle sobre a conversão de fotos para o

preto e branco. Embora seja possível fotografar

em preto e branco com a maioria das câmeras

atuais (é só selecionar esta opção nos menus) é

mais prático fazer isso no pós-processamento.

Desta forma conseguimos controlar como cada

cor vai se comportar ao ser tranformada em

cinza, mantendo a qualidade do arquivo.

164

Page 255: Dicas de fotografia   por claudia regina

255

ediç

ão

Transformar uma foto em preto e

branco não é simplesmente transformar

tudo em cinza. Usamos as ferramentas

disponíveis em cada aplicativo para

equilibrar cinzas mais claros e mais

escuros de acordo com a cor original.

o mesmo acontece nesta paisagem: se só tiramos a saturação o céu perde os detalhes e a foto fica sem graça. escurecer um pouco o azul do céu e adicionar contraste à imagem fica mais legal.

A opção de preto e branco só existe se você estiver fotografando em JPG. Na fotografia em

RAW a câmera sempre guardará a foto original, colorida.

165.

ilha

gra

nde/

RJ

Page 256: Dicas de fotografia   por claudia regina

256 3 coisas para fugir na hora da edição

A edição serve para evidenciar nossos objetivos com a foto, mas tome cuidado para

não cometer alguns pecados tradicionais:

Seguir modas

Tome muito cuidado com modinhas: elas são

passageiras por definição. A gente nunca sabe quando

a coloração seletiva, os efeitos vintage ou as fotos HDR

vão ficar datados (para muita gente, já estão). Todo tipo

de efeito pode ser usado com moderação, ou você corre

o risco de fazer com que o efeito vire mais atrativo do

que a foto em si.

hm… talvez esteja vintage demais?

Page 257: Dicas de fotografia   por claudia regina

257

ediç

ão

Editar peles de barbie

Ninguém tem a pele da barbie. Não importa se você é

fera na manipulação, uma pele de plástico sempre parece

irreal. Para deixar modelos mais atraentes você pode usar a

iluminação, a profundidade de campo e diferentes ângulos:

todos geram resultados muito mais naturais. Você também

pode abraçar todas as belezas que vão além da pele lisinha,

e registrar as pessoas como elas são de verdade.

as pessoas são

muito mais lindas

naturalmente.

166.

cla

udia

Page 258: Dicas de fotografia   por claudia regina

258

essa paisagem

precisa ter tanta

saturação e efeitos

de cor?

Exagerar em qualquer efeito

A não ser que você tenha ótimos motivos evite exagerar

nos efeitos e edições. Se o efeito chama mais atenção

do que a foto, sem ser esse o objetivo, é hora de pegar

mais leve.

Organização de arquivos

Confie em mim: se você começar a organizar sua

biblioteca de fotos neste momento, será muito mais

fácil de se encontrar no futuro!

Tudo começa no momento de baixar as fotos para

o computador. A primeira coisa que você precisa

providenciar é uma estrutura de pastas que fique

organizada cronologicamente.

Page 259: Dicas de fotografia   por claudia regina

259

ediç

ão

Dica

Existem pessoas que não

gostam muito de organizar

suas fotos por data, pois

acham que a data não diz

muito sobre o conteúdo da

pasta. Embora a escolha

final seja sua, saiba que a

organização cronológica é

a melhor opção para uma

quantidade grande de

arquivos e mesmo que você

não tenha muitas fotos

agora, no futuro poderá ter.

2014

2015

20150121

20150203

20150624

RAW

15 X 21

Portfolio

20130121 - Paris

20130203 - Aniversário da mamãe

20130624 - Parque Potycabana

ano mês dia

Estr

utur

a de

pas

tas

Para que a organização cronológica fique na ordem correta, a ordem deve ser ano-

mês-dia. Depois desta data, você pode usar uma descrição que facilite lembrar o que

foi fotografado nesta data:

Dentro da pasta cronológica você pode organizar suas fotos dentro de outras pastas

de acordo com o fim que você vai dar para elas: os arquivos originais, os arquivos de

impressão, de uso na web, etc.

Procure usar a data no nome dos arquivos também, seguido de um número

sequencial, para que assim fique mais fácil encontrar as fotos usando o mecanismo

de busca do seu computador:

20150217 - Itália

20150217_001

20150217_002

20150217_003

Page 260: Dicas de fotografia   por claudia regina

260 A organização cronológica é perfeita para catalogação dos arquivos. Para a

visualização humana pode não ser tão perfeita assim. Se fiquei 7 dias em Paris,

minhas fotos ficarão todas espalhadas em 7 pastas diferentes! O que fazer?

Os aplicativos especializados em pós-processamento de fotos oferecem muitas

opções para que seja fácil organizar suas fotos de formas mais amigáveis. O bom

desses aplicativos é que eles mantém suas fotos dentro de suas pastas cronológicas

criando grupos invisíveis de acordo com o seu gosto. Desta forma é possível filtrar a

visualização das suas fotos por outros parâmetros:

Posso, por exemplo, adicionar todas as fotos da viagem à Paris nas coleções

“Viagens” e “Paris”. Ao clicar na coleção “Paris”, verei todas as fotos que fiz da cidade

independente das pastas onde elas se encontram.

Posso também usar a classificação por estrelas existente na maioria dos aplicativos.

Elas servem para classificar minhas fotos preferidas. Fotos com 5 estrelas são as que

mais gosto.

Desta forma, posso ver as fotos de Paris, posso ver as fotos preferidas de Paris, ou

posso ver as fotos preferidas de viagens. As combinações de visualização são infinitas

e super amigáveis!

Leia o manual do seu aplicativo e veja quais são as possibilidades de organização e

classificação que ele permite.

Filtro:

Viagens

Paris

Retratos

Flores

Page 261: Dicas de fotografia   por claudia regina

261

ediç

ão

está gostando do livro?

então considere fazer uma contribuição do valor que

estiver ao seu alcance :-)

ou você pode continuar lendo de graça! →

clique aqui para doar

Page 262: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 263: Dicas de fotografia   por claudia regina

fotografia como profissão6

Page 264: Dicas de fotografia   por claudia regina

264

fotografando

fazendo propaganda e se autopromovendo

participando de eventos e fazendo networking

gerenciando dinheiro

respondendo a clientes e fazendo reuniões

Quer trabalhar com fotografia? Comece aqui.

Decidiu que quer trabalhar com fotografia pois não aguenta mais ficar das 8h às 18h

na frente do computador? Talvez seja a hora de eu contar a verdade: é quase isso que

a maioria das profissionais fazem!

Decidiu escolher a fotografia como primeira profissão? Talvez seja a hora de

conhecer a parte que não tem tanto glamour: a parte das responsabilidades e prazos.

Quem escolheu criar sua marca e gerir o próprio negócio (ao invés de trabalhar para

os outros) percebe rapidamente que a fotografia como profissão não envolve só

fotografar.

O que profissionais da fotografia estão fazendo durante o trabalho:

O gráfico é ilustrativo, e foi livremente adaptado da pesquisa feita pela International Society of Professional Photograhers.

Page 265: Dicas de fotografia   por claudia regina

265

foto

graf

ia c

omo

pro

fiss

ão

Quando fazemos o que gostamos as partes chatas podem valer a pena. O maior erro

é achar que fazer o que gostamos não tem partes chatas.

Trabalho ou passatempo?

É bem possível gostar do que se faz sendo dentista ou fotógrafa. Mas, normalmente,

dentistas têm uma vantagem: conseguem separar melhor o que é trabalho e o que é

diversão. Afinal, o trabalho dela não é passatempo de quase ninguém.

Quem inventou a frase “escolha um trabalho que goste e nunca mais trabalhará um

dia na sua vida” não podia estar falando uma besteira maior! Trabalho é trabalho.

Trabalhar com o que gostamos é bacana, mas quando não separamos as coisas

corremos o risco de deixar de gostar.

Sim, garanto que nosso trabalho pode ser prazeroso, mas ainda sim não é um

passatempo. Trabalho tem contrato, tem expectativas, tem dinheiro, tem horários e

prazos a cumprir. Uma fotógrafa de casamento pode amar muito seu trabalho, mas se

ela acordar no sábado com preguicinha não dá pra simplesmente deixar tudo pra lá

e ficar dormindo o dia inteiro. Se fosse passatempo, poderia. Essa é a diferença.

Não compreendo quem quer milhões de clientes e muito trabalho. Não compreendo

quem acha bonito dizer que está com a agenda cheia. Se a questão é financeira e

você precisa da agenda lotada para conseguir pagar as contas no fim do mês… então

é hora de rever seus preços ou rever a organização do seu negócio.

Eu, por exemplo, não gosto dessa ideia de trocar coisas

por dinheiro. Para conseguir trabalhar pouco e não

cobrar preços altos, a única opção que considero ética

é ter um custo de vida menor. Abro mão de muita coisa

para poder trabalhar do jeito (e na quantidade) que

quero. Tudo para poder trabalhar menos cobrando um

valor justo ou, melhor ainda, sem cobrar nada.

Page 266: Dicas de fotografia   por claudia regina

266 Tenho uma amiga que trabalha meio período e recebe

pressão de todos os lados, da família e da sociedade,

para pegar um segundo trabalho e ganhar mais. Se

ela trabalha só à tarde e tem a manhã livre, parece

o caminho lógico. Por que ficar em casa, lendo e

brincando com seus cachorros, se dá pra ir pra rua

ganhar mais números na conta bancária? Acho tudo

isso maluquice: vejo muito mais sentido em ganhar

menos e ficar metade do dia brincando com cachorros.

Ela vê sentido no que faz, e faz questão de não fazer

muito para continuar vendo.

Se você está pensando em fazer a transição do

trabalho-típico para o trabalho-passatempo, coisa que

muita gente está conseguindo fazer graças à internet,

pense nisso. Amar o que se faz para pagar as contas

é maravilhoso, mas trabalhar muito compromete não

só a qualidade final do seu trabalho, mas também sua

qualidade de vida.

Melhor uma dentista tranquila na mão do que duas

fotógrafas estressadas voando.

