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FRUTOS DA LUTA -Boletim Escolar - Ano 1 - Número 1 - Julho 2012- REVOLUÇÃO NÃO COMEÇA PELO PAPEL, COMEÇA POR VOCÊ QUANDO LÊ O PAPEL! C hegaram os desbravadores nas terras do cen- tro – oeste do Paraná formando a primeira co- lônia que mais tarde Município de Rio Bonito do Iguaçu, segundo relatos a família Nogueira foi a primeira família colonizadora deste mu- nicípio, esquecendo – se dos reis pioneiros que habitaram nestas terras, os indígenas, que são retratados como canibais e selvagens, não va- lorizando sua cultura por não conhecer ou pela típica ignorância humana de ser civilizado. Mas Rio Bonito do Iguaçu só tem crescido realmente após o surgimento do assentamento no dia 17 de abril de 1996 quando aproxima- damente 900 famílias ocuparam mais um pe- daço do que era à fazenda Marodini, formando o Assentamento Marcos Freire, sendo que uma parte já havia sido ocupada por 1.500 famílias dois anos antes formando o assentamento Ireno Alves dos Santos. Após isso, outra ocupação for- mou – se o assentamento 10 de Maio, em 2008. Mas a questão é porque o Mu- nicípio de Rio Bonito do Iguaçu só cres- ceu após a conquista dos assentamentos? A resposta é simples, com os assenta- mentos a economia de Rio Bonito Iguaçu aumentou porque as famílias começa- ram a trabalhar com a produção agrícola e Leiteira, sendo que a renda da família é investida no comércio do município. Se sabemos que é devido as famí- lias assentadas que Rio Bonito possui uma economia maior e melhor distribuída en- tão fica a pergunta: Por que sofremos tanto preconceito por sermos do assentamento se praticamente somos quem movimen- ta a economia de Rio Bonito do Iguaçu? REFLEXÃO SOCIAL Educandos da Turma 4º AI REIVINDICAÇÕES DA ESCOLA IRACI SALETE > PAG 03<

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F RU T O S DALU T A

-Boletim Escolar - Ano 1 - Número 1 - Julho 2012-

REVOLUÇÃO NÃO COMEÇA PELO PAPEL, COMEÇA POR VOCÊ QUANDO LÊ O PAPEL!

Chegaram os desbravadores nas terras do cen-tro – oeste do Paraná formando a primeira co-lônia que mais tarde Município de Rio Bonito do Iguaçu, segundo relatos a família Nogueira foi a primeira família colonizadora deste mu-nicípio, esquecendo – se dos reis pioneiros que habitaram nestas terras, os indígenas, que são retratados como canibais e selvagens, não va-lorizando sua cultura por não conhecer ou pela típica ignorância humana de ser civilizado. Mas Rio Bonito do Iguaçu só tem crescido realmente após o surgimento do assentamento

no dia 17 de abril de 1996 quando aproxima-damente 900 famílias ocuparam mais um pe-daço do que era à fazenda Marodini, formando o Assentamento Marcos Freire, sendo que uma parte já havia sido ocupada por 1.500 famílias dois anos antes formando o assentamento Ireno Alves dos Santos. Após isso, outra ocupação for-mou – se o assentamento 10 de Maio, em 2008. Mas a questão é porque o Mu-nicípio de Rio Bonito do Iguaçu só cres-ceu após a conquista dos assentamentos? A resposta é simples, com os assenta-

mentos a economia de Rio Bonito Iguaçu aumentou porque as famílias começa-ram a trabalhar com a produção agrícola e Leiteira, sendo que a renda da família é investida no comércio do município. Se sabemos que é devido as famí-lias assentadas que Rio Bonito possui uma economia maior e melhor distribuída en-tão fica a pergunta: Por que sofremos tanto preconceito por sermos do assentamento se praticamente somos quem movimen-ta a economia de Rio Bonito do Iguaçu?

