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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JOÃO PAULO ROSA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA EMPRESA UNIFLOR COMÉRCIO ATACADISTA DE FLORES LTDA Biguaçu 2012

0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JOÃO PAULO ROSAsiaibib01.univali.br/pdf/João Paulo Rosa.pdf · Professora Orientadora: Msc. Simone Regina Dias Biguaçu 2012 . 2 JOÃO PAULO ROSA

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JOÃO PAULO ROSA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA EMPRESA

UNIFLOR COMÉRCIO ATACADISTA DE FLORES LTDA

Biguaçu

2012

1

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JOÃO PAULO ROSA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA EMPRESA

UNIFLOR COMÉRCIO ATACADISTA DE FLORES LTDA

Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado ao Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Campus Biguaçu, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Professora Orientadora: Msc. Simone Regina Dias

Biguaçu

2012

2

JOÃO PAULO ROSA

(caixa alta, fonte 12, sem negrito,

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA EMPRESA

UNIFLOR COMÉRCIO ATACADISTA DE FLORES LTDA

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi considerado adequado para a obtenção do título

de Bacharel em Administração e aprovado pelo Curso de Administração, da Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Ciência Sociais Aplicadas de Biguaçu.

Área de Concentração:

Gestão de Pessoas

Biguaçu, 23 de novembro de 2012.

Prof. Msc. Simone Regina Dias

UNIVALI - CECIESA de Biguaçu

Orientadora

Prof. Esp. Josiane da Luz

UNIVALI - CE de Biguaçu

Prof. Msc. João Carlos D. Carneiro

UNIVALI - CE de Biguaçu

3

Dedico

aos meus pais Paulo e Vanda,

a minha esposa Ana Maria,

a minha família,

sobretudo minha irmã,

à empresa Uniflor

e a todos os professores e amigos da Univali.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente, à minha orientadora Profª. Simone Regina Dias, que

muito colaborou para o desenvolvimento e conclusão deste trabalho, com os seus

conhecimentos, sabedoria, dedicação e paciência, os meus sinceros

agradecimentos.

Agradeço também a todos os docentes que participaram desta minha

formação, que me ensinaram e contribuíram para o meu crescimento pessoal e

profissional.

Aos meus pais pela dedicação, ensinamentos, compreensão, carinho,

incentivos e educação, que ao longo destes anos me proporcionaram e contribuíram

para o meu crescimento e desenvolvimento, o meu eterno agradecimento.

Meu eterno agradecimento à minha esposa, companheira, e amiga Ana

Maria, pela dedicação, compreensão, carinho, e paciência, que muito me apoiou em

todo trabalho.

Meu sincero obrigado à minha irmã, que muito me apoiou e me ajudou em

todo ciclo acadêmico.

O meu muito obrigado à administração da empresa Uniflor Comércio

Atacadista de Flores Ltda, pelo incentivo e pela liberdade para a aplicação da

pesquisa, e aos funcionários que colaboraram respondendo os questionários.

Agradeço ainda aos meus amigos, que também fizeram parte desta

caminhada, que me compreenderam nos momentos que não estive presente, e nos

momentos de aflição me incentivaram.

A todos, meu muito obrigado!

5

O mundo é como um espelho

que devolve a cada pessoa

o reflexo de seus próprios pensamentos

e de seus atos.

A maneira como você encara a vida

é que faz toda diferença.

A vida muda,

quando "você muda".

Luís Fernando Veríssimo

6

RESUMO

ROSA, João Paulo. Análise da qualidade de vida no trabalho da empresa Uniflor comércio atacadista de flores ltda. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2012.

A qualidade de vida no trabalho atualmente é um desafio para as empresas que se preocupam com o bem-estar dos seus funcionários, fazendo cada vez mais parte das estratégias das organizações. A presente pesquisa possui como objetivo analisar a QVT da empresa Uniflor e propor possíveis ações de melhorias. Os objetivos específicos consistem em elaborar uma revisão bibliográfica sobre o tema qualidade de vida no trabalho; levantar o perfil dos funcionários da empresa; avaliar a qualidade de vida no trabalho na percepção dos funcionários da empresa; e propor ações para melhorar a qualidade de vida no trabalho na empresa. Foi realizada uma pesquisa de campo que se caracteriza como quantitativa e descritiva, com a aplicação de um questionário. O questionário foi pautado nos fatores de QVT de Walton (1973). A partir dos resultados obtidos e da análise descritiva, destaca-se positivamente a relevância social da vida no trabalho, de maneira que o trabalho demonstrou ser uma atividade que traz orgulho para os funcionários da empresa, além da organização ter confirmado responsabilidade pelos seus produtos e serviços oferecidos, e de administração eficiente. Por outro lado, foram identificadas reduzidas oportunidades de crescimento profissional e pessoal, no sentido de proporcionar oportunidades de carreira na empresa, crescimento e desenvolvimento pessoal. Além disso, a pesquisa detectou desmotivação por falta de objetividade da empresa e benefícios. Foram elaboradas propostas de ações a serem aplicadas pela gerência, com intuito de melhorar a qualidade de vida no trabalho na empresa, assim como o aumento da produtividade e motivação dos colaboradores, resultando num ambiente mais saudável, que poderá gerar mais lucratividade para a organização.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho; modelos de QVT; motivação.

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ABSTRACT

ROSA, João Paulo. Análise da qualidade de vida no trabalho da empresa Uniflor comércio atacadista de flores ltda. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2012.

The quality of work life is currently a challenge for companies that care about the welfare of their employees, making increasingly part of the strategies of organizations. This research has the objective to analyze the company's QVT UniFlor and propose possible actions for improvement. The specific objectives are to develop a literature review on the topic quality of work life; raise the profile of the company employees; assess the quality of work life in the perception of the company employees, and propose actions to improve the quality of working life in the company. We conducted a field study which is characterized as a quantitative and descriptive, with a questionnaire. The questionnaire was guided by the factors of QWL Walton (1973). From the results obtained and the descriptive analysis, stands out positively the social relevance of work life, so that the work proved to be an activity that brings pride to the company's employees, and the organization confirmed responsibility for their products and services offered, and efficient administration. Moreover, we identified reduced opportunities for professional growth and personal, in order to provide career opportunities in business, personal growth and development. Furthermore, the research found motivation for lack of objectivity and company benefits. Were prepared proposals for actions to be implemented by management, with the aim of improving the quality of working life in the company, as well as increased productivity and motivation, resulting in a healthier environment, which may generate more profitability for the organization. Keywords: Quality of work life; models QWL; motivation.

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Tempo em que trabalha na empresa.................................................... 57

Figura 2 – Escolaridade......................................................................................... 58

Figura 3 – Sexo......................................................................................................59

Figura 4 – Idade..................................................................................................... 59

Figura 5 - Estado civil............................................................................................ 60

Figura 6 - Fator Compensação Justa e Adequada................................................ 61

Figura 7 - Fator Condições de saúde e segurança no trabalho............................ 63

Figura 8 - Fator Utilização e desenvolvimento de capacidades............................ 65

Figura 9 - Fator Oportunidades de crescimento e segurança............................... 66

Figura 10 - Fator Integração social na organização.............................................. 68

Figura 11 - Fator Garantias constitucionais........................................................... 69

Figura 12- Fator Trabalho e espaço total de vida.................................................. 71

Figura 13 - Fator Relevância social da vida no trabalho....................................... 73

Quadro 1: Componentes da cultura organizacional de acordo com Schein........ 20

Quadro 2: Dimensões do cargo de acordo com Hackman e Oldham (1975) ....... 41

Quadro 3: Indicadores da qualidade de vida no trabalho...................................... 42

Quadro 4: Origens da qualidade de vida no trabalho (Westley 1979)................... 43

Quadro 5: Indicadores de QVT de acordo com Walton (1973)............................. 45

Quadro 6: Afirmativas do questionário em relação aos oito fatores de Walton.... 53

Quadro 7 - Plano de Ação……………………………………………………………. 79

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tempo em que trabalha na empresa................................................... 57

Tabela 2 – Escolaridade........................................................................................ 57

Tabela 3 – Sexo.................................................................................................... 58

Tabela 4 – Idade.................................................................................................... 59

Tabela 5 - Estado civil............................................................................................60

Tabela 6 – Fator Compensação Justa e Adequada.............................................. 61

Tabela 7 – Fator Condições de saúde e segurança no trabalho........................... 62

Tabela 8 – Fator Utilização e desenvolvimento de capacidades........................... 64

Tabela 9 – Fator Oportunidades de crescimento e segurança.............................. 66

Tabela 10 – Fator Integração social na organização............................................. 67

Tabela 11 – Fator Garantias constitucionais......................................................... 69

Tabela 12 – Fator Trabalho e espaço total de vida............................................... 71

Tabela 13 – Fator Relevância social da vida no trabalho...................................... 72

Tabela 14 - Alternativa: 32. Nas atuais circunstâncias, gostaria de mudar de

emprego?............................................................................................................... 74

Tabela 15 - Fatores que merecem destaque e Fatores que merecem

atenção.................................................................................................................. 75

Tabela 16 - Fatores que merecem destaque e Fatores que merecem atenção.. 76

Tabela 17 - Fatores e afirmativas……………………………………………………. 78

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS..................................................................................................... 13

1.1.1 Objetivo geral.............................................................................................. 13

1.1.2 Objetivos específicos................................................................................. 13

1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................... 15

2.1 GESTÃO DE PESSOAS.................................................................................. 15

2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL....................................................................... 17

2.3 MOTIVAÇÃO................................................................................................... 21

2.3.1 A hierarquia das necessidades de Maslow.............................................. 23

2.3.2 A teoria dos fatores higiênicos e motivadores de Herzberg.................. 25

2.3.3 A teoria de X e a teoria de Y de McGregor............................................... 26

2.4 HIGIENE DO TRABALHO, SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA DO

TRABALHO........................................................................................................... 27

2.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.......................................................... 31

2.5.1 O stress e a qualidade de vida no trabalho............................................ 35

2.5.2 Pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho.......................................... 36

2.5.3 Modelos de qualidade de vida no trabalho............................................. 39

2.5.3.1 O modelo análise de qualidade de vida no trabalho de Hackamn e

Oldham................................................................................................................. 39

2.5.3.2 O modelo de análise de qualidade de vida no trabalho de Westley.. 41

2.5.3.3 O modelo de análise de qualidade de vida no trabalho de Walton... 44

3 METODOLOGIA................................................................................................ 49

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA.................................................................. 49

3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.......................................................................... 49

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS................................................... 50

3.4 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS.................................................. 53

4 RESULTADOS DA PESQUISA......................................................................... 55

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO...................................................... 56

11

4.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA…………………………… 56

4.2.1 Perfil dos funcionários……………………………………………………… 56

4.2.2 Percepção sobre os fatores de Qualidade de Vida no Trabalho……. 60

5 PLANO DE AÇÃO…………………………………………………………………. 78

5.1 PLANO DE AÇÃO - MELHORIAS DOS ÍNDICES RELATIVOS AOS

FATORES DE QVT DA UNIFLOR COMÉRCIO ATACADISTA DE FLORES

LTDA……………………………………………………………………………………. 81

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………… 84

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 87

APENDICE……………………………………………………………………............. 89

ANEXOS……………………………………………………………………................. 92

12

1 INTRODUÇÃO

As organizações estão a todo o momento sofrendo transformações em seu

ambiente, estimuladas pela concorrência e alta complexidade do mercado, que vem

sendo cada vez mais competitivo. Vivemos numa sociedade em mudanças, e

grandes impactos ocorrem na vida das pessoas. Assim, a necessidade da qualidade

de vida no trabalho vem ganhando valor nas organizações, e junto com ela, nota-se

a crescente importância das condições de trabalho, das questões ambientais e de

responsabilidade social, que colocam imensos desafios à gestão organizacional

nesses novos tempos.

Sendo assim, foi realizado um estudo na empresa Uniflor Comércio

Atacadista de Flores Ltda, afim de analisar a qualidade de vida de seus funcionários.

A Uniflor é uma micro empresa familiar, que atua no setor varejista de flores e

plantas ornamentais, está no mercado desde 1995 com cerca de 15 colaboradores,

tem sua sede no município de Governador Celso Ramos (SC), e atua principalmente

nos municípios da mesorregião da Grande Florianópolis, do Vale do Itajaí, da

Região Serrana e Sul Catarinense.

O mercado de flores e plantas ornamentais tem crescido consideravelmente

no Brasil, ganhando cada vez mais importância econômica. Contudo, este setor é

bastante instável por oscilações entre diversos fatores como clima, sazonalidade de

produtos, variação de preços e variações de demanda, que causam problemas nas

vendas, na manutenção de clientes, e, consequentemente, da empresa.

Na empresa Uniflor, o alto nível de stress, variações emocionais e

motivacionais ao longo do dia, assim como alguns aspectos relacionados ao bem-

estar dos funcionários, estão se tornando um problema, influenciando no

desempenho, na rotatividade, na produtividade, na qualidade de vida desses

profissionais no dia-a-dia da empresa. Os gestores da empresa Uniflor desejam

solucionar tais problemas que afetam diariamente o desempenho da empresa.

Algumas melhorias já estão sendo feitas, sobretudo, em benefícios ao colaborados,

como folgas e aumento salariais, mas mesmo assim, a QVT ainda é comprometida,

e precisa de melhorias.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo responder a seguinte pergunta:

como está à qualidade de vida no trabalho da empresa Uniflor Comércio Atacadista

de Flores Ltda?

13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Realizar uma pesquisa de qualidade de vida no trabalho na empresa Uniflor

Comércio Atacadista de Flores Ltda, em Governador Celso Ramos – SC, no período

de março a novembro de 2012.

1.1.2 Objetivos específicos

Elaborar uma revisão bibliográfica sobre o tema qualidade de vida no

trabalho;

Levantar o perfil dos funcionários da empresa;

Avaliar a qualidade de vida no trabalho na percepção dos funcionários da

empresa;

Propor ações para melhorar a qualidade de vida no trabalho na empresa.

1.2 JUSTIFICATIVA

A qualidade de vida no trabalho afeta diretamente no desempenho e

motivação dos colaboradores na empresa, pode auxiliar ou prejudicar a convivência

com as outras pessoas dentro e fora do ambiente profissional, e principalmente com

a família. Sendo assim, é de suma importância à elaboração deste trabalho

acadêmico, não só para uma realização pessoal, mas também para o

desenvolvimento da organização na qual se está inserido, já que o funcionário com

uma qualidade de vida satisfatória obtém mais motivação e comprometimento com a

organização, contribuindo com o faturamento organizacional, e alcançando

resultados significativos. Por isso, é de extrema importância propiciar qualidade de

vida para todos.

No decorrer da formação acadêmica, foi possível observar um avanço a esse

tema, muito mais comum nas grandes empresas, às pequenas empresas ainda

estão distantes da preocupação da qualidade de vida dos funcionários.

14

O que motiva cada um a se dedicar, desenvolver suas funções e se sentir

bem na empresa é o que gera uma boa qualidade de vida no trabalho a cada

pessoa. De acordo com Chiavenato (2004, p. 448), o conceito de qualidade de vida

no trabalho refere-se à preocupação com o bem-estar e a saúde dos trabalhadores,

além de envolver aspectos físicos e ambientais, como os aspectos psicológicos do

local de trabalho, e interesse das organizações quanto aos seus efeitos sobre a

produtividade e a qualidade de produtos e serviços. Os benefícios como comissão

por vendas e banco de horas, que algumas empresas oferecem aos seus

funcionários podem ser um método de motivação, mas, além disso, os funcionários

devem sentir que eles são importantes para a empresa.

A Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda é uma empresa atacadista de

flores e plantas ornamentais. O mercado de flores é muito irregular, com muitas

oscilações, causando transtornos, stress, que vão se acumulando com o passar do

tempo. A empresa é de origem familiar, e preserva suas tradições desde o início. Ela

possui um gerenciamento centralizado, ocorrendo pouca delegação de funções,

causando um “gargalo” em vários setores da empresa, deixando o clima

organizacional pesado, afetando assim a QVT dos funcionários.

Sendo assim é um bom momento para se realizar o estudo na empresa

Uniflor, para analisar a QVT de seus funcionários, e propor possíveis melhorias.

Neste momento, este estudo é uma oportunidade de detectar os motivos das

reclamações e baixo desempenho dos colaboradores, pois somente descobrindo

realmente as causas será possível planejar uma solução. O trabalho é viável de ser

realizado no período de um ano, além do fato de os custos serem baixos. O acesso

às informações é permitido, tendo em vista que o pesquisador é funcionário da

organização e os gestores têm um grande interesse no desenvolvimento deste

estudo.

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão abordados os conceitos da administração de recursos

humanos (gestão de pessoas) e suas teorias, que envolvem qualidade de vida no

trabalho, motivação, avaliação do desempenho humano, dentre outros, tornando

possível apresentar o tema proposto para presente estudo, sendo expostas

diferentes idéias de vários autores, com a finalidade de proporcionar melhor

entendimento sobre as questões apresentadas.

2.1 GESTÃO DE PESSOAS

Do tradicional departamento de pessoal na década de 1950, à recente área

de recursos humanos, e atualmente significativas mudanças que apontam para um

inovador modelo, a gestão de pessoas. A atual realidade que vivenciamos no

ambiente global é o surgimento de uma nova era, em termos de competição. A

competição pode surgir inesperadamente de qualquer lugar. Os novos tempos estão

a exigir novos modelos de gestão, e novas formas de conduzir os interesses da

organização e das pessoas (FERREIRA; FORTUNA; TACHIZAWA, 2001, p. 18).

A expressão gestão de pessoas surgiu no final do século XX, é uma função

gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o

alcance dos objetivos (GIL, 2006, p.17).

Assim, mesmo que as empresas possuam recursos materiais, financeiros e

tecnológicos eficientes, elas necessitam de pessoas, que vão aplicar seus

conhecimentos e habilidades, que mantém e promove o sucesso da organização. As

pessoas são o diferencial e a vantagem competitiva da organização em um mundo

globalizado, instável, mutável e fortemente concorrencial, e elas constituem o mais

valioso dos recursos da organização. Para manter as pessoas focadas no trabalho,

mobilizar e utilizar plenamente elas em suas atividades, as organizações estão

mudando seus conceitos e alterando as suas práticas gerenciais. Em vez de

investirem diretamente nos produtos e serviços, elas estão investindo nas pessoas

para serem o elemento básico do sucesso (CHIAVENATO, 2004, p. 4).

Chiavenato (2004, p. 5) ressalta que as pessoas passam uma boa parte de

suas vidas trabalhando. O trabalho provoca grande importância e impacto, e por

isso, separar o trabalho da vida pessoal de cada indivíduo pode ser muito difícil.

16

Deste modo as pessoas dependem do trabalho para atingir seus objetivos pessoais.

O trabalho pode não ser sinônimo de felicidade, mas crescer na vida e ser bem

sucedido quase sempre significa crescer dentro das organizações.

