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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
NA SEMEADURA I 46 EXIGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS 47 ESTÁGIOS EVOLUTIVOS
48 COMUNHÃO PELA PRECE
49 ATIVIDADES DO ESPÍRITO 54 CONSCIENTIZAÇÃO
60 VERDADES INICIÁTICAS
61 MUNDO INTERNO 64 ESFORÇO DE PREPARAÇÃO
66 INICIAÇÃO ESPÍRITA
142 COMBATE A DEFEITOS 146 SINTONIA COM DEUS
156 AMADURECIMENTO ESPIRITUAL
171 PROGRESSO ESPIRITUAL 246 ENCERRAMENTO
NA SEMEADURA II 80 RESPOSTAS
120 VALOR DA INICIAÇÃO ESPIRITUAL
194 INICIAÇÃO ESPIRITUAL
LENDO E APRENDENDO NA SEMEADURA III 20 SER VERDADEIRO 102 MORTE E EVOLUÇÃO
103 PODER ESPIRITUAL
104 LEI DO PROGRESSO 117 SETORES DE AÇÃO
119 TESOUROS DO ESPÍRITO
127 SETORES DE ATIVIDADE 137 CHAMAMENTO DIVINO
139 TAREFAS SEMELHANTES
140 ESPIRITUALIZAÇÃO 141 VALOR DA INICIAÇÃO EVANGÉLICA
142 VEÍCULOS DE MANIFESTAÇÃO
143 SIMPLIFICAÇÃO 146 A LEI DA REENCARNAÇÃO
VERDADES E CONCEITOS I 9 A TAREFA MAIOR 20 PARA OS DISCÍPULOS
VERDADES E CONCEITOS II 1 COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – I: O CORPO ORGÂNICO
2 COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – II
15 PERGUNTAS OCIOSAS 17 DESPERTAMENTO
20 MEDITAÇÃO
36 REDENÇÃO PELO AMOR
38 DUAS FORÇAS PODEROSAS – I 39 DUAS FORÇAS PODEROSAS – II
44 ESPIRITUALIZAÇÃO
45 VERDADES SOBRE AS ESCOLAS DE APRENDIZES DO EVANGELHO 55 CUIDEMOS DA BOA PLANTA
60 O VALOR DA INICIAÇÃO ESPÍRITA
MENSAGENS E INSTRUÇÕES 12 MENSAGEM PARA A INAUGURAÇÃO DA 1ª EAE DE BUENOS AIRES,
ARGENTINA – 1974
23 MENSAGEM PARA DIRIGENTES DE TURMAS – 1975
GUIA DO APRENDIZ 0 ENUNCIADOS 4 A INICIAÇÃO ESPÍRITA
10 INICIAÇÃO SEM ESCOLA
11 COMENTÁRIOS FINAIS 12 TRANSCRIÇÕES
APRESENTAÇÃO
A Aliança Espírita Evangélica está desenvolvendo seu
segundo Planejamento Estratégico.
Em uma primeira fase foram constituídos quatro grupos
de trabalhos para aprofundar e propor ações que melhorem ainda
mais a condução de suas atividades.
O Grupo de Trabalho PE 03 – Iniciação Espiritual, tem
como objetivo propor ações para “Melhorar a conscientização e
Vivência dos Conceitos de Iniciação Espírita proposto pela
Escola de Aprendizes”.
O grupo estuda algumas ações práticas que possibilitem
o reavivamento dos conceitos iniciáticos da Escola de
Aprendizes, a ponto de que todos os que tomem contato com ela
busquem conscientemente seus objetivos e instrumentos,
caminhando para o mais alto, como demonstra a metáfora da
escada na capa da nossa apostila “Iniciação Espírita”.
A presente compilação de textos de Edgard Armond é
um apoio para esta tarefa e está sendo apresentada neste 6º
Encontro de Dirigentes de Escolas de Aprendizes do Evangelho.
Esperamos que todos possam aqui encontrar um rico
material para melhorar a conscientização e vivência dos
conceitos de Iniciação Espiritual.
Bom encontro!
São Paulo, 18 de outubro de 2009.
NA SEMEADURA I
46
EXIGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS
O Espiritismo religioso exige muito dos seus adeptos, no
campo moral, onde não pode haver contemporizações. Por isso,
dizer-se alguém espírita fora disso, nada significa de real e
positivo; e coisa muito diferente é possuir o ideal, o anseio de
espiritualização, a força íntima que leva à evangelização
redentora, acima de qualquer outra preocupação ou desejo.
Verdadeiramente espírita é aquele que, primeiramente,
evangelizou-se pela reforma íntima e passou, em seguida, a
viver segundo os ensinamentos recebidos, no campo coletivo,
em bem do próximo; mas não esses que somente pregam,
mandam fazer mas não fazem; adeptos inoperantes ou meros
simpatizantes, que foram tocados pelas influências divinas da
Doutrina mas não penetraram nela, não se submetem às suas
exigências do campo moral, condição liminar irrecorrível,
primeiro e único degrau do pórtico que leva aos interiores
iluminados dos mundos superiores.
Jesus não veio somente para esclarecer os homens
intelectualmente, mas sim para redimir uma humanidade
condenada.
47
ESTÁGIOS EVOLUTIVOS
Os Espíritos criados simples e ignorantes, não contêm
em si nada de mau, porque vêm de Deus, onde o mal inexiste.
Todavia, na involução ou queda, sofrendo a atração e os
contatos com as esferas materiais por onde transitam,
corrompem-se, adensam-se, envolvem-se de sombras.
Mais tarde, quando iniciam o movimento de retorno à
origem, na evolução que é iniciada nos reinos inferiores,
mineral, vegetal e animal, os contatos e as impregnações
pesadas se multiplicam e os Espíritos prosseguem
impulsionados pelos instintos, não tendo ainda consciência do
mal.
Somente quando penetram no reino humano, conquistam
o livre-arbítrio e a faculdade da razão, e começam a agir
conscientemente, assumindo responsabilidade dos seus atos.
Esse é o momento crucial em que as revelações
espirituais são de ingente necessidade, para apontar rumos
certos; e o importante é que essas revelações ou inspirações
sejam de elevada condição moral, para que o encaminhamento
seja feito no bom sentido, não representem perda de tempo,
concorram ao apressamento do progresso, rumo às esferas
espirituais luminosas e puras, donde os Espíritos procedem.
Daí a grande importância de cursos e escolas de iniciação
doutrinária espírita, que oferecem conhecimentos selecionados e
autênticos, afins com as realidades espirituais, dignos portanto
de confiança da parte dos neófitos, que buscam
encaminhamento.
Cursos e escolas desse tipo foram criados desde 1950 na
Federação Espírita do Estado de São Paulo, na Aliança Espírita
Evangélica, a partir de 1973, e em outras Casas Espíritas, que
realizam a iniciação espiritual com base evangélica, com a
necessária fidelidade às verdades cristãs.
48
COMUNHÃO PELA PRECE
É necessário manter constante comunhão com o Plano
Espiritual, recolhendo-se, pelo menos uma vez por dia, ao
silêncio do mundo interno, na adversidade como no êxito, no
sofrimento como no bem-estar, para buscar diretamente a Deus.
A prece mecanizada, sistemática, decorada, é quase
inútil, podendo mesmo representar uma ofensa a Deus, por
significar desprezo aos canais sempre abertos da inspiração, que
nos mantêm sintonizados aos céus, a qualquer hora, em todos os
momentos de nossa vida.
49
ATIVIDADES DO ESPÍRITO
Na evolução espiritual, eterna e progressiva, jamais há
um fim definitivo, um alvo final. O Espírito sobe degrau a
degrau, a imensa escada ascensional, havendo sempre um novo
começo para coisas novas; ele nunca descansa nas atividades
psíquicas e, quando atinge as esferas superiores, ainda menos o
faz, pelo desdobramento crescente dos encargos e das
responsabilidades.
Para compreender isto, basta verificar que, mesmo agora,
neste mundo inferior, submerso na matéria pesada, não tem o
Espírito descanso nem mesmo no sono quando, então, vaga pelo
espaço, em atividade constante, boa ou má, segundo seus
próprios pendores e sintonias.
54
CONSCIENTIZAÇÃO
Quando o homem, qualquer que seja, puder encontrar-se
com a luz misteriosa e clara, que vem da profundidade do seu
próprio íntimo, e encarar a verdade face a face, então terá
realizado a tarefa mais difícil de sua longa trajetória evolutiva: e
não será mais simplesmente um homem.
60
VERDADES INICIÁTICAS
Há três verdades iniciáticas fundamentais para a
aquisição do conhecimento espiritual, que podem ser formuladas
da seguinte maneira por autores respeitáveis:
1) A alma humana é imortal e o seu futuro é algo cujo
crescimento e esplendor não têm limites.
2) O princípio que dá a vida reside em nós e fora de nós,
porque é universal, imortal e eternamente beneficente; não se
pode ouvi-lo, nem vê-lo, nem senti-lo, mas quem deseja
percepção, percebe-o.
3) Cada ente humano é seu absoluto legislador,
dispensador de glória ou de obscuridade a si mesmo;
determinador de sua vida, sua recompensa ou sua punição.
61
MUNDO INTERNO
O verdadeiro discípulo, mesmo quando envolvido no
tumulto da vida ambiente, integra-se, quando necessário, no
silêncio interior.
Não esbanja palavras para expressar sentimentos e
pensamentos, porque os atos melhormente os revelam. Está
sempre atento ao seu mundo interior, para que possa ver-se e
sentir-se tal qual é, e ver como desperta e cresce a luz interna, o
resplendor eterno de Deus em si mesmo, pela eclosão de
sentimentos purificados, pelas transformações íntimas que
podem surpreender dia por dia.
64
ESFORÇO DE PREPARAÇÃO
Desde que o mundo existe, a conquista espiritual tem se
apresentado aos homens como um sério problema a ser
resolvido, mesmo quando não deliberadamente; inúmeras
instituições têm se devotado a isso, sem resultados satisfatórios,
ou porque permanecem no campo das exterioridades, ou no das
introspecções pouco acessíveis à maioria.
Muitos milênios transcorreram até que Jesus apontasse,
de forma objetiva, mesmo quando, algumas vezes, simbólica, o
modo simples de fazê-lo, mostrando que a solução reside no
próprio homem e se resume na eliminação dos vícios e defeitos
morais, com a purificação dos sentimentos e dos atos; e que
aquilo que todos procuram exteriormente só se encontra dentro
deles mesmos, no íntimo da alma, porque o ser humano, como
Espírito que evolui, é o único responsável por essa realização,
cabendo-lhe inteiramente o esforço correspondente.
Em cada milhar de indivíduos, uns poucos se destacam
como interessados no seu adiantamento espiritual e, em menor
número ainda, se dispõem aos esforços e às transformações
indispensáveis que esse adiantamento exige. Isso mostra, de um
lado, as dificuldades do empreendimento, quando não se tem
como escudo a confiança em Deus e a fé como força de
sustentação; e, doutro, o quanto a humanidade terrena carece de
conhecimentos espirituais verdadeiros.
Para auxiliar os que desejam evoluir mais rápido e
seguramente, criou-se na Federação Espírita de São Paulo, a
Escola de Aprendizes do Evangelho, em 1950, e na Aliança
Espírita Evangélica, em 1973. Nessa escola logo nos primeiros
dias indaga-se do candidato que se inscreveu, porque veio: a)
por simples curiosidade? Neste caso dificilmente encontrará o
que deseja e sofrerá desilusões; b) por inspiração momentânea?
É de crer então que haja merecido a interferência espiritual de
algum amigo interessado no seu adiantamento; c) mas se o fez
por si mesmo, deliberadamente, por decisão consciente e firme,
então é porque já amadureceu o que baste para compreender que
era urgente a medida, para o seu adiantamento espiritual.
Mas, seja como for que tenha vindo, é sempre
fraternalmente acolhido e as portas se abrem para ele, porque
“quem procura encontra” e, neste caso, pode-se afirmar que um
lutador a mais ingressou nas legiões numerosas que, na Terra,
defendem os ensinamentos de Jesus, batem-se pelo triunfo do
seu Evangelho e pela evolução espiritual do mundo porque,
terminado o aprendizado, estará ele preparado para as atividades
exigidas no campo coletivo, apto aos testemunhos e sacrifícios
que virão em seguida.
Mas, em todos os casos, o candidato deve,
primeiramente, devotar-se a essa autopreparação e isso poderá
fazê-lo em escolas desse tipo, que se estão criando por toda
parte.
Turmas numerosas e sucessivas de aprendizes têm-no
feito e já se lançaram à luta no campo exterior das atividades,
como discípulos aptos a compartilhar na grande batalha
espiritual; e não há exagero nem misticismo excessivo nestas
frases e modos de encarar o assunto, porque a realidade é
exatamente essa.
Nesse sentido, o problema mais urgente é sempre e
primeiramente a evangelização, visando a redenção espiritual,
orientando os candidatos a desenvolverem em si mesmos, cada
vez mais objetivamente, o amor aos semelhantes, servir sem
restrições, com humildade e desprendimento, porque, fora disso,
não há possibilidade de êxito; e somente assim poderá o
aprendiz cooperar na difusão de uma doutrina como o
Espiritismo, que tem o amor como fundamento e representa na
Terra o Consolador prometido por Jesus. E deve fazê-lo sem
pensar em recompensas, porque, se mérito realmente há, num
comportamento desses, o primeiro e maior interessado é ele
mesmo.
66
INICIAÇÃO ESPÍRITA
Nos templos egípcios, a iniciação dos adeptos ao
sacerdócio era rigorosa e o iniciante subia degrau por degrau, só
atingindo os graus mais elevados, quando vencia os defeitos da
avareza (para fugir das ambições materiais); da luxúria (para
defender-se das tentações da carne); da inveja (para evitar
competições e traições entre companheiros); da hipocrisia (para
manter a lealdade aos superiores) e da ira (para não utilizar
impulsivamente as próprias forças, ou deixar-se dominar por
elas).
Estas virtudes eram representadas por uma estrela de
cinco pontas, desenhada a cores, no piso da nave central dos
templos.
No Espiritismo, em nossos dias, a eliminação de vícios e
defeitos morais é feita mediante a reforma íntima, por processos
mais simples, e as diferenças de condições morais entre os
adeptos não representam posições ou hierarquias no campo
material, nem significam menor ou maior conquista de poderes
psíquicos.
Porque a Doutrina não cogita desenvolver tais poderes,
mas esclarecer os homens espiritualmente, engrandecê-los
moralmente ante si próprios, preparando-os para os testemunhos
da propagação e da redenção espiritual, isto é, libertando-os dos
estigmas da animalidade inferior, que são empecilhos à evolução
do Espírito.
142
COMBATE A DEFEITOS
Os que enfrentam a luta pelo aperfeiçoamento moral
sabem que os defeitos mais difíceis de eliminar são o egoísmo e
o orgulho, justamente por serem os que mais profundas raízes
têm no metabolismo da vida animal.
O egoísmo, sobretudo, foi a força que permitiu a
sobrevivência da espécie, em meio às circunstâncias adversas da
vida primitiva do homem na Terra.
Portanto, vícios como esses não devem ser combatidos
com violência, mas com paciência, compreensão e inteligência.
146
SINTONIA COM DEUS
A irradiação de Deus impregna e ilumina toda a Criação
e quanto mais evolui o homem, mais se torna capaz de vibrar em
sintonia com essa presença divina.
156
AMADURECIMENTO ESPIRITUAL
Enquanto desliza tranqüila a vida, e os problemas
pessoais de existência e de competição no meio ambiente não se
colocam à nossa frente como obstáculos sérios a transpor; e os
sofrimentos físicos e morais não ultrapassam nosso ardor
combativo, diminuindo nossa capacidade de reação, tudo é
claro, alegre e feliz; e o sol tem sempre brilho e as flores mais
perfume e as mãos que acariciam mais ternura...
Mas, aos poucos, enquanto se evolui, tudo passa e as
ilusões vão desaparecendo; e com elas vai-se avolumando o
conhecimento das realidades, e aquilo que formava à nossa volta
uma trama dourada encobridora da verdade, tudo agora é visto
de cima para baixo, e como se observado de fora; libertamo-nos
da igualação da mistura e da multidão e nos vemos, então, sós,
como indivíduos separados, desligados.
Do ponto de vista introspectivo amadurecemos sozinhos
e sozinhos devemos viver no pequeno mundo que formamos
para nós próprios; superadas estão as irrealidades, que nos
faziam obedientes mais a impulsos que a raciocínios, a paixões
que a conveniências, a instintos e não à inteligência, a
aparências e não a realidades, à matéria e não ao espírito.
O amadurecimento leva à sabedoria e esta fecha as portas
à irreflexão, à turbulência, aos rumores do mundo material e
abre outras, mais sólidas, para o silêncio e a sintonia com Deus.
171
PROGRESSO ESPIRITUAL
O discípulo do Evangelho, para apressar sua evolução,
deve ter em vista o aprimoramento do corpo, da mente e do
sentimento, isto é, da matéria, da inteligência e do espírito.
O aprimoramento do Espírito pode ser conseguido com a
modificação dos sentimentos íntimos, exercitando o amor a
Deus e ao próximo, isoladamente ou filiando-se a algum
agrupamento, desprendendo-se do mundo material no que for
possível, para que haja realmente espiritualização.
O aprimoramento da inteligência pode ser conseguido
com um selecionamento sensato e adequado de estudos
doutrinários e de registros no subconsciente, de meditações
aprofundadas sobre a vida espiritual, em seus variados aspectos
e suas implicações na vida material que nos rodeia.
E o aprimoramento da matéria, com alimentação frugal,
abstenção de tóxicos, eliminação de vícios e hábitos perniciosos;
combate a paixões, disciplinação do sexo, metodização do
trabalho e do repouso e vida higiênica, segundo as leis da
Natureza.
Atingindo esse desenvolvimento tríplice, o discípulo não
encontrará mais afinidades com as coisas mundanas, salvo para
trabalhos e atividades de fundo espiritualizante; nada mais terá o
mundo material para oferecer-lhe, como experiência evolutiva,
porque o homem que atinge esse ponto, isto é, a sintonia com os
Planos Espirituais Superiores e o desprendimento, estará
desambientado, não será mais compreendido e viverá mais para
as coisas internas que para as externas, sem, contudo,
negligenciar seus deveres e compromissos desse mundo
material.
Estará apto a viver em mundos mais evoluídos, onde as
condições da vida são de maior significação espiritual, e
permitem realizações mais elevadas e construtivas.
246
ENCERRAMENTO
Em todas as oportunidades de sua trabalhosa pregação
Jesus sempre afirmava que toda iniciação espiritual poderia ser
resumida no seguinte: amar a Deus acima de todas as coisas e ao
próximo como a nós mesmos.
Com esta sentença tão profundamente verdadeira e de
universal aplicação, encerramos a exposição da matéria deste
livro.
NA SEMEADURA II
80
RESPOSTAS
Sobre o indefinível e misterioso fundo do passado
humano sobre a Terra, as pessoas que se preocupam com seu
destino, costumam perguntar e sempre perguntam, o que somos,
donde viemos e para onde vamos.
A essas perguntas que já se tornaram habituais, a
iniciação espiritual responde através da definição do respeitável
Instrutor: “Os homens são chispas vivas do Eterno Vivente,
integradas em todo ser vivo que habita os mundos”.