REFLEXÃO SOCIALEducandos da Turma 4º AI

REIVINDICAÇÕES DA ESCOLA IRACI SALETE> PAG 03<

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PÁGINA 2 - FRUTOS DA LUTA

EDITORIAL Ao longo dos anos sofremos de uma invasão cultural, provocada pelos meios de comunicação em massa que causa um distanciamen-to de nossa cultura camponesa. Com isso surge a necessidade de se criar uma proposta pedagógica que enraíze cada sujeito em sua cultura local e projete um novo modelo de sociedade. Esta proposta pedagógica se encontra em nossa escola em um processo de construção coletiva, já apresentando pontos positivos, mas para haver continuidade e buscar seu aperfeiçoamento esse processo demanda de muito estudo e reflexão. Nossos objetivos é estar resgatando e registrando nossa his-tória através de um instrumento de comunicação que não seja influen-ciado pelas massas de comunicação universal, e sim um trabalho coleti-vo, onde possamos informar sobre nossa vida real, nossos anseios e ideias, sendo que adquirimos mais conhecimento, chamando a atenção para a experiência educacional que viemos experimentando, assim mo-bilizando mais pessoas para que as discussões entorno do processo de reflexão e elaboração pedagógica sejam ampliados e os resultados multiplicados.

JUVENTUDE CAMPONESA EM AÇÃOvai continuar esse preconceito do Estado contra o campo? É por isso que os jovens estão saindo, como podem ficar se as con-dições vigentes não lhe permitem possibi-lidades de estudo, formação profissional, emprego e lazer? Sim, não vivemos ape-nas de trabalho e estudos, temos o direito de lazer para nos divertirmos, temos direito á cultura e a arte! Para que servem nossos direitos se o Estado não os cumpre? Não nos conformemos com essas injustiças! Sejamos como girassóis do campo, vívidos, fortes e mesmo que o tempo não conspire a nosso favor estaremos sempre de pé para o que der e vier! Já basta o preconceito que a so-ciedade criou sobre nós, influenciados por uma mídia que é contra os nossos valores, transmitindo sua ideologia para que as pes-

soas tenham um conceito errado a nosso favor, fazendo-as crer que somos invasores de terra, mas elas esquecem que são elas é que possuem propriedade privada, e não nós. O que conseguimos é mérito da nos-sa luta e conquista e não do dinheiro, como pede esse capitalismo selvagem. As nossas marchas, as nossas reivindicações, cuja juventude tem grande participação, vem dado muitos resultados, mas ainda há muito á se conquistar prin-cipalmente para essa geração juvenil, que está sendo desvalorizada, há de se fazer o Estado tomar atitudes práticas de investi-mentos em todas as áreas do assentamen-to, incentivando essa juventude a ficar e construir uma nova era de esperança, e de dias que nos premiem com frutos da nossa luta!

ALIMENTOS ENLATADOSOs alimentos enlatados vem cres-

centemente sendo usados na alimentação escolar, muitas ve-

zes por serem mais práticos e faceis de preparar. Mas esses alimentos não trazem beneficios algum, porque sua composição prejudica nossa saúde. Elaboramos um questionário, onde a cozinheira Terezinha Trindade Viana, “Tere”, deu sua opinião sobre os alimentos enlatados.Realizamos as seguintes perguntas:Alunos do 1º AI- Vocês seguem um cardapio fixo?Terezinha- Não, eu elaboro toda sema-na e procuro não repetir as refeições, tanto na tarde, quanto na manhã; por-que os alunos que precisam ficar de manhã e a tarde, não costuman comer o mesmo lanche.Alunos do 1º AI- O que é feito com as carnes enlatadas?Terezinha- Eu lavo bem em água co-rrente que ajuda a tirar parte da quimica, eu costumo usar tempero verde, mudo o molho e faço o mesmo com os outros enlatados.Alunos do 1º AI- Vocês seguem uma tabela nutricional?Terezinha- Sim, já que já recebemos elaborada por um nutricionista.Alunos do 1º AI- Qual é a sua opinião em relação aos enlatados?Terezinha- Eu prefiro que seja carne natural, poque é melhor para a saúde.

Entrevistamos também os diretores, alunos e professores do colégio Iraci, para saber qual a posição dos mesmos em relação aos enlatados.

Ana Cristina- A gente não tem o con-trole do orçamento, pra nós o estado manda uma quantidade já em enlata-dos vem uma certa porcentagem.Sidnei- A primeira remessa veio 8.192.42 centavos, que veio de meren-da do estado, que agoran vai vim mais uma remessa possivelmente seja esse valor, vai vir três desse.Ana Cristina- Esse valor que a gente recebe em merenda via Governo Esta-dual, que vem almondega, feijão e as carnes em geral, todas são enlatadas.

