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CARLOTACAFIERO
DAREDAÇÃO
Noite de sábado, em uma salade cinemade Santos, umamu-lher se vira para o companhei-ro e diz: “Ouvi falarmuito bemdesse Criolo. Vamos ao show?Assim, a gente não fica semfazernadano feriado”. Eraumcasal de idosos comentando so-bre a apresentação que o MC,cantor e compositor paulista-no fazhoje, com3mil ingressosesgotados desde quinta-feira,no Ginásio do Sesc Santos. Acenaérepresentativadaunani-midade que Criolo se tornouentrepessoasdediferentesgera-ções, desde quando lançou osegundo CD,NónaOrelha, emmaio de 2011. Sãomais de 100shows realizados no Brasil eem outros 11 países, passandoporcidadescomoBuenosAires,LosAngeles,Nova Iorque,Lon-dres,Paris,MilãoeRoma.
Nopalco,Criolo seapresentaacompanhado de sua banda,que conta com Daniel Ganja-man (teclados) e Marcelo Ca-bral (baixo elétrico e acústico),que também são seus produto-res, e Guilherme Held (guitar-ra), Maurício Badé (percus-são), ThiagoFrança (sax tenore flauta), DJ Dan Dan (voz) eSérgioMachado(bateria).
Nascido em 1975, no bairroSanto Amaro, e crescido noGrajaú, área pobre da zona suldeSãoPaulo,KleberCavalcan-te Gomes era conhecido comoCriolo Doido no evento RinhasdosMC’squeajudouacriar em2006 e, desde então, abriga ba-talhasde freestyle, showssema-nais,exposiçõesdegrafiteefoto-grafias na Vila Buarque. Ti-nha13anosquandosubiupelaprimeira vez em um palco, pa-ra apresentar um rap de suaautoria. Ainda adolescente, in-centivou a própria mãe, a cea-rense Maria Vilani, a voltar aestudar.Hoje,elatemduaspós-graduaçõesedirigeaONGCen-tro de Arte e Promoção Social(Caps)noGrajaú.
O primeiro disco, Ainda HáTempo, é de 2006. Antes dosegundo álbum, Criolo tinhadecididolargarospalcosquan-do recebeu o incentivo de umamigo(DJDanDan)paragra-var as canções que vieram a
compor o premiado álbumNónaOrelha, lançadotambémnaEuropaemjunhode2012,pelagravadora Sterns Music, espe-cializada em títulos de músicaafricana. Artistas como Caeta-no Veloso, Ney Matogrosso e oetíope Mulatu Astatke dividi-ramopalcocomele.
Confira, abaixo, a entrevis-ta que Criolo concedeu pore-mailparaATribuna:
Como é estar no foco damúsi-ca brasileira, extrapolandosuas origens no hip hop eatraindo ouvintes de todas asidades?Tenho trilhado um longo ca-minho ao lado do CassianoSena, oDanDan. Eleme ensi-noumuito sobre a história denossos antepassados e sobrea importância do hip hop.Nunca imaginamos viveruma situação como essa, dis-tante do que era a nossa reali-dade. A arte foimuito genero-sa e exigente conosco e hojeestamos aí, cantando com ocoração, como sempre.
Você já dividiu a cena comCaetano Veloso e Ney Mato-grosso. O que eles represen-tamnasua trajetória?Estas pessoas e tantos outrospoetas são uma grande inspi-ração. Assim como Caetanoe Ney, outros como GOG,Rodrigo Ciriaco, e o artistaplástico e poeta Tubarão (Du-lixo), aí de Santos, são pes-soas que nos dão força, inspi-ram. A primeira vez que can-tei em Santos foi num eventode domingo, numa escola, efui levado por um grupo depessoas que se esforçou parafazer um evento de rap emsua comunidade. Aprendimuito naquele dia. Santostem muitos talentos inspira-dores. Dá orgulho de ver.
EPauloVanzolini?Comoamor-tedelerepercuteemvocê?Tive o prazer e a honra deconhecê-lo num evento da Ca-sa de Francisca, aqui em SãoPaulo. Faltam palavras nestemomento.Quandopessoas as-sim se vão a cidade cinza ficamaiscinza.
Mulatu Astatke. Alguma par-ceriaàvista?Mulatu é uma pessoa espe-cial, um mestre. Não ousariaabordá-lo nesse sentido. Dei-xo que o tempo cuide. Já foiumprazer absurdo vê-lo par-ticipar de uma apresentaçãominha emLondres e, names-ma cidade, tempos depois,dividir com ele uma data nacasa de showsKoko.
“Meu texto, aindaque capenga,vem do coração”
Santostemmuitostalentos
inspiradores.Dá orgulhode ver”
Não souexemplopraninguém,
apenas canto oquevejo eoque sinto”
“Criolo, MC, cantor e compositor
CONTINUANAPÁGINAD-2
“
DIVULGAÇÃO/FELIPEDINIZ
Quarta-feira 1 D-1maio de2013 www.atribuna.com.br