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CALLIGRAPHIA

GODINHO

ADOPTADA PARA O ENSINO

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; PRECEITOS GALLIGRAPHICOS ^ * r.uiA

INSTRUCÇÃO DA MOCIDADE

ADOPTADOS PARA O ENSINO

CONSELHO GERAL DA DiSTRECÇAO PUBLICA

E COMPOSTOS POR O

MANOEL NUNES GODINHO

^jixixlóx Ao tolLu^o AroomúmAn *

6YMNASIO DE GODINHO

Professor competentemente habilitado em calligraphia e raiamodiagraphia, calligrapho da Real Casa de S. Magestade Fidelíssima,

e premiado na grande exposição universal de Londres cm 185i.

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5." Edicção.

Correcta c uuito augmcnlada, SM ' r-5>' ;'"f

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LISBOA TYP. DA SOCIEDADE T\TOGBAI'IIICA FRANCO-FORTUGUEZA.

6, Rua do Thesouro Velho, 6.

1862

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PREAMBULO

• * A calligraphia, essa bella arte, ou, para melhor dizer,

esse grande invento, indispensável ao homem, tem actual- mente sido tractado pela pratica, com grave prejuízo da instrucção.

Os calligraphos dos séculos passados, como Morante, Casanueva,1 Andrade, Araujo, e outros muitos, ensina- vam a calligraphia por meio de preceitos, com os quaes simplificavam o ensino, e o tornavam mais ameno. Ven- tura, que foi o melhor calligrapho dos nossos tempos, conhecendo que «o verdadeiro ensino está no methodo,r> com- poz a sua arte de escrita, e subjeitou-o a regras, de que colheu os resultados que nós todos sabemos, e que tanta fama lhe grangearam.

Do ensino methodico tira vantagem quem ensina, e quem aprende: do ensino material nem resulta gloria ao professor, nem proveito para o discípulo. — 0 methodo é tudo; sem methodo não ha nada. Para ensinarmos a fal-

1 Morante e Casannera eram os examinadores dos professores d'aquella época.

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lar, e escrever qualquer lingua, temos a Grammatico: para descrevermos qualquer paiz em particular, a Chorogra- phia: para a descripção de todo o mundo, a Geographia: para a narração dos factos, a Historia: para conhecermos o verdadeiro bem, a Moral: para escrever elegantemente, a Rhetorica; etc. etc.

Ora se, para aprendermos todas estas cousas necessitá- mos de theoria, porque não haviam de haver preceitos para calligraphia?

0 conselho geral de instrucção publica, essa corpora- ção pequena em numero, mas que o seu maior elogio é dizer-se que conta no seu grémio — Magalhães Coutinho, Latino Coelho, Andrade Corvo, Castilho, José Maria d'Abreu, e outros dos nossos mais respeitai eis e distinctos escri- ptores, dignou-se adoptar para o ensino a minha — Nova arte calligruphica— publicada pela primeira vez em 1853; assim como adoptou para o mesmo fim o presente com- pendio de —Preceitos caUigraphicos — em tudo conformes com a referida arte, cujas publicações tem a sua reputação formada, dizendo que já se esgotaram as duas primeiras edicções de cinco mil exemplares cada uma.

Está por tanto satisfeita uma falta imperdoável: é bem que, os que se dedicam á calligraphia, sejam estudiosos, e sigam os preceitos, que lhes indico, preceitos filhos de uma longa experiência, e aturado estudo.

0 Calligrapho Manoel Nunes Godinho.

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Á MOCIDADE

O maior prazer que um menino pôde dar a seus pais, é fazer com que estes aproveitem o que mensalmente dispendem com a sua instrucção. O menino que Mo es- tuda, rouba-se a si, a seus irmãos, e a seus pais. É ne- cessário por tanto estudar para adquirir um nome hon- roso na sociedade; para ser o amparo de sua família, quando esta careça do seu apoio; para com o seu talento se enriquecer e a patria, e ser util a seus concidadãos. Podemos ser grandes pelas letras, pelas artes, e pelas armas: — em quanto jovens é nossa obrigação escolher a carreira que desejarmos seguir, mas devemos escolher sempre aquella que o nosso coração nos dictar, porque não se pôde ser grande em qualquer arte, sem que haja tendência para ella.

O Auctor.

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REGRAS

Que se devem guardar 110 ensino ealligraphico.

« Os dois principaes objectos, em que o professor deve

instruir o discípulo, são em pegar bem na penna, e na posição de escrever: d'aqui resulta a boa formação da le- tra, e a disposição para se escrever com franqueza. É ne- cessário, porém, que o discípulo só escreva em presença do professor para este o advertir dos vicios, que a mão toma, e de que não é fácil sair.

0 tinteiro deve estar collocado á parte direita, por isso que esta mão é a que escreve; e, quando se toma tinta, sacode-se sempre a penna dentro do mesmo tinteiro.

Os melhores tinteiros são os de chumbo; porque não alteram a tinta; não se deve fazer uso dos de vidro, por- que a alteram na côr, e a tornam muito delgada.

O papel deve estar direito com o braço, porque assim se escreve direito.

Não se deve escrever com os dedos de todo curvos, nem de todo estendidos; porque para a formação das hastes superiores temos que os estender, e para a formação das inferiores temos que os curvar.

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Quando se escreve não se move o papel, como fazem os que o puxam para a esquerda.

É grande defeito apertar a penna entre os dedos pole- gar, indicador, e o grande; porque faz a mão pesada e a letra .opprimida; basta unicamente amparal-a; são úteis para este fim os aparos brandos; porque não consentem violência ao escrever; mas também é necessário, que as pennas não sejam demasiadamente flexíveis.

Deve-se advertir o discípulo por onde deve começar, e concluir as letras.

Fazei com que as letras se executem de uma só vez; isto ó, sem as pintar; porque d'esta maneira se escreve com rapidez.

Quando se escreve, devem-se evitar as visagens com os olhos, e bocca, e bem assim o inclinar a cabeça constan- temente para um, e outro lado.

Todas as letras devem conservar a mesma obliquidade ou inclinação, e a mesma regularidade nos finos e gros- sos; tendo muito cuidado em não formar uma letra maior, nem mais grossa, do que a outra.

A principio instruí o discípulo na formação das primei- ras cinco linlm elementares, que se encontram na t.a ca- derneta com os n.°' 1, 2, 3, 4, 5, e no exemplar n.° 1 da minha arte calligraphica com os mesmos números; e logo que o discípulo esteja bem exercitado na sua formação, ordenae-lhe, em caderno separado, o desempenho de to- das as letras, que se compozereni exclusivamente da linha n.° 2,—cujas letras serão b, i l, t, u, ç r, advertindo-o de que o bel se executam de haste simples.

Conseguida do discípulo a fácil formação das letras que se compõem da lintia n." 2, — ordene-se a formação de todas as letras, que se compozereni da linha n.° 5, e es- sas letras serão=c, e o, e x de cujas letras se formam pa- lavras, como veremos no fim da i." parte d'este com- pendio: e, segundo a disposição do discípulo para a es- crita, se lhe mandará executar as linhas 6, 7, 8 e 9, que completam as linhas elementares da 1." caderneta. Se o dis- cípulo fôr dotado de uma intelligencia curta, deve o pro-

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lessor passar-lhe primeiro as linhas a lapis, para que as cubra, até se habituar a formal-as sem este auxilio.

Logo que o discípulo comprehenda que as nove linhas elementares são a base indispensável de todo o alphabeto minúsculo, deve continuar sempre a praticar estas linhas em caderno separado, não obstante escrever já bastardo, ou mesmo bastardinho.

Bem pratico o discípulo na execução do alphabeto minús- culo, deve exercitar-se nas seguintes letras capitaes maiús- culas B, D, F, H, I, K, L, P, R, S e T, porque todas ellas téem por base a linha elementar n.° 8, de que o discípulo tem já perfeito conhecimento pela primeira caderneta. Em seguida passe-se ao Bastardo (Exemplares n.° 9 até 1C,) e é n'estc caracter de letra que mais se deve demorar, para que os dedos se acostumem a um movimento largo e ras- gado, de que é fácil pássar depois a movimento mais curto: se, pelo contrario, começar por movimento curto, sé poderá conseguir um caracter de letra acanhado, e mesquinho.

Os professores devem ser mui rigorosos na geometria calligraphica;1 explicando a cada discípulo o nome geo- métrico de cada linha; porque não basta sabel-as fazer, é mister saber a razão porque se fazem assim.

As vantagens, que se obtém do systema geométrico calli- grapliico por effeito das note linhas elementares, de que se compoem a 1." caderneta, são incalculáveis. É este a meu vér, o methodo mais racional, mais rápido, simples, e seguro até hoje conhecido: porque mais facilmente se comprehende a formação das nove linhas, do que a mo- nótona formação de riscos e ligações até hoje usados, e de que os discípulos só tiravam partido para formarem as letras h, e p do alphabeto minúsculo, vendo-se, a cada passo, na dura necessidade de modificarem estas mesmas linhas, para as applicarem ás outras letras. Além d'isto o que é a calligraphia senão um desenho? Pois assim como no desenho as primeiras noções são as linhas geométricas,

1 Caderneta n." 1 — Linhas elementares, c Exemplar n.* ! e 3.

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o mesmo se deve seguir na calligraphia, irmã gemca do desenho.

A pcnna de aço deve ser banida do ensino: todo o pro- fessor que ensina a escrever com penna de aço, é ou por não se dar ao trabalho de ensinar o discípulo a aparar as pennas de ave, ou porque as não sabe aparar. Collocae uma penna de aço com a sua competente caneta em uma balança, e dizei-me quantas pennas de ave são precisas para fazerem um pezo igual? Pelo menos cinco pennas de ave.