“Enquanto alunos do Colégio Iraci e es-tudantes do 2º ano do curso de formação de docentes não gostamos dos alimentos que são servidos quando são enlatados, cujo eles são prejudiciais a saúde por seus componentes quimicos, o colégio tem uma defasagem de frutas e legumes os quais deveriam ser servidos aos educandos. Es-tes alimentos juntamente com outros são deextrema necessidade para o desenvolvi-mento de todos.” Alunos do 2º AI

“Como professor é inconsebivel e inaceita-vel, que tanto quanto alunos e professores receban sua alimentação em latas.Pois vivemos em um meio de produção rural de alimentos e o minimo que poderia-mos esperar do estado que desenvolven-se

um projeto para auto gestão de alimentos da escola” Profº Marcelo

“Acho muito ruim, nós moramos em uma comunidade muito produtiva, e poderia-mos ajudar os pequenos agricultores a ter uma renda mais distribuida” Profº Sidmar“Os alimentos na verdade trazem muitos conservantes para durar mais tempo, mais em situações que a necessidade de utilizar os enlatados por não haver certo produto na região.” Profº Cleverson

“Referente aos produtos enlatados, em ra-zão da presença dos conservantes podem ser prejudiciais para a saúde das pessoas, as vezes por serem muito utilizados. O

Somos a juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), viemos das lutas enfrentadas

diariamente, temos a idade da construção da nossa história. O que buscamos? Re-conhecimento. O que queremos? Mu-danças profundas na alma da sociedade. Nosso objetivo? Alcançar a paz. O que fa-zemos? Justiça com as próprias mãos. De-sistir? Resistir é preciso! Essas são as características que definem e constroem a identidade da juven-tude do MST. Uma juventude que além de trabalhar, tem que estudar todos os dias, enfrentando inúmeras dificuldades que vão desde o transporte escolar, até a conciliação do trabalho com os estudos. Além disso, são obrigados a conviver com essa enorme desvalorização cultural do campo e com a falta de reconhecimento por parte do gover-no quanto a sua existência, expectativas, desejos e necessidades. A juventude tem uma grande im-portância, pois não apenas integra e forma, como é o MST. Mas um motivo de grande preocupação e relevância é o fato do êxodo rural, uma ocorrência muito comum na nos-sa região da Reforma Agrária, que leva os jovens do assentamento em busca de me-lhores oportunidades de vida, a deixarem o campo, abandonando toda uma realidade ao qual possibilitou sua formação enquanto sujeito do campo. Mas por que isso acontece? Por que os jovens estão indo embora? Até quando

consumo de produtos naturais proporcio-nam uma saúde de qualidade, por serem alimentos saudaveis, sem nenhum produto quimico.” Profº Alessandro“Penso que a educação não escapa aos interesses do “sistema” num processo de mercantilização da educação, a mesma em vários momentos atende aos interesses das grandes empresas. A comida enlatada também pode ser encarada nessa pers-pectiva agravando a situação a qualidade ofertada. A primeira mudança que deve ocorrer é na politica educacional, no caso da alimentação escolar, que os produtos sejam comprados diretamente dos peque-nos produtores locais.” Profº Rudison Luiz Ladislau