As pessoas planejam e produzem os produtos e serviços, controlam a

qualidade, vendem os produtos, estabelecem estratégias e objetivos para a

organização. Sem elas, é simplesmente impossível para qualquer empresa atingir

suas metas (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 19).

Chiavenato (2004, p. 5) completa que, na verdade cada uma das partes (as

pessoas e as organizações) depende umas das outras, e isso forma uma sinergia de

esforços que trabalham em conjunto.

Esse novo pensamento das organizações está se tornando tendência para

reconhecer o empregado como parceiro. Cada parceiro dispõe-se a investir seus

recursos na organização, à medida que obtém retorno satisfatório, sendo necessário

valorizar o empregado (GIL, 2006, p.23).

Nesse novo modelo, Chiavenato (2004, p. 7) afirma que os objetivos da

gestão de pessoas passaram a ser estratégicos, com processos de: agregar, aplicar,

recompensar, manter, desenvolver e monitorar pessoas. Sendo assim, a gestão de

pessoas é uma responsabilidade de linha e uma função de staff, o que requer

compartilhamento entre os especialistas de recursos humanos e os gerentes de

linha.

Sendo assim, para Chiavenato (2004, p. 9), os aspectos fundamentais da

gestão de pessoas são:

As pessoas como seres humanos: cada pessoa possui personalidade

própria, história pessoal particular e diferenciada, detentores de

conhecimentos, habilidades e competências indispensáveis à gestão dos

recursos organizacionais, ou seja, pessoas como pessoas e não como meros

recursos da organização.

As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais:

como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como

influentes passivos.

As pessoas como parceiros da organização: com investimentos como

esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento, etc. Na medida em

17

que o retorno é bom, a tendência será a manutenção ou o aumento do

investimento, surgindo a reciprocidade na interação entre pessoas e

organização.

Para Gil (2006, p.27), há uma necessidade de mudar o papel de recursos

humanos. As funções estreitamente definidas devem ceder lugar a uma série

continua de processos que aborde como as pessoas entram na organização, como

crescem dentro dela, como seu desempenho pode se elevar ao máximo, e como

deixam a organização. Sob esse novo paradigma, a ação da gestão de pessoas

deve ser vista não do ponto de vista do profissional dessa área, mas da perspectiva

dos funcionários.

2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL

A sociedade moderna é, sobretudo, uma sociedade de organizações que se

proliferam pelo mundo para produzir uma infinidade de bens e prestar diversos

serviços (CHIAVENATO, 2010, p. 158).

Uma organização possui um conjunto delimitado de interações humanas, que

podem apresentar as características que podemos identificar como cultura. Qualquer

organização ou grupo de pessoas interagindo ordenadamente na busca de um

objetivo em comum tem cultura (TAVARES, 2002, p. 57).

De acordo com Chiavenato (2010, p. 158), para se conhecer uma empresa, é

necessário conhecer primeiro a sua cultura. Fazer parte de uma organização é

assimilar a sua cultura, viver nela, trabalhar nela, atuar em suas atividades,

desenvolver carreira nela, significa participar fortemente de sua cultura

organizacional.

O termo “cultura organizacional” esconde um fenômeno, pois se observa que

o tema é de aparente simplicidade, mas sua complexidade ilude e confunde a

maioria dos pesquisadores. Ultimamente, o número de pesquisas sobre o tema

cultura organizacional tem aumentado consideravelmente, sendo as direcionadas

aos diagnósticos de clima como as pesquisas mais comuns, as quais pretendem

apreender os padrões culturais de uma organização (FLEURY, 1996, p.19).

Algumas empresas, no decorrer de sua história e de suas interações internas

e externas, transformam-se em cultura. Uma organização não nasce sendo uma

18

cultura, ela se transforma ao longo do tempo, da mesma forma que nossa história

evolutiva nos alterou como espécie biológica culturalmente adaptativa (TAVARES,

2002, p. 57).

A cultura transmite o íntimo de cada organização. É ela que se caracteriza a

maneira pela qual as pessoas interagem umas com as outras, e como se

comportam, sentem, pensam, agem e trabalham (CHIAVENATO, 2010, p. 158).

Através da cultura organizacional se define e transmite o que é importante,

qual a maneira apropriada de pensar e agir em relação aos ambientes interno e

externo, o que são condutas e comportamentos aceitáveis (FREITAS, 2000, p. 97).

Assim, cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças,

estabelecidos através de normas, valores atitudes e expectativas, compartilhados

por todos os membros da organização (CHIAVENATO, 2010, p. 158).

Para o surgimento dessa identidade, é necessário que a empresa mantenha a

permanência das pessoas envolvidas no processo. Uma organização que tem alto

nível de rotatividade no seu início, principalmente, não tem como se transformar em

cultura. O grupo social constituinte da organização necessita de tempo para que da

sua ação conjunta nas interações, seja possível emergir uma realidade socialmente

construída, transformando-a numa cultura (TAVARES, 2002, p. 58).

A cultura organizacional conduz a maneira pela qual as pessoas interagem

em uma organização. Além disso, fazem parte da cultura: a missão, a filosofia

reinante, os valores sociais os modos predominantes de comportamento e os

assuntos relevantes nas interações entre os membros (CHIAVENATO, 2010, p.

158).

Segundo Fleury (1996, p. 19), para criar e manter uma cultura e estas

concepções, normas e valores devem ser afirmados e comunicados aos membros

da organização de uma forma tangível, constituindo os ritos, mitos, estórias, entre

outros.

Os valores e crenças dominantes na cultura organizacional configuram

cenários que determinam em grande parte a qualidade de vida dos trabalhadores. A

formalidade no tratamento, os bloqueios de acesso, a diferença de decoração do

andar da presidência constituem os primeiros sinais do que é valorizado na empresa

(BOM SUCESSO, 1998, p. 32).

Cada organização possui características próprias, como personalidade, seu

modo de ser e suas peculariedades. A cultura é importante para se conhecer as

19

sociedades humanas e os grupos sociais. A cada nova era se cria uma diversidade

de culturas em várias sociedades pelo mundo. Cada organização tem sua cultura

específica e que proporciona as suas características próprias de pensar, sentir e agir

(CHIAVENATO, 2010, p. 158).

Conforme Freitas (2000, p. 98), uma das funções da cultura organizacional é

conseguir adesão, ou, seja, participação dos indivíduos e grupos, fazendo com que

eles vistam a camisa da empresa, e que tenham amor pelo que fazem.

Nesse contexto, os gerentes pensam em desenvolver o tipo correto de

cultura, uma cultura de qualidade ou uma cultura de serviço ao cliente, sugerindo

que cultura tem haver com certos valores que eles estão tentando introduzir em suas

organizações (SHEIN, 2009, p. 7).

Chiavenato (2010, p.160) ressalta que, na verdade, cultura é a maneira pela

qual cada organização aprendeu a lidar com seu ambiente. É uma complicada

mistura de elementos como pressuposições, crenças, comportamentos, tabus,

histórias, mitos, e outras ideias que juntos, representam a maneira particular de uma

organização funcionar e trabalhar. Hoje, as empresas são mais conhecidas pela sua

cultura, ela é o mais importante do que ter algo. Em um mundo de negócios que

privilegia cada vez mais a inovação, percebe-se do que os aspectos físicos e

concretos já não têm mais a importância que tiveram anteriormente. A cultura

organizacional desponta como importante patrimônio da organização.

Para Schein (2009) (apud CHIAVENATO, 2010, p. 160) a cultura é

proporcionada de outra maneira. Em cada cultura, existem três diferentes níveis de

apresentação: artefatos, valores compartilhados e pressuposições básicas. A seguir,

veremos cada um deles.

20

Quadro 1: Componentes da cultura organizacional de acordo com Schein.

Níveis de apresentação /

Níveis de cultura

Características de acordo com Chiavenato (2010, p. 160)

Características de acordo com Schein (2009, p. 24)

1 – Artefatos

São as características que todo mundo observa, ouve e sente quando se depara com uma empresa, cuja cultura não é

familiar. Artefatos são tudo que definem uma cultura e revelam

como a cultura dá atenção a elas, incluem produtos, serviços e os padrões de comportamento dos membros de uma organização.

Exemplo: os símbolos, as histórias, os heróis, os lemas, as cerimônias.

Estruturas e processos organizacionais visíveis

(difíceis de decifrar).

2 – Valores compartilhados /

Crenças e valores expostos

São valores relevantes que se tornam importantes para as

pessoas e que definem as razões pelas quais elas fazem o que

fazem, funcionando como justificativas aceitas por todos os

membros.

Estratégias, metas,

filosofias (justificativas expostas).

3 – Pressuposições básicas /

Suposições básicas

São as crenças, percepções, sentimentos e pressupostos

dominantes em que os membros da organização acreditam. A cultura

adota “a maneira certa de fazer as coisas” na organização, muitas

vezes através de pressuposições não escritas e nem faladas.

Crenças, percepções, pensamentos e

sentimentos inconscientes, assumidos como

verdadeiros.

Fonte: Adaptado de: Chiavenato (2010, p. 160); e Schein (2009, p. 24).

Esses níveis de apresentação de Schein constituem os principais elementos

para conhecer e compreender a cultura de uma organização (CHIAVENATO, 2010,

p. 161).

Schein (2009, p. 23) ressalta que outros autores preferem o termo valores

básicos para descrever o conceito de níveis mais profundos, mas prefere suposições

básicas, pois estas tendem a ser assumidas como verdadeiras pelos membros do

grupo.

A menos que se chegue ao nível das suposições básicas, não é possível

decifrar os artefatos, os valores e as normas. Por outro lado, quando se encontram

algumas dessas suposições e se examina seu inter-relacionamento, pode-se

realmente chegar à essência da cultura (SCHEIN, 2009, p. 53).

Segundo Chiavenato (2010, p. 261), a cultura organizacional, assim como a

gestão das empresas, modifica-se com o tempo, já que também sofre influência do

21

ambiente externo e de mudanças na sociedade. Contudo, a cultura de uma

instituição também pode influenciar essa mesma sociedade.

2.3 MOTIVAÇÃO

Escolher o sonho de sua vida profissional, e tentar conseguir alcançá-lo é o

caminho para se sentir motivado. Não importa o quanto renderá em dinheiro. O que

vale é a satisfação do que você esta fazendo. Em qualquer profissão, há os que

sonham muito e os que ganham pouco, o segredo está em escolher e desenvolver o

seu projeto de vida e seguir seu sonho (GONÇALVES, 2001, p. 5).

Motivação é uma força, uma energia que nos impulsiona na direção de

alguma coisa, e ela esta dentro de nós, nasce das nossas necessidades. As

pessoas têm necessidades diferentes, assim como valores, interesses, organização

familiar diferente, cultura diferente, enfim uma história de vida diferente que

condiciona suas motivações. Lidar com essas diferenças é o desafio de cada gestor,

sendo que o primeiro passo é aceitar as diferenças (VERGARA, 2000, p.42).

De acordo com Gil (2006, p.202), motivação é a energia que estimula as

pessoas a agir. Surge sempre de uma necessidade, assim, cada um de nós dispõe

de motivações próprias geradas por necessidades diferentes.

Para Freeman e Stoner (2001, p. 319), motivação são os fatores que

provocam, canalizam e sustentam o comportamento de um indivíduo. Um

administrador pode ser um planejador habilidoso e um tomador de decisões

criterioso, e mesmo assim fracassar caso não possa fazer sua equipe motivada. A

capacidade do administrador de motivar e liderar outros para que realizem um bom

trabalho é que vai gerar certo nível de comprometimento e de esforço por parte de

seus funcionários.

As empresas estão valorizando e investindo cada vez mais o

comprometimento das pessoas com a organização. A motivação é a chave do

comprometimento (GIL, 2006, p.201).

Fournies (1992, p.28) ressalta que o comprometimento do homem com

determinada organização está relacionado com suas necessidades. O homem

direciona suas ações para fazer suas necessidades, portanto a necessidade mais

urgente é a que determina suas ações em qualquer tempo. Tais necessidades

22

motivam as ações do homem somente enquanto não forem satisfeitas, uma vez

satisfeitas, elas deixam de motivar.

O mundo cada vez mais competitivo exige altos níveis de motivação das

pessoas. Colaboradores motivados para realizar seu trabalho tendem a proporcionar

melhores resultados. E nesse sentido, a motivação pode ser entendida como o

principal combustível para a produtividade da empresa. Sendo assim, identificar

fatores capazes de promover a motivação dos funcionários, e dominar técnicas

adequadas para trabalhar com ela vem sendo cada vez mais importante para os

gestores (GIL, 2006, p.201).

Como somos diferentes uns dos outros, nossas motivações também são.

Alguém pode se sentir motivado por fatores econômicos e de aquisição de bens e

serviços. Se o trabalho lhe proporciona benefícios dessa ordem, é possível que nele

encontre satisfação. Outra pessoa pode se sentir motivado, pelo desejo de ser

saudável, de ser amada, de se sentir competente, de ser reconhecido. Descobrir o

significado, para você, do trabalho que você executa é, portanto, imprescindível

(VERGARA, 2000, p.66).

Isso significa que os gerentes não são capazes de motivar, mas de satisfazer

às necessidades humanas. Os gerentes precisam estar atentos à motivação de seus

funcionários, ou o que leva a motivá-los. Precisam identificar suas necessidades e

criar condições para que as tarefas a eles atribuídas, assim como seu ambiente de

trabalho, sejam capazes de satisfazê-los, com, por exemplo, incentivos, que são

recursos importantes para ajudar na motivação (GIL, 2006, p.202).

A recompensa salarial (o dinheiro) é o incentivo mais utilizado pelas

organizações capaz de satisfazer e motivar os funcionários. Mas os trabalhadores

de hoje em dia respondem a incentivos não monetários, como folgas, creche para os

filhos, instalações recreativas no local de trabalho e transporte patrocinado pela

empresa. Outros incentivos como participação nos lucros, contribuições dadas pela

empresa pela educação continuada e empréstimos para compra de carros e casas

também são bem recebidos pelos funcionários (FREEMAN; STONER, 2001, p. 336).

Os empregados costumam ser incentivados a progredir de acordo com metas

a serem alcançadas. Cada avanço deve ser reconhecido e todos os seus êxitos

devem ser elogiados e recebidos de modo animador. Elogios sinceros, mesmo que

muito simples, como um sorriso ou um sinal de positivo, dão as pessoas um

sentimento de dever cumprido, fazendo com que se sinta que deram uma

23

contribuição para a empresa. À medida que os gerentes reconhecem em seus

funcionários os pontos fortes, e fazendo críticas construtivas, estarão contribuindo

para que se empenhem em melhorar (GIL, 2006, p. 210).

A complexidade do fenômeno da motivação determinou o aparecimento de

diferentes teorias para a explicação desse fato. Varias delas partem do principio de

que mediante oportunidades e estímulos, as pessoas passam a trabalhar com maior

motivação e entusiasmo. As principais teorias motivacionais são: a hierarquia se

necessidades de Maslow, a teoria dos fatores higiênicos e motivadores de Herzberg,

e, a teoria de X e a teoria de Y, de McGregor, as quais se fundamentam a seguir

(GIL, 2006, p.205).

2.3.1 A hierarquia de necessidades de Maslow

Abraham Maslow desenvolveu na década de 50, uma teoria tomando como

eixo a questão das necessidades humanas. Para ele, tais necessidades estão

organizadas hierarquicamente e a busca de satisfazê-las é o que nos motiva a tomar

alguma direção (VERGARA, 2000, p.44).

Ele constatou que as necessidades humanas apresentam diferentes níveis de

força, e nesse sentido estabeleceu uma hierarquia de necessidades que as

classifica em cinco grupos: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de

autorrealização (GIL, 2006, p.205).

De acordo com Freeman e Stoner (2001, p. 324), Maslow ressalta que os

indivíduos serão motivados a satisfazer a necessidade que para eles estiver

preponderante, ou mais forte, num determinado momento, partindo das

necessidades físicas, que são as mais básicas, cada necessidade deve ser ao

menos parcialmente satisfeita antes do indivíduo desejar satisfazer uma

necessidade no próximo nível acima.

Vergara (2000, p. 44) ressalta que as necessidades primárias são as

fisiológicas ligadas à sobrevivência das pessoas, como a fome, sede, sexo, sono, e

as de segurança estão relacionadas à necessidade de proteção contra alguma

ameaça real ou imaginária, como salário, casa própria, aposentadoria e até

emprego.

Em perspectiva similar, Gil (2006, p. 205) afirma que as necessidades

fisiológicas são as básicas para a manutenção da vida, como a alimentação,

24

vestimenta e abrigo. As necessidades de segurança referem-se à necessidade de

estar livre de perigos e da carência das necessidades fisiológicas básicas.

Envolvem, portanto, a preocupação com o futuro, à manutenção do emprego e da

propriedade, entre outras. Elas manifestam sua força depois de estarem satisfeitas

as necessidades fisiológicas.

Em complemento a esta posição, Freeman e Stoner (2001, p. 324) destacam

que na organização moderna, tanto as necessidades fisiológicas como as de

estabilidade são em geral (mas nem sempre) atendidas suficientemente.

Já as necessidades secundárias, segundo Vergara (2000, p. 44), são as de

afeto (desejo de amar e ser amado, de pertencer a algum grupo), as de (auto)

estima (ser reconhecido, ter prestígio) e principalmente as de autorrealização

(realização de nosso próprio potencial).

Na mesma linha, Gil (2006, p. 206) diz que as necessidades sociais são as

necessidades das pessoas de se relacionar, de participar de vários grupos e de

serem aceitas por estes. As pessoas passam a querer estima, tanto em termos de

amor próprio quanto de reconhecimento pelos outros. As necessidades de auto-

realização estão relacionadas à realização do máximo de potencial individual, ou

seja, aquilo que as pessoas desejam se tornar e que são capazes de ser.

Em perspectiva similar, Freeman e Stoner (2001, p. 325) afirmam que as

necessidades de estima compreendem o desejo de realização e competência e o

desejo de status e reconhecimento. Com relação às organizações, as pessoas

querem ser boas em seus empregos e também querem se sentir que estão

realizando algo importante para a organização. As necessidades de auto-realização

são as que irão procurar um significado um crescimento pessoal, e buscarão

ativamente ter novas responsabilidades.

Para Maslow, à medida que as necessidades mais baixas da hierarquia vão

sendo satisfeitas, dão lugar às mais altas. Mas as pessoas podem subir e descer na

hierarquia sem que sigam uma linha crescente, como por exemplo: se estou com

muita fome, nem quero saber de ficar realizando meu potencial (VERGARA, 2000, p.

44).

A teoria de Maslow é importante no ambiente de trabalho, porque ressalta que

as pessoas não necessitam apenas de recompensas financeiras, mas também de

respeito e atenção dos outros. Deste modo, os gerentes precisam considerar a

hierarquia de necessidades ao distribuírem tarefas, criar condições de trabalho e

25

definirem estruturas organizacionais, para obter melhores resultados (GIL, 2006, p.

206).

