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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CHAPADINHA – MARANHÃO Processo nº 0005097-44.2014.8.10.0031 RECURSO INOMINADO CFH EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E REPRESENTAÇÕES LTDA., já devidamente qualificada nos autos da Ação Ordinária que lhe move DUCIVAN MENESES PONTES, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de suas advogadas e, desde logo, pedindo que sejam todas as publicações e intimações efetuadas em nome da advogada titular do escritório, AUDREY MARTINS MAGALHÃES, OAB/PI 1.829, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 236, §1°, do CPC, com fundamento no artigo 41 e seguintes da Lei n° 9.099/1995 e demais dispositivos aplicáveis à espécie, interpor RECURSO INOMINADO pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos. Requer, ainda, seja recebido o presente recurso, após cumpridos os trâmites legais, bem como seja remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, com as razões anexas. Pede deferimento. Página 1 de 30

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CHAPADINHA – MARANHÃO

Processo nº 0005097-44.2014.8.10.0031

RECURSO INOMINADO

CFH EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E

REPRESENTAÇÕES LTDA., já devidamente qualificada nos autos da Ação Ordinária que

lhe move DUCIVAN MENESES PONTES, vem, respeitosamente perante Vossa

Excelência, por intermédio de suas advogadas e, desde logo, pedindo que sejam todas as

publicações e intimações efetuadas em nome da advogada titular do escritório, AUDREY

MARTINS MAGALHÃES, OAB/PI 1.829, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 236,

§1°, do CPC, com fundamento no artigo 41 e seguintes da Lei n° 9.099/1995 e demais

dispositivos aplicáveis à espécie, interpor RECURSO INOMINADO pelos fatos e

fundamentos a seguir aduzidos.

Requer, ainda, seja recebido o presente recurso, após cumpridos os

trâmites legais, bem como seja remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí,

com as razões anexas.

Pede deferimento.

Teresina-PI, 14 de Maio de 2015.

Audrey Martins Magalhães Fortes

OAB/PI 1.829

Mariana de Souza Ladeira

OAB/MA 11.278

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EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO TRIBUNAL DO ESTADO DO MARANHÃO

ORIGEM: JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CHAPADINHA-MA

RECORRENTE: CFH EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E REPRESENTAÇÕES

LTDA.

RECORRIDO: DUCIVAN MENEZES PONTES

RAZÕES DE RECURSO

I. DO RESUMO DOS FATOS

O Requerente ajuizou a presente demanda contra a ora Recorrente, objetivando, a

condenação da Recorrente ao pagamento de indenização por danos morais, supostamente

sofridos, alegando que a Recorrente inseriu seu nome indevidamente no SPC, o que lhe

causou graves prejuízos.

Ocorre que, restou claramente demonstrado nos autos que a Recorrente não teve

culpa alguma na inserção do nome do Requerente no SPC, bem como o Requerente não

demonstrou os danos sofridos, apenas alegando que seu nome foi inserido após o pagamento

do título.

Seguidos os trâmites legais, foi proferida a sentença nos seguintes termos:

“De início, indefiro a preliminar de ilegitimidade passiva, haja vista

que a parte autora firmou contrato com a requerida, pelo que esta é

parte legítima a figurar no polo passivo de ação em que se discute

eventual falha na relação havida entre as partes.

Como se verifica dos documentos acostados aos autos e demais

provas, foi realizado protesto indevido de título já pago, devendo

eventual falha na comunicação entre a requerida e o banco

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responsável pela cobrança do título ser discutida em ação regressiva, a

reclamar, pois, a necessária indenização.

[...]

Posto isto, com base no art.927 e seguintes do Código Civil e artigo

269, inciso I do Código de Processo Civil, julgo procedente o pedido

inicial, para condenar a parte requerida, a pagar a parte autora, a título

de indenização por danos morais, o importe de R$ 4.000,00 (quatro

mil reais), por reputar justo e encontrar-se tal valor dentro dos

princípios de razoabilidade e proporcionalidade e, além disso,

pedagogicamente, servir como esteio inibidor à práticas deste jaez.”

II. PRELIMINARMENTE – ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSA DA EMPRESSA

RECORRENTE

Pelos fatos exaustivamente demonstrados nos autos, percebe-se que a inclusão do

nome do requerente no cadastro de inadimplentes não tem ligação alguma com qualquer

conduta da empresa requerida.

O recorrido deixou de pagar o débito à empresa recorrente, razão pela qual esta

VENDEU o título ao Banco Santander. A partir daí o título deixou de ser da empresa

recorrente e passou a ser do Banco Santander.

Assim que o Recorrido pagou a dívida atualizada à empresa recorrente, esta

comunicou ao Banco acerca do pagamento, razão pela qual o Banco sustou o protesto do

título.

Ocorre que, após a regularização de toda a situação, o Banco Santander, por

livre e espontânea vontade, sem haver relação nenhuma com a empresa recorrente,

remeteu novamente o título a protesto. O que a recorrente só veio tomar conhecimento

com o ajuizamento da presente demanda.

