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JUSTIÇA ELEITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULOJUíZO DA 171" ZONA ELEITORAL - MONTE AZUL PAULISTA
Monte Azul Paulista - SPRua Floriano Peixoto, 515 - Tel.lFax: 17 3361.4647 -Tel.: 17 3361.2595
Ofício n." 26212017.Monte Azul Paulista. 05 de outubro de 2017.
Senhor Presidente.
Na oportunidade em que cumprimento Vossa Excelência,
valho-me do presente para encaminhar-lhe cópia do v. acórdão proferido pelo E.
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, nos autos da Ação de Investigação
Judicial n' 199-06.2016.6.26.017l, que confirrnou a cassação dos registros de
candidatura de Paulo Sergio David e Fábio Jeronimo Marques. decretada nos
autos da Ação de Investigação Judicial n' 352-39.2016.6.26.0171^ para ciência e
providências cabíveis, conforme determinado no v. acórdão. em atenção ao
disposto no artigo 257 , do Código Eleitoral.
No ensejo, apresento
elevada estima e distinta consideração.
a Vossa Excelência protestos de
AYMAN.luiz El
Ao Excelentíssimo SenhorANTONIO SERGIO LEALPresidente da Câmara Municipal deMonte Azul Paulista./SP
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
ACORDÃO
RECURSO ELEITORAL NE 199.06.2016.6.26.0171 . CLASSE NA 30. MONTE AZULPAULISTA - SÃO PAULO
RECORRENTE(S) : PAULO SÉRGIO DAVID; FÁBIOJERÔNIMO MARQUES
RECORRIDO(S) : PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE - PHS DE MONTEAZUL PAULISTA; MINISTÉRIO PÚBUCO ELEITORAL
I
ADVOGADO(S) :. EDSON FLAUSINO SILVA JÚNIOR . OAB: 164334/SP; CONRADOFRANCISCO ALMEIDA CARVALHO - OAB: 27226415P; IOSÉGUILHERME PASCHOALETI SIMOES - OAB: 37816l/SP; JOAOFERNANDO LOPES DE CARVALHO - OAB: 93898/SP; ALBERTOLUIS MENDONCA ROLLO - OAB: 114295/SP; ARTHUR LUISMENDONÇA ROLLO - OAB: 153769/SP; MAR|ÂNGELA FERREIRACORREA TAMASO - OAB: 200039/SP; MARIA DO CARMOALVARES DE ALMEIDA MELLO PASQUALUCCI - OAB: 138981./SP;LETICIA COSTA ROMANO - OAB: 378190/SP; DEBORAH REGINAASSIS DE ALMEIDA - OAB: 315249/SP; CONSTANTINO PIFFER
JUNIOR - OAB: 31115/SP; CHRISTIAN ALBERT FELTRIM - OAB:105345/MG; LUIZ GUSTAVO SILVA MAESTRO - OAB: 298610/SP;FABIANO PICCOLO BORTOLAN - OAB: 239033/SP; RODOLFOJOSE AMARAL DOS SANTOS - OAB: 352022/SP; HERCULESHORTAL PIFFER - OAB: 205890/5P; FRANCISCO ROQUE FESTA -
OAB: 106774/SP; KARINA PRIMAZZI SOUZA - OAB: 251953/SP;PATRICIA MACHADO - OAB: 189880/5P
ATIVA DOSAOS
PROCEDÊNCIA: MONTE AZUL PAULISTA-SP (1714 ZONA ELEITORAL - MONTE AZULPAULISTA)
Sustentou oralmente as razóes dos recorrentes, o Dr. João Fernando Lopes deCarvalho; e as razões do recorrido Partido Humanista da Solidariedade - PHS deMonte Azul Paulista, a Dra. Karina Primazzi Souza.Sustentou oralmente o Dr. Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, Procurador RegionalE leitora L
EMENTA: RECURSO ELEITORAL. AÇÕES DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORALPROPOSTAS POR PARTIDO COLIGADO E PELO MINISTERIO PÚBLICO ELEITORAL.CARGOS DE PREFEITO E VICE-PREFEITO. SENTENÇA DE CASSAÇÃO DOSREGISTROS,, DECLARAÇÃO DE INELEGIBILIDADE E APLICAÇÃO DE MULTA AOAGENTE PÚBLICO RESPONSÁVEL PELA CONDUTA ILiCITA. PREFEITO, PRE-CANDIDATO A REELEIÇÃO, QUE, EM PERÍODO VEDADO (ANO ELEITORAL),CONCEDEU BENEFiCIO A POPULAÇÃO LOCAL, MEDIANTE ISENÇÃO DA TARIFA DOTRANSPORTE COLETIVO DE PASSAGEIROS. FATO INCONTROVERSO NOS AUTOS,DIANTE DA PROVA PRODUZIDA E DA AUSÊNCIA DEREPRESENTADOS, QUE APENAS BUSCARAM JUSTIFICAR A MEDIDARTTGOS 22, DA LC Ns 64/90, E 73, § 10, DA LEt Ne 9.504197. C A)
Fu1
EXTINÇÃO DA AUE PROPOSTA PELO PARTIDO COLIGADO, POR AUSÊNCIA DELEGITIMIDADE ATIVA; B) INDEFERIMENTO DO INGRESSO, COMO ASSISTENTES,DO PARTIDO E DO CANDIDATO QUE FICOU EM SEGUNDO LUGAR NA ELEIÇÃO,ANTE A FALTA DE INTERESSE ]URíDICO; E C) DESPROVIMENTO DO RECURSO,MANTENDO-SE A CASSAÇÃO DO REGTSTRO, A DECLARAÇÃO DE TNELEG|BtL|DADEE A IMPOSIÇAO DE MULTA, NOs TERMOS. DA SENTENÇA RECORRIDA,RELATTVAMENTE AAÇAO PROPOSTA PELO MTN|STERTO pUBL|CO ELETTORAL.