2.3.2 A teoria dos fatores higiênicos e motivadores de Herzberg

Na década de 60, Frederick Herzberg, focou a questão da satisfação para

formular sua teoria. De acordo com ele, existem dois fatores que explicavam o

comportamento das pessoas no trabalho, os fatores higiênicos e os fatores

motivacionais (VERGARA, 2000, p. 45).

Herzberg e seus colegas realizaram um estudo dos costumes profissionais de

200 engenheiros e contadores. Para fazer a comparação, Herzberg colocava as

respostas em uma categoria de 16 categorias, os fatores de um lado eram

relacionados à satisfação no trabalho, os do outro lado eram relacionados à

insatisfação. A partir dessa pesquisa, ele concluiu que a satisfação e a insatisfação

no trabalho decorrem de dois conjuntos separados de fatores, e essa teoria foi

chamada de teoria dos dois fatores (FREEMAN; STONER, 2001, p. 326).

Em perspectiva similar, Gil (2006, p. 207) afirma que os estudos de Herzberg

referem-se aos fatores necessários para ajustar os empregados a seu ambiente, tais

como pagamento e condições de trabalho, sendo que estes, mesmo não sendo

suficientes para promover a motivação, precisam ser pelo menos satisfatórios para

não desmotivar as pessoas. Outro fator é de responsabilidade e reconhecimento e

são os que promovem a motivação. Com base em levantamentos sem caráter

científico, constatou que quando as pessoas se sentiam insatisfeitas com seus

empregos, preocupavam-se com o ambiente em que estavam trabalhando e que,

quando se sentiam satisfeitas, isso se devia ao trabalho propriamente dito.

Na mesma linha, Vergara (2000, p. 45) concorda que os fatores higiênicos

localizam-se no ambiente de trabalho, e são extrínsecos, se presentes, deixam de

causar insatisfação às pessoas, mas não chegam a causar satisfação, como salário,

benefícios sociais, condições físicas de trabalho, modelo de gestão, relacionamento

com os colegas. Já os fatores motivacionais são intrínsecos, se presentes, causam

satisfação, se ausentes, deixam de causar satisfação, mas não chegam a causar

insatisfação, e estão relacionados aos sentimentos de auto-realização e

reconhecimento.

26

O trabalho de Herzberg foi criticado pelo método de coleta de dados, que

diferentemente de outras pesquisas, não leva em consideração as diferenças

individuais. Mesmo assim sua teoria é reconhecida como contribuição importante à

nossa compreensão das características dos trabalhos sobre satisfação, a motivação

e o desempenho (FREEMAN; STONER, 2001, p. 327).

2.3.3 A teoria de X e a teoria de Y de McGregor

O psicólogo Douglas McGregor observou que a maneira de pensar dos

gerentes influencia significadamente no comportamento das pessoas com que

convivem. Por isso é importante que os gerentes conheçam suas características

pessoais, especialmente suas ambições profissionais, antes de tentar motivar os

outros (GIL, 2006, p. 206).

McGregor e outros teóricos criaram um modelo das relações humanas como

sendo apenas um método mais sofisticado de manipulação dos funcionários

baseado na motivação (FREEMAN; STONER, 2001, p. 322).

De acordo com Gil (2006, p. 206), McGregor definiu dois tipos distintos de

gerenciamento, que dominou teoria X (que supõe que a maioria das pessoas não

gosta de trabalhar e sua equipe trabalha apenas pela possibilidade de recompensa),

e teoria Y (que considera que seus colaboradores encaram o trabalho como fonte de

satisfação e são capazes de dedicar-se para obter melhores resultados). Os adeptos

da teoria X tendem a trabalhar afastados de sua equipe, e os adeptos da teoria Y

costumam compartilhar com seus subordinados as decisões a serem tomadas e dar

um retorno antes de serem praticadas as mudanças.

Na mesma linha, Chiavenato (1999, p. 291) enfatiza que a teoria X leva as

pessoas a fazer exatamente aquilo que as organizações solicitam que elas façam

independente de suas opiniões e objetivos pessoais. Além disso, a teoria X é

baseada em uma administração autocrática e rígida, julgando o individuo (quanto ao

seu comportamento) de uma forma equivocada, levando apenas em consideração

os objetivos da organização, onde o funcionário é visto apenas como meio de

produção. Já a teoria Y é mais otimista em relação ao comportamento humano. Ela

é baseada numa administração mais liberal, eficaz, e aberta a criar novas

oportunidades, sendo um estilo mais participativo, focando-se nos valores humanos

e sociais.

27

De acordo com Freeman e Stoner (2001, p. 322), a teoria X trata-se de uma

visão tradicional da motivação, assegurando que o trabalho é desagradável para os

funcionários, que devem ser motivados através de força, de dinheiro e elogios. E a

teoria Y é a proposição de que as pessoas são prontamente motivadas a trabalhar e

a realizar um bom serviço.

Na mesma concepção, Gil (2006, p. 207) destaca que embora a teoria Y

parece melhor que a teoria X, pode não ser adequada aplicá-la em todos os casos.

Um gerente pode alimentar hipóteses da teoria Y, mas é possível que julgue

necessário assumir um comportamento mais diretivo e controlador com algumas

pessoas, pelo menos durante certo tempo, tendo em vista favorecer o crescimento

na empresa. Os gerentes não podem ser classificados apenas como X ou Y, o ideal

é que apresentem características de ambas as teorias e se situem num ponto entre

elas.

2.4 HIGIENE DO TRABALHO, SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA DO

TRABALHO

Desde jovens crianças, aprendemos a conviver com a saudade da distância

de nossos entes, que em muitas horas ausentes, estão trabalhando. O trabalho é

uma necessidade que está presente na vida de todos, e é onde passamos boa parte

de nossas vidas, sendo assim, é apropriado que trabalhemos num local com

condições e segurança adequadas. Por isso é importante ter saúde ocupacional,

higiene e segurança no trabalho (DIAS; FERREIRA, 2011, p. 7).

Atualmente, devido a diversas variáveis organizacionais e ao grande nível de

concorrência mundial ocasionado pela globalização, várias empresas, muitas vezes,

não dão atenção necessária ao ambiente de trabalho que proporciona a seus

funcionários (BARBOSA FILHO, 2008, p. 1).

Apesar disso, todos os trabalhadores querem um ambiente de trabalho

saudável e seguro (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 481).

Na mesma linha, Barbosa Filho (2008, p. 1) afirma que todos sabem da

importância das condições de trabalho para a segurança, satisfação e saúde do

trabalhador, além da motivação, e consequentemente, melhoria da produtividade da

empresa.

28

A segurança e a saúde no trabalho estão entre as atividades mais

importantes, que deve ter uma atenção redobrada, sendo indispensável que cada

empresa tenha uma política relacionada e bem definida, de acordo com as

obrigações legais e sociais da empresa, e com os princípios fundamentais de

combate aos acidentes do trabalho (ZOCCHIO, 2000, p. 11).

A higiene e segurança do trabalho constituem em atividades paralelas ao

trabalho e intimamente relacionadas, que são importantes para a manutenção das

condições físicas e psicológicas dos funcionários, no sentido de garantir condições

de trabalho, capazes de manter certo nível de saúde dos mesmos, ou seja, manter

um bem estar físico, mental e social, não consistindo somente na ausência de

doença ou enfermidade (CHIAVENATO, 2000, p. 431).

Em complemento a esta posição, Barbosa Filho (2008, p. 1) ressalta que o

desconhecimento desses dados dentro das organizações fazem com que os

gestores não consigam resolver os problemas, podendo levar, sem dúvida, a perdas

maiores.

De acordo com Dias e Ferreira (2011, p. 17), desde a era industrial já se tinha

relatos da preocupação com a minimização de infortúnios do trabalho e prevenção

de acidentes, originando a segurança do trabalho, que começou nas indústrias e

depois se estendeu para os demais setores da sociedade ativa. A segurança no

trabalho se dá ao conjunto de atividades de teor técnico, educacional, médico e

psicológico destinado à prevenção de acidentes.

De acordo com Milkovich e Boudreau (2000, p. 481), uma estratégia

alternativa é a prevenção. Existem vários formatos de programas de prevenção.

Alguns deles podem incluir a reestruturação de funções para minimizar os riscos de

acidentes, outros abordam o treinamento como chave para a segurança do trabalho,

e até programas de remuneração para redução de acidentes de trabalho. Os riscos

mais comuns para a segurança no trabalho são aspectos do ambiente de trabalho

que tem potencial para causar acidentes, que podem resultar em perda de audição

ou de visão, cortes, luxações, hematomas, fraturas, queimaduras, choques elétricos,

entre outros.

Já a higiene do trabalho está relacionada com o diagnóstico e com a

prevenção de doenças ocupacionais, referindo-se ao conjunto de normas e

procedimentos, com o objetivo da proteção da integridade física e mental do

29

colaborador, podendo precavê-lo dos riscos de saúde inerentes às rotinas diárias do

trabalho e ambiente físico onde são executadas (CHIAVENATO, 2000, p. 431).

De acordo com Milkovich e Boudreau (2000, p. 481), os riscos mais comuns

para a saúde são os acidentes físicos e biológicos, como a exposição a substâncias

tóxicas e às condições estressantes de trabalho, que podem ser causados pela

função que o funcionário exerce, pelas condições de trabalho ou no comportamento

dele. Algumas funções no trabalho estão mais expostas aos riscos, e tem mais

potencial de acidentes e de doenças, como os bombeiros, os mineiros, os operários

de construção civil, os operários que lidam diretamente com a produção industrial ou

na agricultura.

Desse modo, Zocchio (2000, p. 13) afirma que para a segurança e saúde dos

trabalhadores, deve haver uma política de prevenção, que necessita fazer parte do

conjunto de políticas da empresa, definindo linhas de conduta do trabalho que

devem ser obedecidas em todas as atividades, como uma meta a ser seguida.

Assim, elas passam a ter instrumentos de valor inestimável para a organização,

fazendo-se consolidar um modelo de trabalho, aumentando consideravelmente a

qualidade de vida dos empregados e produtividade para a empresa.

Na percepção de Barbosa Filho (2008, p. 5), para a empresa, desenvolver

hábitos e uma criação de sistema de saúde e segurança no trabalho eficiente pode

parecer complexo, mas coordenar todas as atividades operacionais e realizá-las de

forma adequada e segura pode se tornar algo simples se bem estruturado. Tais

ações, uma vez introduzidas no cotidiano da organização, por meio da formação de

uma cultura organizacional proativa, com costumes desenvolvidos e assumidos por

cada sujeito da empresa, ou seja, cada um vai passar a ser responsável pelo

modelo de gestão no trabalho voltado à segurança coletiva, sendo que é importante

a compreensão de todos de que a segurança é uma atividade de todo indivíduo, e

que, dessa forma, deve ser exercida e realizada para se ter alcance dos objetivos

organizacionais.

Uma política prevencionista é um documento com normas, que situa uma

linha de conduta a ser observada e conhecida pelos trabalhadores, e supervisionada

pela empresa. Estão incluídos nessa definição de conduta como órgão da empresa

o SESMT (Serviços Especializados de Segurança e em Medicina do Trabalho), e

como comissão legalmente constituída, a CIPA (Comissão Interna de Prevenção e

Acidentes) (ZOCCHIO, 2000, p. 13).

30

A CIPA é órgão de segurança determinado legalmente da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT). Cabe a CIPA fiscalizar o que já existe, e apontar os atos

inseguros dos trabalhadores e as condições de insegurança (CHIAVENATO, 2000,

p. 438).

Ainda de acordo com Chiavenato (2004, p.432), a saúde no trabalho está

relacionada com o auxílio médico preventivo. A Lei 24/1994 instituiu a exigência de

alguns exames médicos a partir do Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional, como: o exame pré admissional, o exame médico periódico, o exame

médico demissional nos quinze dias antes do desligamento do funcionário com a

empresa. Esse programa envolve, além desses programas, palestras de medicina

preventiva, relatório anual e arquivos de exames médicos com avaliação clínica, e

exames complementares, buscando a qualidade de vida dos funcionários e maior

produtividade da organização.

Em se tratando de segurança e saúde ocupacional na empresa, todos os

colaboradores da organização devem cumprir com os seus deveres padronizados

pela Lei, relatando condições de risco e seguir todas as normas, incluindo aquelas

que indicam o uso de equipamentos de segurança, além ter direito a exigir

condições de segurança e saúde no emprego sem medo de punição (BOHLANDER;

SNELL; SHERMAN, 2003, p.341).

Para a Organização Internacional do trabalho (OIT), a saúde ocupacional tem

como objetivo proteger os trabalhadores dos riscos que cada trabalhador pode ser

submetido durante a sua jornada de trabalho, assim como as condições de trabalho

que é exposto, bem como sua adaptação ao trabalho e se sua tarefa está de acordo

com sua capacidade para poder propiciar seu bem-estar (DIAS; FERREIRA, 2011,

p. 15).

Para que isso se torne realidade nas empresas, é preciso uma

conscientização e capacitação dos indivíduos, para que possam reconhecer as

possibilidades de riscos, propiciando condições mínimas necessárias para o

gerenciamento do ambiente de trabalho que estão inseridos (BARBOSA FILHO,

2008, p. 5).

Ultimamente, é cada vez maior a quantidade de empresas que criam seus

próprios serviços de segurança no trabalho, tendo o objetivo de estabelecer normas

e procedimentos, no sentido de prevenir acidentes. Partindo desse princípio, a

31

aplicação de medidas de segurança adequadas é alcançada por meio de trabalho de

equipe, sendo responsabilidade de todos (CHIAVENATO, 2000, p. 438).

2.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A qualidade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do ser humano

desde o início de sua existência, sempre voltada para facilitar o trabalho ou trazer

satisfação e bem-estar ao trabalhador. Mas somente no século XVIII e XIX, com a

sistematização dos métodos de produção, as preocupações com as condições de

trabalho e influência destas vieram a ser estudadas de forma científica

(RODRIGUES, 2008, p.76).

Segundo Vieira (1996, p.37), apenas na década de 60, após a origem do

movimento QVT 1950, apareceram iniciativas de cientistas sociais, líderes

sindicalistas, empresários e governantes, por melhores formas de organizar o

trabalho, em busca de minimizar os efeitos negativos do trabalho na saúde e bem

estar geral dos trabalhadores. Contudo, a expressão “qualidade de vida no trabalho”

só foi introduzida publicamente no início da década de 70, pelo professor Louis

Davis (UCLA, Los Angeles, EUA), ampliando o seu trabalho sobre o projeto e

delineamento de cargos.

Assim, também de acordo com Chiavenato (2004, p. 448), o termo QVT

surgiu com Louis Davis em 1970, quando ele desenvolvia uma concepção sobre

modelos de cargos.

Durante muito tempo, falar de qualidade nas empresas remetia principalmente

à produção. Atualmente, fala-se não apenas em qualidade no trabalho, mas também

na qualidade de vida dos funcionários. Isso significa que os empregados precisam

ser felizes. Para que os funcionários sejam produtivos, devem sentir que o trabalho

que executam é adequado as suas habilidades e que são tratados como pessoas, e

não como meros objetos (GIL, 2006, p. 46).

Nos últimos anos, o aumento da expectativa de vida das pessoas ocasionou

uma nova realidade social, que é ter maior tempo de vida trabalhando. Ao mesmo

tempo, aumentou a conscientização das pessoas a respeito do direito à saúde, da

responsabilidade social, do desenvolvimento sustentável e dos direitos e deveres

dos trabalhadores. Vivemos a era do conhecimento. Por isso, a qualidade de vida no

trabalho é uma busca contínua da melhoria de condições de trabalho, as quais

32

precisam ser construídas para aproveitar o potencial humano (individual e em

equipe) (LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 24).

Assim, as empresas são desafiadas a investir no ambiente de trabalho, tanto

para atrair talentos, quanto para melhorar a produtividade de trabalho. Mais do que

isso, as empresas são desafiadas a implantar programas de qualidade de vida no

trabalho que envolvam também as dimensões relacionadas à atitude gerencial, à

liberdade e à autonomia para tomada de decisões (GIL, 2006, p. 46).

De acordo com Chiavenato (2004, p. 448), o conceito de qualidade de vida no

trabalho refere-se à preocupação com o bem-estar e a saúde dos trabalhadores,

além de envolver aspectos físicos e ambientais, como os aspectos psicológicos do

local de trabalho, e interesse das organizações quanto aos seus efeitos sobre a

produtividade e a qualidade de produtos e serviços.

Em perspectiva similar, Vieira (1996, p.39) afirma que a QVT é um método

pelo qual uma organização tenta revelar o potencial criativo de seu pessoal,

envolvendo-se em decisões que afetam suas vidas no trabalho, sendo que os

objetivos não são apenas restritos à empresa, focando na melhoria da produtividade

e eficiência em si, mas também nas pessoas, relacionado ao bem-estar e à

autorrealização.

Para Milkovich e Boudreau (2000, p. 473), o bem-estar dos funcionários vai

além da preservação de sua integridade física. Contudo, muitas ações, às vezes

irresponsáveis, de um colaborador ou de seu chefe podem colocar em risco a saúde,

segurança ou o conforto de outra pessoa, podendo afetar seu desempenho.

A qualidade de vida no trabalho busca criar condições ao trabalhador na

organização, como bem-estar, saúde e segurança no trabalho, mantendo uma

relação estreita com a produtividade e, principalmente, com a satisfação do

trabalhador no seu ambiente de trabalho. Ela afeta atitudes pessoais e

comportamentais, tais como criatividade, vontade de inovar ou aceitar mudanças,

capacidade de adaptar-se a mudanças no ambiente de trabalho e o grau de

motivação interna para o trabalho, que são fatores importantes para a produtividade

do indivíduo, além de ser vital não só para a realização do ser humano no trabalho,

mas também em toda sua existência, pois é no trabalho que as pessoas passam a

maior parte de suas vidas (BÚRIGO, 1997, p. 30).

Em complemento a esta posição, Limongi-França (2007, p. 26) ressalta a

importância de analisar fenômenos específicos do trabalho, como saúde, segurança,

33

motivação, adaptação, que interferem na concepção geral de qualidade de vida de

cada indivíduo.

A QVT implica num profundo respeito pelas pessoas, e tem sido utilizada

como indicador das experiências humanas no local de trabalho e no grau de

satisfação das pessoas que os desempenham. Para alcançar níveis elevados de

qualidade e produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas, que

participem ativamente dos trabalhos que executam e que sejam adequadamente

recompensadas pelas suas contribuições (CHIAVENATO, 2004, p. 448).

A satisfação das necessidades dos trabalhadores, que inclui fatores pessoais

que são entendidos como necessidades, expectativas, crenças e valores do

trabalhador, e fatores situacionais, como tecnologia, sistema de recompensa e

ambiente de trabalho, está ligada ao seu desempenho e ao desenvolvimento

organizacional, e essas necessidades são redefinidas no transcorrer do tempo, na

medida em que a concepção de trabalho evolui (BÚRIGO, 1997, p. 35).