Bertrand Russel, no seu

livro O Elogio ao ócio,

fala sobre a solução

para uma sociedade com

mais ócio criativo. Uma

sociedade onde todo

mundo possa trabalhar

pouco e onde tarefas como

a criação das crianças são

compartilhadas. Tudo isso

para criar tempo livre: seja

para pensar no sentido da

vida, seja para ir tomar

sol na praia. É nesse

momento que a mágica

acontece. A ideia parece

utópica para nossa grande

comunidade industrial,

mas muitas comunidades

menores vivem assim pelo

mundo inteiro. Algumas,

como povos originários da

américa, há muito tempo.

Como planejar sua nova profissão

Decidindo seu público alvo e seus serviços

Decidir o público alvo do seu negócio é decidir o perfil de clientes que você quer

atingir. Seu público alvo é a base de todas as decisões relativas ao seu negócio.

O design do seu site não é definido pelo seu gosto, e sim pelo gosto de quem

vai te contratar. O método de marketing que você vai usar não é definido pela

sua preferência, e sim pela preferência de quem vai te contratar. O seu preço (e

consequentemente sua estrutura) não é definido pelo quanto você quer ganhar, e sim

pelo quanto seu público está disposto a pagar.

Page 267: Dicas de fotografia   por claudia regina

267

foto

graf

ia c

omo

pro

fiss

ão

E como decidir quem você quer atingir?

É só analisar qual público, na sua área, está carente de algum serviço. Este também é

o caminho para decidir quais serão os serviços oferecidos.

O passo-a-passo para começar qualquer novo negócio é:

1. Encontrar um público que está carente de algum serviço;

2. Criar o serviço que faz este público feliz e resolve suas necessidades;

3. Oferecer um serviço consistente que atraia mais pessoas deste público.

Além da fotografia, eu trabalhei também com design. Há alguns anos, mantive uma

empresa que criava blogs personalizados. Ela só teve sucesso porque resolvia o

problema de um certo público.

1. Ao participar de um evento para blogueiras e blogueiros, percebi que muita

gente estava ganhando dinheiro com seus blogs, mas sem o lucro de grandes

empresas. Essas pessoas não conseguiriam pagar uma agência para criar um

blog com layout e programação profissionais mas adorariam parar de usar

layouts padronizados.

2. Criei minha empresa para que fosse possível oferecer serviços profissionais

com preços mais acessíveis para pessoas físicas e seus blogs. A estrutura era

pequena, resultando em poucos custos, e o serviço era bem específico.

3. Ter uma estrutura pequena e com poucos clientes possibilitou manter a

consistência do serviço.

Qualquer área onde existam potenciais clientes carentes de algum serviço ou

produto é chamada de nicho de mercado.

Para quem gosta de fotografar, pode parecer difícil encontrar um nicho. Olhando

rapidamente, a gente acha que todo mundo já oferece de tudo. Além disso você

provavelmente vai querer fazer algo que gosta, não simplesmente algo que dá

dinheiro.

Page 268: Dicas de fotografia   por claudia regina

268 Neste caso, você pode fazer um caminho um pouco

diferente:

1. Definir o que você gosta de fazer e faz bem;

2. Encontrar, dentro desta área, o que você pode

oferecer de diferente que atenda seu público

melhor, com mais rapidez, ou com menos custo;

3. Oferecer um serviço consistente que atraia mais

pessoas deste público.

Encontrar seu nicho, ou criar um nicho baseado em diferenciais, depende da análise

do mercado e de concorrentes. Sua análise não precisa ser complexa: antes de trocar

seu emprego regular ou a ajuda dos pais pela fotografia profissional, veja que tipo

de fotografia clientes da sua área estão consumindo e o que concorrentes estão

oferecendo. Faça testes: comece de um jeito e se adapte ao que funcionar. Não tenha

pressa.

O mais importante é que seu serviço deve deixar algum público feliz e satisfeito.

O perfil do meu público

Depois de encontrar seu nicho, crie um perfil para o seu público. Alguns itens

interessantes de considerar neste perfil são:

• Gênero

• Idade

• Classe social (no caso da classe média, que divide o orçamento de acordo com

a preferência nos diferentes produtos e serviços, considere se seu público

busca custo baixo, custo/benefício ou se o custo é indiferente ao contratar

serviços de fotografia)

• Bens de consumo que costuma adquirir

• Onde costuma ir? Quais são seus hábitos?

• Referências culturais e escolaridade

Page 269: Dicas de fotografia   por claudia regina

269

foto

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omo

pro

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ão

Pesquise as preferências do perfil que criou e defina a sua marca de acordo com o

que irá agradar e atrair este tipo de perfil.

Note que até agora não falei em momento algum da qualidade do trabalho. É

essencial entender que fazer fotos bonitas não é nem garantia nem pré-requisito

para o sucesso do seu negócio.

Com o público alvo escolhido, você notará que a qualidade não só é subjetiva, mas

também é secundária. Um público de classe baixa procura a melhor oferta, mesmo

que o produto não tenha tanta qualidade, pois é o que pode consumir para não

atrapalhar suas finanças. Um público de classe alta muitas vezes procura status e

tradição, dando preferência para profissionais de renome, que já atenderam colegas

do golfe e que têm o preço mais alto. A qualidade nos dois casos é totalmente

irrelevante.

Buscar fotos bonitas é uma das características que pode ou não existir no seu

público. E, mesmo se existir, o conceito de fotos bonitas do seu público deve coincidir

com o seu.

Quanto mais específico o seu público, mais fácil vai ser conseguir convencê-lo a te

contratar. Mas, em algumas situações, não é possível definir o público de forma tão

detalhada: quem mora em cidades pequenas sabe muito bem que é preciso fazer

um pouco de tudo. Não ter um público muito específico só é um problema em uma

amostra muito grande de potenciais clientes e mercados.

Como encontrar seu público

Depois de definir quais serviços você irá oferecer e

qual será o seu público alvo, é hora de juntar os dois.

Providencie duas coisas:

1. Um portfolio que mostre o serviço oferecido;

2. Um meio de divulgação que encontre o seu

público.

Page 270: Dicas de fotografia   por claudia regina

270 O portfolio você consegue fotografando gratuitamente.

Sua família e seu círculo de amizades estão aí pra isso!

O meio de divulgação depende (adivinha!) do seu

público alvo. Hoje é importante ter ao menos um site

onde você possa colocar o seu portfolio e através do

qual potenciais clientes possam entrar em contato.

Se o seu público é de gestantes que compram em

lojas físicas, dá para deixar um folheto de divulgação

nessas lojas. Se são gestantes que compram tudo pela

internet, o ideal é comprar um anúncio nos sites que

elas visitam.

Dica

Lembre-se que para

fazer qualquer coisa

profissionalmente é preciso

consistência! Se você não

consegue criar um trabalho

com a mesma qualidade

repetidamente, é porque

ainda não está pronta para

trabalhar com isso. Fazer

um bom trabalho quando

tudo está a seu favor é

fácil: a diferença entre

profissionais e iniciantes

é fazer um bom trabalho

quando tudo dá errado.

Um logotipo é um conjunto

gráfico que representa

sua marca. Pode conter

somente um símbolo, um

texto, ou uma soma dos

dois.

Sua identidade visual

A identidade visual é a soma de vários elementos: logotipo, cores e estilos.

este é o logotipo do dicas

de fotografia, e possui

um símbolo e um texto.

Sua identidade visual, assim como seu trabalho, deve

ter consistência em todos os seus materiais. Assim

sua marca é facilmente lembrada e reconhecida.

Uma lata de refrigerante vermelha só nos lembra

uma certa marca pois essa marca utilizou essa cor

consistentemente durante toda sua existência.

Page 271: Dicas de fotografia   por claudia regina

271

foto

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ão

Contrate profissionais

Como decidir quais cores usar no seu site? Como decidir qual fonte é melhor para o

seu logotipo?

Esse tipo de decisão faz parte do trabalho de designers profissionais. Se você não

entende de design e não sabe lidar com tipografia e semântica é melhor contratar

alguém experiente para criar sua identidade visual.

Ao lidar com profissionais de design lembre-se que a aparência de todos os seus

materiais não deve agradar o seu gosto e sim o gosto do seu público alvo. Embora a

palavra design remeta muitas vezes à desenho na realidade ela tem mais a ver com

projeto. Designers não criam materiais para que fiquem somente bonitos e sim para

que façam a união entre forma e função.

Seu site

O objetivo do seu site (ou blog) é mostrar suas fotos. Suas fotos devem ser sempre

o centro das atenções. Aposte na simplicidade e não use firulas. A dica anterior vale

aqui também: se não sabe fazer por conta própria contrate alguém que saiba. As

tecnologias para criação de sites mudam todos os dias e é muito importante ter

pessoas experientes lidando com isso.

Por fim, selecione bem as fotos que vão te representar. Coloque no seu portfolio

somente o melhor do seu trabalho. Só conseguimos ver centenas de fotos em

museus e livros: no seu site é o suficiente publicar a menor quantidade de fotos

possível.

Quanto cobrar?

Já sabemos que o preço a cobrar depende do seu público alvo. Este preço será uma

soma dos seus custos e do seu lucro. Para chegar em um valor inicial, portanto, você

precisa calcular esses custos.

O maior erro de quem está começando em qualquer área que envolve serviços é

achar que tudo que ganhamos é lucro. Isso é normal, pois serviços não são palpáveis.

Os custos de um serviço não são tão óbvios quanto os custos de um produto.

Page 272: Dicas de fotografia   por claudia regina

272 Quem cobra mil reais para ir fotografar um casamento

pode ter a impressão de estar tendo mil reais de lucro,

mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Por

causa dos custos invisíveis, podemos estar até pagando

para trabalhar.

Seus custos de vida (moradia, transporte, alimentação),

de trabalho (impostos, cursos, 13º) e depreciação de

equipamentos (câmeras, computadores e tudo que

precise ser trocado regularmente) devem ser somados

para saber o mínimo a se ganhar para conseguir sobreviver.

