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00222 jornal rumos · Por isso vai uma foto de nós dois. Boni- ... E PARA O MFPC, QUE ENTÃO PODERÁ CONTINUAR ... pena que meu esposo Petrus não pode ler, pois se o fizesse,

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2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Nos dias 21 a 24 de se-tembro de 2011 casais doMovimento das Famíliasdos Padres Casados doBrasil participaram do En-contro da Federação Lati-no-americana dos PadresCasados, em Buenos Aires.O acolhimento da Famíliada anfitriã Clélia Podestádispensa qualquer comen-tário, pois todos nós nossentimos numa verdadeirae única família, afagadospor carinho e atenção, que,apesar do clima frio, o ca-lor humano conseguiu su-perar todas as nossas ex-pectativas.

Na verdade, é mais doque justo ressaltarmos,que assim como a comuni-dade dos discípulos deEmaús soube reconhecer oMessias entre eles, nóssoubemos partilhar o pãoda palavra e o pão da refei-ção. Entendemos, também,que o mesmo Espírito San-to que iluminou tantasmentes durante tantosConcílios na Igreja estavapresente no meio de nós,pois foi o mesmo que nosfez reconhecer Jesus em

EDITORIAL

Prezados(as) leitores.Estamos de volta com

mais uma edição de nossoRumos, a 222 a.

E, desta vez, com boasnovidades:

- Mais um texto - o 4º -preparatório de nosso XIXEncontro Nacional doMFPC em junho 2012;

- VII Encontro LatinoAmericano de Padres Ca-sados, em Buenos Aires,setembro deste ano;

- Lindo encontro dasfamílias de padres casadosem Brasília, final de agostopassado;

- Vários novos assinan-tes argentinos e mexicanosdo nosso jornal Rumos;

- Brasil, país com o me-

nor número (proporcional-mente) de padres no minis-tério;

- Aumenta o número deinscrições para o XIX Encon-tro Nacional do MFPC emFortaleza 2012;

- há uma biblioteca gra-tuita na internet com os me-lhores livros da literaturamundial;

- cardeal do Vaticano exi-ge mudanças e atualizaçõesda Igreja católica;

- revelação da "cara"(foto) e atuação do editor ediagramador do jornal Ru-mos 2008-2012.

Perseveramos na linhaprofética de anúncio e de-núncia junto à nossa ama-da Igreja, com a qual o

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Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2010/2012

Presidente: José Edson da SilvaVice-Presidente: Maria Lucia de Moura1º. Secretário: Enoch Brasil de Matos Neto2º. Secretário: Maria de Fátima Lima Brasil1º. Tesoureiro: José Colaço Martins Dourado2º. Tesoureiro: Maria do Socorro Santos Martins

Organismos de Apoio da AR e Conselho Gestordo Movimento de Padres Casados e suas Famílias:

Presidente da AR - José Edson da SilvaCoordenador do Encontro XIX Encontro Nacio-nal do MFPC - o mesmoModerador do e-grupo padrescasadosJoão Correia TavaresCoordenador do site www.padrescasados.orgEnoch BrasilRepresentante internacionalArmando HolocheskiCoordenador da comissão de teologiaFrancisco Salatiel A. BarbosaCoordenador da Assessoria JurídicaFrancisco Muniz de MedeirosObs. - As respectivas esposas estão incluídas nasfunções acima.Diagramação Rodrigo Maierhofer Macedo

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimes-tral da Associação Rumos/Movimento das Famíli-as dos Padres Casados do Brasil (MFPC). A Asso-ciação Rumos é uma sociedade civil de direito pri-vado, de âmbito nacional, com finalidades assis-tenciais, filantrópicas, culturais e educacionais,sem fins lucrativos.

Conselho Fiscal da AR: Joarez Virgolino Aires e Ausilia Moraes Aires (PR), Luís Guerreiro Pinto Cacais e Irene Ortlieb GuerreiroCacais (DF) e Fernando Spagnolo e Telma Araujo de Oliveira Spagnolo (DF).JORNAL RUMOS:Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz GonzagaJornalista Responsável: Mauro Queiroz (MTb 15025)Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para o e-mail: [email protected] deGilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47-33694672Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores.Assinatura anual:Assinatura anual: R$ 30,00 (trinta reais)Pagamento pelo BANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6 OUBANCO DO BRASIL AGÊNCIA 2850-9 CONTA Nº 1025-1Comunique imediatamente ao nosso tesoureiro José Colaço Martins Dourado por e-mail ([email protected]), por carta (José ColaçoMartins Dourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 - Bairro de Fátima CEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-3334-1876)Associação Rumos:Anuidade de sócio - R$ 120,00 (Cento e Vinte Reais) com direito a assinatura do jornal RumosContribuição para um fundo de ajuda mútua - a partir de R$ 1,00 por mês;Pague sua anuidade exclusivamente através de depósito bancário noBANCO ITAÚ AGÊNCIA: 4453 Nº DA CONTA: 07294-6Remeta cópia do comprovante para José Colaço Martins Dourado por e-mail ([email protected]), por carta (José Colaço MartinsDourado Rua Mário Mamede, 1209 - Aptº 602 - Bairro de Fátima CEP: 60415-000 Fortaleza-CE) ou telefone (85-3334-1876)

Carta do Presidente aos leitores

cada irmão e irmã.Saliento, então, com

muita propriedade, que nossentimos orgulhosos de ha-bitarmos num país chamadoBrasil, com dimensões con-tinentais, e que mesmo as-sim, graças ao esforço e de-dicação de célebres motiva-dores, nos mantemos unidosno mesmo ideal de nos aju-darmos mutuamente, de es-tarmos abertos ao diálogocom a hierarquia e de termosforças para continuar a nos-sa missão de evangelizado-res nas diversas comunida-des. Acreditamos, assim, quetemos muito a oferecer e, aomesmo tempo, muito a apren-der com as experiências dosnossos irmãos latinos.

Dessa forma, no papel dePresidente do Movimentodas Famílias dos Padres Ca-sados no Brasil, em parceriacom minha esposa Lúciaagradecemos aos irmãos ecunhadas que representa-ram com categoria nossoPaís no Encontro: Armandoe Altiva, Dourado e Socor-ro, Gilberto e Aglésia, JoãoTavares e Sofia. O empenhoe dedicação de vocês nos

animam na caminhada enos estimulam a aprendercada vez mais, pois semdúvida foi fácil perceberque a experiência e a bele-za de muitos cabelos bran-cos faz realmente a diferen-ça. Agradeço, ainda, o con-vívio de todos os herma-nos e hermanas, e que sai-bamos sempre cantar como coração humilde e aber-to: "Por isso vem! Entra naroda com a gente... também!Você é muito importante...vem"!

O nosso Encontro Na-cional em Fortaleza em ju-nho de 2012 aguarda debraços abertos a todos vo-cês!

Deus continue abenço-ando a todos nós!!!

José Edson da [email protected]

Caríssimos irmãos e irmãs,saúde e paz!

MFPC deseja colaborar,obedecendo às conclu-sões da Conferência deAparecida, SP.

Aguardamos avalia-ções, críticas construtivas,depoimentos e artigos paraas futuras edições.

Gilberto - [email protected]

Amigos e amigas

Vamos nos preparando, desde já,para participarmos do XIX Encon-tro Nacional do MFPC/AR, em For-taleza CE, ano 2012, dias 27/06 a 01/07!!!

Suas presenças serão importantes!!!

Vocês estão curiosos porconhecer a dupla que "faz"o nosso jornal?

Muitos conhecem a mimGilberto, editor. Moro emPorto Belo, SC. Faço todo otrabalho de pesquisa e cole-ta de matérias e artigos emdezenas de sites e outrasfontes, acrescento algunsartigos que colegas me en-viam, faço a revisão e corre-ção dos textos, reúno-os emuma pasta com o número dapróxima edição, meço o ta-manho de cada um para pre-ver quantos caberão no jor-nal, realizo a seleção e em-paginação (quais matériasem cada página), adicionofotos, e repasso tudo paraum pen-drive a fim de levarao diagramador, na MeiaPraia de Itapema (a 12 km)..

O diagramador RodrigoMaierhofer Macedo vocêsnão conhecem. Por isso vaiuma foto de nós dois. Boni-tinhos, não?... Ele completao trabalho de confecção dojornal: repassa as matériaspara cada uma das 16 pági-

Dupla que “faz” o jornal Rumos

nas, acrescenta as fotos jáexistentes e busca outras noGoogle (internet), e diagra-ma tudo. Isso é demorado eexige grande competência,no que Rodrigo é "MES-TRE".

Tudo pronto, ele impri-me o jornal em papel A4(21x29 cm) para Gilberto rea-lizar uma última revisão. Fei-tas esta revisão, ele encami-nha à tipografia para a im-pressão (lamentavelmentehá poucos assinantes! Você

é um deles?...), e grava nopen-drive de Gilberto o jor-nal em PDF para este enviarpessoalmente e através deJoão Tavares e Enoch o jor-nal eletrônico a três mil lei-tores do mundo inteiro.

Gostaram? Então colabo-rem conosco e assinem o jor-nal impresso. Agradecemos.

