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Parecer Técnico Científico sobre a Recomendação da utilização da
Gastrectomia Vertical no tratamento da obesidade.
Requisito para obtenção de Título de
Especialista no Curso de Especialização à
Distância em Avaliação de Tecnologia de
Saúde da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul – UFRGS e Instituto de Avaliação de
Tecnologia em Saúde – IATS.
Autora: Profª. Dra. Mônica Mazzurana Benetti
Orientadora: Profª. Dra. Luciana Bahia
Agosto 2013
ÍNDICE
RESUMO EXECUTIVO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 3
PERGUNTA ESTRUTURADA = PICO ---------------------------------------------------------------------------- 4
INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5
CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ------------------------------------------------------------------------ 5
A OBESIDADE E SUAS COMORBIDADES ---------------------------------------------------------------------- 6
CIRURGIA BARIÁTRICA ------------------------------------------------------------------------------------------- 7
INDICAÇÕES DA CIRURGIA --------------------------------------------------------------------------------------- 8
TÉCNICAS OPERATÓRIAS ---------------------------------------------------------------------------------------- 9
CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA ------------------------------- 12
BASES DE DADOS E ESTRATÉGIAS DE BUSCA ------------------------------------------------------------- 13
QUALIDADE DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS --------------------------------------------------------------- 14
RESULTADOS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS ------------------------------------------------------------- 15
QUALIDADE DOS ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS ------------------------------------------------ 16
RESULTADOS DOS ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS ----------------------------------------------- 17
RECOMENDAÇÕES FINA----------------------------------------------------------------------------------------- 20
CONFLITOS DE INTERESSE ------------------------------------------------------------------------------------- 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------------------------ 21
2
RESUMO EXECUTIVO
INTENSIDADE DAS RECOMENDAÇÕES: Revisões Sistemáticas – Grau de Recomendação B e Nível de Evidência 2A.Ensaios Clínicos Randomizados – Grau de Recomendação A e Nível de Evidência 1B. TECNOLOGIA: Gastrectomia Vertical comparada a Gastroplastia com derivação em Y de Roux para o tratamento de pacientes obesos.
COMPARADOR: Gastroplastia com derivação em Y de Roux (LRYGB)
CARACTERIZAÇÃO DA TECNOLOGIA: Tratamento da obesidade grave
PERGUNTA: A Gastrectomia Vertical no tratamento dos pacientes obesos é tão eficaz e segura quanto a Gastroplastia em Y de Roux?
BUSCA E ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS: foram encontrados 230 artigos nas bases Medline, Embase, Cochrane, Lilacs e 03 na literatura cinza, totalizando 233 estudos. Destes, 02 Revisões Sistemáticas com metanálise e 09 ECR foram selecionados para análise crítica.
RESUMO DOS RESULTADOS:
METANALISES
Ping Li et al, 2013: favorável ao LRYGB para o desfecho perda de peso e controle do diabetes. (Qualidade: baixa, Recomendação: fraca).
Yang X et al, 2013: favorável ao LRYGB em 03 dos 08 desfechos avaliados: diminuição do índice de massa corporal (IMC), melhora da índice de resistência insulínica-HOMA-IR e avaliação do HDL. Nos demais cinco desfechos houve similaridade entre os procedimentos: controle da glicemia e hemoglobina glicada, controle dos triglicerídeos, LDL e colesterol total, ou seja, controle do diabetes e das dislipidemias. (Qualidade: moderada, Recomendação: fraca).
ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS
Desfecho perda do excesso de peso (EWL): Vix M et al 2013, Paluszkiewicz R et al 2012, Kehagias I et al 2011, Peterli R et al 2012 e Woelnerhanssen B et al, 2011 encontraram similaridade entre os procedimentos, somente o estudo de Karakamanos N et al, 2008 favoreceu a LSG.
Desfecho Redução do Índice de Massa Corpórea (IMC): Vix M et al 2013, Paluszkiewicz R et al 2012, Peterli R et al 2012 e Woelnerhanssen B et al, 2011 não encontraram diferença entre os grupos analisados.
Desfecho Controle do Diabetes: Vix M et al 2013, Ramon JM et al 2012, Paluszkiewicz R et al 2012, Peterli R et al 2012, Woelnerhanssen B et al 2011 e Peterli
3
R et al 2009 concluíram que ambos os procedimentos são eficazes no controle do Diabetes.
Para os desfechos Controle das Comorbidades e das Dislipidemias não foi diferente, Paluszkiewicz R et al 2012 e Kehagias I et al 2011 não encontraram diferença entre os grupos.
Na avaliação do desfecho Segurança, Helmio M et al 2012 e Paluszkiewicz R et al 2012 analisaram esses desfechos e concluíram que ambos os procedimentos são eficazes, com pequeno favorecimento a LSG, fato que se repetiu na avaliação do desfecho Tempo Operatório que foi favorável a LSG.
