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In: Bencatel, J., Sabino-Marques, H., Álvares, F., Moura, A. E. & Barbosa, A. M. (eds.), 2019. Atlas de Mamíferos de Portugal, 2ª edição. Universidade de Évora, Portugal

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In: Bencatel, J., Sabino-Marques, H., Álvares, F., Moura, A. E. & Barbosa, A. M. (eds.), 2019. Atlas de Mamíferos de Portugal, 2ª edição. Universidade de Évora, Portugal

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LagomorfosCatarina C. Ferreira, Paulo Célio Alves,

Rui Lourenço e Joana Bencatel

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Atlas de Mamíferos de Portugal

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Contribuidores com observação e/ou envio de registos para este capítulo

A. Márcia Barbosa; Alcina Sousa; Altri Florestal; Ana Galantinho; Ana Silva; Ana Teresa; Andra Antunes; Andre Hospers; André Lourenço; André Oliveira; António Cláudio Heitor; António Cruz; António Mira; António Silva; António Xeira; Arien Bekker-Holtland; Armando Barbosa; Armando Caldas; Beatriz Ginja; Biodiversity4All; Biosfera Consultoría Medioambiental; Bruno Silva; Carlos Manuel; Carlos Pacheco; Carmo Silva; Catarina C. Ferreira; CERAS-QUERCUS; CISE; Clara Ferreira; Cláudia Encarnação; Daniel Raposo; David Pereira; Denis Medinas; Edgar Gomes; EDIA; Eduardo Ferreira; Eduardo Realinho; Emídio Santos; Eric Thomassen; Erika Almeida; Fernando Ascensão; Fernando Ferreira; Fernando Romão; Filipa Correia; Filipe Carvalho; Fran-cisco Álvares; Francisco Barros; Francisco Gonçalves; Frederico Mestre; Giovanni Manghi; Gonçalo Costa; Grupo Facebook “Mamíferos de Portugal em Estado Selvagem”; Hans Bekker; Hélder Conceição; Helena Rio-Maior; Helena Sabino-Marques; Henk Feith; Hugo Gaspar; Hugo Ribeiro; Iberdrola; ICNF; Ilaria Campana; iNaturalist; Inês Vasco; J. Tiago Marques; Jan Bosha-mer; Jan Buys; Jan Piet Bekker; Jan Wondergem; Jasja Dekker; Jeroen Willemsen; Joana Alves; Joana Bernardino; Joana Paupério; João Adrião; João Corvina; João Craveiro; João Ferreira; João Martins; João Matos; João Rodrigues; Joaquim Antunes; Joaquim Pedro; Jorge Costa; José Caldinhas; José Carlos Brito; José Conde; José Costa; José Ferreira de Almeida; José Luís Sequeira; José Pedro Silva; José Riquinho; Juan Dapena; Kees Mostert; Lemuel Silva; Lena Lopes; LSNPO - REN e EGSP/ECOSSISTEMA; Luis da Costa; Luís Ferreira; Luís Gomes; Luís Guilherme Sousa; Luís Lopes Silva; Luís Miguel Rosalino; Luís Santos; Luís Venâncio; Mafalda Costa; Manuel Lemos; Margarida Fernandes; Maria Emília Martins; Mário Carmo; Mário Estevens; Maris Kuningas; Michael Bakker Paiva; Miguel Ferreira; Montis; Nelson Fernandes; Nelson Varela; Nuno Curado; Nuno Negrões; Odile Schmidt; P. Sierra; PALOMBAR; Patrícia e Luís; Patricia Ramalho; Patrícia Santos; Patrícia Tavares Santos; Patricia Tiago; Paula Gonçal-ves; Paulo Almeida Santos; Paulo Alves; Paulo Célio Alves; Paulo E. Cardoso; Paulo Talhadas; Pedro Costa; Pedro Faísca; Pedro Fernandes; Pedro Monterroso; Pedro Pereira; Pedro Salguei-ro; Pedro Tarroso; Pedro Vaz; Philip Perry; Projecto Ecomuseu de Redondo; QUERCUS; Rafael Carvalho; Rafael Moreira; RIAS/ALDEIA; Ricardo Fragoso; Ricardo Leite; Ricardo Pita; Rita Aze-do; Rita Brito; Rob Koelman; Rui Lourenço; Rui Rafael; Samuel Infante; Sandra Alcobia; Sara Ornelas; Sara Roque; Sara Santos; Scott Loarie; SECIL; Sérgio David Silva; Sérgio Godinho; Sílvia Barreiro; Sofia Alexandre; Sofia Eufrázio; Teresa Mexia; Tiago Mendes; Tiago Pinto; UBC; Valter Jacinto; Vânia Salgueiro; Vera Arsénio; Victor Bandeira; Walter Heijder; Xara; Zé Martins

