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  • ADRIANA HELOSA DA CRUZ SANTINI

    METODOLOGIA DA SALA DE LEITURA SALIM MIGUEL

    BIBLIOTERAPIA PARA UM ATENDIMENTO HUMANIZADO

    FLORIANPOLIS, SC

    2006

  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC

    CENTRO DE CINCIAS DA EDUCAO CCE-FAED DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAO

    ADRIANA HELOSA DA CRUZ SANTINI

    METODOLOGIA DA SALA DE LEITURA SALIM MIGUEL

    BIBLIOTERAPIA PARA UM ATENDIMENTO HUMANIZADO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, como requisito para a obteno do Ttulo de Bacharel em Biblioteconomia Gesto da Informao.

    Orientadora: Prof. Gisela Eggert Steindel, Dr.

    FLORIANPOLIS, SC. 2006

  • FICHA CATALOGRFICA

    Santini, Adriana H.C., 1982 -

    Metodologia da Sala de Leitura Salim Miguel Biblioterapia para um atendimento humanizado / Adriana H. C. Santini.

    Florianpolis (SC), 2006

    60f.; 30cm. Orientado por Gisela Eggert Steindel.

    Trabalho de Concluso de Curso (graduao) Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Cincias da Educao,

    Departamento de Biblioteconomia e Documentao.

    1. Biblioteconomia. 2. Biblioterapia. I. Ttulo.

    CDD 615.8516

  • ADRIANA HELOSA DA CRUZ SANTINI

    METODOLOGIA DA SALA DE LEITURA SALIM MIGUEL

    BIBLIOTERAPIA PARA UM ATENDIMENTO HUMANIZADO

    Trabalho de Concluso de Curso aprovado como requisito para a obteno do grau de

    Bacharel em Biblioteconomia Gesto da Informao, no curso de graduao em

    Biblioteconomia do Centro de Cincias da Educao CCE, da Universidade do Estado de

    Santa Catarina UDESC.

    Banca Examinadora:

    Orientadora: ________________________________________________ Prof. Gisela Eggert Steindel, Dr. Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC

    Membro: ___________________________________________________ Mestre, Elaine Rosangela de Oliveira Lucas Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC

    FLORIANPOLIS, SC 2006

  • MINHA FAMLIA E AMIGOS

  • AGRADECIMENTOS

    Desejo inicialmente expressar minha gratido Deus, a quem confiei minha f em

    realizar este trabalho.

    Agradeo minha Orientadora Gisela Eggert Steindel, por sua indefectvel

    colaborao e apoio, em todas as fases do trabalho.

    Agradeo de modo especial Eva Maria Seitz, pois sem sua ajuda no chegaria

    realizao deste estudo.

    Clarice Fotkamp Caldin, por sua gentileza em prestar valiosas informaes.

    Aos funcionrios do Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago,

    em especial ao Diretor da Diviso de Pessoal DAP/UFSC -, Geraldo Botelho Page, pela

    colaborao e compreenso durante o perodo de coleta de dados.

    Agradeo minha famlia e aos amigos, que estiveram incondicionalmente ao meu

    lado.

    Finalmente, agradeo a todas as pessoas que colaboraram para a realizao deste

    trabalho.

  • A leitura de um livro um dilogo incessante em que o livro fala e a alma responde.

    (Andr Maurois 1885-1967).

  • RESUMO

    O presente trabalho buscou identificar a metodologia desenvolvida nas atividades biblioteraputicas promovidas pela Sala de Leitura Salim Miguel, do Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina HU-UFSC. Trata-se de um estudo de caso e foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: entrevista semi-estruturada, anlise de documentos e observao das rotinas biblioteraputicas. Da pesquisa concluiu-se ser o exerccio da Biblioterapia uma agradvel forma de lazer, e um importante vnculo, entre os pacientes, enquanto pessoas, e os profissionais e leigos, enquanto cidados solidrios. Espera-se que este tema sirva para reflexo, e que desperte o interesse nessa forma de humanizar o atendimento hospitalar.

    Palavras-chave: Biblioteconomia. Biblioterapia. Sala de Leitura.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Folder patrocinado pelo Projeto Sala de Leitura (verso)........................................32

    Figura 2 Folder patrocinado pelo Projeto Sala de Leitura (frente)........................................33

    Figura 3 Sala de Leitura Salim Miguel.................................................................................34

    Figura 4 Carrinho...............................................................................................................35

    Figura 5 Matria de jornal Leitura humanizada.................................................................36

    Figura 6 Matria de jornal A terapia do livro.....................................................................37

  • LISTA DE SIGLAS

    HU - Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago;

    UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina;

    DAP-HU - Diviso Auxiliar de Pessoal Hospital Universitrio

    SCIH HU - Servio de Controle de Infeco Hospitalar Hospital Universitrio

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ........................................................................................................ 11

    2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 13

    3 METODOLOGIA...................................................................................................... 14

    3.1 O HOSPITAL UNIVERSITRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SO THIAGO .............14

    3.2 O ESTUDO E O MTODO.............................................................................................................................15

    3.3 PROCEDIMENTOS.........................................................................................................................................16

    4 FUNDAMENTAO TERICA.............................................................................. 17

    4.1 REVISO DE LITERATURA........................................................................................................................17

    4.2 O BIBLIOTERAPEUTA E O BIBLIOTECRIO .......................................................................................20

    4.3 FORMAO E DESENVOLVIMENTO DE ACERVO.............................................................................23

    5 RESULTADOS E ANLISE.................................................................................... 29

    5.1 SALA DE LEITURA SALIM MIGUEL UM ESPAO BIBLIOTERAPUTICO ..............................29

    5.2 ORIGEM DO ACERVO ..................................................................................................................................30 5.2.1 Especificaes sobre o acervo .........................................................................................................................31

    5.3 DA IMPLANTAO AO COTIDIANO .......................................................................................................32

    5.4 ATIVIDADES BIBLIOTERAPUTICAS ....................................................................................................40

    5.5 METODOLOGIA APLICADA NAS PRTICAS BIBLIOTERAPUTICAS ........................................40

    6 TENDNCIAS E DESAFIOS ................................................................................. 43

    7 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................... 45

    FONTE CONSULTADA ............................................................................................. 51

    APNDICE 1 .............................................................................................................. 53

    APNDICE 2 .............................................................................................................. 56

    APNDICE 3 .............................................................................................................. 57

  • 11

    1 INTRODUO

    Biblioterapia um programa de atividades selecionadas, que envolve leituras

    planejadas e conduzidas, podendo ser controladas como um tratamento coadjuvante para os

    problemas emocionais e de comportamento.

    A explorao da literatura, como estratgia teraputica, relativamente recente,

    embora desde o Egito Antigo seus benefcios fossem conhecidos. O que coube aos

    pesquisadores contemporneos foi apenas a estruturao e a objetivao desta prtica; bem

    como sua denominao.

    A Biblioterapia no se limita unicamente leitura de textos literrios, mas tambm

    recorre ao uso de recursos udio-visuais, de peas de teatro e de comentrios posteriores, que

    favorecem uma melhor interpretao e integrao entre os envolvidos.

    A proximidade com o livro permite um apaziguamento das emoes e um controle das

    sensaes que o meio externo apresenta. Desta forma, oferecer um contato mais ntimo com

    um texto a um paciente internado, ou a algum com dificuldades em lidar com seus

    sentimentos e com sua prpria realidade, propiciar a ela um meio de entender e de enfrentar

    seus problemas.