Gilberto Luiz Gonzagaeditor

[email protected] Maierhofer [email protected]

CONQUISTEM 2 ASSINANTES

IMPORTANTE, COLEGAS LEITORES: A DIRETORIA DO MFPC DESEJA DUPLICAR* O NÚMERO DE ASSINANTES DO JORNAL RUMOS IMPRESSO.* POR ISSO ESPERAMOS QUE VOCÊS CONQUISTEM 2 (DOIS) OU MAIS.* SERÁ UM PRESENTE PARA QUEM ASSINAR (só 30,00) E PARA O MFPC, QUE ENTÃO PODERÁ CONTINUARCOM O JORNAL.* DESDE JÁ NOSSO MUITO OBRIGADO PELA COLABORAÇÃO!!!* EM NOME DA DIRETORIA,

GILBERTO - EDITOR DO JORNAL.

Jornal RUMOS

3Jornal RUMOS

PÁGINA DOS LEITORES

RECADO

José de Paulo Bessa.Rua das Violetas, 93Bairro Trianon - Cx. Postal 26585.012-180 - GUARAPUAVA - PRRemeti o jornal Rumos a você no endereço abaixo,

mas o correio devolveu-me, dizendo que não consta onúmero indicado.

Favor me telefonar ou enviar e-mail ou carta com seuendereço correto atual.

Gilberto editorFone 47-99835537.Endereço: av. Gov. Celso Ramos 1835. 88210-000 -

Porto Belo - SC

Esta nova edição 221 de nosso Jornal Rumos está "divi-na". Parabéns!

Edson [email protected]

Caro irmão Giba, obrigado pelo envio do nosso JOR-NAL RUMOS.

Grato a você por sua dedicação e carinho ao Movimen-to dos Padres Casados.

Sei que fazer um jornal não é tarefa fácil, mas desempe-nhada com amor e dedicação como você faz, fica mais fácil.

A edição 221 do JORNAL RUMOS, como sempre, estáótima.

Com assuntos e informações de interesse dos padrescasados do Brasil.

Continue firme na caminhada. Nós todos só temos a lheagradecer.

Félix Batista Filho, [email protected]

Obrigado pelo envio, mais uma vez, do jornal Rumos.Leio-o sempre e no todo. Muito bom e substancioso. Nomérito, embora concorde com a maioria das posições, numoutro momento que não aqui, poderíamos conversar sobreuma revisão/análise das estratégias até aqui adotadas, paraconsecução dos objetivos.

Quero te repassar o dinheiro dos jornais enviados.Waltamir Kulkamp

[email protected]

O Jornal Rumos 221dispensa comentário.

Mantém a linha de qualida-de top. Pena que os parcos

recursos nos impossibili-tam de enviá-lo para todos

os bispos do Brasil.Almir Dias Simoes

[email protected]

Amigos, o jornal "Rumos" traz sempre artigos muitoinstrutivos. Parabéns! Leio-o com carinho e atenção. É umapena que meu esposo Petrus não pode ler, pois se o fizesse,certamente faria com alegria.

Nos últimos meses ele está calmo. Dia 5 de agosto cele-bramos os seus 85 anos de vida. Embora acamado, nossentimos alegres por tê-lo em casa.

Continuo ocupando meu tempo livre com orações, lei-turas, bordados, e trabalhando no livro "Histórias para re-fletir", para, quando possível, lançar.

Raimunda Gil [email protected]

Prezado Gilberto, envio à redação do jornal Rumos ar-tigo referente a "padres casados", que necessita de umaresposta. O articulista é salesiano, emérito arcebispo deMaceió.

Agradeço as mensagens do jornal, especialmente asdirigidas à pastoral junto aos leigos.

Clovis Antunes

O Jornal Rumos estáoutro, depois que Giba as-sumiu, ou seja, está ótimo.Vou assiná-lo, sim.

Bruno [email protected]

Parabéns também meus e de Sofia por mais uma boa ebela edição do nosso Jornal Rumos.

João [email protected]

Gostei de ler os artigos do Jornal Rumos. São excelen-tes e alguns muito profundos. Quero louvá-los por isso.

Penso que no Vaticano, a começar pelo Papa, deviamler e refletir.

Os nossos Bispos, a maior parte deles nem sequer lê onosso Espiral, que não tem a categoria do vosso. Vivemnoutras esferas e não têm tempo para meditar nas coisasda vida e da Igreja.

Parabéns e boa continuação.Serafim e Graça Sousa

[email protected]

Me gusta mucho este periódico. Lo leo con muchoagrado y con simpatía sincera.

Tiene un contenido muy humano, y esto es una prue-ba de su gran valor.

Creo sin embargo que, sin cambiar su estilo sencillo yhumano, debería dedicar una atención mayor a la pregun-ta : ¿Qué necesita nuestra época? ¿Qué se pide de noso-tros? ¿Qué tenemos que modificar en nosotros para quelos hombres de hoy encuentren respuesta a los problemasque los inquietan?

Rogelio Ponsard (Argentina)[email protected]

Acesse o site

www.padrescasados.org

- Passei tanto tempo teprocurando, não sabia ondeestavas.

- Olhava o infinito, nãote via e pensava comigomesmo: "Será que Tu exis-tes?" Não me encontrava nabusca e prosseguia.

- Tentava te encontrarnas religiões e nos templos.E Tu não estavas.

- Te busquei através desacerdotes e pastores e nãoTe encontrei.

- Senti-me só e desespe-rado. Te descri. Na descren-ça Te ofendi. Na ofensa, tro-

A melhor definição quejá li...

"Filho é um ser quenos emprestaram para umcurso intensivo de comoamar alguém além de nósmesmos, de como mudarnossos piores defeitospara darmos os melhoresexemplos e de aprender-mos a ter coragem.

Isso mesmo! Ser pai ou

DEUS, ONDEESTÁS?

pecei e caí. Na queda, senti-me fraco. Na fraqueza, pedisocorro. No socorro, encon-trei amigos. Nos amigos en-contrei carinho. No carinho,vi nascer o amor.

- Com o amor vi ummundo novo. No mundonovo, resolvi doar. Doan-do, recebi. Recebendo, mesenti feliz. Feliz, encontreia paz. E com paz, foi quete enxerguei, pois dentrode mim Tu estavas. E semTe procurar... foi que Teencontrei."

Autor desconhecido

FILHO É...Recado aos pais e mães

mãe é o maior ato de cora-gem que alguém pode ter,porque é se expor a todo tipode dor, principalmente da in-certeza de estar agindo cor-retamente e do medo de per-der algo tão amado.

Perder? Como? Não énosso, recordam-se?

Foi apenas um emprésti-mo!"

José Saramago

4 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Nós, Sacerdotes Católicos Casados juntamente com nos-sas esposas, provenientes da Argentina, Brasil, Chile, Equa-dor, México e Paraguai, e com a participação epistolar deBolívia, Colômbia Guatemala e Peru, depois de quatro diasde oração, reflexão, estudo e diálogo, nos dirigimos a vocês,nossos irmãos bispos colocados pelo Espírito Santo paraconduzir a Igreja de Jesus, ao Povo Santo de Deus e a todosas pessoas de boa vontade.

Nestes dias em que vivemos mais que uma época de mu-dança, uma mudança de época cujo sinal são as profundastransformações sociopolíticas, culturais, tecnológicas e eco-nômicas, que afetam principalmente as gerações jovens; emque estamos em vésperas de celebrar o quinquagésimo ani-versário da abertura do Concílio Vaticano II, e em que malcomeçamos a implementar as conclusões da Conferência deAparecida:

1. Comprometemo-nos a aprofundar uma espiritualida-de forte e radical centrada na palavra divina, particularmentenos Evangelhos, mediante a multiplicação de encontros compessoas, famílias e grupos, onde fortaleceremos nossa fé, avi-varemos nossa esperança e intensificaremos nossa caridade,deixando-nos conduzir pelo Espírito Santo, presente semprena história pessoal e coletiva dos crentes em Jesus, e queestá no mundo e se manifesta por sinais.

2. Renovamos nosso compromisso de cristãos e minis-tros ordenados, de viver e exercer nossa participação naMissão de Jesus para a realização de seu Projeto: uma hu-manidade alicerçada em seu Evangelho, devidamente con-textualizado na solidariedade, na justiça e na paz, privilegian-do a opção preferencial pelos pobres e os oprimidos.

3. Propomo-nos intensificar uma comunhão permanente,respeitosa e fraterna com toda a Comunidade de crentes eseus ministros, ao mesmo tempo em que renovamos nossadisposição de servi-la, para o que desejamos promover eintensificar por meio de diálogo fraterno e mútua colabora-ção.

4. Reafirmamos nossa participação com os Organismossupra continentais que nos unificam como grupo, e convoca-mos nossos colegas que vivem isolados a integrar-se em nos-sos grupos nacionais e locais.

5. Externamos nossa abertura para grupos similares e paratodos que se sentem identificados com nossos objetivos, parasomar esforços em prol do bem comum, com um autênticocompromisso social e político.

Clelia Luro de Podestá(ARGENTINA)

Presidente Honorária Vitalícia

Rosita y Mario Mullo, Tere y Lauro Macías(EQUADOR) (MÉXICO)Ex-Presidentes Novos Presidentes

Natalia Bertoldi y Guillermo Schefer(ARGENTINA)

Novos Vice-presidentes

Ivone Gebara, no seu livro'Rompendo o Silêncio' (Vo-zes, 2000), quebra uma lan-

ça a favor do 'gozo de cada dia'.A teologia da libertação tem

insistido muito, e com razão, nosaspectos negativos e até depri-mentes da formação do Brasile da América Latina. O conti-nente anda curvado sob o pesoquase insuportável da opressão.