Seus custos de lazer (viagens, diversão, etc) devem

ser somados para saber o mínimo a se ganhar para

conseguir superviver.

Uma vez que você saiba exatamente quanto precisa

ganhar por mês, é mais fácil descobrir seu valor por

hora ou por trabalho. Se o objetivo é fotografar três

casamentos por mês o seu salário deve ser dividido por

três (ou por dois). E aí, é só correr atrás da clientela!

Dica

No meu blog, disponibilizo

uma tabela gratuitamente

para calcular seus custos

e descobrir quanto deve

ganhar por mês para não

pagar para trabalhar.

Acesse:

http://www.

dicasdefotografia.com.br/

fotografia-quanto-cobrar

Quando trabalhar de graça?

Fazer um trabalho de graça não é necessariamente desvalorizar o seu trabalho.

Você pode escolher não cobrar para: conseguir portfolio, criar coisas novas sem

expectativa, para ajudar uma causa ou simplesmente porque não acredita que tudo

deva ser trocado por dinheiro.

Você está começando

Este cenário todo mundo já conhece: estamos

começando e, além da falta de experiência, nos falta

portfolio. Não temos uma quantidade de trabalhos

suficiente para conseguir outros. A solução? Trabalhar

de graça.

Page 273: Dicas de fotografia   por claudia regina

273

foto

graf

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ão

Procure potenciais cobaias no seu círculo de amizades. Outra boa ideia é procurar

colegas de profissão que possam te acolher e te levar em um evento, viagem, ensaio.

Ninguém vai sair perdendo: clientes e colegas saberão que você está começando e,

por isso, não poderão colocar nenhuma expectativa no seu trabalho, mas terão fotos

ou mão de obra gratuitos. Você poderá usar as fotos para o seu portfolio e, de quebra,

terá experiência para atender melhor suas próprias clientes!

Quando você não está começando

O mais difícil é deixar de cobrar quando você não está começando. Vem o orgulho e

vem a preguiça. “Se não preciso, por que trabalhar de graça?”

Mas trabalhar de graça pode ser uma oportunidade para inventar coisas novas e

botar em prática ideias mais mirabolantes, sem a pressão de entregar exatamente

aquilo que está proposto. A ideia é justamente ter liberdade para criar algo que ainda

não existe.

Em situações assim, todo mundo sai ganhando: modelos ganham fotos legais e quem

fotografa ganha uma oportunidade para fotografar sem a expectativa de um trabalho

pago.

Quando o trabalho é para uma organização sem fins lucrativos

Em último lugar, mas não menos importante: quando clientes que representam

causas que você apoia não têm dinheiro para investir em fotografia, você pode

demonstrar seu apoio doando seu tempo de trabalho.

Nesse caso, nem você nem a cliente têm como o objetivo o lucro, e você colabora

fazendo o que mais sabe fazer.

Se tiver tempo (ou melhor, se puder reservar um tempo) para projetos pró-bono, vai

perceber que os benefícios são muito maiores do que portfolio ou dinheiro.

Page 274: Dicas de fotografia   por claudia regina

274

lista. Mas ninguém lia. Depois de receber um orçamento de fotos em locação externa,

em que a pergunta “e se chover no dia?” estava devidamente respondida, as pessoas

enviavam emails perguntando... “e se chover no dia?”

Pois é, as pessoas não lêem perguntas frequentes. Este título, em especial, não ajuda

muito: nos achamos muito especiais para estar fazendo uma pergunta que outras já

fizeram. Na nossa cabeça, nossa dúvida é sempre única.

Decidi mudar a abordagem. Ao invés de uma lista de perguntas e respostas coloquei

fotos grandes e chamativas com as perguntas e respostas destacadas em cima.

Coloquei uma foto de um cachorrinho fofo e, junto dela, a pergunta: “posso levar

meu pet para o ensaio?” Nunca mais recebi perguntas que estavam respondidas no

orçamento.

Este é um caso bastante específico, e provavelmente você não vai lidar com

uma situação igual à minha. Mas esta história ilustra muito bem a característica

mais importante que devemos cultivar para sermos bom profissionais: nos

responsabilizarmos.

Eu poderia ficar por anos reclamando cada vez que alguém repetisse uma pergunta.

Eu poderia me indignar pra sempre e xingar, na minha cabeça, todo mundo que

não lê a porra das perguntas frequentes. Mas isso não ia fazer diferença. As pessoas

continuariam sem ler.

O que fiz? Me responsabilizei. Se as pessoas não estavam lendo, é porque eu não

estava apresentando as informações de forma interessante. Eu não posso mudar as

pessoas, mas posso mudar meu orçamento.

O problema é com você

Durante uma certa época da minha jornada eu trabalhei

com ensaios ao ar livre. Nessa época eu respondia

pedidos de orçamento não só com as informações de

preço mas também com respostas para as dúvidas mais

frequentes. No início eu adicionava essas perguntas e

respostas em uma página do orçamento em forma de

Page 275: Dicas de fotografia   por claudia regina

275

foto

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ão

Alguém não entendeu sua mensagem direito? Você

precisa explicar melhor.

O trânsito te atrasou? Você precisa sair mais cedo.

A gráfica fez um álbum mal acabado estourando seu

prazo? Você precisa procurar outra.

Se responsabilizar é diferente de se culpar. O trânsito

pode não ser culpa sua, mas a responsabilidade de sair

mais cedo é. Se a gráfica fez um trabalho mal feito a

culpa é dela, mas sua responsabilidade é escolher outra.

Tomar a responsabilidade do problema nos faz ter

controle sobre a situação. Profissionais são aqueles que

solucionam problemas, não aqueles que apontam quem

tem a culpa.

Contratos de serviços fotográficos

Não trabalhe sem contrato. O contrato serve para proteger profissional e cliente,

e trabalhar sem ele pode gerar muita dor de cabeça e desentendimentos. O seu

contrato não precisa ser rebuscado ou estar escrito em advoguês: você pode escrever

seu próprio contrato e colocar tudo que for necessário para proteger as duas partes.

Modelo de contrato

Cada área da fotografia tem suas particularidades, assim como cada profissional.

Não é possível encontrar, prontinho, um contrato que satisfaça todas as suas

necessidades. Use essas informações como base para montar o seu:

Dica

O que faz mais diferença

entre sermos profissionais

ou profissionais

medíocres é o quanto nos

responsabilizamos pelo que

acontece à nossa volta.

Page 276: Dicas de fotografia   por claudia regina

276

Emails são válidos?

Tudo que foi combinado por email é válido judicialmente. Você pode, inclusive, enviar

o contrato completo por email. Mas lembre-se que a pessoa precisa fazer um aceite

por escrito: ao enviá-lo como anexo, por exemplo, você pode pedir para que ela envie

um email dizendo que concorda.

Preciso de testemunhas ou reconhecimento de firma?

Não. Testemunhas podem agilizar o processo judicial, mas não são essenciais. Em

nenhuma situação é obrigatório o reconhecimento de firma.

Licença de uso

No caso de fotos para uso comercial você deve especificar ao máximo este uso.

Por exemplo: para uma foto a ser usada em uma propaganda de revista devem ser

Dados pessoais de ambas as partes (nome, documentos,

endereço)

Especificação de serviços e produtos (ensaio, cobertura de

evento, álbuns, fotos em alta resolução, etc) com datas e

horários

Especificação de uso das fotos (uso pessoal, uso

comercial, tipos de uso comercial, etc)

Valor e formas de pagamento

Prazos (seus prazos para entregas de fotos e tempo de

backup e, para clientes, prazos para seleção de fotos)

Multas e informações sobre rescisão do contrato (de

acordo com ambas as partes)

Page 277: Dicas de fotografia   por claudia regina

277

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ão

especificados o nome e edição da revista, a tiragem e o tamanho da foto. Se sua foto

vai ser usada em um site, devem ser especificados o endereço do site e o tempo

limite de uso.

Direito de imagem

Para publicar uma foto em que aparece uma pessoa

você precisa de uma autorização de uso de imagem.

Você pode pedir esta autorização dentro do contrato

ou fazer uma autorização à parte. Caso a pessoa não

tenha te autorizado a divulgar a imagem dela você

poderá sofrer um processo. Tome cuidado também com

fotos de crianças: pais e mães precisam ter autorizado

explicitamente a divulgação das fotos de pimpolhos,

sempre por escrito.

Faça o contrato com antecedência

Muitos contratos consideram multas para atrasos ou rescisão. Faça o contrato assim

que finalizar a negociação e marcar a data e evite de alguém rescindir o contrato

antes mesmo de assiná-lo!

Nos casos em que você verá a cliente somente no dia das fotos, não deixe de mandar

o contrato e ter um aceite por email.

Da venda à pós venda

Não dê muitas opções

Uma das dicas mais tradicionais de vendas é não oferecer muitas opções. Quando

chegamos em um restaurante e vemos um cardápio com 20 páginas, ficamos

frustradas por não saber o que escolher. Depois de escolher, ficamos frustradas por

não ter escolhido uma das outras. Você não quer que sua cliente fique frustrada

tantas vezes, não é?

Dica

No caso de fotos para uso

comercial você também

precisa de uma autorização

de modelos com a

especificação do uso.

Page 278: Dicas de fotografia   por claudia regina

278 Dar mais opções não deixa clientes mais felizes. Dar

muitas opções não facilita a sua vida. Na realidade,

oferecer muitas opções de serviços ou produtos deixa

clientes frustradas e dificulta a sua organização e a sua

logística.

Um mundo como o nosso, que dá mais opções do que

jamais nossas avós imaginariam existir, só faz criar mais

insatisfação pelo que já temos. Simplifique.

Só mostre aquilo que quer vender

Quando comecei a fotografar profissionalmente percebi um certo padrão: clientes

sempre escolhiam aquelas fotos que menos gostei. As minhas favoritas ficavam de

lado, e eu ficava triste e decepcionada.

Dica

Por exemplo: ao invés

de oferecer 12 tamanhos

diferentes de álbum,

escolha poucas opções que

têm bom custo/benefício

para o seu público e que

melhor representam seu

estilo.