    Valer-se da leitura como mtodo teraputico requer conhecimento prvio e, para isso,

    vital que haja respaldo terico e prtico para a preparao de futuros profissionais da rea.

    No intuito de contribuir para uma ampliao das prticas biblioteraputicas, este

    trabalho teve como objetivo geral, conhecer o cotidiano da Sala de Leitura Salim Miguel.

    Apreendendo, assim, elementos que respondessem seguinte questo-guia: qual a

    metodologia utilizada para a prtica biblioteraputica da Sala de Leitura Salim Miguel, do

    Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago, da Universidade Federal de

    Santa Catarina?

    Lanou-se mo, ento, dos objetivos especficos abaixo elencados, na orientao dos

    aspectos a serem verificados:

    Identificar a origem e a idade do acervo;

    Entender os critrios adotados para a constituio do acervo;

    Verificar se h uma seleo de ttulos para o desenvolvimento da Biblioterapia;

    Identificar a infra-estrutura da Sala de Leitura Salim Miguel;

    Inteirar-se das atividades biblioteraputicas promovidas pela Sala de Leitura; e

    Acompanhar as visitas e observar o funcionamento da Sala de Leitura.

  • 12

    O estudo est estruturado da forma que se julgou mais adequada, ou seja, nos captulos

    2 e 3, apresenta-se a relevncia do presente estudo, tanto cientificamente quanto em relao

    sua aplicabilidade prtica, e, tambm, descreve-se as caractersticas metodolgicas do

    trabalho, bem como a instituio onde o foco da pesquisa Sala de Leitura Salim Miguel

    est inserido.

    Ao quarto captulo coube a apresentao da fundamentao terica acerca da

    Biblioterapia. Trata-se, tambm, da formao e treinamento do profissional dessa rea e do

    modo como um acervo constitudo.

    O captulo subseqente apresenta os resultados e a anlise da pesquisa desenvolvida

    para responder pergunta deste estudo. Mais especificamente, expe-se a histria e o

    cotidiano da Sala de Leitura, suas particularidades quanto ao acervo e quanto infra-estrutura.

    E, para encerrar, faz-se meno s perspectivas e desafios da Biblioterapia. Alm,

    claro, de explanar as concluses finais quanto aos objetivos iniciais e quanto ao resultado do

    trabalho em si.

  • 13

    2 JUSTIFICATIVA

    Por ser a Biblioterapia um mtodo relativamente recente no Brasil importante

    estabelecer um referencial terico aos estudantes da rea de Biblioteconomia e bibliotecrios

    que desejam promover servios biblioteraputicos junto comunidade.

    A avaliao dos servios biblioteraputicos oferecidos por uma sala de leitura pode

    favorecer o desenvolvimento cientifico, contribuindo na realizao de pesquisas e, qui

    despertar o interesse de outras reas como medicina, psiquiatria, enfermagem, etc.

    O estudo da Biblioterapia torna-se pertinente sociedade atual em vista dos benefcios

    que traz s reas fulcrais, como a formao das crianas e jovens, o equilbrio das pessoas na

    fase adulta, a qualidade de vida para os idosos e o bem estar emocional das pessoas

    hospitalizadas. A leitura contribui sobremaneira para amenizar os sofrimentos e as

    debilitaes emocionais a que esto expostas aqueles que precisam de uma internao

    hospitalar. Essas pessoas tm a possibilidade de viajar, de se aventurar, de se emocionar,

    enfim, de fazer parte da histria de uma personagem que est distante de sua realidade. Desta

    forma, o paciente pode esquecer-se, por um momento, do cenrio que o cerca e dos dissabores

    que enfrenta, ou mesmo atualizar-se com os fatos que continuam a ocorrer fora das paredes do

    hospital.

    O estudo de uma sala de leitura comprometida com a prtica biblioteraputica pode

    contribuir para desenvolver nas pessoas, em especial nos profissionais da rea da

    Biblioteconomia, uma conscincia social. Este estudo ainda pode contribuir de maneira mais

    efetiva ao demonstrar como essa sala de leitura desenvolve seu trabalho biblioteraputico, ou

    seja, mostrando a metodologia que emprega para a aplicao da Biblioterapia. Assim estar-se-

    apontando um caminho para aqueles que tenham o desejo de exercer a solidariedade e a

    cidadania. Ao praticar uma ao que promove o bem estar de outras pessoas, os benefcios

    evoluem bilateralmente em uma mo-dupla -; pois, ao mesmo tempo em que se pratica o

    bem, estabelece-se um canal que nos traz de volta a benfeitoria que dispensamos s pessoas

    que dela precisam.

  • 14

    3 METODOLOGIA

    Neste captulo, a inteno a de esclarecimento quanto instituio na qual o local

    pesquisado est inserido, quanto natureza do estudo e quanto aos mtodos e procedimentos

    adotados para a realizao deste trabalho.

    3.1 O HOSPITAL UNIVERSITRIO PROFESSOR POLYDORO ERNANI DE SO THIAGO

    Para melhor compreender as atividades, acervo e metodologia desenvolvidos pela Sala

    de Leitura, faz-se necessrio descrever a instituio da qual ela faz parte.

    O Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago, da Universidade

    Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), foi fundado em 1980 pelo professor que d nome

    instituio.

    O HU-UFSC referncia estadual em patologias complexas, clnicas e cirrgicas com

    grande demanda na rea de cncer e cirurgia de grande porte, nas diversas especialidades.

    Outra importante caracterstica o seu atendimento de emergncia, que funciona

    ininterruptamente; prestando assistncia a crianas e adultos em espaos fsicos separados. O

    nmero de atendimentos, visivelmente crescente, atinge a mdia de 400 pacientes ao dia.

    As dificuldades de gerenciamento e de financiamento impostas pela conjuntura atual

    dificultam os investimentos, principalmente na rea de pessoal.

    O HU-UFSC oferece estgios curriculares nas mais diversas reas; inclusive Estgio

    Supervisionado em Biblioteconomia. H tambm vrios laboratrios didticos, salas de aula e

    anfiteatros.

    Esse hospital, que prima pelo atendimento humanizado, conta desde 2005 com um

    espao a mais, no sentido de fazer os pacientes sentirem-se mais acolhidos, a Sala de Leitura

    Salim Miguel, o objeto deste trabalho.

  • 15

    3.2 O ESTUDO E O MTODO

    A pesquisa trata-se de um estudo de caso no Hospital Universitrio Professor Polydoro

    Ernani de So Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis (SC), acerca

    dos trabalhos biblioteraputicos realizados pela Sala de Leitura Salim Miguel. O estudo de

    natureza qualitativa, pois baseou-se em informaes coletadas mediante observao

    sistematizada, dilogos e entrevista semi-estruturada com o profissional responsvel pelo

    servio biblioteraputico oferecido no Hospital Universitrio.

    Quanto aos objetivos, o estudo tem natureza exploratria, uma vez que visa

    descoberta de informaes referentes metodologia aplicada pela Sala de Leitura na

    promoo da prtica biblioteraputica. Procura, ainda, identificar os fatores que determinam

    ou contribuem na realizao desta prtica.