Portanto, o objeto da ação repousa sobre fato que não diz respeito à empresa, ou

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seja, em que não há qualquer participação da recorrente, nem guarda relação com o serviço

por ela prestado.

Assim, verifica-se que a empresa não é parte legítima para figurar no polo

passivo desta demanda, considerando que a conduta que deu causa ao prejuízo pleiteado

não fora praticada pela empresa ora recorrente, visto que o Banco, POR CONDUTA

NEGLIGENTE E SOB SUA INTEIRA RESPONSABILIDADE, levou a que o nome do

recorrido fosse inserido no Serviço de Proteção ao Crédito.

Portanto, há de ser reconhecida a ilegitimidade da ora recorrente para integrar a

presente lide.

De acordo com o artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

VI – quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a

possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse

processual;

Demonstrada a ilegitimidade da ora recorrente, faz-se necessária a extinção

do processo sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI, do CPC.

II. DA INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR

Quanto ao dever de indenizar decorrente da caracterização da responsabilidade

civil do Recorrente, o MM. Juiz a quo em sua decisão expôs que restou configurado o fato

ensejador da responsabilidade civil e de consequência o dever de indenizar, uma vez que o

Requerente apenas tem relação com a Recorrente, devendo esta reclamar em ação regressiva

contra o Banco causador do prejuízo.

No entanto, tal decisão não merece prosperar como adiante restará demonstrado.

Com efeito, para que se entenda como cabível a obrigação de indenizar decorrente

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da responsabilidade subjetiva, necessária se faz a presença dos pressupostos autorizadores da

responsabilidade civil, quais sejam, (i) ofensa a uma norma preexistente ou erro de conduta,

(ii) dano, e (iii) nexo causal entre um e outro, conforme dispõem os artigos 186 e 927, do

Código Civil, senão vejamos:

“Art.186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a

outrem, fica obrigado a repará-lo.”

Sem que se comprove a presença desses três requisitos simultaneamente, a

pretensão indenizatória torna-se completamente inviável.

Neste sentido, é a Jurisprudência pátria:

“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA -PROCESSO

EXTINTO, COM JULGAMENTO DE MÉRITO -AUSÊNCIA DE

PROVA DE ATO ILÍCITO E DE NEXO DE CAUSALIDADE -

RECURSO DESPROVIDO "O RECONHECIMENTO DA

RESPONSABILIDADE CIVIL AO DEVER DE INDENIZAR

ESTÁ JUNGIDO A EXISTÊNCIA DE TRÊS REQUISITOS, A

SABER: ATO ILÍCITO, DANO E NEXO DE CAUSALIDADE

ENTRE ESTE E AQUELE. AUSENTE QUALQUER DESTES

PRESSUPOSTOS, É DE SER JULGADA IMPROCEDENTE A

AÇÃO DE INDENIZACAO." (Ap. Cível nº 151890-5 – 5ª Cam.

Cível –Des. Relator: Roberto de Vicente – J. 09/11/2004)

Contudo, no caso dos autos, notório reconhecer que não agiu a Recorrente com

dolo ou culpa, sequer violou norma preexistente, ou seja, não praticou qualquer ato ilícito a

autorizar lhe seja atribuído o dever de indenizar o Recorrido pelos danos supostamente

sofridos.

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Conforme demonstrado nos autos, a Recorrente, legalmente, por força de atraso

no pagamento de duplicata (fato confesso pelo Recorrido na exordial), requereu o protesto de

tal título, tendo sido emitida ordem de protesto em 10/12/2012.

Em 12/12/2012, foi efetuado depósito do valor devido, acrescido de encargos.

Conforme se depreende do Documento 01 da Contestação, no dia 13/12/2012, foi

requisitada a sustação do protesto, a qual foi recebida pelo Banco.

Após o pedido de sustação e do envio ao banco, em 14/12/2012 foi

NOVAMENTE enviado o título ao cartório PELO BANCO SANTANDER, para

protesto, MESMO APÓS O PEDIDO DE SUSTAÇÃO DO PROTESTO PELA

EMPRESA REQUERIDA.

ADEMAIS, APESAR DE A EMPRESA REQUERIDA FORNECER AO

BANCO, PARA PROTESTO, OS DOCUMENTOS REFERENTES À PESSOA

JURÍDICA, CONFORME CONSTA NA NOTA FISCAL ANEXA À CONTESTAÇÃO, O

BANCO ENVIOU PARA PROTESTO OS DADOS DA PESSOA FÍSICA DO

RECORRIDO, RAZÃO PELA QUAL NÃO HAVIA COMO A EMPRESA REQUERIDA

CONTROLAR A NÃO INCLUSÃO DO NOME DO REQUERENTE NO SPC, VISTO QUE

APENAS TINHA O CONTROLE DA PESSOA JURÍDICA.