Vistos, relatados e discutidos os autos do processo acimaidentificado, ACORDAM, os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, porvotação unânime, em acolher a ilegitimidade ativa do Partido Humanista daSolidariedade - PHS, extinguindo-se a AUE ne 199-06, sem resolução do mérito.
ACORDAM, também por votação unânime, em indeferir oingresso do Partido Humanista da Solidariedade - PHS e de Marcelo Otaviano,como assistentes, na A|JE ne 352-39, ante a ausência de interesse jurídico enegar provimento ao recurso, com determinaçóes.
Assim decidem nos têrmos do voto do(a) Relator(a), queadotam como parte integrante da preseÀte decisão.
O julgamento teve a participação dos DesembargadoresMário Dêvienne Ferraz (Presidente) e Fábio Prieto; dos Juízes Maurício Fiorito,Marcus Elidius. Marcelo Coutinho Gordo e Manuel Marcelino.
ão Pa 27 de setembro de 2017
U ADINel
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
voTo Ns 26.949RELÁTOR: DESEMBARGADOR CAUDURO PADINRECURSO ELETTORAL Na 199-06.201 6.6.26.OL7 |RECORRENTES: PAULO SÉRGIO DAVID
FÁBIO JERONIMO MARQUESRECORRIDOS: PHS DE MONTEAZUL PAULISTA
MINISTÉRIO PÚBUCOPROCEDÊNCIA: MONTE AZUL PAULISTA - SP (171E ZE)
RECURSO ELEITORAL. AÇOES DE INVESTIGAçÃO
JUDICIAL ELEITORAL PROPOSTAS POR PARTIDO
COLIGADO E PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORÂ1.
CARGOS DE PREFEITO E VICE-PREFEITO. SENTENçA DE
CASSAçÃO DOS REGISTROS, DECTARAçÃO DE
INELEGIBILIDADE E APLICAçÀO DE MULTA AO AGENTE
PÚBLIco RESPoNSÁVEL PELA coNDUTA ILicITA.
PREFEITO, PRÉ-CANDIDATO À REELEIÇÃO, QUE. EM
PERIODO VEDADO (ANO ELEITORÂL), CONCEDEU
BENEFíCIO À POPULAÇAO LOCAL. MEDIANTE ISENÇÃO
DA TARIFA DO TRANSPORTE COLETIVO DE
PASSAGEIROS. FATO INCONTROVERSO NOS AUTOS,
DIANTE DA PROVA PRODUZIDA E DA AUSÊNCIA DE
NEGATIVA DOS REPRESENTADOS, QUE 'APENAS
BUSCARAM JUSTIFICAR A MEDIDA. AFRONTA AOS
ARTTGOS 22, OA LC Na 64/90, E 73, § 10, OA LEr Nc
9.504197. CONCLUSOES: A) EXINçÃO DA A|JE
PROPOSTA PELO PARTIDO COLIGADO, POR AUSÊNCIA
DE LEGITIMIDADE ATIVA; A) INoEFERIMENTO DO
INGRESSO, COMO ASSISTENTES, DO PARTIDO E DO
CANDIDATO QUE FICOU EM SEGUNDO LUGAR NA
ELEIçÃO, ANTE A FALTA DE INTERESSE JURíDICO; E C)
DESPROVIMENTO DO RECURSO, MANTENDO.SE A
CASSAÇAO DO REGISTRO, A DECTARAÇAO DE
INELEGIBILIDADE E A IMPOSIçÃO DE MULTA, NOS
VAM ATERMOS DA SENTENÇA RECORRIDA, RELATI
AÇÁO PROPOSTA PELO MINISTÉRIO
ELEITORAL.
RECURSO ELIITORAL Nc 199-06.2016.6.26.0171 - Voto ne 26.949
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
Vistos.
ITrata-se de recurso eleitoral interposto por
PAULO SERGIO DAVID e FABIO JERONIMO MARQUES contra a sentença
que julgou men rocedent os pedidos constantes da ação
ajuizada pelo Partido Humanista da Solidariedade - PHS, e procedentê a
pretensão do Ministério Público Eleitoral, para cassar o registro dos
recorrentes, candidatos a Prefeito e a Vice-Prefeito, e declarar Paulo
Sergio Davi inelegível por oito anos, após as eleições de 2016, bem como
aplicar-lhe multa no valor de R$ 26.602,50 (fls. 312/338, complementada
em sede de embargos de declaração a fl. 404).