Gebara faz muito oportuna-mente o contraponto, a partirde sua experiência de vida numbairro periférico de Recife. Elaapresenta a vida como sendoao mesmo tempo perdição esalvação, pecado e graça, pai-xão e ressurreição. Não a glo-riosa ressurreição do fim dostempos, mas a mini ressurrei-ção de cada dia, que dá cora-gem para viver. Um gesto, umolhar, uma mão estendida, tudopode ser a salvação em mo-mentos de sofrimento.

A solidariedade do terceiromundo contrasta vivamentecom a 'nova pobreza' do primei-ro mundo, onde existe muitomenos solidariedade concreta eonde há pessoas que morrem namais completa solidão.

Afinal, mesmo sem teracesso a uma boa educaçãoformal, o povo destas terras vivea teologia da solidariedade comsabedoria, assimila com tranqui-

VII ENCONTRO DA FEDERAÇÃOLATINOAMERICANA

PARA A RENOVAÇÃO DOS MINISTÉRIOS.BUENOS AIRES, ARGENTINA21-24 DE SETEMBRO DE 2011

DOCUMENTO FINAL

O GOZO DE CADA DIA

lidade as contradições na vida,aprende na dura sorte que avida é contraditória, ou seja,bonita e feia ao mesmo tempo.

A cultura popular, ao mes-mo tempo em que manifestaevidente sofrimento, revela nãomenos evidente alegria, umacombinação entre dor e festa,privação e senso de abundân-cia. Cultiva-se um agudo sen-so por pequenos sinais de sal-vação e prazer no meio da fa-vela, da miséria. O que há demais bonito em movimentoscomo o dos Sem Terra (MST)é essa experiência de salvaçãoimediata e instantânea: um ges-to de solidariedade e estima,ajuda e bondade.

O momento presente é mo-mento de salvação. Essa insis-tência no gozo do momento en-contra resistência por parte dasigrejas, que costumam ensinarque o cristão tem de lutar ago-ra para poder gozar depois (nocéu). As igrejas dizem: 'Aindanão é tempo de gozar, é tempode lutar'. Mas isso não funcio-na na vida concreta, pois aí aluta muitas vezes é sem pers-pectiva à vista. A pessoa queluta a vida toda e nunca goza,acaba cansando e finalmenteabandona a 'luta'.

Na sua sabedoria, o povosabe alternar a luta com o gozo.

E Ivone Gebara acrescenta:um dos grandes 'fenômenos' davida nos meios populares estánessa aparente contradiçãoentre um povo sofredor e umpovo extremamente alegre.Como diz o bloco carnavales-co: 'Nós sofre, mas nós goza'.É isso que fascina e atrai aspessoas. Inclusive, penso queé isso, afinal, que constitui osucesso da política de Lula,que conserva na alma a sabe-doria tipicamente popular dovalor das coisas provisórias.

A maturidade e sabedoria dopovo fazem com que as pesso-as não acreditem muito nasmega libertações, mas se ale-grem com as mini libertações decada dia. Sinal de uma admirá-vel capacidade em superar osofrimento por um indestrutívelotimismo, uma coragem paraviver 'aqui e agora', de passarpor cima de muita coisa parapoder viver.

Eis a tática, eis a metodolo-gia. Na medida em que a pes-soa melhora, o mundo melhora.E quando todos melhoram, omundo muda.

Recomendo vivamente o li-vro de Ivone Gebara 'Rompen-do o silêncio'. Leitura que enri-quece!

Eduardo [email protected]

Jornal RUMOS

5Jornal RUMOS

QUEM ESTÁCOM A VERDADE?

O Evangelho vem de JesusCristo. O Evangelho não é reli-gioso. Jesus não tem fundadauma religião, nem ritos, nem temensinado doutrinas, não tem or-ganizado um sistema de gover-no, nada disso. Ele se dedicouexclusivamente ao anúncio e àpromoção do Reino de Deus, oque significa dizer que propôsuma mudança radical de toda ahumanidade em todos os aspec-tos, mudança esta, da qual ospobres são os atores, porque so-mente eles são capazes de atu-ar com sinceridade e autentici-dade para promover um mundonovo. Esta é uma meta política,porque é uma orientação dadaa toda a humanidade.

E a religião? Em primeiro lu-gar, observamos que os discípu-los de Jesus têm criada uma reli-gião a partir d'Ele, porque a reli-gião é indispensável ao ser hu-mano. Não se pode viver sem re-ligião (nos Estados Unidos há38.000 religiões registradas!). Areligião é uma criação humana, éuma mitologia, indispensável à hu-manidade. Em segundo lugar: re-ligião é composta de ritos paraconter as ameaças e assegurar-se de benefícios. As religiões têmpessoas separadas para adminis-trar os ritos e ensinar a mitologia.

Como começou a religião?Quando Jesus foi transforma-do em objeto de culto. O cultoa Jesus vai substituindo o segui-mento de Jesus. Ele nunca pe-diu a seus discípulos um ato deculto, mas queria o seguimen-to. Essa dualidade começa aaparecer uns 40 anos após amorte de Jesus, precisamente apartir de pessoas que já não ti-nham convivido com Ele! (tex-to transcrito de parte da pales-tra de Padre José Comblin em18-03-2010 em San Salvador).

Continuemos esta reflexãocom ajuda de um texto da teó-loga Ivone Gebara:

A Igreja hierárquica institu-cional sempre acreditou e acre-dita numa verdade hierárquica,ou seja, numa verdade que ema-na das hierarquias, de cimapara baixo. Acredita que háuma verdade sobre os sereshumanos e sobre a vida da

"DA IGREJA QUE TEMOS PARA UMA IGREJAÀ LUZ DOCONCÍLIO VATICANO II NA AMÉRICA LATINA"

(Texto n.º 4 para reflexão em preparação para o encontro nacional de MFPC de 2012)

Igreja que é revelada por Deus,sobretudo às autoridades quegovernam a Igreja. São elas quese apresentam como as fiéiscumpridoras dos desígnios divi-nos e responsáveis por sua exe-cução na comunidade dos fiéis.

Nessa cosmovisão imagina-se que exista o mundo de Deus(mundo espiritual) que se con-trapõe ao mundo humano (ma-terial), de forma a ouvirmos comfrequência a frase que contra-põe "os desígnios de Deus e osdesígnios humanos". Esta con-traposição muitas vezes é tiradade seu contexto original proféti-co e é afirmada como uma con-traposição entre uma realidadedesconhecida e uma realidadeconhecida. A realidade desco-nhecida é considerada de Deuse é a mais perfeita. A Igreja temaparentemente domínio sobreesta realidade que não se vê,realidade chamada de espiritu-al. A partir dessa consideraçãoa Igreja hierárquica se afirmacomo a Mestra que convida àobediência às leis da Igreja con-siderada como obediência aosdesígnios divinos. Mas, estesdesígnios apesar de chamadosespirituais incidem sobre a ma-terialidade da vida humana e porisso mesmo revelam toda a suacontradição. Estas ordens ditasdo espírito incidem sobre nossamaterialidade, nossos corposcomo única e complexa realida-de que nos constitui. Esta visão

dominante no passado continuapresente ainda hoje.

Entretanto, sabemos quedesde sempre, na história daIgreja houve movimentos querepresentavam outra concepçãoda verdade. Identificavam averdade ao amor real ao próxi-mo, aos irmãos e irmãs caídosnas estradas da vida, aquelas eaqueles marcados pelo sofri-mento e oprimidos pelas injusti-ças sociais de diferentes tipos.A verdade para eles era a bus-ca da vida digna, a verdade eraa afirmação dos direitos à dig-nidade humana representadapelo acesso às coisas mais bá-sicas que nos permitem viver:comer, beber, vestir, trabalhar,ter moradia digna, ter saúde, terdireitos garantidos, ter acessoaos conhecimentos, viver empaz pareciam ser expressões daverdade humana, ou seja, ex-pressões das coisas das quaisnecessitamos para viver. A ver-dade da vida não é abstrata,mas é relacional, se afirma atra-vés de nossas relações frater-nas e sororais. Esta verdadeconcreta que pessoas como SãoFrancisco de Assis, Santa Cla-ra, São Vicente de Paulo. Só-ror Joana Inês de La Cruz, DomHelder, Dorothy Stang, ChicoMendes, Madre Tereza de Cal-cutá liam na tradição de Jesus,se contrapunha às verdadesdogmáticas e, sobretudo à afir-mação do poder religioso sobre