    Em relao aos procedimentos tcnicos, o trabalho um estudo de caso, em virtude da

    anlise do objeto: metodologia da Sala de Leitura. Para a coleta de informaes foram

    realizadas visitas Sala de Leitura, dilogos com os bolsistas que trabalham no local,

    entrevista dirigida pessoa responsvel pelo espao de leitura e, tambm, mediante

    observao do funcionamento e da infra-estrutura do local.

    Ao desenvolver um trabalho, importante atentar para todos os aspectos que o

    envolvem; e a tica um deles. Como cita Duarte (1999), tica, dentro da Biblioteconomia,

    o conjunto das normas de conduta do bibliotecrio, no exerccio de sua profisso. Essas

    normas se consubstanciam no Cdigo de tica profissional. Assim, o respeito ao Cdigo

    condio indispensvel para a prtica a ser desenvolvida por todos os profissionais. Dentre os

    preceitos a serem observados esto a prestao de servios sociedade e a colaborao com a

    Ptria e o Poder Pblico. Alm disso, o Cdigo visa garantir a dignidade humana, a liberdade,

    o zelo dos profissionais para com a populao e o sigilo, que imprescindvel quando o

    assunto assim o exigir.

    Neste cdigo encontram-se as normas especficas a serem respeitadas no trato com os

    usurios. Algumas delas so citadas abaixo (DUARTE, 1999):

    No recusar o prstimo de assistncia profissional;

    Tratar os usurios com respeito;

    Ater-se ao que lhe compete na orientao tcnica da pesquisa;

    Interessar-se pelo bem pblico;

  • 16

    No deturpar, intencionalmente, a interpretao do contedo implcito ou

    explcito em documentos ou outros instrumentos de apoio tcnico do exerccio

    da profisso.

    A tica a base para o desempenho de qualquer atividade profissional. Assim, os

    conceitos e cdigos que a norteiam devem ser rigorosamente atendidos; para que haja uma

    prestao de servios transparente e eficaz. Cabe mencionar ainda, que todas as normas supra-

    citadas cercaram as atividades necessrias para a realizao do presente trabalho.

    3.3 PROCEDIMENTOS

    Para a coleta de dados foi realizada entrevista com a responsvel pela Sala de Leitura

    Salim Miguel, Eva Maria Seitz1, que ocorreu em duas etapas: nos dias dezenove e vinte e

    nove de setembro de 2006. Depois foi feita a transcrio e posterior edio do texto para

    tornar a leitura mais fluente.

    Para a coleta de dados sobre os ttulos, gneros e idade do acervo, fez-se necessria a

    reprografia do livro de registro do acervo. No foi possvel transportar esses dados

    diretamente da base de dados que utilizada pela Sala de Leitura, em razo de tumultuar o

    andamento de suas atividades ordinrias. Em seguida, esses dados foram separados por

    dcadas, autores nacionais e estrangeiros e por gnero de leitura.

    No incio deste projeto de pesquisa foram feitas inmeras visitas Sala de Leitura,

    para uma melhor familiarizao com o ambiente; alm do acompanhamento da prtica

    biblioteraputica desenvolvida no quarto dos pacientes.

    Ressalta-se que o objetivo inicial desse estudo era avaliar a percepo dos pacientes

    acerca dos servios biblioteraputicos desenvolvidos pela Sala de Leitura. No entanto isto no

    foi possvel, tendo em vista que o projeto no pde ser apreciado pela Comisso de tica do

    Hospital. Diante deste quadro, optou-se por investigar a metodologia dos servios

    biblioteraputicos desenvolvidos pela Sala de Leitura Salim Miguel.

    1 Eva Maria Seitz Tcnica de enfermagem; Bibliotecria; Mestre em Engenharia da Produo.

  • 17

    4 FUNDAMENTAO TERICA

    Este captulo tem por objetivo apresentar a trajetria, ou melhor, a evoluo e

    significado da Biblioterapia, por meio dos autores pioneiros e contemporneos. Tambm

    pertinente tratar da qualificao do biblioterapeuta e do papel do bibliotecrio nesse contexto.

    E, para encerrar os aspectos tericos, vale conhecer a literatura acerca da formao e

    desenvolvimento de acervos.

    4.1 REVISO DE LITERATURA

    A palavra Biblioterapia recente e derivada de dois termos gregos: biblion livro e

    therapeia tratamento. Mas as prticas de leitura associadas ao processo de cura remontam

    da poca dos faras. No Egito Antigo, Ramss II j chamava o hbito da leitura de cura para

    a alma. Na Roma Antiga Aulus Cornelius Celsus tambm utilizou de palavras semelhantes:

    Tesouro dos remdios da alma (ALVES, 1982, p. 55).

    Tambm no sculo XVIII, a leitura j era empregada com fins teraputicos graas s

    obras de Jean-Jacques Rousseau e Galt, que acreditavam ser a leitura um meio para afastar os

    pensamentos no-saudveis, ao mesmo tempo em que promovia divertimento e bem-estar aos

    pacientes.

    A preocupao de associar a leitura com a terapia ainda esteve presente entre os

    gregos, que conceberam suas bibliotecas como medicina da alma (CRUZ, 1995, p. 13).

    Por volta do sculo XIX, o uso da literatura no tratamento de doentes foi empregado

    nos Estados Unidos, com o intuito de facilitar o contato com pacientes portadores de doenas

    mentais.

    No Brasil, as primeiras pesquisas aconteceram no sculo XX, durante a dcada de 80.

    Segundo Seitz (2000) em 1987, Ana Maria Gonalves dos Santos Pereira apresentou sua

    dissertao de mestrado Leitura para enfermos: uma experincia em um hospital

    psiquitrico. O estudo constatou diminuio da ansiedade e da depresso aps as sesses de

    leitura. De acordo ainda com Seitz (2000), em 1989 surgiu um trabalho a respeito da

    Biblioterapia para idosos e outro a respeito de sua aplicao para deficientes visuais. O

    primeiro chegou concluso de que o equilbrio psicolgico dos idosos foi favorecido pela

    leitura. J no segundo caso, os livros contriburam para a aceitao dos fatos imutveis. Estes

    trabalhos foram seguidos por outros em todo o pas. Em Santa Catarina, um dos primeiros

  • 18

    trabalhos foi a dissertao de mestrado de Eva Maria Seitz Biblioterapia: uma experincia

    com pacientes internados em clnica mdica, apresentada no ano de 2000. Outra

    pesquisadora, Clarice Fortkamp Caldin, vem desenvolvendo vrios trabalhos que tm sido

    utilizados como base para o estudo dos interessados em Biblioterapia.

    importante lembrar que Marie-Madeleine Famin, em 1936 j havia realizado

    pesquisas sobre prticas teraputicas com o termo Biblioterapia. Esta empregou o termo

    como meio de promover a auto-estima e de estabelecer laos com a realidade dos pacientes

    (VICENTE, 2005).

    No ano de 1939, a Biblioterapia foi reconhecida oficialmente como um ramo da

    Biblioteconomia pela Division of the American Library Association, quando esta associao

    estabeleceu uma comisso sobre Biblioterapia (SEITZ, 2000). A definio do termo, porm,

    s foi desenvolvida em 1941, figurando no dicionrio mdico Dorlands illustrated medical

    dictionary como o emprego de livros e de sua leitura no tratamento de doenas mentais

    (ALVES, 1982, p. 55).