Postulam os recorrentes o recebimento do
recurso com efeito suspensivo e, quanto ao mérito, alegam: que 'a
decisão do então PreÍeito, de editar um Decreto isentando a população
do pagamento das passagens de ônibus obedeceu ao princípio da
legalidade, considerando-se que a Constitúição Federal e a legislação
local atribuem à municipalidade a disciplina sobre o transporte coletivo,
inclusive no que toca à tarifação; que a isenção correspondeu à ínfimaquantia de R$ 1,00 (valor da tarifa), e que apenas cerca de 30 pessoas se
utilizavam diariamente do transporte isento; que entre os diversos
serviços públicos, o único abrangido pela eliminação da tarifa foi otransporte coletivo; que, em 2015, o MunicÍpio foi questionado pelo
Ministério Público e pela Câmara Municipal acerca das condições do
transporte coletivo, em especial a ocorrência de desvio de função em
relação aos motoristas, os quais exerciam cumulativamente as funções
de motorista e cobrador, circunstância que contribuiu para a decisão do
Prefeito, tendo em vista a inviabilidade de contratar cobradores,
decorrente do limite de gastos; que os princípios da economi
eficiência também justificam o Decreto, considerada a irrisória
RECURSO ELEITORAL Nc 199-06.2016,6.26.0171 - Voto n0 26.949
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ffiTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
então cobiada, redundando em gastos com subsídios a que a
municipalidade se obrigava; que não houve benefício de cunho eleitoral
ou promoção dEs figuras dos recorrentes perante o eleitorado; que a
média de 30 usuários do transporte por dia não conduz à conclusão de
que sejam 600 usuários por mês (nrultiplicação pelos dias úteis), já que
cada pessoa utiliza o transporte pelo menos duas vezes ao dia (ida e
volta), revelando-se, em verdade, que apenas 15 pessoas, em média,
valem-se do transporte em questão; que não procede a tese de que os
votos dos beneficiárros do transporte gratuito teriam sido direcionados
aos recorrentes, diante da ínfima diferença de votos em relação ao
segundo colocado, na medida em q ue havia outros candidatos no pleito,
além dos votos nulos computados na eleição; que não houve
improbidade administrativa; que a conduta não visava a benefícios no
processo eleitoral, tanto que nem sequer foi objeto de debate ou discurso
na campanha; que não há falar em conduta vedada ou abuso de poder
político, uma vez que a conduta não se reveste da gravidade necessária
à sua caracterização, e gue o juiz eleitoral se valeu de critérios
matemáticos já superados ao concluir pela ocorrência dos ilícitos; que a
cassação do registro se mostra ofensiva aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade. Ao final, juntam documentos e pedem o
provimento do recurso para reformar a sentença ou, eventualmente,
afastar a sanção de cassação do registro, mantendo-se apenas as demais
penalidades (fls. 355/390).
Em contrarrazões, o partido recorrido pugna
pelo indeferimenio da concessão de efeito suspensivo ao recurso e, no
mérito, pelo desprovimento, mantendo-se a sentença atacada (fls.
4r2l4L9).
Também pelo desprovimento do recu
parecer do Ministério Público Eleitoral (fls.4221444\.
RECURSO ELEITORAL N0 1.99-06.2016.6.26.0171 - voto nc 26.949 3
67#,.§1+g
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
A douta Procuradoria Regional Eleitoral se
manifesta pelo recebimento do recúrso no duplo efeito e, no mérito, pelo
desprovimento, uma vez que restou demonstrada a ocorrência de
conduta vedada e de abuso de poder político (fls. 578/580).
Sobreveio petição dos recorrentes em que
pleiteiam a extinção da Ação de lnvestigação Judicial Eleitoral ns 199-06,
por ilegitimidade ativa do PHS, posto que integrava a Coligação
Honestiddde e Transparéncia, Trabalho e Competência (fls. 589/591).
lntimado a se manifestar acerca da aludida
ilegitimidade ativa, o Partido Humanista da Solidariedade - PHS
concordou com sua exclusão da lide, requerendo sua habilitação como
assistente simples da Procuradoria Regional Eleitoral nos autos da Ação
de lnvestigação Judicial Eleitoral ns 352-39 (fls. 614/615; 62616271.
No mesmo sentido, Marcelo Otaviano dos
Santos, segundo colocado no pleito, argumentando que obteve apenas
quarenta votos A menos que o primeiro colocado e que, por isso, teria
grande chance de se eleger em eventual nova eleição, requer sua
habilitação como ass;stente simples da Procuradoria Regional Eleitoral
(fls. 617/618; 6211622\,
Em nova manifestação, a douta Procuradoria
Regional Eleitoral opina pelo acolhimento da ventilada ilegitimidade ativa
do Partido Humanista da Solidariedade - PHS, com o prosseguimento do
feito de ns 352-39, e reitera o parecer anterior, pelo desprovimento do
recurso (fl. 630).
É o relatório.
A título de esclarecimento, anote-se
origem, foram ajuizadas duas representaçÕes versando sobre o m
RECURSO ELEIÍORAL Na r99 06.2016.6.26.0171 , Voto nq 26.949 4
/<q
#'-§-
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
fato. A primeira, registrada sob o ne 199-06, tendo como autor o PHS, e a
segunda, de ns 352-39, apresentada pelo Ministério Público. Diantê da
identidade dos fatos, dos réus e do pedido, ambas as açôes foramjulgadas em conjunto (cf. decisão de fl. 223), redundôndo no recurso que
doravante se passa a analisar.
De início, acolhe-se a alegação de
ilegitimidade ativa do PHS na representação ns 199-06, extinguindo-se oprocesso, sem resolução de mérito.
Com efeito, consultando o Sistêma CAND, e
pelo que se extrai do documento de fl. 593, verifica-se que o Partido
Humanista da Solidariedade - PHS, de Monte Azul Paulista, encontrava-se
coligado para as eleiçôes majoritárias de 2016 (Coligação "Honestidade e
Tra nsparência, Trabalho e Competência").