Conclui d'isto: 1.° que habilitaes o discípulo a ter a mão pezada, por efTeito de um corpo rijo, e pezado, qual é a penna de aço. — 2.® A difficuldade que o discípulo ha de encontrar manobrando tão enorme pezo'—3.° A diffe- rença que ha entre a flexibilidade da penna de ave, e a rigidez da penna de aço.—4.® Que á penna de ave da- mos a flexibilidade que queremos, o que não acontece á penna de aço.—5.® Que o discípulo acostumado á penna de aço não pôde escrever com penna de ave, e que se fôr empregado em alguma repartição, aonde aquella se não admitta, faz uma tristíssima figura; já porque não sabe aparar uma penna de ave para seu uso, e já porque não pôde escrever com ella.—6.® Porque com a penna de ave se escreve em toda a qualidade de papel, por mais deli- cado que este seja. —7.® Porque se um individuo fôr em- pregado para sitio aonde não hajam pennas de aço, e aca- bando-sc-lhe o sortimento de taes pennas, ou mesmo per- dendo-o, fica impossibilitado de escrever até que receba novo refôrço. — 8.® Porque as pennas de aço cortam o pa- pel, levantam constantemente fios, e os inglezes em es- cripturações de grande valor não as admittem por este motivo, e mesmo porque alteram a tinta.

1 Sc um homem, tendo uma rigidez de musculos muito differenle de uma creança se fatiga ao fim de uma, ou de duas horas de continua applicação cal- ligraphica com a penna de aço; como não ha de cançar a mão de um innocentc de 0 ou 7 annos escrevendo com a mesma penna, ainda que seja por espaço de um quarto de hora?

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PRECEITOS CALLIGRAPHICOS.

PARTE I.

Primeira licção

Definição ila enlligrnpliia

Perg.—Que entendeis por calligraphia? Resp — A arte, que nos énsina por meio de regras se-

guras não só a formar os diversos caractéres ou letras de que nos servimos, como também a imitar, os que os ou- tros fizeram.

P.—0 que é letra? R.—É uma figura ou caracter convencional, que re-

presenta um som: exemplo: a, b, c d etc.1

P.—Em quantas partes se divide a calligraphia? R.—Em duas: calligraphia theorica, e calligraphia pra-

tica. P.—Que entendeis por calligraphia theorica? R.—Entendo aquclla, que nos dá regras e meios pre-

cisos para usar de todas as linhas, traços, e pennadas com facilidade.

P.—E pratica? » Vêde a differença que existe entre o alphabeto maiúsculo e o minúsculo,

e dizei-me se a letra é, ou não é uma convenção.

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R.—A que nos ensina a pôr era execução as regras theoricas.

P.—Qual é o objecto principal da escrita? R.—As linhas rectas, curvas, parallelas, e mixtas.

Secunda licção

Geometria calligraphica

Perg.—0 que é linha? Resp.—É o rasto ou vestígio, que a penna deixa no seu

movimento. P. — E linha recta? R.—É o mais curto caminho entre dois pontos, (linha

n.° 1). P.—0 que é linha curva? R. —É aquella, que no seu todo não tem parte alguma

recta (linha n.° 5 e n.° 8). P.—E quantas especies de linhas curvas temos na cal-

ligraphia? R.—Duas: as linhas n.° 5 e 8. P. —Que entendeis por linhas parallelas? R.—As que traçadas em um mesmo plano, prolongan-

do-se indefinidamente, nunca se encontram. P.—E mixtas? 11.—As que se compõe de curvas e de rectas. P.—E quantas especies ha d'estas linhas? R. —Cinco: a 1." é a linha n.° 2, que começa em linha

recta e termina em curva na parte inferior: a 2." é a li- nha n.° 3, que começa em curva e termina em recta tam- bém na parte inferior; a 3.' a linha n.° 4, que tem as extremidades curvas e o centro recto: 4." a linha n.° 6; e 5.®, a linha n.° 7.

P.—0 que se denomina linhas especiaes? R.—São aquellas linhas, que só téem na calligraphia

uma applicaçâo especial, como por exemplo: a linha n.°8, que só serve para o j do alphabeto pequeno, e a linha n.° 9, que só é applicavel ao z.

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P.— E como collocaes a letra z na ordem das linhas, sendo as linhas partes, de que se compõem as mesmas letras?

R.—Porque todas as vezes que a penna desce, fórma li- nha grossa; porém na letra z, quando a penna faz um tal movimento, a linha deve ser fina.

P.—Dizei-me, o que é angulo? R.—É a relação da posição de duas rectas, que se en-

contram. P. —E como se chamam as linhas que formam o an-

gulo? R. — Chamam-se lados. P.—E o ponto de contacto? R.—Diz-se=crr<tce do angulo. P.—Se uma linha recta, caindo sobre outra linha tam-

bém recta, formar de um e outro lado ângulos iguaes, como diremos ai." linha em relação á segunda?

R.—Perpendicular. P.—E se os ângulos formados fôrem desiguaes? R.—Obliqua. P.—O que é espaço? R.—É o intervallo ou distancia, que se encontra de uma

a outra linha, de uma a outra letra, ou de uma a outra palavra.

P.—0 que é quadrado? R.—É o parallelo-grammo que tem todos os lados, e

ângulos iguaes. Terceira licção

Escolha do papel, e sua collocação para a escrita

P.—Qual é o melhor papel para se aprender a escrever? R.—O branco, transparente, delgado, bem collado, e

sem granido. P. —E porque preferis o papel branco ao papel azulado? R.—Porque o papel branco deixa vér claramente todas

as linhas da pauta, o que não acontece com o papel azu- lado.

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P. —E como se deve collocar o papel para escrever? R.—Em posição obliqua parallela ao braço direito, de

sorte que o angulo inferior esquerdo do papel fique na direcção da bocca do estomago.

Quarta licção

Da posiç&o de escrever

P. —Quaes são os preceitos, que se devem guardar, quando nos sentamos a escrever?

R.—1.° Sentar-nos-hemos sem affectação, e de maneira que a meza nos fique na altura da bocca do estomago, para facilitar naturalmente os movimentos do braço, e dos dedos. —2.° Teremos o corpo desencostado da meza, e um pouco reclinado sobre a esquerda.—3.° Não incli- naremos a cabeça constantemente para um e outro lado. —4.° Teremos a perna direita um pouco mais avançada, do que a esquerda.—5.° Firmaremos naturalmente os pés no chão, ou na travessa da meza.—6.° Conservaremos o braço esquerdo unido ao corpo, e seguraremos o papel com os dedos indicador, grande, e o inferior, da mão es- querda.—7.° Conservaremos o braço direito firme sobre a meza, desde o cotovelo até ao dedo minimo.—8.° Tere- mos a palma da mão inclinada ao papel para que a penna fique direita, e os bicos possam dar os rasgos necessários. —9.° Descairemos o pezo do corpo sobre o lado esquerdo para não estorvar os movimentos do braço, que escreve. — 10.° Teremos o tinteiro collocado á direita para facili- tar o tomar a tinta. E finalmente que a luz se receba da parte esquerda.

Quinta licção

Modo de pegar na penna para escrever

P.—Como se pega na penna? R.—Fazendo apoio entre os dedos da mão direita—po-

legar, indicador, e o grande: o inferior, e o minimo ficam

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desembaraçados do movimento dos outros tres, e servem de firmar a mão sobre o papel. Os dedos, que seguram a penna, devem conservar-se um pouco curvos para po- dermos formar as hastes das letras com liberdade, tanto para cima, como para baixo: os dedos inferior, e minimo devem curvar-se um pouco mais. 0 pulso deve estar firme ao manobrar a penna, para que o traço sáia perfeito, e não tremido.

Sexta Licção

Da escolha das penna*

P. — Quaes são as melhores pennas para escrever? R. — As pennas de cysne e as de pato. P. — E como as devemos escolher? R. — Que tenham os tubos' compridos, proporcional-

mente grossos, brancos, não muito rijos, lizos e delgados na qualidade, preferindo sempre as pennas da aza es- querda da ave.

P. — Como se conhecem as pennas da aza esquerda? R. — Tomando a penna em posição de escrever, e ca-

hindo a pluma' mais comprida sobre as costas da mão, estas pennas serão da aza esquerda da ave.

P. — E para se conhecer a elasticidade da penna que faremos?

R. — Comprimir a penna entre os dedos polegar, e indi- cador.

P. — E para conhecer se é delgada? R. — Attender a que o tubo da penna seja limpo e trans-

parente. P. — E porque devemos preferir as pennas da aza es-

querda? R. — Por se accommodarem melhor á mão. P. — Além das pennas de cysne, e de pato, ha outras

pennas d'ave que se possam empregar na calligraphia?

1 Cliama-se tubo o cano da penna: 1 Rama da penna.

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R. — Ha: as de corvo, as de frangão, e de gaivota; porém as pennas de frangão devem ser preferidas áquellas. — Ser- vem com grande vantagem no desenho á penna; para es- crever igualmente no cartão procelanaf e no papel autho- grapho,' conseguindo-se com ellas trabalhos delicadíssi- mos.

P—E porque se devem preferir as pennas de frangão n'estes trabalhos?

R- — Primeiro pela facilidade que temos em as alcan- çar : e segundo por serem superiores em qualidade ás de corvo, e de gaivota.