A identificação e análise de uma gama relativamente grande de informações

relacionadas à qualidade de vida no trabalho, como pressões, stress, cuidados

físicos, estilo de vida, impactos tecnológicos, provocam novas atitudes das

empresas e mudança no modo de vida das pessoas, abrindo espaços

continuamente para a discussão e a busca de qualidade de vida dentro e fora do

trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 32).

Os problemas pessoais dentro e fora do trabalho influenciam o

comportamento dos funcionários, pois se trata de um relacionamento ao mesmo

tempo social e econômico. Por isso, muitas empresas vão além. Elas querem

proporcionar um ambiente de trabalho onde os funcionários possam desabrochar,

podendo contar com suas competências em realizar melhor suas funções, visando

um clima de confiança, respeito e cooperação (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p.

473).

Chiavenato (2004, p. 448) destaca que a gestão da qualidade total nas

organizações depende basicamente da otimização do potencial humano, e isso

depende de quanto as pessoas se sentem satisfeitas trabalhando na organização. A

QVT representa o grau em que os membros da organização são capazes de

satisfazer suas necessidades pessoais através do seu trabalho.

É fundamental ouvir os trabalhadores para perceber e sentir suas

necessidades, ambições e pretensões. Ao dar suas opiniões, suas expectativas, os

34

trabalhadores estão participando inteiramente do processo através de considerações

e ponto de vista que podem influenciar na qualidade de suas vidas no trabalho

(BÚRIGO, 1997, p. 39).

Chiavenato (2004, p. 448) complementa que para atender bem os clientes, é

preciso antes satisfazer os funcionários responsáveis pelo produto ou serviço

oferecido, assim colocando os empregados em primeiro lugar, eles colocarão os

consumidores em primeiro lugar. A organização que investe diretamente no

funcionário está diretamente investindo no cliente.

Na mesma linha, Fernandes (1996, p.21) afirma que a busca da qualidade é o

enfoque do momento, e mobiliza os esforços de várias empresas. Mas para a

empresa obter um sucesso contínuo, ela deve estar atenta na busca de resultados

de qualidade em produtos e serviços, na conservação de um clima organizacional

interno motivador, na abertura para a inovação e a flexibilidade.

E isso depende de como os funcionários estão trabalhando na organização. A

QVT afeta atitudes pessoais e comportamentos relevantes para a produtividade

individual e coletiva, como motivação, habilidade de adaptação ao cargo, criatividade

e vontade de inovar (aceitar mudanças). Para que o nível de contentamento de QVT

aumente, é preciso satisfazer os membros da organização com componentes como:

satisfação com o trabalho executado, possibilidade de crescimento na organização,

reconhecimento pelos resultados alcançados, salário adequado, benefícios

lucrativos, bom relacionamento humano dentro da organização, liberdade e

responsabilidade de tomar decisões, e participação (CHIAVENATO, 2004, p. 448).

O comportamento no trabalho é recheado de diversas atitudes, emoções e

sentimentos, que reproduzem de forma particular, o jeito de cada pessoa lidar com a

realidade. Essas emoções vividas diariamente criam um clima organizacional

característico de cada empresa, ou mesmo em cada setor, enfim, a qualidade de

vida não está relacionada apenas por salários acima do mercado e de invejáveis

benefícios. Além disso, ela é resultado do tratamento humano, da gentileza, da

leveza nas relações, da possibilidade de expressão de expor pontos de vista

diferentes, do respeito e do orgulho pelo que faz, sendo que, elogio e considerações

são indispensáveis para a qualidade, à produtividade e o bem-estar de todos na

empresa (BOM SUCESSO, 1998, p. 37).

35

Para Serra (2006, p.31), as organizações precisam ter consciência de que as

pessoas são feitas de corpo, mente, emoções e espírito, e que por isso, não podem

ser vistas como coisas a ser cotroladas e reguladas.

Assim, ouvir as pessoas e utilizar ao máximo sua potencialidade melhora a

QVT. Ouvir é procurar saber o que as pessoas sentem, o que as pessoas querem, o

que as pessoas pensam. Utilizar ao máximo sua potencialidade é desenvolver as

pessoas, e procurar criar condições para que as pessoas consigam desenvolver a

empresa. Porém, mais do que nunca as empresas têm que serem competitivas, e

para isso, é essencial que se preocupem com as pessoas da organização, pois é

através do comprometimento das pessoas com as propostas da empresa que os

resultados serão atingidos com sucesso (FERNANDES, 1996, p. 37).

Cada vez mais, as empresas que desejam estar entre as melhores do

mercado deverão investir nas pessoas. Portanto, qualidade de vida é um fator de

excelência pessoal e organizacional. No mundo empresarial cresce com frequência

a possibilidade de viver melhor na empresa. É sempre tempo de recomeçar, de

renovar, enfim de cuidar da vida no trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 33).

2.5.1 O stress e a qualidade de vida no trabalho

Qualidade de vida no trabalho é a busca contínua da melhoria dos processos

de trabalho para incorporar novas tecnologias e aproveitar o potencial humano,

individual e em equipe. Essas novas tecnologias, a globalização e as novas formas

de trabalho exigem mais do profissional, e acabam provocando stress, que é uma

resposta do corpo à pressão, fazendo que o trabalho vire um desafio para muitas

pessoas (LIMONGI-FRANÇA, 2007, p. 43).

De acordo com Milkovich e Boudreau (2000, p. 482), o estresse é qualquer

demanda de adaptação causada por fatores físicos, mentais ou emocionais, que

exija lidar com comportamento. Esse assunto tem recebido grande importância, pelo

menos por parte da imprensa, e dos estudiosos da gestão de pessoas. O estresse

no trabalho é uma área de difícil estudo, já que o que uma pessoa considera

estressante, outra pode não considerar, como por exemplo: não faltam candidatos a

astronautas, apresentadores de televisão, políticos, entre outros cargos, que

certamente envolvem uma boa dose de estresse. Ele é um inimigo da qualidade de

36

vida, e pode ser provocado por pesadas cargas de trabalho, pressões excessivas,

demissões e reestruturação organizacional.

Chiavenato (2004, p. 433) afirma que estresse é um conjunto de reações

físicas, químicas e mentais de uma pessoa decorrente de estímulos que existem na

atmosfera de trabalho, como o autoritarismo do chefe, a desconfiança, a pressão

das exigências e cobranças, o comprimento de horário de trabalho, a monotonia de

algumas tarefas, o baixo astral dos colegas, e a falta de perspectivas motivacionais.

Muitas funções exigem que os funcionários se adaptem a condições de

trabalho desfavoráveis. Com o passar do tempo, essas condições provocam

estresse que pode causar danos à saúde, bem como produtividade e satisfação

(BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2003, p. 357).

Além disso, é impossível ter certeza de que o estresse seja causado apenas

pelo trabalho, pelo indivíduo ou pela combinação inadequada dos dois. As empresas

que investem em programas de redução do estresse vão receber o retorno em

autoestima e produtividade, e menos índices de rotatividade e doenças ocupacionais

(MILKOVICH; BOUDREAU, 2000, p. 483).

Pesquisas revelam que o ruído no trabalho, decorrente de máquinas

funcionando, pessoas conversando e telefones tocando, contribui para o estresse

em 54% das atividades de trabalho. O estresse provoca sérias consequências tanto

para o empregado como para a organização, sendo que as humanas estão

relacionadas à ansiedade, depressão, angústia, distúrbios gástricos e

cardiovasculares, dores de cabeça, nervosismo e acidentes. Já as consequências

para a organização estão relacionadas à qualidade do trabalho, aumento do

absenteísmo e rotatividade, e predisposição de reclamações e greves.

(CHIAVENATO, 2004, p. 433).

Felizmente, cresce a atenção de identificar e prevenir o estresse indevido no

trabalho, focalizando na remoção das fontes deste para proteger o bem-estar dos

funcionários e reduzir os custos de indenizações de queixas por incapacidade e

queda de produtividade nas empresas (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2003, p.

357).

2.5.2 Pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho

37

A ciência que estuda o comportamento do ser humano, tratando

especificadamente de aspectos ligados ao bem-estar das pessoas no trabalho,

orienta-se por uma linha de pesquisa conhecida como “Qualidade de Vida no

Trabalho”. Por sua vez, a pesquisa de QVT tem como foco principal de investigação,

o questionamento das formas a serem adotadas para que as funções de trabalho se

mostrem mais produtivos e satisfatórios, tanto para e empresa quanto para as

pessoas, mediante a reformulação do desempenho de cargos e postos de trabalho

(FERNANDES, 1996, p. 35).

Foi no início dos anos 20, com um experimento, que tentaram correlacionar

duas variáveis (condições físicas e produtividade) na empresa “Western Eletric

Company” (Chicago, EUA), que surgiram as primeiras preocupações científicas

sobre a influência das condições físicas do local de trabalho na produtividade das

indústrias (RODRIGUES, 2008, p. 36).

Essa empresa era uma indústria no ramo de telecomunicações, onde se

fabricava componentes para telefone, e a experiência (pesquisa) tinha como objetivo

verificar se a iluminação do trabalho influenciava a eficiência da produtividade. Por

sua vez, esse objetivo se estendeu para outros fatores, como a fadiga, acidentes de

trabalho e rotatividade de pessoal (OLIVEIRA, 2012).

De acordo com Rodrigues (2008, p.36), na época, algumas inovações nas

condições de trabalho já tinham sido introduzidas na empresa, mas, mesmo assim

havia muitas queixas e insatisfações entre os empregados.

Oliveira (2012) e Rodrigues (2008, p.37) afirmam que, após analisar os

fatores, o resultado foi que o fator psicológico domina o fisiológico. Os

pesquisadores concluíram que o resultado negativo, foi obtido por que a relação

entre as duas variáveis (condições físicas e produtividade) não existe, pois era

impossível isolar essas de outras variáveis.

Todas as pesquisas realizadas tinham em comum um intuito de melhorar a

vida no trabalho. Mas a vida de uma pessoa não se resume apenas ao trabalho. A

diversidade de preferências e as diferenças individuais dos colaboradores, além de

seus valores e grau de importância que cada trabalhador dá às suas necessidades,

fazem com que seja difícil pesquisar como está a qualidade de vida nas

organizações (FERNANDES, 1996, p. 47).

É necessário fazer uma análise da vida do trabalhador dentro e fora do meio

organizacional, para que possa ser medida a importância e interligação destas duas

38

vidas. Muito tem se falado sobre a QVT, mas sabemos que a satisfação no trabalho

não pode estar isolada da vida do indivíduo como um todo. Pesquisas afirmam que

os funcionários que têm uma vida familiar insatisfatória têm o trabalho como o único

ou maior meio para obter a satisfação de muitas de suas necessidades,

principalmente as sociais (RODRIGUES, 2008, p. 93).

A desmotivação e insatisfação no trabalho são um grave problema e

preocupação dos estudiosos e administradores. É um problema que atinge muitos

trabalhadores, independente da posição ou função que possuem na empresa

(BÚRIGO, 1997, p. 17).

Existem muitas empresas que desenvolvem e implantam programas e

práticas voltadas para o bem-estar dos seus funcionários. Essas organizações

levam a sério o respeito à autoestima das pessoas, dando importância à felicidade, à

afetividade e qualidade de vida dos seus funcionários e de seus familiares. Ao

mesmo tempo, elas incentivam o estudo (busca do conhecimento), à praticas

esportivas e pelo desenvolvimento pessoal e profissional. E tudo isso sem

comprometer o lucro da empresa (SERRA, 2006, p.31).

Desse modo, Vieira (1996, p. 110) utiliza-se de uma citação de um

entrevistado numa pesquisa para a melhoria da QVT, e a importância dela dentro e

fora do trabalho:

(…) Pra começar, um salário adequado. (…) Se eles querem melhorar minha vida aqui dentro, eles podem melhorar, só que têm que melhorar lá fora também, dentro da minha casa. Então tenho que ter um local de trabalho melhor, o meu lazer corretamente, minha alimentação, meus filhos, eliminar meus problemas dentro de casa, e ter uma moradia decente.

Rodrigues (2008, p. 107) afirma que algumas pesquisas de QVT são voltadas

para procurar tornar os cargos mais produtivos (em termos de empresa) e mais

satisfatórios para os funcionários. Logo, a preocupação para melhorar a QVT passa

principalmente pela reformulação dos cargos ou a sua correta projeção, levando em

considerações os elementos organizacionais, ambientais e comportamentais.

Outros autores (interessados em QVT) utilizam modelos de QVT como

norteadores de suas pesquisas, buscam através dos depoimentos dos

trabalhadores, considerações e fatos que traduzem suas necessidades e as da

empresa (BÚRIGO, 1997, p. 39).

39

Assim, atualmente, o trabalho assume proporções enormes na vida do ser

humano e as organizações. Por isso as pesquisas de QVT são tão importantes no

atual cenário, e talvez ajudem as pessoas adquirirem sua identidade e seu ego ideal

(RODRIGUES, 2008, p. 93).

2.5.3 Modelos de qualidade de vida no trabalho

As necessidades humanas variam conforme a cultura de cada indivíduo e de

cada organização, logo, a QVT não é determinada apenas pelas características

individuais (necessidades, valores, expectativas) ou situacionais (estrutura

organizacional, tecnologia, sistemas de recompensas, políticas internas), mas,

principalmente, pela atuação sistêmica dessas características individuais e

organizacionais (CHIAVENATO, 2000, p. 450).

Nas primeiras civilizações, já existiam preocupações com a forma de

execução das tarefas, e vários métodos ou teorias foram aplicados a fim de

minimizar o mal-estar ou esforço físico do trabalhador (RODRIGUES, 2008, p. 76).

Alguns autores clássicos, como Maslow e Herzberg, investigaram a QVT

através de suas teorias “Hierarquia das necessidades” (de Maslow) e a “Teoria dos

dois fatores” (de Herzberg), como um sinalizador de potencialidades a serem

desenvolvidas através das necessidades de realização das pessoas (BÚRIGO,

1997, p. 39).

Eles se preocuparam com os fatores motivacionais vinculados às

necessidades humanas, com reflexos no desempenho e na autorrealização do

indivíduo (FERNANDES, 1996, p. 47).

Passando pela administração Científica e a Escola de Relações Humanas, o

bem-estar do trabalhador e a adaptação às suas funções de trabalho foram

estudados e teorizados de várias formas, algumas complementares, e outras

contradizendo as anteriores, como veremos a seguir (RODRIGUES, 2008, p. 76).

2.5.3.1 O modelo análise de qualidade de vida no trabalho de Hackamn e Oldham

Segundo Búrigo (1997, p. 40), o modelo de análise de Hackman e Oldham

(1975) trata sobre as características da tarefa, baseado nas ideias de que as suas

40

dimensões podem criar estados psicológicos críticos, podendo gerar resultados

positivos tanto para o trabalhador quanto para a empresa.

Na mesma perspectiva, Chiavenato (2000, p. 450) afirma que o modelo de

análise de qualidade de vida no trabalho de Hackman e Oldham (1975) foi dedicado

ao desenho de cargos.

Já Fernandes (1996, p. 55) sustenta que o modelo de Hackman e Oldham

(1975) apoia-se em características objetivas do trabalho.

Búrigo (1997, p. 40) observa que este modelo permite sistematizar as

características do cargo que os autores consideram ser determinantes para a QVT,

através do potencial motivacional de uma tarefa, em função de suas características

próprias.

Para eles, as dimensões de cargo produzem estados psicológicos críticos que

conduzem a resultados pessoais e de trabalho que afetam a QVT (CHIAVENATO,

2000, p. 450).

Hackman e Oldham (1975) salientam que a QVT pode ser avaliada em

termos de: dimensões de tarefa; estados psicológicos do trabalhador; resultados

pessoais e de trabalho (BÚRIGO, 1997, p. 40).

O estado psicológico do trabalhador envolve a percepção do significado do

trabalho, da responsabilidade pelos resultados e o conhecimento dos reias

resultados do trabalhador. Os resultados pessoais e de trabalho incluem a satisfação

geral e a motivação para o trabalho de alta qualidade, bem como o absenteísmo e a

rotatividade baixa (FERNANDES, 1996, p. 56).

As dimensões de cargo, segundo Chiavenato (2000, p. 450) são

determinantes da QVT, pelo fato de oferecerem recompensas intrínsecas que

produzem a satisfação no cargo e automotivam às pessoas para o trabalho. Dessa

forma, o autor apresenta as dimensões do cargo, que são:

41

Quadro 2: Dimensões do cargo de acordo com Hackman e Oldham (1975).

N° Dimensões Características

1 Variedade de habilidades O cargo deve demandar várias e diferentes habilidades, conhecimentos e competências da pessoa.

2 Identidade da tarefa O trabalho deve ser realizado do início até o fim, para que a pessoa possa perceber que produz um resultado concreto.

3 Significado da tarefa A pessoa deve ter percepção de como o seu trabalho produz consequências sobre o trabalho das outras pessoas.

4 Autonomia A pessoa deve ter responsabilidade pessoal para planejar e executar as funções, autonomia própria e independência para desempenhar.

5 Retroação do próprio trabalho A pessoa deve ter informação de retorno de seu próprio trabalho, para que ela possa auto-avaliar seu desempenho.

6 Retroação extrínseca Deve haver o retorno proporcionado pelos superiores ou clientes, a respeito do desempenho da tarefa.

7 Inter-relacionamento A tarefa deve proporcionar contato interpessoal.

Fonte: Chiavenato (2000, p. 450).

De acordo com Fernandes (1996, p. 55), as dimensões da tarefa identificam

seis atributos importantes (e não sete, como diz Chiavenato) para a satisfação no

trabalho: variedade de habilidades, identidade da tarefa, significado da tarefa, inter-

relacionamento, autonomia e feedback.

Hackman e Oldham (1975) utilizam um modelo de pesquisa sobre a análise

do trabalho, baseado em um registro de diagnóstico das características do cargo,

com o objetivo de medir o grau de satisfação geral e o grau de motivação interna

como descrição minuciosa da QVT (CHIAVENATO, 2000, p. 450).

2.5.3.2 O modelo de análise de qualidade de vida no trabalho de Westley

Em pleno século XXI, algumas empresas possuem dificuldades para criar ou

manter o bem-estar de seus colaboradores. Assim, a expressão “qualidade de vida

no trabalho” tem sido usada frequentemente para descrever situações e métodos

com vários objetivos, especialmente de melhorar a vida no trabalho (RODRIGUES,

2008, p. 80).

A partir desse enigma, o modelo de análise de qualidade de vida no trabalho

de Westley (1979) apresenta uma avaliação da qualidade de vida nas organizações,

42

onde pode ser examinada basicamente através de quatro indicadores fundamentais

(FERNANDES, 1996, p. 52).

Fernandes (1996, p. 53) e Rodrigues (2008, p.85) apresentam no quadro 3 o

modelo de Westley, onde ele classifica e analisa quatro problemas que afetam

diretamente e tornam-se obstáculos à QVT. De acordo com estes autores, os

problemas eram: políticos (que traziam a insegurança); o econômico (provocava a

injustiça); o psicológico (causava a alienação); e o sociológico (originava a falta de

objetivos).