Percebe-se que, absolutamente apartado de qualquer conduta da Recorrente,

ocorreu o protesto do título e, consequentemente, a inscrição do nome do requerente no SPC.

Porém, apesar de minuciosamente demonstrado nos autos a inexistência de culpa

da Recorrente, o MM. Juiz “a quo” entendeu que a Recorrente deve indenizar o Recorrido dos

danos morais e, após, ingressar regressivamente contra o Banco Santander, verdadeiro

causador do dano.

Portanto, demonstrada a inexistência de conduta culposa da requerida, bem

como inexistência de nexo causal entre a conduta da requerida e o fato danoso, merece

reforma a sentença de 1° grau.

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III. DO NÃO CABIMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DA

APLICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL.

Primeiramente, cumpre ressaltar que no presente caso deve ser aplicado o Código

Civil, e não o Código de Defesa do Consumidor, visto que quando do fato danoso não havia

mais relação de consumo entre a empresa requerida e o requerente, bem como a sentença,

expressamente condenou a Recorrente nos termos do artigo 927, do Código Civil, ou seja,

pela responsabilidade subjetiva.

Ademais, inexiste a responsabilidade da Requerida por qualquer dano sofrido pelo

requerente, uma vez que, para aplicação da responsabilidade civil, faz-se essencial a

constatação da existência de três pressupostos, quais sejam: a conduta omissiva ou comissiva

do agente danoso, a existência efetiva do dano e o nexo de causalidade entre eles.

No caso em comento, não se mostram presentes todos os requisitos citados,

não merecendo ser acolhido o pedido indenizatório, uma vez que para o deferimento da

indenização faz-se necessária a cumulação dos requisitos, não sendo lícita a aplicação em

virtude de um requisito isoladamente.

Para que seja devida a indenização por danos morais, esses supostos

sentimentos de humilhação e de constrangimento, portanto, devem ser legítimos, ou seja,

devem ter sido, de fato, sentidos pela vítima, devendo, além disso, SEREM

DEMONSTRADOS A CULPA DA RECORRENTE E O NEXO DE CAUSALIDADE, o

que não há no presente caso.

NÃO SE VISLUMBRA, conforme delineado alhures, O NEXO DE

CAUSALIDADE ENTRE CONDUTA DA EMPRESA E O DANO SUPOSTAMENTE

SOFRIDO. A demonstração de tal requisito é imprescindível, visto que a empresa

requerida não responde objetivamente, como alega o recorrido em exordial.

Nesse sentido, é a jurisprudência pátria consolidada, senão vejamos:

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TJ-MG- AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAIS E

MORAIS - NÃO COMPROVAÇÃO DA CONDUTA ILÍCITA

COMETIDA PELA RÉ E DO NEXO CAUSAL - PEDIDOS

IMPROCEDENTES - RECURSO DESPROVIDO.Para que se condene alguém ao pagamento de indenização por dano material ou moral é preciso que se configurem os pressupostos ou requisitos da responsabilidade civil, que são o dano, a culpa do agente, em caso de responsabilização subjetiva, e o nexo de causalidade entre a atuação deste e o prejuízo.  

(Processo: AC 10479110188139001 MG; Relator(a): Eduardo

Mariné da Cunha; Julgamento: 23/01/2014; Órgão Julgador:

Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA CÍVEL; Publicação: 04/02/2014)

TJ - SC - CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.

INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NOS CADASTROS DE

RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE

NO ATO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. PRESSUPOSTOS DA

RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA NÃO

DEMONSTRADOS. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE

INDENIZAR. RECURSO DESPROVIDO. Para caracterização da

responsabilidade civil subjetiva devem coexistir o ato ilícito, o

dano, o nexo causal e a culpa. À míngua de quaisquer dos

requisitos legais, não medra a pretensão indenizatória.

(Processo: AC 160240 SC 2004.016024-0 ; Relator(a): Luiz Carlos

Freyesleben; Julgamento: 13/10/2005; Órgão Julgador: Segunda

Câmara de Direito Civil; Publicação: Apelação cível n.

2004.016024-0, de Concórdia)

Os supostos prejuízos ocasionados pela inscrição indevida no SPC não se

deram por culpa da Requerida. O banco, por negligência, deu causa à inclusão. A

conduta da empresa, como já demonstrado, se deu dentro dos padrões legais, durante

toda a vigência da relação de consumo.

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Ainda, acerca da prévia notificação da inclusão no SPC, é impossível esperar isto

da requerida, tendo em vista que esta não tinha ciência da inscrição indevida. Este é um ônus

que não deve ser suportado pela empresa, uma vez que o Banco foi inteiramente responsável

pela negativação do nome do requerente, conforme copiosamente demonstrado.

Isso posto, patentemente demonstrada a ausência de requisitos ensejadores

da condenação em danos morais, razão pela qual deve ser reformada a sentença, a fim

de julgar improcedente o pleito indenizatório, mormente no tocante à ausência de culpa

da empresa recorrente e do nexo causal.