os fiéis. O poder religioso, qua-se sempre cúmplice dos pode-res políticos e econômicos do-minantes, não pode suportarqualquer afronta ao que julgadesobediência à sã doutrina.Para eles na sã doutrina estavaa verdade e estava a vontadede Deus e o seguimento de Je-sus Cristo. Mas, para o outrolado a verdade não estava nasã doutrina emanada das que-relas reológicas ou dos interes-ses de minorias privilegiados. Asã doutrina era a vida sã, a vidasadia vivida na liberdade e norespeito, na partilha do pão e dovinho, da terra e de seus frutos.Desde os Padres da Igreja seafirmava que a glória de Deusé "o homem de pé", ou seja, ohomem e a mulher vivendo norespeito e na dignidade uns dosoutros. A esta afirmação de féhouve críticas e esforços reite-rados para que ela não fosseconsiderada como ensinamen-to fundamental da vida cristã.Ela podia ser perigosa e amea-çar o poder dos privilegiados. Atendência dominante sempreespiritualizou a verdade assimcom o corpo. Enfatizou que ocorpo era chamado à corrup-ção, à morte e que apenas asalmas seriam salvas na eterni-dade. Entretanto, para o outrolado, o ser humano é uma reali-dade única, indivisível. A verda-de, por sua vez, não é uma fir-mação abstrata, uma ideia na

qual somos obrigados a crer, umensinamento que nos disseramser a verdade revelada sobreDeus ou sobre nossa vida. Mas,a verdade é o irmão caído naestrada, a irmã violentada emseu corpo, os povos expulsos desuas terras, as crianças comfome de pão e de amor, a terradevastada e destruída pela ga-nância de poucos. A verdade éo outro que me interpela. A ver-dade sou eu na minha fragilida-de capaz de ser interpelaçãopara os outros. A verdade é apalavra que ouço nos limites deminha história, uma palavra queme vem dos muitos injustiçadose sofredores de nosso mundo.É esta palavra que é carne e sefaz continuamente carne paraque nossos ouvidos de carnepossam ouvi-la e entende-la. Éesta palavra histórica próximade mim a única capaz de memover para amar o meu próxi-mo. É a palavra criadora denovas relações entre os sereshumanos e toda a criação. Estapalavra é Deus na carne huma-na, seguindo o Prólogo do Evan-gelho de João. É ela a únicacapaz de penetrar os nossos ou-vidos e nos tirar dos excessosde individualismo e da fuga denossa responsabilidade comum.

A verdade institucional mui-tas vezes se debateu com a ver-dade dos corpos feridos e sofri-dos. Era a luta do chamado espí-rito contra a chamada carne. AIgreja hierárquica sentiu-se ame-açada pelos representantes des-ta tendência visto que eles con-trariavam a excelência das dou-trinas e a riqueza vergonhosa dasinstituições religiosas de poder.Nesse sentido todas as denúnci-as provindas não apenas atravésdas palavras, mas dos atos quesignificavam uma recusa ao es-tado de injustiça estabelecida fo-ram consideradas ameaças àsãdoutrina, desobediência aos re-presentantes de Deus e finalmen-te grave desobediência a Deus.Foram até certo ponto conside-rados desvios ou quase mentirasem relação à fé pura pregadapelas instituições.

Comissão temática doMFPC - CE

Encontro nacional doMFPC de 2012

6 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

BRASIL TEM A MENOR PROPORÇÃODE PADRES DO MUNDO CATÓLICO

FICHA DE INSCRIÇÃO AO XIX ENCONTRO NACIONAL DO MFPC

DADOS PESSO AIS

Categoria da Inscrição: [ ] Casal [ ] Individual Nome(s) completo(s): _____________________________________________ _____________________________________________ Homem: CPF Mulher: CPF

RG: Data de nasc:___/___/___ RG: Data de nasc:___/___/___

Possui algum tipo de restrição alimentar? • Homem [ ] sim [ ] não Qual? __________________________ • Mulher [ ] sim [ ] não Qual? __________________________

Apresenta algum problema de saúde?

• Homem [ ] sim [ ] não Qual?_____________________________ • Mulher [ ] sim [ ] não Qual?_____________________________

Qual o plano de saúde? Homem: _______________ Mulher:__________________ Endereço residencial: Nº

Complemento: Bairro: CEP:

Cidade: Estado:

MEIOS DE CONTATO Telefone Residencial: [ ] _______________ Telefone Celular: [ ] _______________ Telefone do Trabalho [ ] _______________

Fax: [ ] _______________

Emails:

FORMAÇÃO E OCUPAÇÃO PROFISSIONAL E/OU TRABALHO NA COMUNIDADE • Homem:

Formação:___________________ Ocupação:____________________ • Mulher:

Formação:___________________ Ocupação:____________________

Exerce alguma atividade Pastoral na comunidade ou de Ação Social? • Homem [ ] Sim [ ] Não Qual: _________________________ • Mulher [ ] Sim [ ] Não Qual: _________________________

Expectativas em relação ao XIX Encontro Nacional do MFPC? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________

Dados de 2006, doC e r i s / C N B B ,mostram que a

proporção de padres noBrasil é a mais baixa domundo entre os paísescatólicos e é insuficientepara atender todos os ca-tólicos do país. Enquantono Brasil há 18.685 pa-dres, uma média de umsacerdote para mais de 10mil habitantes, na Itália,existe um padre para milhabitantes.

A proporção do Brasilfica atrás de países comoos Estados Unidos (umpadre para 6,35 mil habi-tantes) e a Alemanha (umpadre para cada 4,5 mil).Mesmo na América Lati-na, o problema enfrenta-do pelo Brasil fica eviden-te nos números. A Argen-tina tem um sacerdotepara cada 6,8 mil e a Co-lômbia, um para cada 5,6mil. A média do México,o segundo maior país ca-tólico do mundo, apesar desuperior, é a que mais seaproxima da do Brasil: umsacerdote para cada 9,7mil habitantes.

Numa tentativa de en-frentar a situação das pa-róquias sem sacerdotes,impedidas de celebrar aEucaristia, o papa Bento16 recomendou a renova-ção da pastoral de voca-ções e a melhor distribui-ção do clero no mundo.

A ideia de ordenar ho-mens casados foi rejeita-da, reafirmando o valor docelibato sacerdotal.

"Situação dolorosa""Não tem nada para

redistribuir. Faltam padresno Brasil, no terceiro mun-do e também no primei-ro", assinala o vaticanistaMarco Politi. "Os bisposdiscutiram este assunto".Mas não tiveram a cora-gem de aprovar a ordena-ção de homens casados devirtude reconhecida, queestariam dispostos a ter aordem sacerdotal e ame-nizariam o problema dafalta de vocação.

No documento Sacra-

mentum Caritatis, assina-do pelo papa Bento 16, aescassez de padres é con-siderada "situação doloro-sa". "Isto acontece não sóem algumas zonas de pri-meira evangelização, mastambém em muitos paísesde tradição cristã", diz odocumento.

O papa recomendaque os padres tenhammaior disponibilidade parase deslocar a paróquiascom problemas de escas-sez e o envolvimento dasfamílias, educando e in-centivando os filhos à vo-cação sacerdotal. Bento16 sugere também umesforço dos fiéis, para quese desloquem a uma dasigrejas da diocese ondeestá garantida a presen-ça do sacerdote.

Segundo especialis-tas, a Igreja no País nãosofre apenas com a es-cassez de padres, mastambém com a baixa for-mação educacional dosnovos seminaristas.

"Celibato"Segundo o especialis-

ta em religiões Aldo Na-tale Terrin, professor deAntropologia e Históriadas Religiões da Univer-sidade Católica de Milão,mais homens se dedicari-am ao sacerdócio se ti-vessem permissão para secasar. "Enquanto o Vati-

cano insistir que é possí-vel manter o celibato, onúmero do clero perma-necerá insuficiente e oscrimes sexuais envolven-do padres seguirão acon-tecendo", disse Terrin àBBC Brasil.

"Sabe-se que 50% dossacerdotes brasileiros têmamantes. Esta prática sul-americana de não cum-prir o voto de castidadeestá se espalhando pelaEuropa e pelos EstadosUnidos", afirmou Terrin."A igreja não faz nada".

Uma pesquisa divulga-da em 2004 pelo Cerissobre o perfil dos padresbrasileiros já apontava adimensão do problema:41% deles confirmaramter tido "envolvimento afe-tivo com mulheres".

'Qualidade'Apesar de a Igreja so-

frer com a falta de voca-ções sacerdotais no mai-or país católico do mun-do, em números absolutos,a quantidade de padres noBrasil tem aumentado nosúltimos anos. Em 2004, deacordo com o Anuário doVaticano, eram 16.853sacerdotes. Quatro anosantes, 13.824. Mas parachegar ao mesmo pata-mar da Itália, o Brasil pre-cisaria de pelo menos 200mil padres.

"Além dos números, é

importante pensar emqualidade", diz Luiz Fe-lipe Pondé, professor deteologia da PUC-SP."Tenho notado um gran-

de número de jovensinexperientes nos semi-nários, com formaçãoeducacional e intelectu-al insuficiente para quem

entra num curso de filo-sofia ou teologia". Se-gundo Pondé, muitostêm problemas psicológi-cos, de convivência edesconhecimento da re-alidade. A diferença éque a Igreja conseguiaarregimentar pessoascom um nível intelectualmais alto em outras épo-cas. Hoje, tem dificulda-des de constituir um altoclero mais significativo.

Conforme aponta operfil traçado pelo Ce-ris, a maioria dos padresbrasileiros vem do su-deste (45%) e do sul(25%), tem media de 51anos, e 56% nasceramna zona rural.

