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Paginas amarelas - GUSTAVO LIMA

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Entrevista RONALDO BEZERRA GUSTAVO LIMA

A essência de um domO cantor e compositor evangélico diz que a felicidade e satisfação pela música estão muito além da simples compreensão. No ato de cantar, deve haver sentimento

veja/universidade cruzeiro do sul I 31 DE MAIO, 2011 I 19

“A música é algo divino, por isso, procuro usá-la com sabedoria e

discernimento”

Desde criança, Ronaldo Be-zerra, 37 anos, dentista, cantor, compositor, pastor e líder nacional do minis-

tério de música da igreja Comuni-dade da Graça, já dava indícios de que tinha um talento especial. Em 1997, esteve no México cursando a Escola de Adoração de Marcos Witt (C.C. D. M. A. C), que é destinada à formação de músicos e líderes evangélicos. No início da carreira, chegou a atuar como contra baixista e, gradativamente, foi buscando seu espaço no meio musi-cal como cantor, consolidando seu nome na música evangélica. Gra-vou sete CDs, um DVD e escreveu o livro “A Excelência da Adoração”. Ganhou o Troféu Ômega duas vezes como destaque do ano e um por mel-hor música do ano. Seu ministério musical tem ultrapassado fronteiras, ministrando seminários e congressos em outros países, como EUA, Ingla-terra e Japão. Casado e pai de dois filhos, ele deu a seguinte entrevista.

Qual é a importância da música para a sua vida? A música sempre mexeu comigo, gosto demais de música, ela se tornou para mim uma ferramenta que Deus me deu para proclamar o evangelho de Jesus. Quando eu canto consigo esquecer os problemas, tenho uma sensação de paz, vivo aquele mo-mento, dou o meu melhor, realmente é como se fosse um sonho. Porque a música não deve ser apenas cantada e escutada simplesmente, ela também deve ser sentida. Sei que além de fazer um bem para mim, faço para aqueles que escutam. Cada louvor que ministro me identifico, cada um tem a ver com um momento específico da minha vida. A música é algo divino, por isso, procuro usá-la com sabedoria e discernimento, ela realmente é um dom especial, é a minha arte.

GUST

AVO

LIM

A

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“O talento é essencial. É

importante ser vocacionado para tal função. Muitos têm boa intenção,

mas não são vocacionados. O

talento te direciona para aquilo que você

pode ser”

Entrevista RONALDO BEZERRA

22 I 31 DE MAIO, 2011 I veja/universidade cruzeiro do sul

Quando foi que você decidiu ser cantor? E por quê? Desde pequeno eu já gostava de cantar, e em pouco tempo a minha paixão pela música aumentou, isso impulsionou o meu interesse em seguir nessa profissão. Aos 8 anos comecei a ministrar louvor em uma congregação que meu pai, que é pas-tor, abriu em Londrina, no Paraná. As coisas sempre aconteceram natural-mente na minha vida. Com relação a cantar não foi diferente, as coisas foram fluindo e eu fui evoluindo pas-so a passo, mas claro que não fiquei esperando. Corri atrás daquilo que achava o melhor para mim, e fui em busca do meu sonho, com total apoio dos meus pais. E consequentemente, acabei gravando meu primeiro CD “Rei do Universo” em 1998.

Na profissão de cantor, talento pode ser um diferencial ou ele é essencial? O talento é essencial. É importante ser vocacio-nado para tal função. Muitos têm boa intenção, mas não são vocacionados. O Talento te direciona para aquilo que você pode ser. E tudo é questão tam-bém, de oportunidades, muitos têm habilidades incríveis na área musical, porém não tem aquela oportunidade necessária para divulgar o seu trabal-ho e seguir carreira. Fica visível como muitos que se dizem músicos, tiveram grandes chances, mas não têm suas carrerias alavancadas, justamente, por não terem o dom.