P. — E como se escolhem estas pennas? R. — Das guias das azas dos frangãos, preferindo as de

tubo mais extenso, e finura transparente. P. — E para usar d'estas pennas será necessário fazer-

lhe algum preparo? R. —Basta tirar-lhes a caspa com as costas de uni' ca-

nivete, e cortal-as na parte superior, e inferior do tubo; e depois de limpas do sabugo,' metter no tubo um pau- sinho á imitação dos cabos de pincéis de penna, aparal- as, e escrever com ellas sem mais preparo algum.

Sétima Licção

Doa aparoa daa pennas

P. — Quantos aparos de pennas são precisos para as di- versas fórmas de letra?

R. — Quatro. Para as nove linhas elementares e para o bastardo usaremos do apara franco, deixando o bico que faz firmeza sobre o papel um pouco mais grosso e maior do que o outro. Para o baslardinho nos serviremos da penna com os bicos um pouco mais finos, e, com o que faz

1 Chamado cartSo de lustro. » Papel em que se escreve para as lithographias. * É uma especie de tripa, que existe dentro do tubo da penna.

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firmeza sobre o papel, um indivisível mais grosso e com- prido. Para o cursivo usaremos de penna mais delgada, e com os bicos íininhos e iguaes. No desenho á penna,' sendo o (alho doce, faremos uso da penna como para cursivo, e, sendo para obter (alhos subtis, imitando aguadas, das pennas de frangão com a fenda imperceptível, e a maior parte das vezes, que não passe a grossura do tubo da penna, como acontece nos mais aparos (Vide o modelo para aparar pennas).

Oitava liccão

flctltodo de aparar uma penna com facilidade

P. —Como se apara uma penna? R. — Toma-se a penna com a mão esquerda, e com o

canivete na direita, se lhe desbasta a terça parte da plu- ma, tanto de um, como do outro lado para que a penna fique livre entre os dedos. Corta-se, depois, na parte su- perior da mesma pluma, metade da que lhe tiramos dos lados. Feito isto, dá-se na extremidade inferior da penna, e pela parte do lombo, um golpe ao soslaio* para lhe tirarmos todo o brando (modelo de aparar pennas Fig. 1); e voltan- do a penna pela frente, pcrfilando-a bem, para que o apa- ro não decline mais para um, do que para outro lado, se lhe dá novo golpe soslaio (modelo de aparar pennas fig. 2), cuja altura deve ser em proporção da grossura do tubo da penna; e alguns dos lados, os quaes devem ter a ter- ça parle do segundo golpe, que se deu, terminando cm ponta aguda. Para que estes golpes se dêem copi igual- dade, desbastaremos obliquamente um dos lados do tubo de penna, e logo medindo com a folha do canivete o lado opposto lhe faremos outro tanto, até que fórme um bico (modelo de aparar pennas fig, 3). Concluído isto, assenta-sc o tubo da penna sobre uma régua,3 ou sobre um cepinho

• Calamodiagraphia. * Quer dizer= do esguelha, por nm lado, não cm cheio. ' Régua, ó um instrumento de que nos servimos para por ella dirigir as li-

nhas rectas.

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de madeira rija, e se lhe dá a fenda ou racha de uma só vez;1 porém é necessário que, quando esta se fizer, o fio do canivete esteja bem perpendicular sobre o bico da penna, para que a fenda não fique torta. Conclue-se este processo aperfeiçoando os bicos á penna, e cortando-os sobre a unha do dedo pollegar da mão esquerda, para cujo fim tomaremos a penna entre os dedos indicador e o grande da referida mão. Para as diíTerentes fórmas de le- tra vejam-se as diíTerentes figuras do exemplar denomi- nado Melliodo de aparar pennas. Também se cortam os bicos á penna, mettendo uma outra penna dentro do tubo da penna, que aparamos, e cortando-lhe os bicos horisontal- mente.

Nona licção

Da escolha «lo canivete

P. — Quaes são as propriedades, que deve ter um cani- vete para que seja bom?

R. — Ter bom aço, e a têmpera nem tão rija, que ao cortar estale, nem tão branda que vire: a sua folha deve ser da parte do córte recta até á ponta.

P. — Quaes são os canivetes que geralmente provam melhor?

R. — Os inglezes, que na parte inferior da folha teem a seguinte legenda: — Rodgers cutlers to Her Majesty — e da parle opposta á legenda este signal * — porém é neces- sário não os mandar ao rebôlo, porque se destemperam.

P. — Então como se devem amolar? R. — Em uma pedra turca;1 e depois afiados na pedra

• Se fôr para bastardo deve ter a fenda á terça parte do aparo: sendo para bastardinlu) deve ter regularmente tres quartos da altura dos lados: e para cur- sivo somente metade. Sendo penna de frangão para escrever no papel aulho- grapho fenda como para cursivo; e sendo para escrever em cartão porcellana um pouco mais pequena.

* Pedra do Levante, como lhe chamam os gravadores, relojoeiros, abridores, lavrantes, ourives, etc.

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de dar fio ás navalhas de barba, asscntando-lhc depois o fio em um pequeno bocado de bezerro, ou em pau de piteira secca.

p. — E náo haverá outro meio de os amolar? R. — Ha também uma massa propria, que, podendo ob-

ter-se, deve ser preferida a outro qualquer processo.

Decima licção

Da» proporções da letra minúscula, e suas bestes

Perg —Que devemos entender por hastes simples? Resp. — As linhas rectas, ou para melhor dizer aquellas

hastes, que náo forem abertas nas extremidades. P.—E hastes compostas? r.—Todas aquellas hastes, que sáo abertas em alguma

das suas extremidades, v. g. a linha n.° 6, e a n.° 7,. ou estas duas linhas reunidas.

P.—E que altura devemos dar ás hastes simples no bas- tardo?

R.—Altura e um quarto acima da linha superior do corpo primitivo da letra.

P. — E sendo no bastardinho, ou no cursivo? R.—Altura e meia. P.—E que altura devemos dar ás hastes compostas no

bastardo? R.—Uma altura e tres quartos acima da linha supe-

rior, ou abaixo da inferior do corpo primitivo da le- tra.

P.—E sendo no bastardinho ou no cursivo? R.—Duas alturas". P.—Que altura devemos dar aos tt no bastardo, e no

bastardinho ? R.—Metade da altura do corpo primitivo da letra acima

da linha superior. • P.—E no cursivo?

R.—Uma altura. P. —0 que é corpo primitivo da letra?

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R — É o espaço comprehendido desde a linha inferior, até á linha superior do regrado.

Decima primeira liceão

Do semicírculo

Perg. —0 que devemos entender por semicírculo? Resp.—A metade de um circulo. P- — 0 que é semicírculo graduado? R- É um instrumento de metal, graduado, composto

de ISO gráos, ao centro do qual tem uma perpendicular d'onde parte a sua medição por qualquer dos lados, e contém noventa gráos cada uma d'estas duas partes.

E- E costuma dar-se outro nome ao semicírculo? R-—Também se chama repetidor. P.—0 que é grão? R-—É uma das 360 partes da circumferencia.

Decima sejjunila licção

Da oltlitjuitlndc ou inclinação tia letra

Perg. — Qual é a obliquidade, ou inclinação que deve- mos dar á letra?

Resp.—A letra, quer seja minúscula, ou maiúscula, deve ter rigorosamente 43 gráos de obliquidade, ou in- clinação.

P. E como havemos de achar exactamente esta obli- quidade?

R. Deitando uma perpendicular á margem esquerda do papel, c acertando com ella a perpendicular do semi- círculo, depois de formadas as linhas horisontaes para o corpo primitivo da letra.—Tirada d'esta fórma a primeira linha de obliquidade, reproduz-se esta de espaço a espaço, por elTeito da régua de parallelas.

E- E haverá outro processo mais fácil, e ao mesmo tempo seguro para obtermos a obliquidade da letra?

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R.—Descreva-se uma perpendicular á margem esquerda do papel, depois de formadas as linhas horisontaes: col- loque-se o compasso1 e o toca-lo pis1 no ponto aonde estas duas linhas se encontram1, e descreva-se um quarto de circulo, como se vê nos exemplares (da Arte de escripta) n.° 1, 2, 3, 4, 5, etc.: ás extremidades d'esta linha curva, chamada quarto de circulo, e nos pontos em que cila tóca na linha perpendicular, e horisontal, deite-se uma linha recta, e divida-se ao meio, e teremos em resultado os 43 gráos de obliquidade, que perlendemos dar á letra.

P.—Mas se náo tivermos semicírculo, ou compasso e toca-lapis, como havemos de dar á letra os 43 gráos de inclinação ou obliquidade?

R.—Formando um quadrado exacto, e cortando-o por meio de uma linha diagonal descripta do angulo direito superior, ao angulo esquerdo inferior do quadrado^ al- cançaremos os mesmos 43 gráos exactos.

Decima terceira licçSo

Da composição do alphabeto minúsculo por cileito das nove linhas elementares

Perg. —Que devemos entender por linhas elementares? Resp.— As nove linhas estabelecidas na I4." caderneta

calligraphica, e as do primeiro exemplar da arte de es- crita.

P. —E podemos nós formar todas as letras do alphabeto minúsculo por effeito d'essas linhas?

R. —Todas. P.—E que quer dizer a palavra alphabeto? R.—Quer dizer=a, b. Esta palavra deriva-se de alpha

1 Compasso e um instrumento geométrico que consta de duas pernas ou varetas iguaes, direitas ou curvas e de volta, unidas m cima por um eixo: serve de descrever círculos, e de medir distancias.

* É uma peça de metal que se mete em uma perna do compasso, com um bocado de lapis na extremidade inferior, para descrever curvas, círculos, ele.

> Chamado cerlire do angulo.

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e beta, nomes das duas primeiras letras da serie vocal grega, a, b.