RECOMENDAÇÃO: Em ambas as metanálises, a Gastroplastia com derivação em Y de Roux (LRYGB) ainda é superior a Gastrectomia Vertical (LSG) no tratamento da obesidade, para os desfechos perda de peso e controle da glicemia. (Recomendação fraca contra a tecnologia). No entanto, a maioria dos ECR analisados nesse PTC conclui que ambos os procedimentos são igualmente seguros e eficazes em termos de perda de peso e controle das comorbidades. Portanto, a recomendação baseada em ECR bem delineados e de boa qualidade é forte a favor da tecnologia. Para sustentar essa recomendação sugerimos realização de Revisão Sistemática com metanalise que agrupe os dados desses estudos primários de boa qualidade metodológica.
Quadro 1- PERGUNTA ESTRUTURADA = PICO
POPULAÇÃO Pacientes obesos IMC >35 associado à co-morbidades ou IMC >40
INTERVENÇÃO Gastrectomia Vertical Aberta ou Laparoscópica
COMPARAÇÃO Gastroplastia em Y de Roux Aberta ou Laparoscópica
PARÂMETROS Eficácia e Segurança
DESFECHOSComplicações precoces e tardias, Perda de excesso de peso,
Redução do índice de massa corporal e Melhora das comorbidades.
PERGUNTA
A Gastrectomia Vertical no tratamento dos pacientes obesos é
tão eficaz e segura quanto a Gastroplastia com derivação em
Y de Roux?
Base de dados REBRATS - www.saude.gov.br/rebrats
INTRODUÇÃO
4
A Gastrectomia Vertical Laparoscópica (Laparoscopic Sleeve Gastrectomy -
LSG) é um procedimento relativamente inovador, que vem sendo realizado para o
tratamento da obesidade há cerca de 10 anos. Foi originalmente concebido como
primeira fase do tratamento de pacientes superobesos, mas se tornou a operação
padrão para muitos cirurgiões bariátricos, (1). No Brasil, foi regulamentada pelo
Conselho Federal de Medicina no ano de 2010 e desde então tem apresentado
grande aceitação em nosso meio, (2).
A LSG parece ser o procedimento com menor curva de aprendizado e menor
taxa de complicações tardias graves, principalmente as metabólicas. No entanto,
conforme Helmio M et al, em 2012, os estudos sobre a manutenção da perda de
peso em longo prazo e a sua influência nas comorbidades clínicas ainda são muito
escassos, (3). Por outro lado, a Gastroplastia laparoscópica com derivação em Y de
Roux (Laparoscopic Roux-em-Y Gastric Bypass - LRYGB) é procedimento mais
complexo, com curva de aprendizado longa, mas que apresenta resultados
conhecidos a longo prazo em termos de perda de peso sustentada com bons
resultados clínicos e metabólicos.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
A Organização Mundial da Saúde projetou que em 2005 o mundo teria 1,6
bilhões de pessoas acima de 15 anos de idade com excesso de peso (IMCI ≥ 25
kg/m2) e 400 milhões de obesos (IMC ≥ 30 kg/m2). A projeção para 2015 é ainda
mais pessimista: 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso e 700 milhões de
obesos, indicando um aumento de 75% nos casos de obesidade em 10 anos, (4).
Em 2004, a National Health and Nutrition Examination Survey mostraram que
32,3% das pessoas nos EUA são obesos e 4,8% são obesos mórbidos, uma
tendência semelhante foi observada na Europa, (5).
No Brasil, as projeções não são muito distintas. A Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF 2008 e 2009) divulgada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que em todas as regiões do país, faixas
etárias e de renda aumentou contínua e substancialmente o percentual de pessoas
com excesso de peso e obesas. O sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre
cinco e nove anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos e nada
5
menos que 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos. São números
que dão ao fenômeno contornos de epidemia. Mantido o ritmo atual de
crescimento do número de pessoas acima do peso, em dez anos elas serão 30% da
população – padrão idêntico ao encontrado nos Estados Unidos, onde a obesidade
já se constitui o maior problema de saúde pública, (6).
Recentemente foram analisados os dados da Pesquisa de Orçamento
Familiar, publicada em 2008 e 2009 (6) sobre custos em obesidade e concluiu-se
que o maior percentual de cidadãos portadores de obesidade grave é o da região
Sudeste, com 0,77% da população obesa. Além disso, salientou que a maior
ocorrência se encontra entre a população de baixa renda. No Brasil, 0,8% da
população (1.550.993 indivíduos) apresenta obesidade grave 1,14% das mulheres
e 0,44% dos homens, (7). Fato esse que repercutiu, em 2011, no gasto de R$ 488
milhões para o Ministério da Saúde, conforme demonstrou pesquisa realizada pela
Universidade de Brasília, (8).