Até que, de repente, uma amiga me abriu os olhos: não

quer que a pessoa escolha uma foto? Não mostre.

Passei a mostrar somente as minhas favoritas. Passei a

excluir sem dó aquelas que não me agradaram. Passei a

mostrar pouquíssimas fotos, e somente aquelas que me

dão orgulho de verdade e que eu assinaria sem medo.

Mas aí, você me pergunta: “E se a cliente pedir uma foto

específica e você não achar a ideia legal? Não vai fazer?

Não vai mostrar? Ela não vai perguntar depois onde

está a foto?” Por muito tempo fotografei gestantes,

e colegas me perguntavam como eu lidava com os

pedidos de fotos bregas (como a tradicional mão em

forma de coraçãozinho em cima da barriga.)

Eu não tenho resposta para estas perguntas porque

essa situação não acontecia comigo. Sabe por quê?

Porque só mostrava, no meu portfolio, aquilo que queria

vender. Não tenho medo de perder clientes deixando

meu estilo exposto.

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fiss

ão

Clientes que não gostam do meu estilo se afastam e

procuram profissionais que lhe atendam.

Clientes que viram meu portfolio, gostaram do meu

trabalho e me contrataram, esperam exatamente aquilo

que ofereço. Se alguém lhe pedir um coraçãozinho na

barriga, veja onde você demonstra ser o tipo de pessoa

que faz isso e passe a demonstrar ser o tipo de pessoa

que não faz.

Dica

Por exemplo: ao invés

de ter no orçamento um

pacote com ensaio de

fotos e álbum, apresente

cada um desses itens

separadamente.

Separe serviços e produtos

Digamos que sou uma fotógrafa de casamentos. Nesta

área, ofereço serviços e produtos.

Os serviços incluem fazer uma reunião com o casal,

passar o dia fotografando e editar as fotos que

foram feitas. Os produtos incluem álbuns, pôsteres e

impressões avulsas.

Preços ficam muito mais transparentes e fáceis de

entender se, no meu orçamento, eu separar o que é

serviço e o que é produto.

Pacotes fechados diminuem a possibilidade de

negociação e fazem clientes dar mais valor para

os produtos do que para o serviço. Além disso, ao

apresentar preços separadamente, demonstramos mais

flexibilidade: clientes percebem ter mais controle sobre

o preço final.

Faça um follow up

Digamos que várias pessoas entraram em contato com

você, interessadas no seu trabalho. Depois de enviar o

orçamento, essas pessoas não deram mais sinal de vida.

O que fazer?

Page 280: Dicas de fotografia   por claudia regina

280 Você pode entrar em contato depois de alguns dias

perguntando se houve alguma dúvida não respondida

ou se querem aproveitar as datas disponíveis deste

mês. Isso é chamado de follow up, e serve para

analisar tanto seus métodos de divulgação quanto seu

atendimento inicial.

Se as pessoas não te contrataram porque não fazem

parte do seu público alvo, é hora de rever seus métodos

de divulgação. Quando você atinge o público errado seu

preço ou estilo de trabalho afastam no primeiro contato

direto. Logo no momento em que a pessoa parou para

analisar se vale a pena te contratar.

Se houveram muitas dúvidas não respondidas ou se

essas pessoas não entenderam como funciona o seu

serviço, é hora de rever seu orçamento e as informações

que envia no primeiro contato. Sua cliente vai fazer

o desempate em relação à concorrência escolhendo

a profissional que deu informações mais claras e que

possui um processo mais fácil de compra.

Ofereça preços de referência

No varejo é muito comum encontrarmos preços de

referência: são as famosas promoções. Ao colocar

a frase “de R$ 599 por R$ 299” na etiqueta, cria-

se a impressão de que o valor é mais baixo do que

realmente é. R$ 299 não pareceria tão barato se não

existisse uma base para a comparação.

Ao apresentar nossos preços, podemos fazer o mesmo,

oferecendo produtos que servirão como referência.

Digamos que o álbum que você mais gostaria de vender

custa R$ 500. Você pode oferecer também uma opção

mais simples/com menos fotos por R$ 200, e uma

opção mais exclusiva/com mais fotos por R$ 1000.

Page 281: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Ao olhar os três preços, nossa mente tende a eliminar o mais barato e o mais caro,

para chegar no melhor custo benefício. Não queremos a opção mais simples, mas

também não precisamos pagar o dobro por um produto mais ou menos parecido! O

produto ou serviço de valor central normalmente é o que faz mais sucesso.

Pós-venda

Depois que você fez as fotos, chegou a hora de entregá-

las. Esse momento é essencial para criar clientes felizes

e fiéis. Se a escolha das fotos é difícil, prazos não são

seguidos ou o produto tem pouca qualidade, as chances

são grandes da pessoa esquecer tudo de bom que

aconteceu antes.

Invista tempo na pós-venda. Sua cliente ficará muito

mais feliz se você possuir uma página no seu site onde

é fácil escolher as fotos e ver o preço final, ao invés de

precisar anotar o número dos arquivos em um papel e

fazer as contas manualmente. Sua cliente ficará muito

mais feliz de receber um álbum bem embalado e com

uma cartinha de agradecimento do que de recebê-lo

em uma sacola feia e embalada sem nenhum cuidado.

Comunicação

Sempre que contratamos um serviço ficamos ansiosas. Um pouco antes da data

combinada para as fotos, envie um aviso dizendo que está tudo confirmado. Depois

de realizar as fotos, envie uma delas antes do prazo combinado para que a cliente

não tenha que esperar muito para matar a curiosidade. Quando estiver lidando com

produtos, como álbuns, lembre-se de avisar sempre que sua produção mudar de

etapa: quando iniciou a diagramação, quando foi enviado para a gráfica, quando foi

postado nos correios.

Uma comunicação clara, marcando todas as etapas, garante que tudo está sob

controle e mostra que você se importa com cada cliente.

Page 282: Dicas de fotografia   por claudia regina

282 O direito autoral e de uso

A fotografia é obra intelectual protegida pela lei. Está

escrito no art. 7., inc. VII, da Lei 9610/98:

ou seja: créditos devem ser dados sempre.

São obras intelectuais protegidas as criações do

espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em

qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido

ou que se invente no futuro, tais como:

VII – as obras fotográficas e as produzidas por

qualquer processo análogo ao da fotografia;

Isso quer dizer que uma foto tirada por você é protegida por essa lei, simplesmente

por ser uma fotografia. Qualquer fotografia, feita a qualquer tempo, em negativo ou

cartão de memória, em celular ou DSLR… todas elas são, a princípio, protegidas por

essa lei.

I – o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da

obra;

II – o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal

convencional indicado ou anunciado, como sendo o do

autor, na utilização de sua obra;

III – o de conservar a obra inédita;

Quais direitos eu possuo?

Os direitos inalienáveis do autor são chamados de

direitos morais. De acordo com o Art. 24 da Lei dos

Direitos Autorais, o autor tem os seguintes direitos:

Page 283: Dicas de fotografia   por claudia regina

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ão

IV – o de assegurar a integridade da obra, opondo-se

a quaisquer modificações ou à prática de atos que,

de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo,

como autor, em sua reputação ou honra;

V – o de modificar a obra, antes ou depois de

utilizada;

VI – o de retirar de circulação a obra ou de suspender

qualquer forma de utilização já autorizada, quando

a circulação ou utilização implicarem afronta à sua

reputação e imagem;

VII – o de ter acesso a exemplar único e raro da

obra, quando se encontre legitimamente em poder

de outrem, para o fim de, por meio de processo

fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual,

preservar sua memória, de forma que cause o menor

inconveniente possível a seu detentor, que, em todo

caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo

que lhe seja causado.

§ 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus

sucessores os direitos a que se referem os incisos I a

IV.

§ 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e

autoria da obra caída em domínio público.

§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as

prévias indenizações a terceiros, quando couberem.

Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e

irrenunciáveis.

ninguém pode

mexer na sua fot

o

no Photoshop e

sair divulgando

ela

por aí!

Ou seja: direitos morais não podem ser vendidos ou repassados! Esses são os direitos

seus e de mais ninguém, nem que você não queira.

não adianta querer escapar, se você fez a foto ela é tua e ponto final, nem se você quiser esses direitos passam a ser de outra pessoa!

Page 284: Dicas de fotografia   por claudia regina

284

Quais direitos eu posso vender?

Para que a foto seja usada por outras pessoas ou empresas, você vai ceder o direito

de uso, chamado oficialmente de direito patrimonial. É o direito de quem vai usar,

modificar ou divulgar a sua obra para qualquer fim.

Lembre-se: qualquer tipo de uso tem que ser previamente permitido pelo autor,

com tudo acertado em contrato. Abaixo alguns exemplos de usos que devem ter a

aprovação prévia do fotógrafo, no Art. 29:

Não vendemos fotos,

vendemos os direitos de

uso dessas fotos!

I – a reprodução parcial ou integral;

II – a edição;

VI – a distribuição, quando não intrínseca ao

contrato firmado pelo autor com terceiros para

uso ou exploração da obra;

VII – a distribuição para oferta de obras ou

produções mediante cabo, fibra ótica, satélite,

ondas ou qualquer outro sistema que permita

ao usuário realizar a seleção da obra ou

produção para percebê-la em um tempo e lugar

previamente determinados por quem formula a

demanda, e nos casos em que o acesso às obras

ou produções se faça por qualquer sistema que

importe em pagamento pelo usuário;

X – quaisquer outras modalidades de utilização

existentes ou que venham a ser inventadas.

Como pode ver, quaisquer outras modalidades de uso que existem ou que venham a

ser inventadas estão nesta lista. Ou seja: todo uso deve ter a autorização do autor da

obra.

Page 285: Dicas de fotografia   por claudia regina

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E se temos pessoas ou objetos nas fotos?

No caso de fotos onde aparecem pessoas, é preciso que elas façam um contrato

cedendo ou vendendo o direito de uso de sua imagem.