P.—Visto que por cffeito das nove linhas elementares se fórma qualquer letra do alphabcto minúsculo, dizei-me como se fórma a letra a?

R.—Para a formação d'esta letra empregaremos a linha n.° 5 juntando-lhe a linha n.° 2.

P. —E como se fórma o b? R.—É a linha n.° 2 prolongada fófa do regrado supe-

rior, e conduzindo a aspiração fina até tocar na linha horisontal superior do regrado, concluiremos esta letra com a parte inferior da linha n.° 5.

P. —Gomo se fórma um c? R.—Da linha n.° 5 com um pontinho na 6.' parte da al-

tura do seu corpo primitivo. P.—E o d? R.—É a linha n.° 5, e a n.° 2, prolongando-lhe a haste,

segundo o tamanho da letra1

P. —Como se fórma a letra e? R. —É uma aspiração fina desde o centro da letra até ao

começo da linha n." 5, concluindo a letra com esta linha. P.-E a letra ff R.—É a linha n.° 6, com um pequeno córte ao centro. P.—E como se fórma a letra g? R.—É a linha n.° 5 e a n." 7. P.—E o h? R.—Forma-se da linha n." 1 ou da n.° 6, juntando-lhe

a n.° 4. P.—Como formaremos um t? R.—Da linha n.° 2, cora um pontinho na parte superior. P.—E a letra k? R. — Sendo de haste simples empregaremos a linha n.° 1,

a linha n." 5 inversa, e a n.° 4 naturalmente; e sendo de haste composta é a linha n.° 6, a n.° b inversa e a n.° 4 naturalmente.

P.—E como formaremos a letra l?

1 Às alturas das liastes encontram-se na iO.1 licção.

/

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R.—Sendo de haste simples é a linha n." 2 prolongada: sendo de haste composta empregaremos a linha n.° 6, con- cluindo-a na parte inferior, como a linha n.° 2.

P.—E a letra m? R.—Duas vezes a linha n.° 3 e a linha n.° 4. P.—E a letra n? R.—É a linha n." 3, e 4. P.—Como se fórma o o? R.—Da linha n.° 5 fechada. P.—E a letra p? R. —Da linha n.° 1, juntando-lhe o linha n.° 4 na parte

superior. P.—E a letra q? R.-^É a linha ro.° 5, juntando-lhe a n.° 1. P.—E para a formação da letra r? R. —Esta letra executa-se de duas maneiras. — Um pon-

tinho sobre o regrado superior do corpo primitivo da le- tra e a linha n.° 2; ou se fórma da linha n.° 3, e a parte inferior da linha n.° 5.

P.—Como se fórma o s (longo)? R.—É a linha n.° (> e a linha n.° 7 em continuação. P.—E a letra s (breve)? R.—Forma-se de uma aspiração fina, e a linha especial

w.° 8. P.—E porque dizeis a linha especial n.° 8? R.—Porque esta linha só serve no alphabeto minús-

culo, para a formação da letra s. P.—Como se fórma a letra t? R. —Esta letra fórma-se da linha n.° 2, com um pequeno

córte horisonlal ã 5.* parte da sua altura. P.—Dizei-me como se fórma o m (vogal)?

• R.—É duas vezes a linha n." 2. P.—E a letra v? R. — É a linha n.° 4, concluindo como o final da letra b. P. —Como se fórma a letra w? R.—Ou executando dois v unidos um ao outro; ou em-

pregando as linhas n. 3, 4, e a parte inferior da linha n." 5. P.—E a letra x?

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R.—É a linha n.° u inversa, com um pontinho na parle inferior, e um c ás direitas' encostado á mesma linha.

P.—E como se fórma um y? R.—Fórma-se da linha n.° 4, juntando-lhe a n.° 7. P. —E a leira z? R.—É a linha especial n.° 9. Chama-se especial a esta li-

nha pela mesma razão da linha n.° 8, para com o s mi- núsculo.—A linha n.° 9 é a única letra em que a penna, quando desce, dá traço fino.

Todas estas letras se formam sem levantar a penna do papel, excepto a letra x que se fórma de duas vezes.

Decima quarta liccão

Das distancias, que se devcin guardar na letra \ •

P.—Que distancia se deve guardar de letra a letra? R. —0 espaço da mesma letra. P.—Tem algumas excepções? R. — Algumas: quando a letra acaba em linha curva, e

a letra seguinte começa por curva, guardaremos espaço e meio: e este mesmo espaço e meio terá qualquer letra, que termine em curva seguindo-se-lhe a letra s.

P.—As letras.»?» c w occupam o mesmo espaço das ou- tras letras?

R. —Occupam dobrado espaço. P. — E as letras f, i, j, I, s (longo) e o t, que espaço

occupam? R.—Metade do espaço das letras, a b c, e de todas as

mais, que se compozerem de duas linhas elementares. P. —E quaes são essas letras, além do a, b, e c? R. —Sáo=d, e, g, h, k, n, o, p, q, r, s, u, v, x, y, e s. P.—Que distancia se deve guardar de palavra a pala-

vra? R.—0 espaço de duas letras.

1 Tambcm se pôde dizer—São dois ce o primeiro inverso, c o í.* ás di- reitas.

N

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Decima quinta ficção

Da regularidade e inclinação, que se deve dar á letra

P.—Que regularidade devemos guardar na escrita? R. —1.® Que as hastes conservem todas a mesma obli-

quidade, e a altura que lhes está designada. 2.° Que as leiras sejam todas da mesma grossura, quer

estas sejam maiúsculas, quer minúsculas. 3.® Que o espaço de linha a linha seja de tres partes

do corpo primitivo da letra no bastardo e no bastardinho; e quatro no cursivo.

4.® Que os traços sejam simples e ligeiros, e que não usemos de superfluidades, como muitos fazem.

5.c Que as letras sejam formadas por tal modo, que não se confunda uma letra com outra.

6.® Que as letras maiúsculas ou capitaes tenham a mesma inclinação das minúsculas.

7.® Que, ao escrever por pauta, não devemos formar uma letra maior, do que a outra, para cujo fim teremos o cuidado de não passar a linha superior ou a inferior do corpo primitivo da letra.

8.° Que as letras sejam semelhantes umas ás outras, cada uma segundo a sua especic.

9.® Que a pauta esteja sempre firme, para que as letras não fiquem tortas.

10.® Que, em quanto se escreve, se não puxe o papel para a esquerda.

11.® Que havendo il, ou Ih, seja ai." letra de haste simples, e a segunda composta.

12.® Que os algarismos tenham a altura dos tt.

Decima sexta ficção

Da» leira» capitaes, maiúsculas, ou grande»

P.—Porque damos a denominação de letras capitaes ás leiras maiúsculas ou grandes ?

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R. —Porque nunca se escrevem no meio da palavra: ellas são sempre a primeira letra de qualquer escrita, e é d'aqui, que recebem o nome de capilaes.

P. —E qual é a etymologia ou origem deste vocábulo =capitaes?

R-—Do substantivo latino,=caput, capitis, que significa —cabeça—principio.

P- Quaes são as letras capilaes, que tôem por origem a linha elementar n.° 8 da l." caderneta?

R.-São o R, D, F, H, I, K, L, P, R, S, e o T. P. —Quaes são as leiras capitaes, que se formam de um

só rasgo, ou pennada? R. Temos: A, C, D, E, G, H, í, J, K, L, M, N, O, Q,

S, U, l, R, X, 1 e Z. o B, P, e R também se podem formar de uma só pennada, mas não é forçoso obrigar o discípulo a esta execução.

P- Quaes são as letras, que se formam de mais de um rasgo ?

R. —São B, F, P, R, e T.

Das pautas

Uso de pautas no bastardo, bastardinho, e no cursivo. As pautas para estas fórmas de letra comprehendem duas li- nhas, representando uma escrita regrada a lapis, e tôem no intervallo de regra a regra, marcada por eíTeito de uma linha horisontal fina, a altura, que se deve dar ás hastes compostas; e de espaço a espaço a inclinação de 45 gráos.

Logo que os discípulos tenham alguma pratica de es- crever por pauta, devem os senhores professores dispôl-os na dictação ou postilla, a escrever sem a mesma pauta, para os habilitarem a escrever rápido e direito.

As pautas por este systema tôem a vantagem de obrigar o discípulo, não só a tocar com a penna a linha superior e inferior da regra, como também a buscar a altura das hastes, e a regular inclinação da letra.

Para as hastes simples não tôem as pautas altura mar-

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cada, porque esta se dá era virtude das regras, que ficam expendidas nos togares competentes.

Estas pautas vendem-se com a denominação de Pautas de Godinho.

VOCABULÁRIO

, Divisão das letras do alphabeto minúsculo por família»

Palavras que sc compoc da linha n.° 2. (4.* família)

ulil, tu, til, rir, tribu, tuti, tulit, li.

Palavras compostas da linha 11." 5. (2.* família)

cêo, cêceo, coco, coxo, oco, écco.

Palavras compostas das linhas n.° o e 2. (3." família)

abacellar, abaulado, abbade, abbadia, addido, addu- ção, adocicado, adoudado, babel, bacellada, baço, bácu- lo, badalada, balbuciação cabaça, cabeça, cabeção, cabe- ceira, cabclleireiro, cabide, Xlador, debatidico, debellar, dedal, dedicação, deidade, educação, educador, electrici- dade, elucidação, eolo, idade,—ideal, idólatra, idolatria, idolatrar, illucidar, itálico, lãa, labareda, labéo. lábia, la- borar, laboratório, liberdade, obedecer, oblação, occul- tar, oculo, ouriço, ouro, outeiro, rabaça, rábão, rabeca, rabulice, rebuçado, recalcitrar, receber, tabellião, tabclla, taboada, tatibitate, tecedeira, tecelão, ulular, urdideira, urdidor, urdir, utilidade, utriculo.