A OBESIDADE E SUAS COMORBIDADES
A Obesidade é doença de difícil tratamento clinico, pois pressupõe alteração
de hábitos através da reeducação alimentar e exercícios físicos, além do uso de
medicações. A abordagem dietética é de valor limitado no curto prazo e a
recuperação do peso é praticamente a regra, devido à baixa adesão à dieta
mostrada por indivíduos obesos, (9).
A cirurgia é reconhecida como a única modalidade capaz de manter os
resultados de perda de peso a médio e longo prazo. Adams et al, em 2007
demonstraram seus efeitos benéficos complementares no controle da síndrome
metabólica, ou seja, melhora da resistência à insulina, do diabete mellitus, da
hiperlipidemia, da hipertensão arterial e da apnéia do sono, (10). A perda de peso
induzida cirurgicamente é eficaz e duradoura, melhora as condições relacionadas à
obesidade em uma alta porcentagem de pacientes e reduz significativamente a
mortalidade global controlando os fatores de risco cardiovasculares, (11,12).
6
CIRURGIA BARIÁTRICA
A cirurgia bariátrica está se tornando um procedimento cada vez mais
realizado nos países desenvolvidos. Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar no
número de cirurgias realizadas, seguidos pelo Brasil e Europa. Hoje em dia, mais
de 200.000 operações são estimadas por ano em todo o mundo devido à
obesidade. A grande maioria destas intervenções é realizada por laparoscopia, o
que diminuiu a taxa de complicações no pós-operatório, (13, 14, 15, 16)
Tabela 1 – Número de cirurgias bariátricas realizadas no ano de 2008.
PAÍS Número de cirurgias em 1 ano
EUA/Canada 220.000
Brasil 25.000
França 13.722
México 13.500
Austrália/Nova Zelândia 11.914
Bélgica/Luxemburgo 8.700
Espanha 6.000
Reino Unido 6.000
Itália 4.842
Holanda 3.500
Suécia 2.894
Argentina 2.400
Alemanha 2.117
FONTE: Buchwald H, Oien DM. Metabolic/Bariatric Surgery Worldwide 2008 (17).
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica disponibilizada em
seu site uma estimativa do número de cirurgias realizadas no Brasil nos últimos
anos (Tabela 2) e informou que desde 2010, em torno de 15% dos procedimentos
realizados foram LSG e 85%, LRYGB (Contato pessoal, Julho de 2013).
Tabela 2 – Número estimado de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil nos
últimos anos.
7
Ano Cirurgias realizadas
2003 16.000
2004 18.000
2005 22.000
2006 29.500
2007 33.000
2008 38.000
2009 45.000 *
2010 60.000**
*25% por videolaparoscopia
**35% por videolaparoscopia
FONTE: SBCBM - Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (18)
INDICAÇÕES DA CIRURGIA
As diretrizes da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome
Metabólica (ABESO) 2009-2010 (19), Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica (18) e o Conselho Federal de Medicina (2) estabeleceram os seguintes
critérios para o tratamento cirúrgico da obesidade:
obesidade grau III (IMC maior ou igual a 40 Kg/m2);
obesidade grau II (IMC entre 35 e 39,9 Kg/m2) quando associada à
co-morbidades graves (orgânicas ou psicossociais) desencadeadas
ou agravadas pela obesidade e que ameacem a vida;
tratamento clínico prévio ineficaz com acompanhamento regular e
duração mínima de dois anos;
obesidade estável há pelo menos cinco anos (o paciente deve
permanecer na mesma faixa/grau de obesidade, para impedir que
pacientes negligenciem o tratamento a fim de preencher critérios de
indicação cirúrgica);
8
Os pré-requisitos estabelecidos são:
idade entre 18 e 65 anos *;
compreensão por parte do paciente e da família de todos os riscos e
conseqüências do tratamento cirúrgico e pós-cirúrgico;
suporte familiar constante;
* recentemente o Ministério da Saúde reduziu a idade mínima para as pessoas que
precisam de uma cirurgia bariátrica. Uma das principais mudanças é a redução de
18 para 16 anos a idade mínima para realizar o procedimento, em casos em que há
risco de vida do paciente. (20)
O tratamento cirúrgico está contra-indicado nos seguintes casos:
pacientes com obesidade decorrente de doenças endócrinas;
jovens cujas epífises dos ossos longos ainda não estão consolidadas,
isto é, ainda em fase de crescimento longitudinal;
indivíduos com distúrbios psicóticos ou demências graves ou
moderadas;
indivíduos com história recente de tentativa de suicídio;
dependentes químicos (álcool e outras drogas).