“Vieram da infinita imensidade de Deus e para Deus
voltam na infinita sucessão do tempo”. E prossegue: – “Nesses
estágios a chispa primeiramente se reveste de elementos etéreos
gasosos e magnéticos e, em seguida, para poder viver e se
manifestar nos mundos materiais, condensa um corpo físico e,
desta forma, fica possuindo 2 elementos constitutivos de apoio e
manifestação, a saber: o revestimento fluídico energético
intermediário e o corpo denso”.
Esses ensinamentos fornecidos em escolas iniciáticas,
velhas de 4 ou 5 milênios atrás, são exatamente aqueles que o
Espiritismo difunde desde a Codificação de Kardec na França,
há um século, e que seus propagadores oferecem aos seus
adeptos.
E nem poderia ser de forma diferente, porque a verdade
não tem dupla essência e, mesmo quando mostrada de formas
diferentes em épocas diferentes, é sempre semelhante a si
mesma.
120
VALOR DA INICIAÇÃO ESPIRITUAL
Considerando que a maior parte da população do globo é
desencarnada, não sendo fácil, para nós que estamos aqui agora,
voltar de novo, com rapidez, para completar nossas provas e nos
libertarmos da vida nos mundos baixos; e também, que a
população por toda parte está tentando reduzir os nascimentos
de novos comensais para enfrentar as dificuldades de obter
recursos e bens de vida, sobretudo de alimentos, sendo negras as
previsões científicas sobre isso, crescem então de vulto as
oportunidades das reencarnações e dos conhecimentos
espirituais.
Ante estes argumentos de sentido material avultam os
ensinamentos doutrinários conhecidos, segundo os quais
somente os insensatos ou incréus malbaratam suas encarnações
a troco de comodidades ou prazeres ilusórios e passageiros.
Daí a importância das iniciações espirituais para o
aproveitamento consciencioso do tempo que se tem para resgate
de débitos e eliminação de defeitos e vícios, sem mais demora, o
que alguns julgam ser um exagero, bastando crer em Deus,
dizem eles, para que tudo acabe bem...
E então avulta também de valor a existência da Escola de
Aprendizes do Evangelho, criada justamente para isso e cujas
portas devem estar sempre abertas para todos quantos desejem
apressar sua evolução, purificando-se, evangelizando-se.
194
INICIAÇÃO ESPIRITUAL
Na iniciação espiritual que, à falta de instrutores, é feita a
custo de experiências pessoais dolorosas que a própria vida
oferece a todo instante, a passagem de uma para outra é
progressiva e resume-se na conscientização de valores maiores,
como por exemplo, a distinção entre o bem e o mal, o certo e o
errado, o que é melhor e o que é pior para o próprio ser que os
anota; um pouco mais adiante surgem as experiências sobre os
direitos próprios e dos semelhantes, o dever de auxiliar os outros
para ser também auxiliado nas suas necessidades, os cuidados da
família organizada segundo leis e costumes aceitos e respeitados
pela comunidade, etc.
Estes são conhecimentos preliminares e gerais. Em um
grau mais avançado já surgem as conquistas de virtudes morais
que enobrecem o ser humano, dignificam a vida; e o
devotamento às necessidades dos semelhantes nos termos de
códigos religiosos de maior expressão, baseados no “amai-vos
uns aos outros e a Deus sobre todas as coisas”.
Tudo isso forma a iniciação natural que aproxima os
homens de Deus pelo exercício do amor.
LENDO E APRENDENDO NA SEMEADURA III
20
SER VERDADEIRO
A evangelização pela reforma íntima exige que sejamos
desprendidos em relação ao mundo material, e verdadeiros, sem
fingimentos; não aparentar o que não somos ou não temos;
sermos humildes, sem malícia, sem vaidades, e sempre ativos.
Sem essa reforma não pode haver progresso espiritual
apreciável; haverá uma movimentação forçada, fingida,
aparente, mas de valor muito relativo: a iniciação espiritual é
sempre mais profunda.
Cada um deve mostrar-se como é, conquanto lutando
sempre por melhorar. Nada do que queiramos ocultar de mau
por interesse, vaidade ou orgulho, deixará de ser conhecido
duma forma ou doutra, hoje ou amanhã, como Jesus ensinou.
Todos nossos atos e pensamentos são registrados pela luz
etérea e suas conseqüências se voltarão contra nós no momento
certo ou a nosso favor, conforme sua natureza e qualidade, para
restabelecimento de equilíbrio evolutivo e a correspondente
liberação espiritual.
102
MORTE E EVOLUÇÃO
“Quantas mais vezes morremos melhor evoluiremos,
porque a morte nos proporciona sempre uma nova oportunidade
de progresso e ascensão”, desde que, bem entendido, estejamos
já trilhando com segurança os caminhos da ascensão pelo amor,
nos termos do Evangelho de Jesus.
103
PODER ESPIRITUAL
“Quando o homem aprender a empregar a inteligência
para o bem da humanidade, adquirirá poderes espirituais sobre a
vida, porque, ao mesmo tempo, terá desenvolvido seu animismo
a uma escala elevada e construtiva e a guiar-se por um
conhecimento inato tão superior ao atual quanto este é superior à
consciência animal.”
104
LEI DO PROGRESSO
“Na evolução humana progredir é a lei”; o que não é
capaz de aperfeiçoamento próprio cristaliza-se, degenera-se,
entra em estagnação e morte.
117
SETORES DE AÇÃO
O Espírito nas primeiras encarnações exerceu suas
atividades através de quatro setores distintos e conjugados: o
etéreo, animado pelo fluido vital; o do desejo, onde se situaram
a vontade, a ambição, a memória e outros impulsos dinâmicos; o
denso, veículo mais exterior da manifestação e por fim, a mente.
Essas diferentes atividades posteriormente se fundiram
na alma, que pode ser consciente, emocional e intelectual e que,
no ser evoluído, habita mundos superiores, na fase da
angelitude.
119
TESOUROS DO ESPÍRITO
É comum dizerem os materialistas e os crentes de
religiões de exterioridades que “desta vida nada se leva e por
isso comamos e bebamos”.
Mas a verdade é muito outra: desta vida nada do que é
material realmente se pode levar para o Além, mas tudo se leva
do quanto valha como aperfeiçoamentos feitos e conquistas
obtidas no terreno espiritual. E justamente para isso é que
encarnamos desta e de inúmeras outras vezes porque, para a
evolução, somente têm valor “os tesouros do Espírito, não da
matéria”.
127
SETORES DE ATIVIDADE
No conhecimento da vida espiritual há dois caminhos
bem evidentes a percorrer: o intelectual e o místico; o primeiro
utiliza a mente e o último segue preferentemente os impulsos do
coração.
O materialismo apoderou-se da iniciação intelectual e
transformou-a em um agnosticismo arrogante e exclusivista,
desviando o homem encarnado dos rumos certos e justos da
reverência à Divindade, e os frutos desse erro já estamos
colhendo desde já, com a enorme depreciação dos legítimos e
verdadeiros valores espirituais.
137
CHAMAMENTO DIVINO
Quantas vezes, nas sombras escuras da Terra, onde
curtimos nossas dolorosas provações de resgate, não ouvimos o
chamamento amoroso e divino: “Vinde a mim, ó tu que sofres,
pois que, em mim encontrarás misericórdia. Meu jugo é suave e
leve e imenso o amor que tenho para distribuir às ovelhas do
rebanho que o Pai me confiou. Vinde a mim e descansarás dos
teus sofrimentos...”
E quantas vezes ouvimos e passamos indiferentes! Até
que amadureçamos na dor, o desânimo a se apoderar de nós e
compreendemos, finalmente, que não há felicidade na Terra, a
não ser para aqueles que se desprendem dela e se voltam para as
luzes dos céus, com Jesus!
139
TAREFAS SEMELHANTES
Na Fraternidade dos Discípulos de Jesus o pensamento
maior deve ser este: os discípulos de hoje, semelhantemente aos
de antigamente, também falam e agem em nome do Divino
Mestre e pregam a mesma mensagem redentora de outrora; mas
seu esforço só dará bons frutos se forem humildes, sinceros,
desprendidos do mundo e capazes de amar como os antigos
amavam.
140
ESPIRITUALIZAÇÃO
A espiritualização representa a própria finalidade da
existência em qualquer mundo, porque as verdades são
universais e a maior de todas é Deus, o criador soberano,
invisível e eterno.
141
VALOR DA INICIAÇÃO EVANGÉLICA
O Evangelho de Jesus, na sua essência, é o recurso mais
poderoso e seguro para a espiritualização.
A Escola de Aprendizes foi criada para auxiliar essa
sublime conquista de quantos emergem das sombras, já tocados
pela luz redentora do Cristo e deixam-se penetrar pelo ideal
maior de servir a Jesus, servindo aos semelhantes, com
desprendimento.
142
VEÍCULOS DE MANIFESTAÇÃO
Ao termo da involução a centelha divina deve iniciar seu
retorno às esferas de origem, mas não pode fazê-lo por não
possuir organização e veículos de manifestação no mundo
exterior.
Descendo até o reino mineral, passa a ser então
custodiada por Espíritos-grupo que a auxiliam a iniciar o
desenvolvimento de sensações, que se ampliam com o tempo e
se aperfeiçoam no reino vegetal, onde já recebe um corpo vital
etéreo, passando em seguida ao reino animal, onde desenvolve o
instinto que, no reino humano, se aprofunda com inteligência e
outros atributos preciosos.
No reino animal a centelha já possui um corpo denso, um
corpo etéreo e uma alma animal, sendo ainda, entretanto,
dirigida pelo Espírito-grupo. Somente quando penetra no reino
humano pode possuir, além do corpo vital e do corpo denso, e,
para completar sua organização, uma mente, com seu
contingente maravilhoso de vontade, razão, livre-arbítrio e
consciência.
143
SIMPLIFICAÇÃO
O Espiritismo simplifica essa organização clássica
reunindo no “perispírito” ou alma, os diferentes veículos das
atividades psíquicas humanas.
Apresenta o ser como um homem feito, sem referências
ao seu passado milionário de experiências da longa evolução
anterior através dos reinos da Natureza e apressa sua evolução,
porque o tempo cósmico arbitrado à Terra para seu progresso já
está se esgotando e o selecionamento cíclico da humanidade está
bem próximo.
146
A LEI DA REENCARNAÇÃO
Uma das mais amplas e seguras garantias de redenção
espiritual para os seres humanos é a lei da reencarnação, que
obriga o Espírito a evoluir, quer queira quer não. Aquele que
não o faz por si mesmo, terá de fazê-lo sob o látego acirrado do
sofrimento e dos resgates dolorosos nos mundos materiais, por
força dessa lei inexorável que, aos nossos olhos, representa a
justiça divina em plena ação redentora.
VERDADES E CONCEITOS I
9
A TAREFA MAIOR
Cada missionário crístico trouxe uma linha de
conhecimentos e de iniciação espiritual. Com Jesus veio a linha
mais perfeita que a humanidade da Terra poderia receber no
grau evolutivo que atingiu, o ponto mais alto a que aqui pode
chegar: o amor.
“Assim sendo não haverá mais necessidade de novas leis
espirituais, bastando que os homens se amem uns aos outros,
como a si mesmos.”
Essa lei, trazida por Jesus, encerrou o ciclo das
revelações messiânicas para nosso mundo, restando agora
somente que os homens, utilizando o livre-arbítrio e os demais
atributos que já possuem na sua organização psíquica, executem
o que lhes foi ensinado e exemplificado pelo Divino Mestre.
Através dessa lei e antes que soe a hora profética das
apurações, para separar os bons dos maus, como o próprio
Mestre revelou, é necessário que os homens procurem se
aproximar das instituições que oferecem a iniciação evangélica
em espírito e verdade, para que se esclareçam e se preparem
espiritualmente.
Para auxiliar esse heróico esforço criaram-se, a partir de
1940, como base fundamental, entre outros organismos
orientadores, as Escolas de Aprendizes do Evangelho, a
Fraternidade dos Discípulos de Jesus e, ultimamente, a Aliança
Espírita Evangélica, que orientam, encaminham e preparam os
que se dispõem a cooperar para a redenção do maior número
possível de irmãos nossos, ainda carentes de compreensão e de
conhecimento espirituais verdadeiros.
20
PARA OS DISCÍPULOS
Terminada a preparação e incluídos os servidores na
Fraternidade dos Discípulos de Jesus, passam eles a agir com
inteiro livre-arbítrio, organizando programas próprios para suas
atividades evangélicas.
Mas, nessa nova condição, livres das servidões da
Escola, suas obrigações aumentam ao invés de diminuírem, pois
que enfrentam, agora, uma realidade muito mais positiva e
categórica; como discípulos sua lei é a exemplificação dos
ensinamentos do Divino Mestre, sem restrições, reservas ou
qualquer sentido acomodatício; o sacrifício e a renúncia fazem
parte do seu esforço.
Porque o discípulo não é maior que o Mestre e o servo
que o seu Senhor.
VERDADES E CONCEITOS II
1
COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – I:
O CORPO ORGÂNICO
O perispírito, como matriz fluidomagnética, não se altera
numa mesma encarnação: o mesmo, porém, não sucede com o
corpo denso, que sofre alterações do tempo, de acidentes, de
moléstias, de traumatismos morais.
Este corpo é sustentado por energias de diferentes
origens: as provenientes dos Reinos da Natureza, pela
alimentação; as da atmosfera, pela respiração; as do Cosmo
(raios e ondas) e as do campo mental (esperança, vontade, fé)...
– As primeiras interessam às células orgânicas na
sua formação, sustentação, substituição e tendem a densificá-las,
animalizá-las, como elementos próprios que são do mundo
material.
– As absorvidas pela respiração queimam resíduos
do metabolismo, vitalizam o sangue, dão calor ao corpo.
– As provindas do Cosmo penetram os chacras,
passam aos plexos para ativarem as atividades nervosas.
– As que vêm do Espírito, através da mente,
destinam-se ao comando do corpo e às relações com o mundo
exterior, cujas impressões se concretizam no cérebro.
– E há, ainda, energias mais poderosas, de caráter
ascensional, que sustentam o Espírito intimamente, como
unidade inteligente da Criação, partícula divina obscurecida na
involução, escravizada nas reencarnações pelos mundos
materiais.
Há, pois, energias de condensação celular, retensoras de
sintonia animal e outras, mais elevadas, que arrastam para cima,
no ritmo ascensional.
O homem comum, ainda muito involuído, normalmente
desconhece essas energias e submete-se a elas
inconscientemente.
– As primeiras, vindas dos reinos naturais, materializam-
no, ao mesmo tempo em que seus sentimentos, ainda inferiores,
reproduzem o fenômeno no perispírito condensando suas
moléculas fluídicas.
– Por causa disso são lentas e difíceis as reações
psíquicas de caráter ascensional: o Espírito, de onde poderiam
vir poderosos impulsos nesse sentido, está ainda incapacitado de
emiti-los, porque são insuficientes seu entendimento e
capacidade volitiva.
– Quando, com o tempo, trabalhado pelas vicissitudes e
ganhando experiência, almeja por mudanças, nesse momento é
que esclarecimentos sobre a necessidade de evangelizar-se
ganham enorme importância e devem ser fornecidos com
proficiência e boa vontade.
– Considere-se que mais de dois terços da humanidade
planetária desconhecem tais esclarecimentos, não tiveram a
ventura de recebê-los e ingressam nos planos espirituais
completamente alheios às suas realidades.
Não nos referimos, é claro, à higiene pessoal ou qualquer
outro cuidado de caráter exterior mas, sim, a fatores intrínsecos,
dos quais o principal é a alimentação.
– Com a alimentação formada de produtos naturais
ajudamos as células a se libertarem do processo de condensação
que se mantém, sobretudo, pela ingestão de produtos animais,
sejam de que espécies forem.
– A vibração desses produtos, principalmente a carne,
transmite-se às células mantendo a densificação e o ritmo
vibratório próprios do reino animal, dando à situação cada vez
maior estabilidade e permanência. Esse processo de
animalização, contrário aos impulsos ascensionais do Espírito,
influi fortemente no psiquismo humano como elemento
francamente retardador da evolução.
– De outra parte, como o organismo físico,
conquanto perecível, deve também evoluir, tornando-se cada vez
mais perfeito, é preciso combater esse processo de condensação
celular, oferecendo ao Espírito encarnado um corpo cada dia
mais delicado e sensível. Isso também ajuda o Espírito a evoluir.
Esta é a razão mais profunda ou científica que explica
não ser aconselhável a alimentação carnívora em mundos baixos
como o nosso, onde o elemento carne seja a massa constitutiva
do corpo denso e os Espíritos que ali evoluem submissos às
sensações dos sentidos.
No esforço de reforma íntima, eliminados que sejam os
vícios comuns (fumo, álcool, etc.) e alterada convenientemente a
alimentação, as células irão, pouco a pouco, se libertando da
carga grosseira da vibração animal, desafogando-se e adquirindo
uma tonalidade vibratória mais elevada e delicada; por outro
lado aprimorar-se-á a sintonia entre corpo e espírito, facilitando
e fortalecendo a atuação deste sobre os sentidos físicos e, ao
mesmo tempo, a sensibilidade perispiritual, de tudo resultando,
em conseqüência, mais rápido progresso evolutivo.
2
COMO EVOLUIR MAIS DEPRESSA – II
Além da reforma íntima, a purificação depende, em
grande parte, da dominação ou, no mínimo, do controle dos
sentidos, das paixões e da formação de um “status” mental
desprezador dos atrativos do mundo físico.
– Vários recursos podem ser utilizados e um dos mais
simples e fáceis é a música. Não a música neurótica, irritante,
sensual, dos nossos dias, mas a música fina, suave, das melodias
ou a clássica dos mestres, que abrem, nas almas, portas largas à
sensibilização; nem tampouco a música simplesmente técnica,
exibidora de virtuosismo, mas a que fala aos sentimentos e os
sintoniza com planos mais elevados, produzindo calma,
serenidade, enlevo.
– A música é fator espiritualizante, que satura o mundo
celular de harmonias e liga o conjunto corpo-espírito a planos
mais elevados.
– O homem rude, primário, sintoniza com música de
baixo teor vibratório, que lhe recorda as vidas primitivas,
enquanto que o homem mais evoluído prefere a música
inspiradora e delicada que leva para fora do mundo grosseiro da
matéria.
– Ao mesmo tempo em que satura de harmonia o mundo
celular orgânico, a música também eleva o tônus vibratório do
perispírito, quando é sintônica.
– São também elementos sensibilizadores a pintura, a
escultura e as artes em geral, através das quais a alma humana
procura expressões acima do mundo material; como também os
contatos estreitos e amiudados com a Natureza, onde se
manifestam, aberta e livremente, as forças da criação, o encanto
e a beleza das cores, mas, sobretudo a mensagem comovente
que está por detrás de tudo e que é a voz de Deus sem palavras.
– Estes são fatores que educam os sentidos e os desviam
das sensações grosseiras e negativas, das emoções e dos desejos
impuros que retardam a evolução, prendendo à matéria.