A fama nos tempos hodiernos leva muitos artistas ao sucesso, mas também, muitos a perda de tudo aquilo que conquistaram. Como você a gerencia? Eu quero ser uma pessoa simples e não afetada por tudo o que é oferecido. Procuro sempre estar com pessoas. A humildade foi algo muito marcante que meu pai sempre me ensinou, e é o que eu vejo nele também. A fama é muito traiçoeira, se você não a domina, ela pode destruir sua carreira. Procuro manter próximo sempre minha família e amigos. Gosto de conhecer pessoas novas e fazer amizades. O dinheiro e a fama que muitos buscam, trazem uma alegria e prazeres momentâ-neos, porque tudo isso é passageiro e

podem trazer grandes consequências e até sequelas para o resto da vida, infelizmente muitos cantores já se perderam assim.

De todas as dificuldades que você enfrentou, qual foi o seu maior desafio na profissão? Com certeza foi deixar tudo aqui no Brasil para ir estudar música, durante um ano em Durango, no México, na escola de preparação musical e ministerial do Marcos Witt que é um ministro muito reconhecido em toda a América Latina. Foi um tempo muito proveitoso de crescimento e amadurecimento, não apenas para o profissional, mas pessoal também. No entanto, ficar longe da minha família e amigos foi muito difícil, para mim foi um sacrifício muito grande que fiz ficar sozinho em outro país. Não foi fácil.

Como você administra o cotidiano cor-riqueiro de cantor com a vida pessoal? A música é minha profissão e exige muito tempo, principalmente, para dedicar-me aos ensaios, mas procuro dividi-lo e estabelecer minhas priori-dades. Eu gosto de sair com a minha família, estar com meus filhos, amigos e ir à igreja, enfim, passeios ao cin-

ema e restaurantes. Procuro levar uma vida normal. Quando possível, acabo levando comigo minha família em viagens à trabalho.

Qual a importância da família na sua carreira? A família é a base do meu ministério. Eles que me dão sustento, apoio, oram por mim e me abençoam. Sem essas coisas, com certeza meu ministério não teria muito sentido. Principalmente, no meio musical, onde conheci muitas pessoas que não acrescentaram nada em minha vida. Uma base familiar bem estruturada é tudo para quem almeja ter uma car-reira de sucesso consolidada.

Em um contexto geral, qual a sua maior de-cepção na carreira? Não generalizando, mas a decepção que tenho é com os organizadores de eventos que muitas vezes deixam a desejar, eles não agem com profissionalismo e não cumprem com o que foi acordado. Mudam planejamentos e esquemas anterior-mente elaborados, e exigem flexibi-lidade do seu tempo, acabam assim, prejudicando não só a mim, mas como toda a estrutura organizacional envolvida.

Como você vê a venda de CDs tendo uma queda exorbitante, devido à facilidade em baixar as músicas pela internet? Esse é o preço que nós, músicos, estamos pagando pelo avanço tecnológico. No entanto, a música é um campo muito aberto, por mais que dificuldades apareçam a própria tecnologia ajuda trazendo novos recursos para o mer-cado que é muito versátil. E sempre o público que me acompanha não exita em comprar um CD ou um DVD, mesmo que o conteúdo deles esteja disponível na internet.

Observando um viés do avanço tecnológico, qual foi a importância das redes sociais para a divulgação do seu trabalho? Sem dúvida, foi fundamental. Creio que hoje se tornou a principal ferramenta de divulgação do meu trabalho e ministério. As pessoas têm fácil acesso às minhas músicas, eventos que participo, lançamentos de projetos

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“A música sempre mexeu comigo.

Quando eu canto consigo esquecer

os problemas, tenho uma sensação de paz, vivo aquele

momento, dou o meu melhor, realmente

é como se fosse um sonho”

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e até mesmo da minha vida pessoal. Isso é bom, pois aproxima o público que me acompanha e também os que não me conhecem. As redes sociais funcionam como uma assessoria de imprensa, claro que com suas limita-ções, mas ajudam bastante o contato com as pessoas, que quando converso, me passam o que elas têm gostado e o que poderia ser melhorado. Ouvir opiniões, mesmo quando são muito críticas, me ajudam a crescer, e pra mim esse é o maior benefício da comunicação digital.

