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1 RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL TERMINAL DE GNL DE RIO GRANDE TOPSIDES, ESTOCAGEM, REGASEIFICAÇÃO (FSRU)

TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

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RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

TERMINAL DE GNL DE RIO GRANDETOPSIDES, ESTOCAGEM, REGASEIFICAÇÃO (FSRU)

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Fonte: Höegh
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RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DO TERMINAL DE GNL DE RIO GRANDE – TOPSIDES, ESTOCAGEM, REGASEIFICAÇÃO (FSRU), ENTREGA DE GÁS NATURAL E DRAGAGEM DA BACIA DE EVOLUÇÃO.

PROCESSO nº 9141-05.67/15-2

Setembro / 2017

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ....................................................

2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .........

3. O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ...................

4. ANÁLISE DE RISCO ................................................

5. ÁREAS DE INFLUÊNCIA .........................................

6. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E AS MEDIDAS SUGERIDAS ...........................................

7. PROGRAMAS AMBIENTAIS ...................................

8. CENÁRIOS FUTUROS DE NÃO IMPLANTAÇÃO E DE IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .........

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................

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O presente Relatório de Impacto Ambiental (Rima) apresenta informações do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Terminal de Estocagem e Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (Terminal GNL), no Porto de Rio Grande, localizado no município de Rio Grande – RS.

No Rima estão apresentados o diagnós�co da qualidade ambienta l atua l das áreas de influênc ia do empreendimento, a análise integrada dos dados do diagnós�co, a iden�ficação e avaliação de impactos do empreendimento, a proposição de medidas e ações que mi�guem, compensem e/ou potencializem os impactos iden�ficados e os programas ambientais propostos.

Aqui estão apresentadas, de forma simplificada, as principais informações e conclusões levantadas pelos técnicos responsáveis pela elaboração do EIA, que fornece as informações necessárias à avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento, composto, além do navio estocagem e regaseificação, da área de dragagem da bacia de evolução das embarcações envolvidas na operação e as facilidades (Topsides) a serem implantadas sobre o píer de atracação, que permi�rão o escoamento do gás produzido, além do funcionamento das embarcações.

O EIA/Rima está orientado para atendimento do Termo de Referência, do processo administra�vo nº 9141-05.67/15-2, emi�do pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do RS (Fepam). Detalhamentos técnicos e maiores informações poderão ser ob�das em consulta ao volume do Estudo de Impacto Ambiental.

1. APRESENTAÇÃO

Saiba mais...Estudo de Impacto Ambiental: É um dos elementos do processo de avaliação de impacto ambiental. Trata-se da execução, por equipe mul�disciplinar, das tarefas técnicas e cien�ficas des�nadas a analisar, sistema�camente, as consequências da implantação de um projeto (empreendimento) no meio ambiente, por meio de métodos de avaliação de impacto ambiental (AIA) e técnicas de previsão dos impactos ambientais. O estudo realiza-se sob a orientação da autoridade ambiental responsável pelo licenciamento do projeto em questão, que, por meio de instruções técnicas específicas, ou termos de referência, indica a abrangência do estudo e os fatores ambientais a serem considerados detalhadamente. O EIA é acompanhado do RIMA, versão acessível das informações con�das no estudo de impacto ambiental.

Relatório de Impacto Ambiental: É o relatório realizado com base nas informações do EIA e é obrigatório para o licenciamento de a�vidades modificadoras do meio ambiente. Privilegiando uma linguagem acessível e, sempre que possível fazendo uso de recursos visuais para melhor interpretação dos dados.

Licenciamento Ambiental: é um processo legal, que avalia e emite documento que autoriza, pelo prazo constante no mesmo, a viabilidade (Licença Prévia – LP), a instalação (Licença de Instalação – LI) ou o funcionamento (Licença de Operação – LO) de um empreendimento ou a�vidade. A licença ambiental determina ainda os condicionantes ambientais.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

2.1. O Empreendedor

Razão social

REGÁS BRASIL SUL S/A

CNPJ

10.674.965/0001-13

CTF

6740995

Endereço

Av. Carlos Gomes, 75/405 –

Porto Alegre/RS

Representante legal

Ronaldo Marcelio Bolognesi

CPF

008.006.600-30

Endereço

Av.

Plínio Brasil Milano, 607 –

Porto Alegre/RS

Telefone

51 30258058

E-mail

-

Contato

Karin Weber de Freitas Correa

CPF

920948130-53

Endereço

Av. Carlos Gomes, 111/803 –

Porto Alegre/RS

Telefone

51 35002052

E-mail [email protected]

2.2. A Empresa Responsável pelo EIA/Rima

Razão social

BOURSCHEID ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE LTDA

CNPJ

88.928.163/0001-80

CTF

194361

Endereço

Rua Miguel Tostes, 962 –

Porto Alegre/RS

Representante legal

Aristóteles José Bourscheid

CPF

113.519.000-30

Endereço

Rua Miguel Tostes, 962 –

Porto Alegre/RS

Telefone

51 30129991

E-mail

[email protected]

Contato

Elaine Soares de Lima Nunes

CPF

509.865.970-15

Endereço

Rua Miguel Tostes, 962 –

Porto Alegre/RS

Telefone

51 30129991

E-mail [email protected]

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2.3. A Equipe Técnica Multidisciplinar Responsável pela Elaboração do EIA/Rima

Nome Formação Registro profissional CTF

Coordenação

Aristóteles José Bourscheid Engenheiro Civil CREA-RS 9409 194354

Nelson Jorge Esquivel Silveira Engenheiro Agrônomo CREA-RS 67895 194452

Elaine Soares de Lima Nunes Engenheira Agrônoma CREA-RS 63582 52288

Equipe Técnicas

Marcelo de Campos Bourscheid Engenheiro Civil CREA-RS 114148 288799

Daniel Pereira Biólogo CRBio 28247-03 2338658

Eduardo Audibert Sociólogo Sem conselho 20511

Rozane Nascimento Nogueira Engenheira Florestal CREA-RS 98347 194477

Ivy Farina Ross Bióloga CRBio 53442-03 2818837

Paulo Eduardo Aydos Bergonci Biólogo CRBio 058714-03 2889399

Aline Duarte Kaliski Geógrafa CREA-RS 167589 5095535

Juan Andres Anza Biólogo CRBio 34805-03 509649

Thiago Peixoto de Araújo Geólogo CREA-RJ 9103149 5226616

Gabriela Cruz de Oliveira Santos Historiadora Sem conselho 6019911

Renata Rauber Arqueóloga Sem conselho 5123886

João Pedro Demore Oceanógrafo AOCEANO 1159 60360

Equipe DHI Brasil

Rodrigo Campos de Andrade Engenheiro Civil CREA-RJ 169467 251494

Felipe Bublitz Bier Eng. Sanitarista e Ambiental

CREA-SC 131625-4 6883288

Thomas Uhrenholdt* Engº Civil - -

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

Karina Galdino Agra Relações Públicas CONRERP 4ª Região 2087

603843

* Profissional estrangeiro

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2.4. Histórico do Empreendimento

O empreendimento objeto de licenciamento é um Terminal de Estocagem e Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL), composto basicamente por um navio regaseificador, atracado a um píer mul�uso disponibilizado pelo Porto de Rio Grande, abastecido esporadicamente por um navio supridor de GNL, braços de descarregamento de gás e demais facilidades, como sistemas de controle, comunicação, combate a incêndios, entre outras, a serem implantadas sobre o píer e um trecho de gasoduto para a interligação entre o navio e a malha de gasodutos da Sulgás.

Durante os anos de 2008 e 2009, a UTE Rio Grande Geração de Energia Elétrica S.A. realizou os estudos necessários ao licenciamento do Terminal de GNL e obteve Licença Prévia (LP) para as a�vidades de produção de energia termelétrica a gás natural (1.280MW), estocagem e regaseificação de GNL onshore e píer de recebimento do GNL. O Terminal atenderia a UTE, com a u�lização de 87% da capacidade de regaseificação, e o restante de 13%, seria des�nado ao atendimento do mercado local.

Em abril de 2010 o Grupo Bolognesi adquiriu o projeto do Grupo Desenvolvedor, e em dezembro do mesmo ano, foram protocolados junto à Fundação de Proteção Ambiental do RS (Fepam) os estudos e documentos exigidos na LP, com vista à obtenção da Licença de

Instalação - LI (processo administra�vo nº 018261-05.67/10-2), contemplando as a�vidades da Usina Termelétrica com geração de 1.280MW, com Estocagem e Regaseficação onshore, Gasoduto Criogênico e Píer de Atracação.

No processo de solicitação da LI a Superintendência do Porto de Rio Grande indicou a necessidade de readequação do local de recebimento do GNL, para adequação ao Plano de Zoneamento do Porto. Foram avaliadas a adequação do novo ponto e localização para o descarregamento de GNL e a distância do duto criogênico entre o píer e a Unidade Termoelétrica (UTE) ocasionaria perdas elevadas de gás natural.

Assim sendo, foi revisado o projeto e passou a ser considerado o sistema de estocagem e regaseificação offshore, com o uso de um navio de estocagem e regaseificação do �po FSRU (Floa�ng Storage and Regaseifica�on Unit), com a adequação da estrutura a ser instalada sobre o píer, para a conexão entre a regaseificação e o gasoduto de distribuição, chamada de Topsides, responsável pela entrega de gás natural. Tal conjunto é objeto do presente pedido de Licença Prévia, incluindo-se a dragagem da bacia de evolução necessária para a atracação e movimentação dos navios.

Figura 1 - Zoneamento do Superporto do Rio Grande

Fonte: Adaptado do Plano de Zoneamento das áreas do Porto Organizado de Rio Grande (SUPRG, 2011), disponível em h�p://www.portoriogrande.com.br/site/estrutura_zoneamento_do_porto.php

Legenda: ponto A = localização do descarregamento de GNL na proposição original; ponto B = localização do ponto de estocagem, regaseificação de GNL e descarregamento de GN

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Figura 2 - Localização da UTE Rio Grande e empreendimentos associados, conforme projeto licenciado em 2009.

Fonte: Bourscheid, 2011.

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Figura 3 - Localização do Terminal de GNL.

Fonte: Bourscheid, 2017.

Legenda

Convenções Cartográficas

Legenda

Convenções Cartográficas

Rio GrandeRio Grande

São José do Norte

Canal deRio Grande

Saco daMangueira

Rio Grande

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Quadro 1 - Resumo do Histórico do Empreendimento.

DATA MARCOS

Janeiro 2008 Ideia original de fornecimento de gás natural e energia para o Estado do Rio Grande do Sul, que contemplava uma Termelétrica (UTE Rio Grande) e suas obras acessórias (SE, adutora, etc) e um sistema de Terminal de GNL onshore (descarregamento de GNL, duto criogênico, estocagem e regaseificação em terra).

Outubro 2009 Emissão da Licença Prévia para UTE e Terminal GNL onshore.

Dezembro 2010 Protocolo do pedido de Licença de Instalação para UTE Rio Grande e Terminal GNL onshore.

Março 2011 Solicitação da UTE Rio Grande para a SUPRG quanto a definição consolidada para a área de instalação do Terminal de Descarregamento de GNL.

Julho 2012 Determinação pela SUPRG da nova localização para o ponto de descarregamento de GNL em atendimento ao Zoneamento Portuário e ao Plano Mestre do Porto de Rio Grande.

Agosto 2012 Estudos FURG consolidando a viabilidade do Terminal Offshore entre o píer da Braskem e o píer da Transpetro.