– Na sua luta de todos os instantes devem os aprendizes
orar e vigiar, exercendo forte controle para repelir os impulsos
maus, fiscalizar as atividades mentais para evitar que do
subconsciente venham à tona reminiscências negativas do
pretérito animalizado, de há muito acumuladas ali.
Para facilitar essas realizações, os aprendizes organizem
um programa de ação pessoal, íntimo, segundo possam:
escolham local e momento propício a estarem sós e cultivarem o
silêncio; arranjem um fundo musical harmonioso, agradável, e
façam ali meditações sobre assuntos e temas elevados e
construtivos. Abram as portas da imaginação, focalizando
previamente o que desejem de bom e de útil ao seu
aprimoramento psíquico. Todas estas imagens irão para o
subconsciente e trabalharão em silêncio para sua concretização
em futuro breve; e em havendo mediunidade, com este regime,
ela despertará mais facilmente, sem sobressaltos ou violências,
porque os benfeitores espirituais terão mais facilidades para
ajudar e orientar.
A evangelização verdadeira exige tudo isto que, aliás, é
bem pouco, considerando-se os surpreendentes resultados que
destes esforços de purificação advirão desde os primeiros dias.
Em resumo, para desenvolver a sensibilidade é preciso:
1) descondensar as células orgânicas, adotando
alimentação natural, de produtos vegetais;
2) dominar os impulsos inferiores dos sentidos físicos,
utilizando práticas adequadas, de refreamento e desviamento;
3) manter sintonia com o Plano Espiritual superior,
sentindo, pensando e agindo sempre pelo Bem.
Considerem, porém, os aprendizes o seguinte: desde que
se disponham a purificar-se de corpo e espírito e a combater o
Mal a começar de si mesmos, passam a ser automaticamente
agentes operantes do Bem, tornando-se, desde logo, alvos das
forças das sombras.
Como defesa devem armar-se de compreensão, fé e
humildade, sem o que não vencerão a batalha de desejos,
paixões e ambições, contra sua capacidade de renúncia e
sacrifício.
Em textos de sabedoria antiga lê-se isto: “Como a
fumaça envolve a chama, a ferrugem o metal e o útero materno a
criança que vai nascer, assim o homem do mundo é envolvido
pelos desejos”.
Como os desejos, em geral, têm sua sede nos sentidos e
na imaturidade do Espírito, neste esforço de purificação grande
poder tem a mente, através da qual o Espírito manifesta sua
vontade, conduz o corpo e utiliza a razão, para discernimento
das coisas que o rodeiam: o Espírito, o elemento dominante do
maravilhoso conjunto humano, o senhor do sistema, que possui
as virtudes potenciais da própria Divindade Criadora, da qual
derivou e recebeu a graça da vida imortal.
Estes são fatores que asseguram todas as vitórias, mas
não sem luta...
15
PERGUNTAS OCIOSAS
Aos que ainda interrogam perguntando por que foram
criadas a “Escola de Aprendizes do Evangelho” e a
“Fraternidade dos Discípulos de Jesus”, organismos educativos
criticados, no início, por alguns, mas enaltecidos hoje por
milhares, respondemos:
Foram criadas em 1950 para fazer o que não fora feito
até então, a saber: voltar ao sulco primitivo da cristianização;
ultrapassar a fase de carência do Espiritismo flexível; congregar
os adeptos em esforços de realizações no campo interno, único
processo capaz de transformá-los em homens novos, e
espiritualizá-los pela vivência evangélica; transpor um período
longo de atividades dispersas e inconclusivas, com acomodações
em torno a rotinas entorpecedoras, tudo para evitar que o
Espiritismo porventura se tornasse um movimento simplesmente
teórico, intelectual, frio, formalístico, fechado em paredes, com
um mínimo de repercussão popular, incapaz de realizar na vida
prática os ensinamentos de Jesus condensados na frase “amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”,
base de todo o seu ensinamento, expressão nítida de uma
filosofia de amor feita ação, com sentido universal e não-
exclusivo, e sobretudo como conquista evolutiva pessoal de cada
adepto em plena consciência e lucidez de opção.
Haverá outro caminho para a redenção nos dias atuais,
para uma humanidade que está esgotando a paciência dos santos
e tem pouco tempo para mudar de estrutura e de mentalidade? E
bastaria porventura a devoção dos espíritas na organização de
assistência social, para produzir tais mudanças, ou a difusão
teórica da Doutrina como vinha até então sendo feita?
Jesus não deixou corpo algum religioso baseado em
teorias, nem demonstrou alguma vez desejo de criar uma
filosofia exclusiva, nem tampouco fez pregações ou discursos
delineando esquemas de uma doutrina própria mas, bem ao
contrário, pregou sempre o amor como base de toda a ação,
viveu por ele, sacrificou-se por ele e ainda deu-lhe testemunho
final imorredouro e claro na cruz, perdoando a todos os algozes
por ignorarem a verdade sobre a vida espiritual.
E aos que dizem ser a “Escola” e a “Fraternidade”
inovações dispensáveis pode-se responder que realmente são,
não no que se refere à doutrina em si mesma, que é parte
intangível de um corpo perfeito de sabedoria eterna, mas na sua
prática, nas realizações efetivas, na testemunhação em atos da
vida comum; porque perdeu-se tempo precioso na difusão e
porque o Espiritismo não veio para repetir o que foi feito por
religiões e filosofias anteriores, que não conseguiram resolver o
fundamental problema da espiritualização do homem encarnado,
mas sim, para efetivar essa espiritualização de forma prática,
acessível a todos, sem ritos, exclusivismos ou preconceitos de
qualquer natureza, com repercussões profundas nas massas do
povo, justamente como era o Cristianismo primitivo que, após a
morte de Jesus, organizou-se com esse caráter, sob a influência
imediata das palavras e exemplos do Condutor Divino que hoje,
como ontem, continuam presentes através de seus mensageiros
espirituais, exigindo a mesma coisa.
É preciso ter em vista que as inovações quando
altruísticas, dentro de bases nobres e justas, são indispensáveis e
fazem progredir; e estes organismos educativos e iniciáticos são
uma inovação construtiva, já bastante retardada para o
cumprimento, nos limites que puder atingir, dos ensinamentos
redentores do Divino Mestre.
E por causa disso mesmo é que, na abertura e no
encerramento de suas reuniões, os aprendizes cantam hinos e
preces de gratidão a Deus por estarem finalmente trilhando
caminhos certos no mundo das realizações espirituais
redentoras, preparando-se devotadamente para atingirem como
discípulos, o reino da paz, do amor e da felicidade eterna.
17
DESPERTAMENTO
O esforço de auto-evangelização – a garantia mais segura
de redenção individual – deve partir de uma decisão firme,
sincera, definitiva, e ser feito ao mesmo tempo com a busca de
conhecimentos referentes à evolução espiritual da humanidade,
desde seus primórdios; de como foram transmitidos pelos
missionários divinos, de geração em geração, à medida que os
homens iam adquirindo consciência de si mesmos e da conduta
a seguir, como células individuais, na comunhão dos
semelhantes; e se capacitavam para distinguir o bem do mal, o
certo do errado, o justo do iníquo.
Mas esses conhecimentos transmitidos aos homens até o
presente, sobretudo através de sacerdotes das mais variadas
seitas e religiões, não impediram que o livre-arbítrio, outorga de
maioridade, levasse ao desenvolvimento desenfreado do
egoísmo inato, das ambições de poder, de brutalidade e
dominação pessoal, que a própria diferença de valores
individuais de força física incentivavam.
Somente mais tarde, com o decorrer do tempo, vivendo e
sofrendo, errando e acertando, caindo e levantando-se, é que as
virtudes espirituais humanas foram lentamente despertando,
aproximando os homens entre si, nas primeiras manifestações do
amor universal.
Compreendido isso e vendo como estamos ultrapassando
esse primarismo, é que poderemos realizar, com mais
inteligência e eficácia, os esforços da evangelização, que o
Cristianismo Primitivo difundiu no seu tempo e o Espiritismo de
hoje reafirma e, da mesma forma, exige.
Com essa compreensão poderemos também, melhor, nos
situar, após auto-exame rigoroso, no esquema da seguinte
progressão evolutiva geral: primitivismo e instinto,
inconsciência relativa, animalidade em todas as suas formas
reminescentes; – despertamento anímico, egoísmo (amor de si
mesmo), dominação pela violência; sociabilidade precária,
tentativas de fraternização (amor para muitos); consciência
universalista e altruísmo (amor para todos), que é a meta visada
pelo Evangelho de Jesus.
A luta contra o Mal, em si mesmo e fora dele, será
vencida pelo aprendiz, utilizando o conhecimento e a vontade,
num esforço de oposição firme e deliberada, em atos e
pensamentos, aos defeitos principais do Espírito e aos vícios do
corpo orgânico, fortes resíduos da animalidade inferior.
O esforço cego, mesmo quando sincero, de melhoria,
jamais leva a resultados positivos porque é quase sempre fruto
de impulsos momentâneos, sem bases mais profundas nas almas;
não abrange a trajetória toda das tarefas evolutivas, do princípio
ao fim e fica sempre sujeito a flutuações e instabilidades.
Mas quando o aprendiz sabe que se movimenta dentro de
leis espirituais de eterna vigência, que o vêm impulsionando
desde o ato divino da Criação e continuarão a impulsioná-lo até
que atinja os mundos superiores, ficará então mais capacitado a
um esforço definitivo, consciente, no momento presente, para
que a felicidade espiritual lhe sorria o mais cedo possível, e
incentivará ainda muito mais esse esforço quando souber, como
espírita que é e, portanto, indivíduo mais esclarecido, que agora
já não haverá mais tempo a desperdiçar com negligências ou
divagações, porque este é um momento de definições espirituais
definitivas, em que já não bastam unicamente compreensão
intelectual dos problemas do Espírito e resultados de superfície,
mas atos e mudanças profundas.
E deve também lembrar-se de que para esse
despertamento espiritual, esse esforço redentor, é que Jesus
morreu na cruz, que o Evangelho nos foi legado e que a
Doutrina dos Espíritos – o Paracleto prometido – foi outorgada,
não para alguns mas para toda a humanidade, inclusive para as
centenas de milhões de retardados e maus que trabalham, nos
dois Planos, ingloriamente, contra a vitória do amor e da luz na
Terra.
20
MEDITAÇÃO
Enquanto crescem neste mundo o tumulto e o
desentendimento, por força da ambição de poder e pela busca
insensata de valores simplesmente insubsistentes, e os recursos
da inteligência e da tecnologia alimentam a guerra e não a paz,
avultam os valores espirituais configurados no Evangelho de
Jesus.
Torna-se então evidente a necessidade de serem estes
valores mantidos bem vivos e bem altos no coração dos
discípulos e dos homens de boa vontade, para que assim se
demonstre a todos onde se situam as verdades imortais, e se
possa também avaliar o quanto é meritório o esforço daqueles
que difundem esse Evangelho no mundo, com humildade,
desinteresse e abnegação.
36
REDENÇÃO PELO AMOR
Os Espíritos desencarnados trazem constantes mensagens
de libertação e promessas de vida melhor, em mundos melhores,
onde reinam amor e alegria: e pouco exigem além de amor,
vivência evangélica e respeito às leis de Deus.
Precisamos difundir essas mensagens em altas vozes para
que elas, neste turbilhão angustiante que é a vida moderna
possam ser ouvidas e analisadas.
Condensando as mensagens no slogan: “libertação pelo
amor” estaremos agindo com sabedoria.
Este slogan não conflita de forma alguma com as
necessidades da vida moderna nem foge, ao mesmo tempo, às
realidades da vida espiritual estereotipada no Evangelho de
Jesus.
Os defeitos morais e os vícios que proliferam nas almas e
se multiplicam na atualidade por toda parte, fruto de uma
civilização incoerente e desorientada, escravizam e cada vez
mais dominam os seres humanos; mas, combatendo-os com a
evangelização e o amor, nos libertaremos dessa trama
inextrincável de paixões, desenfreios de sexo, ambições de toda
espécie, brutalidades e ódios que envenenam indivíduos, nações
e povos.
A base da evangelização é o amor, caminho mais curto
para a alegria e a felicidade, de que gozam os seres mais
evoluídos.
O conhecimento dessa realidade liberta o homem e
derrota a materialidade inferior. Os Espíritos encarnados e as
casas espíritas têm hoje dois caminhos bem definidos a escolher:
permanecerem na rotina da vida comum, cristalizando-se, ou
engrandecerem-se, lutando pela finalidade principal da Doutrina
que é a redenção pelo amor.
38
DUAS FORÇAS PODEROSAS – I
Oração proferida pelo Autor por ocasião da solenidade
da passagem dos alunos da 14ª Turma da Escola de Aprendizes
do Evangelho para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, na
sede da Federação Espírita do Estado de São Paulo:
Queremos manifestar, primeiramente, a alegria com que
sempre comparecemos a solenidades como esta, quando
trabalhadores que perseveraram na preparação, vão se lançar ao
campo das testemunhações, tornando realidade os ensinamentos
que receberam, como também saudar os dirigentes e auxiliares
que, com seu devotamento, tornaram possível essa promissora
realização.
Ao invés de simples palavras improvisadas, achamos
melhor oferecer aos aprendizes que passam a servidores e aos
que se transferem para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus,
algumas considerações um pouco mais desenvolvidas sobre esta
Escola e seu passado histórico; e desejamos fazê-lo como se
falássemos a todas as turmas que por aqui passaram antes, bem
como àquelas que vierem depois desta porque, como todos nós
sabemos, os homens passam, mas as instituições, quando boas,
permanecem.
Caros Aprendizes...
Quando esta Escola se inaugurou, em maio de 1950, a
par do alvoroço causado pelo acontecimento, fizeram-se
reservas discretas, porém justas, sobre o fato de não possuírem
os homens autoridade espiritual para conferir o título de
discípulos de Jesus aos membros desta Fraternidade.
O alvoroço era natural que houvesse, por se tratar de
iniciativa, que sacudia a rotina, sempre estagnadora; iniciativa
arrojada de uma escola que fazia exigências inusitadas como
esta, por exemplo, da obrigatoriedade da reforma íntima, ou esta
outra, ainda mais rigorosa, da vivência evangélica a substituírem
as simples e costumeiras interpretações literárias dos textos e o
ritmo da vida comum, como era entendida e adotada por cada
qual.
Sobre estes pontos que já temos, aliás, procurado
esclarecer, anteriormente, e que ainda agora se reiteram no livro
O Guia do Aprendiz, desejamos acrescentar que essa
obrigatoriedade de aperfeiçoamento moral é exigência rigorosa
do próprio Evangelho, quando interpretado com objetividade,
pois ali está escrito “que os homens velhos devem transformar-
se em novos e mais perfeitos, para terem méritos de admissão ao
Reino de Deus”; e mais: “que não adianta remendar roupa velha
mas, sim, fazê-la nova”; e ainda: “que não se põe vinho novo em
odre velho”, tudo para dizer que é indispensável a transformação
espiritual para se poder evoluir.
Mas, antes mesmo destas sábias pregações de Jesus, esta
exigência já era fundamento de religiões e filosofias antigas,
altamente respeitáveis, na esteira das quais o Espiritismo veio,
como prolongamento ou remate, mas em terreno de muito maior
significação espiritual e objetividade; de objetividade sim,
porque esta é também uma singular característica do Evangelho
cristão dos primeiros dias.
E, como não podia deixar de ser, faz parte também da
dinâmica do próprio Espiritismo, quando ensina que os erros
devem ser reparados pelo amor ou pela dor, em provações
dolorosas, até o último ceitil, justamente para promover essas
transformações íntimas; como também é sabido que nos mundos
baixos da escala evolutiva essas transformações geralmente só
se operam pela dor, com esforço, sacrifício e renúncias.
Tudo isto foi dito antes e continua a ser dito agora, para
compelir os homens a reagirem contra si mesmos nos seus
defeitos, visando a conquista de padrões mais elevados de
espiritualidade.
A conquista do Reino, como se dizia antes, traduz-se
hoje como reforma íntima e o castigo do ranger dos dentes nas
trevas exteriores, entende-se agora como o sacrifício de novas
reencarnações punitivas após o próximo selecionamento da
humanidade.
Tudo isso era e continua a ser obrigatório, imperativo,
não-aleatório ou transigente, porque se se falava antigamente a
crianças-homens, fala-se hoje a homens-crianças, que ainda o
são apesar de somarem quase vinte séculos de civilização e
experiências em todos os campos das atividades humanas; é
obrigatório principalmente agora, quando há muitíssimo pouco
tempo para se arriscar em comodidades iludindo a redenção
própria; esse é o problema mais cruel, não mais passível de
contemporizações.
Se tivesse havido sistemas educativos religiosos, que
provassem bem nestes quase dois mil anos de tempo
transcorrido, certamente que resultados melhores teriam
apresentado e não estaríamos agora nesta difícil e lastimável
condição de humanidade retardada.
O Espiritismo veio justamente para sanar esta falha e,
como última religião a surgir, deve ser a mais esclarecedora.
Quanto ao título de discípulos, apesar das reservas feitas,
foi ele mantido e melhor compreendido porque realmente não se
tratava de conferir diplomas de sabedoria ou qualidades
humanas que não se podem improvisar e, às vezes, custam
séculos de esforços continuados.
A Escola é de simples aprendizes, humildes e idealistas;
não transforma a estes em discípulos, neste sentido imaginado
de hierarquia superior, mas prepara-os para isso; a eles mesmos
é que cabe, depois, fazerem-se discípulos pelas obras, pela
conduta, pelas virtudes que demonstrarem na vivência e na
testemunhação no meio social, em pleno livre-arbítrio, livre
escolha e decisão, agindo no sentido do bem, engrandecendo-se
ou, em sentido contrário, retrogradando, o que dificilmente
cremos poder acontecer em se tratando de membros de uma
Fraternidade como esta.
Os que terminam hoje sua preparação e passam a
discípulos, não tenham pois ilusões sobre títulos; nem repousem
em paz, pois que a verdadeira luta para eles realmente é agora
que começa, em mais livres porém responsáveis atividades,
porque agora não mais estarão custodiados pela Escola ou por
dirigentes humanos, mas diretamente subordinados ao Plano
Espiritual.
Se foram dignos até aqui e se prepararam, devem
confirmá-lo agora na vivência por conta própria, como acontece
com muitos outros que por aqui passaram, sendo hoje discípulos
verdadeiros, carregados de méritos.
Se, na preparação que hoje termina, venceram vícios e
maus costumes porventura existentes e se adequaram a uma
conduta padrão muito honrosa, mantenham-se nesse mesmo teor
de retidão daqui por diante, se venceram defeitos e conquistaram
virtudes, prossigam no mesmo esforço fazendo-se cada vez mais
perfeitos e evangelizados; lutem para não se depreciarem, não se
diminuírem ante si mesmos, ante aos companheiros mas,
sobretudo, ante o Divino Mestre que tanto espera daqueles que
amparou carinhosamente, para que não se desviassem, não se
enfraquecessem na luta.
Não se esqueçam também, de que todos os nossos atos,
pensamentos e palavras, são gravados indelevelmente nos
arquivos da luz etérea, para a regulagem do nosso destino após a
morte física; e também de que, se podemos facilmente esconder,
no casulo da carne, com habilidade, transgressões e desvios,
enganando ao próximo e ao mundo, a Deus não se engana, pois
que Ele está sempre presente a tudo e em tudo.