Educandos da Turma 2º AI

Educandos da Turma 1º AI

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BOLETIM ESCOLAR DO COLÉGIO IRACI SALETE - PÁGINA 3

REIVINDICAÇÕES DO COLÉGIO IRACIO Colégio Estadual do Campo Iraci

Salete Strozak, esta localizado no Assentamento Marcos Freire, Muni-

cípio de Rio Bonito do Iguaçu e não foi di-ferente das demais conquistas do povo da terra, surgiu da luta dos recém assentados pela garantia ao acesso à escolarização, numa época em que a política educacional é marcada pela desconstrução da escola pública. Como o número de famílias era grande (aproximadamente 1500 famílias) o número de jovens, crianças e adolescentes em idade escolar era muito alto e para aten-der a todos era necessário a construção de escolas. As primeiras escolas foram organizadas em locais provisórios, antigos barracões, barracos de lona e em alguns casos foram ministradas aulas dentro de ônibus escolares e embaixo de arvores. Em 1999 após muitas lutas o Nú-cleo Regional de Educação de Laranjeiras do Sul e a Secretaria de Estado da Edu-cação ( SEED) assinam autorização para o funcionamento do Colégio Estadual Iraci Salete Strozak, assim se iniciou um pro-cesso de mobilização das comunidades e professores que lutaram para a construção da escola na Vila Velha, entre ruínas da an-tiga vila da Eletrosul. Para a construção de quatro salas de madeira, sendo que já havia três, a escola não pode contar com a ajuda do poder público local e nem estadual da época, foi construída por meio da união en-tre educandos pais e professores. Após isto foram anexadas fotos da escola em docu-mento de encaminhamento, sendo este en-tregue ao NRE de Laranjeiras do Sul, tendo

a resposta de que não tinha condições de acontecer aula naquele espaço. Diante disso, país alunos e edu-cadores realizaram uma ocupação no NRE de Laranjeiras do Sul, a chefe do Núcleo na época chamou a polícia entendendo que o problema da ocupação se resolveria com polícia. Foi chamada a Promotoria Pública onde uma comissão de alunos explicaram a situação e os promotores entenderam que a autorização de funcionamento da Escola era Legitima, obrigando ao NRE e SEED que autorizasse o funcionamento do Colégio Estadual Iraci Salete Strozak na Vila Velha. Reforçando que isso foi conse-guindo por meio de mobilização e luta. A opção da Escola ser construída na Vila Velha foi por ser o lugar mais próxi-mo e facilitava o transporte escolar. No pe-ríodo de 1999 a 2003 a Escola funcionou nesse local, em meados de 2003 muda – se para as instalações atuais comunidade Centro Novo. Desde então os conteúdos da Escola vem sendo elaborado voltado a experiências de vida dos pais e alunos, os professores visitaram as casas dos alunos fazendo uma visita informal sobre vários assuntos, entre eles dificuldades na agricul-tura, questão da água etc. com isso Foi ela-borado um cronograma para trabalhar nas diversas disciplinas. O que caracteriza essa Escola é o profundo respeito pelo ser humano, pela historia de luta dessas pessoas que con-quistaram terra para morar e prosseguem na luta por educação, saúde e moradia de qualidade. Neste decorrer do tempo inú-

meras problemática foram resolvidas, no entanto outras demandas surgem dando movimento constante a este território. As mobilizações para uma luta po-lítica se dá pelo reconhecimento de situação de opressão e da necessidade de supera – las. Por isso os pais juntamente com o Grêmio Estudantil que representa todos os alunos do Colégio Iraci Salete reivindicam o que direito de todos, os alunos estão pas-sando a muito tempo por extremas neces-sidades, pela falta de espaço físico, pelo fato de não ter salas suficiente para todas as turmas, decorrente a isso realizam uma ocupação junto ao NRE de Laranjeiras do Sul com uma pauta de reivindicações, sen-do esta de contratação de funcionários que tenha disponibilidade de morar na casa que existe no pátio do Colégio, pois a noite o Colégio ficava a mercê dos vândalos, que quebravam vidros arrebentavam as portas das salas deixando as salas bagunçadas. Outra causa da reivindicação é a questão da falta de água, para que quan-do os educandos cheguem de manhã para mais uma jornada de estudos tenha água para as merendeiras prepararem lanches e

os funcionários possam manter a higiene do Colégio. Outro ponto da pauta está ligada a falta de salas de aula, pois o laboratório de informática se localiza juntamente com a bi-blioteca e isso dificulta o acesso de ambos pela falta de espaço. Por conta deste pro-blema que prejudica muito o aprendizado dos estudantes, há salas que tem mais de 40 educandos, sendo que a média é de 25 educandos, a casos de que existe quatro educandos matriculados na mesma sala e estes possuem deficiência auditiva depen-dendo do auxilio de professores especiali-zados. O transporte é outro ponto pelo fato das estradas serem precárias os alunos acabam chegando atrasados e nos dias de chuva não há condição dos ônibus fazerem seus trajetos, os alunos acabam perdendo aulas, comprometendo a sua carga horá-ria anual. E a alimentação do Colégio Iraci Salete hoje é de 95% de enlatados sendo prejudicial a saúde. De todas estas reivindicações que são de extrema importância, foi atendi-do o pedido de contratação de funcionária, e quanto as salas esta em andamento.