Outubro 2014 Assinatura do Termo de Compromisso entre o Estado do Rio Grande do Sul, SUPRG e Regás Brasil Sul S.A., consolidando a estruturação do Terminal GNL Offshore e as respec�vas responsabilidades de licenciamento em atendimento a legislação vigente. Ficando a SURPG responsável pelo licenciamento do píer Mul�uso a ser doado pela Regás Brasil Sul S.A. e a Regás Brasil Sul S.A. responsável pelo licenciamento do Terminal GNL offshore que poderá operar em modo preferencial de atracação junto ao referido píer.

Fevereiro 2015 Pedido de Licença Prévia pela Regás Brasil Sul S.A. junto ao Ibama para o Terminal de GNL Offshore (incluindo FSRU: sistema de regaseificação e estocagem, Topsides e descarregamento de GN).

Setembro 2015 Resposta do Ibama ao Pedido de LP protocolado em fevereiro de 2015, delegando a Competência de licenciamento do Terminal de GNL Offshore para a Fepam.

Novembro 2015 Delegação de competência do Ibama para a Fepam quanto ao licenciamento da dragagem necessária para a fase de operação do Terminal GNL, haja vista que trata-se de aprofundamento do canal e da bacia de evolução para atender a este Terminal em sua fase de Operação.

Dezembro 2015 Pedido de Licença Prévia pela Regás Brasil Sul S.A., protocolado junto a Fepam para o Terminal de GNL Offshore (incluindo FSRU: sistema de regaseificação e estocagem; Topsides e descarregamento de GN; e dragagem da bacia de evolução).

Março 2016 Protocolo pela Regás Brasil Sul S.A. da Minuta de Termo de Referência em atendimento a orientações da Fepam.

Maio 2016 Protocolo pela Regás Brasil Sul S.A. da Minuta de Termo de Referencia revisado e da Matriz Prévia de Impactos, em atendimento as demandas da equipe técnica da Fepam designada para avaliação do Pedido de LP do Terminal GNL Offshore.

Junho 2016 Aceite da FEPAM quanto ao pedido de Licença Prévia do Terminal GNL Offshore, determinando elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental tendo como base a Minuta de Termo de Referencia e a Matriz de Impactos Prévia apresentada.

Julho 2016 Início das a�vidades de elaboração do presente Estudo de Impacto Ambiental para o Terminal GNL de Rio Grande, que inclui seus Topsides, Estocagem e Regaseificação (via FSRU), além da entrega de Gás Natural e dragagem da bacia de evolução.

Fonte: Regás, 2017.

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2.5. Objetivos e Justificativas do Empreendimento

O obje�vo do Terminal de Regaseificação de Rio Grande é atender as demandas de gás da Rede de Distribuição de Gás Natural (RDGN) de R io Grande , empreend imento sob a responsabilidade da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (SULGÁS), com ênfase ao cliente Usina Termelétrica - UTE Rio Grande, em processo de Licença de Instalação junto ao Distrito Industrial de Rio Grande/RS.

Ta m b é m s e r ã o a t e n d i d o s o u t r o s consumidores do Distrito Industrial e do Porto do Rio Grande. Em uma segunda fase de expansão da malha da RDGN, outras regiões do Estado do Rio Grande do Sul poderão ser beneficiadas com o gás a ser fornecido pelo FSRU.

2.5.1. Objetivos do Empreendimento

Figura 4 - Cadeia de Valor do Gás Natural Liquefeito (GNL).

Fonte: Adaptado de ANP, 2010.

2.5.2. A Origem e as Características do Gás Natural

O Gás Natural tem origem é fóssil, resultando da decomposição da matéria orgânica fóssil no interior da Terra, as crescentes preocupações com a qualidade ambiental global e com a sustentabilidade reforçam o papel do gás natural como fonte de energia limpa.

O gás natural é incolor e inodoro, cons�tuído da mistura de hidrocarbonetos, com pequenas quan�dades de outros compostos químicos que se encontram no estado gasoso ou em solução com o petróleo, e depositados em reservatórios naturais subterrâneos.

A a�vidade de liquefação consiste em uma série de processos que visam converter gás natural do estado gasoso para o líquido, obtendo-se o Gás Natural Liquefeito (GNL).

A produção de GNL se jus�fica quando as quan�dades ou distâncias a serem transpostas entre os locais de produção e aqueles de consumo são grandes, o que torna economicamente inviável o transporte do gás natural através de dutos, sendo necessário à sua viabilidade o transporte de longas distâncias por navios. Na figura a acima é possível observar a cadeia de produção de GNL.

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2.5.3. Justificativas do Empreendimento

A u�lização do gás natural, uma fonte segura de energia, contribui muito efe�vamente para a redução da emissão de CO2 e outros poluentes em relação à u�lização atual de combus�veis no Estado do Rio Grande do Sul, na indústria, no comércio, veículos e domicílios, com impacto e custo muito inferior aos combus�veis tradicionais torna-se uma fonte de energia muito compe��va. O Gás Natural apresenta-se na natureza de forma inodora e incolor sendo normalmente odorizado ar�ficialmente antes de distribuído ao consumidor final, de forma a permi�r a melhor iden�ficação de vazamentos na rede de distribuição.

Ambientais

As reservas de gás natural são vastas e dispersas geograficamente, representando uma alterna�va para a troca da matriz energé�ca e de consumo de combus�vel, além de favorecer a diminuição de poluentes. Com a implantação do Terminal de GNL, espera-se também que futuramente outras regiões do RS sejam beneficiadas com o fornecimento de gás natural.

O consumo de gás natural no Brasil cresceu em média 12,4% ao ano no período 2011-2015, mas a oferta de gás nacional não foi suficiente para atender o crescimento da demanda. As importações de gás natural cresceram em média 15,8% nesse mesmo período e correspondem atualmente a quase 50% da oferta total de gás no Brasil.

A crescente dependência de gás importado coloca em relevo questões de segurança, diversidade e economicidade do suprimento de energia para o setor industrial e para a geração de eletricidade no país. Até novembro de 2015, metade do gás natural consumido no Brasil é importado da Bolívia. Os dados disponíveis indicam que as reservas de gás boliviano seriam suficientes para atender aos seus contratos de suprimento da Bolívia, Argen�na e Brasil até 2022-2024.

Atualmente o único importador de GNL no Brasil é a Petrobras, operando três terminais de importação e regaseificação flutuantes no Ceará, Rio de Janeiro e Bahia. Além desses terminais a inicia�va privada está desenvolvendo três outros projetos flutuantes e acoplados a usinas termelétricas, em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Sergipe. Caso esses novos projetos se concre�zem a indústria brasileira poderá contar com novas alterna�vas de suprimento de gás natural a par�r de 2020. O cenário futuro indica aumento da demanda por gás natural. O atendimento da demanda da região sul do Brasil é restringido pela oferta e limitação de diâmetro do gasoduto Brasil – Bolívia.

Ao avaliar o mercado consumidor e a eminente necessidade de fornecimento de gás natural para atender ao mercado brasileiro e do Rio Grande do Sul, jus�fica-se economicamente a implantação do Terminal GNL de Rio Grande, uma vez que o FSRU terá capacidade de envio de gás natural para consumo equivalente a 50% do volume importado atualmente através do Gasoduto Brasil-Bolívia. Além disso, a operação do Terminal de GNL poderá gerar um incremento na arrecadação de impostos para o Estado do Rio Grande do Sul, recursos hoje transferidos para o Estado do Mato Grosso com a compra de gás natural da Bolívia.

Econômicas

A crescente demanda e aumento do uso de gás natural no Brasil indicam o início da troca da matriz de combustão. Também há ano mercado internacional a entrada de novas opções de gás natural. O cenário futuro aponta para a necessidade de fortalecer a oferta de fornecimento de gás natural a par�r de 2020, para a crescente subs�tuição do gás vindo da Bolívia por GNL importado.

Outro ponto importante é ressaltar que o gás nacional e importado também é usado para regular a intermitência de funcionamento das usinas termelétricas. A par�r de 2012, o agravamento e prolongamento das secas, tornou as termelétricas do Programa Prioritário de Termoeletricidade passaram a u�lizar o GNL importado pela Petrobras a preços inferiores ao custo de suprimento. A opção de projetos privados de suprimento de GNL é uma alterna�va ao cenário atual de fornecimento, centralizado num único empreendedor, a Petrobrás.

Sociais ePolí�cas

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2.6. Alternativas Locacionais e Tecnológicas

Como apresentado no histórico do empreendimento, foram realizados vários estudos para a definição de sua configuração e localização.

O projeto objeto de licenciamento deverá u�lizar o Píer Mul�uso da Superintendência do Porto de Rio Grande e considera os seguintes aspectos:

Locacionais e Tecnológicas

Ÿ A estrutura de um Porto Organizado para que o Navio FSRU posso atracar e operar com segurança;

Ÿ A localização do Porto de Rio Grande é um local estratégico para o mercado de gás no Rio Grande do Sul;

Ÿ A des�nação da área onde está localizado o Píer Mul�uso no Porto de Rio Grande está adequada ao uso do empreendimento.

Alterna�vas para o des�no dos sedimentos da dragagem

Ÿ Alterna�va 1 - depósito dos sedimentos em terra, adotada como preferencial no EIA para avaliação dos impactos em ambiente terrestre;

Ÿ Alterna�va 2 - descarte do material no bota-fora oceânico licenciado pela SUPRG para as dragagens do Porto. Esta alterna�va foi u�lizada para as simulações de pluma de dispersão de sedimentos;

Ÿ Alterna�va 3 - misto das duas anteriores, com depósito de parte do material em terra e parte no bota-fora oceânico.

Destaca-se que não foi feita a opção por nenhuma alterna�va preferencial, sendo avaliada a terceira alterna�va, visto compreender as ações impactantes das duas primeiras alterna�vas.

Foto 1 - Vista de Empreendimento Similar - Terminal de Regaseificação de GNL. Fonte: Höegh.

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2.7. Descrição Técnica do Projeto

Composição do Terminal de Regaseificação GNL:

Ÿ Um navio regase ificador e de estocagem denominado FSRU (F loa�ng Storage and Regasifica�on Unit);

Ÿ Esporadicamente um navio supridor de GNL (cargueiro), que operará a contra bordo do FSRU para o descarregamento do GNL até os tanques de estocagem do FSRU;

Ÿ Um berço para atracação do FSRU frente ao píer mul�uso do porto (permi�ndo a operação conjunta à contra bordo com o navio supridor);

Ÿ Dois braços de descarregamento de GN a alta pressão;

Ÿ Demais facilidades instaladas sobre a plataforma do píer mul�uso (sistemas de controle e comunicação, sistemas de detecção de gás e fogo, sistema de combate a emergências, entre outros);

Ÿ Gasoduto de conexão, com cerca de 150 m de extensão e 24 polegadas de diâmetro, a ser instalado sobre o píer mul�uso para interligar FSRU à malha de gasodutos da SULGÁS.

Foto 2 - Navio supridor de gás construído pela empresa norueguesa Höegh. Fonte: Höegh.