TÉCNICAS OPERATÓRIAS
Os dois mecanismos principais para alcance de resultados são: restrição da
ingestão de alimentos e/ou má absorção de nutrientes. As técnicas puramente
restritivas, como a Banda Gástrica Ajustável (Laparoscopic Ajustable Gastric
Banding - LAGB) e a Gastroplastia Vertical agem através da redução da ingestão de
alimentos e do aumento da sensação de saciedade. A perda do excesso de peso em
longo prazo obtida com estas técnicas é inferior em comparação a procedimentos
que envolvem tanto restrição quanto má absorção, como a Gastroplastia com
derivação em Y de Roux (LRYGB) (21, 22) e a Derivação Bilio-pancreática (BPD),
com ou sem Duodenal Switch, que retira 85% do estômago e faz um desvio
intestinal para reduzir a absorção dos alimentos. Além disso, estas técnicas são
mais eficazes no controle da glicemia do que os procedimentos puramente
9
restritivos, (22, 23).
A LRYGB implica na construção de uma pequena bolsa gástrica ligada a uma
alça jejunal de modo que o suco biliopancreático seja inicialmente desviado a
partir do trato digestivo e encontre a comida numa reconstrução em Y (Figura 1).
A LSG é uma gastrectomia parcial de toda a grande curvatura do estômago que
resulta numa estrutura tubular calibrada. O estômago ressecado contém parte da
população celular responsável por produzir grelina (também conhecido como
orexígeno ou o "hormônio da fome") e, por isso devem ser considerados em uma
categoria diferente das técnicas puramente restritivas (Figura 2), (12).
Figura 1 – Gastroplastia com derivação
intestinal em Y Roux
10
.
Figura 2 – Gastrectomia vertical
(gastrectomia em manga, gastrectomia
longitudinal, gastrectomia sleeve)
FONTE: SBCBM - Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (18)
Alguns procedimentos tornaram-se obsoletos por causa dos seus pobres
resultados de perda de peso e altas taxa de complicações como, por exemplo, a
Gastroplastia Vertical, que colocava um anel gástrico seguido de um
grampeamento do estômago, ou por terem sido criticados pela taxa inaceitável de
deficiências de micronutrientes, como o BPD. Portanto, o arsenal corrente do
cirurgião bariátrico é composto principalmente de LRYGB, LSG, e LABG, (24). Um
recente estudo prospectivo avaliando as complicações peri-operatórias de
11
diferentes procedimentos bariátricos demonstrou baixas taxas globais de
morbidade (7,3%) e mortalidade (0,04%). Além disso, referiu que as complicações
graves foram mais comuns após LRYGB, atingindo 3,6% dos casos e as
complicações de sítio cirúrgico ficaram entre 3,5-4,3%. A morbidade no grupo
LABG foi decorrente principalmente da presença da banda em longo prazo e
mortalidade foi quase nula, (25).
O primeiro relatório do Colégio Americano dos Cirurgiões, com base em
dados incluindo mais de 28.000 pacientes, afirmou que LSG apresenta um perfil de
risco e eficácia posicionado entre LAGB e LRYGB, (26, 27, 28). Foi originalmente
descrita como o primeiro passo de uma BPD, por Hess em 1988, (29). Verificou-se
que muitos pacientes perderam peso adequado de tal modo que uma segunda fase
de operação tornou-se desnecessária. Com aproximadamente 10 anos de
acompanhamento, a gastrectomia vertical foi construída mais limitada e mais
próximo do piloro, e as indicações para a LSG aumentaram e, com a obtenção de
bons resultados em termos de perda de peso, está ganhando cada vez maior
aceitação como um procedimento bariátrico autônomo, (30, 31, 32, 33, 34). Alguns
autores já afirmaram que a LSG é tão eficaz quanto LRYGB na perda de peso e no
controle das comorbidades relacionadas e está associada com menor incidência de
deficiências metabólicas no pós-operatório, (35, 36, 37, 38). Além disso, a partir de
um ponto de vista puramente técnico, LSG é considerado um procedimento menos
desafiador quando comparado com RYGB, com curva de aprendizado mais curta,
(39).
12
A Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica reconheceu a SG
como opção terapêutica aceitável com base em estudos comparativos que mostram
perda de peso sustentada, melhora das co-morbidades clinicas e satisfação do
paciente, (40). No entanto, apenas poucos ensaios clínicos randomizados que
comparam LRYGB e LSG foram relatados, (35, 36, 41).
Devido ao aumento na prevalência da obesidade no Brasil, existe grande
preocupação com o manejo da doença. Atualmente a banalização da intervenção
cirúrgica na obesidade grave traz à discussão questões como segurança e
efetividade para os pacientes e custos para os cofres públicos. Os resultados desse
PTC interessam a uma ampla e variada quantidade de agentes, direta ou
indiretamente relacionados com a problemática da obesidade, como financiadores
(operadoras de planos de saúde e Ministério da Saúde) e prestadores de serviços
(hospitais, clínicas e profissionais da saúde), além da Sociedade (usuários).