PROPOSTA PEDAGÓGICA

O colégio Estadual do Campo Iraci Salete Stozak tem seu Projeto Po-lítico Pedagógico (PPP) baseado

no modo descrito no caderno de educação nº08 do movimento com estratégias para trabalho educativo. A educação é um pro-cesso resultante das interações sociais, por meio dela o homem se torna capaz de pro-jetar sua própria vida e a da sociedade. O Colégio Estadual do Campo Iraci Salete busca a educação que valoriza sujeitos em suas individualidades em seu desenvolvimento pleno, opta por práticas pedagógicas que desenvolvem a autono-mia, o diálogo, o respeito, a criatividade e a critica. Para nos não são suficientes os conteúdos e as disciplinas para o ensino e a aprendizagem, por isso trabalham com um Projeto Político Pedagógico que contempla estes fatores. Nosso Colégio é reconhecido por sua avaliação diferenciada, conselho de classe participativo, coordenadores de tur-ma, projetos e semana cultural. A avaliação não se reduz a uma nota, pois a nota não mede o saber esse não é um material que tem peso e medida esse é o PPP de nosso

colégio onde é procurado um melhor acom-panhamento de cada educando.Conselho de classe é entendido como espaço-tempo democrático com finalidade de avaliar e diagnosticar o processo ensino-aprendizagem. Os coordenadores de turma sig-nificam, ter um tempo e espaço autônomo para se encontrarem e discutir entre si suas questões próprias, tomar decisões incluindo aqueles para participação do coletivo.Os projetos foram criados aos educandos que não tem muitas opções de lazer, por isto o colégio buscou os projetos como uma forma de ensino diferenciado.A semana cultural mostra aos educandos que estudar pode ir além das paredes das suas salas de aula, trazendo professores e autoridades de outros locais e de Rio Bonito do Iguaçu. O Iraci é a escola Base das Esco-las Itinerantes de acampamentos do MST, pois esta situado em um dos maiores as-sentamentos da América Latina. Nesse es-tabelecimento é valorizado a cultura social e não o sistema capitalista, por isto dentro do mesmo foi gerado as reuniões nas comu-nidades do assentamento onde seus edu-candos moram, para poder chamar os pais e as lideranças de cada local para resgatar histórias e discutir sobre o ensino do Colégio Iraci. O que caracteriza nosso colégio é seu profundo respeito pelo ser-humano, o vinculo que o mesmo tem como o MST, fortalece uma organização interna que se observa em nivel administrativo e pedagó-gico.

Nas ultimas semanas o Colégio Iraci tem presenciado a visita de algumas das mais importantes personalida-

des do cenários acadêmico no que toca a discussões sobre os projetos e rumos da educação no Brasil, e em nosso caso da educação pensada para o campo. E esses fatos são de tamanha importância que nós, discentes e principalmente o corpo docente não tem dado a relevância necessária, uma vez que o estado tem tratado de forma ne-gligente a formação de seus profissionais. E nesse contexto ao invés de esperar o es-tado tomar a iniciativa, o Colégio Iraci mais uma vez na vanguarda da luta por uma educação de melhor qualidade, uma edu-cação pensada para os sujeitos do campo, promove sua própria formação, trazendo em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), pessoas como o pro-fessor Luiz Carlos de Freitas e a professora Izabel Serrão, que como dito, estão entre os principais nomes no que se refere a projetos e práticas educacionais no Brasil, para esta-rem a frente com o coletivo da escola socia-lizando seus trabalhos e ideias e algumas de suas práticas, e também, ouvindo, es-tando abertos para um diálogo democrático sobre o nosso trabalho no chão da escola. E são nesse momentos, quando alguém de fora de tamanha relevância, vem e fala que a escola em que você trabalha é referência nacional quanto ao seu projeto

O COLÉGIO IRACI COMO REFERÊNCIA DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS

político, e em suas práticas educacionais, que a ficha cai, e percebemos que nós, professores e alunos estamos literalmente fazendo história, aqui no interior do Rio Bo-nito, em meio a um espaço em disputa que são os assentamentos, estamos lançando as bases de um novo projeto educacional que antes era teoria, e agora passa a ser realidade quanto a sua prática, com suas problemáticas e limitações, mas que esta em constante processo de construção e aperfeiçoamento. E segundo as palavras de Frei-tas, que sejamos nós, os personagens que estamos construindo esse projeto, os que levaram adiante as ideias e exemplos vi-venciados nessa nova proposta política de escola.