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Funções do Terminal de GNL de Rio Grande:

Ÿ Recebimento de GNL através de configuração entre navios (Ship-to-Ship). Os navios supridores �po LNGCs (Liquid Natural Gas Carrier), com capacidade entre 70.000 e 216.000 m³, a um navio atracado ao píer do �po FSRU, que será a unidade flutuante de estocagem e regaseificação de GNL;

Ÿ Estocagem de GNL – navio FSRU possui tanques de armazenamento composto por um conjunto de bombas de transferência submersas e um sistema de regaseificação, composto por bombas de alta pressão, sistema de recondensação e vasos de sucção e trocadores de calor, para transportar e regaseificar o GNL, e realizar seu envio para consumo como Gás Natural (GN) de alta pressão. O navio FRSU possui capacidade de armazenar 170.000 m³ de GNL e entregar para consumo o GNL regaseificado como GN pressurizado até 100 bar g, e vazão de até 14 milhões m³/dia (20 °C e 1 atm). A temperatura do GN, na saída do FSRU, terá variação entre 5° e 25ºC, dependendo da vazão a ser regaseificada e da temperatura da água (que depende do período do ano).

Ÿ Transferência de GNL para outro navio metaneiro – os navios se atracarão u�lizando defensas

pneumá�cas entre os navios para a realização da transferência de GNL através de mangotes flexíveis.

Ÿ Regaseificação de GNL – o gás natural liquefeito passa pelo processo de regaseificação no navio FSRU para o envio como Gás Natural (GN) de alta pressão.

Ÿ Envio do Gás Natural regaseificado para a malha de gasodutos e distribuição para consumo através dos Topsides – o Gás Natural (GN) regaseificado é transferido do FSRU para consumo através de braços de carregamento de alta pressão a serem instalados sobre a plataforma do píer como parte do conjunto denominado Topsides. A conexão entre o navio PSRU ao gasoduto é realizada por dois braços de descarregamento a serem instalados sobre o píer.

Os processos de estocagem até o envio de gás natural comprimido serão protegidos por um sistema de parada de emergência (Emergency Shut Down – ESD) que também comandará a parada da operação do sistema de estocagem e regaseificação quando ocorrer qualquer evento diagnos�cado como fora de condições adequadas, seja por variações de vazão, pressão, temperatura, ou outra variação observada no sistema de distribuição.

Foto 3 - Vista de Empreendimento Similar - Terminal de Regaseificação de GNL. Fonte: Höegh.

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Quadro 2 - Principais A�vidades do Período de Implantação do Projeto.

IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Etapas e a�vidades previstas para a Implantação

Ÿ Construção do FSRUŸ Construção e Montagem dos Topsides sobre o píer mul�usoŸ Comissionamento dos Topsides e do FSRU, que será

desenvolvido em diferentes sub-etapas, e que exigirá a Autorização da ANP

Ÿ Execução da dragagem para a bacia de evolução de forma a permi�r a chegada e atracação do FSRU e dos navios cargueiros de GNL

Mão de obra Ÿ Es�ma-se um total de 60 pessoas (50 na construção e montagem dos Topsides e 10 na dragagem)

Ÿ Equipe de saúde ocupacional (Técnico de Enfermagem e Médico do Trabalho)

Ÿ Será priorizado o aproveitamento da mão de obra local incluindo uma equipe específica para a gestão ambiental do empreendimento durante a construção da obra

Efluentes líquidos e sólidos Ÿ O descarte e a gestão de efluentes líquidos e sólidos serão realizados em conformidade com as normas da legislação vigente

Emissões atmosféricas, ruídos, vibrações e iluminação

Ÿ Na fase de implantação não há previsão de emissões atmosféricas, salvo aquelas produzidas pelos equipamentos de transporte para a instalação dos Topsides e para a execução da dragagem

Ÿ A emissão de ruídos, vibrações e iluminação irão obedecer às normas vigentes, considerando-se a operação do Superporto

Acessos e rotas Ÿ O acesso ao Terminal ocorrerá por duas vias:Ÿ Terrestre – pela via pública existente na área o

Superporto (Zona de Graneis Líquidos e Fer�lizantes) e u�lizando-se a estrutura do píer mul�uso de propriedade da SURPG

Ÿ Marí�ma – pelo canal do Porto de Rio Grande

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Figura 5 - Processo de Operação do Empreendimento.

Fonte: Höegh.

Carregamento do Gás Natural

Transporte do Gás Natural

Recebimento (sistema Ship-to-Ship) para posterior regaseificação

Distribuição do Gás Natural por Dutos

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2.8. Cronograma e Custos do Empreendimento

As obras de implantação do empreendimento têm duração es�mada em 1020 dias, com início previsto no mês de março de 2017 e término em dezembro de

2019, com as principais a�vidades listadas abaixo e os seguintes custos es�mados para o empreendimento:

ETAPAS DESCRIÇÃO

FSRU (Estocagem e Regaseificação), Topsides e Dragagem

FSRU Projeto e Construção 1020 dias (março de 2017 a dezembro de 2019)

Topsides Projeto 760 dias (outubro de 2017 e a novembro de 2019)

125 dias 760 dias (outubro de 2017 e a novembro de 2019)

Topsides

Contratação 65 dias 760 dias (fevereiro a abril de 2018)

Execução 690 (dezembro de 2017 e a novembro de 2019)

Dragagem Execução Es�mada em 120 dias

Valor do inves�mento R$ 20.000.000,00

Notas: as datas aqui apresentadas são es�ma�vas de projeto.

Quadro 3 - Cronograma e Custos do Empreendimento.

Quadro 4 - Principais A�vidades Período de Operação e Manutenção do Projeto.

OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO PROJETO

Principais a�vidades previstas para a operação

· Recebimento de GNL (através de configuração Ship-to-Ship)· Estocagem de GNL· Transferência de GNL para outro navio metaneiro· Regaseificação de GNL· Envio do Gás Natural regaseificado para a malha de gasodutos e distribuição para consumo através dos Topsides

Mão de obra · Es�ma-se 42 pessoas para a operação e manutenção do FSRU e atuando na operação dos Topsides, trabalhando embarcados

Condições operacionais · Sempre que houver prioridade de atracação do FSRU junto ao píer mul�uso da SUPRG, respeitadas as diretrizes e determinações da SURPG para o uso deste considerando o referido regime· Sempre que houver demanda por despacho de energia da UTE Rio Grande· Sempre que houver demanda pelos consumidores de gás natural conforme operação do duto de distribuição que será de gestão e propriedade da SULGÁS

Efluentes líquidos e sólidos e Emissões atmosféricas, ruídos, vibrações e iluminação

· Obedecerão às normas estabelecidas e legislação vigentes

Acessos e rotas · O acesso ocorrerá por duas vias:Terrestre – pela via pública existente na área o Superporto (Zona de Graneis Líquidos e Fer�lizantes) e u�lizando-se a estrutura do píer mul�uso de propriedade da SURPGMarí�ma – pelo canal do Porto de Rio Grande

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Para a realização do EIA, vários técnicos desenvolveram estudos para o conhecimento das principais caracterís�cas do ambiente onde o empreendimento pretende se insta lar e operar. Foram feitos levantamentos de dados através de análises de materiais e dados existentes. Foram estudados os atributos �sicos (meio �sico), biológicos (meio bió�co) e socioeconômicos dessas áreas.

Conhecidas essas principais caracterís�cas é realizada a iden�ficação e avaliação dos impactos ambientais potenciais, posi�vos e nega�vos, resultantes das fases de planejamento, implantação e operação do empreendimento. Em seguida, é realizada a análise e seleção de medidas para compensar ou mi�gar os impactos nega�vos do empreendimento. Resultando e m u m S i s t e m a d e G e s t ã o A m b i e n t a l d o empreendimento, composto por Programas Ambientais.

3. O ESTUDO DE IMPACTO

AMBIENTAL

3.1. Como foi elaborado o EIA?

A primeira tarefa realizada no EIA foi o estudo e a definição das áreas a serem estudas, a saber:

Meio Socioeconômico: foi delimitada como área de estudos os municípios que funcionam como polo de atração regional, além do próprio município de Rio Grande e os municípios vizinhos, que poderão servir como fornecedores de mão-de-obra ou insumos para o empreendimento. Especificamente para os temas patrimônios histórico, cultural e arqueológico foram desenvolvidos de acordo com as diretrizes do IPHAN, abrangendo o município de Rio Grande a o Canal de Rio Grande.

Meios �sico e bió�co: as áreas de estudo foram subdivididas em áreas em ambiente terrestre (entorno das áreas em terra abrangidas pelo empreendimento assim como as caracterís�cas regionais em torno das áreas em água ocupadas pelo empreendimento) e áreas em ambiente aquá�co (os corpos hídricos que formam o estuário da Laguna dos Patos e a porção imediata a ele do Oceano Atlân�co, especialmente no que tange às suas caracterís�cas hidrodinâmicas).

3.1. Áreas Delimitadas para o Estudo

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RioGrande

São Josédo Norte

Pelotas

Lagoados

Patos

Figura 6 – Área de Estudos para os Meios Físico e Bió�co

Fonte: Bourscheid, 2017.Nota: o ponto vermelho representa o empreendimento

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3.3. Meio Físico

Na relação do empreendimento com o ambiente onde será implantado é importante conhecer os rios, arroios e demais corpos d'água, de forma que sejam planejadas as ações necessárias para evitar que suas cheias ou outros eventos, possam interferir nessa relação.

A AID está localizada no Canal de Rio Grande, na região estuarina da Lagoa dos Patos, maior corpo lagunar do Brasil, com área superficial de 10.227 km². Que pode ser dividida em três segmentos dis�ntos: Lagoa superior (Norte) – entre a foz do Lago Guaíba e a Lagoa do Casamento; Lagoa central – entre a Lagoa do Casamento e a Ponta da Feitoria; e Lagoa inferior ou Estuário da Lagoa dos Patos (Sul) – entre a Ponto da Feitoria e a Barra do rio Grande. Outros corpos hídricos de menor porte também apresentam grande importância ambiental, são eles, o Saco Mangueira, o Arroio Vieira, a Lagoa Verde e o Caso do Arraial.

Estudos disponíveis sobre a região indicam que a dinâmica dos ventos nordeste que atuam na costa cria um desnível entre o estuário lagunar e a região costeira, favorecendo um regime de vazante no Canal do Rio Grande. Já os ventos do quadrante sul causam um efeito contrário, criando um desnível que favorece um regime de enchente no Canal do Rio Grande, com entrada de água marinha na Lagoa. As marés são mistas, principalmente diurnas, e de amplitude bastante pequenas.

A construção dos Molhes da Barra (1911) possibilitou que a barra da Lagoa dos Patos fosse navegável. A Lagoa dos Patos está orientada em paralelo ao vento o que a fez sofrer com o efeito das ondas que formam bancos de areia. A Lagoa dos Patos pode ser considerado um ambiente protegido, pois permanece calma a maior parte do ano, com ondas de energia moderada, exceto em eventos de tempestade e fortes ventos quando são geradas ondas de média energia e curto período. A ação dos ventos define os regimes de enchente e vazante da Lagoa dos Patos, interferindo também nas oscilações de nível dentro das enseadas rasas provocando regimes de enchente e vazante no Saco da Mangueira e no Saco do Arraial.

O único contato da Lagoa dos Patos com o mar está localizado em sua extremidade sul. As águas trazidas

pelos rios que a formam influenciam no regime de descarga de águas no mar. Essa região é conhecida como bacia hidrográfica é um conjunto de terras que fazem a drenagem da água das chuvas para um curso de água e seus afluentes. No caso da Lagoa dos Patos esse sistema hídrico é formado pelos rios Jacuí, Taquari, Sinos, Caí, Gravataí, e Camaquã, e pelo sistema hídrico da Lagoa Mirim, que se conecta à Lagoa dos Patos pelo Canal de São Gonçalo de 70 km de extensão. Com maior descarga fluvial no período de primavera (3.000 m³/s) e menores no verão (700 m³/s), variando também com a ação dos ventos predominantes. A ação dos ventos também interfere na entrada de água do mar na Lagoa dos patos alterando sua salinidade e a temperatura.