Para mais informa-ções, visiste o site da BBCBrasil

Valquíria ReyBBC Brasil

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7Jornal RUMOS

MENSAGENS MEDIÚNICAS DE DOM HÉLDER?

Recentemente foi lança-do no mercado culturalum livro mediúnico

trazendo as reflexões de umpadre depois da morte, atri-buído, justamente, ao Espíri-to Dom Helder Câmara, bis-po católico, arcebispo eméri-to de Olinda e Recife, desen-carnado no dia 28 de agostode 1999, em Recife (PE).

O livro psicografado pelomédium Carlos Pereira, da So-ciedade Espírita Ermance Du-faux, de Belo Horizonte, cau-sou muita surpresa no meio es-pírita e grande polêmica entreos católicos. O que causoumais espanto entre todos foi aparticipação de Marcelo Bar-ros, monge beneditino e teólo-go, que durante nove anos foisecretário de Dom Helder Câ-mara, para a relação ecumêni-ca com as igrejas cristãs e asoutras religiões.

Marcelo Barros secretariouDom Helder Câmara no perí-odo de 1966 a 1975 e tem 30livros publicados. Ao prefaciaro livro Novas Utopias, do es-pírito Dom Helder, reconhe-cendo a autenticidade do co-municante, pela originalidadede suas ideias e, também, pelalinguagem, é como se a IgrejaCatólica viesse a público reco-nhecer o erro no qual incorreumuitas vezes, ao negar a vera-cidade do fenômeno da comu-nicação entre vivos e mortos,e desse ao livro de Carlos Pe-reira, toda a fé necessáriacomo o Imprimatur do Vatica-no. É importante destacar, ain-da, que os direitos autorais dolivro foram divididos em par-tes iguais, na doação feita pelomédium, à Sociedade EspíritaErmance Dufaux e ao Institu-to Dom Helder Câmara, deRecife, o que, aliás, foi aceitopela instituição católica, semqualquer constrangimento.

No prefácio do livro apare-ce também o aval do filósofo eteólogo Inácio Strieder e a opi-nião favorável da historiadora epesquisadora Jordana Gonçal-ves Leão, ambos ligados à IgrejaCatólica. Conforme eles mes-mos disseram, essa obra talveznão seja uma produção direcio-nada aos espíritas, que já con-vivem com o fenômeno da co-municação, desde a codificaçãodo Espiritismo; mas, para umagrandiosa parcela da população

dentro da militância católica,que é chamada a conhecer averdade espiritual, porque "ostempos são chegados", estesensinamentos pertencem à na-tureza e, consequentemente, atodos os filhos de Deus.

A verdade espiritual não épropriedade dos espíritas ou deoutros que professam estes en-sinamentos e, talvez, porque,tenha chegado o momento daIgreja Católica admitir, publica-mente, a existência espiritual, avida depois da morte e a comu-nicação entre os dois mundos.

Na entrevista com DomHelder Câmara, realizada peloseditores, ele respondeu (entreoutras) às seguintes perguntas:

Dom Helder, mesmo navida espiritual, o senhor sesente um padre?

Não poderia deixar de mesentir padre, porque minhaalma, mesmo antes de voltar,já se sentia padre. Ao deixar aexistência no corpo físico, con-tinuo como padre porque pen-so e ajo como padre. Minhaconvicção à Igreja Católicapermanece a mesma, amplia-da, é claro, com os ensinamen-tos que aqui recebo, mas con-tinuo firme junto aos meus ir-mãos de Clero a contribuir, na-quilo que me seja possível,para o bem da humanidade.

Do outro lado da vida osenhor tem alguma facilida-de a mais para realizar seutrabalho e exprimir seu pen-samento, ou ainda encontramuitas barreiras com o pre-conceito religioso?

Encontramos muitas bar-reiras. As pessoas que estãodo lado de cá reproduzem oque existe na Terra. Os mes-mos agrupamentos que se for-mam aqui se reproduzem naTerra. Nós temos as mesmasdificuldades de relacionamen-to, porque os pensamentoscontinuam firmados, cristaliza-dos em crenças em determi-nados pontos que não levam anada. Resistem à ideia de evo-lução dos conceitos. Mas, agrande diferença é que, porestarmos com a vestimenta doespírito, tendo uma consciên-cia mais ampliada das coisas,podemos dirigir os nossos pen-samentos de outra maneira eassim influenciar aqueles queestão na Terra e que vibramna mesma sintonia.

Como o senhor está au-xiliando nossa sociedade nacondição de desencarnado?

Do mesmo jeito. Nós temosas mesmas preocupações comaqueles que passam fome, queestão nos hospitais, que são in-justiçados pelo sistema que sub-trai liberdades, enriquece a pou-cos e colocam na pobreza e namiséria muitos; todos aquelesdesvalidos pela sorte. Nós jun-tamos a todos que pensam se-melhantemente a nós, em tare-fas enobrecedoras, tentandocolaborar para o melhoramen-to da humanidade.

Qual foi a sua maior alegriadepois de desencarnado?

Eu já tinha a convicção deque estaria no seio do Senhor eque não deixaria de existir. Po-der reencontrar os amigos, osparentes, aqueles aos quais de-votamos o máximo de nossoapreço e consideração e conti-nuar a trabalhar, é uma grandealegria. A alegria do trabalhopara o Nosso Senhor JesusCristo.

O senhor, depois de de-sencarnado, tem estado comfrequência nos Centros Es-píritas?

Não. Os lugares mais co-muns que visito no plano físicosão os hospitais, as casas desaúde; são lugares onde o so-frimento humano se faz presen-te. Naturalmente vou à igreja,a conventos, a seminários, re-encontro com amigos.

O senhor já era reencar-nacionista antes de morrer?

Nunca fui reencarnacionis-ta, diga-se de passagem. Não

tenho sobre este ponto um tra-balho mais desenvolvido.

Qual é o seu objetivo emescrever mediunicamente?

Mudar, ou pelo menos con-tribuir para mudar a visão queas pessoas têm da vida, paraque elas percebam que con-tinuamos a existir e que essanova visão possa mudar pro-fundamente a nossa maneirade viver.

O senhor acredita que aIgreja Católica irá aceitarsuas palavras pela mediu-nidade?

Não tenho esta pretensão.Sabemos que tudo vai evoluire que um dia, inevitavelmente,todos aceitarão a imortalidadecom naturalidade, mas é de-mais imaginar que um livro pos-sa revolucionar o pensamentoda nossa Igreja. Acho que te-remos críticas, veementes até,mas outros mais sensíveis ad-mitirão as comunicações. Esteé o nosso propósito.

Qual seu pensamento so-bre o papado na atualidade?

Muito controverso esse as-sunto. Estar na cadeira de Pe-dro, representando o pensa-mento maior de Nosso SenhorJesus Cristo, é uma responsa-bilidade enorme para qualquerser humano. Eu posso ter umavisão ideológica de como po-deria ser a organização daIgreja; defendi isso duranteminha vida. Mas tenho queadmitir, embora acredite nestavisão ideal da Santa Igreja, queas transformações pelas quaisdevemos passar merecem cui-dado, porque não podemos dar

sobressaltos na evolução.Queira Deus que o atual PapaRatzinger (Bento XVI) possater a lucidez necessária parapoder conduzir a Igreja ao des-tino que ela merece.

O senhor teria algumasugestão a fazer para que aIgreja cumpra seu papel?

Não preciso dizer maisnada. O que disse em vida físi-ca, reforço. Determinados po-sicionamentos que tomamos,podem não estar em seu me-lhor momento de implantação,principalmente por uma conjun-tura de fatores que daqui per-cebemos. Isto não quer dizerque não devamos ter como re-ferência os nossos principaisideais e, sempre que possível,colocá-los em prática.

Que mensagem o senhordaria especificamente aoscatólicos agora, depois damorte?

Que amem, amem muito,porque somente através doamor vai ser possível trazerum pouco mais de tranquili-dade à alma. Se nós não ten-tarmos amar do fundo dosnossos corações, tudo setransformará numa angústiaprofunda. O amor, conformenos ensinou o Nosso SenhorJesus Cristo, é a grande molasalvadora da humanidade.

Que mensagem o senhordeixaria para os religiososde uma maneira geral?

Que amem. Não há outramensagem senão a mensa-gem do amor. Ela é a únicae principal mensagem que sepode deixar.

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Jornal RUMOS

Rebelião de centenasde padres austríacos

Num documento pu-blicado em junho, 329párocos austríacos(dos 2 mil padres cató-licos), de forma coleti-va e pública, antepõemsua consciência às nor-mas oficiais da Igreja,para o bem das comu-nidades a eles confia-das. Afirmam que vãodesobedecer às regrasdo Vaticano em váriasáreas, incluindo dar acomunhão a não cató-licos e a pessoas divor-ciadas e a recasadas.

Os padres apelaramainda ao fim do celiba-to obrigatório e à or-denação de [email protected]

DOCUMENTOA rejeição de Roma

NÃO HÁ OBSTÁCULOS TEOLÓGICOS À ORDENAÇÃO DE MULHERES

Estando em Portu-gal, pude acompa-nhar pela impren-

sa a repercussão que teveuma entrevista que ocardeal patriarca de Lis-boa, D. José Policarpo,concedeu, em 13 de maioúltimo, a Ana IsabelCabo, depois publicadano Boletim da Ordem dosAdvogados, número 78,Maio de 2011.