Se você quer colocar a foto de uma cliente no seu site, é preciso que ela assine o

contrato de direito de imagem permitindo este uso.

Se você fez fotos para uma marca de roupas, a modelo precisa assinar um contrato

de direito de imagem permitindo este uso (sempre especificando onde a foto vai ser

usada e por quanto tempo.)

Isso também vale para objetos particulares: é preciso a autorização da dona.

E mais: esse uso deve ser muito bem especificado no

seu contrato, contendo o meio (onde vai ser usada

sua foto? Internet? Revista? Outdoor?) e o tempo (por

quanto tempo a foto poderá ser usada? 1 ano? 10 anos?

20 anos?)

E pessoas que estão andando pela rua?

Se você fez uma foto de um local público onde

aparecem pessoas (como uma praça), não será

necessário pedir autorização para divulgar esta

imagem, exceto em caso de uso comercial. Ou seja: você

pode colocar a foto como essa no seu site, mas não em

uma propaganda de revista.

É por isso que fotos de celebridades são possíveis.

Quando elas estão passeando na praia ou comprando

pão na padaria, nada impede que paparazzi façam fotos

e as divulguem.

Page 286: Dicas de fotografia   por claudia regina

286 Mas existe um porém: se as fotos ferirem a integridade ou honra desta pessoa, você

poderá ser responsável por danos morais e pode sofrer um processo judicial.

Não espere pela ideia extraordinária

Mais importante do que ter várias ideias

extraordinárias, é colocar a mão na massa e colocar

uma ideia (qualquer uma) em prática. Ela precisa ser a

sua ideia, e você precisa acreditar nela.

Se não funcionar (e isso vai acontecer bastante) você

parte para a próxima. Sacadas geniais só são geniais

em retrospecto.

Preste atenção naquilo que resolveu fazer e faça super

bem. A sua assinatura de email tem seu telefone? As

informações no seu orçamento estão bem dispostas

e organizadas? Seu site está bonito e funcional? Você

está respondendo pedidos de orçamento rapidamente?

Acreditar que só é possível começar a trabalhar de

verdade quando você tiver as condições materiais

ideais também é outro erro que artistas de todas as

áreas encontram. Não é o loft de pé direito alto em

Nova York e a câmera de última geração que farão

suas fotos ficarem boas. Artistas, seja quem trabalha

com fotografia ou desenho ou música, só precisam de

uma coisa para chegar em um bom trabalho: prática.

Desligue o computador e a rede social e vá praticar.

“A perfeição não

consiste em fazer coisas

extraordinárias, e sim em

fazer coisas ordinárias

extraordinariamente bem.”

Marie Angélique Arnauld

Page 287: Dicas de fotografia   por claudia regina

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Page 288: Dicas de fotografia   por claudia regina
Page 289: Dicas de fotografia   por claudia regina

289

Por que não fotografei a tapioquinha?

estou em belém. esta manhã, depois de ir ao banco, vejo uma senhora vendendo

tapioquinha. hum, adoro! quero uma. ela disse: “senta ali na sombra, moça, que tá sol!”

sentei. da sombra, observei a tapioquinha tomando forma.

lá foi ela. coloca a massa de tapioca na frigideira, em pequenas colheradas. com a

mesma colher, vai espalhando tudo para formar a panquequinha. espera um pouquinho.

sacode a frigideira e, num pulo, a tapioca já tinha virado pro outro lado. espera mais um

pouquinho. abre espaço num pano de prato e coloca a tapioca esticadinha por cima. pega

um pote de manteiga e, com uma faca, vai aos poucos besuntando a tapioca. primeiro, nas

bordas do círculo. depois, no centro. a faca é colocada de lado. fecha o pote de manteiga

e pega o pote de queijo. “o queijo está bem molinho, tá calor!” com uma colherzinha

vai pegando um pouquinho de queijo e espalhando na tapioca. coloca um pouquinho

aqui, outro pouquinho acolá. espalha, espalha, espalha. bota a tapioca, devidamente

amanteigada e aqueijoada, na frigideira novamente. aquece um pouquinho e, com a

colher, vai enrolando, enrolando (aqui no pará se come tapioca enroladinha, diferente

de alguns outros locais do país onde se faz um pastelzinho.) tapioquinha devidamente

enrolada, volta pro pano de prato. “é pra comer agora?” opa, com certeza. abre um pote,

pega um guardanapo. dobra no meio, levanta a tapioca, coloca ela em cima. parece que

está colocando a fralda num bebê, de tanta delicadeza. repete com outro guardanapo,

desta vez fazendo uma trouxinha.

3 reais por uma deliciosa tapioquinha feita por uma senhora com um leve toc e muito

carinho.

Publiquei o texto acima numa rede social. Em pouco

tempo surgiram pessoas comentando: “cadê foto?”,

“queremos fotos!”, “devia ter tirado uma foto!”, “por que

não fotografou?”

Acredito que muita gente espera que eu esteja sempre

com a câmera na mão só porque sou fotógrafa. Sei

que não parece uma expectiva infundada, mas pra

falar a verdade vejo muitos mais motivos para não

fotografar do que para fotografar. A situação da tapioca

exemplifica bem alguns deles:

Page 290: Dicas de fotografia   por claudia regina

290 1. Não somos neutros com uma câmera na mão

Não tem como apontar a câmera para alguém e achar

que essa é uma atitude neutra. Se eu fizesse isso nesta

situação a tapioqueira ia, na hora, perceber. Não sei o que

ia acontecer. Talvez ela ficaria vaidosa e contente. Talvez se

sentiria invadida. Talvez ficaria com vergonha. Talvez desse

uma ajeitada na coluna. Existem várias possibilidades, mas

todas elas pressupõem uma só: ela com certeza ficaria auto-

consciente do seu corpo e de seus movimentos mudando

completamente o rumo daquele momento.

Alterar o momento de rumo muitas vezes quebra algo que

estava legal. Aquele momento sublime de uma senhora

fazendo tapioca não merecia ser estragado por causa de uma

foto.

Sou um pouco radical neste ponto: não só acho que não

somos neutros com uma câmera na mão, como acho que

fotografar outras pessoas é um ato violento por si só. As

palavras que usamos para o ato de fotografar mostram muito

bem o que estamos fazendo. Tirar uma foto. Capturar uma

foto. Não só as câmeras profissionais são enormes e parecidas

com armas, a gente ainda usa esta arma para capturar as

pessoas! A responsabilidade é enorme. Nós é que decidimos o

ângulo, o momento, como e quando apertar o botão. A pessoa

fotografada está à mercê da nossa generosidade (ou falta

dela.)

Se o nosso único objetivo com um retrato é fazer uma foto

bonitinha, talvez seja melhor não fazer nada. Uma foto

bonita não é um motivo bom o suficiente para cometer essa

violência. Acredito que retratos podem ser lindas ferramentas

para fazer algo pelas pessoas fotografadas e procuro focar

meus esforços somente nestas possibilidades.

Page 291: Dicas de fotografia   por claudia regina

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2. A fotografia não é o melhor meio

Acho bobagem o ditado que diz que “uma imagem

vale mais do que mil palavras”. Nem sempre! No caso

da tapioqueira, nenhuma foto ou série de fotos que eu

fizesse passaria a história da forma que o texto passou. A

fotografia é uma ferramenta e não tem nada de melhor

que as outras. Às vezes, o que cumpre o objetivo é um

texto, um vídeo, uma voz, uma mistura de tudo.

O que mais me incomoda de quem usa a fotografia como

arte é esta crença de que a fotografia pode passar uma

mensagem mais rápido ou pode causar um efeito na

pessoa observadora de forma mais real. Às vezes, não.

Há um tempo atrás visitei uma exposição fotográfica que

possuía imagens de pessoas indígenas. Uma das fotos

mostrava uma mulher com pinturas no rosto, argolas e

outros acessórios nas orelhas e lábios. Fiquei observando

a própria exposição: várias mulheres passavam por esta

foto e comentavam algo como “olha que engraçada essa

pintura no rosto!”, “que exótica essa moça!”, “gente, como

ela tem coragem de colocar isso, deve doer!”

Não é preciso uma fotografia para que as pessoas não-

indígenas pensem que as pessoas indígenas são estranhas

ou exóticas. Essa foto estava somente reforçando isso.

Quem sabe, se esta foto não estivesse sozinha, ela

poderia gerar uma reflexão além do estereótipo. Quem

sabe, explicando através de outros meios, as pessoas

não-indígenas daquela exposição perceberiam que fazer

tatuagem, colocar implante nas mamas, usar maquiagem

ou se depilar com cera mensalmente também são atitudes

bastante engraçadas, exóticas e que dóem. Talvez elas

respeitassem mais a pessoa retratada como alguém que,

assim como elas próprias, toma decisões com base no que

sua tribo espera.

Page 292: Dicas de fotografia   por claudia regina

292 3. A fotografia nos toma experiências

Se eu tivesse sacado uma câmera para fotografar

a história da tapioca, em poucos segundos deixaria

de perceber cada um dos movimentos da senhora

e passaria a me preocupar com o foco e com a

composição da foto. Eu deixaria de estar lá.

Ao contrário da ilustração ou da poesia, a fotografia

está no dia a dia de muita gente. Susan Sontag, no seu

livro “On photography”, disse que “todo mundo está

usando a fotografia como diversão, quase tanto quanto

sexo.” Isso foi na década de 70. Hoje tenho certeza que

fotografamos muito, mas muito mais do que transamos!

Nos parece normal que, tendo poder aquisitivo pra isso,

passemos tanto tempo da nossa vida olhando o mundo

e a sociedade através de retângulos luminosos.

Morando no Rio de Janeiro comecei a notar que viajar

sem tirar fotos parece inimáginável. Ando pela orla de

Copacabana e ali está um moço fazendo uma foto do

seu milho meio-comido com o pôr do sol ao fundo, ali

está um grupo de amigas fazendo diversos selfies na

praia, ali estão pais fotografando cada passo de um

bebê. Durante minhas próprias viagens e passeios já

cansei de ver guias na maior empolgação contando

histórias e causos, e todo mundo só prestando atenção

nas suas câmeras.