Grande parte do Estuário da Lagoa dos Patos apresenta bancos de areia (cerca de 80%), com profundidades entre 1 e 5 metros. O canal do Rio Grande, que conecta a Lagoa dos Patos ao Oceano Atlân�co, tem profundidade máxima de 18 metros, com a expansão dos molhes (2011) o canal é man�do em profundidade superior a 15 m, o que garante o acesso de grandes navios ao Superporto de Rio Grande. Com a obra de expansão dos molhes, iniciada em 2001, o canal é man�do em profundidades superiores a 15 metros para garan�r o acesso a navios de maior calado ao Superporto de Rio Grande. A concentração e distribuição de sedimentos na desembocadura da Lagoa dos Patos eu sua circulação pelo estuaria, relaciona-se com a chegada de água doce das bacias hidrográficas dos Patos e Mirim e com a entrada de água salgada. Essas também são fortemente influenciadas pela força, duração e direção preferencial do vento.

A região da Praia do Cassino sofreu intensa urbanização na faixa posterior ao campo de dunas, que sofreu redução de sua altura pela re�rada de areia para a construção de casas e estradas nas úl�mas décadas. A construção dos Molhes da Barra do Rio Grande provoca um descolamento entre o fluxo de ar e a super�cie do mar, espera-se que exista uma permanente perda de sedimentos junto à raiz dos molhes (Oeste e Leste), perda transversal causada pela ação direta das ondas, mas que se mantém em equilíbrio ou mesmo com pequeno acréscimo pela reposição permanente durante condições atmosféricas normais.

3.3.1. Recursos Hídricos

Também conhecido como meio abió�co, compreende as relações do empreendimento com o clima, recursos hídricos, solos, geologia, geomorfologia, geotecnia e paleontologia nas áreas de estudo do empreendimento.

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Em se tratando de um empreendimento localizado em sua maior parte em ambiente aquá�co, com necessidade da realização de dragagens para a operação das embarcações envolvidas em sua operação, o conhecimento sobre a qualidade das águas e dos sedimentos na área de estudo é de crucial importância.

Por ser uma zona portuária consolidada, onde muitos empreendimentos estão em operação ou foram recentemente licenciados, a gama de dados existentes em estudos rela�vos à qualidade das águas e sedimentos é muito extensa.

Para a elaboração do EIA os resultados destes estudos anteriores, assim como aqueles provenientes de amostragens realizadas em 2016, na área do empreendimento ou proximidades foram analisados.

Como esperado, dentre os dados avaliados pode-se constatar a presença de substâncias que podem ocasionar danos à biota aquá�ca pela alteração da qualidade das águas e de sedimentos, contaminantes comumente registrados em áreas zonas portuárias, entretanto, com teores reduzidos.

3.3.2. Qualidade da Água e dos Sedimentos

Nesse item são apresentadas as caracterís�cas de relevos da região estudada (geomorfologia), a formação, composição e estrutura da super�cie (solos) e o resultado das análises sobre o comportamento de rochas e solos em processos de construção/engenharia (geotecnia).

O município de Rio Grande faz parte da Província Costeira do Rio Grande do Sul, cons�tuída pelo embasamento e pela Bacia de Pelotas. Parte do embasamento pertence ao Escudo Uruguaio-Sul-Riograndense e parte às sequências vulcânicas e sedimentares da Bacia do Paraná.

A área prevista para a localização do empreendimento é uma área imersa. Foram realizados estudos no local e os materiais encontrados, em geral, são compostos por locais de areia fina (de coloração acinzentada) e locais de argila orgânica com areia fina.

A área do empreendimento está situada sobre o sistema de cordões litorâneos de unidades geomorfológicas holocênicas. Sua AII é composta pelo Domínio Geomorfológico Depósitos Sedimentares, sendo encontradas três Unidades Geomorfológicas: a Planície Con�nental (Planície Alúvio-Coluvionar); a Planície Costeira Interna (Planície Lagunar); e a Planície Costeira Externa (Planície Marinha).

Essas unidades são compostas por areias finas, de coloração clara, presentes nas proximidades de páreas urbanas e da zona portuária. Com a existência de dunas litorâneas paralelas à linha da costa. Esses depósitos no entorno da Lagoa Verde permanecem encharcados na maior parte do ano, enquanto na margem sudeste do

Saco da Mangueira s ã o i n u n d a d o s somente em épocas de maior ocorrência d e c h u va s . E s s a r e g i ã o é e s s e n c i a l m e n t e plana e não ocorrem cavidades naturais e m o n u m e n t o s naturais relevantes, onde o escoamento superficial é muito lento ou lento.

Os solos presentes na área do empreendimento em geral são profundos, com drenagem que varia entre má e imperfeita, e sua composição é predominantemente arenosa. Esses solos estão expostos ao constante risco de inundação, especialmente, nas áreas próximas às várzeas e corpos d'água.

Foram rea l i zadas 10 sondagens na área do empreendimento, totalizando 441,6 m de perfurações. Nos primeiros 2,5 m de profundidade foram encontrados material de aterro, de coloração variegada e presença de areia com pedregulho. Após, foi iden�ficada uma camada de cerca de 15 m de areia fina, de coloração cinza e esverdeada. Aos 37 m foi encontrada argila orgânica, variando de mole a rija, com áreas de argila orgânica com areia fina, entre 22 e 27 m. Por fim, nos úl�mos metros, entre 37 e 44 m de profundidade, foi iden�ficada areia fina.

3.3.3. Geologia, Geomorfologia, Solos e Geotecnia

Foto 4 - Material de solo da AID.

Fonte: Biensaios, 2016.

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Foram realizados estudos, a par�r de simulações através de modelos matemá�cos para avaliar a dispersão e alcance dos sedimentos considerando as condições quando da necessidade de execução da dragagem requerida para o aprofundamento do calado (profundidade necessária para passagem da área submersa das embarcações) na área específica do trapézio de atração e movimentação das embarcações – FSRU e os Cargueiros de GNL – como também do canal em frente a essa área de forma atender à bacia de evolução necessária para as manobras requeridas.

Sobre os efeitos da dragagem na área do terminal destaca-se que as condições naturais do transporte de

sedimentos no canal serão pouco significa�vas. A pluma de sedimentos finos decorrente da dragagem poderá ter sua trajetória influenciada pelas correntes, quando estas ocorrerem nos dois sen�dos, haverá maior deslocamento da pluma e diluição mais rápida. Já nos períodos de inversão e calmaria, a pluma se acumulará na área de entorno da dragagem, com menos espalhamento e maior concentração de sedimentos em suspensão. Sobre as concentrações de sedimentos nas camadas mais profundas, as concentrações deverão ser menores do que na super�cie. Por conta da movimentação dos sedimentos, esses poderão ser encontrados em distâncias maiores da área dragada.

3.3.4. Avaliação da Dragagem a ser Executada

Foram realizados estudos, a par�r de simulações através de modelos matemá�cos, para avaliar a dispersão do efluente térmico na operação de regaseificação. A operação de Regaseificação requer a circulação de água, em circuito aberto, onde a água é coletada e retornada para o mesmo ambiente, no entorno dessa mesma área, com temperatura entre 5 e 7º C mais baixa. A avaliação da dispersão do efluente térmico retornado ao meio a par�r do navio regaseificador (FSRU) faz parte do processo de regaseificação do gás natural liquefeito para gás natural, a ser disponibilizado para consumo.

Em todas as condições estudadas (enchente e vazante) as variações de temperatura geradas pelo efluente mostraram-se inferiores às variações observadas naturalmente no Canal de Rio Grande, seja em função das sazonalidades ou em virtude das frequentes trocas de água entre a Lagoa dos Patos e o mar. As máximas variações de temperatura na posição do ponto de captação causadas pela passagem da pluma foram de -0,2 °C. Assim, espera-se que seus efeitos sobre o desempenho do processo de regaseificação do GNL sejam pouco significa�vos em comparação com as variações naturais de temperatura.

3.3.5. Avaliação da Operação de Regaseificação – Dispersão do Efluente Térmico

A avaliação da dispersão de poluentes gerados pelo empreendimento no ar (NOx) nos cenários simulados (atual e futuro, com dados do período entre 2010-2014) indicam que as concentrações máximas horárias são significa�vamente inferiores aos padrões estabelecidos por lei (Resolução Conama Nº 03/90).

Sobre as médias das máximas concentrações horárias para o cenário futuro são menores do que a observada no cenário atual.

Por fim, a máxima concentração horária calculada para 2010 foi de 75,407 µg/m³ no cenário de fontes atuais e de 75,476 µg/m³ com o acréscimo das emissões da UTE Rio Grande e do Terminal de Regaseificação (cenário futuro). Os novos empreendimentos acrescentam 0,069 µg/m³ no cenário meteorológico com maior valor de contribuição horária. Em ambos os cenários, os valores representam menos de 23% do padrão primário da Resolução Conama Nº 03/90 (320 µg/m³) e são inferiores a 40% do padrão secundário (190 µg/m³).

3.3.6. Avaliação da Dispersão de Poluentes no Ar

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3.4. Meio Biótico

Na Planície Costeira Gaúcha, pertencente ao Bioma Pampa, com espécies de Formações Pioneiras, sob influência marinha, conhecida como Res�nga ou fluvial. Entretanto, na AII, encontram-se áreas que sofrem com a interferência da ação humana, com uso para a�vidades industriais, vegetação lenhosa mista (coma a presença de espécies na�vas e Eucaliptos), campos antropizados e solo exposto. Foram estudadas três áreas para a Decantação da Dragagem com os destaques apresentados no Quadro a seguir.

Nas três áreas foram iden�ficadas 111 espécies,

distribuídas em 34 famílias, sendo 16 delas exó�cas e nenhuma dessas espécies encontra-se inserida nas listas de espécies ameaçadas de ex�nção Nacional e do Rio Grande do Sul.

É importante destacar que as árvores encontradas nas áreas para decantação da dragagem, em duas delas precisarão ser removidas, totalizando 72 árvores, o volume es�mado dessa supressão/corte de vegetação lenhosa será de 1,886 m³ e 2,641 mst. A par�r do cálculo de reposição florestal, será necessário o plan�o de 400 mudas na�vas.

3.4.1. Vegetação

O estudo do meio bió�co compreende as relações do empreendimento com o conjunto de seres vivos que compõem os ambientes vegetais e a fauna estudados, iden�ficando as principais caracterís�cas, �pos de vegetação e vida animal existente nas proximidades do empreendimento.

Quadro 5 - Destaques das Áreas para Decantação da Dragagem.