Por effeito das linhas n.° 2 e n.° 5 obtivemos a forma- ção das letras a, b, c, d, e, i, l, o, r, t, e u.

Palavras compostas das linhas tt.° 2, 3, 4, e 5. (d." família)

abalançar, abandonadamente, abençoado, abominavel- mente, abrandar, academicamente, baixamente, bananeira,

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— 28 — bemaventurado, benemérito, benevolamente, brincadeira brincar, cabalmente, calamidade, camélia, candidamente' candura, dalmatica, dançarino, decentemente, democra- ticamente, diamantino, divindade, educanda, emblemati- camente, eminentemente, encantador, endiabradamente ímmedialamente, immortalidadè, incanlavel, laconica- mente, louçãmente, lucidamente, maduramente, mamen- tar, mantimento, memorável, nacionalidade, nacional- mente, natural, naturalidade, nomenclatura, novidade obediência, obedientemente, ornamentar, ornamento, ra- ciocínio, reanimador, recatadamente, recommendacão re- verentemente, rutilante, taciturnidade, temerariamcnle tremulante, tnbunicio, ultimamente, ultimatum unani- memente, unicamente, vacillante, valentão, valentemente validamente, vencedor, venerador, xibante.

Por elTeito das linhas n.° 2, 3, 4, e 5, conseguio o dis- cípulo a formação das letras-«, b, c, d, e, i, /, m, n, o r, t, «, v, e x. ' ' '

Palavras compostas das Unhas 11.° 1, 2, 3, 4, e 5. (3.- família)

acampamento, acampar, acompanhamento, alliloquen- cia, altipolencia, applaudir, banqueiro, banquetear, bem- parecido, branquinho, cachopinha, campainha, capelli- nho, capotinho, caprichar, decompôr, decrépito, decrepi- tude, delinquente, deploravelmente, duplicado, eloquen- temente, exliortaçâo, expeditamente, experimentador, im- parei* idade, impecabilidade, impedimento, impenatri- bilidade, inexplicável, inquietação, manequim, metaearpo, mexeriqueiro monopolio, multiplicação multiplicidade municipalidade, nuncupalivo, obliquamente, omnipotên- cia, opinante, opíparo, opportunamente, pachorrento, pa- ciente pacientemente, patamar, paternalmente, patrioti- camente, paulatinamente, pequenino, peremptoriamente, plenamente, quadrante, quadruplicadamente, quantitali-

domneí' q"incaltharia> quintuplicar, rapidamente, re- içao, redemptor, republicano, temperadamente, tem-

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poralmente, temporaneo, temporariamente, tranquilla- mcnte, vampiro, vaquinha, vilipendio, viperino, viripo- tente, xaquc-e-mate, xerophtalmia.

Por efleito das linhas n.° 1, 2, 3, 4, e 5, conseguio o discípulo a formação das letras—a, b, c, d, e, h, i, l, m,

o, p, 9, 'j «> v, x, e o k não representado nas pala- vras precedentes por desusado na nossa lingua.

Palavras compostas das linhas n.° 2, 3, 4, 3, e G. (G." família)

abafadamente, abandalhar, abaninho, abrilhantar, aco- lhimento, adherencia, aíTeiçoadamente, alcachofrado, anal- fabeto, anhelar, annelinho, architecture, arminho, ata- fona, bacalhoeiro, bacchanacs, bacharel, balancinha, bar- retinho, cabacinha, cabecinha, cabrinha, cabritinho, ca- chinho, cacholeta, cambalhota, carinho, chácara, chamma, chavana, cherubim, coherentemente, colhcrinha, cedi- nho, dorminhoco, doudinho, douradinha, cffeminada- mente, endinheirado, enformação, entalhadòr, exhibição, exhumação, familiarmente, fanfarronada, ílammifero, 11o- rifero, florinha, fraternalmente, freirinha, fundamental- mente, habilmente, harmonicamente, hermeticamente, he- roicamente, honorificamente, humanidade, incoherente- mente, inexhaurivel, infalibilidade, infallivelmente, infle- xibilidade, inhabitavel, ladrilhinho, letalmentc, lelradi- nlio, lhanamente, livrinho, machadinho, mancebinho, mantilhinha, maravilha, mathemalicamente, mulheril- mente, nobiliarchia, novelinho,- official, offerenda, olhi- nlio, ovelhinha, ramilhete, ramificação, raminho, rechea- damente, redondinho, rhomboide, ribeirinho, taboleiri- nho, talhadinha, telhadinho, thermómetro, torninho, trou- xinha, ufanamente, ufano, umbelifero, uniforme.

Por effeito das linhas 2, 3, 4, 5 e G, conseguio o discí- pulo a formação das leiras — abedefhiklmnortu v ic x.

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t

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Palavras compostas das linhas n." 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 (7." família)

abjectíssimo, aborrecidíssimo, abundantissimamente, acauteladissimo, acertadissimamcnle, assumir, attcncio- sissimo, beatíssimo, certíssima, commissão, commissa- rio, confessor, correctíssimo, cosmografia, crassissimo, delicadíssimo, deliciosíssimo, demissão, desconsoladís- simo, desgostosíssimo, desinteresse, eílicacissimo, emi- nentíssimo, engenhosíssimo, engrossar, enormissima- mente, extravagantíssimo, exuberantíssimo, formosíssi- mo, fidedignissimo, fidelíssimo, formosíssimo, galantissi- mo, generalissimo, gentilissimo, graciosíssimo, habilissimo, honradíssimo, humaníssimo, humilissimo, illustrissimo, inaccessivel, incommensurabilissimamente, inconsolabilis- sinio, insignificantissimamenle, insignificantíssimo, irre- conciliabilissimo, jucundissimo, judiciosissimo, laboriosís- simo, larguissimamcnte, limitadíssimo, magnificentíssimo, meretissimamente, misericordiosissimamente, misericor- diosíssimo, nobilíssimo, novissimamente, numerabilissimo, obrigadissimo, ordenadíssimo, rarissimamenle, recatadís- simo, religiosíssimo, reverentíssimo, robustíssimo, sacra- tíssimo, sagacissimamente, santíssimo, sentcnciosissimo, substancialissimo, successivamente, teimosíssimo, termi- nantissimo, tolerantíssimo, transmissível, travessurinha, urgentíssimo, utilíssimo, valentíssimo, valiosíssimo, vehe- mentissimo, vigilantíssimo, vivacissimo, vivíssimo.

Por efTeito das linhas n.° 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, conseguiu o discípulo a formação das letras — abcdefhhijklm noprstuvxey.

Palavras, em que se encontra a Unha n.° 9 (letra z) (8.° familia)

abobadazinha, atemorizar, canonisação, desmazelo, ga- zeteiro, gazomelro, intraduzível, lagozinho, laminazinha,

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leãozinho, lcvezinho, liçãozinha, lingoaraz, maldizente, mãozinha, matizado, nitidez, rapazinho, rarefazer, re- conduzir, redezinha, reduzivel, regozijo, sagazmente, sal- vazinha, satisfazer, singeleza, singularizar, vaporzinho, velozmente.

Palavra composta dc tcdas as nove linhas elementares

ZARAGALHADAS

A letra r d'esta palavra deve ser composta da linha n.° 3 e a parte inferior da linha n.°5; o /, deve ser a li- nha n.° 6, com a parte inferior da linha n.° 2; e o li, a linha n.° 1 e 4.

ADVERTÊNCIA

Este vocabulário foi escripto com o fim de auxiliar os Srs. professores de calligraphia a passarem palavras, se- gundo o numero de linhas elementares, que os seus alum- nos forem aprendendo a fazer.

FIM DA PRIME1IU PARTE

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INTRODUCÇÃO

A calligraphia do segundo grão, ou recreativa, é o desen- volvimento da calligraphia do primeiro gráo: isto é, d'a- quella calligraphia, que se torna indispensável ao homem para communicar os seus pensamentos aos outros ho- mens.

A calligraphia do segundo gráo é realmente recreativa para aquelles que se dedicam a ella por méra distracção; porém para o calligrapho, abridor, fundidor de typos, li- thographo, pintor de letra, etc., será sempre — Calligra- phia indispensável.

A primeira idéa que tive em vista, para poder publicar este genero de trabalho, foi a escolha da melhor typò- graphia da capital: e já pelo typo, nitidez e perfeição, o publico ajuizará do acerto que fiz na escolha da typogra- phia — Franco-Portugueza— administrada pelo Sr. Fran- cisco Lallemant Irmãos, estabelecida na rua do Thesouro Velho n.° 6, cm Lisboa: cuja execução de typos é obra d'aquelles insignes artistas fundidores e impressores, coad- juvados no seu estabelecimento por artistas portuguezes.

Esta typographia (com franqueza se diga) está a par da ò

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nossa Imprensa Nacional, e dos mais acreditados estabe- lecimentos estrangeiros. Para prova, do que avanço, direi que possuo duas composições (a côres) d'esta bella offi- cina, que realmente me surprehenderam, não sendo eu dos mais susceptíveis para isso: a primeira de taes com- posições é um adereço d'esta ofíicina; e a segunda, o elo- gio que a Sociedade Fraternal dos Proles (directores) das ty~ pographias de Paris, faz aos trabalhos typographicos de MM. Lallemant Irmãos.

Na primeira d'estas composições admirei a perfeição dos typos, a distribuição e combinação das côres de — rosa, branca, encarnada, azul e preta, e o aceio da estam- pagem.