Dessa forma, não possui legitimidade para
atuar isoladamente, salvo na hipótese de questionamento da validade da
própria coligação, a teor do disposto no art. 6s, § 4s, da Lei ns 9.504/97, eart. 60, § 34, da ResoluÇão TSE np 23.455115, a seguir transcrito:
Durante o período compreendido entre a data dd
convenÇáo e o termo final do prazo para a impugnação do
registro de candidatos, o pdrtido político coligado somente' possui legitimidade pard atuar de forma isolada no processo
eleitoral quando questionar a validade da própria coligaÇão (Lei
ne 9.504/1997, aft. 6a, § 4o).
Nesse sentido é ta.mbém a remansosajurisprudência do colendo Tribunal Superior Eleitoral:
O partido coligado não pode agir isolaprocesso eleitoral, de acordo com o estabelecido no §
6a da Lei ne 9.504/97 (REspe no 4]-662lSC, Relatora
Laurita Vaz, DJe de 25110/2013).
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a
5RECURSO ELEITORAL Ns 199-06.2016.6.26.0171 - Voto na 26.949
no
§
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
Ressalte-se que, muito embora o registro da
coligação tenha sido deferido em 26lO8l2OL6, com trânsito em julgado
em OUOg/2016, posteriormente, portanto, à data de protocolo da inicial
da presente ação de investigação judicial (24lOBl2OL6), é certo que apersonalidade jurídica se inicia com o acordo de vontades dos partidosl.
Ademais, não se desconhece que o partido
coligado retoma sua legitimidade para postular em juízo após a
realização da eleição, mas a representação, na hipótese em questão, foi
protocolada em 24lOBl2OL6 (fl. 02), antes, assim, da realização do pleito.
Alem do mais, a ilegitimidade foi admitidapelo próprio partido,'tornando incontroversa a matéria. Dessa fôrma, de
rigor a extinção do processo de ns 199-06, por ilegitimidade ativa.
lndefere-se, por sua vez, a pretensão de
ingresso nos autos da ação ns 352-39, como assistentes, manifestadapelo PHS e por seu filiado, Marcelo Otaviano dos Santos, tendo em vista a
ausência de interesse ju ríd ico.
Conforme a jurisprudência do Tribunal
Superior Eleitoral, o segundo colocado no pleito majoritário e,
consequentemente, o partido político ao qual pertence, embora tenham
interesse na solução da lide, não possuem o interesse jurídico inerente à
assistência.
.lsso porque, julgada procedente a demanda,
com a cassação do Prefeito e do Vice eleitos, não haveria assunção do
cargo pelo segundo colocado, o qual poderia, tão somente, concorrer na
nova eleição, nos termos do aft. 224, § 3s, do Código Eleitoral, tratando-
se, portanto, de pretensão reflexa e não imediata. Confira-se:
L As coligàções partidáras passam a existir â partir do âcordo de vontades dos partidintegram (AAG ne 5052, Relator Ministro Luiz Côrlos Lopes N4adeira, DJ de 08/04/2005,p. 1s0).
RECURSO ELEITORAL Ne 199-06.2016.6.26.0171 Voto ne 26.949
as
r <10
ffi rTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
ELE!ÇOE; 2016. AGRAVOS REG\MENTAIS. RECURSO
ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDDATURA, PREFEITO ELEITO.
EARNDO DEMOCR,+T;CO TRABALHISTA . PDT). INDEFERIMENTO.
5U5PEN5ÃO DOS DIREITOS POLINCOS. ART 14, § 3A, , DA LEI
MAIOR, PEDIDO DE AS'/STÊNCIA 'IMPLES.
SEGUNDO COLOCADO.
TNTERESSE /tJRtDtCO AUSENTE. RECL-/R'O ESPECIAL ELEITORAL.
APLICAÇÂO DO PRINCIPIO DA FUNGIBILIDADE. INVIABILIDADE DO
PEDIDO DE INGRESSO NO FEITO NA CONDIÇÁO DE ASSISTENTE
5lMPLES. 1. A pretendida assistêncid ao MinÍstério Público Eleitoral
configura tão somente interesse na solução da causa, porquanto o
suposto interesse jurídico do segundo colocddo é apenas o de
concorrer nas próximds eleiÇões, pretensão meramente reflexa. 2.
Consoante assentado por este Tribunal Superior no lulgamento dos
ED-REspe np 132-72/RS, Rel. Min. Henrique Neves, em sessào de
30.11.20i6, "ocorrendo o indeferimento do registro do candidato
mdis votado, independentemente do número de votos anulados,
devem ser realizadas novas eleiÇões, a teor do que dispõe o art.
224, § 3e, do Código Eleitoral, conforme decidido nos ED-REspe
139-25. Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS em 28.11.2016".
Assim, a manutenÇão do indeferimento do registro do candidato
eleito não viabiliza a assunção do cdrgo pelo requerente, na
condiÇão de sequndo colotado - de rigor a convocdçáo de novas
eleiçoes -, Ínexistente interesse jurídico imediato para o ingresso
no íêíto, na condiçáo de essistente simples. (...) 6. Agravos
regimentais conhecidos e não providos (RO ns 4898, Relatora
Ministra Rosa Weber, PSESS de L31L212016).