Verdadeiramente têm vocês agora, amigos, uma
alternativa decisiva e inevitável, a saber: prosseguir com Jesus,
cada vez mais aproximados d’Ele ou se deixarem novamente
envolver na trama do mundo material, desviando-se, ou na
melhor das hipóteses, retardando-se dos companheiros mais
felizes.
Essa alternativa tem hoje capital importância, às vésperas
do selecionamento cíclico bem à vista; do ponto a que chegaram
hoje é fácil prosseguir sempre por bons caminhos, mais difícil
voltar a eles quando desviados, e ainda perdendo a feliz
oportunidade de realizar um grande impulso ascensional em
suas trajetórias evolutivas.
Que jamais se possa aplicar a vocês, a qualquer de nós, a
frase expressiva que se dirige aos que falham, retroagem, por
fraqueza ou desleixo, nos momentos decisivos da vida espiritual,
frase que se refere “à porca lavada que volta ao lodo” ou ao “cão
faminto que volta ao vômito”, na figura pitoresca e simbólica do
Evangelho.
39
DUAS FORÇAS PODEROSAS – II
Duas forças poderosas, mas negativas, agem agora no
mundo, como agiram sempre, em circunstâncias semelhantes,
visando destruí-lo espiritualmente: uma delas é o materialismo
que nega a existência de Deus; julgando-a mera superstição mas
que, contraditoriamente, adota a crença vazia da geração
espontânea, pela força do acaso, outra é a ação das forças do
Mal que rondam nossas portas dia e noite, visando o mesmo
objetivo destruidor nos lares, na sociedade e nas almas humanas,
tão torturadas e vacilantes, como estão hoje, atacando-as nos
seus pontos fracos dos vícios e das falhas morais e elegendo
como alvo principal a juventude inexperiente e impulsiva, que
formará a humanidade da próxima geração e a esta hora já
também bastante atingida e necessitada de mais adequado e
direto apoio espiritual.
E esta situação dos jovens se deve, entre outros motivos,
à falta de ideais elevados e empolgantes, à ausência de
conhecimentos espirituais verdadeiros. Mas que ideal maior
podem eles desejar que esse conhecimento espiritual
impulsionador das almas para as esferas superiores da vida? Que
outro maior que não o esforço consciente, a luta consciente, para
a conquista da redenção e a superação da necessidade de novas
reencarnações punitivas? Nenhum outro se pode a este
comparar. Pois este ideal maior o aprendiz já certamente que
possuía quando aqui chegou e nesta Escola, lutando, consolidou
e desenvolveu; e agora que daqui sai como discípulo, está apto a
difundi-lo no meio social, ensinando e exemplificando e assim
provando com atos perfeitos que é digno do título que recebeu.
Se houve, há quase vinte séculos um deus-homem – o
Cristo – que sacrificou-se na cruz tornando imortais seus
ensinamentos; e houve discípulos que morreram na propagação
dessas verdades, aos discípulos de hoje cabe apenas a vivência
delas porque agora, para propagá-las, não se precisa mais
morrer, mas sim viver, mas viver com grandeza, utilizando as
mesmas armas da fé, da presença, da coragem, do sacrifício e do
desprendimento.
Tudo isso a escola ensinou e o discípulo aprendeu e deve
ter incorporado para que possa pautar por essas verdades as suas
atividades individuais; e só assim poderá dizer: realmente sou
digno do título.
É oportuno repetir agora as palavras pronunciadas nesta
mesma sala há mais de trinta anos pelo venerável diretor
espiritual da Casa – Bezerra de Menezes (que agora nos está
ouvindo) ao se dirigir aos homens vacilantes e atemorizados
ante o vulto do empreendimento que se lhes propôs quando
convocados para formar seu primeiro Conselho Deliberativo:
“Amigos, falou ele, por que vacilais em servir à
humanidade? Não tendes porventura a espada da fé e o escudo
do Evangelho? Isso não vos basta?”
Repetindo agora estas palavras queremos relembrar que
na luta que se travou a partir de então, para a implantação dos
rumos exatos das atividades espirituais em nosso Estado, e até
onde esta Casa projetou sua influência benéfica, a vitória não foi
das forças do Mal, mas sim das do Bem, como era de esperar;
foi a vitória da fé e do Evangelho a que o venerável mentor se
referia e dela milhares de nós até hoje se têm beneficiado e
assim se continuará pelo tempo adiante, porque o que se
desenrola nesta arena não é uma luta de interesses meramente
mundanos, pessoais ou sectários, mas a batalha grandiosa pelo
Bem Universal, que se desdobra sob o comando do Cristo
planetário.
Tanto em relação aos que se promovem hoje a
servidores, como aos que partem e são incluídos na Fraternidade
dos Discípulos de Jesus, essas mesmas armas bastam para
vencer, desde que haja fidelidade aos ensinamentos recebidos e
firmeza no ideal de redenção pelo Evangelho.
Repetimos também as palavras de Jesus quando, para
fazê-los enfrentar o mundo, lançou os discípulos na primeira
jornada de propagação da Palestina:
“Ide e pregai, disse; curai os enfermos, socorrei os aflitos
e levai a todas as partes a boa nova da salvação.”
Pois amigos, nada há a acrescentar hoje a estas palavras,
salvo no que se refere à liberdade de ação, que não havia antes e
existe hoje em todos os sentidos, não havendo, portanto, lugar
algum para temores ou abstenções.
O que posso pois desejar a vocês é que se façam
discípulos verdadeiros, humildes, mas fecundos em atividades
construtivas, seguindo sempre por caminhos limpos e claros, os
únicos que levam ao Reino Prometido, onde Jesus a todos nós
oferece o aconchego de seus braços generosos e as dádivas do
seu divino amor, a felicidade, enfim, que todos nós desejamos.
UM IDEAL PARA OS JOVENS
No panorama tumultuado do mundo moderno, por toda
parte os jovens se agitam, reivindicando vantagens, exigindo
reformas. Competem nas ruas, nas indústrias, nas academias,
por seus direitos, premidos pelas necessidades da vida material.
Mas não se voltam para as conquistas de bens espirituais –
(únicas permanentes e que são, justamente, o motivo principal
desta vida encarnada) – buscando fora aquilo que somente
encontrarão em si mesmos, pela auto-realização.
Todavia, nesse tumultuoso esforço de sobrevivência,
destacado lugar lhes cabe, por mais despreparados que estejam,
por mais desorientados que se encontrem no momento e por
toda parte, inclusive nas áreas dominadas pelas ideologias
materialistas.
Em nosso país o fato de centenas de jovens já se haverem
filiado ao Espiritismo, significa que já amadureceram para uma
melhor concepção de vida e melhor aproveitamento do tempo
que lhes foi marcado nesta encarnação.
E se esses jovens completarem o gesto positivo,
inscrevendo-se em escolas de iniciação espiritual como, por
exemplo, as Escolas de Aprendizes do Evangelho que se
reproduzem nas casas espíritas bem orientadas e dirigidas,
poderão conquistar, mais rápida e seguramente, uma vida mais
feliz no presente e no futuro.
Seguindo tais exemplos, se ingressarem nessas escolas,
terão abertas largas portas para esclarecimentos maiores e mais
verdadeiros sobre a vida espiritual, sem as limitações impostas
pelas religiões dogmáticas e os formalismos de filosofias vazias
de sentido construtivo, incompatíveis com as exigências do
momento histórico que vivemos, neste fim de ciclo evolutivo.
Ao termo da formação os jovens tornar-se-ão membros
das legiões sucessivas de cristãos verdadeiros que, ano por ano,
se vêm formando, passando a pertencer à Fraternidade dos
Discípulos de Jesus, com vasto campo de ação consciente e
produtiva no serviço ao semelhante.
Contra a juventude trabalham forças maléficas e
traiçoeiras vinculadas aos programas de envolvimento da Terra
pelas forças do Mal; e estas têm alto interesse na desorientação
dos jovens, que serão amanhã o governo do mundo, mas que
podem, desde já, intervir nos lares, nas escolas e na sociedade
em geral, disseminando sementes negativas de protestos,
rebeldias, desordens, violências, amoralidade, concorrendo
assim, fortemente, para a progressiva degradação da
humanidade.
Encarnam hoje grandes levas de Espíritos que
permaneceram séculos privados de reencarnação, por
recalcitrância anterior em se conformarem com as leis de Deus e
que hoje, como encarnados, a coberto de leis pacíficas e liberais,
poderão redimir-se, reintegrando-se novamente no caminho da
ascensão espiritual interrompida e assim resgatando pesados
débitos do passado criminoso.
A juventude moderna já está grandemente contaminada
pela generalização de vícios destrutivos como, por exemplo, o
fumo, o álcool, as drogas, o sexualismo mórbido e também de
ideologias ateístas, que só podem levar a maiores retardamentos
evolutivos.
Certamente que não ficarão órfãos da proteção divina em
futuro indefinido, mas sua recuperação atual é tarefa árdua e
demorada de governos e particulares, pois carecem de
confinamento, de assistência assídua e, sobretudo, de recursos
afetivos que, somente famílias bem organizadas e moralizadas
poderão prestar, em condições normais.
Se a juventude compreender que as medidas de protesto
e as reações a que se entregam só podem levar à própria
destruição; e se, em conseqüência, os jovens tiverem dignidade
suficiente para voltarem as costas aos tóxicos e outros vícios,
tapando os ouvidos às insinuações criminosas de companheiros
igualmente viciados; e se puderem aspirar a um novo rumo, a
uma vida mais feliz, por certo que se libertarão da
desencarnação prematura a que estão sujeitos e se farão seres
novos em atividades altamente promissoras.
E os ainda não-contaminados, mas padecentes do mesmo
mal de indecisão de rumos ou desinteresse pela vida, estes,
ainda mais facilmente vencerão, se se armarem de disposição
firme de lutarem pelo seu destino, contra as próprias
inferioridades e de se reformarem intimamente, lançando-se,
depois, como discípulos de Jesus e a exemplo de milhares de
outros que já o estão fazendo, ao campo tumultuado da vida
coletiva, como homens renovados, apóstolos do Bem,
mensageiros do Plano Espiritual para a difusão das práticas e
das verdades que levam à redenção espiritual, realizando assim
grandiosa e meritória tarefa.
Para essa redenção, é preciso saber, não há caminho mais
perfeito que a vivência evangélica cristã-espírita quando
devotada à propagação pelo exemplo, dos ensinamentos de Jesus
que, segundo ele mesmo afirmou, é o caminho, a verdade e a
vida, ninguém podendo ir ao Pai senão por Ele.
A juventude necessita urgentemente de apoiar-se em um
ideal forte e construtivo, acima de horizontes meramente
humanos; e nenhum ideal é maior e mais elevado que este, de
dedicar-se ao serviço do Bem, ajudando a construir na Terra,
desde já, alicerces sólidos da futura vida espiritual. Desta forma,
como fracos ajudarão fortemente o próximo, como os fortes.
Estamos na hora destas tremendas decisões e cada um
pode escolher livremente seu caminho, para as trevas ou para a
luz, para a permanência nesta humanidade sofredora e retardada,
ou para a ressurreição no reino espiritual, destinado aos
humildes e idealistas que se venceram a si mesmos.
NOTA: Este é o setor da propaganda espírita que, no
momento, necessita de mais amplos desdobramentos e mais
assíduos cuidados por parte dos líderes, dirigentes e editores,
não se esperando que as vicissitudes nos empurrem, mas
antecipando-nos aos acontecimentos.
44
ESPIRITUALIZAÇÃO
O que acima de tudo deve interessar aos homens
encarnados é a progressão espiritual, pois que esta é a única
finalidade da vida dos seres em todos os escalões e em todos os
mundos. A espiritualização, portanto, representa o próprio
motivo da existência; e o melhor meio de consegui-la é
enriquecer a mente e dedicar-se ao Evangelho, estudá-lo,
compreendê-lo, interpretá-lo com exatidão e, em conseqüência,
vivê-lo e testemunhá-lo em todas as circunstâncias e ocasiões.
Isto não é fácil, mas esta é a luta inevitável, que depende
em grande parte de decisão, fé, vontade firme e perseverança
constante.
Espiritualização é a exteriorização, é o “vir à tona” da
centelha, isto é, do Eu interno, no esforço de sintonizar-se à
vibração universal divina, que é harmonia, luz e amor; é
sobrepor-se o homem ao mundo material purificando-se para
conquistar o direito de viver em mundos mais perfeitos.
Permanecendo na vibração baixa, inferior, própria do
mundo da matéria densa, o homem viverá como escravo desta,
pelo instinto ou pelo intelecto, não importa, mas sempre com o
espírito submerso. Entre os dois extremos haverá, naturalmente,
uma escala de progressividade, na qual se situarão todos os
seres, do inseto ao homem civilizado.
À medida que se espiritualiza o ser humano demonstra
mudanças visíveis dentro e fora de si mesmo. O homem atual
atingiu um ponto na evolução cósmica do planeta em que
qualquer esforço de melhoria que demonstre no campo moral,
trará resultados rápidos e positivos, porque o tempo da
expectação terminou e agora urge acelerar o esforço de
aperfeiçoamento.
É fácil distinguir aquele que se espiritualiza: basta ver
para onde vão e como se manifestam na vida comum, seus
sentimentos, pensamentos e atos, porque, por mais que o
intelecto venha em seu auxílio, com artifícios ou subterfúgios,
não poderá esconder o que nele predomina, a saber: a densidade
do mundo material no corpo físico e o retardamento, ou a lenta
exteriorização da centelha, em forma de luz e de amor, no
campo moral.
Diz muito claramente o Evangelho: – onde estiver a
carniça aí estarão os corvos; isto é, para onde forem os
sentimentos e os pensamentos dos homens, aí estarão seus
corações e a sua consciência, amadurecida ou embrionária e
carente de espiritualidade; e isto os classificará,
automaticamente, por si mesmos, nos paralelos norte-sul do
mundo dos espíritos.
Não há alternativas: ou se cevam ainda nas ilusões do
mundo material, ao qual se escravizam, ou se desprendem dele e
sobem na sintonia dos mundos divinos.
Este é um esforço de milênios, inúmeros dos quais já se
passaram sem que o homem atingisse tais alturas; mas o
Evangelho sempre oferece ao homem encarnado neste orbe, um
poderoso auxílio para a realização imediata da espiritualização,
desde que seja compreendido, interpretado e vivido na essência
de sua significação e do seu poder redentor.
45
VERDADES SOBRE AS ESCOLAS DE APRENDIZES DO
EVANGELHO
Estas escolas não foram criadas para estudos teóricos do
Evangelho, ou de Doutrina Espírita em sentido geral.
São uma iniciação doutrinária do setor religioso, com
base nos ensinamentos de Jesus, nas quais somente devem se
inscrever aqueles que desejem realizar, em si mesmos, as
transformações morais que o Evangelho exige nas suas
testemunhações.
Jesus, ao falar sobre essas transformações, referiu-se a
um homem novo, purificado à luz das verdades que ensinava, e
cujo substrato se configura no Sermão do Monte.
E, no mesmo estilo figurado, disse que não há proveito
em se fazer remendo em roupa velha, significando que, para
essas transformações, é preciso renovar tudo, desprezando-se
preconceitos sociais e religiosos, contemporizações, arranjos,
adaptações; é necessário tecer um tecido novo, em trama mais
resistente, para que perdure e o trabalho seja aproveitável.
A roupa velha é o homem velho, saturado de vícios e
defeitos e o homem novo é aquele que recebe o remendo
(compreensão, preparação, purificação, serviços), tudo resumido
na Reforma Íntima, que é o principal fundamento e finalidade
inarredável destas escolas.
E essas transformações não se realizam com teorias
(como temos várias vezes afirmado), com meias medidas; para
elas a regra é: o não, não; sim, sim, do Evangelho; o oito ou
oitenta, da gíria popular; ação não com palavras mas com fatos
concretos e conscientes; com mudanças internas profundas; com
sacrifícios e renúncias, e nunca com simples aparências
enganadoras.
Por isso a reforma íntima é obrigatória e não aleatória.
Depende de decisões pessoais e corajosas, no sentido de efetivá-
las rigorosamente e jamais supor que ela se possa realizar por si
mesma, ou na força das palavras dos expositores e dirigentes,
algumas vezes precisados tanto delas, como os próprios
aprendizes.
Não se pode usar o termo reforma íntima separado de sua
verdadeira e irrecorrível significação: de transformações morais.
Escolas de Aprendizes do Evangelho sem a
obrigatoriedade da reforma íntima é um contra-senso, quando
não for um subterfúgio usado para fugir a essa verdade; uma
adaptação cômoda, porém inútil; ou uma tolerância
contraproducente, porque não atinge o alvo essencial do esforço,
que é a evangelização.
Conquanto essas medidas satisfaçam porventura a
Instituições que mantêm escolas, os benefícios serão
inconsistentes e ilusórios, como a experiência tem demonstrado,
inclusive esta de ostentar número elevado de alunos; e tudo
reverte, por fim, em descrédito da Doutrina e frustração
momentânea dos programas do Plano Espiritual Superior para o
nosso meio.
A não ser que, em ressalva da responsabilidade
espiritual, se declare que a Escola em causa é de ensinamentos
teóricos e de simples interpretações do Evangelho.
Assim sendo, a situação se esclarece e ninguém se
engana, porque, neste caso, se trataria de escola de um tipo
diferente, que assim seria útil, porque no Espiritismo escolas as
mais variadas devem surgir amplamente para o esclarecimento
do maior número.
55
CUIDEMOS DA BOA PLANTA
A iniciativa da fundação da Escola de Aprendizes do
Evangelho, em 1950, tinha em vista criar um organismo de
iniciação espírita de elevadas condições, não-secreto (pois que
nada há de secreto no Espiritismo), mas de portas abertas, de
caráter popular, livre de restrições, que oferecesse ao povo
oportunidades e meios de integrar-se na Doutrina, entendê-la e
praticá-la na sua justa e verdadeira significação de cultura
espiritualizante e de realização evangélica.
Na organização do seu programa consideraram-se
circunstâncias principais:
a) O baixo nível cultural dos adeptos pertencentes, em
grande maioria, às classes menos favorecidas da sociedade e,
por isso mesmo, ainda mais merecedoras de atendimento.
b) A urgência da evangelização para todos nós, neste fim
de ciclo evolutivo, considerando também o precário nível de
espiritualização da humanidade em geral.
c) A preparação do maior número para a vivência na
Terra renovada do futuro, onde o evangelho cristão será regra e
lei.
Da forma pela qual a Escola foi organizada e programada
era de se esperar pleno êxito porque também vinham preencher
uma lacuna muito ampla no campo das realizações espíritas,
satisfazendo necessidades evidentes e anseios individuais de
todos quantos, já sensíveis ao chamamento espiritual,
encontravam-se entretanto carentes de orientação adequada no
terreno prático, do modo como realizar a evangelização.
Este período de 18 anos, da fundação até esta data, foi
um labor constante de muitos e prova que a iniciativa, em si
mesma, na maneira pela qual foi levada a efeito e nos resultados
apresentados, ultrapassou até mesmo as mais otimistas
expectativas.
Mas já agora pode-se perguntar: quais os fatores mais
determinantes desse êxito?
