Upload
alice-gale
View
216
Download
2
Embed Size (px)
Citation preview
Especialização e fragmentação do objeto e do trabalho
Modelo biomédico – determinantes biológicos no processo saúde-doença
Redução do objeto Alienação – menor capacidade de lidar com a
complexidade e integralidade Diluição de responsabilidade sanitária
Modelo biomédico abordagem ampliada da saúde (o sujeito em seu contexto – sociabilidade, afetividade, rede social, relações com território e meio ambiente)
Trabalho em saúde – interdisciplinar Atenção integral (rede) – troca de saberes e práticas Clínica ampliada – abordar a complexidade Uma clínica que tem como objeto o sujeito doente e
não a doença
O trabalho em saúde
Ampliação da clínica:
- Incorporação das fragilidades subjetivas e das redes sociais, para além dos riscos biológicos
- Ampliação do repertório de ações – produção de maiores graus de autonomia, auto-cuidado, capacidade de intervenção na realidade, desenvolvimento da sociabilidade e cidadania
O trabalho em saúde
Campo e Núcleo de saberes, práticas e responsabilidades
– alinhavar a atenção e as ações
Núcleo – identidade profissional, práticas e tarefas peculiares a cada profissão. O que é específico do profissional médico, do enfermeiro, do psicólogo
Campo – saberes, práticas e responsabilidades comuns a todos os profissionais de saúde – sobreposição dos limites entre cada especialidade e cada prática de saúde, espaço de interseção entre as áreas, que permite o entrelaçamento das ações
O trabalho em saúde
Porta de entrada ao sistema de saúde
Complexidade de fatores que incidem na constituição dos sujeitos e dos coletivos
Inserção no território Integralidade da atenção
Continuidade e coordenação da atenção
Menos intensiva – problemas mais comuns e menos definidos – queixas vagas e pouco específicas
Resolução de cerca de 80% dos problemas de saúde
Intervenção ampla e em diversos aspectos
Atenção Básica (Starfield, 2002)
Arranjos – formas de organizar o serviço de saúde e o
processo de trabalho Mudança na estrutura gerencial e assistencial Sistema de governo verticalizado – co-gestão Potencializar a interdisciplinaridade e a ampliação da
clínica Estimular o compromisso das equipes com a produção de
saúde – co-responsabilização
Equipe de Referência – Uma equipe interdisciplinar Responsabilidade pela condução de um conjunto de
usuários – Vínculo e responsabilização
Apoio Matricial – Reorganizar a forma de contato entre as Equipes de Referência e as áreas especializadas
Departamentos rede matricial de apoio Oferta de apoio técnico especializado aos profissionais das
Equipes de Referência – ampliação da clínica
Equipe de Referência e Apoio Matricial (Campos, 1999)
Saúde da Família
• Brasil – Expansão da AB pelo PSF• Consolidação de um modelo de base comunitária e territorial • Ofertas às necessidades sociais e de saúde da população • Atenção centrada na família e seu ambiente físico e social • Compreensão ampliada do processo saúde-doença
• Equipes de Saúde da Família – Equipes de Referência (generalista, enfermagem, ACSs)• NASF (2008) – lógica do Apoio Matricial
Definição de um mesmo objeto de trabalho e objetivos
comuns – diminuir alienação e reforçar o poder interdisciplinar
Objetiva ampliar as possibilidades de construção de vínculo entre profissionais e usuários
Encarregar-se da atenção ao longo do tempo – longitudinal (acompanhamento do processo saúde-doença-atenção)
Adscrição de clientela – responsabilidade sanitária e construção de vínculo
Inserção horizontal dos profissionais (diaristas)
Equipe de Saúde da Família/ Referência
Coordenação do caso – responsabilização no sistema
Comprometer-se, responzabilizar-se – tomar para si o sujeito em suas diferentes facetas (âmbitos sociais, familiares, subjetivos) e inserções no sistema de saúde
Equipe permanece como responsável mesmo quando o paciente é atendido em outro serviço
Deve participar das decisões sobre o tratamento no outro serviço
Formas de encaminhamento devem modificar-se Máximo de resolutividade à Atenção Básica
Equipe de Saúde da Família/ Referência
Arranjo organizacionalQualificar a atuação no campo da saúdeApoiar a ampliação da clínica (capacidade de intervenção/
resolutividade)Favorecer a interlocução na rede de saúde
Mudança na estrutura dos serviços Áreas especializadas (antes verticais) – apoio técnico
para ESFESF – acompanhamento longitudinal/ PTSs (coordenação
dos casos)
Apoio Matricial – especialidades Suporte técnico do núcleo de saber de uma
especialidade ofertado às ESF
Apoio Matricial – o que é?