    Contemporaneamente pode-se atribuir outras definies Biblioterapia. Para Orsini

    (1982), a Biblioterapia uma tcnica que pode ser utilizada para fins de tratamento e

    preveno de molstias e de problemas pessoais. Esse autor tambm classifica os objetivos

    como sendo de nvel social, nvel emocional e de nvel comportamental. Assim, a

    Biblioterapia auxilia o auto-conhecimento pela reflexo, refora padres sociais desejveis,

    proporciona desenvolvimento emocional pelas experincias vicrias e auxilia na mudana de

    comportamento.

    Ratton (1975, p. 199) define a prtica biblioteraputica como seleo e prescrio de

    livros de acordo com as necessidades dos pacientes, conduo da terapia baseada em

    comentrios de leitura, e avaliao dos resultados. Caldin (2001, p. 3), elabora a seguinte

    definio para o termo:

    [...] leitura dirigida e discusso em grupo, que favorece a interao entre pessoas, levando-as a expressarem seus sentimentos: os receios, as angstias e os anseios. Dessa forma, o homem no est mais solitrio para resolver seus problemas; ele os partilha com seus semelhantes, em uma troca de experincia e valores.

    Enquanto que Alves (1982, p. 55) a coloca como uma forma de tratamento bastante

    recente, mas eficaz na recuperao de pessoas psiquicamente doentes ou portadoras de

    problemas.

  • 19

    J para Seitz (2000, p. 10):

    um programa de atividades selecionadas envolvendo materiais de leitura, que so planejadas, conduzidas e controladas como um tratamento, sob a orientao mdica, para problemas emocionais e de comportamento. Devendo ser administrada por um bibliotecrio treinado de acordo com as propostas e finalidades prescritas. Ela aponta ainda os fatores importantes dessa atividade, que so: os relacionamentos estabelecidos, as respostas e reaes do paciente, a entrega do relatrio ao mdico para interpretao, a avaliao e a direo do acompanhamento.

    Outra forma de definir Biblioterapia dimension-la no universo da leitura, como uma

    atividade de lazer. Assim, verifica-se que ela supe certas propriedades teraputicas, uma vez

    que ocorre uma fuga, uma evaso, isto , a criao de um universo independente da rotina

    cotidiana. Nessa escapada, h um mergulho em um mundo cheio de aventura, romance,

    fantasia, etc. Nesse sentido, podemos afirmar que uma das funes da literatura a de aliviar

    as tenses da vida diria (ORSINI 1982).

    E, por fim, a Associao das Bibliotecas de Instituies e Hospitais dos Estados

    adotou como definies de Biblioterapia, como citado em Monteiro (2004, p.14):

    [...] a utilizao de materiais de leitura selecionados como coadjuvante teraputico

    na medicina e na psiquiatria; a orientao na soluo de problemas pessoais atravs

    da leitura orientada e o tratamento de pessoas com dificuldade de adaptao, de

    forma a promover sua reinsero social.

    Apresentadas as vrias definies de Biblioterapia, conveniente saber onde e para o

    benefcio de quem essa prtica pode ser empregada.

    A prtica biblioteraputica tem sua aplicabilidade como veculo educacional e de

    reabilitao em pessoas de vrias idades. Como afirma Pintos (1999, p. 45):

    [...] a biblioterapia, como qualquer outra tcnica logoteraputica, pode ser implantada com qualquer populao, da infantil idosa, alcanando bons resultados. Comprovadamente os livros podem ser usados tanto para fins biblioteraputicos como para os fins de bibliodiagnstico.

    Na atualidade, a terapia aliada leitura tem sido utilizada em hospitais, asilos, prises

    e no tratamento de problemas psicolgicos em crianas, jovens, adultos, deficientes fsicos,

    viciados e doentes crnicos.

  • 20

    A questo da aplicabilidade da Biblioterapia tem fomentado estudos sobre como o

    tratamento, proporcionado pela leitura, favorece a evoluo positiva de pessoas em condies

    especiais, como por exemplo, viciados, doentes e aqueles que vivem margem da sociedade.

    Outra questo a ser considerada o estabelecimento dos fins a que se destina a prtica

    em questo. Shrodes apud Matos; Queiroz (2003) descreveu os propsitos biblioteraputicos

    como sendo de: oportunizar recreao e interao social; encorajar o indivduo a criar

    interesse externo e assisti-lo na obteno de contato com a realidade externa; propiciar a

    introspeco dos problemas e conduzir a uma gratificao narcisstica, via fortalecimento do

    ego.

    De acordo com Caldin (2003, 2004), a Biblioterapia pode ser usada para auxiliar na

    soluo de diversos problemas: estresse, depresso, solido, dificuldade de comunicao,

    envolvimento com drogas, doenas mentais, tratamento de alcolicos, pessoas excepcionais,

    conflitos familiares (morte, divrcio, abandono, violncia), etc.

    Sabendo-se que a Biblioterapia pode ser aplicada em diversos ambientes e para as

    mais variadas pessoas, convm caracteriz-la, assim como o faz Caldin (2001): em

    Biblioterapia de crescimento (para divertir e educar), factual (cujo objetivo informar e

    preparar o paciente para o tratamento hospitalar) e imaginativa (visa explorar os sentimentos e

    tratar os problemas emocionais).

    Ressalta-se ainda conforme Caldin (2001), que a Biblioterapia se constitui de uma

    atividade interdisciplinar, podendo ser desenvolvida em conjunto com a Biblioteconomia, a

    Literatura, a Educao, a Medicina, a Psicologia e a Enfermagem. Tal interdisciplinaridade

    confere-lhe um lugar de destaque no cenrio dos estudos culturais. um lugar estratgico que

    permite buscar aliados em vrios campos e um exerccio aberto a crticas, contribuies e

    parcerias.

    4.2 O BIBLIOTERAPEUTA E O BIBLIOTECRIO

    A Biblioterapia tem sido empregada em diversas reas e, portanto, a formao de um

    biblioterapeuta - o profissional da Biblioterapia - requer um treinamento dinmico,

    envolvendo aspectos da Biblioteconomia, da Psicologia, da Leitura e do prprio

    Aconselhamento.

    Essa necessidade especial, para a formao do profissional que emprega a leitura

    como meio de tratamento, j foi abordada em 1962 por Kinney, no seu artigo The

  • 21

    Biblyotherapy Program: requirements for training e, conforme Pereira (1989, p.74), este

    autor:

    Identifica as seguintes qualidades ideais para um biblioterapeuta: estabilidade emocional, bem estar fsico, qualidades especiais, carter e a personalidade necessria para um trabalho com pessoas [...] dever entender a meta desejada em cada ocasio, aceitar a responsabilidade pela ao tomada e ser capaz de assumir autoridade, quando for necessrio [...] imperativo reconhecer e controlar preconceitos pessoais, ser receptivo nova aprendizagem, dirigir e canalizar sentimentos pessoais, de maneira a no impedir sua ajuda a outros.

    Desde ento, vrios trabalhos acerca das qualificaes convenientes a um

    biblioterapeuta foram desenvolvidos. E em 1964, nos Estados Unidos da Amrica a oficina

    sobre Biblioterapia e sade mental, respaldada pela Association of Hospital and Institution

    Libraries of the American Library Association, patrocinado pela National Institutes of Mental

    Health concluiu que a Biblioterapia deve ser interdisciplinar, ou seja, que profissionais das

    reas da Psicologia, Psiquiatria, Biblioteconomia e Educao poderiam desenvolver tal

    prtica, desde que amparados por um processo de treinamento (PEREIRA, 1989).