IV. DA VIOLAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) – RESP 1.063.474-RS

De acordo com reiterados julgados do Superior Tribunal de Justiça, Corte

Superior para interpretação das leis federais, só responde por danos materiais e morais o

endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola

os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, de acordo com o RESP nº

1.063.474-RS, para efeito do artigo 543-C, do Código de Processo Civil, senão vejamos:

DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL

REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC.

DUPLICATA RECEBIDA POR ENDOSSO-MANDATO.

PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO.

NECESSIDADE DE CULPA. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC:

Só responde por danos materiais e morais o endossatário que

recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se

extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo

próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do

pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. 2. Recurso

Especial não provido.

(STJ - RESP nº 1.063.474-RS (2008/0128501-0). RELATOR Ministro

Luis Felipe Salomão. Data do Julgamento: 28/09/2011. Data da

Publicação: 17/11/2011)

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Exaustivamente demonstrado o ato culposo do Banco Santander, que levou o

título a protesto novamente, após a empresa recorrente ter comunicado acerca do pagamento

do débito, comunicado este recebido pelo Banco Santander imediatamente.

Portanto, não pode a empresa recorrente responder pelos danos

supostamente causados ao recorrido por ato culposo do Banco Santander, o que viola a

jurisprudência consolidada do STJ, razão pela qual deve a sentença ser reformada, a

fim de julgar a presente ação totalmente improcedente.

V. CULPA EXCLUSIVA DO BANCO. APLICABILIDADE DO §3º, DO ART. 14, DO

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

Ainda, caso Vossa Excelência entenda pela aplicação do Código de Defesa do

Consumidor, o que não se espera, mas se aceita em razão do princípio da eventualidade,

ainda assim a ação deve ser julgada totalmente improcedente pela culpa exclusiva de

terceiro.

Cumpre esclarecer, NOVAMENTE, que a recorrente não tem nenhuma

responsabilidade pelos danos supostamente causados ao recorrido, tendo em vista que

não há comprovação de nexo causal entre o fato danoso e a conduta da empresa.

Ademais, cabalmente demonstrada a conduta lícita da empresa em protestar o título

enquanto devedor e sustar o protesto quando do pagamento da dívida, conforme faz

prova DOC. 01 em anexo.

Ademais, apesar de a empresa requerida fornecer ao Banco, para protesto, os

documentos referentes à pessoa jurídica, conforme consta na nota fiscal em anexo, o

banco enviou para protesto os dados da pessoa física. PORTANTO, NÃO HAVIA

COMO A EMPRESA RECORRENTE CONTROLAR A NÃO INCLUSÃO DO NOME

DO REQUERENTE NO SPC.

Por outro lado, a alegação do recorrido de que a responsabilidade aplicável ao

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caso é objetiva, evocando o disposto do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, não

merece guarida, uma vez que a aplicação da responsabilidade independente de culpa é cabível

somente nos casos relacionados ao serviço prestado.

No caso dos autos, a ilegalidade se caracteriza como fato externo ao serviço, sem

relação alguma. Nenhum nexo de causalidade foi demonstrado pelo requerente. Ademais,

demonstrada a culpa exclusiva de terceiro, Banco Santander.

Inconteste o fato de que a empresa procedeu de forma idônea e legal, até

mesmo quando deu ordem de protesto do título, diante de inadimplemento do recorrido.

Ocorre que, efetuado o pagamento, a recorrente sustou o protesto, considerando,

naturalmente, que estava resolvida e normalizada a situação. A PARTIR DAÍ, A

ATUAÇÃO DA EMPRESA NÃO MAIS DE PERDURARIA!

ADEMAIS, A EMPRESA RECORRENTE VENDE SEUS TÍTULOS DE

CRÉDITO AO BANCO SANTANDER, RAZÃO PELA QUAL, A PARTIR DAÍ A

EMPRESA DEIXA DE TER QUALQUER RESPONSABILIDADE SOBRE ESTES.

Aplica-se ao caso, na verdade, a exceção do §3º do artigo 14, in verbis:

Art. 14 – omissis

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando

provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

PATENTEMENTE DEMONSTRADA, NO CASO, A CULPA EXCLUSIVA

DE TERCEIRO – BANCO SANTANDER – EXCLUDENTE DE

RESPONSABILIDADE.

É neste sentido a Jurisprudência atual:

TJ-MG-DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO

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DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL. FALSÁRIO.

ADULTERAÇÃO DE CHEQUE. APRESENTAÇÃO PARA DESCONTO.

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FATO DE TERCEIRO. EXCLUSÃO DA

RESPONSABILIDADE. ARTIGO 14, § 3º, INCISO II DO CDC.

INEXISTÊNCIA DE PROVA DA NEGLIGÊNCIA DO BANCO E DE

CONTRIBUIÇÃO PARA CONSUMAÇÃO DA FRAUDE. PEDIDOS

IMPROCEDENTES.