Na segunda, que contém as seguintes côres de—roso, verde, carmim, azul e prata, admirei não só a perfeição completa do typo, como também a vinheta, que, por cf- feito do matisado das côres, e fundo de prata, é de uma perfeição admirável I

Recebam, pois, MM. Lallemant Irmãos, os meus since-

,ros parabéns, não só pela admirável perfeição dos seus trabalhos, como também pela reputação e credito, com que honram o meu paiz.

Lisboa, 16 de Fevereiro de 1862.

O calligrapho portuguez

Manoel Nunes Godinho.

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I

PRECEITOS CALLIGRAPHICOS

PARTE II

h • •'» M .i 8 »f> Calligrapliia recreativa

ADVERTÊNCIA

Para qualquer discipulo aprender a calligrapliia recrea- tiva com facilidade, é preciso que saiba perfeitamente a theoria e a pratica das onze licções do primeiro anno de desenho linear; porque o estudo da calliftaphia recreativa, ou calligrapliia de segundo grão, basea-se toda nos princí- pios geométricos que ali se estabelecem.

Da tinta

A tinta que empregamos na calligrapliia de segundo grão, é a tinta de Nankim, vulgarmente chamada —tinta da Cliina. A maneira de conhecer a sua qualidade, é tocando uma das extremidades do páo d'esta tinta na ponta da lingua, e esfregando-á sobre a unha. Se quando a esfregarmos ella fôr macia, preta, e tiver cheiro a almíscar, será a melhor.

Desfaz-sc cm um piresinho de louça, dissolvendo-a em agua commum até que fique bem preta.

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CAPITULO I /

Da letra cursiva vertical

A leira cursiva vertical denominada pelos typograhos Rondó, e cujo alphabeto se vé no primeiro modelo, execu- ta-se com papel parallelo ao corpo, deitando primeiro li- nhas verticaes, e seguidamente as horisontaes para o corpo primitivo da letra.

A distancia, que deve haver de linha a linha, pôde ser de 3, 4, 5 ou 6 partes do corpo primitivo da letra.

O corpo primitivo da letra, que apresenta o primeiro modelo, é de um milimetro, e a distancia de linha a li- nha é de seis.

Devemos ter todo o cuidado em conservar esta letra bem aprumada, porque, se uma letra ficar mais inclina- da do que a outra, conhecer-se-ha o defeito á primeira vista.

CAPITULO II

9 Dst letra Aldina

Chama-sc vulgarmente letra grifa ou italica, a leira Al- dina, assim denominada pelos calligraphos, por ter sido inventada no século 16.°, por Aldo Pio Monusio, natural de Bjsiano, no Lacio Romano, e cuja letra é muito usa- da nas typographias pela sua forma elegante. Para a sua formação descreveremos linhas obliquas com a inclinação de 20 gráos: se quizermos dar a esta letra o tamanho do alphabeto n.° 2, formaremos duas linhas parallelas horison- taes com a distancia de nove milímetros de uma a outra linha, e de regra a regra o intervallo de doze milímetros;

Os grossos do corpo d esta letra devem ter tres milíme- tros e meio; e de palavra a palavra sete.

As hastes daremos cinco milímetros de altura, acima da linha superior do corpo primitivo da letra.

Se quizermos dar a este caracter de letra o tamanho

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— 37 -=- t do alphabeto n.° 3, formaremos primeiramente as duas li- nhas parallelas horisontaes para o corpo primitivo da le- tra, com uma distancia de sete milímetros de uma a ou- tra linha; e de regra a regra o intervallo de oito milí- metros.

Os grossos do corpo d'esta letra devem ter dois milíme- tros; e o espaço de palavra a palavra seis ditos. As altu- ras das hastes excederão tres milímetros, acima da linha superior do corpo primitivo da letra.

Se quizermos dar a esta fórma de letra o tamanho do alphabeto n.° 4, terá o corpo primitivo da letra quatro mi- límetros; de palavra a palavra cinco; e e de linha a li- nha seis ditos.—Os grossos da letra devem ter pouco mais de um milímetro; e a altura das hastes tres ditos, acima da linha superior.

Querendo dar a esta mesma forma de letra o tamanho do alphabeto n.° 5, serão as suas proporções as seguintes— corpo primitivo da letra tres milímetros; de palavra a pa- lavra quatro; e tendo pontuação cinco milímetros; e de linha a linha seis. — Os grossos d'esta letra devem ter um milímetro, e a altura das hastes tres, acima da linha su- perior.

Para a execução da letra Aldina do tamanho do alpha- beto n.° G, daremos as seguintes proporções: corpo pri- mitivo da letra dois milímetros e meio; altura das has- tes milímetro e meio acima da linha superior; de pala- vra a palavra dois milímetros e meio; e tendo pontua- ção quatro; de linha a linha, quatro; e a grossura da le- tra será de meio milímetro.

Aos caracteres maiúsculos da letra Aldina, daremos as seguintes proporções.

Altura—treze milímetros) Modelo n.° 2

Grossura — cinco ditos j ,#11,1 «III ''li 0 •irhoqlR oJicq eii 1 '«&« ó'

Altura —dez milímetros) [Modelo n.° 3

Grossura — tres ditos ) J í

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* Altura —sete milímetros

Grossura— dois ditos Modelo n.° 4

Altura — cinco milímetros

Grossura — pouco mais de um Modelo n.° 5

Altura — quatro milímetros

Grossura —um dito Modelo n.° 6

CAPITULO III

Da letra redonda ou romana

É diflicultosa a formação da letra redonda, por ser feita de muitos golpes, e requerer muita firmeza de pulso para a sua execução. — A fórma d'esta letra é perpendicular, e

"se por descuido uma letra sair fóra do aprumado, temos toda a linha perdida. Para que se não dê este caso dei- taremos primeiro as perpendiculares, e escreveremos com o papel virado ao peito, movendo a penna como na letra Aldina.

As letras o, s, w e z, da letra redonda grande, são si- milliantes ás do alphabeto minúsculo; differençam-se uni- camente pelo seu tamanho.

Tanto os alphabetos minúsculos, como os maiúsculos da letra redonda, teem as mesmas grossuras, alturas e dis- tancias, dos alphabetos da letra Aldina, explicados no ca- pitulo precedente.

As letras capitaes romanas compõe-se de linhas curvas e rectas, tirando estas ultimas pela régua de parallelas.

Vêde os alphabetos. As letras capitaes ou maiiísculas tomam differentes no-

mes, segundo a sua posição: sendo aprumadas todas gros- sas, e sem travados1 na parte superior e inferior da letra,

1 Chamam-se travados na leira redonda as linhas finas horisontaes, v. g. na parte inferior de um h, m, n, etc. e na superior de um u, v, i, x, etc.

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denominam-se — Côtas; e os typographos lhe dão o nome de Letra antiga — Vêde a palavra Harmoniosamente, repre- sentada no modelo n." 7.

Se formarmos a letra Côta por effeito de quadrados, cha- mar-lhe-hemos — quadrangular: se lhe dérraos mais altura do que largura, isto é, se a formarmos em parallelogram- mas rectângulos, a denominaremos rectangular, como se vê na palavra — Harmoniosamente— modelo n." 7.

Chamam-se caractéres de fantasia, as letras capitaes embe- lesadas (modelos n." 8, 9, 10, lie 12.

Á letra Côta inclinada, que os typographos também de- nominam letra de fantasia; devemos dar 30 grãos de in- clinação, quer estes sejam contados da direita para a es- querda, quer da esquerda para a direita. O alphabeto n.° 13 representa esta letra inclinada á esquerda. Nós os calligraphos denominamos tanto esta fórma de letra, como a do Alphabeto n.° li, letra em Prespectiva.

Os algarismos da letra redonda seguem sempre o mes- mo preceito da letra, a que correspondem.

Para desenharmos a letra redonda traçam-se primeira- mente as linhas horisontaes para o corpo primitivo da letra; deitam-se perpendiculares ao alto do papel, e co- meça-se a execução dos caractéres pelas linhas rectas perpen- diculares, passando em seguida ás curvas e obliquas. É in- dispensável que a grossura do corpo primitivo da letra seja toda a mesma, e que os caracteres sigam todos a mesma regularidade; isto é: se a letra fòr perpendicular, que todas as letras o sejam; e se obliqua, igualmente as represente- mos todas obliquas.

CAPITULO IV

Poucos são hoje n'esta capital os paes de familia que, depois de seus filhos terem obtido um bello caracter de letra ingleza, não desejem que clles aprendam a fazer le- trinhas gothicas: muitos me teem manifestado este desejo, e por tanto vou satisfazer o seu pedido.

Direi primeiramente, cingindo-me á opinião de vários AA. que a letra golhica se deriva da romana ou redonda,

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e que se usou em Portugal até o reinado d'El-rei D. João III, sendo depois substituída pela letra Aldina (grifa), e esta pelo caracter de letra portugueza.

Dividc-se a letra gothica em duas partes. Gothica Halina, e gothica germânica. Gothica italica, é aquella fórma de letra simples e clara,

que não admitte traços estranhos. A gothica italica compõe-se de linhas perpendiculares, cur-

vas, diagonaes, e liorisontaes. (Vide os primeiros dois alpha- bets gothicos simples).

A penna, com que se escreve esta fórma de letra, deve ser rija, grossa, e o aparo com os bicos iguaes. Quando esta letra seja executada em cartão Bristol, ou em outro qualquer papel incorpado, devemos contornar a letra com a penna Lithographica,1 e encher os grossos ou com uma penna de ave, ou com um pincel de penna.

Na letra gothica segue-se o mesmo preceito da letra re- donda, por ser toda formada na direcção vertical.

As letras minúsculas terão de grossura a 6." parte do corpo primitivo da letra.