Quadro 3: Indicadores da qualidade de vida no trabalho de acordo com Westley (1979).

Indicadores da qualidade de vida no trabalho

Econômico Político Psicológico Sociológico

Equidade salarial Segurança emprego

Realização potencial

Participação das decisões

Remuneração adequada

Atuação sindical Nível de desafio Autonomia

Benefícios Retroinformação Desenvolvimento pessoal

Relacionamento interpessoal

Local de trabalho Liberdade de expressão

Desenvolvimento profissional

Grau de responsabilidade

Carga horária Valorização do cargo

Criatividade Valor pessoal

Ambiente externo Relacionamento com a chefia

Autoavaliação

Variedade de tarefa

Identificação da tarefa

Fonte: Fernandes (1996, p. 53).

Para Westley, a insegurança e a injustiça são decorrentes da concentração

do poder, da concentração dos lucros, e consequente exploração dos trabalhadores

(FERNANDES, 1996, p. 52).

Rodrigues (2008, p. 86) aborda a insegurança e a injustiça da mesma forma,

só sobrepõe que provavelmente esses problemas de indicadores de QVT são os

mais antigos que existem. Além disso, o autor afirma que como resposta a esses

problemas, surgiu o movimento socialista, com o objetivo de zelar pela segurança e

a justiça no trabalho. Assim, esse movimento tentou dar aos trabalhadores um poder

crescente sobre as empresas e um trabalho organizado, dirigido para uma melhor

distribuição dos lucros das organizações. Esses dois problemas foram minimizados

43

na maioria dos países industrializados, cedendo lugar a outros dois, a alienação e a

anomia (falta de objetivos).

Já a alienação ocorre através das características desumanas que o trabalho

assumiu pela complexidade das organizações, levando a uma ausência do

significado do trabalho, e à falta de envolvimento e objetividade com as próprias

tarefas (FERNANDES, 1996, p. 52).

Para Rodrigues (2008, p. 86) a alienação é observada como um desinteresse

entre o trabalho e o próprio ser, e a anomia significa uma falta de envolvimento

moral com a empresa.

Concluindo, Westley (1979) afirma que a QVT é aplicada numa diversidade

de mudanças propostas nas organizações de trabalho. Um meio de solução desses

problemas seria o enriquecimento do trabalho em nível individual e os métodos

sociotécnicos para reestruturação da equipe de trabalho (RODRIGUES, 2008, p.

87).

Segundo Rodrigues (2008, p.87), esses são os problemas que dificultam a

QVT. No quadro 4 é apresentado um resumo sintetizando estas dimensões de QVT

e suas soluções.

Quadro 4: Origens da qualidade de vida no trabalho (Westley 1979)

Natureza do problema

Sintonia do problema

Ação para solucionar o

problema Indicadores Propostas

Econômico (1850)

Injustiça União dos trabalhadores

Insatisfação

Greves

Cooperação

Divisão dos lucros

Participação nas decisões

Político (1850-1950)

Insegurança Posições políticas

Insatisfação

Greves

Trabalho auto-

Supervisionado

Conselho de trabalhadores

Participação nas decisões

Psicológico (1950)

Alienação Agentes de mudança

Desinteresse

Absenteísmo e “turnover”

Enriquecimento das tarefas

Sociológico Anomia Auto - desenvolvimento

Ausência de significação de trabalho

Absenteísmo e “turnover”

Métodos sociotécnicos aplicados aos grupos

Fonte: Rodrigues (2008, p. 88).

44

2.5.3.3 O modelo de análise de qualidade de vida no trabalho de Walton

O modelo de análise de qualidade de vida no trabalho de Walton (1973)

define oito categorias conceituais que caracterizam as experiências do trabalhador

no seu ambiente de trabalho, mas, dependendo do contexto, novas categorias,

indicadores ou dimensões poderão ser gerados (BÚRIGO, 1997, p. 42).

A seguir, um quadro comparativo dos indicadores de QVT de acordo com

Walton (1973), e adaptados por Búrigo (1997) e Chiavenato (2004).

45

Quadro 5: Indicadores de QVT de acordo com Walton (1973).

Características Dimensões

Categorias/ Fatores

Segundo BÚRIGO (1997, p. 42).

Segundo CHIAVENATO (2000, p. 451).

1 - Compensação justa e adequada

Refere-se ao salário justo, ou seja, adequação entre trabalho e pagamento. Indicadores:

Justiça na compensação: é a remuneração necessária para o trabalhador viver dignamente, e compensação pelo trabalho desenvolvido;

Proporcionalidade entre os salários: equidade na remuneração entre os outros membros da organização e em relação a outros profissionais do mercado de trabalho.

Menciona a adequação de remuneração ao trabalho que a pessoa realiza, tendo equilíbrio entre as remunerações dentro

da organização e equilíbrio com remunerações do mercado de

trabalho.

2 - Condições de segurança e saúde

no trabalho

Diz respeito à preservação da saúde e ao bem estar do funcionário. Indicadores:

Jornada de trabalho: número de horas trabalhadas e sua relação com as funções desempenhadas;

Saúde ocupacional: refere-se ao bem-estar físico e mental do colaborador;

Salubridade: condições propícias a saúde;

Recursos materiais: quantidade e qualidade de materiais disponíveis para a execução do trabalho.

Envolvendo as dimensões, jornada de trabalho e ambiente físico adequado à saúde e bem-

estar das pessoas.

3 - Uso e desenvolvimento das capacidades

É a oportunidade de o trabalhador desenvolver o seu conhecimento e suas aptidões profissionais. Indicadores:

Autonomia: liberdade substancial na execução do trabalho;

Autocontrole relativo: autodomínio;

Qualidades múltiplas: variedade de habilidades e capacidades;

Informação sobre o processo total do trabalhador: ter conhecimento sobre o processo de trabalho.

No sentido de proporcionar oportunidades de satisfazer as necessidades de utilização de

habilidades e conhecimentos do trabalhador, desenvolver sua autonomia, autocontrole e de

obter informações sobre o processo total do trabalho, bem como retroinformação quanto

ao seu desempenho.

46

Características Dimensões

Categorias/ Fatores

Segundo BÚRIGO (1997, p. 42).

Segundo CHIAVENATO (2000, p. 451).

4 - Oportunidade de crescimento e

segurança

É a valorização do trabalhador através de oportunidades para desenvolver suas habilidades. Indicadores:

Possibilidade de carreira;

Crescimento pessoal: desenvolvimento das potencialidades do trabalhador, com o objetivo de realizar seu potencial;

Programa de capacitação: conjunto de atividades que visam o preparo do trabalhador, para melhorar seu desempenho.

No sentido de proporcionar oportunidades de carreira na

empresa, crescimento, desenvolvimento pessoal e

segurança no trabalho de forma duradoura.

5 - Integração social na

organização

É a ausência de diferenças hierárquicas. Ocorre quando o trabalhador tem autoestima no ambiente de trabalho. Indicadores:

Ausência de preconceitos;

Igualdade: ausência de estratificação no ambiente de trabalho em termos de status;

Mobilidade: oportunidade de expor ideias;

Relacionamento: auxílio recíproco, marcado pelo apoio sócio emocional;

Senso comunitário: companheirismo e espírito coletivo.

Envolvendo eliminação de barreiras hierárquicas, apoio

mútuo e ausência de preconceitos.

6 – Garantias constitucionais

É o respeito que a organização tem pelos direitos dos trabalhadores. Indicadores:

Direitos trabalhistas: normas que regem as relações de trabalho entre trabalhadores e organização;

Privacidade pessoal: repeito ao indivíduo;

Liberdade de expressão: direito do trabalhador poder manifestar sua opinião.

Refere-se ao estabelecimento de normas e regras da

empresa, direitos e deveres do trabalhador.

47

Características Dimensões

Categorias/ Fatores

Segundo BÚRIGO (1997, p. 42).

Segundo CHIAVENATO (2000, p. 451).

7 - Trabalho e espaço total de

vida

É o equilíbrio existente entre o trabalho e a vida pessoal do trabalhador. Indicadores:

Tempo para lazer e para a família: relacionamento equilibrado entre trabalho e a vida do trabalhador;

Papel balanceado do trabalho: distribuição do tempo de trabalho com as outras esferas da vida;

Significado do trabalho: o que significa o trabalho na vida do trabalhador.

O trabalho não deve absorver todo o tempo e força do

trabalhador, tem de haver tempo para sua vida familiar e

particular, seu lazer e atividades comunitárias.

8 - Relevância social da vida no

trabalho

Diz respeito ao comprometimento e ao empenho do trabalhador. Indicadores:

Valorização do trabalho: percepção do valor do trabalhador, atribuído ao seu trabalho pela organização e pela comunidade;

Imagem e responsabilidade social da organização: refere-se a importância e responsabilidade da organização em dar retorno a comunidade.

O trabalho deve ser uma atividade que traga orgulho

para seus funcionários. Além disso, a organização deve ter

responsabilidade pelos produtos e serviços oferecidos,

regras bem definidas de funcionamento e de

administração eficiente.

Fonte: Adaptado de: Búrigo (1997); e Chiavenato (2004, p. 451).

Fernandes (1996, p. 54) revela que aceitar que um modelo de melhoria de

QVT, construído com base em tais fatores chave, oferece possibilidade de

atendimento tanto das necessidades do indivíduo como da organização, assim como

alcance das expectativas dos funcionários.

Esses fatores e esta amplitude de categorias e de indicadores auxiliam na

concretização dos objetos propostos pelo modelo em uma pesquisa de QVT

(BÚRIGO, 1997, p. 45).

Entretanto, não se conhece a diversidade de preferências e as diferenças

individuais ligadas à cultura, classe social, educação, formação e personalidade, tais

fatores são interventores, de modo geral, na qualidade de vida no trabalho da

maioria das pessoas. Portanto, quando tais aspectos não são bem gerenciados, os

48

níveis de satisfação dos funcionários deixam muito a desejar, repercutindo também

nos níveis de desempenho (FERNANDES, 1996, p. 52).

Ressalta-se também, que a QVT é relevante, e a utilização destes modelos

como norteadores para uma pesquisa é essencial, assim como, identificar o “porquê”

da sua configuração e o que implica em ter QVT no contexto organizacional. A

importância da QVT pressupõe mudanças nos padrões culturais, objetivando a

satisfação das necessidades dos trabalhadores no ambiente de trabalho, sobretudo

modelos de gestão mais democratizados e desenvolvimento organizacional

(BÚRIGO, 1997, p. 41).

49

3 METODOLOGIA

Este capítulo tem como finalidade apresentar o método de pesquisa que foi

utilizado para o desenvolvimento deste trabalho, onde foram abordados dados como

de onde, com quem e como foi realizado o levantamento dos dados, além de

detalhar a forma pela qual os dados foram analisados, visando o alcance dos

objetivos propostos para a execução deste estudo.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, pois de acordo com

Oliveira (2001, p. 114), essa pesquisa tem como objetivo a descrição das

características, e procura abranger aspectos gerais, além de possibilitar o

desenvolvimento da análise, pois permite identificar as diferentes formas dos

fenômenos, sua ordenação e classificação.

A pesquisa possui predominantemente uma abordagem quantitativa, que é

um método de pesquisa que, segundo Oliveira (2001, p. 115), significa quantificar

opiniões, dados, assim como também com o emprego de recursos e técnicas

estatísticas, na qual se procura descobrir e classificar a relação entre variáveis.

Na mesma percepção, Fachin (2006, p. 78) afirma que a pesquisa de

abordagem quantitativa é determinada em relação aos dados ou à proporção

numérica, assim como são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes

explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados

(questionários). São utilizados quando se sabe exatamente o que deve ser

perguntado para atingir os objetivos da pesquisa, e avaliam, de forma precisa, as

hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser

comparados com outros.

A pesquisa quantitativa resumisse por um estudo estatístico, que se propõe a

descrever as características de uma determinada situação, medindo numericamente

as hipóteses levantadas a respeito de um problema de pesquisa. Este tipo de

pesquisa tende a facilitar a comparação dos dados estatisticamente.

3.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

50

O estudo foi realizado no período de março a novembro de 2012, na empresa

Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda, situada no bairro Areias de Baixo, Rua

Vitalino Ávila, nº 3350.

A utilização de um questionário estruturado para coletar as informações,

aplicados numa amostra, é uma característica das pesquisas quantitativas. Contudo,

não foi utilizado amostra nesta pesquisa. Trata-se de uma pesquisa censitária, pois

a população foi formada por todos os funcionários que trabalham na empresa

Uniflor, perfazendo um total de 15 (quinze) colaboradores.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os dados primários foram coletados com uma pesquisa de campo através de

um questionário com afirmativas, para verificar a percepção dos funcionários com

relação à qualidade de vida no trabalho da empresa. Foi realizado um pré-teste (com

o questionário) com três funcionários escolhidos da organização sendo que cada um

apresentava um nível de escolaridade diferente, para fazer possíveis correções e

ajustes nas questões, sanar dúvidas e verificar melhorias.

Com o pré-teste, foi observado o baixo nível de entendimento das afirmativas,

proveniente do baixo hábito da leitura dos entrevistados, principalmente do

funcionário representativo de baixa escolaridade. Então, para melhorar o

entendimento das afirmações, foi utilizada uma linguagem mais coloquial (comum,

do cotidiano).

Para Oliveira (2001, p. 165), o questionário serve de apoio ao pesquisador

para a coleta de dados, e deve reunir todas as informações necessárias para a

pesquisa.

Fachin (2006, p. 158) assegura que questionário é um documento em que há

um serie de questões, cujas respostas devem ser preenchidas pessoalmente pelos

informantes.

Os dados secundários foram obtidos através de bibliográficas.

A pesquisa bibliográfica tem como objetivo conhecer as diferentes formas de

contribuição científica que se realizam sobre determinado assunto ou fenômeno. O

levantamento de informações normalmente são encontrados em acervos de obras

editadas (como livros, artigos), ou em bibliotecas virtuais (Oliveira, 2001, p. 119).

51

A pesquisa bibliográfica é uma fonte abundante de informações, pois auxilia

na atividade mental e contribui para o conhecimento cultural (FACHIN, 2006, p. 119).

O questionário foi elaborado a partir da interpretação e análise dos oitos

fatores e das 24 dimensões que compõem os mesmos, apresentados por Walton

(1973), para analisar a percepção dos funcionários em relação a tais fatores de

QVT. Partiu-se do modelo de questionário validado proposto por Búrigo (1997) e

Chiavenato (2000, p. 451) e foram efetuados os ajustes necessários.

A seguir, pode-se verificar os fatores que foram analisados com as respectivas

afirmativas que compõem o questionário:

Compensação justa e adequada:

1. Existe equilíbrio entre a remuneração de seu cargo (seu salário), com a

remuneração do mesmo cargo no mercado de trabalho (outras empresas).

2. Além do salário, a empresa oferece outros benefícios extras, como assistência

médica, odontológica, bolsa de estudos, creche, convênios e vale-alimentação.

3. Comparando sua função com as atividades que realiza, sua remuneração é

adequada.

Condições de segurança e saúde no trabalho:

4. A empresa oferece intervalo de almoço (e lanche) suficiente para o seu descanso.

5. A empresa oferece condições de trabalho adequadas às necessidades de sua

função (iluminação, higiene, ventilação e organização).

6. Existe disponibilidade de equipamentos e materiais de trabalho de qualidade e

compatíveis com as necessidades de sua função.

7. A empresa atende às suas reivindicações.

8. Sua carga horária de serviço diário é adequada.

Utilização e desenvolvimento de capacidades:

9. Você tem autonomia para decidir sobre assuntos importantes que afetam sua

atividade no trabalho.

10. Você recebe retorno sobre o desempenho de seu trabalho.

11. A empresa reconhece e valoriza o seu trabalho.

12. A empresa exige que você desempenhe outras funções.

52

Oportunidades de crescimento e segurança:

13. A empresa investe em sua capacitação através de treinamentos e cursos.

14. A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional dentro da

empresa.

15. A empresa incentiva você a continuar seus estudos.

Integração social na organização:

16. Você tem um bom relacionamento com os colegas de trabalho.

17. Existe na empresa um clima harmonioso e cooperativo.

18. A empresa proporciona integração entre os funcionários fora do local de

trabalho.

19. O tratamento do seu superior é justo e de respeito.

Garantias constitucionais:

20. Todos os direitos são respeitados e cumpridos pela empresa (férias, 13° salário,

carteira de trabalho assinada).

21. Existe liberdade para expor suas opiniões, dar sugestões, no sentido de melhoria

da empresa e do seu trabalho.

22. Você se sente seguro quanto ao seu emprego (ou seja, tem baixa possibilidade

de ser despedido).

Trabalho e espaço total de vida:

23. O horário de trabalho permite conciliar trabalho e lazer.

24. Existe equilíbrio entre o seu trabalho, sua vida pessoal, seu lazer e sua família.

25. Sua família o apoia em seu trabalho.

Relevância social da vida no trabalho:

26. A imagem de sua empresa na comunidade local é positiva.

27. Você tem orgulho de trabalhar nesta empresa.

28. Você indicaria esta empresa a outras pessoas para trabalhar nela.

29. A empresa se preocupa em prestar atendimentos de campo com agilidade e

qualidade aos clientes.

53

30. Os produtos e serviços ofertados pela empresa aos clientes são de boa

qualidade.

31. A empresa não exige que você trabalhe fora do seu horário normal de expediente. Quadro 6: Afirmativas do questionário em relação aos oito fatores de Walton.

Fator Afirmativa

Compensação justa e adequada 1 2 3

Condições de segurança e saúde no trabalho 4 5 6 7 8

Utilização e desenvolvimento de capacidades 9 10 11 12

Oportunidades de crescimento e segurança 13 14 15

Integração social na organização 16 17 18 19

Garantias constitucionais 20 21 22

Trabalho e espaço total de vida 23 24 25

Relevância social da vida no trabalho 26 27 28 29 30 31

Fonte: Dados primários (2012)

Além das 31 afirmativas do questionário, foram introduzidas 2 questões

complementares:

32. Nas atuais circunstâncias, gostaria de mudar de emprego?

33. Sugestões de melhorias para a empresa:

Para avaliar o nível de concordância das afirmativas, o questionário foi

elaborado com a utilização da escala, composto de cinco alternativas, que são:

1 – Não concordo

2 – Em parte, não concordo

3 – Nem concordo e Nem discordo

4 – Em parte, concordo

5 – Concordo

Para sensibilizar os colaboradores a responder o questionário, foi explicado a

importância deste trabalho para o acadêmico, para a empresa e para a universidade,

além de enfatizar o anonimato dos respondentes.

3.4 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

54

Os dados foram tabulados estatisticamente e elaborados gráficos, com o

objetivo de organizar as informações de tal forma que possibilitem o fornecimento de

respostas ao problema proposto para proceder à análise.