Portanto, e nos termos do art. 12O'?do Código
de Processo Civil, fica indeferido o ingresso como assistentes.
No mérito,-a hipótese é de desprovimento do
recur50.
r Art. L2O. Não havendo impugnação no prazo dê 15 (quinze) diâs, o pedido do assistêde reieicão liminâÍ.defêfldo, sa
RECURSO ELEITORAL Ne 199-06.2016.6.26.0171 -Voto nc 26.949
ffi[ç4
rTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SAO PAULO
lmputa-se a Paulo Sérgio David, Prefeito e
candidato à reeleição no Município de Monte Azul Paulista, a prática de
abuso de poder político e de conduta vedada, ao fundamento de que, por
meio do Decreto ns 2938/2016, isentou todos os munícipes da cobrança
pelo uso do serviço municipal de trdnsporte coletivo.
A alegada prática de abuso do poder nos
remete à letra do artigo 22 da Lei Complementar no 64/90:
. Qualquer partido político, coligação,
candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar
à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou
Regional, relatdndo fatos e indicando provas, indícios ecircunstâncids e pedir abertura de investigação judicial
para apurar uio ndevido, desvio ou abuso do poder
econômico ou do poder de autoridade, ou utilização
indevida de veículos ou meios de comunicação social, em
benefício de candidato ou de partido político...
A doutrina busca definir o abuso do poder na
seara eleitoral, tarefa essa complexa. De acordo com a lição de Carlos
Velloso e Walber Agra:
O abuso do poder econômico e do político éde difícil conceituação e muito maÍs difícil ainda sua
transplantdÇão pard a realidade fática. O primerro é aexacerbação de recursos financeiros para cooptar votos
para determinado(s) candidato(s), relegando a importância
da mensagem política. O segundo configura-se na
utilização das prerrogativas auferidas pelo exercício de
uma função pública para a obtenção de votos, esquecendo-
se do tratamento isonô
direito, qeralmente com
mico a que todos os cida
o emprego de desvio de
RECURSO ELEITORAL Ne 199-06.2016.6.26.0171 - Voto ne 26.949
de
(+
w f,
das Eleições
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
(Elementos de Direito Eleitoral, editora Saraiva, Ia edição,
ns 17.9.1, p.2671.
Deve-se ressaltar, ainda:
1. Abuso de poder político configura-se
quando agente público, valendo-se de sua condiçáo
funcional e em manifesto desvio de finalidade,
compromete a legitimidade do pleito e a paridade de
armas entre candiddtos. 2. A relevância jurídica da
conduta, a ensejar cassação de diploma e inelegibilidade(art. 22, XlV, da LC 64/90), deve ser aferida mediante
critérios qualitativo e quantitativo. 3. O primeiro relaciona-
se à natureza do ilícito, o qual pode vir a ser tão nefasto
que acarrete, dutomaticamente, as sanções cabíveis, a
exemplo do que ocorre na hipótese de captaÇão Ílícita de
sufrágio (art. 41-A da Lei 9.504/97). 4. Por sua vez, o
critério quantitativo orienta-se pela repercussão do ilícito
diante da dÍmensão numérica do colégio eleitoral,
circunstância a ser observada a partir de elementos como
reiteração da conduta, sua proximidade com o pleito e
meios em que propagada. Fatos que, em determinado
colégio, apresentam pouca relevância no contexto dd
disputa podem, em colégio reduzido, ocasionar devastador
desequilíbrio da elelção (TSE, AgR-REspe ne 15135, Relator
Ministro Herman Benjamin, D.jE de 29108/2016).
Quanto à conduta vedada, estabelece a Lei
Art. 73
servidores ou não.
São proibidas dos agentes pas seguintes condutas tende
RECURSo ELEIÍoRÂL Ne 199 06.2016.6.26.0171 - voto ne 26.949
€4..w r
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
afetar a igualdade de oportunrdades entre candidatos nos
pleitos eleitorais:
(...)
§ 10. No ano em que se reahzar eleiçáo, fica
proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou
benefícios por parte da Administraçáo Pública, exceto nos
casos de cdlamiddde pública, de estado de emergéncia ou
de programas sociaís autorizados em lei e já em execução
orçamentária no exercício anterior, casos em que o
MinÍstério Público poderá promover o acompanhamento de
sua execução financeira e administrativa.
Pois bem. Segundo consta dos autos, o
recorrente Paulo, na qualidade de Prefeito, e mediante o Decreto na
2.935116 (fls. 126/130 do apenso), de 01/03/2016, extinguiu a tarifacobrada dos usuários dos ônibus municipais.
Segundo afirmado nos autos e comprovadopela mídia trazlda pêlo Ministér'io Público (fl. 189), a circunstância
ocorreu com ônibus escolares, os quais eram usados como meio de
transporte para a população em geral, verificando-se o ingresso de
passageiros das mais variadas faixas etárias, inclusive idosos e mulheres
com crianças de colo.
Aqui não se está, evidentemente, a analisar
eventual desvio de finalidade do t.ansporte escolar, que não é o objeto
da ação, mas apenas ressaltando que as provas demonstram com
clareza a ocorrência do transporte gratuito à populaç ao, na SE
restringindo aos alunos. A propósito, consta que os coletivos circ
com um anúnció que continha os seguintes dizeres (fl. 43):
RECURSO ELEITORAL N0 199-06.2016.6.26.0171 - Voto ne 26.949 t0
wGp0
/
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
DECRETO
PREFIITURA MUNICIPAL
A PARTiR DE O8IO4I2OL6, O
TRANSPORTE DO CIRCULAR
SERÁ GRATUITO.