ApoioSuporte, amparo, auxílioAprender/ experimentar ampliar a clínica acompanhado
por alguém especializado que dê suporte para a intervenção no campo
Acompanhar – estar junto, próximo
MatriceMãe; Lugar onde alguma coisa se gera; Que é fonte de
origemConstrução de um novo saber – interdisciplinar
Apoio Matricial – o que é?
Especialidades passam a compor a rede matricial de
apoio Superar a lógica da especialização e da fragmentação Personalizar o sistema de referência e contra-referência
– contato direto entre ESF e especialista – encaminhamentos consecutivos e desresposabilização
Encontros periódicos – discussão de casos selecionados pela ESF e elaboração de PTSs
Casos imprevistos/ urgentes – ESF aciona Apoio Matricial
Encaminhamento – construção dialogada Não rompe vínculo com Equipe de Referência/ SF Co-resposabilização
Apoio Matricial – o que é?
Ampliação da clínica das ESF – aumentar capacidade de
intervenção e resolutividade
Co-responsabilização – desviar a lógica do encaminhamento e alinhavar as ações (rede)
Regulação de fluxo e reorientação das demandas para as áreas especializadas – situações que podem ser acompanhadas pela ESF x demandas que requerem atenção especializada
Avaliação de riscos, necessidades e vulnerabilidades
Favorecer a articulação entre os profissionais na elaboração e desenvolvimento de PTSs
Estimular que os profissionais trabalhem com outras racionalidades e visões de mundo além das próprias de seu núcleo
Apoio Matricial – para quê?
Favorecer a construção de novos dispositivos de
atenção em resposta às diferentes necessidades- Grupos coordenados pelas ESF - Ampliação da capacidade de intervenção do generalista e
da equipe - Olhar especializado – do consultório ao território... Do in vitro ao
in vivo...
Promover eqüidade e acesso – coeficientes terapêuticos de acordo com as vulnerabilidades e potencialidades de cada usuário
Apoio Matricial – para quê?
Portaria 154 (MS, 2008) – NASF (Núcleo de Apoio à Saúde
da Família)Profissionais de diferentes áreas especializadas que irão atuar
no apoio às ESF, ampliando a abrangência das ações e a resolutividade dessas equipes
“Art. 1º Criar os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade, apoiando a inserção da estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e o processo de territorialização e regionalização a partir da atenção básica.”
Criação dos NASFs
Art. 2º - Constituídos por equipes compostas
por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, atuem em parceria com os profissionais das ESF, compartilhando as práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das ESF, atuando diretamente no apoio às equipes e na unidade na qual o NASF está cadastrado.
NASF – Logica Matricial
Composto por, no mínimo, 5 profissionais de nível superior de ocupações não coincidentes
NASF 1
Assistente Social Professor de Educação FísicaFarmacêuticoFisioterapeuta Fonoaudiólogo Nutricionista PsicólogoTerapeuta Ocupacional
Médico AcupunturistaMédico HomeopataMédico PediatraMédico Psiquiatra Médico Ginecologista
Composto por, no mínimo, 3 profissionais de nível superior de ocupações não coincidentes.