As hastes superiores excederão a linlia superior dois terços do corpo primitivo da letra; as hastes inferiores só exce- derão a linha inferior metade do seu corpo primitivo.

Para formarmos as hastes perpendiculares da letra go- thica, conduziremos a penna na direcção do peito, sem que decline para algum dos lados, e para formar as cur- vas e mais linhas atravez, será o movimento da penna com o aparo virado para a palma da mão, e ás vezes quasi de lado, quando as linhas são horisontaes.

A distancia, que devemos dar de linha a linha, é uma altura e um quarto do corpo primitivo da letra.

O espaço entre letra e letra, é igual á sua largura; ex- cepto entre duas curvas, em que o espaço deve ser me- nor; por exemplo: entre o c e o e; porém isto só acon- tece no gothico-germanico.

• N j , , * Refiro-me ás pennas lithographica» de Joseph GWott's, que se vendem

em algumas lojas de papel, como na de Veríssimos Amigos, ao Loreto, em Lisboa.

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O espaço entre palavra e palavra tem quatro grossos da letra, não havendo signal de pontuação; porque ha\en- do-o, deve ter seis grossos de espaço.

0 alphabeto gothico-germanico minúsculo pouco differe do gothico itálico, em quanto á fórma; mas em quanto a laçarias de capricho, cada qual o poderá embellesar como quizer, com tanto que não destrua a fórma primitiva da letra. Advirto que a letra gothica é mais elegante tendo a fórma rectangular.

0 espaço de regra a regra é de duas alturas ate duas e meia do corpo primitivo da letra.

CAPITULO V

Da letra gothica maiúscula

Gothico-italico

As letras golhicas capitaes, chamadas maiúsculas, que se formarem no corpo da escrita, devem ter a altura das hastes superiores da letra minúscula: porém aquellas que se escreverem no principio dos paragraphoS podem ser maiores. .

Os grossos da letra gothica maiúscula, terão a mesma força que os grossos da letra minúscula.

Os finos aspiraes da letra gothica em geral devem sair um grosso para os lados das linhas.

Exceptuam-se alguns finos accidentaes, que se formam ad libitum.

Gothico jjermanico

As letras maiúsculas do Gothico germânico, não devem confundir-se com os traços primitivos, que formam as le- tras; é pois conveniente que as pennadas sejam finas, e com muita especialidade, quando cruzem com algum traço grosso: porque se considera grande defeito em cal- ligraphia cortar uma linha grossa, com outra da mesma especie (Veja-se o 3.° alphabeto gothico.)

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— 42-

CAP1TUL0 YI

Methotlo tie escrever 110 papel authograplio

Este genero de trabalho podia ser aproveitado com grande vantagem nas secretarias d'Estado, e n'outras re- partições publicas, casas commerciaés, etc.

Ha circulares, mappas, e outros documentos, que po- diam estar a cargo de um, ou dois amanuenses em cada repartição, que soubessem escrever 110 papel amarello; do que resultaria em primeiro logar o segredo, e depois a promptidão para se remetter qualquer documento, circu- lar, ou mappa, aos seus destinos. Assim entregam estes trabalhos ás lithographias particulares, que muitas vezes os n5o desempenham com a rapidez, que o S. N. ou o commercial exige, por náo terem quem escreva. E pode- rá ou não d'esta demora resultar prejuízo ao serviço? — Julgo que sim.»

0 papel autliographo, constantemente usado nas lithogra- phias, é preparado com qualquer gomma; por exemplo a de tapióca, de trigo, etc.—A côr amarella ou a côr de rosa, que a preparação tem, é unicamente para se saber com facilidade a parte preparada em que devemos escre- ver, e n'esta não se deve tocar com os dedos, porque a humidade d'estes, penetrando na preparação, apparece- ria impressa na pedra, quando se fosse a estampar, de- pois de feito o transporte. É pois necessário, quando es- crevermos, pôr um bocado de cartão sobre o papel autlio- grapho para impedir, que a humidade lhe communique.

Este papel, presentemente, é tão bem preparado que dispensa o pulverisar-se com gomma graxa.

As pennas com que se escreve n'este papel são as de frangão, aparadas segundo as regras do Exemplar —me- thodo de aparar pennas, Fig. 9 — deixando-lhe os bicos muito flexíveis.

A tinta lithographica compõe-se de céra, sabão, etc,, e

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por esta circurastancia deve ser dissolvida em agua a fer- ver, e bem limpa, da maneira seguinte: ^

Desfaz-se em um pires, a secco, um bocadinho d esta tinta, e deita-se-lhe uma pinguinha d'agua fervendo, e continúa a dissolver-se:1 logo que esteja bem preta, e liquida, começa-se a escrever, e obteremos um resultado satisfatório.

CAPITULO VII

Advertências para escrever no papel autliographo a letra corrida

1." —Não bafejar o papel; não tossir, nem espirrar so- bre elle. _

2. » Observar que os bicos da penna de frangao nao tenham algum fio, e experimentar a mesma penna na margem do papel inútil, a vêr se está boa.

3 « Observar igualmente que a gomina1 do papel senáo misture com a tinta lithographica, que os bicos da penna recebem; porque, misturando-se, engrossa a letra.

4.» Para fazermos qualquer escrita, collocaremos o pa- pel, que tem de ser estampado, sobre o papel authogra- pho: marcam-se todas as quatro extremidades angulares com um pontinho cada uma, e esquadra-se o papel, dando o desconto da grossura de uma moeda de dez réis em cada angulo; porque o papel authographo estende ao transpor- tar^ á pedra, em consequência da grande pressão, que vae receber, e por tanto ficaria maior do que o papel em que o authographo tem de ser tirado.

5 » ge quando escrevermos no papel authographo er- rarmos uma palavra, uma linha, ou período, cortaremos com um canivete a porção de papel errado, e, por effeito da colla de bocca, substituiremos esse espaço errado por outro pedaço de papel authographo, que occupe o espaço

• Como quem dissolve a tinia de Nankim. vulgarmente chamada - tinta da China.

t Preparo que se dá ao papel authographo.

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— 44— . K^ba;^" perdido. Depois de collado e sécco, regra-se novamente, e continúa-se a escrever, até concluir a escrita.

Advertências para escrever a letra apurada

Além das precedentes advertências observaremos tam- bém os seguintes preceitos:

4-° Fazer toda a letra a sécco' para que os bicos da penna toquem subtilmente a parte preparada do papel au- thographo.

2.° Depois passa-se a engrossar a letra com a penna de frangâo bem flexível, para que não oflenda a prepa- ração do papel.

CAPITULO VIII

Metliodo de escrever no cartão porcelana i ' í'1 If ' T ' f f

Cartão porcelana é um cartão muito lustroso, em que vulgarmente se estampam os bilhetes de visita. Também é conhecido pelo nome de cartão de lustro.

Vende-se em Lisboa cartão porcelana de quatro nações: portuguez, francez, inglez, e allenião: de todas estas qua-

lidades o melhor é o allemão; por ter mais consistência, ser mais lustroso, e igual.

No cartão porcelana francez, e inglez é difficil escre- ver.

0 cartão porcelana não admitte linhas a lapis: seria uma loucura emprehender tal cousa. Á força de muito estudo consegui descobrir a maneira de o regrar por tal fórma que, passando-lhe a pluma da penna por cima, logo desapparece o regrado. Regra-se com a maior facilidade e exactidão por effeito de uma bitóla, sendo este pro- cesso o mais bello, e o menos dispendioso possivel; por- que, dispendendo dez réis, temos preparo para mais de seis mezes.

Para fazermos a bitóla devemos observar os seguintes

' Quero dizer fazer toda a letra a fino.

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preceitos: sobre um quarto de papel de pezo branco col- loque-se um bilhete de visita em branco; marquem-se as quatro extremidades angulares do bilhete com um ponti- nho cada uma sobre o papel de pezo; tire-se o bilhete fóra e veja-se o modelo lithographado (Fig. n.° 1 A, A, A, A): com a régua e lapis formem-se depois por esses ponti- nhos os quatro ângulos do bilhete sobre o papel de pezo em questão (Fig. n.# 2 B, B, B, B): d'esta fórma fica mar- cado no papel o tamanho do bilhete de visita. Meça-se com o compasso o meio do bilhete nas duas extremida- des, e deite-se a linha horisontal (Fig. n.° 3 C, C,). Logo em seguida calcule-se o tamanho da letra, que temo? a fazer no bilhete, e deite-se nova linha horisontal, que fi- que bem parallela (F. 4 D, D): escrcva-se no intervallo d'estas duas linhas o nome que se exige para vér o espaço que o referido nome pôde occupar, (idem): tome-se com o compasso o espaço, que o nome occupou, e marque-se este espaço na parte superior do bilhete (idem E, EJ. Di- vida-se o espaço supérfluo em duas partes iguaes (Fig. 5 F G): o espaço F colloque-se á esquerda do bilhete no re- grado do corpo primitivo da letra, e o espaço G á direita, e por conseguinte o espaço E, E, será o do nome, que temos a escrever. Com a ponta de um canivete bem amo- lado, e por efTeito de uma régua' corla-se a linha supe- rior e inferior do espaço E, E, (Fig. 6) e dá-se um pe- queno golpe perpendicular nas duas extremidades, es- querda, e direita do espaço do nome: d'esta sorte sáe uma tirinha de papel, e fica uma estampilha, como representa a (Fig. 7 H).—Cortam-se depois com igualdade as quatro extremidades d'esta estampilha, por effeito do canivete e da régua, representando-nos a (Fig. 8) 1, J, K, L, c tere- mos a estampilha ou bitóla concluida.