Diante disso, é indubitável a efetiva
ocorrência dos fatos descritos na petição inicial, sendo de rigor destacarque os próprios representados admitem tal prática, dedicando-se adefesa apenas a apresentar justificativas. Resta à Corte, então, proceder
ao enquadramento dos fatos às normas de regêntia.
Como já assentado pelo colendo Tribunal
Superior Eleitoral, a configuração da conduta vedada só reclama a
realização do ato ilícito, despicienda a comprovação da potencialidade
lesiva. Nessa linh a:
[...] 1. As condutas do art. 73 da Lei ne 9.504/97
se configuram com a mera prática dos atos, os quais, porpresunção legal, sáo tendentes a afetar a isonomia entre os
candidatos. [...J (Recurso Especial Eleitorat no 39306, Acórdão
de 10/05/2016, Relator(a) Min. LLICIANA CHRISTINA GUIMARÃES
LÓSSIO, Publicação: D./E - Diário de justiça etetrônico, Tomo 712,
Data L3/06/2016, Págrna 40).
[...J A conouta vedada descrita no art. 73, Vl, b,
da Lei no 9.504/97 reclama, para sua configuração, apenas a
realização do ato ilícito, tomando-se desnecessária acomprovaçáo de potencialidade lesiva (AgR-REspe n' 208-71/R5,
de minha retatoria, DJe de 6.8.2015 e AgR-REspe n" 4i7-86/SeRel. Min. _/oáo Otávio de Noronha, DJe de 23.9.2(Agravo Regimental. em Recurso Especial Eleitoral n
Acórdão de 19/05/2016, Relator(a) Min. LUIZ FUX, Publi
RECURSO ELEITORAL Nc 199-06.2016.6.26.0171 - Voto nc 26.949 11
,ffiul
ç')
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
DJE - Diário de justiÇa eletrônico, Data 12/09/2016, Página 34-
3s).
1...1 6. A confi§uração das condutas vedadasprescritas no art. 73 da Lei ne 9.504/97 se dá com a mera prática
de atos, desde que esses se subsumam às hipóteses ali
elencadas, porque tais condutas, por presunção legal, são
tendentes a afetar a tgualdade de oportunidades entre os' candidatos no pleito eleitoral, sendo desnecessário comprovar-
lhes a potencialidade /esiva. [...J (Recurso Especial Eleitoral na
45060, Acórdão de 26/09/2013, Relator(a) Min. LAUR|TA HtLÁRlO
VAZ, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 203,
Data 22/10/2013, Página 55/56 RJTSE ' Revista de jurisprudência
do TSE, Volume 24, Tomo 4, Data 26/09/2013, Página 392).
descritas pelo
candidatos.
Em suma, praticada qualquer das condutas
legislaoor, presume-se a ofensa à isonomia entre os
E no caso, não há dúvida de que os fatos
narrados se amoldam à vedação legal, pois em período vedado (ano
eleitoral), o recorrente Paulo, candidato à reeleição, copcedeu benefício à
população mediante a extinção da tarifa até então cobrada no transportepúblico municipal.
Aliás, salientou a douta Procuradoria
Regional Eleitoral
A isencão concedida foi veiculada por decreto (ne
2.935/2016 fl. 71), assina em marco de 2016. sem
autoizacão da câmara municipal e sem previsáo na lej
orÇamentária aprovadd em 2015. O benefício também nunca
havia sido praticado no município antes do ano eleitora
pois, careceu de qualquer exposição de motivos, n
baseado em nenhuma das exceÇões previstas em lei (Í.|. 57
RECURSO ELEITORAL N0 199 06.2016.6.26.0171 - Voto na 26.949
e6p
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TRTBUNAL REGToNAL ELETToRAL or sÃo pAULo
Neste ponto, (ignas de nota são também as
ponderaçÕes do juiz sentenciante:
Em resposta (fl. 128, dos autos n. 199-06.2016),
a Defesd apontou que a cobrança do serviÇo de transportepúblico foi instituída em 1991, ou seja, hi! 2! fuinte e cincd a4os.
Não bastasse a existéncia longínqua da
cobrança, em respostd a novas informaÇões requisitadas por
este Juízo, a Defesa (fl. 180, dos mesmos autos), apontou que,
até 2012, o valor cobrado era metade do valor vigente na época
da isenção, ou seja, R$ 0,50 (cinguenta centavos).
Em termos claros: quando do início da
AdministrdÇão do representado, então Prefeito Municipdl. (2013
a 2016), o valor do referido serviço perfazia a metade do valor
vigente em 2016, e. durante a sua gestão (em 2013) houve
elevação em 2!A% do valor, que passou a ser de R$ 1,00 (um
real), a partir de então.
Logo, além da existência da cobrança do seruiço
por 25 (vinte e cinco) anos, foi justamente na gestáo do
representado que o serviÇo foi elevado em patamar considerável(100%), no maior período de sua gestão (2013 a 2016).
Desta feita. fosse mesmo irrisório o valor cobiado
e se a intenção fosse mesmo beneficiar a população em geral
com o seruiço grdtuito, a isenção ocorreria logo no começo de
seu mandato, que se intciou em 2013.