ÁREA PARA DECANTAÇÃO DA DRAGAGEM 1 - ÁREA 1

Situação da vegetação

Espécies de destaque

Vegetação de Res�nga

Hydrocotyle bonariensis, Eryngium elegans, Pterocaulon lorentzii, Tagetes minuta, Senecio ceratophylloides, Solanum commersonii, Phyla nodiflora

Pequenas moitas e vegetação rasteira

Symphyopappus casare�oi, Varronia curassavica, Sesbania punicea, Baccharis spicata, Grindelia puberula

Área sem vegetação

-

ÁREA PARA DECANTAÇÃO DA DRAGAGEM 2 -

ÁREA 2

Situação da vegetação

Espécies de destaque

Vegetação secundária

Schinus terebinthifolius, Baccharis dracunculifolia, Cyonodon dactylon, Baccharis spicata, Tage�s minuta, Hydrocotyle bonariensis, Solidago chilensis, Andropogon bicornis

Espécies exó�cas

Melinis repens, Ricinus communis, Nico�ana glauca

28 exemplares da espécie pioneira

Schinus terebinthifolius

Área sem vegetação

-

ÁREA PARA DECANTAÇÃO DA DRAGAGEM 3 -

ÁREA 3

Situação da vegetação

Espécies de destaque

Vegetação herbáceas, subarbustos e arbustos

Schinus polygamus

e Schinus terebinthifolius

Presença marcante da vegetação

Hatschbachiella tweedieana, Hyp�s mutabilis, Ambrosia tenuifolia, Baccharis spicata, Conyza bonariensis, Grindelia puberula, Opun�a monacantha, Cyonodon dactylon e a exó�ca

Espécie exó�ca Ricinus communis

44 exemplares da espécie pioneira Schinus terebinthifolius

Área sem vegetação -

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O estudo fez o levantamento das Unidades de Conservação que estão próximas ao empreendimento, num raio de 10 km, tendo sido encontrada apenas a

Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde, conforme ilustração a seguir.

3.4.2. Unidades de Conservação

Figura 7 – Unidades de Conservação Próximas ao Empreendimento (raio de 10 km).

Fonte: Bourscheid, 2017.

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A biota aquá�ca avaliada no estudo abrangeu fi t o p l â n c t o n , zo o p l â n c t o n , i c � o p l â n c t o n e macroinvertebrados, inclusive crustáceos e moluscos. Para o diagnós�co, assim como foi feito para qualidade da água e sedimentos, foram u�lizados dados dos muitos estudos já realizados na região.

São registradas na região de Estudo, ocorrendo em zonas de marismas, duas espécies ameaçadas de macroinvertebrados aquá�cos: Neohelice granulata, conhecido popularmente como catanhão ou gatanhão, e Uca uruguayensis, com nome popular de caranguejo-

violinista ou chama-maré. Cabe observar que na AID não ocorrem marismas.

As áreas portuárias são suscep�veis a entrada de espécies invasoras, as quais podem ser transportadas por meio dos cascos de embarcações (organismos incrustantes) e via água de lastro (organismos planctônicos e bentônicos que apresentam fase larval no plâncton). A cada década novas espécies invasoras são registradas nas áreas portuárias brasileiras, sendo que na área de estudo foram registradas nove espécies invasoras até o momento.

3.4.3. Biota Aquática

A área estudada está inserida no estuário da Lagoa dos Patos, o qual corresponde, de acordo com uma das definições adotadas por vários autores, à região entre os molhes da barra de Rio Grande e uma linha imaginária entre as localidades de Ponta da Feitoria e Ponta dos Lençóis. Estuários consistem em zonas de transição entre a água doce que é drenada do con�nente e a água salgada do oceano, cons�tuindo-se em ambientes altamente dinâmicos, onde importantes parâmetros �sico-químicos como a salinidade e a temperatura podem variar dras�camente em questão de dias e até mesmo horas.

Os dados secundários disponíveis para essa área estudada indicam a ocorrência de 148 espécies de peixes, distribuídas em 64 famílias, 25 ordens e duas classes. A ampla maioria dos táxons registrados é de origem marinha ou �picamente estuarina, de forma que espécies �picas de água doce (lambaris, cará, jundiá, traíra, entre outras) correspondem a pouco mais de 15% da riqueza. Por falar nisso, as espécies que ocorrem no estuário da Lagoa dos Patos podem ser divididas em estuarino-residentes (podem passar a vida inteira no estuário, �po o peixe-rei e o linguado), estuarino-dependentes (u�lizam o estuário para completar alguma etapa do seu ciclo de vida, �po a corvina e a tainha) e as espécies visitantes (não necessitam do estuário para completar seu ciclo de vida, entrando nele apenas por ocasião, normalmente atrás de alimento) de água doce (�po lambaris, mandis e carás) e marinhas (�po arraias e tubarões).

As espécies registradas também podem ser divididas em dois grupos quanto ao local que ocupam p r e fe r e n c i a l m e n t e n o e s t u á r i o , u m d e l e s

c o r r e s p o n d e n d o à s e s p é c i e s q u e h a b i t a m profundidades de até 2,0 m (�po tainha, sardinha e peixe-rei) e outro correspondendo às espécies mais comuns em águas mais profundas (�po linguado, bagre e pescada).

Sob o aspecto socioeconômico, esta região vem sendo considerada importante área para a pesca desde o final do século XIX e concentra a maior parte da pesca artesanal do Estado do Rio Grande do Sul. O estuário da Lagoa dos Patos cons�tui-se em relevante área de criação e crescimento, pois o ciclo de vida da maioria das espécies de peixes comercia is , que até recentemente sustentavam a pesca artesanal do sul do Brasil está relacionado ao uso do estuário da Lagoa dos Patos. Dentre as espécies mais importantes para a pesca artesanal do estuário da Lagoa dos Patos destacam-se a corvina (Micropogonias cuvieri), o bagre-marinho (Genidens barbus) e a tainha (Mugil liza), que durante décadas corresponderam juntos a cerca de 60% do total capturado.

A pesca artesanal no estuário varia de acordo com a época do ano. A miragaia e a corvina (que se alimentam a�vamente em águas salobras) e o bagre (que u�liza o estuário para a sua reprodução) são pescados na primavera; a pesca da tainha ocorre no outono; e a anchova, a castanha e a pescada-olhuda são pescadas no inverno.

Até a década de 40 o setor pesqueiro se desenvolveu baseado essencialmente na pesca artesanal, realizada principalmente no estuário e região costeira adjacente, quando a pesca industrial começou a atuar na plataforma con�nental do Rio Grande do Sul. Após a

3.4.4. Peixes

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década de 70, a pesca industrial se intensificou, devido a fatores como o fim dos acordos de pesca com a Argen�na e o Uruguai que limitaram a área de atuação à costa brasileira, e o aumento dos incen�vos fiscais.

A análise dos dados históricos de desembarque e esforço de pesca indica redução nos estoques de diversas espécies que são exploradas em conjunto pela pesca artesanal e industrial, tais como a corvina, a pescadinha, a miraguaia, e os bagres marinhos. A produção de peixes, como um todo, vem caindo ano após ano e os desembarques estão próximos dos níveis de subsistência, pois atualmente a ampla maioria das espécies exploradas comercialmente no estuário encontra-se com os estoques plenamente explotados, sobre-explotados, ou esgotados.

Nas úl�mas décadas, diversas causas relacionadas ao ser humano vêm causando acentuado declínio da pesca artesanal no estuário da Lagoa dos Patos. Por exemplo, a�vidades pesqueiras durante a migração entre o estuário e oceano, quando as espécies se agregam para a reprodução formando densos cardumes. A reprodução é um evento crí�co para a manutenção das espécies e, consequentemente, a pesca intensa nesse período reduz os estoques e aumenta a sua vulnerabilidade. Além do mais, uma alta proporção de

juvenis de corvina e bagres-marinhos, entre outros, são capturados e descartados pela pesca do camarão-rosa. Finalmente, a ação indireta da urbanização, industrialização, a�vidade portuária e degradação ambiental implicam no declínio da pesca artesanal.

O levantamento das espécies ameaçadas de ex�nção e que foram registradas para o estuário da Lagoa dos Patos foi realizado em nível internacional de acordo com o banco de dados da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), em nível nacional de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, e em nível estadual de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul. Vinte e três das 148 espécies listadas através do presente estudo estão classificadas em pelo menos uma categoria formal de ameaça de ex�nção.

A ampla maioria das espécies ameaçadas de ex�nção pertence ao grupo "visitantes marinhos". Mais da metade das 23 ameaçadas de ex�nção pertence ao grupo das arraias e tubarões, por exemplo. Por outro lado, espécies como a miraguaia e os bagres marinhos, cons ideradas “estuar ino-dependentes” por apresentarem forte vínculo ecológico com o estuário, também estão listadas entre as ameaçadas de ex�nção.

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3.5. Meio Socioeconômico

Abrange as relações do empreendimento com a dinâmica populacional, o uso e ocupação territorial, a in f raest rutura bás ica , a caracter i zação das comunidades das áreas de estudo, sua estrutura produ�va, de serviços e organização social.

A área de influência indireta do empreendimento compreende os municípios de Arroio do Padre, Capão do Leão, Pelotas, Rio Grande e São José do Norte. A população da AII é de 578 mil habitantes (2010), mais da metade residente no município de Pelotas (56,8%), contando com 57% da população urbana da AII. Por conta da aglomeração urbana nos municípios de Pelotas e Rio Grande, a AII apresenta taxa de urbanização de 92,7% (2010).

Para caracterizar a população no entorno do empreendimento foram usados dados de 10 setores censitários do Ins�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca ( IBGE, 2010) próximos à área do empreendimento (Figura 9). É importante dizer que c a d a s e t o r é c o m p o s t o , e m m é d i a , p o r aproximadamente 400 domicílios, embora o número total de domicílios por setor censitário seja muito variado, dependendo das condições efe�vamente encontradas a cada censo.

Os setores censitários do entorno do empreendimento abrigavam em 2010 um total de 4.670 pessoas

residentes em 1.433 domicílios, representando uma ocupação média de 3,3 pessoas por domicílio. A maior parte da população residente está concentrada na porção sul, no extremo oposto à Vila Mangueira, mais distantes do empreendimento.

O perfil socioeconômico dessa população de entorno do empreendimento, 91,5% dos domicílios registravam rendimento médio mensal per capita (por indivíduo) de até dois salários mínimos, sendo que 34% variavam de meio a um salário mínimo e 25% de um quarto a meio salário mínimo.

Esses domicílios contam com boa cobertura de serviços de saneamento básico e de energia. Quase a totalidade dessa população é abastecida por rede geral de água, energia elétrica e pela coleta de lixo domiciliar.

Foi realizado levantamento de pontos notáveis e população existente no entorno do empreendimento (Figura 10) para auxiliar no estudo da Análise de Risco do empreendimento, totalizando 45 pontos notáveis. Sendo montada uma matriz de ocupação humana no entorno do empreendimento, formada por pessoas residentes e trabalhadores nessas áreas, totalizando 4.623 pessoas durante o dia e 1.922 pessoas a noite. Destaca-se a Vila mangueira que apresenta ocupação es�mada de 402 pessoas pelo dia e 04 pessoas a noite.

3.5.1. População

Abrange as relações do empreendimento com a dinâmica populacional, o uso e ocupação territorial, a infraestrutura básica, a caracterização das comunidades das áreas de estudo, sua estrutura produ�va, de serviços e organização social.

Sobre a rede de assistência de saúde, observou-se uma concentração nos municípios de Pelotas e Rio Grande, que atendem os municípios da AII. Foram iden�ficados 119 estabelecimentos da rede pública, sendo que deste tota l 79 são c lass ificados como Centros de Saúde/Unidade Básica de Saúde e 27 Postos de Saúde.

A AII conta com nove hospitais gerais, apenas os municípios de Arroio do Padre e Capão do Leão não possuem nenhum hospital. A AII conta ainda com dois especializados, nos municípios de Pelotas e outro em Rio Grande. Estes municípios também concentram os maiores números de leitos e profissionais de saúde.

3.5.2. Saúde

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29

Fonte: Bourscheid, 2017.

Figura 9 – Malha Censitária do IBGE no Entorno do Empreendimento (2010).

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30

Figura 9 – Pontos Notáveis Levantados pela Análise de Risco.

Fonte: Bourscheid, 2017.