E a resposta pode ser esta:
1) O próprio caráter da iniciação, eminentemente
realizadora.
2) Sua base essencialmente evangélica, respeitada com
rigor e polarizada na reforma íntima individual e obrigatória.
3) A necessidade, sentida por milhares, de ingressar
numa iniciação que lhes desse orientação segura, verdadeira e
definitiva.
4) O aconchego espiritual pelo qual ansiavam muitos que
viviam desorientados, desalentados, em penumbra de crença e
solidão espiritual.
5) O ideal nascente que empolgou a todos, dirigentes e
aprendizes, desde os primeiros dias do lançamento da Escola, de
evoluir mais depressa, espiritualizar-se, engrandecer-se,
sobrepondo-se às misérias do mundo e à própria inferioridade.
6) Porque foi a tábua da salvação para milhares de
náufragos.
7) Todos estes fatores, fundidos num só impulso ou
sentimento; uma mística, um ideal pronto a ser realizado e
impossível de obter-se, tão amplamente, fora de uma religião
racional e popular como o Espiritismo.
Este é pois o fundamento da iniciativa e a natureza
essencial da Escola; e tirando-se a ela esta feição mística de
autotransformação íntima e auto-redenção, sobrará somente um
organismo mecanizado, frio, pobre de expressão, mas,
contrariamente, velando-se pela sua permanência, a coberto de
modificações aventurosas, por melhor intencionados que sejam;
assim se fará o trabalhador digno do seu salário, cabendo-lhe
ainda a esperança de novas e gloriosas tarefas, segundo a
promessa de Jesus quando disse que aquele que é fiel no pouco
sê-lo-á no muito.
60
O VALOR DA INICIAÇÃO ESPÍRITA
O Espiritismo é doutrina que alterou o conhecimento
religioso no ocidente porque, efetivamente, esclarece as almas,
abre caminhos novos, limpos e claros, na desordem e na
desorientação; cuida da evolução dos adeptos sem ritos e
exterioridades inúteis.
Alterou a cultura religiosa, influindo, assim, na formação
social. Influiu até mesmo na existência das seitas paralelas e de
inferior significação, algumas de cujas alas já se vão desviando
para práticas mais perfeitas, compreendendo melhor o
mediunismo, criando cursos de desenvolvimento, adotando
conceitos mais verdadeiros como, por exemplo, o do carma, que
grandemente influi no comportamento individual.
E essa movimentação esclarecedora do povo em geral se
deve em grande parte à criação de cursos de desenvolvimento
mediúnico e de escolas de evangelização.
Olhando a sociedade humana como se apresenta hoje,
podemos ver, de um lado, o materialismo frio e incrédulo, que
nega a existência do próprio Criador, atribuindo à vida e tudo o
que lhe concerne, a meras circunstâncias ocasionais, ou à
mágica evolução da própria matéria; de outro lado, religiões
dogmáticas superadas e decadentes, e seitas e cultos primitivos
sem finalidades e conseqüências construtivas em esferas mais
elevadas.
Por todos os lados, aridez, prevalência de individualismo
egoísta e desdobramento de paixões e de impulsos humanos
menos dignos.
O Espiritismo veio como doutrina libertadora do
pensamento até determinado ponto, mas com a finalidade
altíssima de reavivar nas almas os princípios morais que
dignificaram o Cristianismo Primitivo; seus adeptos, por
conseguinte, devem ser mais amadurecidos nos conhecimentos,
nos sentimentos e possuidores de um ideal mais puro e elevado
na vivência entre seus semelhantes.
Estas são as qualidades que distinguem os adeptos
verdadeiros dos curiosos e comodistas que somente se aprazem
com ritos e superficialidades e que fogem ante responsabilidades
e esforços de melhoria interior, que esses conhecimentos exigem
dos adeptos.
Entre esses conhecimentos e realizações as mais altas
expressões são as do campo da evangelização pela reforma
íntima, na forma estabelecida pela Escola de Aprendizes do
Evangelho que opera nas almas as transformações morais
indispensáveis à vivência e à exemplificação cristãs, os
aprendizes sendo mais que simples adeptos, mas verdadeiros
discípulos e porta-vozes do Divino Mestre na Terra.
Mas essa grandeza não lhe é dada de graça, pois que
exige luta árdua e demorada de auto-aperfeiçoamento e
purificação, luta constante dia por dia, hora por hora, eliminando
defeitos, destruindo vícios, certos de que não há, realmente,
outro caminho mais curto que leve ao Reino de Deus, senão
este.
Os que seguem e perseveram até o fim, submetendo-se
às servidões que a Escola de Aprendizes do Evangelho
estabelece, serão vencedores de si mesmos como milhares de
outros que já o fizeram antes e que se devotam, como discípulos
na vida comum, às atividades construtivas e beneméritas de
ajuda aos semelhantes na imensa seara de Jesus.
Estes constroem para si mesmos, desde já, o Reino de
Deus na Terra.
MENSAGENS E INSTRUÇÕES
12
MENSAGEM PARA A INAUGURAÇÃO DA 1ª ESCOLA DE
APRENDIZES
DO EVANGELHO DE BUENOS AIRES, ARGENTINA –
1974
Prezados Confrades Dirigentes do Centro Espírita
“Providência”:
Atendendo ao generoso convite para compartilhar da
inauguração da Escola de Aprendizes dessa Instituição, faço-o
por esta mensagem, na qual expresso, em ligeiras palavras, meu
júbilo sincero pela inspirada iniciativa, a primeira, que nos
conste, tomada em seu país e por ver como, assim, os
ensinamentos do Divino Mestre Jesus, na forma pela qual são
transmitidos pelo Espiritismo, caminham vitoriosamente,
expandem-se por toda parte, são aceitos, difundidos e
testemunhados por Servidores corajosos, fiéis e idealistas.
Todos sabemos que a humanidade deste planeta inferior,
em grande maioria afastada das luzes espirituais, vive dominada
pelas ilusões absorventes do mundo material e, qual se fosse
uma caravana imensa, caminha cegamente para abismos
tenebrosos de violência, de espanto e de dor, mais fortes que as
advertências que lhe são feitas por muitos modos, as evidências
e os sinais emitidos pela própria natureza no céu, no mar e na
terra. São os apelos do mundo, as atrações, as ambições que por
toda parte tentam os homens encarnados, surdos e insensíveis,
que desprezam inclusive os conselhos que lhes vêm do Plano
Espiritual, através de porta-vozes autorizados, contaminados
como estão de descrença, pela impotência dos credos
fantasiosos, meramente humanos, de que o mundo está cheio,
deslumbrados pelo avanço espetacular da ciência materialista,
fria, impiedosa e negativista, esquecendo-se de Deus e
desvairadamente se entregando às ilusões e prazeres transitórios,
esquecidos dos compromissos severos e irrecorríveis a cumprir e
às contas a prestar no futuro aos tribunais divinos.
Estes pobres irmãos que aceitam como única e
verdadeira a vida efêmera de um dia nada cogitam das glórias da
eterna vivência do espírito imortal. Cegos que vivem nas
sombras e, lastimavelmente, ignoram as luzes que lhes estão ao
alcance e que jorram dos céus amplamente abertos pelo imenso
amor do Cristo Redentor.
Mas nesse panorama escuro surgem luzes e claridades
representadas pelos agrupamentos humanos suficientemente
espiritualizados, dedicados ao Bem, e instituições de
benemerência, notadamente as casas espíritas,
fundamentalmente integradas nas atividades evangélicas
redentoras, que se esforçam por difundir e exemplificar, em
espírito e verdade, o Cristianismo Primitivo, num trabalho
semelhante ao de João Batista e dos Essênios, no preparo das
almas humanas para um novo advento espiritual. Se naquele
tempo a esperança era a vinda do Messias, hoje é a
popularização da vivência evangélica para a conquista de uma
vida espiritual mais perfeita, no próximo ciclo que se abre para a
vida na Terra.
Tal foi o programa que organizamos para a Escola de
Aprendizes do Evangelho da FEESP, que inspiradamente se
propuseram seguir em terras argentinas, e estamos seguros de
que se perseverarem com prudência e fé, grandes messes
colherão no seio do povo humilde, e glorificada nos céus será
sua tarefa, porque abrirão sendas novas nas trevas e nelas
acenderão claridades eternas.
Como sabem inútil se torna a filiação a credos religiosos
de quaisquer títulos se não se tem como decisão sincera e firme
o desejo de melhorar. Os templos estão cheios de freqüentadores
que absolutamente não se preocupam com tal coisa e realmente
não passam de freqüentadores. E inútil será também freqüentar
casas espíritas se não se tem no coração o desejo sincero de
reformar-se, evangelizar-se, transformando-se no homem novo a
que Jesus se referia nas suas prédicas, eliminando vícios e
defeitos morais, renovando-se, enfim, à luz dos ensinamentos
redentores.
Mas também é preciso ter em vista que o conhecimento
meramente intelectual nada resolve em definitivo e que somente
a vivência, o testemunho pessoal, após cuidadosa e persistente
preparação, pode assegurar o êxito; e considerar também que o
Discípulo não é um espírita comum que se supõe
espiritualizado, porque conhece a Doutrina Espírita teoricamente
e cita passagens do Evangelho com precisão e boa memória: é
muito mais que isso, é o Servidor idealista que se preparou
humildemente para testemunhar os ensinamentos, vivendo-os na
vida comum de todos os dias, dedicando-se ao bem dos
semelhantes; é aquele que sabe e que serve, porque ama.
Não se pode freqüentar esta Escola com a idéia frívola de
receber um título, mas para dar-se ao serviço do próximo, atingir
o grau de Discípulo e continuar a viver como qualquer outra
pessoa desinteressada da vida coletiva, do bem dos semelhantes
e dos ideais de fraternidade universal, porque as
responsabilidades crescem com o aumento do conhecimento.
Esta Escola, além disto, não é semelhante a todas as
demais que se conhece; não fornece diplomas vistosos, mas,
para os que nela entram e perseveram e lutam e vencem, há
galardões mais preciosos que abrem caminhos retos para o
coração do Divino Mestre e portas muito amplas para mundos
mais felizes nos Planos Espirituais.
É preciso saber que para ser um bom Discípulo é preciso
que cada um crie em si mesmo uma mentalidade sacrificial de
devotamento aos semelhantes, que se torne um escudo poderoso
contra a dúvida, o temor e o desânimo.
É preciso desprendimento de coisas materiais, sem se
olvidar, todavia, dos deveres comuns sociais, domésticos e de
trabalho; renúncia a conforto, desprezo a ambições; tolerância e
compreensão para os defeitos alheios; bondade inalterável para
com todos; esforços constantes para conquistar virtudes;
paciência no sofrimento, humildade nas ofensas, nas
hostilidades, injustiças, perdão ou, no mínimo, tolerância para
todos os agravos; e muito mais que tudo isso são os deveres dos
Discípulos.
O estatuto da FDJ, aliás, é o Sermão do Monte, que é o
substrato do Evangelho, conquanto seja óbvio que não se pode
atingir tais perfeições num simples curso de preparação, por
melhor que seja, nem mesmo numa só vida encarnada, por mais
operosa que seja; mas lutar pela perfeição, isso sim se pode
exigir de todos os Aprendizes e Discípulos.
Importante também é não esquecer que a exemplificação
começa nos lares onde o Aprendiz, seja qual for sua posição,
passa a ser elemento de estabilidade, equilíbrio, acomodação,
harmonia e esclarecimento. Por seu intermédio é que se poderá
manter ali o fluxo das luzes e das bênçãos celestes, das quais é
ele também o polarizador responsável em grande parte.
Tudo isso é preciso dizer para que não haja ilusões,
decepções e para que os que batem às portas possam fazê-lo por
inteiro livre-arbítrio, plena consciência e sinceridade de
propósitos.
Nesta Escola o ensino doutrinário teórico, conquanto
necessário, não é preocupação de maior monta, nem exige
apurações escolares em exames, porque o fundamental é a
reforma moral que, esta sim, deve merecer todo empenho dos
diretores, para que seja devida e rigorosamente apurada.
Para essa verificação o sistema de cadernetas pessoais
pode ser considerado proveitoso, assim como outras medidas
semelhantes, mas tudo isso, repetimos, será de resultados
ilusórios se os Aprendizes não tomarem consigo mesmos a
decisão sincera e firme de melhorar, eliminando vícios e
defeitos, os primeiros em tempo curto, pois que dependem
unicamente da vontade pessoal, e os últimos, somente após
tempo mais ou menos longo, segundo o caráter moral, o
devotamento, o grau de avançamento espiritual de cada um.
Milhares de irmãos nossos se perdem nos caminhos
escuros do mundo, porque batem às portas dos que têm pouco
para dar, no sentido construtivo, e milhões também se desviam
porque se satisfazem com exterioridades, rituais que os isentam,
segundo pensam, de esforços e sacrifícios incômodos, havendo,
também, outros tantos que ainda não foram tocados pela
ansiedade da espiritualização, a todos estes, pois, faltando
orientação adequada e impulsos internos de mudança de vida.
Mas é certo e fora de dúvida que todos aqueles que
edificam sua vida nas bases espíritas, que são as da
evangelização, esses subirão depressa os degraus que levam a
mundos melhores. E os Aprendizes desta Escola não
encontrarão dificuldades em prosseguir nos caminhos retos que
escolheram porque a conduta rigorosamente evangélica não é
sujeita a erros e perdas de tempo e abre janelas muito amplas
para a assistência espiritual vinda do Alto.
Desde o primeiro dia serão ajudados amplamente e em
todos os sentidos pelos benfeitores espirituais, para que tenham
completo êxito nesse meritório esforço.
E possam eles em tempo breve se transformar em
Discípulos operosos de Jesus, tornando assim sua atual
encarnação plenamente benéfica e altamente proveitosa.
Estes são os votos que fazemos, olhos postos no futuro,
pelo bem dessa comunidade.
23
MENSAGEM PARA DIRIGENTES DE TURMAS – 1975.
Adotar o Espiritismo como crença pessoal é um acertado
passo na senda evolutiva.
Como espírita, de qualquer grau de compreensão,
inscrever-se na Escola de Aprendizes do Evangelho, eis um
segundo passo, mais largo que o primeiro, um avanço maior no
caminho que leva ao progresso espiritual.
Obtido bom aproveitamento na Escola e transferido o
Servidor para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, isso
representa um ponto já bem alto na caminhada espiritual, desde
que, bem entendido, como Discípulo se disponha a iniciar sem
demora a vivência evangélica independente, desenvolvendo
labores de exemplificação no meio social, segundo programa
próprio, ou em sentido de colaboração criativa.
Finalmente, como Discípulo, ser indicado para exercer a
tarefa de Dirigente de turma na mesma Escola, isso se torna uma
complementação honrosa, uma oportunidade magnífica de
acelerar o aprimoramento, desde que, também, bem entendido,
preste boas contas nesse nobilitante cargo.
Pode-se encarar essa tarefa como um desafio e como um
teste; desafio, porque o Discípulo põe à prova sua capacidade
formadora e condutora de almas; e teste porque mostra como
aproveitou realmente o conhecimento recebido na Escola, e se a
reforma moral ali realizada foi obtida em profundidade,
tornando-se assim digno de maiores encargos no futuro.
Para o bom desempenho dessa tarefa convém ter em
vista o que foi publicado no nº 7 de O Trevo – jornal da Aliança
–, onde foram enumeradas em 6 itens as qualidades necessárias
a um bom Dirigente. Logo no preâmbulo foi dito que o
Dirigente é o pivô em torno do qual giram a assiduidade, o
interesse pelo estudo, o esforço da Reforma Íntima, a
perseverança nesse esforço e o aproveitamento geral do
trabalho, que é o mesmo que dizer tudo isso em resumo.
Examinemos, porém, mais detalhadamente esses itens:
1) Capacidade de comunicação com os Aprendizes: Se o
Dirigente for uma simples figura de proa, inerte e pomposa,
nenhuma boa influência exercerá na vida da classe. Isso quer
dizer que o Dirigente não deve abster-se, isolar-se, omitir-se,
limitando-se à rotina de “presidir a reunião”, mas, sim, penetrar
em todos os assuntos internos e externos que se relacionem com
o processo de iniciação dos Aprendizes, fazendo-se árbitro dos
problemas, tornando-se útil em todos os sentidos.
O mesmo preâmbulo diz que o Dirigente faz a turma;
bom Dirigente significando bons resultados finais do trabalho
comum.
Isto quer dizer que é importante a presença do Dirigente,
seu modo de agir, suas qualidades de líder, de condutor, mas,
sobretudo, importante sua capacidade de exemplificar, pois ele é
a imagem viva do indivíduo espiritualizado que a Escola tem em
vista formar em grande número.
O aprimoramento do Aprendiz não advém somente dos
ensinamentos que recebe, mas das transformações morais que
estes promovem no seu íntimo e que são as mesmas que o
Evangelho exige. O Dirigente é o exemplo vivo dessas
conquistas espirituais, que nele se refletem como num espelho, e
isso tanto na vida escolar, como na social e na doméstica,
porque a Escola prepara em todos os sentidos, para todas as
circunstâncias.
2) Boa integração nos conhecimentos doutrinários e,
sobretudo, nas finalidades essenciais da Escola:
Não será bom Dirigente aquele que não conheça bem a
Doutrina, porque os Aprendizes vêem nele uma fonte rica de
conhecimentos, de esclarecimentos, respondendo perguntas,
dirimindo dúvidas, solucionando problemas conscienciais, tudo
com base no que a Doutrina ensina e a Escola tem como
finalidades fundamentais.
No mesmo preâmbulo também se diz que para ser um
bom Dirigente não basta a boa vontade, sendo preciso ter
qualidades especiais e preencher determinadas condições. E isto
é evidente porque ele ocupa uma posição, como já dissemos, de
liderança intelectual e moral e, sem essas qualidades, a boa
vontade sozinha não prevalece, porque não assegura bons
resultados no esforço a dispender pelos Aprendizes.
3) Vida limpa, inatacável, doméstica e social:
Se não tiver essas qualidades, que condições terá para
formar ou corrigir caracteres e guiá-los no aprimoramento
espiritual? Que autoridade moral terá para orientar, aconselhar,
indicar o melhor rumo?
4) Objetividade, facilidade de expressão verbal e
capacitação pessoal no campo da Reforma Íntima:
O Evangelho é ação pura, simples e direta, sem
subterfúgios, enganos ou acomodações; portanto, o que se
ensina deve ser também direto, simples e verdadeiro, utilizando-
se palavras apropriadas, claras e compreensíveis.
A nebulosidade ou o subentendimento, próprios, de
algumas filosofias, não se compatibiliza com a vivência
evangélica. Jesus mesmo ensinou dizendo que o falar deve ser
sim, sim, não, não.
Esta tarefa, por outro lado, deve ser executada por quem
tenha sido penetrado do idealismo que a Escola ressuma, irradia
e, preferentemente, tenha cursado a Escola e ingressado em
condições na Fraternidade dos Discípulos de Jesus.
5) É vedado ao Dirigente alterar os programas da Escola
e as suas finalidades evangélicas:
Qualquer alteração, divagação ou desvio literário ou
doutrinário traz confusões, perda de tempo e inutilidade para o
fim que se têm em vista, que é: preparar trabalhadores
evangelizados e aptos à difusão do Evangelho no campo social e
nos corações; e os programas da Escola foram organizados
justamente nesse sentido.