    Ainda hoje a formao de um biblioterapeuta no est definida. E, portanto, os

    caminhos educacionais para sua formao no esto evidenciados.

    De acordo com Pereira (1989, p. 81) ao buscar a formao de um biblioterapeuta,

    deve-se atentar para a existncia de trs tipos de Biblioterapia que requerem processo

    educacional especfico: a Institucional, a Clnica e a Desenvolvimental.

    A Biblioterapia Institucional refere-se prescrio de livros para doenas especficas.

    O objetivo desta prtica o de recreao e normalmente exercido por um bibliotecrio

    acompanhado de um mdico ou de uma equipe mdica.

    A formao desejvel deste profissional, principalmente no caso deste trabalhar

    sozinho, deveria ser basicamente:

    PhD em Cincias do Comportamento ou Biblioteconomia, orientao

    psicolgica ou Enfermagem;

    Um ano de experincia trabalhando com Biblioterapia Clnica e Biblioterapia

    Institucional;

    Experincia de um ano na rea da Sade Mental, Biblioteconomia ou

    Enfermagem;

    No caso deste profissional atuar junto a um mdico ou a uma equipe mdica, os

    requisitos ideais so:

  • 22

    Mestrado em Biblioteconomia, em Cincia do Comportamento ou em

    Enfermagem;

    Um ano de experincia como biblioterapeuta clnico ou desenvolvimental;

    Um ano de experincia na rea da Biblioteconomia, da Sade Mental ou da

    Enfermagem.

    O segundo tipo de Biblioterapia (Clnica) diz respeito ao uso da literatura imaginativa

    em grupos com problemas emocionais ou de comportamento podendo ser administrada por

    um mdico ou bibliotecrio. Na melhor das hipteses feito por ambos, um consultando o

    outro.

    No h muitas oportunidades de treinamento para este profissional. Nos EUA, os

    requisitos so: mestrado em Biblioteconomia, em Artes, em Cincia do Comportamento,

    Enfermagem, Orientao e Educao, com experincia equivalente.

    A Biblioterapia Desenvolvimental refere-se pratica da literatura imaginativa e

    didtica em grupos de indivduos normais. O grupo coordenado por um bibliotecrio,

    professor ou outro profissional ajudante, que auxilia as pessoas a compreenderem a si prprias

    e aos seus problemas. Para essas reas so sugeridos:

    Licenciatura ou Bacharelado em Educao ou Orientao Psicolgica, alm de cursos

    em Biblioteconomia, Psicologia e Literatura;

    Experincia como biblioterapeuta com superviso;

    Experincia como professor orientador ou bibliotecrio;

    Experincia em alguma rea da cincia da Sade Mental, da Educao ou

    Enfermagem;

    Esta uma sntese dos requisitos curriculares para o fornecimento de certificados

    vinculados Biblioterapia, a partir dos cursos oferecidos em Universidades. Essas

    recomendaes so apenas sugestes, que podero provocar discusses sobre uma

    preocupao que comea a surgir, nos Estados Unidos. As pessoas que se interessam por

    Biblioterapia deveriam ainda contar com uma Associao Independente de Biblioterapia e

    uma Associao Interdisciplinar, de modo a propiciar um trabalho cooperativo que unifique a

    literatura sade mental (PEREIRA, 1989).

    A atuao do bibliotecrio na Biblioterapia ainda um fato muito discutido. Smith

  • 23

    (1989) considerou que, para o bibliotecrio trabalhar como biblioterapeuta, dependeria de

    uma graduao em um campo cientfico especfico e de sua inclinao para uma atuao mais

    educacional, psicolgica ou mdica. Sendo assim, o papel do bibliotecrio na Biblioterapia

    depende em primeira instncia de sua interao com outros profissionais como, por exemplo,

    psiquiatras e assistentes sociais.

    A conduta de um bibliotecrio que trabalha como biblioterapeuta deve estar adequada

    a sua atividade. No Brasil, Cruz (1995, p. 24), recomenda que:

    Ele deve escolher um local adequado para a realizao das reunies do grupo;

    Deve ter tido um treinamento adequado e estar capacitado para conduzir as discusses do grupo;

    Deve formar grupos homogneos para a leitura e discusso de temas previamente escolhidos;

    Deve preparar listas de material bibliogrfico adequadas s necessidades de cada grupo e escolher outros materiais (filmes, msicas) de acordo com a idade e necessidades a nvel cultural e social dos participantes;

    Mesmo que no haja aplicao de terapia ou psicoterapia, como em alguns casos de Biblioterapia para crianas, necessrio estabelecer uma situao de ajuda entre os bibliotecrios e o usurio; a partir da ser possvel estabelecer um programa estruturado.

    O bibliotecrio ou biblioterapeuta deve usar de preferncia materiais com os quais esteja familiarizado;

    Deve selecionar materiais que contenham situaes familiares aos participantes do grupo, mas que no precisam necessariamente conter situaes idnticas s vividas pelas pessoas envolvidas no processo;

    Deve selecionar materiais que traduzam de forma precisa o sentimento e os pensamentos de pessoas envolvidas nos assuntos e temas abordados; com exceo de materiais que contenham uma conotao muito negativa do problema, como poesias sobre suicdios, por exemplo;

    Deve selecionar materiais que estejam de acordo com a idade cronolgica e emocional da pessoa, sua capacidade individual de leitura e suas preferncias culturais e individuais; e

    Deve selecionar material impresso e no impresso na mesma medida.

    Ainda segundo Cruz (1995), a existncia ou no de uma formao profissional

    especfica afeta o processo teraputico sob o aspecto cognitivo ou afetivo. E assim, permeia o

    processo de anlise de interao e de conhecimento que prprio da Biblioterapia.

    4.3 FORMAO E DESENVOLVIMENTO DE ACERVO

    Ao discorrer sobre inmeros trabalhos que destacam a importncia da Biblioterapia no

    mundo atual, importante conhecer os aspectos que permeiam a formao e desenvolvimento

    de acervo, de uma sala de leitura e de um processo de hospitalizao. Desta forma, poder-se-

    desenvolver um trabalho com respaldo nas informaes fornecidas pela teoria pr-existente

  • 24

    sobre o assunto.

    Primeiramente, convm lembrar as nuanas que tornam o ato da leitura algo

    importante e benfico.

    Um dos benefcios da leitura aliviar as tenses que decorrem da vida cotidiana,

    principalmente quando se est hospitalizado. Ao situar a literatura sobre o prisma do lazer

    percebe-se, tal como est em Pereira (1987, p. 35):

    [...] que ela supe certas propriedades teraputicas, uma vez que ocorre uma fuga, uma evaso, isto , a criao de universo independente da rotina cotidiana. Nessa escapada, h como um mergulho em um mundo cheio de aventura, romance, fantasia, etc.

    Assim como o lazer, a leitura tambm proporciona um processo de higienizao

    mental. Tyson (1948) afirma que qualquer leitura poder ser designada para manter, melhorar

    ou restaurar o ajustamento emocional.

    Ao sintetizar a positividade da leitura, Pereira (1987, p. 34) lembra que:

    [...] como a sade fsica precisa ser conservada mediante o alimento e o exerccio, a sade psicolgica tambm; mediante a alimentao em nvel de smbolos afetivos pela leitura, que nos faz sentir que no estamos sozinhos em nossa misria; pela leitura, que expe nossos problemas a uma nova luz; pela leitura, que faz surgir novas possibilidades e nos abre novos campos de experincias; pela leitura, que nos oferece uma grande variedade de estratgias simblicas, mediante as quais nos tornamos aptos a circunscrever as nossas situaes.