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Lagomorfos

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TaxonomiaA ordem Lagomorpha é composta por 92 espécies a nível global, divididas

em duas famílias: Ochotonidae e Leporidae. Na Europa, os lagomorfos estão representados apenas pela família Leporidae, com 7 espécies pertencentes a 2 géneros: Lepus e Oryctolagus. Em Portugal, ocorrem apenas 2 espécies de lagomorfos: a lebre-ibérica (Lepus granatensis) e o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Este último inclui globalmente duas subespécies com caraterísticas reprodutivas, morfológicas e comportamentais distintas: O.c. cuniculus e O. c. algirus. Em Portugal só ocorre a subespécie O. c. algirus.

Caraterísticas gerais do grupoOs lagomorfos são herbívoros de tamanho pequeno a médio e têm uma

região nasal longa, sendo muitas vezes erradamente confundidos com roedores. Uma das caraterísticas mais distintivas é a presença de pequenos incisivos auxiliares atrás dos incisivos superiores, que não se encontra nos restantes mamíferos. Os membros da família Leporidae (lebres e coelhos) têm 28 dentes (ao contrário dos Ochotonidae - pikas - que têm 26), cauda curta, pernas traseiras mais longas que as dianteiras, corpo achatado e orelhas longas e móveis.

Bibliografia recomendadaAlves et al. (2008), Chapman & Flux (1990), Lumpkin & Seidensticker (2011), Smith et al. (2018)

Lagomorfos(Lagomorpha)

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Atlas de Mamíferos de Portugal

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Habitat preferencialA lebre ocorre numa variedade de

habitats dentro da sua área de distri-buição, mas tende especialmente a ocupar terrenos agrícolas nas regiões do centro e sul da Península Ibérica, bem como habitats em diferentes etapas de sucessão junto das mon-tanhas.

Distribuição globalEsta espécie é endémica da

Península Ibérica, ocupando grande parte do território peninsular, à exce-ção de uma faixa a norte, adjacente aos Pirenéus.

Distribuição em PortugalA lebre tem presenças registadas

na maior parte do país, em particu-lar na região biogeográfica mediter-rânica, à exceção de grande parte da faixa litoral das regiões Centro e Norte. A continuidade de quadrícu-las com registos de presença é par-ticularmente elevada junto à fronteira leste com Espanha, onde esta espé-cie também ocorre uniformemente do lado espanhol.

Prioridades de investigação

Recomenda-se a prospeção de zonas onde não existem registos recentes, para determinar se a lebre está de facto ausente destas regiões. Seria também interessante determi-nar se a espécie tem uma distribuição mais ou menos contínua ao longo de Portugal continental, ou se apresenta fragmentação em populações iso-ladas. É também importante ter em conta o risco de infeção pela nova variante da doença hemorrágica viral e a recente susceptibilidade à mixo-matose, que já não afetam apenas o coelho (Oryctolagus cuniculus) e que poderão alterar também a distribuição da lebre num futuro próximo.