A interpretação dos dados tem como objetivo a procura das respostas para o

problema de pesquisa, visando alternativas, propondo ações, incentivos, para o

crescimento da produtividade, por meio do aumento da satisfação dos empregados,

tendo em vista, principalmente, o melhoramento da qualidade de vida no trabalho da

empresa Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda.

55

4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

A empresa Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda foi fundada em 1995

por dois irmãos. Um deles trabalhava no ramo como vendedor de outra empresa de

atacadista de flores, e o outro trabalhava num restaurante próprio.

Na época, o comércio no ramo de floristas estava dando certo, já o

empreendimento com o restaurante não estava bem, então, mesmo com um baixo

nível de alfabetização dos dois, mas com experiências vivenciadas, eles decidiram

abrir uma empresa atacadista de flores e plantas. Na região da Grande

Florianópolis, havia poucas empresas nesse ramo, mas as poucas que tinham,

cresciam a cada ano, pois existia baixa concorrência. Surgiu então uma empresa

especializada na distribuição de flores e plantas, a Uniflor (uni - unidos, flor – flores).

O prédio que era utilizado como restaurante foi reformado, e transformado na

sede da empresa, compraram um caminhão com pouco dinheiro que tinham, e

começaram a comprar produtos de fornecedores do estado de São Paulo, e

revender na região de Florianópolis, onde conquistaram seus primeiros clientes, e

mais tarde, suas entregas cresceram pelo litoral catarinense.

Atualmente, a empresa atua como atacadista de flores e plantas, com cerca

de 90 % de seus fornecedores do estado de São Paulo, e 10 % de Santa Catarina, e

atua no estado de Santa Catarina, principalmente no Vale do Itajaí, Sul do Estado,

região serrana e grande Florianópolis Os produtos chegam sempre novos no centro

de distribuição duas vezes por semana, e não ficam estocados, são imediatamente

separados e distribuídos por meios e rotas predefinidos. Além de flores e plantas, a

empresa trabalha com artigos para decoração, como espumas florais e alguns tipos

de embalagens sob encomenda.

A empresa localiza-se na Rua Vitalino Ávila, no bairro de Areias de Baixo, na

cidade de Governador Celso Ramos, no estado de Santa Catarina, e possui uma

nova e ampla sede, contendo todo sistema administrativo e de distribuição.

Seu quadro de funcionários é composto por cerca de 15 colaboradores,

introduzidos principalmente no setor financeiro, no setor de compras e vendas, e

motoristas.

56

Sua estrutura organizacional é bem simples, não é exatamente dividida, mas

possui gerente, setor administrativo e de vendas. Todos os funcionários do setor

administrativo aprendem a fazer as funções uns dos outros, mas em épocas de

“pico” (grandes vendas, e datas comemorativas), falta mão de obra especializada,

ocasionando reclamações, principalmente nos setores de atendimento ao cliente, e

setor de vendas.

Assim é a Uniflor, uma empresa que vem crescendo a cada dia, com

dificuldades, às vezes, mas com união, e força de vontade de todos.

4.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

A pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho foi realizada na empresa

Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda, com todos os 15 funcionários, no

período correspondente a agosto do ano de 2012. Para a realização da pesquisa foi

realizada uma sensibilização dos colaboradores, a fim de conseguir, assim, uma

pesquisa censitária, obtendo todos os questionários respondidos.

Esta pesquisa teve como objetivo conhecer a percepção de todos os

funcionários em relação aos diversos aspectos relacionados à Qualidade de Vida no

Trabalho da empresa Uniflor.

Para isso, foi elaborado um questionário, com base conceitual nos oito fatores

propostos por Walton (1973), que enfatiza que a QVT deve ter como objetivo a

geração de uma organização mais humanizada, na qual o trabalho envolva relativo

grau de responsabilidade e de autonomia no que se refere à função, recebimento de

feedback do desempenho, tarefas adequadas, enriquecimento do trabalho e ênfase

no desenvolvimento pessoal do indivíduo (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p.

297).

A seguir, apresentam-se os resultados da pesquisa.

4.2.1 Perfil dos funcionários

A seguir, um demonstrativo das respostas das cinco perguntas do

questionário em relação ao perfil dos colaboradores, com suas respectivas tabelas

e gráficos respectivamente.

57

Tabela 1 - Tempo em que trabalha na empresa

Opções Respondentes %

menos de 1 ano 4 27

de 1 ano até 2 anos 2 13

de 3 a 4 anos 1 07

de 5 a 6 anos 0 00

acima de 6 anos 8 53

Fonte: Dados primários (2012) Figura 1 - Tempo em que trabalha na empresa

Fonte: Dados primários (2012)

A Uniflor é uma empresa de base familiar, que já esta no mercado há mais de

15 anos, e há uma série de colaboradores que acompanham a empresa desde

então. Como pode-se observar na tabela e na figura acima, mais da metade dos

funcionários (53%) está na empresa há mais de 6 anos, comprovando a baixa

rotatividade. Em seguida 27% estão na empresa há menos de um ano, isso se deve

ao crescimento da empresa, que precisou contratar mais funcionários no período.

Outra questão é que destes 27% de funcionários que estão há menos de 1

ano na empresa, apenas um colaborador foi contratado para substituir um que foi

dispensado, sendo um aspecto positivo para a empresa.

Tabela 2 - Escolaridade

Opções Respondentes %

Ensino Fundamental Incompleto 0 00

Ensino Fundamental Completo (1ª a 4ª série) 5 33

Ensino Médio Incompleto 3 20

Ensino Médio Completo 4 27

Ensino Superior Incompleto 3 20

Ensino Superior Completo 0 00

Fonte: Dados primários (2012)

58

Figura 2 - Escolaridade

Fonte: Dados primários (2012)

Quanto à escolaridade, destaca-se nenhum percentual de analfabetismo, mas

ainda sim, a maioria das pessoas da organização possui apenas o ensino

fundamental completo (33%), em seguida com 27% dos colaboradores apresenta

escolaridade de ensino médio completo.

Infelizmente, a empresa não tem nenhum colaborador com nível superior,

entretanto 20% dos entrevistados possuem ensino superior incompleto, concluindo-

se então, que brevemente a empresa terá alguns funcionários com esta formação, já

que dois funcionários destes 20% estão concluindo o curso.

A empresa não exige (formalmente) qualquer escolaridade em nenhum cargo,

apenas o colaborador deve saber ler e escrever. Mas, sabe-se que para ocupar

cargos de maior confiança (no setor administrativo, principalmente), se demanda um

nível de conhecimento compatível com cada cargo.

Tabela 3 - Sexo

Opções Respondentes %

Masculino 13 87

Feminino 2 13

Fonte: Dados primários (2012)

59

Figura 3 - Sexo

Fonte: Dados primários (2012)

A empresa conta com um percentual de 87% de colaboradores do sexo

masculino e apenas 13% do gênero feminino. Esse baixo percentual de mulheres na

empresa se deve há certa restrição delas em ocupar postos de trabalho dentro da

organização, como cargos de comprador e vendedor. Historicamente na empresa,

as mulheres têm ocupado apenas funções de limpeza e atendimento ao cliente,

permanecendo fora dos cargos estratégicos gerenciais e de motorista de caminhão

principalmente.

Tabela 4 - Idade

Opções Respondentes %

de 18 a 25 anos 3 20

de 26 a 35 anos 8 53

de 36 a 45 anos 1 07

de 46 a 55 anos 1 07

mais de 55 anos 2 13

Fonte: Dados primários (2012) Figura 4 - Idade

Fonte: Dados primários (2012)

60

Com base nos dados se conclui que a Uniflor é uma empresa de jovens, pois

73% de seus funcionários têm idade entre 18 a 35 anos. A vantagem de ter

funcionários “jovens”, é que estes, têm mais facilidade de adaptarem-se as novas

exigências do mercado (como novas tecnologias).

Destaca-se também que apenas 13% dos respondentes estão com mais de

55 anos de idade, estes por sua vez, apresentam-se em cargos de nível estratégico

na organização.

Tabela 5 - Estado civil

Opções Respondentes %

Solteiro(a) 4 27

Casado(a) 11 73

Divorciado(a) 0 00

Viúvo(a) 0 00

Fonte: Dados primários (2012)

Figura 5 - Estado civil

Fonte: Dados primários (2012)

O estado civil dos colaboradores da empresa apresenta 73% casados, e 27%

solteiros. A confirmação da maioria dos funcionários da empresa serem casados

aumenta a responsabilidade destes perante a empresa, pois eles têm família, que

depende da remuneração de seu trabalho para seguir suas vidas.

Não foram constatados divorciados, nem viúvos nesta pesquisa.

4.2.2 Percepção sobre os fatores de Qualidade de Vida no Trabalho

61

Tabela 6 – Fator Compensação Justa e Adequada

Compensação Justa e Adequada

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

1 5 0 3 4 3 33 47 3,0

2 10 2 2 0 1 80 7 1,7

3 3 0 5 2 5 20 47 3,4

Resumo em %

40 5 22 13 20 100

Média geral

Total em % 45 22 33 2,7

Fonte: Dados primários (2012)

Figura 6 - Fator Compensação Justa e Adequada.

Fonte: Dados primários (2012)

Com base nos dados acima descritos derivados da pesquisa de campo

realizada na empresa, com o intuito de analisar a qualidade de vida no trabalho

através do modelo de análise proposto por Walton (1973), o fator de compensação

justa e adequada obteve uma média geral considerada baixa, de apenas 2,7. Em

outros números, 45% das respostas apresentaram discordância das afirmações, um

valor maior que a concordância, que obteve 33% de satisfação.

Para Fernandes (1996, p. 49), uma característica deste fator é a remuneração

adequada, que diz respeito à remuneração necessária para o funcionário viver

dentro das necessidades pessoais e dos padrões culturais, sociais e econômicos da

sociedade em que vive. Além disso, Fernandes (1996, p. 49) e Chiavenato (2004,

p.451) salientam que a equidade também é uma particularidade deste fator, desse

62

modo quer dizer existir um equilíbrio entre a remuneração entre outros membros da

organização, e em relação a outros profissionais no mercado de trabalho.

A questão “2” que fala se a empresa oferece benefícios extras, apresentou

80% de discordância, e a pior média com apenas 1,7, o que provocou uma queda na

média geral do fator. A oferta de benefícios por uma empresa é utilizada para atrair

e, principalmente, reter os funcionários, e envolvem tanto instrumentos de

compensação financeira quanto ações que promovam qualidade de vida. Pratica

não oferecida aos colaboradores da Uniflor.

Outro ponto que podemos observar é que 22% dos entrevistados optaram por

responder “nem concordo, nem discordo” neste fator, um percentual alto, que pode

ter sido influenciado pela falta de informações sobre as afirmativas, como por

exemplo, não saber quanto o mercado de trabalho está remunerando seu cargo.

Ressalta-se também a afirmativa “3” que comenta sobre se a remuneração é

adequada, obteve 47% de concordância, e 3,4 de média, o que elevou a média

desde fator, e comprovou que a empresa remunera adequadamente seus

funcionários de acordo com suas respectivas funções, e ao piso salarial de cada

cargo.

Tabela 7 – Fator Condições de saúde e segurança no trabalho

Condições de saúde e segurança no trabalho

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

4 0 0 4 3 8 0 73 4,3

5 0 1 0 5 9 7 93 4,5

6 2 2 0 0 11 27 73 4,1

7 4 1 2 1 7 33 53 3,4

8 3 0 3 5 4 20 60 3,5

Resumo em %

12 5 12 19 52 100

Média geral

Total em % 17 12 71 3,9

Fonte: Dados primários (2012)

63

Figura 7 - Fator Condições de saúde e segurança no trabalho.

Fonte: Dados primários (2012)

Neste fator pode-se observar que a empresa oferece condições de saúde e

segurança no trabalho, pois 71% do total dos participantes optaram pelas

alternativas de concordância e 17% optaram pelas alternativas de discordância.

Este fator salienta que os colaboradores não devem ser expostos a condições

ambientais, jornada de trabalho, nem a riscos que possam ameaçar sua saúde

(LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p. 297).

De forma mais abrangente, Fernandes (1996, p. 49) menciona que este fator

mede a QVT em relação às condições existentes no local de trabalho, como: número

de horas trabalhadas e sua relação com as funções desempenhadas, carga de

trabalho, bom local para o bem estar e o desempenho do trabalho, quantidade e

qualidade de materiais disponíveis para a execução do trabalho e um ambiente

saudável.

Na afirmativa “4”, que diz respeito se a empresa oferece intervalo de almoço e

lanche suficiente para o descanso, 73% dos respondentes optaram pelas

alternativas de concordância, resultando numa média 4,5, um bom resultado,

considerando que a empresa é de base familiar, e ainda não tem horários fixos de

trabalho. Geralmente, cada motorista faz o seu intervalo de almoço quando e como

bem entender. Já os demais funcionários, possui um intervalo de duas horas de

almoço, mas em épocas de alta demanda, esse tempo é reduzido para uma hora.

64

A alternativa “7”, que aborda se a empresa atende os reivindicações dos

funcionários, apresentou o pior indíce neste fator, com média 3,4 e cerca de 33% de

discordância nas respostas, fazendo diminuir o desempenho da média geral deste

fator para baixo, resultando em 3,9. Ouvir os funcionários é um dever da empresa.

Cada colaborador pode e deve expressar suas opiniões e suas reivindicações, isso

aumentará seu potencial, melhorará sua motivação e ajudará a melhorar a qualidade

de vida no trabalho.

Ouvir é procurar saber o que as pessoas sentem, o que as pessoas querem,

o que as pessoas pensam. Utilizar ao máximo sua potencialidade é desenvolver as

pessoas, e procurar criar condições para que as pessoas consigam desenvolver a

empresa. Porém, mais do que nunca as empresas têm que serem competitivas, e

para isso, é essencial que se preocupem com as pessoas da organização, pois é

através do comprometimento das pessoas com as propostas da empresa que os

resultados serão atingidos com sucesso (FERNANDES, 1996, p. 37).

Cabe evidenciar também que o que ajudou a melhorar a média desse fator foi

a nova sede da empresa, que se mudou há pouco tempo. Com isso, novos

equipamentos e materiais de trabalho foram adquiridos, assim como melhoraram as

condições físicas de saúde e segurança no trabalho.

Tabela 8 – Fator Utilização e desenvolvimento de capacidades

Utilização e desenvolvimento de capacidades

Discordância Nem concordância, Nem discordância Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

9 5 0 2 2 6 33 53 3,3

10 5 1 0 5 4 40 60 3,1

11 3 0 1 4 7 20 73 3,8

12 4 0 0 4 7 27 73 3,7

Resumo em %

28 2 5 25 40 100

Média geral

Total em % 30 5 65 3,5

Fonte: Dados primários (2012)

65

Figura 8 - Fator Utilização e desenvolvimento de capacidades.

Fonte: Dados primários (2012)

O fator utilização e desenvolvimento de capacidades apresentou uma média

geral que merece atenção de 3,5. Esta categoria tem por finalidade analisar a

percepção dos empregados quanto à valorização do seu potencial, se o colaborador

sente afinidade com seu trabalho, assim como responsabilidade e segurança para

tomar decisões durante a realização de suas funções, ou seja, este relacionado às

oportunidades que o funcionário tem de aplicar diariamente seu conhecimento e

suas aptidões profissionais (FERNANDES, 1996, p. 50).

Neste fator, 30% dos funcionários demonstraram discordância com as

afirmações relacionadas, ocasionando o baixo índice.

Por exemplo, podemos citar a questão “9”, que aborda a autonomia, e

resultou numa média de 3,3, onde boa parte das respostas não estava em

concordância. Isso é bem claro na empresa, pois apesar de a empresa estar

crescendo, ainda mantém suas tradições familiares, que centraliza as tarefas,

impedindo a autonomia e a agilidade nas tarefas.

A melhor média deste fator foi identificada na questão “11”, que está

relacionada ao reconhecimento e valorização do trabalho pela empresa. Com média

de 3,8 e 73% de concordância, comprovou que a empresa reconhece e valoriza

seus funcionários. Já o pior desempenho neste fator ocorreu na afirmativa “10”, que

menciona que a empresa dá retorno sobre o desempenho de seu trabalho. Esta

questão resultou em média de 3,1, com 40% das respostas em discordância com a

66

afirmação, isso demonstra o quanto a empresa tem que melhorar em observar

melhor seus colaboradores, com o objetivo de auxiliá-los em suas funções, e

consequentemente, melhor motivá-los.

Tabela 9 – Fator Oportunidades de crescimento e segurança

Oportunidades de crescimento e segurança

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

13 10 1 2 1 1 73 13 1,8

14 5 2 2 2 4 47 40 2,8

15 6 0 5 0 4 40 27 2,7

Resumo em %

46 7 20 7 20 100

Média geral

Total em % 53 20 27 2,4

Fonte: Dados primários (2012).

Figura 9 - Fator Oportunidades de crescimento e segurança.

Fonte: Dados primários (2012)

Com uma das piores médias gerais entre os fatores (apenas 2,4), o fator

oportunidade de crescimento e segurança apresentou 53% de discordância,

comprovando a baixa expectativa dos funcionários perante as afirmações e as

características relacionadas ao fator.

67

De acordo com Chiavenato (2004, p. 451) e Fernandes (1996, p. 50), este

fator remete ao ato de proporcionar oportunidades de carreira na empresa,

crescimento, desenvolvimento pessoal e segurança no trabalho de forma duradoura.

Este resultado não veio por acaso, é apenas uma constatação de que a

empresa não oferece oportunidades de crescimento profissional, desenvolvimento

pessoal e incentivo aos estudos. É importante destacar que investir no

desenvolvimento das pessoas da organização é investir na qualidade dos produtos e

serviços, assim como melhora o atendimento aos clientes e aumenta os lucros.

Investir nos colaboradores da organização é investir na empresa.

Para Chiavenato (2004, p. 452) treinar as pessoas tem objetivo de

desenvolvimento das competências individuais e coletivas. O treinamento deve ser

voltado para a eficiência das pessoas no desempenho de suas atribuições, e é tido

como peça-chave no processo de desenvolvimento organizacional.

Com média de apenas 1,8 e 73% de discordância nas repostas, a afirmativa

“13”, que aborda se empresa investe na capacitação dos funcionários através de

treinamentos e cursos, teve um dos piores desempenhos comparados às outras

questões, que necessita urgentemente de um investimento e atenção maior por

parte da empresa.

A segurança do trabalho não foi citada no questionário, pelo fato da empresa

ter uma baixíssima rotatividade, e quando ela acontece, é proveniente de acordos do

funcionário com a empresa.

Tabela 10 – Fator Integração social na organização

Integração social na organização

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

16 1 1 0 2 11 13 87 4,4

17 3 0 1 4 7 20 73 3,8

18 4 3 1 3 4 47 47 3,0

19 1 1 3 5 5 13 67 3,8

Resumo em %

15 8 8 24 45 100

Média geral

Total em % 23 8 69 3,7

Fonte: Dados primários (2012)

68

Figura 10 - Fator Integração social na organização.