    A leitura beneficia todos que dela fazem uso e pode ser ainda mais eficiente no caso

    daqueles que vivem uma situao atpica em suas vidas. Este o caso das pessoas

    hospitalizadas.

    A hospitalizao um processo difcil, que leva os pacientes a sucumbirem a

    sentimentos negativos como medo, insegurana, ansiedade, entre outros. Esse procedimento

    torna as pessoas mais vulnerveis por diversos motivos. Um desses motivos a prpria

    doena e o medo da morte que pode surgir. Outro fator que pode gerar uma fragilidade

    emocional a convivncia em um novo ambiente, com normas inflexveis e que

    inevitavelmente, trazem histrias tristes de personagens reais.

    A dificuldade na hospitalizao est no processo em si, e independe da gravidade do

    problema que a gera. De acordo com Silva (1992, p. 6), a hospitalizao, por mais simples

    que seja o motivo, tende a levar a uma experincia negativa. O desconforto fsico, moral,

    espiritual e o medo da morte podem gerar sofrimentos.

    Diversos autores projetam o hospital como um cenrio favorvel ao surgimento de

  • 25

    sentimentos como solido e medo. Para Beuter (1996, p. 16), as pessoas, no hospital, ficam

    expostas a um ambiente estranho e impessoal, onde o relacionamento dos profissionais de

    sade com elas caracteriza-se pela distncia, formalidade, informaes rpidas e a utilizao

    de terminologias tcnico-cientficas.

    Segundo Farias (1981, p. 2), a hospitalizao provoca mudanas de ambiente fsico e

    social e nas atividades dirias do paciente, de modo a afetar todo seu sistema de vida.

    De acordo com Seitz (2000, p. 31):

    Observa-se que os hospitais, na sua maioria, no oferecem nenhuma atividade de lazer aos seus pacientes. Desse modo, os pacientes ficam horas e horas inertes no leito olhando para o teto, mergulhados na sua dor, em seus pensamentos e preocupaes. Deve-se proporcionar a estes pacientes algum tipo de lazer, respeitando as condies e preferncias de cada um.

    No intuito de contribuir para o bem estar emocional dos pacientes, a Sala de Leitura

    Salim Miguel do Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago, da

    Universidade Federal de Santa Catarina - Florianpolis, proporciona atividades como a leitura

    a pessoas internadas e a seus acompanhantes, e procura o apoio de voluntrios que possam

    contribuir de alguma forma para o enriquecimento dessas atividades (recital de poesias,

    apresentaes teatrais, servios de manicure, maquiagem, cabeleireiro, barba, etc.).

    Uma sala de leitura um espao aberto para se pensar e praticar de modo crtico a

    leitura. Consequentemente ela se divide em duas sees principais: uma voltada para reflexo

    do ato de leitura e outra, interativa, voltada para a prtica da leitura crtica.

    Na primeira seo, a leitura uma atividade ldica, prazerosa mas tambm

    complexa e que possui uma longa e bela histria. Ela parte do principio de que, quanto mais

    nos aproximamos das vrias camadas que compem o texto e quanto melhor as

    compreendemos, mais a leitura fica rica e interessante. J na segunda seo, as atividades so

    mais especficas e direcionadas; como a escrita de resenhas, por exemplo.

    De acordo com Seligmann (2006), o objetivo de uma sala de leitura no o de criar ou

    formar crticos literrios, mas sim o de despertar o interesse do pblico pela atividade de

    leitura crtica: se ler gostoso, pensar sobre a obra lida e procurar expressar as suas idias

    sobre ela s aumenta esse prazer.

    A principal ferramenta para uma sala de leitura o seu acervo, que pode ser

    constitudo por livros, revistas, jornais, etc. Em um processo de aquisio deste material, tal

    como afirma Ashworth (1967, p. 41), [...] imprescindvel conhecer o tipo de material mais

    preciso para os freqentadores de bibliotecas. Nesta linha, Andrade e Vergueiro (1996, p. 6)

  • 26

    acrescentam que o nvel de complexidade das atividades de aquisio varia segundo as

    caractersticas da instituio onde ocorrem.

    O bibliotecrio, neste processo de seleo, influencia indiretamente na vida das

    pessoas que podero fazer uso deste espao para a leitura. Sob este aspecto importante

    observar que o material escolhido possa colaborar para que ele chegue mais perto dos

    objetivos que foram estabelecidos para aquele agrupamento de materiais informacionais

    (VERGUEIRO, 1995, p.4).

    O processo de seleo no cabe exclusivamente aos bibliotecrios; tal como Vergueiro

    (1995, p. 7) aponta, tambm os usurios devem atuar no processo de seleo e em muitos

    casos ser deles a deciso final. Ao bibliotecrio deve caber a organizao do processo de

    seleo, de maneira racional e eficiente, estipulando regras, definindo critrios ou

    estabelecendo responsabilidades.

    Um dos fatores de importncia no processo de escolha do acervo o prprio tipo da

    biblioteca em questo; isto , pblico alvo e material informacional sob sua gesto. Por

    exemplo, biblioteca de qumica, biblioteca de arquitetura, etc. A natureza do contedo um

    critrio para a seleo.

    Outro aspecto o usurio ou clientela, tal como sugerido em Vergueiro (1995, p. 15),

    as consideraes quanto s caractersticas do usurio real ou potencial esto diretamente

    ligadas definio do beneficio que cada material incorporado ao acervo poder trazer

    comunidade de usurios a que a biblioteca almeja servir. de primordial importncia a

    seleo do acervo, apreciada sob o prisma do usurio, atentando para despertar o interesse de

    leitores potenciais.

    Uma das caractersticas a ser considerada a relevncia de cada documento para a

    constituio do acervo. Esse procedimento requer um conhecimento prvio do acervo j

    formado; sendo:

    [...] necessrio desenvolver mecanismos, ainda que mnimos ou rudimentares, que permitam ao responsvel pela biblioteca um conhecimento suficientemente objetivo do acervo no que concerne tanto a distribuio dos assuntos como representatividade dos mesmos em relao com o nmero de usurios, de cursos ou disciplinas, de linhas de pesquisa, etc. (VERGUEIRO 1995, p. 16).

    H outros critrios ainda, como o preo do material e outras questes complementares,

    como a polmica sobre assuntos de alguns materiais, custos adicionais decorrentes de

    materiais muito valiosos, probabilidade de vandalismo do material escolhido, etc. Os critrios

    que devem permear a seleo de um acervo so variados e podem ser agrupados de algumas

  • 27

    formas; como: quanto ao contedo, adequao ao usurio e aspectos adicionais dos

    documentos.

    Quanto ao contedo, a reputao do autor, ou mesmo das editoras, costuma ser um

    fator de avaliao de confiabilidade do contedo dos documentos. Isso dar a certeza de que a

    informao veiculada ao documento correta, por exemplo. Assim, no haver favoritismos

    ou preconceitos. A atualidade das informaes e a maneira como elas foram tratadas, de

    forma superficial ou abrangente, so aspectos a serem observados quanto ao documento em

    uma seleo.