Coletivo de Professores

Educandos da Turma 3º AI E 3º A

Educandos da Turma 2º A

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FRUTOS DALUTA

Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak

Jornal editado coletivamente pelos Educandos e Edu-cadores do Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak.

EQUIPE TÉCNICA:Coordenação Geral: Ana Cristina Hammel e SidneiEdição: Geani Souza

COORDENAÇÃO:Ana Cristina HammelSidnei BortoluzziSoniamar Lara de LimaMonica Patricia de OliveiraClaudemir Ferreira

CONTATO :Colégio Estadual do Campo Iraci Salete StrozakAssentamento Marcos Freire- Comunidade Centro NovoCEP: 85340-000Rio Bonito do Iguaçu- PRTel: (42) 9900 5050Email: [email protected]

Este trabalho foi licenciado com Licença Creative Com-mons 3.0. Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos

RIR É O MELHOR REMÉDIO

1-O que se põe na mesa

parte e reparte e não se

come?

R1- Baralho; R2- Um doido varido;R3- Por que não sabe babar;R4-Por que ele não pode passar por baixo;R5- Seu colo;R6- Balança;R7- Para acordar em cima da hora;

VAMOS LER!!!

A Moreninha ( Joaquim Manoel de Ma-cedo) Literatura brasileiraEssa obra conta a história de dois jo-

vens, Augusto e Caroline que se conhecem ainda criança em uma praia. Nesse primeiro encontro juram amor eterno e como prova de fidelidade trocam breves, um branco e um verde. O branco simboliza a pureza da alma de Caroline, e o verde a esperança de Augusto.

A obra Escola em Movimento a Con-quista dos Assentamentos, foi cons-truída por um grupo de educadores

do Colégio Estadual Iraci Salete Strozak, objetivando preservar a Historia de luta e identidade do povo Sem Terra, resgata a historia dos educandos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na região e da maior ocupação de terra no Paraná, que resultou nos assentamentos Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire.

AGENDAANIVERSÁRIO MUNICÍPIO RBI: 19 DE MARÇO;

ANIVERSÁRIO DO ASSENTAMENTO: 17 DE ABRIL;

DIA DO TRABALHO: 1º DE MAIO;

DIA DAS MÃES: 13 DE MAIO;

FESTA DA COLHEITA: JULHO;

DIA DOS PAIS:12 DE AGOSTO;

DIA DO ESTUDANTE: 11 DE AGOSTO;

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: 7 DE SET-EMBRO;

DIA DAS CRIANÇAS E NOSSA SENHORA APARECIDA: 12 DE OUTUBRO;

DIA DO PROFESSOR: 15 DE OUTUBRO;

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA: 15 DE NOVEMBRO;

25 DE DEZEMBRO: NATAL;

Começo esta poesiaCom muita dignidadeÉ o jovem camponêsE o jovem da cidadeNa luta pelos direitosPor outra realidade

A juventude do campoVive sempre excluída

Sem direito ao trabalhoIsso a torna oprimida

Mas os jovens se reúnemSeja em grupo ou mutirão

Dentro da organizaçãoSe encontra uma saídaA juventude da cidadeque vive em periferiaCom muita sabedoriaSupera a disparidade

Vive em busca da igualdadePor justiça e educaçãoCom alegria e diversão

Ela luta de verdadeA juventude está unidaSeja urbana ou rural

Enfrentando um sistemaEsse tal neoliberal

Superando tanta dorCom o canto e a poesiaSomos da sociedadeCultivando a utopiaContinuo esta poesiaCom muita felicidadeÉ o jovem camponêsE o jovem da cidadeNa luta pelos direitosPor outra realidade.

2- O que tem debaixo de um tapete do hospício?

3- Por que o boi baba?

4-Por que o boi sobe o morro?

5-Qual o lugar que todos

podem sentar menos você? 6-Qual é a coisa que mais

pesa no mundo?

7- Por que as pessoas poem

o relógio despertar dabaixo

do travesseiro?

O GRITO DA GERAÇÃO

PÁGINA 4 - FRUTOS DA LUTA