NASF 2
FonoaudiólogoNutricionistaPsicólogoTerapeuta OcupacionalAssistente SocialProfessor de Educação FísicaFarmacêuticoFisioterapeuta
Composição do NASF
Será definido pelo gestor municipal, através de critérios de prioridade, a partir das necessidades locais e disponibilidade de profissionais.
Os profissionais do NASF devem ser cadastrados em uma única unidade de saúde, localizada preferencialmente dentro do território de atuação das equipes de SF às quais estão vinculados.
§ 1º Os NASF não se constituem em porta de entrada do
sistema, e devem atuar de forma integrada à rede de serviços de saúde, a partir das demandas identificadas no trabalho conjunto com as ESF.
§ 2º A responsabilização compartilhada entre as ESF e a equipe do NASF na comunidade prevê a revisão da prática do encaminhamento com base nos processos de referência e contrareferência, ampliando-a para um processo de acompanhamento longitudinal de responsabilidade da ESF, atuando no fortalecimento de seus atributos e no papel de coordenação do cuidado no SUS.
§ 3º Os NASF devem buscar instituir a plena integralidade do cuidado físico e mental aos usuários do SUS por intermédio da qualificação e complementaridade do trabalho das ESF.”
Art. 4º § 2º Tendo em vista a magnitude epidemiológica dos transtornos mentais, recomenda-se que cada NASF conte com pelo menos 1 profissional de saúde mental” (+ ampliação da clínica para as dimensões subjetiva e social)
Art. 5º Cada NASF 1 realize suas atividades vinculado a no mínimo 8 e a no máximo 20 ESFs
Art. 6º Cada NASF 2 realize suas atividades vinculado a no mínimo 3 ESFs
NASF – lógica matricial
Discussões clínicas conjuntas- Participação das reuniões periódicas da EFS- Definir frequência e pactuar outras formas de acionar
apoio em casos imprevistos ou de urgência- Equipe deve preparar os casos a serem discutidos- Produção de trabalho conjunto (acompanhamento do
paciente, enfrentamento de desafios, periodicidade e ritmo)
- Amplia o campo e permite que construir uma “identidade” de equipe
Apoio na avaliação de riscos e vulnerabilidades- Estabelecer conjuntamente os critérios- Construir protocolos junto com a equipe
Lógica matricial – como?
Apoio para elaboração e desenvolvimento de
Projetos Terapêuticos Singulares- Propostas terapêuticas articuladas (individual ou
coletivo) - Outros referenciais - valorizar aspectos além do
diagnóstico biomédico e da medicação- Envolvimento de diversos profissionais (da própria
equipe e de outros serviços e espaços sociais)
Construção de PTS pressupõe Discussão coletiva da equipe interdisciplinar
Formação de vínculo com o usuário Participação do usuário na formulação e andamento
Lógica matricial – como?
Intervenções conjuntas concretas- Função pedagógica - capacitação in loco para as equipes- Fazer junto: avaliações, consultas, grupos, visitas
domiciliares, etc.- Acompanhar planejamento e primeiras ações e estimular
autonomia da equipe
Atendimento aos casos de maior gravidade, risco e vulnerabilidade
- Sempre a partir das discussões com a equipe (NASF não é porta de entrada)
Apoio na construção do encaminhamento- Auxiliar nos contatos - Apoiar a coordenação dos casos pela equipe
Lógica matricial – como?