Para fazermos uso d'esta estampilha, a collocaremos so- bre o bilhete de cartão porcelana, acertando os quatro ângulos da estampilha, com os quatro do bilhete.

Sobre um papel grosso e áspero desfaremos um bocado ftton ;9irp <md dtt" ' ' ' O - r 1 Sc fòr dc ferro, ou de melai tau lo melhor.

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de laps-car tão,1 e formando uma bonéca de qualquer trapinho de algodão, a çujaremos no dito pó, e appli- cando o pó ás linhas da estampilha, que deverá estar bem segura, por elfeito da pressão dos dedos da mão es- querda, apparecerâo as linhas impressas no bilhete. (Fig. 9, 10 M).

Este processo deve, á primeira vista, parecer trabalhoso, mas posto em pratica é simples, e muito mais tendo o auxilio no modélo lithographado.

Para limparmos o bilhete do pó do carvão, passa-se a pluma de uma penna por cima do mesmo bilhete.

Este processo serve para desenhar, o que se queira no cartão de lustro: quer sejam bilhetes, quer seja outro qual- quer trabalho.

Os trabalhos n'esta qualidade de cartão fazem-se pri- meiro a fino, e depois engrossam-se nos logares compe- tentes. A tinta, que se emprega na execução calligraphica, é a tinta de Nankim, dissolvida em agua commum, * com tanto que fique preta.

Calcula-se da fórma seguinte:

Dissolva-se um bocado de gomma ammoniaca em uma chavana, por meio de aguardente de prova, quanta, cubra a referida gomma, e mexa-se, até que fique dissolvida.

Em igual porção de agua commum dissolva-se igual porção de gomma arabia.

' Carvão do salgueiro, urze bem queimada, etc. * Agua commum quer dizer—agua de fonte, de bica, etc.

CAPITULO IX

Processo para fazer letra dourada

Gomma ammoniaca... Gomma-guti Gomma arabia em pó

uma oitava idem idem

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Logo que estas duas gommas estejam dissolvidas, mis- turem-se uma com outra gomrna.

Pizem-se em um bocado de panno de linho, ou de al- godão crú1 tantos alhos, quantos sejam necessários para nos produzir uma quantidade de sueco igual á porção de gomma ammoniaca, ou de gonima arabia, já dissolvi- das.

Esprema-se esta boneca, com a porção dos alhos piza- dos, em uma chavana até obtermos a quantidade de sueco, que se exige: reuna-se este sueco ás gommas an- tecedentes, mexa-se muito bem, c junte-se de gomma guti tanta, quanta baste para dar uma côr amarellada a este mordente.

Escreva-se com a penna de ave, e em quanto húmido o mordente se doure da seguinte fórma:

Tire-se de um livrinho de ouro fino um pão, collo- que-se sobre um coxim' e córte-se em tirinhas com uma faca bem limpa e enxuta: passe-se a palheta' pela barba, ou pela cabeça, e tocando com ella no ouro este se lhe agarra: bafejam-se as letras mordenteadas, põe-se-lhe o ouro em cima, e logo batendo-o com um bocado de al- godão em rama, ficarão as letras bem douradas e segu- ras: continue-se a escrever, e a dourar até concluir este trabalho. Limpem-se as letras do ouro supérfluo, até que fiquem perfeitamente executadas.

Este mordente secca depressa, e, todas as vezes que nos sirvâmos d'elle, se lhe deita uma pinga de agua, e se dis- solve com facilidade; mas é preciso mexél-o com um páo- sinho á imitação dos cabos das pennas de aço.

Tem a propriedade de se não alterar com o tempo; e serve perfeitamente para dourar no setim, e na seda, etc. Quando se fizer o mordente, deite-se cm tigelinhas de pó de pedra, aonde deve seccar, para d'elle nos servirmos, quando seja necessário.

1 Fazendo uma boneca í imitação das dc gomma graxa. * Almofada dos douradores. ' É um pincel chato da largura de quatro ou mais dedos, com que se pOe o

o ouro nas molduras.

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CAPITULO X

Differcntes processos para fazer tinta de escrever

1.° Processo

(Receita hetpanhola)

Tomcm-se oito onças de galhas finas, bem pezadas, de- negridas e limpas; quebre-se cada uma em quatro ou cinco pedaços: duas onças e meia de vitríolo romano fino (havendo-o), e na falta d'este, caparroza ordinária, sem terra e bem verde: duas onças e meia de gomma arabia, bem clara; uma onça de assucar candi, e um punhado de casca de romã azeda: quebre-se tudo, e deite-se-lhe uma canada de agua commum, pondo-se todos estes in- gredientes de infusão em vazilha de barro por vidrar, e mexendo-se por espaço de dez dias com um pão de fi- gueira1 bem sécco, e tenha-se sempre bem tapada.

Estes ingredientes serão mexidos, no decurso dos ditos dez dias, um «quarto de hora por dia.

Passe-se primeiramente por um funil, e depois por um panno fino: engarrafe-se, e lacre-se, guardando esta tinta em logar aonde não haja muita ventilação, e teremos uma tinta fina.

Podemos juntar aos restantes ingredientes mais meia canada de agua, e se repetirá esta operação, a qual dará em resultado uma segunda tinta.

2.° Processo

(Receita do calligrapho portuguez Manoel d'Andrade de Figueiredo, em 1719)

A tinta de escrever faz-se de dois modos: de agua, ou de vinho: a maneira de a fazer é a seguinte:

1 O pão de figueira tem a propriedade de não ler rezina..

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Em uma canada de agua da chuva, ou de cystoma se lançarão quatro onças de galhas finas das mais pequenas, pezadas, crespas, e denegridas, feitas em tres ou quatro pedaços cada uma: quatro onças de caparroza da mais verde, reduzida a pó; e se lhe juntarem uma casca de romã vermelha, feita em bocadinhos, ajudará a fazer bom • preto; uma onça de gomma arabia, outra de assucar candi, ou do branco, a que chamam batido. Tudo estará de infusão em vasilha vidrada, que não tenha servido, por espaço de doze dias, nos quaes será mexida de ma- nhã e de tarde com páo de figueira sécco, e no fim dos referidos doze dias se tirará a tinta, coada por panno ralo, e nas fezes que ficarem se lançará meia canada de agua por outros tantos dias, que mexida na fórma acima dita, se tirará outra tinta tão boa, como a primeira. Recolhida a tinta em vidro, se lhe deitará tres ou quatro oitavas de pedra hume virgem em pó.

A de vinho faz-se do mesmo modo lançando em uma canada de vinho branco, que seja delgado, e sem gesso, as quantidades de galha e de caparroza acima ditas: adver- tindo que a gomma e o assucar se derretem em agua, e se lança depois na infusão; porque o vinho a não desfaz bem.

Não façam os curiosos pouco caso d'estes ingredientes; porque o assucar não só faz unir a tinta, ao papel, mas também impede a que não caia da penna; e a pedra hume é precisa porque impede que a tinta passe; pelo que, quando o papel é passento, se lança mais pedra hume no tinteiro, e assim o mais, como a gomma para o sec- cante etc.; e advirto que a tinta posta ao sol se engrossa, e impede de correr na penna ao escrever.

Diz mais o author: É esta a melhor tinta, que a expe- riência me tem mostrado, assim das receitas que andam impressas, como das particulares. Alguns preferem a tinta feita com a agua, por ser mais delgada, o que é sem du- vida; porém tem o defeito de crear bolôr nos tinteiros, o que não accontece com a" de vinho, e esta tem melhor preto, do que a de agua

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r>.° Processo

[Receita do nosto calligrapho portuguez Joaquim José Ventura da Silva)

Em uma canada de vinho branco e sem confeição al- guma se lance onça e meia de pão campeche, reduzido a meudas raspas, e quatro onças de galha, bem negra, feita em pequenos bocados: ponha-se ludo isto a ferver em va- zilha de cobre por estanhar, até que fique em pouco me- nos de tres quartilhos, em cujo ponto se ajunte imme- diatamente meia onça de caparroza da mais verde, e bem moída; duas onças de gomma arabia, (que já estará dis- solvida á parte em agua quanto baste) e demorando-se depois muito pouco tempo ao lume, para que não che- gue a receber mais que uma leve fervura, deitem-se-lhe duas oitavas de pós de çapatos, desfeitos em pó subtil, e amarados em uma onça de aguardente da primeira sorte: feito isto tire-se logo do lume, e deixe-se esfriar para ser coada por panno não muito ralo, evitando d'esta fórma, que passe o pó dos ingredientes, de que a tinta se çom- põe, e deixando-a Iam bicar pelo pano.

Esta tinta deve estar tapada para que lhe não entre pó.

4.° Pi 'ocesso

Em meia canada de vinho branco, e sehi confeição laij- cem-se cinco onças de galhas finas, das mais denegridas, e quebradas cada uma cm seis ou oito pedaços, pouco mais ou menos; juntem-se-lhe os seguintes ingredientes reduzidos a pó, — duas onças de caparroza da mais verde; uma onça de gomma arabia, e duas oitavas de anil.

Deite-se tudo de infusão no vinho com a galha, em va- zilha vidrada e nova, por espaço de oito ou dez dias, du- rante os quaes será mexida de manhã, e de tarde, com páo (sécco) de figueira, e no fim dos ditos oito ou dez dias côe-se esta infusão por panno ralo, e nas restantes

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fozes deile-se mais um quartilho de vinho branco, e obte--

remos uma excedente tinta de escrever.

FIM.

Todo o exemplar que não tiver o carimbo—Godinho— será reputado contrafeito, e proceder-se-ha contra taes contratadores na conformidade das leis.

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