Portanto, tem a intenção de diminuir as dúvidas sobre eficácia e segurança da
Gastrectomia Vertical em comparação a Gastroplastia com derivação em Y de Roux,
técnica operatória considerada padrão ouro para o tratamento da obesidade.
CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
A Resolução CFM n°1.942/2010 teve a finalidade de revisar e estabelecer
normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, definindo
indicações, procedimentos e equipe, para tanto alterou a Resolução CFM no 1.766,
de 13 de maio de 2005, publicada no Diário Oficial da União em 11 de julho de
2005, Seção I, página 114, e incluiu a Gastrectomia Vertical como procedimento
aceito, ou seja, tornou-se regulamentado nessa data, (2, 42).
BASES DE DADOS E ESTRATÉGIAS DE BUSCA UTILIZADAS PARA COLETA DE
13
INFORMAÇÃO
Realizou-se busca eletrônica nas bases de dados MEDLINE e EMBASE
utilizando a combinação de termos (gastric bypass) AND (bariatric surgery) AND
(Obesity, morbid) e nas bases COCHRANE e LILACS (bypass gástrico) AND (cirurgia
bariátrica) AND (obesidade mórbida). Utilizaram-se dois filtros metodológicos pela
ferramenta PUBMED no MEDLINE: Meta-Analysis e Randomized Controlled Trial. O
primeiro visou encontrar revisões sistemáticas que pudessem auxiliar na
elaboração do PTC. Já o segundo filtro possibilitou a obtenção de Ensaios Clínicos
Randomizados e Controlados (ECR) comparando Gastroplastia com reconstrução
em Y de Roux (RYGB) e Gastrectomia Vertical (SG) no tratamento da obesidade
mórbida. No total foram recuperados 09 ECR que preencheram os critérios de
inclusão.
Figura 3. Algoritmo da seleção dos estudos primários.
Adaptado de PRISMA – Transparent Reporting of Sistematic Rewiew and Meta-analyses. Disponível em http://prisma-statement.org.index.htm
QUALIDADE DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS COM METANÁLISE
14
Quadro 1 – Avaliação da Qualidade Metodológica das Revisões Sistemáticas com
Metanálise – Sistema GRADE
ESTUDO
PAIS DE ORIGEM
BUSCA
NÚMERO DE
ESTUDOS INCLUÍDOS
QUALIDADE DOS
ESTUDOS PRIMÁRIOS
AVALIAÇÃOPERFIL DOS
PARTICIPANTES
INTERVENÇÃOCONFLITO
S DE INTERESSE
QUALIDADE DA EVIDÊNCIA
RECOMENDAÇÃO
Ping, Li et al, 2013 China
Pubmed e
Embase
16 estudos incluídos,
04 CCT, 05 ECR, 01
CoP, 03 ECNR, 03 RET
Entre os 05 ECR, 01 utilizou
pacientes com IMC
entre 25 e 35 e
02 são do mesmo
grupo de estudo
(mesma amostra)
Não avaliou a qualidade dos estudos
incluídos.
Pacientes obesos graves
Gastroplastia em Y de Roux
vs Gastrectomia
Vertical
Não declararam conflitos de interesse.
BAIXA FRACA
Yang, X et al, 2013 China
Medline, Embase, Pubmed, Cochrane Library e
Google Scholar
08 estudos incluídos, 02 CCT, 06 ECR
Entre os 06 ECR, 02 usaram
pacientes com IMC <
35 e 03 são do mesmo grupo de
estudo (mesma
amostra)
Fez a avaliação da
qualidade dos estudos
pelo CONSORT, tanto para
os ECR, quanto para
os CCT
Pacientes não obesos
(IMC < 35Kg/m2) e obesos graves
Gastroplastia em Y de Roux
vs Gastrectomia
Vertical
Declararam não haver
conflitos de interesse.
MODERADA FRACA
Cop=Coorte Prospectivo ECR=Ensaio Clínico Randomizado
ECNR=Ensaio Clínico Não Randomizado IMC=Índice de Massa Corpórea
RET=Retrospectivo (Coorte) CCT=Caso Controle
15
RESULTADOS DAS REVISÕES SISTEMÁTICAS COM METANÁLISE
Quadro 2 – Resultados das Revisões Sistemáticas com Metanálise.
ESTUDO NÚMERO E TIPO DE
ESTUDOS INCLUIDOS
QUALIDADE DA EVIDÊNCIA
DESFECHOS RESULTADOS
PAÍS
Ping, Li et al, 2013 China
16 estudos incluidos, 04 CCT, 05 ECR,
01 CoP, 03 ECNR, 03
RET
Baixa (Ensaios clínicos com problemas
metodológicos e estudos observacionais com
desfecho importante)
Resolução do DM, da HAS e EWL em 12
meses.