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31

A rede de ensino iden�ficada na AII apresenta estabelecimentos que atendem a todos os níveis de ensino, desde a educação infan�l até o ensino superior. No ensino da educação infan�l foram iden�ficados 340 estabelecimentos, municipais (149), par�culares (171) e estaduais (20). No ensino fundamental tem-se 262 estabelecimentos, sendo 144 municipais, 84 estaduais e 34 par�culares. No ensino médio, tem-se 60 estabelecimentos, sendo 39 estaduais, 17 par�culares, 3 federais e um municipal. No que se refere ao ensino superior, tem-se 183 cursos Universidades, 17 em Faculdades e 12 em Centros de Educação Tecnológica, Arroio do Padre é o único município da AII que não oferta curso de ensino superior. Em todos os níveis de ensino há grande concentração dos estabelecimentos nos municípios de Pelotas e Rio Grande.

Sobre as ações em Educação Ambiental (EA), em Rio Grande, grande parte estão vinculadas ao calendário ambiental, da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), com as seguintes datas: Dia Mundial da Água (22/03);

Semana Nacional do Meio Ambiente (31/05 a 05/06); Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06); e Dia da Árvore (21/09). Sendo celebradas em eventos, a maioria, nas escolas. O município de Rio Grande possui uma Sala Verde Municipal, no centro da cidade.

Em Pelotas destacam-se ações de Educação Ambiental como: Campanha de redução de CO2, com distribuição de mudas de árvores; Campanha de recolhimento de lixo eletrônico no Mercado Central de Pelotas, organizada pelo Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento (Ceadi); Elaboração e divulgação do Plano Municipal de Meio Ambiente; e o Projeto Sombra, com ações desenvolvidas por alunos do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFSUL, no bairro Laranjal.

Por fim, dentre os municípios da AII, São José do Norte e Capão do Leão apresentam elevadas taxas de analfabe�smos.

3.5.3. Educação

Sobre a infraestrutura de transportes na AII, o transporte rodoviário é o principal meio u�lizado com destaque para as grandes rodovias com a BR -116, BR-293, a BR-392 e a BR-471. Também estão presentes na AII linhas férreas da Companhia América La�na Logís�ca Malha Sul S.A. (ALLMS), a Malha Sul, com um ponto de interconexão com o Superporto de Rio Grande.

No transporte aéreo, os municípios de Pelotas e Rio Grande contam com aeroporto e nenhum dos municípios da AII possui base aérea. O Aeroporto Internacional João Simões Lopes Neto, localizado em Pelotas é o principal aeroporto da região, atendendo a 1 1 m u n i c í p i o s e u m a p o p u l a ç ã o t o t a l d e aproximadamente 1,3 milhão de habitantes.

Merece destaque por sua importância para a economia local o transporte hidroviário, com a presença do Porto de Rio Grande e o Porto de Pelotas, considerado alfandegado e, também, um porto alimentador, por sua proximidade com o Porto de Rio Grande.

Já o Porto de Rio Grande, administrado pela Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG), Autarquia Estadual vinculada à Secretaria dos Transportes do Estado do Rio Grande do Sul possui a capacidade de receber grandes embarcações, possui

cais público, oferece grande disponibilidade de atracação e possui um cais com cerca de 2 km de extensão. Por sua privilegiada localização, está se consolidando como um porto do Conesul. Em 2014, movimentou 2.922 embarcações (barcas e navios), sendo 626 de cabotagem, 1.140 de longo curso, 1.156 de navegação interior. Com 34,6 milhões de toneladas de cargas movimentadas, incluindo granel líquido, sólido e geral. Por isso, é considerado o segundo porto mais importante do país, tendo em vista sua relevância para o desenvolvimento do comércio internacional brasileiro.

A hidrovia existente na região hoje é chamada de Hidrovia Brasil Uruguai foi a principal responsável pela colonização e desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul e parte do Uruguai. Até a primeira metade do Século XX, a hidrovia ainda era um importante modal para transporte de cargas no RS, com o crescimento do modal rodoviário, a par�r da década de 1950, tem sua importância diminuída.

Quando completamente implantada possibilitará o transporte entre o Brasil e o Uruguai, por meio do corredor Lagoa Mirim- Canal de São Gonçalo- Lagoa dos Patos. Terá um terá um total de 2.200 km, poderá transportar cargas de Montevideo a São Paulo.

3.5.4. Transporte

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32

Atualmente a navegação na Lagoa dos Patos é possível com uma profundidade de calado de até 5,1 m, entre Rio Grande e Pelotas, com 250km.

Tem-se ainda a Barragem Eclusa do Canal São Gonçalo, na extremidade nordeste do Canal São Gonçalo, distante 3 km de Pelotas. Construída para evitar a entrada de água salgada na Lagoa Mirim, é, também, uma estrutura necessária a viabilidade do tráfego de navios.

As principais vias de acesso ao empreendimento são a RS 734, que atravessa toda a área urbana, conectando-se à rodovia BR 392 que chega ao empreendimento. A rodovia BR 392, também é a estrada que dá acesso à comunidade da Vila Mangueira. Em sua vizinhança as vias de acesso estão dimensionadas para atender às necessidades do Distrito Industrial de Rio Grande, o uso das vias para o transporte residencial é bastante reduzido.

Considerando a abrangência dos municípios da AII pode-se considerar complexa e abrangente a estrutura de organização social da AII, o EIA listou as principais

organizações da sociedade civi l , diretamente relacionadas com o empreendimento, não foram mapeadas tensões dirigidas ao projeto. A saber:

3.5.5. Organização Social

Ÿ 5º Distrito Naval

Ÿ Sindicato dos Terminais Marí�mos de Graneis Sólidos e Líquidos em geral

Ÿ União dos Portuários do Estado do Rio Grande do Sul- Getúlio Vargas

Ÿ Pra�cagem da Barra (RGPilots)

Ÿ União dos Portuários de Rio Grande

Ÿ Superintendência de Portos e Hidrovias- SPH

Ÿ Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul

Ÿ Centronave – Centro de Navegação Rio-Grandense

Ÿ Sindimar- Sindicato dos Marí�mos do Rio Grande e São José do Norte

Ÿ Associação de Moradores Vila Mangueira

Ÿ Associação dos Usuários do Porto de Rio Grande

Ÿ Superintendência do Porto do Rio Grande- SUPRG

Ÿ Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico- STIMMMERG

Ÿ Associação dos Moradores e Amigos da Lagoa

Ÿ Sindicato dos Arrumadores Trabalhadores Portuários Avulsos em Capatazia do Rio Grande

Ÿ Sindicato das Agências de Navegação Marí�ma de Rio Grande

Ÿ Sindicato dos Terminais Marí�mos de Graneis Sólidos e Líquidos em Geral e de Containers no Porto do Rio Grande

Ÿ Sindicato dos Operadores Portuários do RS

Ÿ Órgão de Gestão de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto Organizado do Rio Grande- OGMO

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A par�cipação dos municípios da AII no conjunto de riquezas geradas pelo Rio Grande do Sul, representado pelo Produto Interno Bruto (PIB, 2013), corresponde a 4,5%. Sendo o município de Rio Grande concentra 2,5% do PIB do RS, correspondendo a 55,3% do PIB da AII. Já o município de Pelotas corresponde a 1,8% do PIB do RS e concentra 41,5% do PIBA da AII. Predominam as a�vidades econômicas do setor de serviços (49,7% do PIB da AII). Destaca-se que o crescimento no PIB de Rio Grande, pelo crescimento na arrecadação de impostos e do setor industrial.

Em relação ao número de empregos, o setor de serviços concentra mais da metade dos empregos da AII (50,5%), seguido do comércio (23,5%) e da indústria (19,6%), destacando-se neste setor a indústria da transformação (16,9%). A estrutura de emprego cresceu nos úl�mos anos nos municípios da AII, entretanto, com a interrupção dos inves�mentos no Polo Naval, o mercado de trabalho deverá sofrer impacto e alterar as suas taxas de desemprego.

A agricultura na AII possui como principais cul�vos temporários o plan�o de arroz (40%), seguido da seja (37%) e do milho (13%). Sendo os maiores produtores os municípios de Pelotas, Rio Grande e Capão do Leão. As lavouras permanentes na AII (total de 3.738 ha) destacam-se o cul�vo de pêssego (2.960 ha) e laranja (407 ha), com 94% das áreas cul�vadas localizadas em Pelotas.

Destaca-se a produção de lenha na a�vidade de silvicultura na AII (2014), com 90 mil m³ cul�vados em Pelotas e 30,7 mil m3 em Arroio do Padre.

A a�vidade pecuária é mais expressiva a presença de rebanhos bovinos (275,9 mil cabeças) e de ovinos (40,8 mil cabeças), além dos de galináceos, que conta com pouco menos de um milhão de cabeças. Rio Grande possui o maior rebanho de bovinos, equínos e ovinos, Capão do Leão de galináceos e em Pelotas estão os maiores rebanhos babuínos, suínos e caprinos.

3.5.6. Economia

A área do empreendimento está localizada no perímetro urbano, em uma unidade industrial do

Distrito de Rio Grande, com predomínio de área úmida, seguida de área urbana.

3.5.7. Uso e Ocupação do Solo

Tabela 1 - Classificação do Uso e Ocupação do Solo do Distrito Rio Grande.

Uso e Ocupação do Solo %

Área úmida 73,3

Solo exposto 0,05

Agricultura 0,6

Silvicultura 0,8

Duna vegetada 7,3

Área urbana 13,5

Corpo hídrico 0,45

Vegetação na�va 1,55

Duna 2,45

Total 100

Fonte: ABG, 2015.

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34

Não foram iden�ficadas comunidades indígenas (compostas por populações de índios e seus descendentes) no município de Rio Grande.

Sobre a existência de Comunidades Quilombolas (composta por grupos descendentes de escravos negros) foi iden�ficada nos registros da Fundação Cultural Palmares (FCP) a existência de cinco Comunidades Quilombolas �tuladas na AII, são elas: Algodão, Alto do Caixão e Vó Elvira, em Pelotas; a comunidade Macanudos, em Rio Grande; e a comunidade Vila Nova, em São José do Norte. Além destas, não há registro de novos processos abertos para novas comunidades nos municípios da AII. Os dados disponíveis indicam que a Comunidade Quilombola de Macanudos, localizada a 300 metros da BR-392, no Distrito da Quinta, localizada na Vila Quin�nha, distante 22 km do empreendimento, conta com cerca de 50 membros e existe há mais de 160 anos.

Também foram analisadas informações disponíveis que indicassem a presença de Comunidades Tradicionais (grupos culturalmente diferenciados por sua dinâmica

cultural social, economia ou ancestralidade). Fazem parte de grupo os pescadores de Rio Grande, localizados nas ilhas Torotama, Leonídio, Marinheiros, na Vila da Quinta, Pesqueiro, além de comunidades do entorno do Saco da Mangueira e Costa da Lagoa dos Patos, no meio urbano. Destaca-se que não foram iden�ficadas residências ou a�vidades de pescas na área do píer.

Também foi iden�ficado que os pescadores de Rio Grande, organizados pela colônia de pescadores Z-1, cons�tuem um grupo tradicional, com cerca de 2.000 pescadores associados, muitos deles possuem outras a�vidades econômicas e não vivem exclusivamente da pesca artesanal. Nos municípios de Rio Grande e São José do Norte, em 2003, �nha 1.572 barcos registrados, possivelmente, não corresponde a totalidade de barcos existentes. Já os municípios de Pelotas (e São Lourenço do Sul que compunha os dados consultados) totalizavam 642 embarcações.