Todavid, não só náo houve a isençáo nos anos
pretérÍtos a 2016, como houve, inclusive e ao conttário, elevacão
em pataniar considerável (1000Á), no atp de 2013, o que destoa,
portanto, da alegação de que o valor se mostrava irri
Como já sinalizado, outrosslm, a oc
da conduta vedada é reconhecida pelos próprios recorrentes, os,
RECURSO ELEITORAL Ne 199-06.2016.6.26.0171 - Voto nc 26.949
e
13
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SAO PAULO
alem de confirmarem ter havido a isenção da tarifa relativa ao uso do
transporte coletivo municipal, limitam-se a afirmar que não havia outra
medida a ser adotada diante das circunstâncias em que se encontrava a
Prefeitura local.
O argumento, contudo, nâo deve prevalecer.
A despeito da tese defensiva de que a regularizaçáo da situação dos
funcionários do serviço de trânsporte somente poderia ser resolvida com
a isenção da tarifa, fato é que não se admite a prática de conduta
vedada. E a atitude impugnada, frise-se, não se insere entre as hipóteses
excepcionadas pela ,lei, quais sejam, calamidade pública, estado de
emergência ou programas sociais autorizados em lei e em execução
orçamentária no ãno anterior, o que não ocorreu no caso dos autos.
Ademais, é irrelevante para a configuração
dos ilícitos sob análise a regularidade da emissão do decreto ou a
cobrança sofrida pela Prefeitura pàra que regularizasse a situação da
prestação de serviços de transporte. A. conduta do então Prefeito,
atualmente no cargo em razão da reeleição, é vedada pelo art. 73, § 10,
da Lei n0 9.504197, e caracteriza também o abuso de poder político, uma
vez que ele agiu na condição de agente público de modó a afetar o
equilíbrio e a normalidade da disputa eleitoral.
Como bem apontou o magistrado a quo,
Não se guestiona, aqui, a competência do
Município em prover o trdnsporte público, tampouco os
critérios de fixação do preço referente ao serviço público,
conforme estabelecido pelo artigo 40, da Lei n. 951/89 (fls.
55/61, dos autos n. 199-06.2016) ou mesmo a ise
si do serviço de transporte público. mas a fo
momento em que ocorrera (fl. 319).
RECURSO ELEITORAL Ne 199-06.2 016.6.26.0171 - Voto ns 26.949 l4
Cç\
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
Assim, o fato de a Prefeitura de Monte Azul
Paulista ter sido instada a regularizar a situação dos motoristas dos
ônibus coletivos municipais, que acumulavam a função de cobrador, em
desvio de função, não é apto a fundamentar legitimamente a isenção da
tarifa em período vedado pela lei eleitoral.
Do mesmo modo, a suposta inviabilidade de
contratação de cobradores em razão da limitação de gastos com pessoal
e a necessidade de atender aos princípios da economia e da eficiência
não justificam a medida adotada.
lmpende consignar, nos termos manifestados
na senten Ça, que:
Adêmals, ainda que houvesse a necessidade
de cobradoa d contratdçáo náo seria necessária, já que o
cobrador contratado pela Municipalidade em 1991 (fl. 131,
dos autos n. 199-06.2016 e 174, dos àutos n, 352-39.2016)
encontra-se ainda nos quadros da AdministraÇáo Pública,
exercendo as funções de 'agente de seruiços l', conforme
comprovado pelo Ministério Público, por meio do 'Portal da
Transparência'(fl. 176, dos autos n. 352-39.2016).
Todavia, prescindível a figura do cobrador,
pois o serviço de trdnsporte público continuou a serprestado normalmente e com cobrança dos usuários, sem
a existência do cobrador, no período de 2009 a 2016 (Íl,.
323).
Em termos simples, eventuais dificuldades
enfrentadas pelo administrador, aí incluídas as questões fiscais, não
autorizam a prática de condutas ilegais. O ordenamento jurídico d ve ser
respeitado como um todo, em seu contexto global, não se ad
descumprimento de regras caras à democracia, a exemplo da ig
RECURSO ELETTORAL N-. 199-06.2016.6.26.017I - Voto ne 26.949
itin
ade
wTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
de oportunidades entre os concorrentes aos pleitos eleitorais, a preiexto
de observar outras normas, Todas devem ser respeitadas, razáo pela
qual existem ilícitos das mais variadas naturezas.
Também não é determinante para a
configuração da conduta vedada e do abuso de poder político aquantidade de.pessoas efetivamente beneficiadas. O Prefeito, no ano da
eleição, durante sua gestão, disponibilizou transporte municipal gratuito
indiscriminadamente a toda a população, o que se enquadra na vedação
legal do art. 73, § 10, da Lei ns 9.504/97, e revela a gravidade da
conduta, que afetou a normalidade do pleito. Repise-se que a
potencialidade de alterar o resultado do pleito já não e pressuposto do
abuso de poder, tampouco da conduta vedada.
A forma de divulgação da isenção da tarifa,
além de não demonstrar a ausência de intenção eleitoral, como afirmadopelos recorrentes em suas razões recursais, nào influi, mais uma vez, no
reconhecimento, ou não, dos ilÍcitos. Trata-se de Ílegalidade que
independe da intenção do agente e da forma como a respectiva conduta
venha a ser revelada ao público.
Como visto, não se exige a ocorrência de
vantagern eleitoral na hipótese específica destes autos. Basta a
realizaçáo da conduta vedada, qual seja, distribuição gratuita de
benefícios (transporte público municipal), pois há presunção objetiva de
desigualdade entre os cand idatos.