DM : favorável para o LRYGB = OR de 2,46 (95% IC: 1,48-4,09, p<0.0001)
EWL: favorável para o LRYGB = MD de 10,68 (95% IC: 4,60, 16,75 p = 0.005)
HAS: similar entre LSG e LRYGB = OR de 0,81 (95% IC: 0,57, 1,16 p= NS)
Yang, X et al, 2013 China
08 estudos incluidos, 02 CCT, 06 ECR
Moderada (ensaios clínicos com alguns
problemas metodológicos como pequeno tamanho amostral ou desfechos
indiretos e estudos observacionais com alta qualidade com risco de
viés muito baixo)
Diminuição do IMC, Glicemia de
jejum, Hemoglobina
glicada, Triglicerídeos,
Colesterol total, LDL-Colesterol e HDL-Colseterol.
IMC: favorável para LRYGB = OR de 1,84 (95% IC: 0,50-3,18)
Glicemia: similar entre LSG e LRYGB = OR de -2,30 (95% IC: 7,47 a 2,88)
HbA1c: similar entre LSG e LRYGB (OR de 0,05 (95% IC: -0,35 a 0,44)
HOMA-IR: favorável ao LRYGB (OR de -0,83 (95% IC: -1,43 a -0,22)
Triglicerídeos:similar entre LSG e LRYGB (OR de -8,02 (95% IC: -33,74 a 17,71)
Colesterol Total: similar entre LSG e LRYGB (OR de -17,43 (95% IC: -34,72 a -0,14)
LDL-Colesterol:similar entre LSG e LRYGB (OR de -18,64 (95% IC: -38,17 a 0,88)
HDL-Colesterol: favorável ao LRYGB (OR de 3,27 (95% IC: 0,48 a 6,06)
CoP=Coorte Prospectivo LDL=Low Density Lipoprotein
ECNR=Ensaio Clínico Não Randomizado HDL=High Density Lipoprotein
RET=Retrospectivo (Coorte) HOMA-IR=Homeostasis Model of Assessment - Insulin Resistance
ECR=Ensaio Clínico Randomizado LRYGB=Bypass gástrico laparoscópico em Y-de-Roux
CCT=Caso Controle OR=Odds Ratio
DM=Diabetes Mellitus MD=Mean Difference
IMC=Índice de Massa Corpórea NS=Não significativo
HAS-Hipertensão Arterial Sistêmica IC=Intervalo de Confiança
HbA1c=Hemoglobina Glizada EWL=Excess Weight Loss (Perda do excesso de peso)
Devido à qualidade metodológica das Revisões Sistemáticas com Metanálise
ter sido considerada baixa e moderada pelo Sistema GRADE já que incluíram
estudos observacionais, retrospectivos e não randomizados e, no caso dos autores
Ping Li et al 2013, nem mesmo terem descrito a qualidade dos estudos, optamos
por analisar criticamente os ECR encontrados na busca, conforme avaliação do
mesmo Sistema já que apresentaram melhor qualidade metodológica e não foram,
na sua maioria, descritos nessas duas metanalises.
16
QUALIDADE DOS ENSAIOS CLINICOS RANDOMIZADOS
Quadro 3 – Avaliação da Qualidade Metodológica dos ECR – Sistema GRADE.
PARAMETROS Vix 2013
Ramon 2012
Helmio 2012
Paluszk 2012
Kehagias 2011
Karam 2008
Peterli 2012
Woelner 2011
Peterli 2009
O estudo foi randomizado? S S S S S S S S S
A alocacao dos pacientes nos grupos foi sigilosa? S ND S ND S S S S S
Os pacientes foram analisados nos grupos aos
quais foram randomizados (a analise foi por intencao de
tratar)?
N S S S S S S S S
Os pacientes dos dois grupos eram semelhantes com
relacao a fatores de prognostico previamente
conhecidos?
S S S S S S S S S
O estudo foi cego? S ND ND ND S S ND S S
Fora a intervencao experimental, os grupos
foram tratados igualmente?S S S S S S N S S
As perdas foram significativas? N N N N N N S N N
O estudo apresentou estimativa de precisao para os efeitos do tratamento?
S S S S S S S S S
Os pacientes do estudo sao semelhantes aos de
interesse?S S S S S S S S S
Os desfechos apresentados pelo estudo sao relevantes
clinicamente?S S S S S S S S S
Os potenciais conflitos de interesse foram declarados? S ND ND ND ND ND S S ND
S = sim N = não ND = não disponível
Adaptado de GUYATT, G. RENNIE, D. Diretrizes para utilização de Literatura Médica – Fundamentos da Prática
Clínica da Medicina brasileira Baseada em Evidências. Ed. Artmed, 1 edição, Porto Alegre, 2006
17
RESULTADOS DOS ENSAIOS CLINICOS RANDOMIZADOS SELECIONADOS
Quadro 4 – Resultados dos ECR.