1. Fundando-se a pretensão indenizatória proposta em face da instituição

financeira na adulteração de cheque apresentado para

pagamento/compensado, desvela-se autêntica hipótese de fato de terceiro,

configurador de fortuito externo à atividade bancária, restando rechaçada a

responsabilidade objetiva pura e simples, de maneira que sua

responsabilização somente se concretiza caso evidenciada negligência e

contribuição para a constituição do dano, aplicada a excludente prevista

no artigo 14, § 3º, inciso II do CDC.

(Processo:AC 10194100118463001 MG; Relator(a): Otávio Portes;

Julgamento: 07/08/2013; Órgão Julgador: Câmaras Cíveis / 16ª CÂMARA

CÍVEL; Publicação:19/08/2013)

TJ-SP-APELAÇÃO.

Ação declaratória de inexistência de débito cumulada com indenização por

danos morais. Dupla inscrição do nome da autora nos órgãos de proteção ao

crédito. Responsabilidade objetiva da casa lotérica corré. Afastado.

Danos suportados pelos apelantes decorrem do ato ilícito praticado,

única e exclusivamente, pela instituição financeira corré. Erro de

digitação. Suposta divergência entre o valor pago e aquele que constou no

comprovante de pagamento, a menor. Insuficiência do pagamento que

acarretou a primeira negativação pela corré instituição financeira. Eventual

divergência de valores sanável por fácil constatação, no ato do pagamento.

Culpa exclusiva dos apelantes que legitimou a primeira inscrição.

Excludente de responsabilidade. Artigo 14, § 3º, inciso II, do CDC. Segunda

inscrição. Instituição financeira não demonstrou a regularidade da nova

inscrição, efetivada dois dias após ter reconhecido a validade do pagamento

que ensejou a baixa da primeira negativação, sobre o mesmo contrato.

Apontamento indevido. Conduta negligente da instituição financeira corré.

Dano moral in re ipsa. Manutenção do quantum indenizatório fixado em

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primeira instância. Razoabilidade e proporcionalidade. Caráter inibitório e

reparatório, sem que haja enriquecimento sem causa. Verba honorária

mantida. Recurso improvido.

(Processo:APL 00046611320088260270 SP 0004661-13.2008.8.26.0270;

Relator(a): Lidia Conceição; Julgamento: 22/09/2014; Órgão Julgador: 12ª

Câmara de Direito Privado; Publicação: 22/09/2014).

TJ-DF-CIVIL. CONSUMIDOR. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO

INOMINADO. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO. FLUIÇÃO A PARTIR DA

CIÊNCIA DA SENTENÇA. INTEMPESTIVIDADE. PRESSUPOSTO

OBJETIVO DE ADMISSIBILIDADE NÃO SATISFEITO. DANOS

MATERIAIS E MORAL. COMPRA E VENDA PELA INTERNET.

EMPRESA INTERMEDIADORA. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO

E DO CONSUMIDOR. CUMPRIMENTO DE DEVER OBJETIVO DE

CUIDADO PELO FORNECEDOR. DANOS MATERIAIS E MORAL

NÃO CARACTERIZADOS.

1. DE CONFORMIDADE COM O REGRAMENTO QUE ESTÁ INSERTO

NO ARTIGO 42 DA LEI DE REGÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS

(LEI N.9.099/95), O RECURSO INOMINADO DEVE SER INTERPOSTO

NO PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS, CONTADOS DA CIÊNCIA DA

SENTENÇA.

2. CIENTIFICADO DA SENTENÇA, ATRAVÉS DE COMUNICAÇÃO

EXPEDIDA PELO CORREIO, APERFEIÇOA-SE A SUA INTIMAÇÃO

ACERCA DO CONTEÚDO DA SENTENÇA, INICIANDO-SE A

CONTAGEM DO PRAZO RECURSAL NO PRIMEIRO DIA ÚTIL

SEGUINTE AO DA JUNTADA DO RESPECTIVO AVISO DE

RECEBIMENTO AOS AUTOS.

3. PROTOCOLADO O RECURSO APÓS A EXPIRAÇÃO DO PRAZO

FIXADO EM LEI, NÃO PODE SER CONHECIDO POR NÃO

SUPLANTAR O PRESSUPOSTO OBJETIVO DE ADMISSIBILIDADE

PERTINENTE À TEMPESTIVIDADE.

4. A AÇÃO DELITUOSA DE TERCEIRA PESSOA NÃO É CAPAZ DE

EXCLUIR, POR SI SÓ, A RESPONSABILIDADE DOS

FORNECEDORES DE PRODUTOS E SERVIÇOS PELOS DANOS

CAUSADOS AOS CONSUMIDORES.

5. CONTUDO, SE A FORNECEDORA, ADOTANDO AS CAUTELAS

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NECESSÁRIAS À CORRETA FORMALIZAÇÃO DOS

CONTRATOS, FOI DILIGENTE E, NA MEDIDA DE SUA

POSSIBILIDADE, AGIU DE FORMA A PREVENIR A

OCORRÊNCIA DE DANOS AO CONSUMIDOR, NENHUMA

RESPONSABILIDADE PODE LHE SER IMPUTADA.