Viagens potencializam nossa atitude registradora, mas

no dia a dia fazemos o mesmo. Sempre tem alguém

insistindo para parar tudo para uma foto durante

um encontro de família ou para registrar a janta que

acabou de chegar no restaurante. Sempre tem alguém

para parar seja lá o que estava acontencendo com a

frase “vamos fazer uma foto?”

E eu me pergunto: por quê estamos fazendo isso?

Page 293: Dicas de fotografia   por claudia regina

293

Muitas vezes, vamos admitir, é para impressionar os

outros. Dentro de uma sociedade que tem definições

muito claras de sucesso faz todo sentido divulgar

na internet a viagem que acabamos de fazer ou

o restaurante que gostamos de frequentar. O pior

é que muitas vezes as fotos são só a ponta do

iceberg: quantas vezes não agimos para os outros e

fotografamos para provar? Sim, muita gente fotografa o

casamento para registrar a festa caríssima que fez, mas

neste caso a festa já foi feita para se encaixar numa

demanda por si só. Se achamos que “se ninguém ficar

sabendo é como se não tivesse acontecido”, é hora de

repensar esta luta que já começou perdida: os outros

sempre vão parecer mais próximos do tal sucesso.

Mas nem sempre é o caso. A maioria das pessoas que

conheço e que gostam de fotografia dizem, de forma

unânime, que a fotografia serve para relembrar um

momento bom. Mas será que precisamos tanto disso?

Será que precisamos voltar de Paris com mil fotos,

para relembrar de Paris mais tarde, se quando de fato

estávamos em Paris perdemos mil momentos vivendo

Paris através de um retângulo luminoso? E se, ao invés

disso, vivêssemos Paris com todos os nossos sentidos?

Será que precisamos passar a infância inteira das

nossas crianças fotografando sem parar? Muita gente

me conta que já tem milhares de fotos do bebê de um

mês de idade. São milhares de momentos vendo o bebê

através de uma tela, ao invés de viver o crescimento do

bebê com todos os nossos sentidos.

Fazemos isso porque temos medo. A viagem à Paris

acaba em poucos dias e bebês crescem muito rápido.

Temos medo do passageiro, porque ele passa. Sim, o

momento vai passar: mas esse é o melhor motivo para

fotografar menos e aproveitar mais.

Page 294: Dicas de fotografia   por claudia regina

294 No futuro, é bem possível que lembremos de coisas

boas do passado. Se estes momentos foram tão bons

assim, é bem provável que a gente não precise de fotos

para relembrá-los. Mas nossa memória não é infalível

e com certeza vários momentos ficarão lá no passado.

Mas qual é o problema? Por que precisamos relembrar?

Porque não podemos viver o momento naquele

momento e nos desapegarmos dele depois?

Podemos usar a fotografia para ganhar nosso dinheiro.

Podemos usar a fotografia como uma ferramenta do

nosso próprio ego: provando aos outros que temos

sucesso ou relembrando nossos próprios momentos

bons. Mas também podemos deixá-la de lado e, com

isso, parar para olhar para dentro e para fora. Olhar

pra dentro nos ajuda a entender os nossos próprios

porquês e de onde eles vêm. Olhar para fora nos ajuda

a perceber o mundo que estamos dividindo com outros

animais (inclusive os mais difíceis de entender: esses

da nossa própria espécie) e como os nossos porquês

afetam o que está à nossa volta. Quem sabe, depois de

olhar tudo isso, podemos usar a fotografia como uma

ferramenta de mudança, de ajuda e de celebração.

E é por esses motivos que não fotografei a tapioquinha.

Page 295: Dicas de fotografia   por claudia regina

295

gostou do livro?

você pode nos agradecer contribuindo com qualquer

valor que achar que valeu a sua leitura. ficaremos

felizes com qualquer contribuição :-)

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Page 296: Dicas de fotografia   por claudia regina

296

fotos do livro e suas configuraçõesA maioria dos livros de fotografia básica mostram as configurações usadas nas fotos

de forma bem destacada. Como pode ver, não foi o caso aqui. Coloquei somente as

configurações relevantes para aquela lição.

É que eu acho que essas informações são bobas e inúteis! A última coisa que me

interessa em como foi feita uma fotografia é o ISO utilizado. A história daquela foto,

a motivação de quem fotografou para clicar e quem é a pessoa retratada são muito

mais interessantes.

Mas sei que nossa curiosidade às vezes é grande! Então você pode encontrar as

configurações exatas das fotos do livro abaixo:

n. pág. ISO, dist. focal, abertura, tempo de exposição

1 30 aline ISO 800, 148mm, f/2.8, 1/500.

2 31 lima, peru ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/20.

3 31 manaus/AM ISO 200, 10mm (olho de peixe), f/6.3, 1/60.

4 32 foto da lua / 50mm ISO 500, 22mm, f/4.5, 1/250.

5 32 foto da lua / 300 mm ISO 800, 300mm, f/5.6, 1/250.

6 34 casamento ISO 1600, 10mm, f/10, 1/50.

7 39 rio de janeiro/RJ ISO 100, 10mm, f/10, 1/80 (a única diferença das duas fotos é o filtro.)

8 40 keukenhof, holanda ISO 100, 15mm, f/25, 1.6”.

9 41 rio de janeiro/RJ ISO 100, 11mm, f/10, 1/160 (a única diferença das duas fotos é o filtro.)

10 48 paquetá/RJ ISO 100, 14mm, f/5, 1/1250 (foto bem exposta.)

11 50 sil ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/100.

12 50 fernanda ISO 100, 10mm, f/3.5, 1/50.

13 50 paraty/RJ ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/250.

14 55 ivone ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/500.

15 56 rio de janeiro/RJ ISO 100, 22mm, f/20, 1/400.

16 57 curitiba/PR ISO 500, 22mm, f/4.5, 1/250 (foto congelada) ISO 100, 22mm, f/29, 1” (foto com movimento)

17 59 rio de janeiro/RJ ISO 5000, 22mm, f/4.5, 1/400.

18 65 joão pessoa/PB ISO 100, 22mm, f/25, 1/50.

19 67 jericoacoara/CE ISO 200, 24mm, f/6.4, 1/1000.

Page 297: Dicas de fotografia   por claudia regina

297

20 68 los roques, venezuela ISO 100, 22mm, f/16, 1/250.

21 70 andy ISO 100, 150mm, f/2.8, 1/320.

22 71 machu picchu, peru ISO 125, 10mm, f/8, 1/200.

23 77 samanta ISO 100, 10mm, f/13, 1/160.

24 84 lisie ISO 100, 70mm, f/5, 1/160.

25 85 adrielly ISO 125, 125mm, f/3.5, 1/200.

26 86 andy ISO 100, 155mm, f/2.8, 1/320.

27 88 rio de janeiro/RJ ISO 3200, 200mm, f/2.8, 1/15.

28 89 veneza, itália ISO 200, 10mm, f/10, 30”.

29 90 veneza, itália ISO 800, 35mm, f/22, 30”.

30 90 veneza, itália ISO 100, 10mm, f/22, 30”.

31 92 naarden, holanda ISO 100, 24mm, f/5.6, 1/30.

32 93 alter do chão/PA ISO 500, 10mm, f/3.5, 1/2500.

33 94 rio de janeiro/RJ ISO 100, 35mm, f/3.5, 1/500.

34 98 alter do chão/PA ISO 100, 10mm, f/16, 2.5”.

35 100 oslo, noruega ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/1250.

36 101 heilbronn, alemanha ISO 250, 70mm, f/2.8, 1/160.

37 102 keukenhof, holanda ISO 100, 73mm, f/3.5, 1/1000.

38 102 svartifoss, islândia ISO 100, 22mm, f/29, 2.5”.

39 103 giovanni ISO 200, 148mm, f/3.2, 1/125.

40 104 naarden, holanda ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/160.

41 105 tromso, noruega ISO 100, 10mm, f/6.3, 25”.

42 105 aquário de londres, inglaterra ISO 800, 150mm, f/2.8, 1/60.

43 102 lisie ISO 100, 140mm, f/2.8, 1/125.

44 107 maíra ISO 100, 11mm, f/3.5, 1/1250.

45 107 naarden, holanda ISO 100, 22mm, f/4.5, 6”.

46 108 inhotim/MG ISO 100, 10mm, f/2.8, 1/5000.

47 109 salvador/BA ISO 100, 50mm, f/4.5, 1/320.

48 110 black sand beach, islândia ISO 100, 10mm, f/22, 1/4.

49 111 tromso, noruega ISO 100, 190mm, f/2.8, 1/500.

50 111 rio de janeiro/RJ ISO 100, 165mm, f/11, 1/160.

51 112 kvaløya, noruega ISO 100, 10mm, f/4.5, 1/30.

52 113 mari ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/30.

53 113 rio de janeiro/RJ ISO 100, 10mm, f/4.5, 1/200.

54 114 carol ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/640.

55 114 museu de arqueologia do xingó/AL ISO 800, 10mm, f/4.5, 1/60.

56 115 shirlley ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/640.

Page 298: Dicas de fotografia   por claudia regina

298 57 115 manifestação educafro/RJ ISO 100, 10mm, f/4.5, 1/125.

58 116 oberhofen am thunersee, suíca ISO 100, 22mm, f/6.3, 1/1000.

59 116 barra da guaratiba/RJ ISO 800, 22mm, f/4.5, 1/160.

60 117 cânion do xingó/AL ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/60.

61 118 monica ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/320.

62 118 seljalandsfoss, islandia ISO 100, 10mm, f/22, 0.6”.

63 119 ilha do mel/PR ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/2500.

64 119 salvador/BA ISO 100, 10mm, f/3.5, 1/40.

65 120 oslo, noruega ISO 100, 10mm, f/10, 6”.

66 121 niterói/RJ ISO 100, 10mm, f/4, 1/1600.

67 121 ilha do mel/PR ISO 100, 50mm, f/2.2, 1/2000.

68 122 luar ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/60.