A entrevistadora pôs-lhe esta questão: "As mu-lheres não podem ocuparcargos de responsabilida-de na Igreja Católica.Qual a sua perspectiva?"Resposta do cardeal: "Asua afirmação não é exa-ta... O problema que foiposto recentemente é o dosacerdócio ministerial. Ti-rando isso, houve períodosem que as mulheres foramabsolutamente decisivas...Acho que este é um falsoproblema... Uma vez, numcontexto de um encontrointernacional sobre a NovaEvangelização, em Viena,foi lançada esta pergunta:"Por que é que as mulhe-res não podem ser pa-dres"? e eu disse que nãohá neste momento nenhumpapa que tenha poder para

DESOBEDIÊNCIA PARA RENOVAR A IGREJA

isso. Isso traria tensões esó acontecerá se Deusquiser que aconteça e seestiver nos planos dele,acontecerá... O Santo Pa-dre João Paulo II, a certaaltura, pareceu dirimir aquestão. Penso que a ques-tão não se dirime assim;teologicamente não há ne-nhum obstáculo funda-mental; há esta tradição,digamos assim... nunca foide outra maneira."

Sublinhando, a entre-vistadora recalcou: "Doponto de vista teológiconão há nenhum obstácu-lo..." D. José Policarpocontinuou: "Penso quenão há nenhum obstáculofundamental. É uma igual-dade fundamental de to-dos os membros da Igre-ja. O problema põe-senoutra ótica, numa fortetradição, que vem desdeJesus, e na facilidade comque as Igrejas reformadasforam para aí. Isto nãofacilitou a solução do pro-blema, se é que o proble-ma tem solução. Não écom certeza para a nossavida, hoje então, no mo-mento que estamos a vi-ver é um daqueles proble-mas que é melhor nem

levantar... suscita umasérie de reações".

E as reações surgi-ram. Para mais, poucoantes, no início de maio,um bispo australiano tinhasido demitido por causa domesmo tema. WilliamMorris, bispo de Too-woomba, admitira em2006 que a questão daordenação de mulherespoderia ser debatida. Nacarta em que lhe comuni-cava a demissão, BentoXVI lembrava-lhe que adoutrina sobre o tema é"infalível".

No "Vatican Insider",um jornal italiano lançadopelo diário "La Stampa",o vaticanista Andrea Tor-nielli escrevia que as de-clarações do cardeal iamcontra o que afirmaramJoão Paulo II e BentoXVI.

Perante as reações eaté mesmo indignaçãosuscitadas, D. José Poli-carpo emitiu, em 6 de ju-lho, um "esclarecimento"onde afirma ter sido obri-gado a "olhar para o temacom mais cuidado", aoverificar que não levou"na devida conta as últi-mas declarações do Ma-

gistério sobre o tema",dando assim "azo a essasreações".

Não houve, porém, sóreações às declarações dopatriarca de Lisboa. Hou-ve também expressões desintonia. "Não me repug-na nada ordenar mulhe-res", afirmou D. JanuárioTorgal Ferreira, bispo dasForças Armadas, "nada éfechado". O tema deve seralvo de investigação pelaTeologia. "O espírito de fi-delidade e de comunhãonão me desobriga do estu-do e de palmilhar novoscaminhos". E o bispo lem-brou que a posição de JoãoPaulo II, que declarou a

exclusividade do sacerdó-cio masculino como assun-to fechado, não é um dog-ma. "É afirmado que, sobo ponto de vista teológico,não há nenhum obstáculofundamental. É também aminha convicção", disse obem conhecido teólogodominicano, frei BentoDomingues. "A Igreja Ca-tólica é a única grande ins-tituição do Ocidente quediscrimina as mulheres",pondera o padre AnselmoBorges, professor de An-tropologia Filosófica naUniversidade de Coimbra.Essa questão, diz, "deve serrapidamente revista". Einterpreta o "esclarecimen-

to" de D. José Policarpocomo um recuo face àspressões do "poder centraldo Vaticano". É essa tam-bém a visão do padre Car-reira Neves, professorjubilado da UniversidadeCatólica. "D. José Poli-carco foi obrigado a re-tratar-se, porque não éapenas um teólogo. É umcardeal da Igreja e esteassunto é muito sensível.Deve ter havido pressõesnesse sentido", admite oprofessor.

Assim anda a liberda-de de pensamento naIgreja Católica. João Pau-lo II quis dirimir a ques-tão de uma maneira ina-dequada, decidindo tornar"definitiva" uma soluçãoque não o era. Nada sepode deduzir dos Evange-lhos a esse respeito. Pelocontrário, algo nos diz aliberdade criativa dos pri-meiros cristãos que, semdogmas e decisões infalí-veis, tão bem souberamaproveitar os variadoscarismas de homens emulheres, segundo as ne-cessidades das comunida-des crentes.

Luís [email protected]

para uma reforma daIgreja, aguardada por umlongo tempo e a inativida-de dos nossos Bispos, nãosó nos permitem, mas nosobrigam a seguir nossaconsciência e agir de for-ma independente.

Nós, sacerdotes, quere-mos estabelecer no futuro,os seguintes programas:

1. Nós rezaremos em

todas as massas, uma ora-ção para reformar a Igre-ja. Apoiados na palavra-da Bíblia: pedi e recebe-reis. Diante de Deus, háliberdade de expressão.

2. Não rejeitaremos,em princípio, a Eucaristiaaos fiéis de boa vontade.Isso se aplica especial-mente a divorciados emsegundo casamento, a

membros de outras igrejascristãs e em alguns casos,também aos católicos quedeixaram a Igreja.

3. Evitaremos cele-brar, na medida do possí-vel, aos domingos e diasde festa, mais do que umamissa, ou autorizar sacer-dotes não residentes ou depassagm. Mais vale umaliturgia da palavra organi-zada localmente.

4. No futuro, celebra-remos a liturgia da pala-vra com a distribuição dacomunhão como uma "Eu-caristia sem sacerdote" eassim a chamaremos.Desta forma atendere-mos nosso dever domini-cal em tempos de escas-sez de sacerdotes.

5. Também rejeita-mos a proibição de pregar,imposta para leigos com-petentes e qualificados e

professores de religião.Especialmente em temposdifíceis, é necessárioanunciar a palavra deDeus.

6. Comprometer-nos-emos a que cada paróquiatenha sua própria cabeçaresponsável: homem oumulher, casado ou soltei-ro, em tempo parcial oucompleto. Isso, no entan-to, não se fará através defusões de paróquias, masatravés de um novo mo-delo do sacerdote.

7. Por esta razão, nósusaremos todas as oportu-nidades para nos pronun-ciarmos publicamente emfavor da ordenação demulheres e de pessoascasadas. Vemo-los comoparceiras e parceiros bem-vindos ao serviço pastoral.

Somos, por outro lado,solidários com os colegas

que por terem casado jánão podem exercer suasfunções, e também com osque embora mantenhamuma relação (matrimonial)continuam a prestar seusserviços como sacerdotes.

Ambos os grupos, comsua decisão, seguem a suaconsciência, como faze-mos nós com nosso pro-testo. Nós os vemo-los,assim como ao Papa e aosBispos, como "irmãos".Não sabemos o que maisse deve exigir da Frater-nidade. Um é o nossoMestre, e nós somos to-dos irmãos. E "irmãs", sedeveria dizer também en-tre as cristãs e os cristãos.

É por isso que nos insur-gimos, é isso que queremosque aconteça, é por isso quequeremos orar. Amém.

Domingo da Trindade,19 de junho de 2011.

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9Jornal RUMOS

IGREJA EM DUPLA EMIGRAÇÃO

BENTO XVI EM MADRID PAPA É ACUSADO DE ESCONDER SITUAÇÃODE EMERGÊNCIA DA IGREJA

1. É normal que o Papa,representando a unidade daIgreja, queira encontrar-se edialogar com aqueles porquem é responsável na con-dução da fé e na dignidade,para animá-los e fortalecê-los.

2. Também a mim "me nãoparece ideal vir (de fato) comoChefe de Estado, sendo rece-bido como tal pelas autorida-des máximas do Estado; de-veria ter vindo como simplesperegrino, em viagem 'priva-da', não oficial".

Qualquer cristão reflexivoterá já sido assaltado pela per-gunta: como foi possível o mo-vimento iniciado por Jesus,crucificado por uma coligaçãode interesses religiosos e polí-ticos de Jerusalém e Roma, terchegado até um Papa Chefede Estado? Mas, dada estaherança histórica, que sejabem utilizada, por exemplo,para defender de modo eficazos mais pobres entre os po-

Deixo aí algumas notas, acompanhado,aqui e ali, do teólogo Xabier Pikaza.

O teólogo e dissidente re-ligioso suíço HansKüng criticou o papa

Bento XVI por "esconder a situ-ação de emergência" da IgrejaCatólica, que "se encontra doen-te do sistema romano" e compa-rado o pontífice com VladimirPutin, o primeiro-ministro russo.

"A vida eclesiástica colapsouem nível de paróquia", afirmaKüng por ocasião da visita do papaesta semana à Alemanha em en-trevista adiantada neste domingopela revista "Der Spiegel".