A Fisioterapia no NASF
Realizar diagnóstico, levantamento dos problemas de saúde que requeiram ações de prevenção de deficiências e das necessidades em termos de reabilitação, na área adstrita às ESF;
Desenvolver ações de promoção e proteção à saúde em conjunto com as ESF consciência e cuidados com o corpo, postura com vistas ao autocuidado;
Desenvolver ações de acompanhamento das
crianças que apresentam risco para alterações no desenvolvimento;
Realizar ações para a prevenção de deficiências em todas as fases do ciclo de vida dos indivíduos;
Acolher os usuários que requeiram cuidados de reabilitação, realizando orientações, atendimento, acompanhamento, de acordo com a necessidade dos usuários e a capacidade instalada das ESF;
Desenvolver ações de reabilitação, priorizando
atendimentos coletivos;
desenvolver ações integradas aos equipamentos sociais existentes, como escolas, creches, pastorais, entre outros; (intersetorialidade)
Realizar visitas domiciliares para orientações, adaptações e acompanhamentos;
desenvolver projetos e ações intersetoriais, para a inclusão e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência;
Orientar e informar as pessoas com deficiência, cuidadores e ACS sobre manuseio, posicionamento, atividades de vida diária, recursos e tecnologias de atenção para o desempenho funcional frente às características específicas de cada indivíduo;
Acolher, apoiar e orientar as famílias, principalmente no momento do diagnóstico, para o manejo das situações oriundas da deficiência de um de seus componentes;
Realizar encaminhamento e acompanhamento
das indicações e concessões de órteses, próteses e atendimentos específicos;
Realizar ações que facilitem a inclusão escolar, no trabalho ou social de pessoas com deficiência.
Porta de entrada???Atendimento da especialidade na Atenção Básica???Ambulatórios???
Supervisão???Envolvimento X Poder/ saber
Mudança na estrutura dos serviçosMudança de modelo
O desafio…
Apoio…Ampliação da clínica…
Coordenação do caso…
Resolutividade…
Lógica matricial – provoca e explicita a imprecisão das
fronteiras entre os diversos papéis e áreas de atuação
Ex: Saúde Mental Transtornos psíquicos mais graves – núcleo da SM Questões subjetivas não se encaixam na rigidez dos
diagnósticos (dificuldades afetivas e relacionais, a capacidade de enfrentar os problemas cotidianos)
- Desfazer a delimitação entre as diferentes disciplinas e tecnologias
- Desestabilizar o instituído/ desvio do hegemônico- Fazer automático fazer refletido e dialogado,
construção de ações a partir de um sentido refletido
O desafio…
Mudança na lógica de trabalho – não é fácil de ser assumida
e não ocorre automaticamente
Espaços de reflexão e análise sobre o trabalho
Continentes ao conflito e aos problemas na relação entre a equipe, à dificuldade de entrar em contato com as diferentes necessidades do outro e se responsabilizar por elas e continentes à sobrecarga trazida pela lida diária com o sofrimento, a dor e a morte, a pobreza e a violência
Espaços de formação permanentes – capazes de realimentar constantemente a potencialidade do Apoio Matricial enquanto arranjo transformador das práticas hegemônicas na saúde
O desafio…
CAMPOS, GWS & DOMITTI, AC. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. In: Cadernos de Saúde Pública, 2007. v.23, n.2: pp.399-407. CAMPOS, GWS. Equipes de referência e apoio especializado matricial: um ensaio sobre a reorganização do trabalho em saúde. In: Ciência & Saúde Coletiva – Abrasco, 1999. v.4, n.2: pp.393-403. STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. 725p. FIGUEIREDO, MD & ONOCKO CAMPOS, R. Saúde Mental na atenção básica à saúde de Campinas, SP: uma rede ou um emaranhado? In: Ciência & Saúde Coletiva – Abrasco, 2009. v.14, n.1: pp.129-138. FIGUEIREDO, MD & ONOCKO CAMPOS, R. Saúde Mental e Atenção Básica à Saúde: o apoio matricial na construção de uma rede multicêntrica. In: Saúde em Debate – CEBES, 2008. v.32, n.78/79/80: pp.143-149. FIGUEIREDO, MD. Saúde Mental na Atenção Básica: um estudo hermenêutico-narrativo sobre o Apoio Matricial na rede SUS-Campinas (SP) [Dissertação de Mestrado]. Campinas: Departamento de Medicina Preventiva e Social/ FCM/ UNICAMP, 2006.
Bibliografia
“Onde a brasa (de)mora e devora o breuComo a chuva molha o que se escondeu
O seu olhar melhora o meu”
Arnaldo Antunes e Paulo Tatit