ESTUDO CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS DESFECHOS RESULTADOS CONCLUSÕES
Vix 2013
ECR
LRYGB vs LSG Follow-up de
1, 3 6 e 12 meses 100 pacientes
LSG = 55 LRYGB = 45
Perda do excesso de
peso
Controle da glicemia
Perfil Lipídico
EWL LRYGB = 25,39, 43,47, 63,75, e 80,38% (1, 3, 6 e 12 meses)
EWL LSG = 25, 51, 32,64, 67, e 82.97%(1, 3, 6 e 12 meses)
Glicemia = 87.63 (LRYGB) vs 84.96 (LSG) p=0.31
Colesterol total = significativamente maior no 1 º mês (p = 0.04), 3 º mes (p = 0.03) e 12 º mes (p = 0.005) no grupo de
LSG, quando comparado ao grupo LRYGB.
LSG é tão eficaz quanto LRYGB em termos de perda de peso a curto
prazo, perda de excesso de peso e redução do IMC.
O controle glicêmico foi adequado em ambos os procedimentos, mas a
melhora do perfil lipídico foi mais evidente no LRYGB.
Ramon 2012
ECR LRYGB vs LSG
Follow-up de 1 e 12 meses
15 pacientes LSG = 8
LRYGB = 7
Redução do IMC
Controle da
glicemia
HOMA-IR
IMC = favorável ao LRYGB (p= 0.016)
Glicemia = NS entre os grupos
HOMA-IR = NS entre os grupos
Ambas as técnicas operatórias melhoram marcadamente o
controle da glicose.
Helmio 2012
ECR LRYGB vs LSG
Follow-up de 30 dias.
240 pacientes LRYGB = 117
LSG = 121
Complicaçõespós-
operatórias
Mortalidade = zero para ambos os grupos.
Tempo operatório = (94min (LRYGB) vs 66min (LSG) = (p<0.001)
Complicações maiores * = LSG = 5,8% vs LRYGB = 9,4% (p=0.292)
Complicações menores ** = LSG = 7,4% vs LRYGB = 17,1% (p=0.023)
Reoperações = LSG = 2,5% vs LRYGB = 3,3% (p=0.719)
Tempo de permanência hospitalar = 4 dias para ambos.
Nos primeiros 30 dias de pós-operatório a LSG está associada a menor tempo operatório e menor
ocorrência de complicações menores que o LRYGB.
18
Paluszkiewicz 2012
ECR RYGB vs LSG
Follow-up de 6 e 12 meses
72 pacientes LSG = 36
LRYGB = 36
Perda do excesso de
peso
Complicações
pós-operatórias
Melhora das comorbidades
Deficiências nutricionais
EWL = 64,2% (RYGB) vs 67,6% (LSG) (p> 0,05)
HAS = NS entre os grupos
DM = NS entre os grupos
DISLIPIDEMIA = NS entre os grupos
Mortalidade zero em ambos os grupos
Complicaç
ões maiores* = RYGB= 0% e LSG= 8,3% ( p> 0,05)
Complicação menores **= RYGB=16,6% e LSG=10,1% (p> 0,05)
Reoperações = RYGB = 0 e LSG = 5,5% (p> 0,05)
Os procedimentos são igualmente efetivos na EWL, redução do IMC e melhora das comorbidades aos 6 e
12 meses.
Ocorrência de complicações
semelhantes.
Kehagias 2011
ECR LRYGB vs LSG
Follow-up de 3 anos
60 pacientes LRYGB = 30
LSG = 30
Perda do excesso de
peso Redução do IMC
Melhora das
comorbidades Hipovitaminose
s Co
mplicações pós-
operatórias M
ortalidade
EWL = favorável a LSG nos primeiros 2 anos do estudo (p=0.05)
EWL = 62% no LRYGB vs 68% no LSG (p = 0,13).
Comorbidades = NS entre os grupos
Deficiência de vitamina B12 = favorável ao
LRYGB (P = 0,05).
Demais deficiências vitamínicas = NS entre os grupos
Mortalidade zero em ambos os grupos. Complicações precoces = 10% após LRYGB e 13% após LSG ( p > 0,05) e tardias (10%
em cada grupo).
A LSG é um procedimento igualmente eficaz a LRYGB em três
anos de acompanhamento em termos de redução de peso.
LSG e LRYGB são igualmente seguras e eficazes na melhora das
comorbidades, mas a LSG está associada com menor taxa de
alterações metabólicas no pós-operatório, sem a necessidade de
suplementação.
Karamanakos NS, 2008
ECR LRYGB vs LSG
Follow-up de 6 e 12 meses
32 pacientes 16 = LRYGB
16 = LSG
Perda de excesso de
peso
A EWL foi maior após LSG aos 6 meses (55,5% ± 7,6% vs 50,2% ± 6,5%, p = 0.04) e aos 12 meses (69,7% ± 14,6% vs 60,5% ±
10,7%, p=0.05) quando comparado ao LRYGB.