6. NA HIPÓTESE DE AÇÃO DELITIVA PERPETRADA POR

TERCEIRA PESSOA, QUANDO NÃO SE VISLUMBRA QUALQUER

PARTICIPAÇÃO DA FORNECEDORA DE SERVIÇOS QUE

INTERMEDIA AS NEGOCIAÇÕES , AINDA QUE SOB A FORMA DE

OMISSÃO, E OS DANOS SOFRIDOS DECORREM APENAS DA

AÇÃO CRIMINOSA DESENVOLVIDA POR TERCEIROS, BEM

COMO DA PRÓPRIA CONDUTA OMISSIVA DA VÍTIMA OU

CONSUMIDOR, IMPOSSÍVEL SE MOSTRA A CONDENAÇÃO DO

FORNECEDOR PRESTADOR D

7. RECURSO DO FORNECEDOR, PRIMEIRO RECURSO, C E

SERVIÇO DE MANDADO. ONHECIDO E PROVIDO, SENTENÇA

REFORMADA. RECURSO DO CONSUMIDOR, SEGUNDO RECURSO,

NÃO CONHECIDO

(Processo:ACJ 20051110046887 DF; Relator(a): JOÃO BATISTA

TEIXEIRA; Julgamento: 08/08/2006; Órgão Julgador: Segunda Turma

Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF; Publicação:DJU

06/09/2006 Pág. : 118).

STJ-RESPONSABILIDADE CIVIL. INCLUSÃO INDEVIDA NOS

CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. RISCO DA ATIVIDADE.

CASO FORTUITO INTERNO. NEGATIVAÇÕES ANTERIORES EM

DISCUSSÃO JUDICIAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

DEVIDA. RECURSO PROVIDO.

I - É inaplicável a súmula 385, do STJ, persistindo, portanto, o dever de

indenizar, quando há discussão judicial em relação às anotações, nos órgãos

de restrição ao crédito, em nome do autor, que não são objeto do presente

feito.

II - A culpa exclusiva de terceiros capaz de elidir a responsabilidade

objetiva do fornecedor de produtos ou serviços é somente aquela que se

enquadra no gênero de fortuito externo, ou seja, aquele evento que não

guarda relação de causalidade com a atividade do fornecedor,

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absolutamente estranho ao produto ou serviço.

III - Para fixação do valor do dano moral deverá o Julgador se ater aos

critérios de razoabilidade e proporcionalidade para que a medida não

represente enriquecimento ilícito, bem como para que seja capaz de coibir a

prática reiterada da conduta lesiva pelo seu causador.

(processo: AgRg no AREsp 419171 MG 2013/0360211-0)

STJ-DIREITO CIVIL, DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL.

RECURSO DE AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO

TERMINATIVA EM SEDE DE APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO

POR DANOS MORAIS. FRAUDE NA ABERTURA DE CONTA

CORRENTE E EMISSÃO DE CHEQUES. FRAUDE DECORRENTE DA

OMISSÃO DE INSTITUIÇÃO BANCARIA. RÉ NÃO TEVE NENHUMA

PARTICIPAÇÃO NA CONSECUÇÃO DOS ATOS FRAUDULENTOS.

EXCLUDENTE. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO. ART. 14, § 30, II,

CDC. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. No caso sub examine, por mais diligente que fosse a conduta da empresa

ré, não seria possível identificar o caráter fraudulento dos cheques

apresentados pelos falsários.

2. Não pode ser civilmente responsabilizada a empresa que não concorreu

para a realização do ato fraudulento.

3. 0 inciso II do § 3° do art. 14 do CDC, dispõe expressamente que o

fornecedor de serviços não será responsabilizado quando provar que o fato

danoso decorreu da culpa exclusiva de terceiro.

4. Recurso de Agravo a que se nega provimento por unanimidade de votos"

(e-STJ, fl. 13).

(Processo: AREsp 332976 PE 2013/0121122-5; RELATOR: Ministro João

Otávio de Noronha; DJe: 12/12/2014)

Patente a impossibilidade da empresa requerida, que não concorreu para o

evento danoso, ser responsabilizada. Além disso, a empresa foi diligente no

cumprimento da lei, procedendo com o pedido de retirada de protesto, com vistas a

impedir a negativação do nome do recorrido, tão logo quando comprovado o pagamento

do débito.

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Portanto, ausente a responsabilidade da empresa requeria, eis que

patentemente demonstrada a culpa exclusiva de terceiro, Banco Santander, razão pela

qual deve ser a ação julgada totalmente improcedente.

VI. DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS

Quanto aos danos alegados, importante destacar que o Recorrido não demonstrou

ter sofrido danos, segundo os documentos apresentados.

Portanto, certo é que, não houve qualquer prejuízo ao Recorrido, uma vez que o

dano moral se caracteriza pela dor, humilhação e sofrimento que a pessoa sente ao passar por

uma situação vexatória e constrangedora, o que não se extrai do caso em testilha.