A seguir estão apresentadas as principais comunidades pesqueiras localizadas pelo EIA:

3.5.8. Indígenas, Quilombolas e Populações Tradicionais

Ÿ 4ª Secção da Barra e Vila Mangueira, no canal de acesso ao Porto do Rio Grande.

Ÿ Santa Tereza – Vila da Naba, no entorno do Saco da Mangueira.

Ÿ Parque Coelho, em zona urbana, no entorno do Saco da Mangueira.

Ÿ Bernadeth, também em zona urbana, no entorno do Saco da Mangueira.

Ÿ Henrique Pancada, na Costa da Lagoa dos Patos.

Ÿ Prado e São Miguel, na costa da Lagoa dos Patos.

Ÿ Bosque, na costa da Lagoa dos Patos.

Ÿ Ilha dos Marinheiros, na extensa ilha localizada ao norte do centro de Rio Grande.

Ÿ Ilha Leonídio, a sudoeste da Ilha dos Marinheiros.

Ÿ Ilhas Torotama, no norte de Rio Grande no estuário da Lagoa dos Patos.

Ÿ Pesqueiro, única que não se encontra às margens da Lagoa dos Patos, situada na localidade de Povo Novo.

Ÿ Vila da Quinta, no entroncamento da BR – 392 com a BR – 471.

Ÿ Vila da Quitéria, a oeste do centro de Rio Grande.

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O diagnós�co foi realizado com obje�vo de localizar, caracterizar e mapear o patrimônio cultural, arqueológico, histórico e paisagís�co acautelado em âmbito federal, estadual e municipal, u�lizando como parâmetro à legislação brasileira, as informações disponibilizadas nos bancos de dados dos órgãos oficiais, ins�tuições de ensino/pesquisa, as publicações especializadas, além do levantamento das ins�tuições públicas e privadas envolvidas com as questões do patrimônio.

Sobre o patr imônio arqueológico na AI I , os levantamentos realizados pelo EIA, considerando diversas fontes de informação como o Cadastro Nacional de Sí�os Arqueológicos do Ins�tuto do Patrimônio Histórico e Ar�s�co Nacional (IPHAN) foram iden�ficados 160 sí�os arqueológicos registrados e/ou pesquisados no município de Rio Grande/RS, predominam os sí�os caracterizados como pré-coloniais da tradição Vieira e Tupiguarani, localizados perto de lagoas, banhados e arroios, onde foram evidenciados ves�gios cerâmicos, lí�cos, ossos de

animais e carvões.

Grande parte dos sí�os foi localizado nas proximidades da Lagoa dos Patos, Lagoa Mirim, Lagoa Costeira, Lagoa das Flores, Lagoa Cuiabá, Lagoa Jacaré, Lagoa Nicolau, Lagoa Mangueira, Banhado do Maçarico, Banhado Tarumã, Banhado do Taim, Arroio Vieira, Arroio Arraial, Arroio Mar�ns, Saco da Mangueira, Saco do Mineiro, Saco Marinheiro e no Canal de São Gonçalo. Essas informações indicam que o município de Rio Grande possui um grande potencial arqueológico, reforçando a importância de estudos cien�ficos.

Foram realizados levantamentos junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio cultural, arqueológico, histórico e paisagís�co na AII, com o obje�vo de mapear os bens acautelados (protegidos) em âmbito federal, estadual e municipal. As informações revelam o município de Rio Grande como um museu a céu aberto, que apresenta a história do processo de ocupação e povoamento da reg ião, presente nos s í�os arqueológicos, casarios an�gos e nas mais diversas manifestações culturais.

3.5.9. Patrimônio Cultural, Arqueológico, Histórico e Paisagístico na AII

Bens Culturais Âmbito Federal Âmbito Estadual Âmbito Municipal

Patrimônio Material

Bens e Conjuntos Urbanos

Casa da Alfândega (Tombado) An�go Quartel General 6º G. A. C (Tombado)

Inventário dos Bens Culturais

Igreja Matriz de São Pedro e Capela da Ordem Terceira de São Francisco (Tombado)

Casa dos Azulejos (Tombado)

Complexo Rheingantz (Tombado)

Hotel Paris (Tombado)

Prefeitura Municipal (Tombado)

Reservatório Metálico de Rio Grande (Tombado)

Bens Móveis e Integrados

Canoa de Pranchão Tradição (Tombado)

---------- ----------

Quadro 6 - Bens Culturais Acautelados - Patrimônio Material.

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36

Bens Culturais Âmbito Federal Âmbito Estadual Âmbito Municipal

Patrimônio Ferroviário

---------- Estação de Rio Grande (Inventário)

Estação de Rio Grande (Edificação de Interesse Sociocultural – Lei 4556/1990).

Estrada de Ferro Linha/Ramais Rio Grande-Bagé (Inventário)

Patrimônio Imaterial

Bens Inventariados e Registrados

---------- ---------- ----------

Patrimônio Paisagís�co

---------- ---------- ----------

Patrimônio Arqueológico

160 Sí�os Arqueológicos Registrados/Pesquisados.

Levantamento Fotográfico

Concheiro - Iden�ficado durante o levantamento fotográfico realizado para a Ficha de Caracterização de A�vidade (FCA) do IPHAN.

Quadro 7 – Bens Culturais Acautelados - Patrimônio Ferroviário, Imaterial, Paisagís�co, Arqueológico e Fotográfico.

Não forma iden�ficados bens culturais imateriais e paisagís�cos inventariados ou registrados nos âmbitos

federal, estadual e municipal. Bem como não foi iden�ficado Patrimônio Ferroviário em âmbito federal.

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37

O Estudo de Análise de Riscos de operação do empreendimento foi elaborado considerando as fases de implantação e operação do sistema de regaseificação e de distribuição do gás natural. Foram consideradas diversas hipóteses, fatores geradores de acidentes, perigos nas diferentes operações a serem realizadas, gerando, assim cenários de acidentes. Para os perigos iden�ficados foram determinadas categorias de severidade.

Foram u�lizadas como referência as bases para o cálculo do Risco Individual e Social do Manual de Risco de Acidentes Industriais da Fepam, e da Cetesb, que leva em conta a frequência de eventos do �po e severidade para es�mar o número de ví�mas fatais numa ocorrência. Os manuais estabelecem como risco de categoria 4 quando há possibilidade de qualquer um dos efeitos ultrapasse a distância de 500 m e, dessa forma, os resultados ob�dos indicam que os riscos para os eventos estudados são considerados toleráveis para os indicadores Risco Individual, Risco Social, Limite de Tolerabilidade de Riscos Industriais e Gasoduto de Interligação.

Os dados levantados pelo Estudo de Análise de Risco deverão ser considerados como base na definição de procedimentos e dos limites de operação, dos sistemas de monitoração e controle, e para a elaboração do Plano de Ação de Emergência, sendo determinante para auxiliar na indicação de condicionantes operacionais, rotas de fuga e de áreas de isolamentos em casos de acidentes.

4. ANÁLISE DE RISCO

5. ÁREAS DE INFLUÊNCIA

Após a definição e levantamentos realizados nas áreas de estudo foi possível realizar a avaliação e a definição das áreas que poderão sofrer interferências, diretas (AID) ou indiretas (AII), das ações do empreendimento em suas diferentes fases, essas áreas são conhecidas como áreas de influência, como apresentadas nas figuras seguir.

Page 38: TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS  MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

38

Figura 10 – Representação das AID e AII dos Meios Físico e Bió�co em Ambiente Aquá�co.

Píer Multiuso (Proc. FEPAM: 000282-05.67/13-9)

Navio de Estocagem e Regaseificação (FSRU)

Navio Supridor (LNGC)

Área de Dragagem

Área de Influência Direta (Ambiente Terrestre)

Meios Físico e Biótico: Áreas de Decantação

Área de Influência Indireta (Ambiente Terreste)

Meios Físico e Biótico

Área de Influência Direta (Ambiente Aquático)

Meios Físico e Biótico

Área de Influência Indireta (Ambiente Aquático)

Meios Físico e Biótico

Legenda

Fonte: Bourscheid, 2017.

Page 39: TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS  MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

39

Figura 11 – Representação das AID e AII do Meio Socioeconômico.

Fonte: Bourscheid, 2017.

Legenda

Área do Empreendimento

Área de Influência Direta

Área de Influência Indireta

Divisa Municipal

São José do NorteCapão do Leão

Rio Grande

Pelotas

Arroio do Padre

Lagoa dosPatos

OceanoAtlântico

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Definição Legal de Impacto Ambiental (Resolução Conama Nº 001/1986):

Qualquer alteração do ambiente causada por a�vidades humanas que, direta (efeito primário) ou indiretamente (efeito secundário), afetem a segurança e o bem-estar da população, as a�vidades sociais e econômicas, a biota, as condições esté�cas e sanitárias do meio e a qualidade dos recursos ambientais.

A iden�ficação e a avaliação dos impactos sobre o meio ambiente e as comunidades das áreas estudadas levaram em conta as diferentes a�vidades e fases do empreendimento (planejamento, implantação e operação). Essa avaliação foi realizada pelos técnicos especialistas para cada um dos temas, que observaram os parâmetros apresentados a seguir, também foram sugeridas ações para o controle e o reparo dos efeitos nega�vos e para potencializar os efeitos posi�vos, que compõem as medidas e os programas ambientais.

6. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS

AMBIENTAIS E AS MEDIDAS

SUGERIDAS

6.1 Parâmetros Avaliados

Ÿ Natureza – posi�vo ou nega�vo

Ÿ Probabilidade de ocorrência – alta, média ou baixa

Ÿ Duração – permanente, cíclico ou temporário

Ÿ Reversibilidade – reversível ou irreversível

Ÿ Temporalidade – curto, médio ou longo prazo

Ÿ Abrangência – área de influência direta ou área de influência indireta

Ÿ Efeito – cumula�vo, não cumula�vo ou sinérgico

Ÿ Magnitude – alta, média ou baixa

Ÿ Importância – alta, média ou baixa

Ÿ Fase de ocorrência – planejamento, instalação ou operação

Ÿ Relevância – resulta do somatório das pontuações adotadas para cada critério, sendo: baixa, média ou alta

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Meio Físico

Natureza

Probabilidade

Dura

ção

Reve

rsibilidade

Temporalid

ade

Abrang

ência

Efeito

Magnitude

Import

ância

Fase

Relevâ

ncia

Alteração da qualidade da água NEG B CIC REV CP AID CUM M M INS

OPE M

Alteração da qualidade dos sedimentos NEG M CIC REV CP AID CUM M M INT

OPE M

Alteração da qualidade do ar NEG A PER REV CP AII CUM M M OPE M

Alteração do relevo submerso NEG A PER REV CP AID CUM B B INS M

6.2 Síntese dos Prováveis Impactos Ambientais do Meio Físico

Natureza – posi�vo (POS) ou nega�vo (NEG)Probabilidade de ocorrência – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Duração – permanente (PER), cíclico (CIC) ou temporário (TEM)Reversibilidade – reversível (REV) ou irreversível (IRR)

Temporalidade – curto (CP), médio (MP) ou longo prazo (LP)Abrangência – (AID) ou (AII)

Efeito – cumula�vo (CUM), não cumula�vo (NC) ou sinérgico (SIN)Magnitude – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Importância – alta (A), média (M) ou baixa (B)Fase de ocorrência – planejamento (PLA), instalação (INS) ou operação (OPE)

Relevância – alta (A), média (M) ou baixa (B)

41

Page 42: TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS  MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

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Impactos: Alteração da qualidade da água Alteração da qualidade dos sedimentos