    A adequao ao usurio de suma importncia. Avaliar se o contedo de um tal

    trabalho acessvel (visualmente ou em termos de vocabulrio) tarefa que o bibliotecrio

    no pode deixar de lado, bem como no pode deixar de avaliar se o assunto do livro ou

    revista, por exemplo, condiz com os interesses do usurio, ou ainda, se o estilo adequado

    idade do leitor.

    Aspectos fsicos do material tambm so importantes. Assim como os caracteres

    tipogrficos, a legibilidade, a qualidade do papel, a encadernao, etc.

    Depois de especificar os critrios de seleo do material a constituir um espao para a

    leitura, convm mencionar as modalidades de aquisio do mesmo. Essas formas de aquisio

    so basicamente trs: compra, permuta e doao.

    A compra sem dvida a forma mais complexa, tal como Andrade e Vergueiro (1996,

    p. 19) mencionam:

    Dentre as diversas modalidades de aquisio, o processo de compra sem duvida o mais elaborado e trabalhoso, pois, alm do gerenciamento dos recursos financeiros, envolve, tambm, toda uma srie de atividades relacionadas com a identificao precisa do tem a ser adquirido e o acompanhamento do recebimento do material.

    A segunda forma de aquisio mencionada pode ser descrita como a troca de

    publicaes entres entidades, na forma de intercmbio, principalmente quando o material no

    est disponvel para a compra ou a opo da permuta apresenta-se como economicamente

    mais vantajosa para a biblioteca.

    J a ltima forma, a doao, a mais vivenciada pelas instituies que no contam

    com verbas ou que no podem contar com sua regularidade.

    Segundo Andrade e Vergueiro (1996, p. 78):

  • 28

    A doao est diretamente ligada poltica de desenvolvimento de colees, obedecendo s diretrizes por ela definidas quanto ao que deve ser mantido no acervo. recomendvel que se estabeleam critrios especficos com relao s doaes, definindo-se procedimentos padronizados que abranjam no s as formas de recebimento dos materiais, como tambm os possveis repasses e descarte dos itens que no sero incorporados ao acervo.

    A aquisio por meio da doao pode ser dividida em duas categorias: doaes

    solicitadas e doaes espontneas.

    No primeiro caso, essa solicitao pode ser feita junto a uma organizao ou

    instituio, ou mesmo, diretamente a pessoas fsicas. Em geral, h uma espcie de afinidade

    entre as bibliotecas e essas instituies ou pessoas fsicas. Ou seja, partilham do mesmo

    interesse ou gozam de uma simpatia mtua. Nesse tipo de relao (biblioteca-empresa), os

    incentivos fiscais que a legislao oferece constituem um papel importante. Uma avaliao

    das instituies a serem solicitadas para doaes imprescindvel. Sobre esse aspecto

    Andrade e Vergueiro (1996, p. 81) afirmam:

    Estudos preliminares devem ser desenvolvidos para definir com boa margem de segurana os doadores mais interessantes para instituio especfica, tendo em vista a rea de atuao da biblioteca, as caractersticas do acervo e a demanda informacional a que deve atender.

    Por outro lado, as doaes espontneas decorrem de diversos motivos. Pode ser um

    nico exemplar doado por um novo autor, um leitor que deseja passar adiante os livros que j

    leu, bibliotecas que desejam repassar seu material ocioso, etc. Esse tipo de doao requer uma

    boa administrao do bibliotecrio, levando em considerao a necessidade do material e os

    objetivos especficos de sua coleo.

    Uma outra forma de aquisio ligada doao a busca em instituies especficas,

    em geral universidades, ou a busca pelo apoio de personalidades ligadas instituio (ex-

    alunos, antigos professores, decanos, etc.), oferecendo em troca benefcios para as atividades

    ali praticadas. Contudo, essa forma de aquisio, to comum em outros pases, no muito

    praticada no Brasil.

    Por fim, importante lembrar que no h uma bibliografia especfica na orientao de

    como constituir um acervo voltado prtica biblioteraputica. A Sociedade Brasileira de

    Biblioterapia muito recente e os parmetros para o servio biblioteraputico ainda no foram

    estabelecidos.

  • 29

    5 RESULTADOS E ANLISE

    A apresentao e anlise dos dados deste estudo compreendem o desenvolvimento das

    atividades da Sala de Leitura, a descrio do acervo com o intuito de compreender a prtica

    biblioteraputica desta Unidade de Informao.

    5.1 SALA DE LEITURA SALIM MIGUEL UM ESPAO BIBLIOTERAPUTICO

    A sala de leitura investigada neste trabalho a sala Salim Miguel que foi incorporada,

    h um ano, ao Hospital Universitrio Professor Polydoro Ernani de So Thiago, da

    Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC).

    Esta Sala de Leitura nasceu de um projeto chamado Projeto Sala de Leitura,

    realizado pelo Instituto Oldemburg de Desenvolvimento, com o apoio do Grupo Editorial

    Record e a Lei de Incentivo Leitura, do Ministrio da Cultura, e com o patrocnio da

    empresa White Martins. Este projeto pretende instalar 250 salas de leitura em centros

    culturais, escolas, hospitais e instituies comunitrias, estimulando que se tornem com o

    tempo em bibliotecas.

    O Instituto Oldemburg uma entidade sem fins lucrativos, que tem como o objetivo o

    fomento de iniciativas scio-culturais, responsvel pela implantao das Salas de Leitura.

    A White Martins Gases Industriais Ltda a maior empresa de gases industriais da

    Amrica do Sul, presente em 9 pases, fornecedora de todos os plos petroqumicos e uma das

    maiores parceiras da indstria siderrgica.

    J o Grupo Editorial Record que tambm apia este projeto, o maior da Amrica

    Latina no segmento de livros no didticos. Composto por oito editoras: Record, Bertrand

    Brasil, Jos Olympio, Civilizao Brasileira, Rosa dos Tempos, Nova Era, Difil e Best Seller.

    O principal objetivo do projeto contribuir na humanizao do HU e das outras

    instituies que receberam doaes de livros, melhorar a qualidade de vida de todos que

    circulam nesses locais e contribuir para a recuperao de pacientes.

    As Salas de Leituras recebem o nome de um escritor do local, escolhido pela

    Editora Record. O nome Salim Miguel, deu-se em decorrncia deste autor, at a ocasio, ser o

    nico escritor catarinense com obras publicadas pela Editora.

    No ms de junho de 2005 o Diretor Administrativo do HU-UFSC, o senhor Nlio

  • 30

    Francisco Schimitt, recebeu do Instituo Oldemburg de Desenvolvimento a oferta de dois

    exemplares de quinhentos ttulos editados pelo Grupo Editorial Record.

    Todo o processo de organizao foi realizado em um perodo muito curto; uma vez

    que a inaugurao havia sido marcada, pelo Instituto Oldemburg, para o dia trinta e um de

    outubro daquele ano, mas, considerado o fato de que o Diretor Geral do HU, Dr. Carlos

    Alberto Justo, estaria ausente nesta data, a inaugurao foi transferida para o dia oito de

    novembro.

    Estiveram presentes na inaugurao: o escritor Salim Miguel; a escritora Egle

    Malheiros; o diretor da editora da UFSC, Prof. Alcides Buss; a diretora da Biblioteca

    Universitria, Sigrid Karin Weiss Dutra; entre outras autoridades.