6) Sensibilidade didática para manter o interesse e a
progressão do esforço da Reforma Íntima:
Isso é importante porque, apesar de reduzidos, os
programas são substanciais, e a monotonia deve ser evitada o
mais possível. É preciso ter inalterável o interesse dos
Aprendizes, tanto para as exposições teóricas, como,
principalmente, no esforço de Reforma Íntima. Isto requer
amenidade e clareza nas exposições, evitando prolixidade, o que
exige preparação aprofundada da matéria a expor.
O sistema de perguntas e respostas deve ser
sistematizado com clareza e proficiência, objetivando o ensino o
mais possível, com freqüentes estímulos e sempre aplicada a
criatividade direcional.
O artigo que vimos comentando termina por declarar que
qualquer falha ou ausência de expositores o Dirigente suprirá,
quando for apto e bem integrado na tarefa, compensando assim,
de uma ou de outra forma, a falta ou ausência e,
conseqüentemente, evitando prejuízos e atrasos no
aproveitamento dos Aprendizes.
Ao encerrar esta mensagem devemos dizer que o tipo
ideal de Dirigente aqui descrito nem sempre se pode obter,
sendo necessário recorrer a substituições muitas vezes
medíocres, inadequadas ao duplo fim do ensino, porque, se a
parte teórica, simplesmente complementar, prevalecer, por ser
mais facilmente substituível, o prejuízo será do setor
fundamental, mais importante, que é o da Reforma Íntima, que,
em grande parte, depende da atuação, do auxílio e da capacidade
pessoal do Dirigente da turma.
GUIA DO APRENDIZ
ENUNCIADOS
1º) Não pode haver redenção, isto é, libertação espiritual,
sem as transformações morais que levam à eliminação de vícios
e defeitos e à aquisição e desenvolvimento de virtudes cristãs;
2º) A Escola de Aprendizes do Evangelho visa
exclusivamente esses altos e fundamentais objetivos;
3º) Essas transformações se operam com a reforma
íntima, da qual a vivência do Evangelho de Jesus é condição
essencial.
4
A INICIAÇÃO ESPÍRITA
Essa situação refletia-se no Plano Espiritual ligado à
direção do planeta, sobretudo na parte referente ao nosso País,
dada sua anterior destinação, como núcleo da futura
espiritualização do mundo.
Para impulsionar o movimento doutrinário nesse rumo,
realizar esse trabalho de forma objetiva, em caráter iniciático e
aberto ao povo em geral, criou-se, então, na Federação, uma
Iniciação Espírita em três graus ou estágios sucessivos e
complementares, inspirada na situação existente na Palestina ao
tempo de Jesus e na Fraternidade Essênia, que foi o elemento
espiritualmente organizado que lhe deu franco e decisivo apoio
em sua transcendente missão redentora.
A História, mas sobretudo as revelações que têm vindo
pelos canais mediúnicos, em nosso País e no estrangeiro,
informam detalhes pouco conhecidos dessa jornada inolvidável
que culminou com o sacrifício cruento da cruz e do qual o
Evangelho emergiu como luz para o futuro do mundo.
Examinando bem as coisas e em humilde analogia,
verificamos que nesse tempo, os que se apresentavam a Jesus,
sem aspirações bem definidas, eram acolhidos como aprendizes,
sem compromissos de trabalho efetivo; permaneciam junto
d’Ele ou periodicamente se aproximavam, limitando-se a ver,
ouvir, aprender, formando o agrupamento conhecido como “Os
quinhentos da Galiléia”, grupo esse que se reduziu a setenta e
dois quando se configurou e se tornou patente a má vontade do
clero judaico.
Aos membros desse grupo reduzido, que demonstravam
maior compreensão e fidelidade, Jesus atribuía tarefas menores e
fornecia conhecimentos de caráter geral religioso e, em certas
ocasiões, permitia que acompanhassem os discípulos mais fiéis
em suas andanças pelo país. Dava-lhes instruções que deixavam
clara a necessidade da testemunhação. “Ide e pregai”, dizia-lhes,
mas acrescentava: “curai os enfermos, consolai os aflitos, afastai
os Espíritos malignos, dai testemunho de Mim”, indicando-lhes
que a propagação não se faz somente com palavras.
Já prestavam, portanto, serviços efetivos, colaborando na
propagação das verdades espirituais, como verdadeiros
servidores.
Esse grupo, à sua vez, reduziu-se a doze, quando se
concretizaram as ameaças do Sinédrio, cujos delegados
interferiram nas pregações com interpelações, protestos e outros
meios coercitivos.
A estes últimos Jesus consagrou como apóstolos –
mensageiros – alterou-lhes os nomes, confiou-lhes
conhecimentos mais aprofundados, outorgou-lhes faculdades
psíquicas, revelou detalhes mais importantes sobre sua pessoa,
sua missão redentora, sua hierarquia espiritual e seu destino, ao
término da tarefa, da qual os considerava autênticos porta-vozes
Seus.
Os mesmos doze, alguns dos quais ainda vieram a
fraquejar nas horas difíceis dos testemunhos, nos momentos
dramáticos da prisão e da crucificação.
Os mesmos, vários dos quais, após a retirada do Mestre,
permaneceram inativos, desalentados, por mais de dez anos, até
que despertassem para as responsabilidades da propagação,
como testemunhos vivos, e se lançassem ao trabalho,
dispersando-se pelos países vizinhos ou remotos, do mundo
então conhecido, e onde, em sua maioria, sofreram e morreram
nas tarefas piedosas e dignificantes.
10
INICIAÇÃO SEM ESCOLA
Para aqueles que não têm possibilidades de freqüentar
escolas desse tipo, sobretudo vivendo em lugares onde elas não
existem, o problema poderá ser resolvido com a AUTO-
INICIAÇÃO, isto é, cada um realizando seu próprio esforço
com os recursos que tiver à mão.
Para isso há duas soluções melhor aplicáveis:
Primeira solução
As escolas já existentes, como, aliás, já foi previsto na
organização da Escola de Aprendizes do Evangelho,
promoverão Cursos por correspondência, com instruções
pormenorizadas e metódicas, enviadas aos interessados pelos
meios normais conhecidos, encarregando-se também da
apuração dos resultados nas épocas próprias.
Segunda solução
Onde quer que residam, os interessados em realizar esse
dignificante esforço de melhoria íntima – libertar-se da
ignorância religiosa e dos enganos retardadores da vida material
– poderão promover sua auto-iniciação da seguinte forma:
1) Assumirão perante Jesus, diretamente, o compromisso
firme e sincero de se reformarem, solicitando ao mesmo tempo
que benfeitores espirituais desencarnados possam vincular-se ao
seu intento, auxiliando-os e inspirando-os a bem agirem nas
diversas etapas do empreendimento.
Farão duas ou três concentrações sucessivas, com hora
marcada, durante as quais se abrirão para o mundo espiritual, até
que se sintam penetrados da certeza de que foram atendidos e
estão em condições de iniciar seu esforço;
2) Organizarão em seguida um plano de ação pessoal,
levando em conta sua posição social, condições gerais de vida,
compromissos domésticos e possibilidades de tempo disponível,
de forma a realizar seu esforço sem criar reações ou prejudicar
quem quer que seja;
3) O plano abrangerá as duas partes já referidas – teórica
e prática – como segue:
a) Estudos e meditações progressivas e metódicas dos
conhecimentos teóricos da Doutrina, que podem ser obtidos pela
leitura das obras da Codificação Espírita, de Emmanuel, André
Luiz e de outros autores conhecidos;
b) Caso não disponham de tempo e facilidades, poderão
adquirir a obra Iniciação Espírita, existente para isso mesmo,
contendo noções desses conhecimentos destinados aos
principiantes;
c) Praticagem das regras constantes deste Guia do
Aprendiz para o 1º grau da Escola de Aprendizes, versando
sobre combate aos vícios, maus costumes, maus sentimentos,
repressão às más tendências e defeitos morais.
Com persistência e força de vontade lutarão nesse
sentido durante dois anos, anotando em sua caderneta tudo
aquilo que conseguirem realizar; darão então um balanço nos
resultados e na sua posição atual, concluindo por si mesmos
sobre a passagem para o segundo grau.
Novamente se dirigirão ao Divino Mestre em
concentrações diferentes, abrindo-se, como na primeira fase,
para as inspirações do Alto. Se se esforçaram e eliminaram os
vícios e modificaram o trato com seus semelhantes, certamente
poderão passar ao grau de servidores, no qual prosseguirão no
combate às falhas ainda existentes e aos defeitos morais que,
então, passarão a ser combatidos com redobrado vigor.
Ao mesmo tempo iniciarão a parte mais importante da
reforma, que é a prestação de serviços aos semelhantes em
geral, não uma vez ou outra, de forma aleatória, mas como regra
de procedimento habitual, no ambiente doméstico, no social e no
de trabalho e por todos os meios ao seu alcance, inclusive por
meio de preces e concentrações em benefício de necessitados,
conhecidos ou não.
Esse trabalho deve ser realizado com discrição, sem
alardes, para evitar reações contrárias ou interferências
exteriores, que podem prejudicar seu aprendizado.
Poderão, como medida acertada e útil, organizar o
trabalho de “Evangelho no Lar”, que pode interessar e beneficiar
aos próprios familiares e conhecidos que demonstrem desejo de
participação. Essa reunião poderá com o tempo transformar-se
em uma sólida base de trabalho efetivo em benefício de muitos
necessitados, dali se irradiando para lugares afastados.
Após dois anos desse segundo esforço e balanceados os
resultados como já mostramos, alcançados no próprio íntimo e
no setor das testemunhações, voltarão os aprendizes às
concentrações de consulta ao Plano Maior, em busca de
inspirações para novos avanços espirituais, neste caso para saber
se estão ou não em condições de encerrar suas atividades como
servidores, passando ao grau de discípulos.
A aprovação para isso será: terem combatido com bons
resultados os defeitos morais ou, no mínimo, os terem reduzido
de forma evidente e profunda; e terem integrado sua nova
formação espiritual no conceito do amor universal.
Se a resposta que receberem for afirmativa, dirigir-se-ão
mais uma vez a Jesus, para reafirmar sua fidelidade ao serviço
do Evangelho, prometendo dedicar-se daí por diante,
definitivamente, à sua propagação e testemunhação.
Isso obrigará os servidores a um desdobramento de
programas e atividades com uma atuação permanente e
definitiva, para a qual, aliás, já possuem um bom cabedal de
experiências, conhecimentos e condições íntimas. A essa altura
já se fizeram verdadeiros espíritas e verdadeiros cristãos,
podendo contar com amplas aberturas no Plano Espiritual e
auxílio poderoso da parte dos benfeitores espirituais, que lhes
custodiaram e ampararam os esforços realizadores.
Se, em todo esse tempo de aprendizado, puder haver o
concurso de médiuns, tudo será facilitado, principalmente o
intercâmbio com os Espíritos desencarnados, com os protetores
espirituais e os atendimentos de necessitados – desde que, bem
entendido, os médiuns possuam realmente qualidades
inspiradoras de confiança, o que pode ser verificado, desde o
início, pelos resultados do trabalho deles e as conseqüências que
dele decorrerem, pois que pelos frutos se conhecem as árvores.
Se, porventura, surgirem dificuldades insuperáveis de
soluções por conta própria, ou não tiverem os interessados
capacidade para organizar sua auto-iniciação, é de todo
conveniente solicitarem, pessoalmente ou por escrito, instruções
a escolas já existentes das quais tenham conhecimento, ou
diretamente à Aliança Espírita Evangélica.
O esforço de reforma íntima, é bom esclarecer, deve ser
executado com todo rigor possível, sem transigências com
comodidades e preconceitos de qualquer ordem, sem prejudicar,
como já dissemos, os deveres comuns domésticos, sociais e de
trabalho, mas, muito ao contrário, exige que estes sejam
realizados ainda com maior perfeição, exatidão e boa vontade.
Nas cidades onde houver um grupo que deseje realizar o
esforço por conta própria, as facilidades serão maiores e, nesse
caso, o mais capacitado e que inspire mais confiança será o
dirigente.
Nota: Nada impede que a reforma íntima seja realizada a
título precário por indivíduos isolados ou em grupos, quando
não existam escolas apropriadas, porque evangelizar-se é um
direito de todos; e pontos de vista, preconceitos ou
exclusivismos, mesmo quando partidos de organismos
direcionais, não devem servir de obstáculos a tão necessária e
urgente realização popular. Não podendo ou não desejando
levar-lhes o conhecimento, devem, no mínimo, dar-lhes
assistência e orientação dessa maneira.
11
COMENTÁRIOS FINAIS
1) Com o Velho Testamento os homens reverenciavam a
Deus poderoso e punitivo que, nos salmos e nas profecias, fazia-
se presente às atividades humanas de forma objetiva; mas com
Jesus abriram-se novos horizontes iluminados pelo amor, pela
esperança e pela certeza de uma vida mais feliz, nos reinos
espirituais.
2) Agir pelo Bem é como amealhar tesouros que
reverterão em nosso próprio benefício, quando deles
necessitarmos. Assim, nos celeiros de Deus, acumulamos
recursos de vida feliz para a eternidade.
3) Obedecer às leis de Deus em tudo e sempre, eis a
sabedoria maior. Aqueles que ouvem e esquecem, constroem na
areia casas efêmeras que facilmente desmoronam; mas os que
são fiéis às leis, plantam alicerces firmes e jamais ficarão ao
relento; assim são edificações argamassadas com o amor
conforme Jesus ensinou, e que são eternas.
4) Conforme disse um autor inspirado, a alma do
discípulo é como um reduto sitiado por forças hostis, que
buscam, infatigavelmente, abertura por onde penetrar; mas a
vigilância constante, pela comunhão espiritual e o coração limpo
de maldades, representam defesas invencíveis.
5) Conservar a confiança em Deus e prosseguir corajosa
e persistentemente, nos caminhos traçados para a
espiritualização própria, eis a atitude dos que querem vencer,
pois que as dúvidas e as vacilações retardam a marcha, fazem
perder tempo e são fontes perenes de sofrimentos evitáveis.
6) Manter o bom ânimo e a alegria é condição importante
na luta pela espiritualização, porque a inquietação e o temor
causam grande dano, enfraquecem a alma e a isolam das forças
protetoras. A alegria espanca as sombras, dá forças e restaura o
equilíbrio psíquico.
7) Recebam com amor a todos os que os procurem,
porque a muitos podemos dar alguma coisa de nós mesmos e
bom será que os necessitados guardem desses encontros
lembranças favoráveis. De tudo o que dermos receberemos de
volta, centuplicadamente, bênçãos e graças de eterno valimento.
8) Nunca suponham os aprendizes serem demasiadas as
tarefas recebidas, pois que, se as receberam, é que poderão
suportá-las, porque a força do Divino Mestre reside em nós
quando agimos em seu nome e também porque Deus, como
disse um venerável instrutor, “quando põe sobre nossos ombros
uma carga pesada, nos ajuda a sustentá-la com seus próprios
braços”.
9) Mesmo em meio às maiores dificuldades, privações e
fracassos, a presença dos seres amados traz conforto e estímulo.
Assim também deve ser em relação ao Divino Mestre: sabendo
que Ele estará sempre com seus discípulos, isso conforta,
estimula e traz alegria e paz de espírito.
10) “Buscai primeiro o reino de Deus e sua Justiça...”
Não se deve buscar com ansiedade os bens do mundo,
porque são transitórios e efêmeros.
Nos mundos inferiores os homens buscam, em primeiro
lugar, as coisas materiais, e só em certas circunstâncias as do
espírito. Mas as primeiras são nos dadas por Deus segundo
nossas necessidades de momento e conveniências encarnativas,
ao passo que às últimas cabe a nós conquistá-las, aperfeiçoando-
nos espiritualmente, para a vivência eterna.
“Cuidai das coisas do espírito que das materiais
cuidaremos nós” dizem os benfeitores espirituais, duma forma
alegórica, para nos advertirem dessas verdades.
11) “Não importa que choremos de noite – afirma um
instrutor espiritual – se as alegrias voltam pela manhã com as
luzes deslumbrantes de sol”. Essa é a chama da esperança que
não morre e o estímulo para a retomada infatigável dos esforços
da ascensão para Deus.
12) Não nos atemorizemos com as dificuldades da vida,
pois que elas são de todos os que vivem. Do alto de um morro,
donde enxergamos um vasto horizonte, como nos lastimarmos
das canseiras da subida? Agradeçamos, isso sim, a visão das
metas, para as quais caminhamos, pois que, se as vemos, é
porque já estão mais próximas. Igualmente rejubilemo-nos com
os sofrimentos do passado, porque através dele é que nos vieram
as experiências e a sabedoria que nos trouxeram até aqui onde
estamos.
13) Para os que lutam bastam as preocupações e o peso
das horas de cada dia. Se juntarmos a isso preocupações sobre o
passado e o futuro não agüentaremos a carga. Por isso mesmo é
que Deus cerra aos encarnados a cortina do tempo.
14) O que se pede a Deus certamente que se recebe desde
que seja coisa justa, e nestes mundos inferiores, há muita coisa a
pedir para suportar a vida que neles se leva; mas o esforço
próprio deve preceder o pedido porque, na vida espiritual, quase
tudo deve ser conquistado e não solicitado.
15) A compreensão do verdadeiro sentido do Evangelho
só se obtém com o amadurecimento do Espírito. Com a
compreensão surge na alma o ideal do aperfeiçoamento, da
espiritualização, e o aprendiz torna-se apto a realizar a reforma
íntima com perseverança e sinceridade.
A reforma não é um título que se receba, mas uma
transformação que se opera no mais íntimo da alma, visando a
libertação dos tormentos, misérias e temores da vida inferior e a
ascensão para mundos melhores, mais altos e perfeitos.
Desenvolver esse ideal e criá-lo nas almas que ainda não
o possuem, essa é a verdadeira finalidade da Iniciação Espírita.
Entender de outra maneira é cometer erro paralisante do
movimento ascensional, retardar a evolução de milhares de
almas irmãs, para as quais o Divino Condutor mantém abertas as
portas do seu Reino; porque foi justamente para isso que semeou
no mundo os insuperáveis ensinamentos do seu Evangelho
redentor.
Ao encerrar este trabalho convém ainda perguntar:
P – Como consolidar a Fraternidade dos Discípulos de
Jesus e a Escola de Aprendizes do Evangelho, bases
fundamentais da iniciação?
R – Conservando e aperfeiçoando, mas não modificando
levianamente: a) a característica religiosa predominante; b) a
filiação evangélica operante não somente interpretativa; c) a
finalidade fundamental redentora do trabalho; d) a
obrigatoriedade do esforço de reforma; e) a formação cuidadosa
de expositores e dirigentes que, preferentemente, devem ter
passado pelos mesmos graus de acesso; f) a multiplicação das
escolas nas mesmas bases e finalidades.
Se isso for feito, grandes serão os frutos do trabalho
comum e o Brasil virá a ser, realmente, a pátria do Evangelho e
a Doutrina dos Espíritos alcançará seus alvos redentores,
configurados no binômio: amor e sabedoria.