Nesse passo, resta evidente a ausência de culpa do Recorrente acerca dos

fatos ocorridos, não havendo como se impor ao mesmo o dever de indenizar, fazendo-se

imprescindível a reforma da sentença proferida.

Imperioso destacar ainda, no que concerne ao dano moral, que ele consiste no

abalo sofrido pela vítima em sua imagem e honra, na sua gama de interesses subjetivos, de

maneira a causar-lhe vexames em seu âmbito social, em sua intimidade e perante familiares.

Ocorre que, de acordo com os documentos anexos, o Recorrido já havia seu nome

inserido nos cadastros de restrição ao crédito, quando ocorreu o fato alegado na exordial,

razão pela qual não lhe dá o direito de requerer indenização por danos morais à empresa

recorrente.

Segue jurisprudência atual:

DANO MORAL. EXISTÊNCIA DE OUTRAS INSCRIÇÕES PRETÉRITAS. INDENIZAÇÃO NEGADA. Se existem inúmeras outras inscrições em desfavor da pessoa, não há que se falar em dano a sua imagem, em razão da existência de nova inscrição, pois essa já se encontrava maculada por aquelas.

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(TJ-MG - AC: 10024130355498001 MG , Relator: Cabral da Silva, Data de Julgamento: 18/03/2014, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/04/2014)

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - Reconhecida a irregularidade da cobrança, a inserção dos dados do autor, em tese, ensejaria indenização por danos morais Existência, contudo, de inscrições anteriores, cujas alegações do autor, no sentido de que são indevidas, não restaram comprovadas Caso em que não há idoneidade moral a ser resguardada Inexistência de dano moral - Inteligência da Súmula 385 do STJ - Sentença mantida. Recurso não provido.

(TJ-SP - APL: 10111355320148260405 SP 1011135-53.2014.8.26.0405, Relator: Marino Neto, Data de Julgamento: 30/04/2015, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/04/2015)

RECURSO DE APELAÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Pretensão de declaração de inexistência de dívida c.c. indenização por danos morais - Descabimento Demora na retirada da anotação restritiva que não é causa determinante para obtenção de indenização por danos morais Improcedência mantida. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - Existência de precedentes inscrições em nome da apelante, sem demonstração de que tais fossem ilegítimas Incidência da S. nº 385, do STJ Inocorrência de danos morais Recurso desprovido.

(TJ-SP - APL: 01089589120118260100 SP 0108958-91.2011.8.26.0100, Relator: João Batista Vilhena, Data de Julgamento: 14/08/2014, 24ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 19/08/2014)

Diante do exposto, verifica-se que a condenação do Recorrente ao pagamento de

indenização por danos morais é infundada, quiçá pela ausência de comprovação de

qualquer defeito ou falha na prestação do serviço, devendo ser reformada a sentença ora

recorrida para afastar qualquer pretensão indenizatória.

VII. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

 

Caso a sentença ora recorrida seja mantida, o que não se espera, mas se admite em

razão do princípio da eventualidade, há que se dizer que o valor arbitrado pelo MM. Juiz é Página 17 de 21

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exorbitante.

Na sentença ora recorrida, a Recorrente foi condenada ao pagamento de R$

4.000,00 (quatro mil reais) a título de danos morais, sob o fundamento de que este valor é

suficiente para reparar os danos sofridos pelo Recorrido.

Entretanto, não merece prosperar o elevado valor da condenação arbitrado pelo

MM. Juiz a quo.

Como se sabe, o ressarcimento do dano moral, é uma forma de compensar

sofrimento causado, não pode, porém ser fonte de enriquecimento ou de abusos, devendo a

sua importância ser moderada.

Antônio Jeová Santos, em sua obra “Dano Moral Indenizável”, 3ª ed, faz uma

relação de elementos que devem ser observados, dentre eles, evitar o enriquecimento

injusto, vejamos:

“A reparação de um dano moral, seja qual for a espécie, não deve

significar uma mudança de vida para a vítima ou para a sua

família. Uma forma de enriquecimento surgida da indenização. 

O dano moral não pode servir a que vítimas ou pseudovítimas vejam

sempre a possibilidade de ganhar um dinheiro a mais, enriquecendo-

se diante de qualquer abespinhamento. É certo que o dinheiro tem um

valor compensatório e que permite à vítima algumas satisfações que

trazem apazimento, que sirvam como sucedâneo do dano moral

padecido. Esse direito da vítima não pode se tornar em benefício

excessivo ou que não guarde correlação com o ressarcimento de

outros danos e com as circunstâncias gerais de uma comunidade”.