Origem Categoria IUCN Categoria LVVPEndémica, Península Ibérica LC LC

Lepus granatensis Rosenhauer, 1856LebreLiebre ibérica, Granada hare Henrique Oliveira Pires

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Fonte: Palomoet al. (2007) Fonte: Mitchell−Jones et al. (1999)

Lepus granatensis

Sem dataAntigoRecente:confirmadocredívelinquérito

Fonte: IUCN (2019)

BibliografiaCarro & Soriguer (2007), Paupé-rio e Alves (2008), Santos-Reis & Mathias (1996), Smith & Johnston (2008)

Nº registos 3092

Nº quadrículas com registos 784

% quadrículas com registos 77,9

% quadrículas confirmadas 37,5

Lagomorfos

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Atlas de Mamíferos de Portugal

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Habitat preferencialO coelho-bravo está presente

numa ampla variedade de ambien-tes, mas o seu habitat preferencial são as paisagens de mosaico, que intercalam zonas fechadas (matos e bosques temperados), que propor-cionam abrigo, e zonas abertas (pas-tagens naturais e artificiais, terrenos agrícolas), onde obtêm alimento. É uma peça chave na dieta de muitos predadores mediterrânicos, incluindo espécies ameaçadas, quer de mamí-feros (como o lince-ibérico), quer de aves (como a águia-imperial ibérica, Aquila adalberti).

Distribuição globalEsta espécie, originária da Penín-

sula Ibérica, ocorre por todo o territó-rio peninsular e tem atualmente uma distribuição mundial desde a Europa até à Austrália, resultado de várias introduções, acidentais ou proposita-das, pela mão humana.

Distribuição em PortugalApós a inclusão, nesta 2ª edição,

dos dados provenientes das zonas de caça, o coelho tem presenças regista-das por todo o território nacional, quer insular quer continental. No entanto, os censos realizados sugerem que as densidades das suas populações são muito variáveis, desde extrema-mente altas nalguns pontos do sul do país, a residuais noutras regiões. Além disso, sabe-se que as suas

populações podem sofrer extinções locais, resultado da interação entre o impacto das doenças virais, a frag-mentação ou perda do habitat e a sobre-exploração ou gestão inade-quada. Nos arquipélagos, esta espé-cie ocorre atualmente em todas as ilhas dos Açores, exceto no Corvo, e no arquipélago da Madeira exceto nas Selvagens e nas Desertas, de onde foi erradicado.

Prioridades de investigação

O último censo nacional de coelho foi realizado há 17 anos (em 2002). São necessários estudos para conhe-cer melhor vários aspetos da ecologia desta espécie, incluindo os fatores que condicionam a sua abundância em regiões tradicionalmente pouco prospetadas. Por outro lado, vários investigadores têm apelado à criação de estratégias (nacional e ibérica) de conservação do coelho-bravo, que definam prioridades em termos de atuação e, sobretudo, que unifiquem e padronizem os esforços de inves-tigação e gestão, atualmente pouco concertados, de modo a aumentar o seu impacto.

Origem Categoria IUCN Categoria LVVPNativa NT NT

Oryctolagus cuniculus (Linnaeus, 1758)Coelho-bravoConejo, European rabbit David Germano

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Fonte: Palomoet al. (2007) Fonte: Mitchell−Jones et al. (1999)

Oryctolagus cuniculus

Sem dataAntigoRecente:confirmadocredívelinquérito

Fonte: IUCN (2019)

BibliografiaAlves & Hackländer (2008), Bor-ges et al. (2008, 2010), Cabral et al. (2005), Carneiro et al. (2014a, b), Carvalho & Gomes (2004a); Delibes-Mateos et al. (2014), Ferreira (2012), Ferreira et al. (2010, 2012, 2015), Flux & Fulla-gar (1983, 1992), Lombardi et al. (2007), Smith & Boyer (2008), Vil-lafuerte (2007)

Nº registos 15616

Nº quadrículas com registos 1000

% quadrículas com registos 99,3

% quadrículas confirmadas 35,1

Lagomorfos