Fonte: Dados primários (2012)

Com base nos dados coletados e apresentados acima, o fator de integração

social na organização apresentou uma média geral regular com 3,7 e 69% das

respostas foram direcionadas às alternativas de concordância.

Este fator objetiva medir o grau de integração social existente na instituição,

observando a estratificação na organização de trabalho, em termos de status e/ou

estruturas hierárquica, e de discriminação (FERNANDES, 1996, p. 51).

Convém enfatizar que um ambiente favorável nas relações pessoais é

atingido com ausência de preconceitos, democracia social, ascensão na carreira,

companheirismo, união e diálogo aberto (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p.

298).

Podemos destacar nesse fator a média de 4,4 e 87% de concordância

resultados da afirmativa “16”, que indica que os colaboradores têm um bom

relacionamento com os colegas de trabalho, apesar de alguns desentendimentos

profissionais, demonstrando que a maiorias dos funcionários se relaciona bem uns

com os outros.

Do ponto de vista negativo, mas ao mesmo tempo surpreendente, podemos

enfatizar a afirmativa “18”, que resultou numa média baixa de 3,0 e empate no

resultado entre concordância e discordância. A afirmação relata que a empresa

proporciona integração entre os funcionários fora do local de trabalho. Como

podemos observar nos resultados, a empresa oferece pouco entretenimento e

69

integração fora do local de trabalho, costumeiramente apenas uma festa de final de

ano é realizada para socialização dos colaboradores e familiares, com um jogo de

futebol, alguns petiscos, bebida e música. Deve-se relatar também que há algum

tempo atrás era realizado junto nesta festa a brincadeira de troca de presentes

(amigo invisível), prática que foi extinta na empresa.

A média deste fator poderia ser maior se houvesse eliminação das barreiras

hierárquicas (descentralização do poder, principalmente), e apoio recíproco de

todos, como cumprimentar seus companheiros de trabalho.

Tabela 11 – Fator Garantias constitucionais

Garantias constitucionais

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

20 1 0 1 2 11 7 87 4,5

21 4 0 2 2 7 27 73 3,5

22 2 0 2 2 9 13 73 4,1

Resumo em %

16 0 11 13 60 100

Média geral

Total em % 16 11 73 4,0

Fonte: Dados primários (2012)

Figura 11 - Fator Garantias constitucionais.

Fonte: Dados primários (2012)

70

Este fator refere-se ao estabelecimento de normas e regras da empresa,

direitos e deveres do trabalhador (CHIAVENATO, 2004, p. 451).

Para Fernandes (1996, p. 51), as características desse fator são: observância

ao cumprimento dos direitos do trabalhador, privacidade pessoal, liberdade de

expressão e maneira com que as normas e rotinas influenciam o desenvolvimento

do trabalho.

Quanto a este fator, destaca-se o bom desempenho da média geral, que foi

de 4,0, além da grande maioria das respostas 73% terem sido direcionadas às

alternativas de concordância, obtendo um bom resultado e compreensão de todos

os respondentes.

Positivamente, podemos destacar os 87% de concordância e 4,5 de média da

alternativa “20”, que relata que todos os direitos são respeitados e cumpridos pela

empresa (férias, 13° salário, carteira de trabalho assinada), comprovando a

seriedade da empresa. Outra questão foi que 60% das respostas foram direcionadas

à alternativa “5 concordo”, evidenciando o respeito que os gestores da organização

têm pelos trabalhadores.

Com média de 3,5 e 27% das respostas em discordância com a afirmação, a

afirmativa com pior média de desempenho foi a questão “21”, que menciona existir

liberdade para expor opiniões e sugestões, no sentido de melhoria da empresa e do

seu trabalho. Mesmo sendo uma minoria, este índice alerta para uma política um

pouco autoritária e centralizada na organização, onde os colaboradores têm pouca

liberdade de expressão no sentido de contribuir com a empresa.

Apesar da credibilidade da empresa, 16% das respostas foram direcionadas a

opção “1 não concordo”. Embora seja uma minoria, não podemos desprezar este

resultado, afinal estamos falando de direitos e deveres dos trabalhadores, além de

garantias constitucionais, e pelo que parece, alguma coisa está em desacordo.

71

Tabela 12 – Fator Trabalho e espaço total de vida

Trabalho e espaço total de vida

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

23 3 1 2 3 6 27 60 3,5

24 2 0 2 4 7 13 73 3,9

25 0 0 1 4 10 0 93 4,6

Resumo em %

11 2 11 25 51 100

Média geral

Total em % 13 11 76 4,0

Fonte: Dados primários (2012)

Figura 12- Fator Trabalho e espaço total de vida.

Fonte: Dados primários (2012)

O fator de trabalho e espaço total de vida apresentou uma boa média geral de

4,0 e 76% das respostas em concordância com as afirmações, podendo-se concluir

que existente um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal dos trabalhadores da

empresa.

O trabalho não deve absorver todo o tempo e força do trabalhador, tem de

haver tempo para sua vida familiar e particular, seu lazer e atividades comunitárias

(CHIAVENATO, 2000, p. 451).

Na mesma perspectiva, Fernandes (1996, p. 52) enfatiza que deve haver

equilíbrio entre horários de entrada e saída do trabalho e convívio familiar.

72

Apesar da vida dentro da organização ser bem corrida, e muito atarefada,

ainda sim os colaboradores da empresa conseguem um tempinho para suas vidas

fora do ambiente de trabalho, influenciando na qualidade de vida de cada um deles.

O pior desempenho deste fator ocorreu na afirmativa “23” com média regular

de 3,5 e 27% de discordância entre as respostas. A questão menciona que o horário

de trabalho permite conciliar trabalho e lazer, apesar de a grande maioria conseguir

conciliá-los, estes 27% não podem ser desprezados. O setor administrativo é bem

carregado de afazeres, responsabilidades e deveres, ocasionando stress, refletindo

na vida pessoal dos funcionários, que ás vezes não conseguem conciliar trabalho e

lazer. Os outros setores da empresa, a princípio, conseguem ter uma melhor

conciliação entre suas funções e o espaço total de vida, por isso acredita-se que a

discordância nesta afirmativa pode ter sido em função da situação relatada.

Positivamente, destaca-se a afirmação “25”, que obteve 93% de concordância

das respostas, e 4,6 de média. A afirmação está relacionada ao fato de a família

apoiar o funcionário em seu trabalho, e o resultado foi animador, enfim, é muito

importante que a família esteja sempre incentivando o trabalhador, e o apoio familiar

é indispensável.

Vale destacar também, que a empresa de tem apenas um evento de

confraternização ao fim do ano de integração dos funcionários com a família.

Tabela 13 – Fator Relevância social da vida no trabalho

Relevância social da vida no trabalho

Discordância Nem concordância, Nem discordância

Concordância Subtotal % Média

Afirmativas Não

concordo

Em parte, não

concordo

Nem concordo, Nem discordo

Em parte, concordo

Concordo Disc. Conc.

26 0 1 0 0 14 7 93 4,8

27 1 0 1 3 10 7 87 4,4

28 2 0 1 1 11 13 80 4,3

29 1 1 2 2 9 13 73 4,1

30 1 0 0 3 11 7 93 4,5

31 4 2 1 3 5 40 53 3,2

Resumo em %

10 4 6 13 67 100

Média geral

Total em % 14 6 80 4,2

Fonte: Dados primários (2012)

73

Figura 13 - Fator Relevância social da vida no trabalho

Fonte: Dados primários (2012)

O fator relevância social da vida no trabalho refere-se ao comprometimento e

ao empenho do trabalhador na organização, e como podemos observar nas

ilustrações acima, este indicador, apesar de ser o mais quantitativo de afirmativas,

obteve excelentes resultados. O trabalho deve ser uma atividade que traga orgulho

para seus funcionários. Além disso, a organização deve ter responsabilidade pelos

produtos e serviços oferecidos, regras bem definidas de funcionamento e de

administração eficiente (CHIAVENATO, 2004, p. 451).

A imagem da organização perante a visão dos funcionários, relevância a

comunidade, orgulho, responsabilidade social e satisfação das pessoas em fazer

parte da instituição é de suma importância a empresa (FERNANDES, 1996, p. 52).

Com média geral de 4,2 e 80% das respostas direcionadas às opções de

concordância, além de 5 das 6 afirmações apresentarem média superior a 4,0,

compravam o comprometimento e esforço dos trabalhadores com suas funções.

A pior média neste fator ocorreu na afirmativa “31”, com média de 3,2. Esta

média regular de 3,2 nesta afirmação e 40% das respostas direcionadas às

alternativas de discordância, abaixou a média geral. A afirmação menciona que a

empresa não exige que os funcionários trabalhem fora do seu horário normal de

expediente, e 40% respondeu em discordância, afirmando que sim, a empresa

exige, mas a maioria (53%) respondeu em concordância com a afirmação. Bem, esta

afirmativa é meio controversa, pois, se analisarmos se é bom ou ruim trabalhar fora

74

do horário trabalho, ou seja, trabalhar mais, concluiremos que é ruim, mas, uma boa

parte dos funcionários concordou que a empresa determina que as vezes é

necessário trabalhar fora do horário normal de expediente.

Positivamente, destaca-se a afirmativa “26”, que aborda que a imagem da

empresa na comunidade local é positiva, com uma das melhores médias de 4,8 e

93% de concordância entre as respostas, comprovando que sim, a imagem da

empresa é positiva na comunidade.

Em seguida, as alternativas que não estão situadas em nenhum dos fatores

de Walton (1973).

Tabela 14 - Alternativa: 32. Nas atuais circunstâncias, gostaria de mudar de emprego?

Opções Respondentes %

Sim 4 27

Não 11 73

Fonte: Dados primários (2012)

Como pode-se observar acima, a grande maioria dos funcionários da

empresa (73%) não desejam mudar de trabalho, mas 27% dos colaboradores

responderam que sim, deseja. Esse percentual de respondentes deve ser de

funcionários com funções que arriscam suas vidas diariamente, que é o caso dos

motoristas, principalmente os que viajam para outros estados. Diariamente, várias

vidas são perdidas nas rodovias brasileiras, trazendo prejuízos irreversíveis. Além

disso, esses motoristas saem para trabalhar, e deixam suas famílias em casa,

mulheres, filhos, parentes, que não sabem, certamente, se vão encontrá-los de

volta. Outro ponto é o tempo que essas pessoas ficam longe de suas famílias. Quem

viaja para outros estados, fica com seus parentes praticamente apenas um dia por

semana. Essa distância, às vezes prejudica no convívio familiar, com relatos de

funcionários frustrados, reclamando que não vê seus filhos crescerem, sendo um

bom motivo para procurar um novo emprego.

A alternativa “33 Sugestões de melhorias para a empresa”, reservou um

espaço para os pesquisados dar sugestões de melhorias para a empresa, e foram

dados as seguintes propostas:

Melhorar a organização das tarefas;

75

Contratar mais funcionários;

Ajustar cargos e horários;

Incentivar, motivar os funcionários;

Melhorar condições de trabalho;

Ajustar horários de coletar pedidos dos clientes.

A seguir, um demonstrativo das afirmativas que merecem destaque

(positivamente) e as afirmativas que merecem atenção.

Tabela 15 - Afirmativas que merecem destaque e Afirmativas que merecem atenção.

Afirmativas mais

pontuadas Média

Afirmativas menos

pontuadas Média

26 4,8 02 1,7

25 4,6 13 1,8

05 4,5 15 2,7

20 4,5 14 2,8

30 4,5 01 3,0

16 4,4 18 3,0

27 4,4 10 3,1

04 4,3 31 3,2

28 4,3 09 3,3

22 4,1 03 3,4

29 4,1 07 3,4

Fonte: Dados primários (2012)

A afirmativa “26”, que comenta que a imagem de sua empresa na

comunidade local é positiva teve o melhor desempenho entre todas as médias de

todas as afirmações, faltando pouco para conseguir a média máxima, que é de 5,0.

Além desta, a questão “25” também obteve uma boa média (4,6) ocupando a

posição de segunda média geral, esta afirmativa menciona se a família o apoia em

seu trabalho, evidenciando que existe o apoio dos familiares, sendo muito

importante para o trabalhador e consequentemente para a organização.

Por outro lado, a afirmativa “2” alcançou a pior média entre todas as médias

de todas as afirmações. Esta afirmativa descreve a respeito de além do salário, a

empresa oferece outros benefícios extras, como assistência médica, odontológica,

bolsa de estudos, creche, convênios e vale-alimentação, coisas que realmente não

são proporcionadas pela empresa, e precisam ser revistas pela organização. Outra

76

questão que obteve uma média baixa foi a afirmativa “13”, que cita que a empresa

investe na capacitação dos funcionários através de treinamentos e cursos. Neste

caso, podemos observar pelo resultado (1,8 de média) e pelo convívio na

organização que, realmente, a empresa não investe na capacitação dos

funcionários, sendo um grande erro, pois investir nos colaboradores é investir na

organização.

Em seguida, apresenta-se a tabela com os fatores que merecem maior

destaque com maior média, e os fatores que se deve ter maior atenção com média

mais baixa.

Tabela 16 - Fatores que merecem destaque e Fatores que merecem atenção

Fatores

Maior destaque Média

Relevância Social da Vida no Trabalho 4,2

Trabalho e Espaço Total de Vida 4,0

Garantias constitucionais 4,0

Maior atenção Média

Oportunidades de crescimento e segurança 2,4

Compensação Justa e Adequada 2,7

Utilização e Desenvolvimento de Capacidades 3,5

Fonte: Dados primários (2012)

Destaca-se pela sua excelente média geral (4,2) nesta pesquisa o fator

relevância social da vida no trabalho, evidenciando que o trabalho é uma atividade

que traz orgulho para os funcionários. Além disso, de acordo com Chiavenato (2004,

p. 451), a organização tem responsabilidade pelos produtos e serviços oferecidos,

regras bem definidas de funcionamento e de administração eficiente.

Este fator demonstrou através da percepção dos colaboradores em relação à

responsabilidade social da instituição na comunidade, à qualidade de prestação dos

serviços e ao atendimento a seus funcionários, bons resultados (FERNANDES,

1996, p. 52).

Limongi-França e Arellano (2002, p.298) enfatizam que a atuação da empresa

tem significado importante para os funcionários, tanto em sua percepção da

organização quanto em sua auto estima.

77

Outros fatores que merecem destaque pelo seu desempenho na pesquisa,

com média de 4,0, são:

Trabalho e espaço total de vida;

De acordo com Fernandes (1996, p.50) este fator mensura o equilíbrio entre a

vida pessoal do funcionário e a vida no trabalho, já Limongi-França e Arellano (2002,

p.298) este fator menciona que as condições de crescimento na carreira não devem

interferir no descanso nem na vida familiar dos funcionários.

Garantias constitucionais.

Referem-se, segundo Limongi-França e Arellano (2002, p.298), às leis e

normas sociais, e está relacionado com o direito à privacidade e à liberdade de

expressão de idéias, com tratamento equitativo e normas claras, logo Fernandes

(1996, p.51) diz que este fator tem por finalidade medir o grau em que os direitos

dos funcionários são cumpridos na empresa.

Já o fator que merece mais atenção pela empresa é o fator oportunidade de

crescimento e segurança, que resultou numa média geral de 2,4. Segundo

Chiavenato (2000, p. 451) e Fernandes (1996, p. 50), este fator está relacionado no

sentido de proporcionar oportunidades de carreira na empresa, crescimento,

desenvolvimento pessoal e segurança no trabalho de forma duradoura.

Oportunidades de carreira e crescimento interno na empresa são bem raras,

pois não tem muitos cargos para subir, e o desenvolvimento pessoal na empresa

esta relacionado ao dia-a-dia dela, sem expectativas de possibilidades de cursos e

novos treinamentos. O que se destaca neste fator na empresa é a baixa rotatividade,

tendo segurança no trabalho.

O fator compensação justa e adequada também não teve bons resultados,

com média de 2,7, este fator apontou certo descontentamento dos funcionários com

a justa compensação.

Trata-se da relação do salário com outros trabalhos e padrão subjetivo do

funcionário, resumindo, equidade salarial (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p.

297).

Na mesma perspectiva, Fernandes (1996, p. 49) afirma que este fator visa

mensurar a qualidade de vida no trabalho em relação à remuneração recebida pela

função realizada.

78

5 PLANO DE AÇÃO

Neste tópico, apresenta-se um plano de ação, com o objetivo de propor

melhorias focadas nos fatores que estão prejudicando a qualidade de vida no

trabalho dos funcionários da empresa Uniflor, conforme resultados obtidos na

pesquisa aplicada.

Abaixo, encontram-se algumas afirmativas com os seus respectivos fatores

que chamaram a atenção, com as menores médias no geral.

Tabela 17 - Fatores e afirmativas

Fatores Afirmativas Média

Compensação justa e adequada

02. Além do salário, a empresa oferece outros benefícios extras, como assistência médica, odontológica, bolsa de estudos, creche, convênios e vale-alimentação.

1,7

Oportunidades de crescimento e

segurança

13. A empresa investe em sua capacitação através de treinamentos e cursos.

1,8

Oportunidades de crescimento e

segurança

15. A empresa incentiva você a continuar seus estudos. 2,7

Oportunidades de crescimento e

segurança

14. A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional dentro da empresa.

2,8

Compensação justa e adequada

01. Existe equilíbrio entre a remuneração de seu cargo (seu salário), com a remuneração do mesmo cargo no mercado de trabalho (outras empresas).

3,0

Integração social na organização

18. A empresa proporciona integração entre os funcionários fora do local de trabalho.

3,0

Utilização e desenvolvimento de

capacidades

10. Você recebe retorno sobre o desempenho de seu trabalho.

3,1

Relevância social da vida no trabalho

31. A empresa não exige que você trabalhe fora do seu horário normal de expediente.

3,2

Utilização e desenvolvimento de

capacidades

09. Você tem autonomia para decidir sobre assuntos importantes que afetam sua atividade no trabalho.

3,3

Fonte: Dados primários (2012).

Com a apresentação das afirmativas, vem a seguir o plano de ação que

detalha os procedimentos de melhoria relativos a cada problemática.

A partir dos dados coletados na pesquisa, foi possível elaborar um plano de

ação, no sentido de colaborar com a instituição pesquisada, visando, de alguma

forma, contribuir para a melhora do desempenho profissional e, sobretudo, melhorar

os indicadores pesquisados sobre qualidade de vida no trabalho.

79

P D

P 1 - PLANO DE AÇÃO PROPOSTA/PROJETO: Melhorias dos índices relativos aos fatores de QVT da Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda INDICADOR

Medida (o que) Onde Quem Razão, porque, para quem Como (procedimento) Quando Posição

26/10/2012

1

Proporcionar incentivos motivacionais.

Empresa Gerência

Como somos diferentes uns dos outros, nossas motivações também são. Os gerentes precisam estar atentos à motivação de seus funcionários, ou o que leva a motivá-los.