Pelo que se relatou, a defesa apresêntou
diversas teses buscando justificar o Decreto (legalidade do ato,
competência do Município, valor ínfimo da tarifa, manutenção da
cobrança de outros serviços públicos, ausência de benefício eleitoral etc).
No entanto, e a despeito do esforço da ilustrada defesa, nenhum dos
argumentos apresentados é apto a afastar a caracterização do
pois o contexto probatório milita em sentido oposto, dando conta
RECURSO ELEITORAL Ne 199-06.2 016.6.26.017 t - voto ne 26.949
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SAO PAULO
houve, efetivamente, a prática de ato manifestamente contrário às
disposiçôes legais;
Em resumo, configurando o ato praticado
conduta vedada por lei e abuso de poder político, de rigor a manutenção
da sentença.
Apenas para que não se alegue omissão, a
tese defensiva acerca da inexistência de improbidade administrativa não
comporta exame, pois não foi reconhecida na sentença, e não se inclui
na competência desta Justiça Eleitoral.
No que se refere à cassação dos registros,
verifica-se, in casu, não ser possível afastá-la. Com efeito, embora
incidam a proporcionalidade e a razoabilidade na aplicação das
penalidades, a gravidade da conduta foi devidamente fundamentada pelo
juiz:
Obtempero, por oportuno, que, ainda que
não se tivesse reconhecido a prática do abuso de poderpotítico, a conduta vedada praticada peto atual Prefeito,
PAULO SERGIO DAVID. revestiu-se de gravidadé suficientepara causar a desioualdade de chances entre os candidatos
e afetar a legitimidade do pleito, já que a gratuidade do
serviço de transporte público foi colocada à disposiçáo,
indistinta em fa vor de todo e qualquer muníctpe (fl.
129, dos autos n. 199-06.2016),. favorecendo um grande
número de pessoas, de sorte que, ainda assim, a cassação
mostra-se a penalidade cabívet, nos termos do § 5e, do
artigo 73, da Lei n. 9.504/97 (fl. 334).
Em outros termos, a conduta imput
recorrente Paulo, ao disponibilizar a todos os munícipes a gratuid do
IRECURSO ELEITORAL Ne 199 06.2016.6.26.0171 - voto nq 26.949
ba+í
wTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÃO PAULO
transporte público, a partir de abril do ano da eleição, feriu a igualdade
entre os candidatos, de modo a afetar a normalidade do pleito e
demonstrar a gravidade apta a ense1ar a cassação.
Mutatis mutandis, )á se detidiu:
RECUR,O ELEITORAL, AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
/UDICIAL ELEITORAL. ABUSO DE PODER ECONOMICO E POLITICO.
PRÁTICA DE CONDUTAS VEDÁDAS. PROGRAMAS ASSISTENCIAIS
, EXECUTADOS EM ANO ELEITORAL, NÃO ENQUADRAMENTO NAS
EXCEÇOES LEGAIS. CONDIJTAS GRAVES. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. Trdta.se de ,recurso
eleitoral interposto em face de sentenÇa que /ulgou procedente
açáo de investigaÇão judicial eleitoral por abuso de poder
econômico e poh:tico. Condenaçáo baseada na implementaçáo
de Programas Assistenciais em ano eleitoral, com distribuição de
diversos benefíclos à munícipes. Procuradoria Regional Eleitoralopinou pelo desprovimento do recurso. Condutas descritas nos
autos que tipificam prátÍcas não autorizadas pelo art. 73,
parágrafo 10, da Lei 9504/97. No caso dos autos, o conjuntoprobatório é consistente para demonstrar a ocorréncia de abuso
de poder econômico e político a autorizar aplicação da pena de
cassação dê mandato dos candidatos reeleitos ao cargo de
prefeito e vice-prefeito do munictpio de Canas, além da
declaraçáo de suas inelegibilidades pelo prazo de I (oito) anos.
Desprovimento do recurso, mantendo a sentenÇa condenatória.
(TRE/SP, RE na 99724, Relator L. G. Costa Wagner, DjE de
3016t2014).
Ante o exposto, meu voto:
a) ACOLHE a alegada ilegitimidadePartido Humanista da Solidariedade - PHS, extinguindo-se a
a do
de
lnvestigação Judicial Eleitoral ns 199-06, sêm resolução de méri
fulcro no art. 485, Vl, do Código de Processo Civil.
m
1
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RECURSO ELEITORÂL Na 199-06.2o16.6.26.0171 - Voto ne 26.949
ffi 6t4/
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SÂO PAULO
b) TNDEFERE o ingresso do PHS e de Marcelo
Otaviano, como assistentes, na AIJE no 352-39, ante a ausência de
interesse juríd ico; e
c) NEGA PROVIMENTO ao recurso, mantendo-
se a condenação proferida nos autos da AUE ns 352-39, com a cassação
dos registros de Paulo Sergio David e Fábio Jerônimo Marques, e a
imposição, ao primeíro, de inelegibilidade por oito anôs e pagamento de
multa no valor de R$ 26.602,50 (vinte e seis mil, seiscentos e dois reais e
cinquenta centavos).
Em razão do disposto no artigo 257 do
Código Eleitoral, comunique-se ao Juízo Eleitoral, após a publicaÇão do
acórdão, o inteiro teor desta decisão.
U ADIN
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