 

De acordo com essa linha, os Tribunais Pátrios têm se posicionado da seguinte

maneira:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. Página 18 de 21

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AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

CUMULADA COM ANULATÓRIA DE TÍTULO DE CRÉDITO E

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ARBITRAMENTO DO

DANO MORAL. Caracterizado o dano moral à pessoa jurídica com o

protesto de dívida não existente, a indenização não deve ser

irrisória, de modo a fomentar a reincidência, nem deve ser

desproporcional ou exagerada, de modo a acarretar

enriquecimento, justificando-se, no caso, o arbitramento da sentença,

conforme as circunstâncias e os julgamentos de casos análogos.

(Apelação Cível Nº 70061238812, Vigésima Câmara Cível, Tribunal

de Justiça do RS, Relator: Carlos Cini Marchionatti, Julgado em

24/09/2014; Diário da Justiça do dia 29/09/2014).

TJ-SP-RESPONSABILIDADE POR ILÍCITO CIVIL

EXTRACONTRATUAL. NEGATIVA DE CELEBRAÇÃO DE

CONTRATO DE CONTA CORRENTE. INSCRIÇÃO

DESABONADORA. PREJUÍZOS DE ORDEM MORAL QUE SE

CONCRETIZAM A PARTIR, SÓ, DA INSCRIÇÃO.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO

FINANCEIRA. INCIDÊNCIA DO VERBETE N. 479 DAS

SÚMULAS DO STJ. DANOS MORAIS. ARBITRAMENTO EM

VALOR RAZOÁVEL PORQUE DEVE REFLETIR O

BINÔMIO REPARAÇÃO/REPRIMENDA SEM RESVALAR

PELO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. INDENIZAÇÃO

FIXADA EM PRIMEIRO GRAU MANTIDA, MESMO PORQUE

NÃO é SUPERIOR À COSTUMEIRAMENTE ARBITRADA

NESTA C. CÂMARA PARA CASOS ANÁLOGOS. RECURSO A

QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

(Processo: APL 0041303520088260040 SP 0004130-

35.2008.8.26.0040; Relator(a): Araldo Telles; Julgamento:

15/06/2011; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado;

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Publicação: 22/07/2014)

STJ-CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.

ATROPELAMENTO. MORTE. DANO MORAL. FIXAÇÃO EM

PATAMAR EXCESSIVO. REDUÇÃO. POSSIBILIDADE. PENSÃO

ALIMENTÍCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE

DEPENDÊNCIA ENTRE OS RECORRIDOS. SÚMULA 7/STJ. 1. O

critério que vem sendo utilizado por essa Corte Superior na

fixação do valor da indenização por danos morais, considera as

condições pessoais e econômicas das partes, devendo o

arbitramento operar-se com moderação e razoabilidade, atento à

realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de forma a não

haver o enriquecimento indevido do ofendido, bem como que sirva

para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito. 2. A redução do

"quantum" indenizatório a título de dano moral é medida excepcional

e sujeita a casos específicos em que for constatado abuso, tal como

verificado no caso. (Processo: REsp 747474 RJ 2005/0074322-4;

Relator(a): Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO

(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP); Julgamento:

02/03/2010; Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Publicação:

DJe 22/03/2010)

O valor aqui pleiteado é deveras exorbitante, pois não restou demonstrada a

dimensão do dano. Ainda mais, visto que seu nome já estava inserido do SPC e

SERASA, demonstrando que a ele não foi atribuído abalo econômico.

Não há razoabilidade em tal pedido. O arbitramento não prescinde de uma

avaliação comparada entre o dano e o quantum arbitrado, com vistas a combater o

enriquecimento sem causa. Uma vez que, repita-se, a indenização por dano moral não tem o

condão de aumentar o patrimônio do ofendido, mas serve para um propósito específico e

totalmente ligado ao sofrimento experimentado. Deve ser proporcional.

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Conforme cabalmente demonstrado, não há responsabilidade da empresa.

Porém, se entender cabível, deve ser fixada indenização mediante arbitramento judicial,

segundo os melhores critérios doutrinários e jurisprudenciais, como a natureza da

ofensa, a repercussão do fato, extensão do dano, o grau de culpa.

Desta forma, a Requerida desde logo requer que seja afastada qualquer

pretensão de condenação ao pagamento de indenização resultante de dano, em face da

sua inexistência, impugnando por consequência o valor exorbitante requerido na

exordial.

VIII. DO PREQUESTIONAMENTO

Para efeito de interposição de Recurso Especial, se necessário, fica desde já

prequestionada a matéria objeto do presente Recurso, que foi abordada pela Recorrente ao

longo do curso do feito.

IX. DO PEDIDO

PELO EXPOSTO, requer seja conhecido e provido o presente Recurso

Inominado, para o fim de reformar a sentença recorrida, para julgar os pedidos iniciais

totalmente improcedentes.

Caso não seja esse o entendimento de Vossas Excelências que, ao menos,

determinem a redução do valor arbitrado a título de danos morais.

Pede deferimento.

Teresina-PI, 14 de Maio de 2015.

 

Audrey Martins Magalhães Fortes

OAB/PI 1.829

Mariana de Souza Ladeira

OAB/MA 11.278

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