Na sua visão, atualmente, qual a maior dificuldade da música evangélica na cultura brasileira? Ser realmente reconhecida como parte da nossa cultura, apesar de vários cantores já terem. A música evangélica na cultura brasileira não tem aberturas e oportunidades na mí-dia como outros estilos musicais mais tradicionais têm. Precisa haver uma maior valorização dos nossos trabal-hos, mas acho que isso é questão de tempo. O mais importante é quando passo na rua e escuto em carros, lojas, casas e até mesmo nas barracas de camelô músicas evangélicas, a mídia pode não nos divulgar tanto, mas as pessoas mesmo assim, as escutam.

As músicas evangélicas tradicionais do Brasil têm uma característica de serem um pouco mais lentas. Você já foi criticado ou até mesmo perseguido, por ter um estilo de música mais agitada, estilo pop/rock? Essa é uma questão muito mais ampla, o que seria da música se só tivéssemos apenas um estilo. A música evangélica como outros estilos ampliaram sua visão, buscam levar a mesma mensa-gem em gêneros diferentes, para pú-blicos diferentes. No início da minha carreira, muitas vezes não tive muitas oportunidades para expor meu trab-alho supondo que fosse esse o motivo, mas isso foi mudando aos poucos, até mesmo porque nos Estados Unidos a música evangélica que hoje tem muita influência no Brasil, já vinha num embalo de readaptação para os estilos de música. Se eu sofri alguma perse-guição não percebi, mas o que pude observar é que muitas pessoas, ainda

têm um certo receio, não criticam, mas também não apóiam.

Qual a situação mais inusitada que acon-teceu com você, por ter o mesmo nome do ex-jogador da seleção brasileira e do Corin-thians, Ronaldo “Fenômeno”? O mais en-graçado é que coincidentemente tam-bém sou corinthiano. Por um tempo, quando ia ao estádio do Pacaembu, ou qualquer outro lugar, as pessoas sem-pre diziam “Ronaldo, brilha muito no Corinthians”. Eu sempre recebi isso como carinho das pessoas, além de ser muito engraçado é legal essa ligação, claro que com as devidas proporções, já que eu não levo tanto jeito com o futebol, é melhor ficar só na música.

Qual a importância para você em fazer parcerias com outros cantores em músicas e grandes eventos? Já tive o privilégio de fazer parcerias com grandes cantores como Marcos Witt, Adhemar de Cam-pos, PG, Pregador Luo, entre outros. As parcerias são muito importantes, são experiências diferentes, misturas de estilos e variações nas músicas, damos mais liberdade para alterar trechos das músicas enquanto canta-mos. É muito bom sair do protocolo, quebra expectativas tanto do público

como as nossas também. Além disso, músicas em parcerias sempre ajudam em uma divulgação maior do nosso trabalho.

O que a participação em eventos solidários, como o “Projeto Atitude” acrescentaram para a sua vida? Me sinto muito mais feliz por poder abençoar pessoas. O “Projeto Atitude” visa isso, abençoamos pessoas através de doações de roupas, alimentos, brinquedos, enfim, é um projeto que visa alcançar o próximo e abençoá-lo. Um gesto que pode parecer simples, mas para quem precisa é muito importante, não tem coisa melhor do que você cantar em um evento que ajuda pessoas carentes, e depois você vê-las entusiasmadas e extremamente felizes e agradecidas. Não há nada mais humano do que ajudar o próximo, com certeza isso traz satisfação para minha vida e ministério.

O que você acha que falta para ser recon-hecido internacionalmente? A questão do idioma é algo a ser considerado. Na maioria das vezes, as nossas músicas não são tão divulgadas em outros países, por causa da língua portuguesa não ter um reconhecimento interna-cional. Seria necessário, por exemplo, gravar um projeto em inglês, que é um idioma internacionalmente recon-hecido, além de ser a língua em que a música ganha mais destaque.

Quais são as suas ambições profissionais e o que você vê para o futuro da música? Que-ro continuar gravando os meus pro-jetos musicais, procurando crescer e me aperfeiçoar, e também, preparando líderes na área do louvor e adoração, através de congressos e seminários por todo o Brasil como já tenho feito. Na música sempre temos evoluções e renovações, e o número de bandas e cantores revelações é cada vez maior. E acredito que quem sente felicidade e satisfação na música, e coloca sen-timento naquilo que faz, tendo uma preparação adequada, pode vencer grandes obstáculos e realizar os seus sonhos.