12
TRANSCRIÇÕES
Do opúsculo citado Para os Aprendizes do Evangelho
transcrevemos aqui os capítulos seguintes que, inteiramente, se
integram e completam este trabalho.
O mundo interno
Em todos os casos, sejamos ignorantes ou sábios,
retardados ou evoluídos, tudo o que se faz a Lei registra, e nada
escapa à sua surpreendente flexibilidade. No esforço de
esclarecimento próprio, ler, interpretar, colaborar na divulgação
da Doutrina, obter conhecimento teórico, tudo isso é fácil;
oferece atrativos e até causa deleite, porém só vale o que se
passa no íntimo.
O mundo interno é que é o nosso mundo. Não vivemos
para solucionar os problemas do Universo, porque estes já estão
desde sempre solucionados por Deus. Nosso problema é a
questão evolutiva, o desenvolvimento do Eu individual. Porque
há um céu interno, feito de valores divinos, que devemos
revelar, exteriorizar, se bem que, muito ao contrário, o que
sucede é que os homens mais se devotam às coisas exteriores,
preocupando-se com problemas inúmeros, pertencentes quase
todos à criação divina e, portanto, já elaborados e solucionados,
desde sempre, por Deus.
Esses problemas exteriores, para que se os conheça basta
que se lhes dê atenção, que se os estude, utilizando-se da
inteligência e, nesse esforço, mesmo quando se descubra coisa
nova, nada mais se faz que penetrar em terreno já conhecido
antes, já existente antes, unicamente ainda desconhecido para
nós. Mas o campo interno, esse precisa ser edificado por nós,
realizado e revelado por nós mesmos; esse é que é o nosso
problema fundamental, para solução do qual fomos criados,
encarnamos e desencarnamos, sofrendo e aprendendo sempre.
Nada que seja exterior nos dará felicidade, nem resolverá
nossa equação espiritual, antes que primeiramente o campo
interno tenha sido conquistado, edificado e revelado por nós,
com sacrifício, perseverança e sofrimento, e antes que, para essa
solução, saibamos manejar a arma poderosíssima do Evangelho,
isto é, a do amor, porque esta é a chave maravilhosa que abre
todas as portas do mundo espiritual. Foi isso que Jesus revelou
como fundamento de seus ensinos e foi com isso que Ele
apontou o caminho da Redenção.
O amai-vos uns aos outros é isso...
Ele nos mostrou até onde podemos ir no esforço imenso
da evolução, dizendo que o Reino de Deus está dentro de nós; e
por isso nosso pensamento principal deve ser esse de revelar o
Eu interno, despertar em nós as virtudes crísticas, realizar em
nós o Reino de Deus, para vivermos nele e nos libertarmos do
círculo das reencarnações punitivas.
A esse esforço glorioso de realizar o amor, criando-o,
primeiramente, em nosso coração e depois expandindo-o para
fora com o intuito de com ele beneficiar o mundo, é que
devemos intensamente nos devotar.
Este é o acrisolamento de toda a iniciação, seu ponto
alto, definitivo, porque o amor é o fator transcendente da
evolução, o único que constrói para a eternidade e que
representa o rumo seguro e certo para a edificação, desde já, do
Reino de Deus na Terra.
As etapas dos resgates A Doutrina Espírita é severa no expor essa questão,
porque, simplesmente, expõe a verdade, segundo ela se
apresenta nos planos da vida espiritual.
Assim, esclarece que a libertação do Espírito, em relação
aos males praticados, subordina-se às seguintes etapas:
1) Compreensão do erro;
2) Arrependimento;
3) Expiação da falta;
4) Reparação.
O Espírito culpado só se libera da cadeia dos resgates
quando passar por essas quatro fases sucessivas e
complementares do processo, para qualquer das quais necessita
coragem e boa vontade. Enquanto não o fizer, permanecerá nas
trevas e na infelicidade, vendo fechados para ele os caminhos da
ascensão.
Não é necessário dizer que não se pode resgatar todos os
erros numa só vez; o Pai Celestial não dá a seus filhos cargas
excessivas; cada vez se paga uma dívida, encerra-se um ciclo do
Carma, vira-se uma página do livro da vida. E nem tampouco os
resgates são feitos de acordo com a ordem cronológica das
transgressões; resgata-se numa vida aquilo que foi julgado
compatível com as circunstâncias do momento, seja qual for o
tempo em que a transgressão tenha sido praticada.
Espíritos endurecidos ficam séculos afundados no mal, e,
antes que ocorra o tédio, pelo desgaste natural do tempo, ou haja
alguma intercessão benévola a seu favor, não retornam aos
caminhos da ascensão.
Tomemos por exemplo um Espírito de condição
evolutiva inferior, ainda capaz de cometer violência e mortes.
Vivendo entre sombras, sua consciência ainda não
despertou para a realidade da vida espiritual superior, porém,
quando tal coisa suceder, estará em condições de iniciar o
resgate de seus erros pretéritos; compreenderá que é sagrada a
oportunidade da vida na carne e que destruir o veículo material é
acumular pesadas responsabilidades e sofrimentos no futuro.
Entretanto, a compreensão unicamente não basta; se não
se arrepender sinceramente, chorar suas fraquezas, assumir
consigo mesmo o compromisso de melhoria espiritual, não
entrará sequer no caminho da reabilitação.
Porém, quanto tempo passará antes que realize esse
segundo passo? As forças do mal o solicitam insistentemente e o
Espírito ainda é frágil para resistir a elas com vantagem.
Mas, mesmo que triunfe e se arrependa e delibere
reabilitar-se, somente isso basta? Não basta: o devedor continua
devendo suas dívidas; o arrependimento não as redime e a
terceira etapa deve ser infalivelmente enfrentada.
Vem, pois, a expiação: o Espírito vai sofrer o que fez
sofrer para que, então, pague o débito e ponha-se em dia com a
justiça divina, desde que, bem entendido, sofra a expiação com
espírito de humildade e subordinação à Lei de Deus. Mas,
terminada a expiação, estará o Espírito reabilitado? Ainda não,
porque, se deu os três passos anteriores, agindo no plano
individual em benefício de si mesmo, os males praticados no
plano coletivo, contra o próximo, continuam de pé, a espera de
ressarcimento.
Por isso o culpado entra na última fase, a de reparação,
durante a qual deve desfazer o que fez, reparar suas
consequências e compensar as vítimas, beneficiando-as com o
seu auxílio espontâneo, com a sua assistência amorosa, fraternal.
Então sim, e só então, estarão as dívidas satisfeitas até o
último ceitil, terminados os resgates, redimido o Espírito perante
si mesmo e perante Deus; contrito e maravilhado, entra ele agora
no caminho da felicidade espiritual.
Preparação Observando o mundo, como se estivéssemos fora dele,
em uma torre imensamente alta, veríamos como não existe paz e
fraternidade em parte alguma e como a humanidade,
desorientada, corre em todas as direções, sem saber bem o que
quer, ou para onde vai; e lutam os homens uns com os outros e
se revoltam e se desesperam. Vendo isso compreenderíamos,
então, como a dor e a morte governam no mundo.
Assim sempre foi e continua a ser nos nossos dias,
porque as leis que ainda imperam no coração do homem são as
do instinto e da animalidade.
Mas quantos emissários divinos já desceram do Plano
Espiritual para mostrar caminhos diferentes, que levam para o
amor? E quanto já não se sacrificaram, tentando levar os homens
para rumos mais justos e acertados?
E ainda nos cantam aos ouvidos as palavras carinhosas
esclarecedoras daquele – maior de todos – que por último esteve
entre nós, no mais sublime intuito de libertar a humanidade de
seus sofrimentos, da cegueira mortal, e do desvairamento.
Mas entregando seu corpo à morte cruenta na cruz,
selando com seu sangue a tarefa sublime da salvação, plantou
Ele raízes tão fortes no coração dos homens, deixou no chão
marcas tão profundas de seus passos, que sua lembrança não se
apagou jamais e seus ensinamentos sobreviveram como uma
grande luz a iluminar as trevas do mundo.
Jesus, como Ele mesmo disse, venceu a morte,
glorificando a vida eterna do espírito; e iluminou os caminhos
escuros com as luzes de seu Evangelho de amor e de paz, que
desde então, e muito mais agora, se torna o único e verdadeiro
recurso capaz de redimir a humanidade e afastá-la dos abismos
terríveis do aniquilamento.
Sabendo disso é que Jesus informou a seus discípulos
que, ao termo do ciclo, haveria a separação de bons e de maus,
conquanto desejasse redimir a todos.
Essa é a tarefa que cabe aos discípulos de hoje, não de
visão curta, mas bem ampla: ajudar para que o maior número
possível de irmãos nossos se esclareçam enquanto é tempo,
penitenciem-se e enveredem sem mais tardança, pelo caminho
que leva ao reino prometido...
O chamamento reboa dos céus para que essa Terra,
transfigurada e santificada pelo sofrimento de tantos, se torne
apta a receber em seu seio uma humanidade regenerada e feliz.
Como evoluir mais depressaI
O Espírito para evoluir precisa purificar-se.
Quando involui para adquirir forma aparencial,
materializou-se, e, nas provas da vida inferior, adquiriu defeitos
e deixou-se dominar por paixões que ainda conserva. Esses
defeitos são justamente os obstáculos que impedem a
purificação.
Dentre eles o egoísmo é aquele que mais alimenta o Eu
inferior e o indivíduo somente evolui quando vence as
inferioridades; quando consegue viver com os pensamentos
postos em alvos elevados fora da matéria e das paixões do
mundo inferior encarnado.
E não há maior ideal que unir-se a Deus, unindo-se ao
próximo. Mas como Deus está acima de nossa atual
compreensão, devemos focalizar Jesus – o Divino Mestre –
entidade espiritual, que é uma imagem de Deus acessível aos
homens, correspondendo a todos os nossos anelos, tendo a Ele
como um padrão divino de vida moral, alvo muito acima de nós,
mas que se torna próximo quando nos esforçamos por alcançá-
Lo.
Basta, às vezes, um curto período de vida e de esforços
bem conduzidos, rigorosamente dentro da lei espiritual, para
evoluirmos mais depressa que em cem anos de vida
improdutiva.
Se Jesus é o alvo a atingir e o Evangelho é o caminho
para esse alvo, nenhuma vacilação devemos ter em penetrarmos
nele, dentro das regras e condições exigidas.
Assim, a vida do aprendiz é cheia de estímulos porque
noite e dia trabalha e se esforça no silêncio e na meditação, para
atingir esse alvo, reprimindo, cada dia com mais intensidade e
determinação, os impulsos que vêm do Eu inferior; e nesse
esforço também, dia por dia, a partícula divina, que jazia
sepultada ao peso da matéria, vem surgindo para fora, como luz
que sobe por detrás de um horizonte escuro.
É como está figurado na parábola evangélica “A semente
que cresce”: tal o reino de Deus, como um homem que lança a
semente sobre a terra; e que dorme e se levanta e a semente
brota e cresce sem ele saber como. Porque a terra, por si mesma,
produz primeiramente a erva, depois a espiga, e por último, o
grão.
O animal se transforma pela purificação em Espírito de
luz autêntico e visível: o coração se vai dulcificando, os
sentimentos mudando e o aprendiz se sente crescer, expandir-se
diariamente, como uma chama que fulgura cada dia mais.
O desprendimento, o desinteresse, a repressão ao Eu
inferior, devem prosseguir infatigavelmente, até que o tempo,
passando, mostre as mudanças que se operaram e assim, período
a período, dia por dia, as mudanças se vão acumulando, e o
aprendiz vai galgando os degraus da evolução.
O endeusamento do Eu inferior normalmente é a
principal preocupação do homem encarnado, que se deixa
engolfar completamente pelas atrações ilusórias do mundo
material, e é dessa atração, que está em tudo, que o aprendiz
deve libertar-se se quiser evoluir mais depressa, e tornar-se
digno de habitar esferas mais perfeitas do mundo espiritual;
somente assim subirá para as luzes das moradas felizes.
II
“Das forças íntimas da renovação, a mais poderosa é a do
amor ao Bem”. Quando essa força começa a surgir em nós isto é
sinal de que devemos tomar as rédeas da evolução em nossas
próprias mãos, emergindo das sombras da ignorância e da
inconsciência.
No plano espiritual mais chegado à Terra, o Espírito já
despertado para o Bem assume compromissos de renovação
íntima e colaboração no plano coletivo, e assim reencarna.
Essa preparação exige, antes de mais nada, a reforma
íntima, operação custosa, sacrificial, testadora de vontades, mas
sempre gloriosa ao final, quando há êxito; e sem ela não pode
haver sucesso em realização alguma, mesmo quando as sanções
corretivas continuem a incidir sobre os recalcitrantes.
Mas, de livre vontade, quantos se recordam dos
compromissos e os realizam? Quantos corajosamente os
iniciam? A maior parte é tomada de roldão pelas tentações do
mundo e negligenciam ou se negam. Entretanto, esse é o único
caminho e quando os obedientes e sensatos resolvem entrar por
ele, não pode haver recuos sem redobramento de corretivos, pois
que a Lei é severa; e é com os pensamentos postos nesse quadro
e os olhos presos às metas marcadas que o aprendiz deve
caminhar sem desfalecimentos, vencendo as etapas sucessivas,
uma por uma, até o término do esforço engrandecedor.
E assim como ocorre com a semente na terra, que pela
manhã já mostra seus brotos, assim brotam no seu coração as
virtudes evangélicas da renovação.
É incrível a rapidez com que se operam em nosso íntimo
essas transformações redentoras e como cresce depressa, sob as
luzes do Evangelho, a seara dourada do amor e da esperança!
Na medida em que mais e mais no devotamos, mais
intensamente age a força renovadora até que brilhe em nós, para
fora, como um raiar de sol; e à medida que caminhamos, tudo
em torno se vai vestindo dessa luz, tornando o nosso caminho
claro e belo, com os obstáculos todos à vista, fáceis de transpor.
E só então compreendemos como é poderosa e real, a
força renovadora do Evangelho e que a palavra “religião” nada
significa em si mesma enquanto não se transformar em
realizações íntimas, concretas, conquistadas com o próprio
esforço e o suor do rosto, numa trajetória de sacrifícios que
deixa marcas bem visíveis no chão que foi pisado.
Compreendemos que essa força é o amor imenso do
Cristo agindo em nós, abrindo-nos olhos e corações, para que se
veja como se opera a ressurreição nas almas pecadoras que,
nessa altura, já podem refletir para as trevas do mundo um
pouco de suas próprias luzes nascentes.
Nota: A iniciação espírita evangélica difere da iniciação
clássica oriental, porque na primeira os aprendizes não se isolam
do mundo, lutam no aconchego moral e afetivo dos
companheiros e sabem que lhes está assegurada, pela bondade
de Deus, a assistência amorosa, constante e sábia, dos protetores
espirituais.
III
O corpo orgânico:
O perispírito, como matriz fluido-magnética, não se
altera numa mesma encarnação, como estrutura; o mesmo,
porém, não sucede com o corpo denso, que sofre alterações de
tempo, de acidentes, de moléstias, de traumatismos morais e
outros.
O corpo é sustentado por energias de diferentes origens:
as provenientes dos reinos da Natureza, pela alimentação; as da
atmosfera, pela respiração; as do Cosmo (raios e ondas) e as do
campo mental, oriundas do próprio Espírito.
As primeiras interessam às células orgânicas, na sua
formação, sustentação e substituição e tendem a densificá-las,
como elementos próprios que são do mundo material; as
absorvidas pela respiração queimam resíduos do metabolismo
orgânico, vitalizam o sangue, dão calor ao corpo; as provindas
do Cosmo penetram os chacras, passam aos plexos, alimentam
as atividades nervosas; e, as que vêm do Espírito, através da
mente, destinam-se ao comando do corpo e às relações com o
mundo exterior, pelos sentidos.
E há ainda energias mais poderosas, vindas do Alto, que
sustentam o Espírito intimamente, através de canais psíquicos
pouco conhecidos. O homem comum, pouco evoluído,
normalmente desconhece essas energias e submete-se a elas
inconscientemente.
Há, pois energias de condensação celular retentoras de
sintonia animal e outras, mais elevadas, que arrastam para cima,
no fulcro ascensional.
As primeiras, vindas dos reinos naturais, materializam o
homem e se refletem sobre o perispírito, densificando, de certa
forma, suas células fluídicas. Por causa disso são lentas e
difíceis as reações psíquicas de caráter ascensional; o Espírito,
de onde poderiam vir poderosos impulsos nesse sentido, está
ainda incapacitado de emiti-los, porque são insuficientes seu
entendimento e capacidade volitiva.
Quando, pelo tempo, trabalhado pelas vicissitudes e
ganhando experiências, almeja mudanças e começa a interferir,
nesse momento é que esclarecimentos adequados e orientação
evangélica operam nas almas transformações surpreendentes.
Considere-se que mais da metade da humanidade
planetária desconhece tais esclarecimentos, não tiveram a
ventura de recebê-los, nem estão preparados para isso e
ingressam nos planos espirituais inteiramente alheios às suas
realidades.
IV
Purificação do corpo:
Não nos referimos, é claro, à higiene pessoal ou qualquer
outro cuidado de caráter exterior, mas sim a fatores intrínsecos,
dos quais o principal é a alimentação.
Com a alimentação formada de produtos naturais puros,
não animais, ajudamos as células a se libertarem ou reduzirem
ao mínimo o processo de densificação. Mas a vibração própria
dos produtos animais transmite-se às células, mantendo a
densificação e o ritmo vibratório do mundo animal, dando à
situação cada vez maior estabilidade e permanência.
Esse processo de densificação, contrário aos impulsos
ascensionais do Espírito, influi fortemente no psiquismo
humano, como elemento francamente retardador da
espiritualização.
Essa é a razão mais ponderável de se desaconselhar a
alimentação carnívora, quando se deseja apressar a evolução. No
esforço de reforma íntima, eliminados que sejam os vícios
comuns (fumo, álcool, etc.) e alterada convenientemente a
alimentação, as células irão pouco a pouco se libertando da
carga grosseira da vibração animal, desafogando-se e adquirindo
uma tonalidade vibratória mais delicada; isso trará como
consequência imediata uma melhor sintonia entre corpo e
espírito, facilitando a atuação deste sobre os sentidos físicos e
aumentando a sensibilidade perispiritual, permitindo ao Espírito
maior facilidade nas ligações com o Plano Espiritual.
Purificação do Espírito:
Além da ação cármica que houver, a purificação
depende, em grande parte, da dominação ou, no mínimo, do
controle dos sentidos, das paixões, dos impulsos inferiores e da
formação de um status mental resguardado das atrações do
mundo físico, apto aos selecionamentos e substituições
aconselháveis.
A música é uma dessas substituições. Não a música
irritante, sensual, neurótica, dos nossos dias, mas a música
suave, harmoniosa, das melodias, ou a clássica, de certos
compositores mais inspirados, que abrem nas almas portas
largas à sensibilização; nem tampouco a música simplesmente
técnica, exibidora de virtuosismo, mas a que fala aos
sentimentos e os sintoniza com planos de vida mais elevados,
produzindo calma, serenidade, enlevo.
A música é fator espiritualizante que satura o mundo
celular de harmonias, relaxando-o e elevando o tônus vibratório
do perispírito.