69 123 ilha grande/RJ ISO 100, 10mm, f/7.1, 1/320.

70 124 oberhofen am thunersee, suíça ISO 100, 10mm, f/8, 1/60.

71 125 rio de janeiro/RJ ISO 1600, 10mm, f/3.5, 1/30.

72 127 rio de janeiro/RJ ISO 400, 70mm, f/2.8, 1/250.

73 127 floresta negra, alemanha ISO 100, 200mm, f/32, 2.5”.

74 128 michele ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/1000.

75 128 cristiane ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/640.

76 129 rio de janeiro/RJ ISO 3200, 200mm, f/2.8, 1/30.

77 130 ilha grande/RJ ISO 800, 10mm, f/4.5.

78 131 angelica e leandro ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/1000.

79 132 josi e andré ISO 200, 70mm, f/2.8, 1/160.

80 133 cassio e juliano ISO 100, 52mm, f/2.8, 1/100.

81 134 tathiana ISO 200, 35mm, f/2, 1/250.

81a 135 alcinda e manoel ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/400.

82 136 rita e pedro ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/250.

83 137 josi ISO 800, 35mm, f/1.4, 1/640.

84 138 michele ISO 100, 110mm, f/5, 1/1000.

85 139 paula ISO 200, 50mm, f/1.4, 1/500.

86 140 cecilia ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/60.

87 141 vivien e lorraine ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/180.

88 142 andrea ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/320.

89 144 larissa ISO 250, 50mm, f/1.8, 1/60.

90 145 juliana ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/125.

91 147 priscila ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/60.

92 148 fiona ISO 800, 70mm, f/4, 1/1600.

Page 299: Dicas de fotografia   por claudia regina

299

93 149 barbara ISO 3200, 56mm, f/2.8, 1/80.

94 149 letícia ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/800.

95 150 lilyan ISO 500, 35mm, f/1.4, 1/250.

96 151 fabiola ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/200.

97 152 taysa ISO 100, 50mm, f/7.1, 1/100.

98 153 maira e bryce ISO 100, 10mm, f/2.8, 1/25.

99 153 rio de janeiro/RJ ISO 800, 10mm, f/3.5, 1/15.

100 154 fabíola ISO 160, 35mm, f/1.4, 1/2500.

101 155 fabíola ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/125.

102 155 julia ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/320.

103 156 erika ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/8000.

104 157 olivia ISO 100, 200mm, f/2.8, 1/250.

105 158 raphael ISO 800, 56mm, f/2.8, 1/100.

106 159 lucas ISO 100, 145mm, f/5.5, 1/320.

107 159 bella ISO 320, 70mm, f/2.8, 1/160.

108 160 laura ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/125.

109 161 havana, cuba ISO 100, 35mm, f/11, 1/160.

110 162 ilha grande/RJ ISO 1250, 22mm, f/4.5, 1/30.

111 163 naarden, holanda ISO 125, 200mm, f/3.5, 1/800.

112 164 círculos de moray, peru ISO 160, 18mm, f/10, 1/50.

113 165 congonhas/MG ISO 100, 10mm, f/2.8, 1/800.

114 167 paris, frança ISO 800, 70mm, f/5, 1/400.

115 167 rio de janeiro/RJ ISO 100, 8mm (olho de peixe), f/22, 1”.

116 169 oberhofen am thunersee, suíca ISO 100, 22mm, f/29, 4”.

117 170 paris, frança ISO 100, 16mm, f/6.3, 1/125.

118 170 londres, inglaterra ISO 100, 10mm, f/22, 15”.

119 171 skogafoss, islândia ISO 100, 21mm, f/29, 0.3”.

120 172 veranópolis/RS ISO 100, 22mm, f/29, 1.6”.

121 173 skogafoss, islândia ISO 100, 10mm, f/22, 0.4”.

122 174 veranópolis/RS ISO 100, 21mm, f/29, 1.6”.

123 175 foz do iguaçu/PR ISO 100, 10mm, f/10, 1/125.

124 176 floresta negra, alemanha ISO 100, 10mm, f/22, 10”.

125 177 naarden, holanda ISO 100, 10mm, f/8, 30”.

126 180 black sand beach, islândia ISO 100, 200mm, f/32, 0.4”.

127 181 rio de janeiro/RJ ISO 100, 14mm, f/4.5, 1/160.

128 182 (flor no pôr do sol) ISO 100, 120mm, f/5.6, 1/1600.

129 183 (flor de ângulo baixo) ISO 100, 10mm, f/7.1, 1/125.

Page 300: Dicas de fotografia   por claudia regina

300

130 183 (flor com fundo azul) ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/200.

131 183 (flor na contra luz) ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/1600.

132 184 (comida) ISO 400, 50mm, f/1.8, 1/800.

133 185 (prod. por letícia massula) ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/100.

134 185 (ovo solitário) ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/320.

135 185 (produção por adriana pita) ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/30.

136 186 (lua) ISO 800, 200mm, f/2.8, 1/50.

137 188 (interiores) ISO 640, 35mm, f/1.4, 1/320.

138 189 ISO 1000, 10mm, f/3.5, 1/60.

139 189 ISO 200, 10mm, f/11, 2”.

140 203 (luz rembrandt) ISO 100, 35mm, f/7.1, 1/10.

141 204 sil ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/500.

141a 204 ale ISO 100, 22mm, f/4.5, 1/200.

142 205 mari ISO 6400, 10mm, f/3.5, 1/40.

143 207 juliana ISO 100, 27mm, f/10, 1/80.

144 216 giulia ISO 800, 10mm, f/10, 1/15.

145 216 giulia ISO 2500, 10mm, f/3.5, 1/20.

146 216 giulia ISO 800, 10mm, f/10, 1/40.

147 217 sônia e oliver ISO 500, 10mm, f/8, 1/6. (a única diferença das duas fotos é o filtro.)

148 218 patricia ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/250.

149 219 fernanda ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/200.

150 220 samanta ISO 100, 70mm, f/2.8, 1/1600.

151 236 manaus/AM ISO 500, 10mm, f/3.5, 1/2500.

152 237 belo horizonte/MG ISO 100, 10mm, f/5.6, 1/200.

153 238 manaus/AM ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/400.

154 240 vila velha/ES ISO 1000, 14mm, f/4.5, 1/100.

155 241 havana, cuba ISO 100, 35mm, f/6.3, 1/200.

156 244 aracaju/SE ISO 100, f/5.6, 1/400, 1/100 e 1/25 (HDR)

157 245 los roques, venezuela ISO 100, 20mm, f/4.5, 1/3200.

158 247 inhotim ISO 100, 50mm, f/1.8, 1/3200.

159 249 fabíola ISO 160, 10mm, f/3.5, 1/20.

160 250 alter do chão/PA ISO 500, 200mm, f/2.8, 1/1600.

161 251 serra da capivara/PI ISO 200, 10mm, f/10, 1/250.

162 252 joão pessoa/PB ISO 500, 10mm, f/4, 1/15.

163 253 porto velho/RO ISO 100, 17mm, f/4, 1/250.

164 254 (cadeiras) ISO 500, 10mm, f/5, 1/25.

165 255 ilha grande/RJ ISO 100, 22mm, f/4.5, 1/800.

166 257 claudia ISO 100, 35mm, f/1.4, 1/250.

Page 301: Dicas de fotografia   por claudia regina

301

1. Fator de corte

A expressão fator de corte tem a ver com a diferença entre o sensor full frame e o

sensor APS-C.

Seja lá com qual câmera você estiver fotografando a objetiva sempre vai reproduzir

o mundo do mesmo jeito. Ou seja, ela vai enviar para o sensor uma imagem circular

refletida nas lentes.

A diferença é que um sensor full frame vai captar boa parte desta imagem, enquanto

um sensor APS-C vai captar um pedaço, adivinha, menor!

Abaixo um exemplo ilustrado. Vamos considerar duas câmeras imaginárias que são

completamente iguais, tendo somente tamanhos diferentes de sensor. Digamos que

as duas câmeras gravam imagens de 21 megapixels (5616 x 3744) e estão usando

uma lente 50mm.

apêndices

sensor full frame (36x24). sensor aps-c (22x15).

Page 302: Dicas de fotografia   por claudia regina

302 Como pode ver o tamanho do sensor não interfere em

nada nas características da imagem. Ela fica igualzinha.

Com o mesmo tamanho (resolução), com a mesma

profundidade de campo e com as mesmas distorções da

lente. A única diferença é que o sensor menor corta as

bordas que apareceriam no sensor full frame.

Ao cortar um pedaço da imagem podemos supor que ao

usar um sensor menor, a distância focal das lentes fica

maior.

É com base nessa suposta mudança de distância focal

que nos baseamos para chegar em um fator de corte.

A segunda câmera do exemplo, com um sensor de

22 x 15mm, vai fazer com que uma lente 31mm faça

uma foto que mostra a mesma coisa que uma 50mm

mostraria em uma full frame. Dividindo 50mm por

31mm chegamos em um valor aproximado de 1.6. É

esse o fator de corte deste sensor.

Usamos este número para fazer o cálculo contrário,

quando chega a hora de escolher uma lente para nossa

câmera APS-C. Uma lente 50mm, quando usada em

uma câmera com fator de corte de 1.6, vai mostrar o

equivalente a uma lente 80mm (50 x 1.6).

É bom lembrar: todas as características de uma lente

se mantém mesmo com o fator de corte, por isso é

impreciso afirmar que uma lente 50mm se transforma

magicamente em uma 80mm quando usada em

uma câ’era APS-C. Sim, a lente vai cortar as bordas e

mostrar o equivalente de uma 80mm, mas ainda sim

vai se comportar como uma 50mm, com as mesmas

aberrações, distorções e profundidade de campo!

Page 303: Dicas de fotografia   por claudia regina

303

2. Um pouco mais sobre fotometria

Quando eu digo que o fotômetro acha que a foto está

muito escura ou muito clara, não estou sendo precisa:

o fotômetro não acha nada! Ele trabalha de forma

matemática.