Identificar as necessidades dos funcionários e criar condições para que as tarefas a eles atribuídas, assim como seu ambiente de trabalho, sejam capazes de satisfazê-los, proporcionando incentivos motivacionais.

De imediato

2

Investir na capacitação e incentivar os estudos.

Empresa Gerência

Alguns funcionários têm vontade de voltar aos estudos ou continuá-los, além de não terem capacitação para realizar suas funções.

Incentivá-los a estudar e capacitá-los, disponibilizando de bolsas de estudo, e promovendo palestras motivacionais e capacitadoras.

De imediato

3

Propor momentos de lazer entre os funcionários.

Empresa Gerência e

setor administrativo

Pois é saudável proporcionar momentos de confraternização entre os colaboradores.

Sugerir um sábado por mês uma festa de confraternização com funcionários, a fim de propiciar a união da empresa.

De imediato

80

Quadro 7 - Plano de Ação. Fonte: Dados primários (2012).

Medida (o que) Onde Quem Razão, porque, para quem Como (procedimento) Quando Posição

26/10/2012

4

Avaliar a carga horária dos funcionários da área administrativa, propondo-se banco de horas.

Empresa Gerência

Apesar de os funcionários da área administrativa terem quatro horas de folga uma vez por semana, este, não é suficiente para o descanso dos mesmos, em função dos dias de alta demanda.

A adoção do sistema de acordo de banco de horas para os empregados, visando maior facilidade na gestão e flexibilidade no controle de horas dos funcionários, disponibilizando (através das horas extras) folgas e/ou remunerações salariais.

De imediato

5

Promover a cultura do feedback.

Empresa Gerência e

setor administrativo

A valorização e reconhecimento do trabalho são aspectos importantes tanto para o funcionário como para a empresa.

Realizar reuniões quinzenais ou mensais para que o feedback seja realizado.

De imediato

6

Ajustar horários de receber pedidos dos clientes.

Empresa Gerência e

setor administrativo

Sempre existem alguns clientes que não respeitam as regras organizacionais, e acabam passando pedidos após os horários, atrapalhando o setor de compras da empresa.

Estipular horários de coleta dos pedidos, e cumpri-los.

De imediato

7

Elaborar um plano de padronização de cargos e salários.

Empresa

Gerência e setor

administrativo

Atualmente, a empresa é muito centralizada, e necessita de uma definição de cargos e funções de cada colaborador.

Ajustar funções a seus respectivos cargos, para aumentar a satisfação dos colaboradores.

De imediato

EM ANDAMENTO REALIZADO A SER FEITO

81

5.1 PLANO DE AÇÃO - MELHORIAS DOS ÍNDICES RELATIVOS AOS FATORES DE

QVT DA UNIFLOR COMÉRCIO ATACADISTA DE FLORES LTDA:

Medida 1 - Proporcionar incentivos motivacionais: Como somos diferentes

uns dos outros, nossas motivações também o são. Os gerentes precisam estar atentos

à motivação de seus funcionários, ou o que leva a motivá-los. Identificar as

necessidades dos funcionários e criar condições para que as tarefas a eles atribuídas,

assim como seu ambiente de trabalho, sejam capazes de satisfazê-los, proporcionando

incentivos, são recursos importantes para ajudar na motivação. Esta medida pode ser

realizada de várias maneiras, dependendo de cada função. Os motoristas que viajam

para o estado de São Paulo, além de correr o risco diariamente de sofrer acidentes de

trânsito, reclamam que ficam muito tempo longe de suas famílias. Uma boa proposta

para esses colaboradores seria uma folga por mês, não precisando viajar, ficando perto

de suas famílias, isso poderia funcionar na forma de rodízio, que seria combinado com

todos os motoristas. Na área administrativa, em concordância com a área de vendas,

que não é remunerada por comissões, disponibilizar incentivos financeiros por alcance

de metas. A gerência indicaria uma meta, que poderá ser, por exemplo, um aumento

das vendas de 5%, e 2% deste valor seria dividido entre os funcionários destes setores.

Medida 2 - Investir na capacitação e incentivar os estudos: Alguns

funcionários têm vontade de voltar aos estudos ou continuá-los, além de não terem

capacitação para realizar suas funções. Para que a empresa conquiste visibilidade no

mercado de flores, e fique à frente da concorrência, é importante ter profissionais

capacitados e em sintonia com os seus valores, objetivos e metas, sempre em busca do

sucesso de todos os envolvidos. Portanto, sugere-se aos gestores incentivar os

funcionários a estudar e capacitá-los, disponibilizando bolsas de estudo, e promovendo

palestras motivacionais e capacitadoras, principalmente, de atendimento aos clientes e

treinamento em vendas.

Medida 3 - Propor momentos de lazer entre os funcionários: É saudável

proporcionar momentos de confraternização entre os colaboradores. Sugere-se um

sábado por mês, realizar uma festa de confraternização com funcionários, a fim de

propiciar a união da equipe que compõe a empresa. Isso poderia ser realizado, em

82

função das datas de adversários dos funcionários, para comemorá-los, pois fará parte

da cultura da organização.

Medida 4 - Avaliar a carga horária dos funcionários da área administrativa,

propondo-se banco de horas: Apesar de os funcionários da área administrativa terem

quatro horas de folga uma vez por semana, este tempo não é suficiente para o

descanso dos mesmos, em função dos dias de alta demanda. Há dias em que vários

funcionários precisam colaborar com a empresa, trabalhando mais do que deveriam,

provocando desgaste físico e psicológico. A adoção do sistema de acordo de banco de

horas para os empregados visa maior facilidade na gestão e flexibilidade no controle de

horas dos empregados, disponibilizando (através das horas extras) folgas e/ou

remunerações salariais.

Medida 5 - Promover a cultura do feedback: A valorização e reconhecimento

do trabalho são aspectos importantes tanto para o funcionário como para a empresa, e

uma boa comunicação interna melhora o desempenho e a qualidade do trabalho.

Funcionário valorizado e reconhecido é muito mais produtivo. Reconhecimento é

sinônimo de motivação para os funcionários, e um bom feedback precisa fazer com que

as pessoas contemplem seus pontos fortes e fracos. Promover um retorno constante

aos funcionários em relação a seu desempenho é fundamental para estimular

comportamentos mais adequados às necessidades da organização. Para que o

feedback seja realizado, é necessário realizar reuniões quinzenais ou mensais.

Medida 6 - Ajustar horários de receber pedidos dos clientes: A organização

tem horários pré-definidos de funcionamento, assim como para receber pedidos, mas

sempre existem alguns clientes que não respeitam as regras organizacionais, e acabam

passando pedidos após os horários, atrapalhando o setor de compras da empresa. Daí

a importância de se atribuir horários de coletar pedidos, e cumpri-los. Algumas regras

alternativas poderiam ser introduzidas, como: primeiro pedido a ser recebido, primeiro a

ser processado, e primeiro a ser priorizado. Dessa forma, quanto mais cedo forem

passados os pedidos para a empresa, maior será sua prioridade.

Medida 7 - Elaborar um plano de cargos e salários: Atualmente, a empresa é

muito centralizada, e não há definição dos cargos e funções de cada colaborador. Um

plano de cargos e salários iria estabelecer uma política salarial justa e competitiva com

83

base nos fatores internos correlacionados a valores de mercado e elaborar normas que

assegurem um tratamento justo na empresa, visando aumentar a satisfação dos

colaboradores.

84

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No atual cenário, de um mundo cada vez mais competitivo, a velocidade das

transformações e exigências do mercado se altera a cada momento. É neste contexto

de rápidas e intensas modificações que se passou a exigir mais das pessoas,

principalmente no ambiente de trabalho.

Nesse sentido, torna-se cada vez mais necessário um estudo dos fatores

envolvendo o bem-estar dos trabalhadores para melhorar o desempenho e a satisfação

dos funcionários, visando melhores condições no que se refere à qualidade de vida no

trabalho. A QVT possui ligação direta com a cultura organizacional, com os costumes,

com as atividades diárias que os funcionários desempenham, e com a qualidade de

todos os fatores relacionados. A necessidade de tornar nossas empresas competitivas

colocou-nos diante da busca pela qualidade, que deixou de ser um diferencial

competitivo, para se tornar condição de sobrevivência.

Sendo assim, refletindo sobre tais aspectos organizacionais importantes,

verificou-se a necessidade de realizar uma pesquisa de qualidade de vida no trabalho

na empresa Uniflor Comércio Atacadista de Flores Ltda, em Governador Celso Ramos -

SC, a fim de analisá-la, sendo este o principal objetivo deste trabalho. Para isso, iniciou-

se uma pesquisa bibliográfica acerca da importância do bem-estar dos trabalhadores,

sendo expostas diferentes ideias de vários autores, com a finalidade de proporcionar

melhor entendimento sobre as questões apresentadas, visando um entendimento inicial

sobre o assunto. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa censitária, aplicada a

todos os funcionários que trabalham na empresa, totalizando um total de 15 (quinze)

colaboradores. Os dados primários foram coletados com uma pesquisa de campo

através de um questionário composto de um elenco de afirmativas. Os dados

secundários foram obtidos através da pesquisa bibliográfica.

Para o alcance do objetivo geral, foram traçados objetivos específicos, como

elaborar uma revisão bibliográfica sobre o tema qualidade de vida no trabalho; levantar

o perfil dos funcionários da empresa; avaliar a qualidade de vida no trabalho na

percepção dos funcionários da empresa; e propor ações para melhorar a qualidade de

vida no trabalho na empresa.

85

A partir dos dados coletados na pesquisa, foi possível elaborar um plano de

ação, no sentido de colaborar com a instituição pesquisada, visando, de alguma forma,

contribuir para a melhora do desempenho profissional e, sobretudo, melhorar os

indicadores pesquisados sobre Qualidade de Vida no Trabalho.

Avaliando a pesquisa, identificou-se que os funcionários estão em uma situação

satisfatória em relação ao ambiente de trabalho, aos relacionamentos interpessoais, e

ao equilíbrio entre suas vidas pessoais e a vida no trabalho. Mas, para melhorar a QVT

na empresa, verificou-se que no momento está faltando motivação, treinamento,

benefícios e oportunidades de crescimento. Outro fator levantado foi a importância dos

funcionários receberem reconhecimento e feedback sobre o seu desempenho, o que

poderá aumentar sua autoestima.

Assim, o comportamento humano é complexo, depende de vários fatores, e

quanto mais conseguirmos conhecer essas variáveis, mais capazes seremos de

entender suas necessidades e comportamentos. Todas as forças que atuam sobre os

funcionários devem ser consideradas para que a QVT dos mesmos possa ser

adequadamente compreendida.

Desse modo, esta limitação encontrada permitiu certa surpresa nos resultados

da pesquisa. O que era realmente sentido no clima do dia a dia da empresa, que levou

à realização dessa investigação da qualidade de vida no trabalho, de certa forma, não

procedeu nos resultados. Os resultados demonstraram bons níveis de QVT, ainda que

se reconheça a possibilidade de melhorias em determinados fatores.

A contribuição desta pesquisa para a organização foi considerável, pois, criou

uma nova atmosfera na empresa, e abriu os olhos dos colaboradores para fatos que

antes nem chamavam atenção. Além disso, as ações de melhorias para a empresa

deste trabalho serão analisadas e possivelmente implementadas na organização,

contribuindo para o desenvolvimento, crescimento e satisfação dos trabalhadores,

tendo em vista o melhoramento da qualidade de vida no trabalho. Para o acadêmico,

este trabalho contribuiu para aplicação do conhecimento teórico na prática. Para a

universidade, este trabalho pode servir como base para novas pesquisas, uma vez que

ainda existe um grande caminho a ser explorado sobre este assunto.

86

Como sugestões de futuras pesquisas, identificam-se diversas áreas que podem

ser motivo de investigação na empresa. A presente pesquisa observou nas sugestões

dos funcionários falta de organização no setor administrativo e na logística da empresa,

abrindo-se um leque para posteriores trabalhos.

Conclui-se que um bom lugar para se trabalhar é o que possibilita, entre outras

coisas, que as pessoas tenham, além do trabalho, outros compromissos nas suas

vidas, como família, amigos e lazer. É nas organizações que passamos a maior parte

de nossas vidas, naturalmente temos que transformá-las em ambientes que possibilitam

uma melhor qualidade de vida, para desempenhar um melhor trabalho. É como

imaginar uma nova organização, onde podemos passar mais horas criando, realizando,

e, vivendo, pois não basta existir, é preciso viver, é preciso ter qualidade de vida no

trabalho.

87

REFERÊNCIAS

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GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 2006. GONÇALVES, David. Motivação. Joinville: Sucesso Pocket, 2001. IKEIA. PHALAENOPSIS. Disponível em: <http://www.ikea.com/gb/en/catalog/products/40148542/>. Acesso em: 22 out. 2012. LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Qualidade de vida no trabalho. 2. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2007. LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina; ARELLANO, Eliete Bernal. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. MILKOVICH, George T.; BOUDREAU, John W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2000. OLIVEIRA, Marcos Frederico Antonio de. Experiência de Hawthorne. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/experiencia-de-hawthorne/35690/>. Acesso em: 19 abr. 2012. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratando de metodologia científica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. RODRIGUES, Marcus Vinicios Carvalho. Qualidade de vida no trabalho. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. SERRA, Floriano. A empresa sorriso. São Paulo: Butterfly, 2006. SCHEIN, Edgar H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Atlas, 2009. TAVARES, Maria das Graças Pinho. Cultura organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. VIEIRA, Adriane. A qualidade de vida no trabalho e o controle da qualidade total. Florianópolis: Insular, 1996.

ZOCCHIO, Álvaro. Política de segurança e saúde no trabalho. São Paulo: LTr, 2000.

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APÊNDICE QUESTIONÁRIO

Prezado funcionário(a): Solicito a gentileza de responder as seguintes questões de uma pesquisa, para atender

aos requisitos de graduação do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, campus Biguaçu. Esta pesquisa tem o objetivo de conhecer a percepção de todos os funcionários em relação aos diversos aspectos relacionados à Qualidade de Vida no Trabalho da empresa Uniflor.

Para que isso seja possível, peço um pouco de seu tempo e sua atenção no sentido de responder ao questionário, preenchendo-o de forma individual, anônima, a fim de não interferir nas respostas dos demais, sendo o mais sincero(a) possível em suas respostas.

Por fim, agradeço antecipadamente sua atenção e colaboração, e me coloco à disposição para informações. Muito obrigado por sua colaboração,

João Paulo Rosa

Instruções de preenchimento

Leia cada frase e responda, sinceramente, cada questão com a opção que melhor expresse sua opinião sobre o assunto;

Marque sua resposta colocando um “X” dentro do quadro que melhor representa sua opinião sobre a afirmativa;

Cada questão deverá ter apenas uma resposta, e não deixe de responder nenhuma questão.

PERFIL DOS PESQUISADOS Dados Pessoais: 1. Tempo em que trabalha na empresa: ( ) menos de 1 ano ( ) de 1 ano até 2 anos ( ) de 3 a 4 anos

( ) de 5 a 6 anos ( ) acima de 6 anos

2. Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo (1ª a 4ª série) ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo 3. Sexo ( ) masculino ( ) Feminino 4. Idade ( ) de 18 a 25 anos ( ) de 26 a 35 anos

( ) de 36 a 45 anos

( ) de 46 a 55 anos ( ) mais de 55 anos

5. Estado civil ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)

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PESQUISA SOBRE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

AFIRMATIVAS (Assinale apenas uma resposta para cada afirmação)

O que você acha sobre os seguintes aspectos?

Não

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nco

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Em

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Nem

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nco

rdo

Nem

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1. Existe equilíbrio entre a remuneração de seu cargo (seu salário), com a remuneração do mesmo cargo no mercado de trabalho (outras empresas).

2. Além do salário, a empresa oferece outros benefícios extras, como assistência médica, odontológica, bolsa de estudos, creche, convênios e vale-alimentação.

3. Comparando sua função com as atividades que realiza, sua remuneração é adequada.

4. A empresa oferece intervalo de almoço (e lanche) suficiente para o seu descanso.

5. A empresa oferece condições de trabalho adequadas às necessidades de sua função (iluminação, higiene, ventilação e organização).

6. Existe disponibilidade de equipamentos e materiais de trabalho de qualidade e compatíveis com as necessidades de sua função.

7. A empresa atende às suas reivindicações (pedidos).

8. Sua carga horária de serviço diário é adequada.

9. Você tem autonomia para decidir sobre assuntos importantes que afetam sua atividade no trabalho.

10. Você recebe retorno sobre o desempenho de seu trabalho.

11. A empresa reconhece e valoriza o seu trabalho.

12. A empresa exige que você desempenhe outras funções.

13. A empresa investe em sua capacitação através de treinamentos e cursos.

14. A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional dentro da empresa.

15. A empresa incentiva você a continuar seus estudos.

16. Você tem um bom relacionamento com os colegas de trabalho.

17. Existe na empresa um clima harmonioso e cooperativo.

18. A empresa proporciona integração entre os funcionários fora do local de trabalho.

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AFIRMATIVAS (Assinale apenas uma resposta para cada afirmação)

O que você acha sobre os seguintes aspectos? N

ão

co

nco

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Em

pa

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co

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Nem

co

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nem

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Co

nco

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19. O tratamento do seu superior é justo e de respeito.

20. Todos os direitos são respeitados e cumpridos pela empresa (férias, 13° salário, carteira de trabalho assinada).

21. Existe liberdade para expor suas opiniões, dar sugestões, no sentido de melhoria da empresa e do seu trabalho.

22. Você se sente seguro quanto ao seu emprego (ou seja, tem baixa possibilidade de ser despedido).

23. O horário de trabalho permite conciliar trabalho e lazer.

24. Existe equilíbrio entre o seu trabalho, sua vida pessoal, seu lazer e sua família.

25. Sua família o apoia em seu trabalho.

26. A imagem de sua empresa na comunidade local é positiva.

27. Você tem orgulho de trabalhar nesta empresa.

28. Você indicaria esta empresa a outras pessoas para trabalhar nela.

29. A empresa se preocupa em prestar atendimentos de campo com agilidade e qualidade aos clientes.

30. Os produtos e serviços ofertados pela empresa aos clientes são de boa qualidade.

31. A empresa não exige que você trabalhe fora do seu horário normal de expediente.

32. Nas atuais circunstâncias, gostaria de mudar de emprego?

( ) sim ( ) não

33. Sugestões de melhorias para a empresa: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

Obrigado pela sua participação!

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ANEXOS

Anexo 1: Uniflor – imagem externa.

Fonte: Dados primários (2012). Anexo 2: Principais produtos – Orquídea phalaenopsis.

Fonte: Ikeia (2012). Anexo 3: Principais produtos – Rosas.

Fonte: Delejos (2012).

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Anexo 4: Principais produtos – Crisantemos.

Fonte: Flores na web (2012). Anexo 5: Principais produtos – Espumas florais.

Fonte: Floral Oasis (2012). Anexo 6: Logotipo da empresa. Comércio Atacadista de Flores Ltda

Fonte: Dados primários (2012).