O homem rude, primário, sintoniza-se com música de
baixo teor vibratório, que lhe recorda as vidas primitivas,
enquanto que o mais evoluído prefere a música inspiradora e
delicada, que o leva para fora do mundo grosseiro da matéria
física.
São também elementos sensibilizadores a pintura, a
escultura e as artes em geral, através das quais a alma humana
procura expressões acima do mundo material; como, também,
contatos estreitos e amiudados com a Natureza, onde se
manifestam, abertas e livremente, as forças da Criação, o
encanto e a beleza das formas e das cores, sobretudo a
mensagem comovente e viva que está por detrás de tudo que
seja manifestação do Deus criador.
Esses são fatores que educam os sentidos e os desviam
das sensações grosseiras e negativas das paixões e desejos
impuros que retardam a evolução, prendendo o homem à
matéria perecível.
Na sua luta de todos os instantes os aprendizes devem
orar e vigiar, controlando cuidadosamente os impulsos maus, e
as atividades mentais, para evitar que, do subconsciente, venham
à tona reminiscências negativas do pretérito animalizado, de há
muito tempo ali acumuladas.
Organizem um programa de ação pessoal, conforme as
possibilidades, escolhendo local e momentos propícios para
meditações e cultura do silêncio, com fundo musical harmonioso
e suave. Abram nessas horas as portas da imaginação
focalizando precisamente o que desejam obter, de bom e de útil,
ao seu adiantamento espiritual; essas imagens se irão integrando
no seu subconsciente e trabalharão em silêncio para sua
efetivação em futuro breve; e, em havendo mediunidade, com
esse regime ela despertará mais facilmente, sem sobressaltos e
violências, porque os benfeitores espirituais terão mais
oportunidades de orientar e ajudar.
A evangelização verdadeira exige tudo isso que, aliás, é
bem pouco, considerando-se os surpreendentes resultados que
desses esforços advirão desde os primeiros dias.
Em resumo, para desenvolver a sensibilidade é preciso:
– descondensar as células orgânicas, adotando
gradativamente alimentação natural, de produtos vegetais;
– dominar os impulsos inferiores dos sentidos físicos,
utilizando práticas adequadas, de refreamento e desviamento;
– manter sintonia com o Plano Espiritual superior,
sentindo, pensando e agindo sempre pelo Bem.
Considerem, porém, os aprendizes, o seguinte: desde que
se disponham a purificar-se de corpo e espírito e a combater o
mal, a começar de si mesmos, passam a ser automaticamente
agentes do Bem, tornando-se, desde logo, alvos das forças das
sombras.
Como defesa devem armar-se de compreensão, fé e
humildade, sem o que não vencerão a ofensiva dos desejos,
paixões e ambições, contra a sua capacidade de renúncia e de
sacrifícios.
Em textos de sabedoria antiga lê-se isto: “Como a
fumaça envolve a chama, a ferrugem o metal, e o útero materno
a criança que vai nascer, assim o homem do mundo é envolvido
pelos desejos”.
Como os desejos, em geral, têm sua sede nos sentidos e
na imaturidade do Espírito, nesse esforço de purificação grande
poder tem a mente, através da qual o Espírito manifesta a sua
vontade, conduz o corpo e utiliza a razão, para discernimento
das coisas que o rodeiam; o Espírito é o elemento dominante do
maravilhoso conjunto humano, o senhor do sistema, que possui
as virtudes potenciais da própria Divindade Criadora da qual
derivou e recebeu a graça da vida imortal.
Esses são fatores que asseguram todas as vitórias, mas
não sem luta...
SÍNTESE DA MATÉRIA EXPOSTA
Esta Iniciação Espírita visa:
a) a conquista do conhecimento espiritual verdadeiro,
fora de qualquer limitação sectária ou exclusivista, o Espiritismo
compreendido como doutrina racional, evolucionista e
universalista.
A ortodoxia, útil quando dentro de limites justos, não
deverá tornar-se um entrave à expansão doutrinária, respeitada a
estrutura fundamental estabelecida na Codificação, o exame
sensato e rigoroso do subsídio doutrinário que veio depois e
continua a vir pela revelação mediúnica progressiva e que deve
ser aceito e acrescentado ao corpo da Doutrina, num trabalho
discreto, prudente, porém liberal, de atualização;
b) a reforma íntima e a conquista de virtudes
evangélicas, com preparação individual para as testemunhações
públicas que a expansão da doutrina exige;
c) a transformação moral do homem velho, saturado de
defeitos e fanatismos, em um ser renovado, esclarecido,
cristianizado, espiritualizado;
d) o esclarecimento do maior número de pessoas, tendo
em vista o selecionamento dos dias finais deste ciclo.
A missão do Espiritismo é espiritualizar os homens antes
desse selecionamento; essa espiritualização depende, em grande
parte, do esforço individual de renovação, mas se o Espiritismo
não conseguir interessar os homens nesse esforço, não terá
obtido êxito em sua missão cósmica; esta Escola de Aprendizes
do Evangelho, com a organização que recebeu, colabora em
nosso meio para que esse objetivo seja alcançado no mais amplo
nível possível.
O que se refere à letra “a” desta síntese é conhecimento
teórico indispensável, mas não fundamental e, muito menos,
eliminatório; ao passo que em relação à letra “b” a falta de
aproveitamento por parte do aprendiz é fator impossibilitante de
prosseguimento, eliminatório, portanto; quem não demonstrar
progresso na reforma íntima, mesmo que o demonstre em
relação à parte teórica, não compreendeu as finalidades da
Escola e inútil será prosseguir, pelo menos enquanto isso
proceder.
Por outro lado, como a base da reforma é o Evangelho,
ninguém pode escusar-se ao cumprimento rigoroso dos seus
programas, com desvios ou argumentação capciosa.
Os dirigentes Quanto aos dirigentes de turmas ou de cursos, além de
tudo o mais que lhes compete, devem ter em vista e aplicar,
sistematicamente, os recursos e meios viáveis e adequados à
apuração do aproveitamento da renovação, sem o que sua tarefa
não terá êxito. Cuidarão para que os pontos dados e os temas
tenham em vista sobretudo o processamento dessa renovação,
devendo ser posto em evidência tudo aquilo que valha como
exemplo e regra de conduta, norma de ação, incentivo,
estimulação e apoio para esse grande esforço exigido dos
aprendizes.
Em certo sentido os dirigentes são os responsáveis pelo
êxito das turmas que dirigem, quando não forem exemplo para
todos e não orientarem o ensino e as práticas visando única e
exclusivamente a finalidade redentora da iniciação. Se lhes
confiaram o encaminhamento de centenas de aprendizes, tudo
devem fazer para que não haja incompreensões, desânimos,
fracassos e, só depois disso, estarão isentos de responsabilidade
espiritual.
O melhor dirigente ou expositor de matéria não é aquele
que conhece bem o ponto a ser dado e cita com boa memória
passagens do Evangelho, mas aquele que retira dos pontos e dos
temas elementos valiosos de edificação moral, que valem como
diretrizes justas e estímulos para o prosseguimento da luta difícil
na qual os aprendizes estão empenhados.
Os expositores O índice mental de uma classe de aprendizes é
normalmente o mediano e também por isso a direção do ensino
não lhes deve fazer maiores exigências da natureza intelectual.
Por isso, também é recomendável que os pontos e os temas
previamente sejam estudados, e compreendidos na sua
verdadeira significação iniciática, isto é, nas suas relações e
consequências com o que se visa oferecer aos candidatos.
A exposição deve ser feita de forma clara, acessível e
simples, fugindo o expositor a terminologia empolada ou
pedante, com tiradas literárias ou filosóficas de difícil
entendimento, que muitas vezes somente servem para evidenciar
a vaidade dos seus autores. Simplicidade, clareza, método e
síntese, eis as qualidades que devem ter as exposições
doutrinárias, a melhor maneira de se apresentar os assuntos e
torná-los acessíveis e úteis a todos.
A testemunhação Esta parte é essencial porque demonstra, logo à primeira
vista, o quanto os aprendizes estão progredindo no
conhecimento das coisas e na preparação moral exigida pela
reforma, como também indica como se vai processando no seu
íntimo essa tão desejada transformação. Devem eles, portanto,
aproveitar todas as oportunidades para essas exteriorizações do
espírito, que valem como auto-testes no decorrer da luta difícil
que encetaram; e quando os dirigentes, por qualquer motivo, não
estejam atentos à necessidade do fornecimento de estímulos e
oportunidades, devem agir por si próprios, criando
circunstâncias favoráveis, aceitando encargos e realizando
tarefas de cooperação que lhes permitam o exercitamento
indispensável.
E certos podem estar de que, na medida em que se forem
tornando aptos, o Plano Espiritual lhes vai abrindo portas à
frente, oferecendo-lhes campos cada vez mais vastos, para esse
exercitamento, até que sejam dados como capazes de coisas
maiores e mais úteis.
Diretrizes Quem entra nesta Escola e ouve aulas, palestras, toma
parte em reuniões e atos sociais, mas não realiza a reforma
íntima, melhora, talvez, sua cultura geral, mas movimenta-se
somente à superfície do problema principal, não lhe atinge o
fundo e, portanto, não o resolve, perdendo preciosa
oportunidade de progredir espiritualmente, nesta atual
encarnação.
Quem vive sua vida cumprindo unicamente seus deveres
para com o mundo e se devota firmemente à sua renovação
espiritual, está nos primeiros degraus da escada difícil que leva
aos mundos superiores. É aprendiz do Evangelho.
Aquele que já sentiu despertar em seu coração o interesse
pelo próximo e suas necessidades, o desejo de servir, e a isso se
empenha com sinceridade, renunciando ao seu próprio repouso e
comodidades, subiu mais alguns degraus na longa ascensão. É
um servidor.
Mas aquele que vive no mundo e dele se desprende,
ligando-se fortemente a Deus e devotando-se ao Bem, sem
exclusivismos; que se esforça por viver o Evangelho em tudo
que pode, esquecendo-se de si mesmo, este subiu muitos
degraus e à hora da morte estará mais próximo do Senhor;
atravessará a Porta Estreita e entrará no Caminho do Reino. É
discípulo.
Mas tenham presente que quem serve a Espíritos
inferiores, sabendo que o são, com eles se identifica, e encarna
neste mundo sob domínio desses Espíritos; como, também, que
há muitos que vivem nas sombras e combatem pensando que
servem à Luz e que o Evangelho é luz que ilumina todos os
caminhos.
Fecha pois as portas dos teus sentidos a tudo aquilo que
possa diminuir ou aniquilar o valor do teu esforço de purificação
interna e abre a tua alma para a Luz, pois dela emanam sempre
eflúvios saneadores e inspirações salvadoras.
Despreocupa-te da opinião de estranhos e faz a tua parte
silenciosa e humildemente, dentro de ti mesmo, em comunhão
estreita com Deus; pelos caminhos do amor que o Evangelho
espelha, Ele se torna acessível muito mais depressa.
Crê firmemente na Sua ajuda e na Sua presença em tudo
e em ti mesmo, mesmo sem o perceberes; na água que bebes, no
alimento que ingeres, no teto que te cobre, no aconchego do lar,
na liberdade de pensar e de agir, na luz do sol que alumia e
aquece, nas cores vivas e no aroma das flores e dos frutos, nos
sons da Natureza, nos vastos horizontes, nas madrugadas e nos
crepúsculos, na certeza feliz da vida imortal.
Em tudo Deus está presente, envolvendo-te com o Seu
divino amor, dando-te esperanças, forças e paciência.
Esforça-te dia a dia e de cada vez teus olhos ficarão mais
abertos para os esplendores da vida espiritual; e quando as lutas
desta encarnação chegarem ao seu fim e voltares ao grande lar
do espaço infinito, com surpresa verás que foi nos Seus braços
amorosos que viveste neste mundo escuro e neles mesmos foste
levado à ressurreição da morte.
Mas jamais te esqueças que a eterna caravana dos
mortais conta bilhões e todos seguem os mesmos rumos, sob o
látego dos sofrimentos e das dores comuns; verás que essa
caminhada terrível segue veredas sombrias; mas a meta é
sempre a mesma para todos, a saber: os alvos cimos onde as
dores não mais penetram, pois para isso Jesus trouxe ao mundo
a redenção.
E a luz que alumia a caminhada escura vem do
Evangelho, o mesmo que queres ajudar a propagar no mundo; e
os penitentes são “o próximo” a quem Jesus se referia e que tu,
por fim, aprendeste a servir e a amar como discípulo.
Olha tudo com grandeza e esperança, mas recorda-te que
só se é grande na humildade, servindo, e isso podes.
Segue pois com eles, sofrendo e ajudando como um
exemplo vivo do que o Mestre ensinou quando disse: “o que
fizeres em benefício de um destes pequeninos é a mim que o
farás”.
E assim estarás fazendo mais que dar o pão ao corpo
perecível, pois que estarás abrindo os olhos e conduzindo os teus
semelhantes pelos caminhos alvos que levam ao Reino Eterno
da Luz.
A grande tarefa Além do mais, é também finalidade principal desta
Escola: aumentar o número daqueles que atendem ao
chamamento e desejam devotar-se à revivescência do
Cristianismo Primitivo; preparar os guerreiros para os duros
embates que se vão ferir, neste período difícil e tormentoso do
transcurso deste ciclo evolutivo; lançá-los depois na batalha
redentora cujo chefe é Aquele que disse: “vinde a mim todos vós
que sofreis, que ansiais por justiça, que estais desamparados e
necessitais proteção; que estais perdidos e não atinais com os
rumos certos, que estais nas trevas e ignorais a existência da
Luz; vinde a mim e encontrareis a salvação”.
Esse é o nosso condutor divino, que aplaina os caminhos
dizendo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém vai
ao Pai senão por mim”.
Preparai-vos pois, aprendizes, burilando vossas almas,
enobrecendo-as com virtudes, purificando-as, vencendo a
animalidade inferior, desprendendo-vos do mundo, lembrando-
vos também destas palavras: “aquele que amar a vida pelo amor
do mundo, perdê-la-á, mas aquele que perder a vida por amor de
mim, achá-la-á e ainda mais sublime e para sempre”.
Quando atingirdes nesta Escola o grau de discípulo e
fordes declarados prontos para as grandes lutas, que então
possais ouvir de novo essas palavras de Jesus, não mais somente
em vossos ouvidos mas sim na profundidade de vossas almas
esclarecidas.
O Espiritismo oferece à humanidade oportunidades de
recuperar o tempo perdido e preparar-se, com relativa rapidez,
para enfrentar as transformações a virem no fim deste ciclo, com
a separação dos bons e dos maus.
O mundo regenerado que virá em seguida terá novo
aspecto e o Evangelho será a norma de conduta dos seus
habitantes; e os costumes e leis serão também diferentes,
espelhando virtudes cristãs, a duras penas conquistadas nas
vidas anteriores.
Enquanto, pois, é tempo, aproximemo-nos das verdades
espirituais veiculadas pela Doutrina dos Espíritos, que antes de
tudo exige a reforma moral dos adeptos, semelhantemente ao
que ocorreu nos tempos de Jesus, quando o Precursor
mergulhava simbolicamente os israelitas nas águas do rio
Jordão, para que se purificassem e pudessem merecer o Reino de
Deus, que o Messias esperado vinha implantar na Terra.
Pois chegou agora o momento dessa conquista espiritual,
não como antigamente, para um só povo, mas para toda a
humanidade; porque o Messias veio, apontou os caminhos, selou
com o seu sangue suas promessas de redenção, um tempo bem
longo já passou, restando agora o selecionamento dos homens,
para separar os que merecem viver nesse reino prometido.
Importante é saber que a base dessa escolha será
justamente a claridade própria individual indicadora do grau de
evangelização de cada um. E não haverá apelo para esse
julgamento.
Eis como se expressou um aprendiz das primeiras
turmas, que dá aqui forte testemunho em favor das afirmativas
que se fazem neste trabalho e que pode ser multiplicado por
milhares:
“Eu não acreditava em nada, não tinha esperança de
nada, vivia como um animal simplesmente racional, dominado
pelas ambições da matéria e pelos instintos inferiores.
Numa tarde de que nunca mais me esquecerei, deixei-me
arrastar por um amigo e compareci a uma aula da Escola de
Aprendizes do Evangelho.
Os acordes harmoniosos do “Largo” de Haendel e as
palavras comovedoras da prece que foi cantada, me trouxeram
um extraordinário bem-estar, calaram muito fundo na
minh’alma atribulada e creio que marcaram os novos caminhos
que eu deveria percorrer daí em diante.
Hoje, do homem que fui, pouco mais resta. Achei meu
caminho e nele encontrei o que nunca tive antes, que é a
consolação, alegria e esperança de vida melhor e mais feliz”.
O que faltava a esse aprendiz era o que ele encontrou e
que, da mesma forma, encontra todo aquele que busca o rumo
certo da vida espiritual, com honestidade, e permanece nele.
E por fim, as palavras do venerável benfeitor Bezerra de
Menezes:
“O iniciante em qualquer escola espiritual caminha como
se seus pés não tocassem o solo, de tal forma tem postos nas
esferas superiores mente e coração. Mas, invariavelmente, vem a
tropeçar, pois a ninguém é dado atingir a perfeição de súbito,
ainda que muito se possa vencer de um golpe, num impulso
libertador e santificante.
O discípulo esclarecido e corajoso contempla a pedra que
o deteve, anota-lhe o peso e a localização, analisa o motivo pela
qual a encontrou, e adquire valiosa experiência.
O discípulo entusiasta, mas pusilânime, avista no menor
obstáculo intransponível montanha e se detém à margem do
caminho, perdendo preciosas oportunidades de ascensão.
Existe terceira categoria de discípulos, talvez a mais útil
às entidades empenhadas na continuação do mal na Terra, pois
que, de certa forma, com elas colaboram, inconscientes, porém
responsáveis; tropeçam e não o percebem; detêm-se, mas julgam
estar ainda avançando; as sombras os envolvem, mas crêem-se
portadores de luz; erram, acreditando praticar sublimes
ensinamentos; o bem que realizam traz de envolta muito mal,
mas se consideram assessores de Jesus.
O quadro é velho conhecido dos espíritas sob os nomes
de obsessões e fascinação, nascidas da vaidade, do temor ou da
sintonia com quaisquer correntes maléficas na obediência a
impulsos inferiores. E o discípulo, nessas condições, recebe
inefáveis bênçãos de Jesus, sem o perceber, exaltado às vezes
pela contemplação das próprias obras, que a seus olhos avultam
como realizações plenas do mérito, sendo simplesmente o
socorro de Deus aos sofredores, sem que o desvalor dos
intermediários o diminua.
Parece haver razões para que temamos, e outras para que
nos maravilhemos. Mas como nos atemorizarmos se o Mestre
descreveu, sim, dores e sofrimentos, mas afirmou que ao fim
toda a lágrima seria enxugada? E por que nos maravilharmos se
disse, com tal singeleza, que faríamos maiores obras que as
Suas?
Tudo vem de Deus, ou com Sua permissão: sofrimentos
acerbos ou esplêndidas realizações. Confiemos em Sua amorosa
sabedoria; que tenhamos antes os olhos postos no Redentor do
Mundo do que nas trevas do caminho e na pobre claridade de
nossas almas, pálido reflexo da Divina Luz”.