O teólogo suíço, ao qual oVaticano retirou em 1979 a li-cença para ensinar teologia ca-tólica, considera que "a hierar-quia eclesiástica não teve atéagora a coragem de admitir sin-ceramente e às claras a reali-dade da situação".

Professor emérito da Uni-versidade de Tübingen, no sul daAlemanha, Küng afirma que asimagens dos grandes atos pro-tagonizados pelo papa não fazemmais do que mostrar de maneira

Atualmente há muita de-solação com referên-cia à Igreja Católica

institucional. Verifica-se umadupla emigração: uma exterior,pessoas que abandonam con-cretamente a Igreja e outra in-terior, as que permanecem nela,mas não a sentem mais comoum lar espiritual. Continuam acrer apesar da Igreja.

E não é para menos. O atu-al Papa tomou algumas iniciati-vas radicais que dividiram ocorpo eclesial. Assumiu umarota de confronto com dois im-portantes episcopados, o ale-mão e francês, ao introduzir amissa em latim; elaborou umaesdrúxula reconciliação com aIgreja cismática dos seguidoresde Lefebvre; esvaziou as prin-cipais intuições renovadoras doConcílio Vaticano II, especial-mente o ecumenismo, negando,ofensivamente, o título de "Igre-ja" às demais Igrejas que nãosejam a Católica e a Ortodoxa;ainda como Cardeal mostrou-segravemente leniente com ospedófilos; sua relação para coma AIDS beira os limites da de-sumanidade. A atual Igreja Ca-tólica mergulhou num inverno

bres. Suponhamos que o Papa,em termos a definir, desem-barcava na Somália para umapelo ao mundo e alívio daque-la desgraça inominável?

3. Nas visitas oficiais doPapa, são inevitáveis aprovei-tamentos político-partidários eambiguidades e até equívocos,que podem prejudicar a laici-dade do Estado.

De fato, a visita não foi fi-nanciada pelo Estado e é pre-ciso reconhecer que economi-camente a Espanha não per-deu. Apesar disso, continuaPikaza, "penso que do ponto devista cristão é pouco claro quegrande parte dos gastos seja fi-nanciada por uma 'cúpula eco-nômica' de tipo capitalista. Tra-ta-se de algo legal, mas cristã-mente perigoso, pois coloca aIgreja nas mãos do grande ca-pital, dificultando muito a suatarefa de denúncia profética, nalinha de Jesus".

ANSELMO BORGES

enganosa uma igreja poderosa."Enquanto isso se sabe que

esses atos não fornecem pratica-mente nada às paróquias", comen-ta o teólogo, que no passado tra-balhou estreitamente com JosephRatzinger, o atual Bento XVI.

Além disso, critica o papapor cultivar "um culto pessoalsem igual, que se encontra emcontradição com o que pode ser

lido no Novo Testamento".Por isso explica que exis-

tem "similitudes estruturais epolíticas" entre o primeiro-mi-nistro russo e a política de res-tauração dos papas na SantaSé depois do Concílio Vatica-no II, que na realidade condu-ziu a uma renovação do enten-dimento ecumênico.

Berlim, 18 set (EFE)

rigoroso. A base social de apoioao modelo velhista do atualPapa é constituída por gruposconservadores, mais interessa-dos nas performances mediá-ticas, na lógica do mercado, doque propor uma mensagemadequada aos graves proble-mas atuais. Oferecem um"cristianismo-prozac", aptopara anestesiar consciênciasangustiadas, mas alienado faceà humanidade sofredora e àsinjustiças mundiais e a situaçãodegradada da Terra.

Urge animar estes cristãosem vias de emigração comaquilo que é essencial aoCristianismo. Seguramentenão é a Igreja que não foiobjeto da pregação de Jesus.Ele anunciou um sonho, oReino de Deus, em contrapo-sição com o Reino de César,Reino de Deus que representauma revolução absoluta dasrelações desde as individuaisaté as divinas e cósmicas.

O Cristianismo compareceuprimeiramente na história comomovimento e como o caminhode Cristo. Ele é anterior a suasedimentação nos quatro evan-gelhos e nas doutrinas. O cará-

ter de caminho espiritual é umtipo de cristianismo que possuiseu próprio curso. Geralmentevive à margem e, às vezes, emdistância crítica da instituiçãooficial. Mas nasce e se alimen-ta do permanente fascínio pelafigura e pela mensagem liber-tária e espiritual de Jesus deNazaré. Inicialmente tido como"heresia dos Nazarenos" (At24,5) ou simplesmente "heresia"(At 28,22) no sentido de "gru-pelho", o Cristianismo foi lenta-mente ganhando autonomia atéseus seguidores, nos Atos dosApóstolos (11,36), serem cha-mados de "cristãos."

O movimento de Jesus cer-tamente é a força mais vigoro-

sa do Cristianismo, mais que asIgrejas, por não estar enquadra-do nas instituições ou aprisiona-do em doutrinas e dogmas. Écomposto por todo tipo de gen-te, das mais variadas culturas etradições, até por agnósticos eateus que se deixam tocar pelafigura corajosa de Jesus, pelosonho que anunciou, um Reinode amor e de liberdade, por suaética de amor incondicional, es-pecialmente aos pobres e aosoprimidos e pela forma comoassumiu o drama humano, nomeio de humilhações, torturas eda execução na cruz. Apresen-tou uma imagem de Deus tãoíntima e amiga da vida, que é di-fícil furtar-se a ela até por quemnão crê em Deus. Muitos che-gam a dizer: "se existe um Deus,este deve ser aquele que traz ostraços do Deus de Jesus".

Esse cristianismo como ca-minho espiritual é o que real-mente conta. No entanto, demovimento, ele muito cedo ga-nhou a forma de instituição re-ligiosa com vários modos deorganização. Em seu seio seelaboraram as várias interpre-tações da figura de Jesus quese transformaram em doutrinas

e foram recolhidas pelos atuaisevangelhos. As igrejas, ao as-sumirem caráter institucional,estabeleceram critérios de per-tença e de exclusão, doutrinascomo referência identitária eritos próprios de celebrar.Quem explica tal fenômeno é asociologia e não a teologia. Ainstituição sempre vive em ten-são com o caminho espiritual.Ótimo quando caminham jun-tas, mas é raro. O decisivo é,no entanto, o caminho espiritu-al. Este tem a força de alimen-tar uma visão espiritual da vidae de animar o sentido da cami-nhada humana.

O problemático na Igrejaromano-católica é sua preten-são de ser a única verdadeira.O correto é todas as igrejas sereconhecerem mutuamente,pois todas revelam dimensõesdiferentes e complementaresdo Nazareno. O importante éque o cristianismo mantenhaseu caráter de caminho espiri-tual. É ele que pode sustentara tantos cristãos e cristãs faceà mediocridade lamentável e àirrelevância histórica em quecaiu a Igreja atual

Leonardo Boff

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Jornal RUMOS

MARX E AS RELIGIÕES

DALAI LAMA PREGA SECULARISMO MORAL

Quando se recordaMarx, muitos religio-sos se assustam. Ele

é considerado um dos críticosmais virulentos das religiões. Éuniversalmente reconhecida suadeclaração de que "a religião éo ópio do povo". Além disso,descrevendo a exploração dostrabalhadores proletarizados emmeados do século XIX, mostraas opressões no mundo do tra-balho no início da industrializa-ção dos países europeus. Paraexplicar o sofrimento e as in-justiças causadas por essasopressões, Marx explica queestas opressões correspondema correntes (de exploração) queoprimem aos trabalhadores.

E o que fazem as religiões?Em vez de denunciarem essascorrentes e ensinaremaos ho-mens a se libertarem de suasalgemas, plantam flores queencobrem as misérias da opres-são. Estas flores, isto é, os en-sinamentos religiosos consola-dores, que prometem o paraísona outra vida, como que anes-tesiam o instinto de revolta dos

trabalhadores frente às injusti-ças dos donos do poder econô-mico capitalista.

Desta forma, novamente, asreligiões alienam os trabalhado-res frente à sua realidade de in-justiças e opressão. Mesmo comesta compreensão, Marx não setransforma simplesmente numantirreligioso ou ateu militante.Está ciente que não adiante ar-rancar as flores que recobrem ascorrentes. Pois sem as flores ascorrentes da opressão seriam ain-da mais cruéis e desumanas, jáque privariam os trabalhadores desuas imaginárias ilusões de fugada realidade e refúgio na espe-rança de um paraíso, sem opres-sões e injustiças, depois desta vidaneste vale de lágrimas. Marx con-fia que as formas de alienaçãoreligiosa recuariam automatica-mente na medida em que o ho-mem conseguisse quebrar as al-gemas que o acorrentam.

Para compreender bemMarx é preciso situá-lo em seutempo. O que ele realmente cri-tica é a expressão religiosa deseu mundo cultural, quando im-

peradores e reis, em nome dareligião, justificavam o seu po-der e o poder econômico daburguesia, dona dos meios deprodução. No mundo do traba-lho ainda não havia leis, nemrespeito humanitário. Vigora-vam as leis da selva, os maisfortes se impondo e desejandoque os mais fracos perecessem.A maioria da população era ig-norante, sem acesso à educa-ção e às escolas. Em tal mundoas religiões, que em geral se si-tuavam ao lado dos poderosos,tinham campo aberto para pre-

garem o conformismo e a féesperançosa em um Deus mi-lagreiro que os libertaria destavida de misérias terrenas numcéu pleno de felicidades.