Apontar, zerar o fotômetro e clicar é somente o primeiro

passo para aprender a fazer uma foto bem exposta. Na

realidade é exatamente isso que a câmera faz, sozinha,

nos modos automáticos. Para ter mais controle sobre a

exposição é preciso entender melhor como o fotômetro

analisa a cena.

A primeira coisa pra entender bem o fotômetro é

entender que ele não vê cor: ele só vê luminosidade.

É como se, para o fotômetro, o mundo fosse preto e

branco!

Além disso, ele trabalha com luz refletida. Ou seja: ele

não está, de fato, medindo a luz existente. Ele está,

na verdade, medindo a luz que está batendo no seu

assunto e voltando pra lente.

Ao medir a luz do seu assunto, o fotômetro compara

a luminosidade que encontrou com um padrão de

luminosidade que ele considera correto. Esse padrão

é conhecido como cinza médio ou cinza 18%. Lembre-

se: não estamos falando da cor cinza, e sim da

luminosidade cinza.

Se, ao apontar para o seu assunto, o fotômetro registrar

um cinza mais escuro ou mais claro que o cinza médio,

ele vai te dizer que a foto está mais escura ou mais

clara do que deveria.

Como é de se imaginar, nem tudo no mundo é cinza

médio. Se você apontar sua câmera para uma parede

Page 304: Dicas de fotografia   por claudia regina

304 preta, por exemplo, o fotômetro vai dar uma medição

equivocada: ele vai falar que a foto está muito escura

quando, na realidade, o assunto é de fato mais escuro

do que o cinza médio.

Para conseguir conversar melhor com o fotômetro,

então, teremos que mostrar para ele algo que seja cinza

médio e aí sim, zerar o fotômetro.

No mundo real existem algumas coisas que são

próximas do cinza médio: a palma da nossa mão, a

grama e o céu claro (sem nuvens) são algumas delas.

Lembre-se: não estamos falando de cor e sim de

luminosidade.

Você também pode usar um cartão de cinza médio,

fácil de encontrar em qualquer lojinha de bugigangas

fotográficas.

3. Tipos de monitor

Um monitor de qualidade é bem importante para a

qualidade das nossas fotos. É no nosso computador

que processamos as fotos e finalizamos elas para

mandar pro portfolio, pra impressão ou pra rede social.

É o equivalente do quarto escuro onde filmes eram

revelados e ampliados.

Mesmo quem não costuma manipular suas fotos ou

usar aplicativos mais profissionais (como o Lightroom),

precisa olhar para as fotos na tela do computador e

ver se estão ok para passar adiante. No fim, é preciso

ao menos salvar os arquivos no tamanho certo para

impressão ou mesmo colocar uma marca d’água na foto

que vai pra rede social. Ou seja: seu monitor precisa

mostrar a realidade.

Page 305: Dicas de fotografia   por claudia regina

305

Tipos de monitor

CRT: lembra daquelas telas gordas que usávamos faz

alguns anos e chamávamos de “tubo”? São do tipo CRT

e quase não encontramos mais deles por aí.

LCD: é o tipo magrinho que mais usamos atualmente.

LED: também é magrinho, mas tem uma economia

incrível de energia e em breve será a maioria.

Os monitores CRT já estão aposentados, e hoje ficamos

com a escolha entre os de tipo LCD e LED.

Tipos de painel

A tecnologia usada no painel do seu monitor é o que

vai determinar boa parte da qualidade de reprodução

de imagens nele. Temos dois tipos principais*:

TN: é o mais barato e mais utilizado hoje em dia em

todo o tipo de tela. É uma tecnologia que permite

tempos de reciclagem rápidos, e é bom pra ver filmes

ou jogar games. Mas sua representação das cores não é

legal e, por isso, não é muito bom para edição de fotos.

É o que está presente na maioria dos notebooks (exceto

aqueles da Apple com retina display).

IPS (e equivalentes): é o tipo de monitor ideal para

edição de fotos, pois tem uma reprodução de cores boa

e consegue manter a qualidade mesmo em ângulos

diferentes de visão (ou seja, se você olha um pouco

lateralmente, consegue ver o mesmo no monitor,

garantindo mais precisão na imagem.) Os iMacs de

linha superior, assim como outros produtos com retina

display, da Apple usam esse tipo de painel.

Page 306: Dicas de fotografia   por claudia regina

306 Qual é o melhor monitor para editar fotos?

Ao fazer uma pesquisa por monitores, veja nas

especificações dos modelos se ele é um monitor de

painel IPS ou de tecnologia similar. Procure também

resenhas de pessoas que usam o monitor para edição

de imagem, para saber mais informações sobre a

fidelidade de cores. Monitores de qualidade custam

milhares de reais, mas você consegue encontrar opções

de bom custo benefício se pesquisar direitinho.

O ideal mesmo é evitar monitores baratinhos e de

notebook, que têm uma reprodução de cores infiel e

você nunca sabe se está olhando do ângulo certo. Sem

esta precisão fica difícil saber se a foto está ok ou se é

o monitor que está te enganando!

E por fim, mas bastante importante: depois de comprar

um bom monitor, é bom deixá-lo calibrado para ver

exatamente o que ele deveria estar mostrando! Você

pode usar os aplicativos próprios para isso (eles já vem

com o sistema operacional ou com o monitor), ou pode

usar acessórios especialmente para este fim.

* Existem outras opções de painel além dessas, mas o

TN e o IPS são as mais comuns atualmente.

Page 307: Dicas de fotografia   por claudia regina

307

4. O plano de foco e os problemas de focar e recompor

Imagine que quero fotografar uma pessoa de corpo

inteiro. Se estou com a câmera totalmente paralela

à minha modelo, conseguirei que tanto sua cabeça,

quanto sua barriga, quanto seus pés, fiquem em foco.

No entanto, se eu medir a distância entre minha câmera

e sua cabeça, sua barriga, e seus pés, não terei a mesma

distância.

Isso acontece porque nossas câmeras não tem pontos

de foco em uma determinada distância, e sim em um

determinado plano focal (e, este sim, tem uma distância

do ponto central da lente.)

É por isso que se, na mesma situação, eu me abaixar e

fazer uma foto usando um ângulo diferente, meu plano

focal vai mudar e o foco será mais limitado.

onde você fez o foco.

onde o foco ficou depois de recompor..

Page 308: Dicas de fotografia   por claudia regina

308

A profundidade de campo existe de acordo com este plano focal, não de acordo

com a distância entre a lente e os elementos da cena. Por isso é sempre importante

lembrar-se deste plano quando estamos fotografando: o ângulo usado pode colocar

mais ou menos elementos dentro da área de foco, de acordo com o seu objetivo.

É por isso também que usar o método de focar e recompor em algumas situações

pode trazer problemas de nitidez: ao mudar o ângulo da lente você muda a

localização do plano focal, e aí é bem possível que aconteça frontfocusing ou

backfocusing.

5. Sobre o uso do botão disparador como trava de foco

Praticamente todos os botões das câmeras DSLR podem ter suas atribuições

alteradas. Aqui sempre digo que para travar o foco é preciso clicar com o botão

disparador até a metade, pois esse é o padrão de fábrica, mas você pode usar outro

botão para essa função. Leia o manual da sua câmera para descobrir as alterações

que pode fazer nas atribuições de botões da sua câmera.

6. Sinalização do foco adquirido no foco manual

Na verdade mesmo no foco manual este sinalizador de foco pode aparecer. Para

ouvir o bip e/ou ver a bolinha luminosa ao usar o foco manual é preciso apertar o

botão disparador até a metade enquanto gira o anel de foco. Os pontos selecionados

vão se comportar exatamente como se estivessem no modo automático. Isso

acontece porque, para a câmera, não interessa como você está chegando neste foco

(se a lente está fazendo isso sozinha ou se é você que está girando o anel.) Ou seja:

com o botão de trava de foco acionado, a câmera sempre vai te avisar se aquilo que

está atrás do ponto de foco seleiconado está devidamente focado, independente se

você está usando o modo manual ou automático da lente.

Page 309: Dicas de fotografia   por claudia regina

309

Claudia Regina começou a

fotografar e achou difícil. Eram

cálculos e nomes e números. Ela é

da área de ciências humanas, e não

entendeu bulhufas. Resolveu criar

o blog Dicas de fotografia para

explicar tudo que ia aprendendo

de forma mais descomplicada.

Sempre tentou usar a fotografia

pra conversar e transformar. Nas

horas vagas gosta de tomar sopa e

queimar sutiãs.

Sil Takazaki entrou neste projeto

feliz da vida, porque adora

fotografia, vive rabiscando e

respeita demais o trabalho

delicioso e coerente da Claudia.

Sua profissão é ensinar, e ela ama

rir dos próprios desenhos – como

gatinhas vesgas com um olho

maior que outro.

Nas horas vagas, vagueia.

Sobre as autoras

Page 310: Dicas de fotografia   por claudia regina

310 Aviso legal

Este livro é distribuído gratuitamente através do site Dicas de Fotografia (www.

dicasdefotografia.com.br) e todo o seu conteúdo, exceto fotos contendo pessoas, está

sob a licença Creative Commons.

Você pode distribuir o link de download ou mesmo este PDF para todo mundo

que você quiser, você pode imprimir e usar para estudar, você pode distribuir no

seu próprio site, você pode indicar para suas alunas e seus alunos caso dê aula de

fotografia e ache que o livro pode ser útil.

Mas peço, por favor, que não venda este livro. Peço, por favor, que não retire as fotos

de pessoas que estão presentes nesse livro e use em qualquer outro contexto. Vamos

dar continuidade ao conteúdo livre sem desrespeito.

Todas as fotos são de autoria de Claudia Regina, exceto quando sinalizado o

contrário. Todas as ilustrações são de autoria de Sil Takazaki.

Fotos de pessoas: Copyright © Claudia Regina 2015

Restante do conteúdo: Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-

Compartilhamento pela mesma Licença 2015

Dicas de fotografiaRio de Janeiro, 2015

primeira edição (v1.2 revisão 6/08/15)ISBN 978-85-919397-0-1

www.dicasdefotografia.com.br