Preven�va Controle de desastres

Preven�va Controle de efluentes e vazamentos

Preven�va e Mi�gadora Correta Disposição dos Sedimentos e Monitoramento da Dragagem

6.3 Medidas Preventivas e Mitigadoras para o Meio Físico

Impacto: Alteração da qualidade do ar

Preven�va Instalação de equipamentos (p. ex. filtros de gases) que mantenham as emissões dentro dos parâmetros permi�dos pela legislação vigente

Preven�va Monitoramento da qualidade do ar

42

Impacto: Alteração da qualidade do ar

Preven�va O�mização do Plano Execu�vo de dragagem considerando as operações semelhantes realizadas pelos empreendimentos vizinhos

Preven�va Monitoramento topoba�métrico da dragagem

Page 43: TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS  MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

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6.4 Síntese dos Prováveis Impactos Ambientais do Meio Biótico

Natureza – posi�vo (POS) ou nega�vo (NEG)Probabilidade de ocorrência – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Duração – permanente (PER), cíclico (CIC) ou temporário (TEM)Reversibilidade – reversível (REV) ou irreversível (IRR)

Temporalidade – curto (CP), médio (MP) ou longo prazo (LP)Abrangência – (AID) ou (AII)

Efeito – cumula�vo (CUM), não cumula�vo (NC) ou sinérgico (SIN)Magnitude – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Importância – alta (A), média (M) ou baixa (B)Fase de ocorrência – planejamento (PLA), instalação (INS) ou operação (OPE)

Relevância – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Meio Biótico

Natureza

Probabilidade

Dura

ção

Reve

rsibilidade

Temporalidade

Abrang

ência

Efeito

Magnitude

Import

ância

Fase

Relevâ

ncia

Floração de cianobactérias NEG B PER REV CP AID SIN M M INS

OPE M

Alteração estrutural e funcional da comunidade

planctônica e de sua produtividade NEG A PER REV CP AID CUM M M

INS

OPE M

Alteração estrutural e funcional da comunidade

de macroinvertebrados bentônicos inclusive

crustáceos de interesse comercial

NEG A PER REV CP AID CUM M M INS

OPE M

Alteração na composição da taxocenose de

peixes da AID NEG A CIC REV CP AID CUM B B

INS

OPE B

Contaminação da ictiofauna por metais pesados NEG B CIC REV LP AID CUM M M INS

OPE M

Redução de cobertura vegetal NEG A TEM IRR CP AID CUM B B INS B

Page 44: TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS  MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

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6.5 Medidas Preventivas e Mitigadoras e Compensatórias para o Meio Biótico

Impactos: Floração de cianobactérias

Alteração estrutural e funcional da comunidade planctônica e de sua produ�vidade

Alteração estrutural e funcional da comunidade de macroinvertebrados bentônicos inclusive crustáceos de interesse comercial

Preven�va Controle de efluentes e vazamentos

Preven�va e Mi�gadora Correta Disposição dos Sedimentos e Monitoramento da Dragagem

Impacto: Alteração na composição da taxocenose de peixes da AID

Não foram listadas medidas ao impacto de Alteração na composição da taxocenose de peixes da AID por ser majoritariamente indireto, derivado de outros impactos aqui descritos. Desse modo, diversas medidas indicadas para os demais impactos ambientais no meio bió�co já contribuirão para a sua minimização.

Impacto: Contaminação da ic�ofauna por metais pesados

Preven�va e Mi�gadora U�lização de tecnologias capazes de diminuir ou minimizar a movimentação de par�culas nas operações de dragagem, dando preferência ao uso de máquinas hidráulicas.

Preven�va e Mi�gadora Minimizar a dispersão de sedimentos contaminados para as áreas adjacentes ao sí�o de dragagem, evitando a fuga de material dragado e, também, a prá�ca do overflow/transbordamento.

Preven�va e Mi�gadora Dimensionar corretamente o sistema de decantação do bota-fora terrestre para minimizar o lançamento de efluentes contaminados

Impacto: Redução de cobertura vegetal

Mi�gadora Reduzir a supressão à área estritamente necessária para a instalação/operação

Compensatória Realizar a Reposição Florestal conforme definido pela legislação vigente

Page 45: TERMINAL DE GAS- RIO GRANDE/RS  MODELAGEM E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

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6.6 Síntese dos Prováveis Impactos Ambientais do Meio Socioeconômico

Natureza – positivo (POS) ou negativo (NEG)Probabilidade de ocorrência – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Duração – permanente (PER) ou temporário (TEM)Reversibilidade – reversível (REV) ou irreversível (IRR)

Temporalidade – curto (CP), médio (MP) ou longo prazo (LP)Abrangência – (AID) ou (AII)

Efeito – cumulativo (CUM), não cumulativo (NC) ou sinérgico (SIN)Magnitude – alta (A), média (M) ou baixa (B)

Importância – alta (A), média (M) ou baixa (B)Fase de ocorrência – planejamento (PLA), instalação (INS) ou operação (OPE)

Relevância – alta (A), média (M) ou baixa (B)

6.7 Medidas Preventivas e Mitigadoras para o Meio Socioeconômico

Impacto: Incremento de movimentação portuária

Preven�va Obediência ao cronograma e orientações de movimentação das autoridades portuárias, u�lizando sistemas de monitoração e controle.

Meio Socioeconômico

Natureza

Probabilidade

Dura

ção

Reve

rsibilidade

Temporalid

ade

Abrang

ência

Efeito

Magnitude

Import

ância

Fase

Relevâ

ncia

Incremento de movimentação portuária NEG A PER REV LP AID CUM B B OPE M

Aumento da oferta de gás natural para

usos diversos na AII POS A PER REV LP AII CUM A A OPE A

Incremento de atividade econômica local POS A PER REV LP AII SIN M M INS A

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Para implementação das medidas indicadas, está prevista a execução de Programas ambientais, que deverão ser executados durante as fases de instalação e operação do empreendimento.

No EIA são apresentadas sugestões de Programas Ambienta i s e , no decorrer do processo de licenciamento, o órgão licenciador pode alterar esta lista, incluindo novos programas ou incluindo outras a�vidades e obje�vos.

São previstos os seguintes programas ambientais:

7. PROGRAMAS AMBIENTAIS

O SGA deverá definir o escopo e padronizar os procedimentos para execução dos serviços de Supervisão Ambiental apl icáveis as fases de implantação e operação da TERGÁS/UTE Rio Grande a serem realizados por empresa especializada de consultoria ambiental.

Os serviços de Supervisão Ambiental têm como obje�vo verificar e fazer cumprir as especificações técnicas de serviços rela�vas ao meio ambiente, durante as a�vidades de implantação, operação e na desa�vação do empreendimento.

Os serviços de Gestão Ambiental obje�vam assegurar o cumprimento das medidas preven�vas, mi�gadoras, corre�vas e compensatórias de impactos ambientais previstas e das exigências estabelecidas nas licenças e autorizações ambientais rela�vas aos serviços de construção e operação.

Programa de Gestão e Supervisão Ambiental

O obje�vo principal do Programa de Comunicação Social deverá ser a criação de um canal de comunicação con�nuo entre o empreendedor e a sociedade, especialmente a população diretamente afetada pelo empreendimento, de forma a mo�var e possibilitar a sua par�cipação nas suas diferentes fases e possibilitar sempre a divulgação de informações corretas e atualizadas.

Programa de Comunicação Social

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O PGR tem como obje�vo implantar e manter medidas preven�vas contra a ocorrência de acidentes e danos associados, de maneira que todas as a�vidades de instalação e operação do empreendimento possam ser executadas adotando-se disposi�vos seguros e garan�dos.

A elaboração do PAE do empreendimento tem por finalidade capacitar recursos humanos e disponibilizar materiais para pronto atendimento nas obras do empreendimento, ou prever sua disponibilidade com agilidade, em caso de eventos indesejados, possuindo também uma interface com planos de atendimento emergencial de outras empresas, permi�ndo o compar�lhamento de recursos. O obje�vo comum de ambos, PGR e PAE, é evitar e minimizar possíveis danos à saúde humana, meio ambiente e propriedades.

Programa de Gerenciamento de Riscos e Plano de Ação de Emergências

Avaliar alterações na qualidade da água e dos sedimentos na área de influência do empreendimento.

Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas e Sedimentos

O monitoramento visa avaliar as condições de qualidade do ar na área de influência do empreendimento em vista das a�vidades de queima de gás natural para geração de energia no FSRU.

Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar

O programa tem como obje�vo geral avaliar as alterações estruturais na biota aquá�ca.

Programa de Monitoramento da Biota Aquá�ca

Este Programa tem como obje�vo atender à legislação rela�va à reposição florestal obrigatória (Instrução Norma�va SEMA Nº 02/2013, Instrução Norma�va Nº 01/2006), de forma a compensar os impactos, tais como: redução da cobertura vegetal e remoção de indivíduos.

Programa de Reposição Florestal

Compensar os impactos ambientais da implantação do empreendimento através da aplicação de compensação financeira em Unidade de Conservação, conforme a legislação per�nente.

Programa de Compensação Ambiental

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Prevê-se para o futuro, caso o empreendimento não seja implantado, a manutenção das condições ambientais atuais, sendo a região afetada pelos outros diversos empreendimentos já existentes e em a�vidade. Por outro lado, com a não implantação, os empreendimentos diretamente associados ao fornecimento de gás naquele local, a UTE Rio Grande e Rede de Gás da Sulgás, terão que procurar novas fontes do produto, podendo se tornar inviáveis. Também seria reduzida a viabilidade de subs�tuição de combus�veis que emitem maiores teores de substâncias poluentes, como o carvão e o diesel, nas indústrias localizadas na região de Rio Grande sem a implantação de um empreendimento que forneça gás natural.

No caso da implantação do empreendimento, observa-se que as condições ambientais serão pouco alteradas, visto que os impactos previstos são rela�vos às a�vidades que já ocorrem na região, podendo ser minimizados através da adoção das medidas propostas. Em contrapar�da, o incremento de renda para o município, e empregos indiretos propiciados pelo fornecimento de gás, além da criação de alterna�va para subs�tuição de combus�veis mais poluentes pela indústria da região pode melhorar as condições de qualidade do ar da região.

8. CENÁRIOS FUTUROS

DE NÃO IMPLANTAÇÃO E

DE IMPLANTAÇÃO DO

EMPREENDIMENTO

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Este Relatório de Impacto Ambiental (Rima) apresentou as principais informações do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a implantação do Terminal de GNL de Rio Grande – Topsides, Estocagem, Regaseificação (FSRU), Entrega de Gás Natural e dragagem da Bacia de Evolução. Consideraram-se as caracterís�cas de projeto e da área definida dentro do Superporto para a instalação do empreendimento.

Foram iden�ficados e avaliados os potenciais impactos ambientais e sugeridas medidas corre�vas, mi�gadoras e/ou compensatórias dos impactos nega�vos, bem como ações para potencializar os impactos posi�vos, quando cabíveis.

Foram cumpridos todos os ritos legais do licenciamento ambiental, tendo o processo iniciado em 2015, junto à Fepam/SEMA, após a delegação de competência para este órgão dada pelo Ibama.

Os estudos realizados apontaram para a viabilidade ambiental do empreendimento, visto estar inserido em uma zona portuária consolidada, com diversos empreendimentos em operação.

Destaca-se a necessária observância e respeito à legislação e normas técnicas vigentes, em todas as etapas do empreendimento. Nas fases de implantação e operação deverão ser executadas as Medidas e Programas Ambientais propostos, que permi�rão o adequado gerenciamento das alterações decorrentes das a�vidades do Terminal.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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51 35002052

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