    A abertura da Sala para os servidores aconteceu no dia vinte e um de novembro de

    2005. No primeiro ms foram cadastrados quarenta e sete funcionrios. A divulgao interna

    foi realizada atravs da distribuio de panfletos, juntamente com um informativo sobre o

    horrio de funcionamento, documentos necessrios para a elaborao do cadastro e normas

    para emprstimos.

    Dois meses aps a inaugurao, o acervo j era de mil e quatrocentas obras. Isso,

    graas s doaes que chegavam quase todos os dias.

    5.2 ORIGEM DO ACERVO

    O acervo da Sala de Leitura proveniente integralmente de doaes. A primeira

    doao, mencionada anteriormente, foi a do Projeto Sala de Leitura.

    As doaes seguintes foram feitas por funcionrios, pacientes e acompanhantes,

    pacientes externos e pessoas que conhecem a Sala. Esses amigos da Sala Salim Miguel

    costumam doar no apenas livros, mas tambm revistas e gibis.

    No incio das atividades o acervo era composto de mil livros. Hoje em dia, so

    aproximadamente mil e oitocentos livros, alm das revistas e gibis. J nos primeiros seis

    meses, o acervo teve um aumento bastante significativo, sessenta e cinco por cento. Sendo

    todas as obras doadas pela comunidade, pelos servidores e pelos pacientes.

  • 31

    5.2.1 Especificaes sobre o acervo

    O acervo composto por livros de escritores nacionais e estrangeiros. No caso da

    doao feita pelo Projeto Sala de Leitura, o nmero de autores estrangeiros maior que o de

    nacionais. J nas doaes feitas por terceiros, h predominncia de autores brasileiros.

    Quanto edio, h obras que vo desde os anos de 1930 at os anos 2000. Sendo o

    maior volume de ttulos nacionais da dcada de 90 e, mais livros estrangeiros dos anos 80.

    No que compete ao gnero de leitura, h muita variedade e possibilidades para atrair

    todas as pessoas. H livros infanto-juvenis, de contos, espiritismo, de esportes, romances de

    diversas nacionalidades, de auto-ajuda, poltica, patologias, de diferentes religies, turismo,

    poesia, culinria, etc.

    O gnero mais procurado pelos pacientes o espiritismo. um tipo de livro que

    oferece uma leitura de auto-ajuda, alm de envolver o enigma em que consiste o outro lado

    da vida. A autora preferida dos usurios Zbia Gasparetto, pois utiliza uma linguagem

    simples, de fcil compreenso e que estimula o gosto pela leitura. Por ser o gnero mais

    procurado, foi feita uma solicitao a uma editora que publica livros espritas. Essa foi a nica

    solicitao de materiais de leitura feita pela Sala. Felizmente a solicitao foi atendida, e a

    maioria dos livros so de autoria de Zbia Gasparetto.

    Todo material de leitura doado recebido pela responsvel da Sala, Eva Maria Seitz,

    que separa aqueles que sero redirecionados para a Associao de Amigos do HU. Esta

    Associao conta com dois sebos, e toda renda arrecadada revertida para o Hospital. A

    responsvel pela Sala faz uma pr-seleo do material recebido, sem isto constituir-se em uma

    poltica de seleo formal.

    Os livros, revistas e gibis, que sero levados no carrinho para os pacientes

    internados, so selecionados pela prpria Eva e, tambm, pela bolsista da Sala.

    De acordo com Eva Maria Seitz, os pacientes tm se mostrado muito receptivos s

    atividades da Sala. Em suas palavras h uma mdia de 20 pacientes e acompanhantes que

    visitam a Sala de Leitura diariamente.

    Os pacientes hospitalizados geralmente sentem-se muito vulnerveis e fragilizados

    emocionalmente. No caso especfico do HU, muitos so do interior do estado, a responsvel

    comentou: todos do SUS (Sistema nico de Sade) e com o nvel scio-econmico baixo, o

  • 32

    que diminui a possibilidade de receberem visitas dirias. Ainda acrescentou: [...] Nesse

    aspecto o livro ajuda muito. No momento da entrega dos livros no quarto dos pacientes,

    alguns ficam em volta do carrinho, possibilitando uma conversa.

    Em geral, de acordo com Eva, possvel notar que os pacientes ficaram mais

    tranqilos depois da implantao do servio de Biblioterapia. Em um outro trecho da

    entrevista ela diz que os pacientes elogiam dizendo: Nossa! Que coisa boa, quem teve essa

    idia? Mas eu nunca vi isso em hospital nenhum; mas isso muito bom; vocs esto de

    parabns!.

    5.3 DA IMPLANTAO AO COTIDIANO

    Nesta parte do trabalho sero apresentados os detalhes do funcionamento da Sala de

    Leitura Salim Miguel. Identificar e compreender os aspectos pragmticos das atividades

    biblioteraputicas so aes imprescindveis para responder pergunta desta pesquisa, ou

    seja, conhecer a metodologia empregada para a realizao da Biblioterapia.

    A primeira providncia para a implantao da Sala de Leitura foi a disponibilizao de

    um espao para poder receber a doao de um acervo com mil obras e quinhentos ttulos,

    divididos de acordo com os seguintes gneros: Literatura Infantil; Literatura Brasileira; Auto-

    Ajuda; Administrao; Esoterismo; Literatura Estrangeira; Cincia Poltica; Msica;

    Sexualidade; Psicanlise.

    Conforme demonstrado abaixo:

  • 33

    Figura 1 Folder patrocinado pelo Projeto Sala de Leitura (verso).

  • 34

    Figura 2 Folder patrocinado pelo Projeto Sala de Leitura (frente).

    Como mencionado no tem referente Sala de Leitura Salim Miguel, a oferta partiu do

    Instituto Oldemburg de Desenvolvimento, com a condio de que o HU/UFSC possusse um

    espao fsico e equipamentos como estantes e mesas.

    Depois de muito tentar identificar um lugar para a Sala, finalmente o Diretor da

    Diviso de Pessoal DAP/UFSC -, Geraldo Botelho Page, cedeu a ento sala de reunies da

    diviso, ficando a seu cargo a adequao do espao para o novo propsito. Para auxiliar nessa

    tarefa, fora solicitada a assessoria de Eva Maria Seitz, tcnica de enfermagem do Servio de

    Controle de Infeco Hospitalar SCIH/HU e com formao em Biblioteconomia.

    Em setembro, o HU recebeu as caixas com os livros, o manual de orientaes para a

    organizao do acervo e a placa para a inaugurao da Sala. A responsabilidade pelo

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    funcionamento da mesma ficou a cargo de Eva Maria Seitz que, alm de ajudar na

    organizao, apresentara como tema de pesquisa do Mestrado Biblioterapia: uma experincia

    com pacientes internados em clnica mdica e, formalizou seu interesse em dirigir a Sala de

    Leitura.

    A abertura da Sala para os servidores aconteceu no dia vinte e um de novembro de

    2005, com servio de emprstimos e orientao na elaborao de pesquisas.

    Figura 3 Sala de Leitura Salim Miguel - Foto cedida por Eva Maria Seitz.

    No ms de fevereiro de 2006, Eva comeou a levar livros para os pacientes internados

    nas Clnicas Mdicas 1, 2 e 3. Para isso, foi necessrio providenciar um carrinho para

    transportar o material de leitura. Este foi idealizado pela prpria Eva, com a colaborao do

    Diretor Geraldo e de uma bolsista.

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