A EWL foi superior na LSG quando comparada ao LRYGB.
*Complicações maiores = morte ou reoperação, tempo de permanência hospitalar > 7 dias ou necessidade de transfusão sanguínea.
**Complicações menores = todas as outras
19
RESULTADOS DOS ENSAIOS CLINICOS RANDOMIZADOS SELECIONADOS QUE
FAZEM PARTE DE UM MESMO ESTUDO = “SWISS MULTICENTER BYPASS OR
SLEEVE STUDY” (SM-BOSS, NCT00356213)
Quadro 5 – Resultados dos ECR que fazem parte do “Swiss Multicenter Bypass or Sleeve Study” (SM-BOSS, NCT00356213).
ESTUDODESFECHOS PRIMÁRIOS
SUBGRUPOSCARACTERÍSTICAS DOS
ESTUDOSDESFECHOS RESULTADOS DO PICO
CONCLUSÕES DO PICO
Peterli R, 2012
ECR Follow-up
de 1 semana, 3 e 12 meses.
23 pacientes LRYGB = 12
LSG =11
Perda do excesso de
peso
Melhora das co-morbidades
EWL (12 meses)= LRYGB 77% e LSG 65,6% (NS entre
os grupos)
Diminuição da glicemia de jejum= NS entre os grupos
Diminuição dos níveis de insulina = NS entre os grupos
HOMA-IR= NS entre os grupos
A perda de peso e a melhora na
homeostase da glicose são
comparáveis ao longo de um ano após a cirurgia.
“Swiss Multicenter
Bypass or Sleeve Study”
(SM-BOSS, NCT00356213) O estudo será
concluído quando
tiverem 100 pacientes em cada grupo.
Os desfechos primários, eficácia e
segurança, serão
avaliados assim que a amostra de
100 pacientes por grupo
for atingida.
Woelnerhanssen B, 2011
ECR Follow-up
de 1 semana, 3 e 12 meses.
23 pacientes LRYGB = 12
LSG =11
Perda do excesso de
peso
Melhora das co-morbidades
EWL (12 meses) = 34.5% (LRYGB) vs 27.9% (LSG)
(p<0.001)
A HOMA caiu de 8,0 ± 1,5 no pré-operatório para 2,9 ± 0,2 em 12 meses após LRYGB
(p<0,01) e de 7,5 ± 1,7 no pré-operatório para 3,3 ± 0,3
em 12 meses após a LSG (p<0.05)
Os perfis lipídicos foram normalizados em ambos os
grupos (p<0.05)
Ambos os procedimentos
levaram a significativa perda
de peso e a resolução da
síndrome metabólica, com
melhora da sensibilidade à
insulina.
20
Peterli R, 2009
ECR Follow-up
de 1 semana e 3 meses.
27 pacientes LRYGB = 13
LSG =14
Perda do excesso de
peso
Melhora das co-morbidades
A EWL (3 meses) 43,3% (LRYGB) vs 39.4% (LSG)
(p >0.36)
Aumento da insulina e do GLP-1 = LRYGB resposta mais precoce do que LSG.
Controle da glicemia (3 meses) = NS entre os grupos
Ambos os procedimentos
melhoram o controle da
glicose.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
Avaliando o resultado de ambas as metanálises, a LRYGB ainda é superior a
LSG no tratamento da obesidade, para os desfechos perda de peso e controle da
glicemia. (Recomendação fraca contra a tecnologia - Grau de Recomendação B e
Nível de Evidência 2A).
No entanto, a maioria dos ECR (05/07 ECR) analisados nesse PTC, que
avaliou o desfecho perda de peso e redução de comorbidades não encontrou
diferenças significativas entre os procedimentos, sendo que a maioria (05/07 ECR)
definiu que os procedimentos são igualmente eficazes para o controle do DM. Além
disso, 02 ECR avaliaram a segurança dos procedimentos e também não
encontraram diferença em termos de mortalidade, reoperacões e complicações
pós-operatórias. Portanto sugere-se que ambos os procedimentos são igualmente
seguros e eficazes em termos de perda de peso e controle das comorbidades.
(Recomendação forte a favor da tecnologia - Grau de Recomendação A e Nível de
Evidência 1B).
Contudo, baseados no fato de que as Revisões Sistemáticas com Metanálise
são contrarias a tecnologia em avaliação e apresentam baixa a moderada qualidade
metodológica e que, os ECR de boa qualidade metodológica recomendam
fortemente a tecnologia, sugerimos que a tecnologia seja fracamente recomendada
até que nova Revisão Sistemática com boa qualidade metodológica possa validar os
21
resultados desses estudos primários.
CONFLITOS DE INTERESSE
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
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