A crítica marxiana à religiãositua-se, portanto, especialmen-te na forma como a religião erapregada ao povo: pessimismona capacidade de o homem or-ganizar seu mundo com justiça;esperança constante em mila-gres divinos; conformismo coma situação de miséria; submis-são a autoridades corruptas etirânicas; suspeita em relação

às capacidades cognitivas darazão; indiferença em relaçãoà falta de escolaridade do povo.

A filosofia e a consciênciacrítica eram vistas como prosti-tutas da fé. Grande parte dospregadores rebaixava o maiorvalor com que Deus presenteouo homem: a razão. De forma ir-responsável ocultam ao povouma parte fundamental dos após-tolos Pedro e Paulo que ensinam:o home deve ser capaz de darrazões de sua fé; o culto deveser racional; aquilo que podemosconhecer do Deus invisível estámanifesto no mundo visível.

E se olharmos para algunsaspectos da crítica marxiana àsreligiões, Marx continua muitoatual em nosso tempo. Basta ob-servarmos algumas propostas devida religiosa na televisão paranos convencermos de que, nun-ca como hoje, a humanidade ne-cessita de outros pensadores como vigor das críticas marxianas acertas pregações religiosas.

Inácio StriederJornal do Comércio,

Pernambuco

Em palestra pública paramilhares de pessoas emSão Paulo, o Dalai

Lama, líder tibetano do budis-mo, afirmou que, aos 67, já estápróximo de dar seu adeus, e in-sistiu no legado da moralidadesecular como forma de promo-ver o entendimento e a paz nomundo nas próximas gerações.

Segundo ele, a religiosidadeé uma questão de foro íntimo ecada um deve escolher a cren-ça que melhor lhe couber, inclu-sive nenhuma. Mas os indivídu-os e o sistema educacional de-vem cultivar valores maiores, emvez de buscar apenas o conhe-cimento e o avanço material.

À tarde, o último compro-misso do líder religioso no Bra-sil foi uma palestra no SheratonWTC sobre o cultivo das emo-ções positivas, na qual está con-firmada a presença do ex-joga-dor de futebol, Ronaldo, e suamulher, Bia. Na quinta ele ha-via se reunido com empresári-os e, na sexta, participou de umsimpósio científico.

Tenzin Gyatsu, o 14º DalaiLama, foi recebido com aplau-sos no pavilhão de convenções

do Anhembi, em São Paulo.No meio de seu discurso, o

próprio Dalai perguntou ao pú-blico se havia muita corrupçãono Brasil e em São Paulo, aoque boa parte reagiu com bra-ços abertos e gritos de "muita"e "very much"!

"A corrupção é como umnovo câncer da humanidade.Ela se alastrou pelo ocidente eoriente. A corrupção foi cres-cendo ao lado do avanço mate-rial. Como é a situação no Bra-sil e em São Paulo? Ela exis-

te"? - perguntou o Dalai Lama,que também quis saber da pla-teia sobre a distribuição de ren-da no país.

Porém, a mensagem que olíder budista quis imprimir foia de um legado de secularis-mo, ao qual fez uma única res-salva, o "secularismo enviesa-do do comunismo", em alusãoà China, que ocupa sua terranatal, o Tibete.

"Há muitos aqui que têmentre 20 e 30 anos. Minha ge-ração está pronta para dizer

tchau e ir embora. Mas vocêssão a geração deste século eprecisam assumir a responsa-bilidade e encontrar uma formapara criar um mundo pacífico ecompassivo" - disse.

O líder explicou que a maiorparte da população mundial hojenão está ativamente engajadaem práticas religiosas. Portan-to, para cultivar bons valoresmorais, o secularismo seria omais adequado, apesar de eledefender o espírito de "renún-cia" das religiões teístas e osprincípios de promoção dosbons atos das tradições não-te-ístas, como o budismo.

"Grande parcela da humani-dade não tem interesse por umafé religiosa. Essa é a realidade.Se uma pessoa tem uma cren-ça, isso é questão de foro inti-mo. Mas não podemos negarque os não crentes também fa-zem parte da humanidade. Paraeles, a paz interior, a felicidadee a alegria também são valoresimportantes.O cultivo de valo-res internos forma a base davida feliz. Isso deve ser feitoatravés da educação, não pelapregação (religiosa). É impor-

tante que esses conceitos te-nham abrangência universal"-disse o Dalai Lama.

"Precisamos ensinar, dojardim de infância até a fa-culdade, que a moralidade éo caminho da felicidade. Osistema educacional modernopresta somente atenção nodesenvolvimento do cérebro enão o desenvolvimento mo-ral"- completou.

Ele também citou a Guerra noAfeganistão como um exemplode que os caminhos da violênciasão infrutíferos e passou a pre-gar pela desmilitarização mundi-al, que segundo ele começa como "desarmamento interno".

"Para que se possa alcan-çar um desarmamento exter-no, precisamos fazer um desar-mamento interno. A raiva, oódio, o medo e a ganância sãoas causas primeiras da violên-cia. É importante prestar maisatenção ao nosso mundo inter-no emocional. A partir da nos-sa capacidade de lidar comessas emoções negativas, po-demos levar o desarmamentoexterno a acontecer".

São Paulo

Jornal RUMOS

11Jornal RUMOS

CONFISSÃO DE UM CARDEAL

DOM DEMÉTRIO VALENTINI

Retirado do livro "Confes-sion d'un cardinal", de auto-ria de Olivier le Gendre, édi-tions JC Lattès, Paris, 2007,pp. 379-380. Trata-se de umasérie de entrevistas concedi-das por um cardeal da cúriaromana que prefere ficar noanonimato.

Não há mais cristanda-de no ocidente por duasrazões. A primeira é

que a igreja, apesar de suas rea-lizações extraordinárias e de suaboa vontade, está desacredita-da. A segunda é que o mundoocidental, por seu próprio desen-volvimento, perdeu um bom nú-mero de razões que o levavama crer, nos tempos passados.

Querer reconstruir os equi-líbrios desse passado é impos-sível, ingênuo e um pouco do-entio. Os que se engajam nisso,gastam suas energias e aumen-tam a perda de credibilidade daigreja e dos cristãos. Fora doocidente, a nossa religião aindaé vivida segundo o modelo oci-dental da bela época. Esse mo-delo não vai durar muito porduas razões. A primeira é o de-senvolvimento em curso dessespaises que produzirá os mesmosefeitos dos anteriormente cons-

tatados no ocidente. A segundaé que a globalização em cursotraz consigo uma ideologia quevai destruindo o sentimento re-ligioso.

Essa globalização do merca-do é criadora de conflitos agu-dos. Ela fabrica injustiça e mi-séria, provoca desequilíbrios etraumatismos dos quais aindanão conhecemos os efeitos re-ais. O mundo não possui meiosde regular essa globalizaçãoselvagem. Nossa igreja é o úni-co poder espiritual centralizadomundialmente. Ao invés de seempenhar na restauração de seupassado dito glorioso, ela é cha-mada a desempenhar um papelpreponderante para tentar pro-por, com outros poderes, umaalternativa à globalização domercado. Essa alternativa con-siste em humanizar uma globa-lização que desumaniza de for-ma intensiva.

A igreja, em geral, ainda nãotomou consciência de sua situ-ação real, nem da situação domundo, nem do papel para oqual é chamada a ser fiel à suavocação. Ela gasta muita ener-gia em combates secundáriosde antemão perdidos.

Nós fazemos parte de gru-pos que pretendem fazer com

que ela tome consciência deque sua fidelidade lhe ordenamudanças de atitudes e de ob-jetivos. Nós nos engajamosnuma obra de fôlego longo quetem duas vertentes. A primeiraé de tentar acelerar essa toma-da de consciência da igreja. A

segunda consiste em prepararo momento em que a crise setornará tão aguda que será im-possível negar a necessidadedas mudanças. Nós queremosestar prontos nesse momentopreciso. (Nota do tradutor: numoutro tópico do livro, o cardeal

opina que esse momento pro-vavelmente chegará daqui a vin-te ou trinta anos). Prontos apropor alternativas, prontos ademonstrar a validade delasgraças às experiências que te-remos instituídas um pouco pelomundo inteiro.

Essas experiências minúscu-las são de uma diversidade muitogrande. Mesmo assim, todas elastêm um coração comum: encar-nar uma nova maneira de sercristão num mundo desumaniza-do. E, nesse sentido, criar espa-ços onde se expresse concreta-mente a ternura de Deus pelomundo e pelos que nele vivem.

Eis o que um determinadonúmero de nós está fazendo nomomento, cada um onde vive,cada um segundo os seus mei-os. Nós nos conhecemos, nósnos reconhecemos. Nós fala-mos, nós colaboramos, nós ten-tamos convencer. Nós agimossob múltiplas formas. Nós influ-enciamos, tanto quanto está emnosso poder, o desenvolvimen-to dos acontecimentos. Nós nãosomos muito visíveis, mas so-mos facilmente identificados.Nós estamos mais do lado dabrisa do que da tempestade.

Traduzido do francêspor Eduardo Hoornaert

Dom Demétrio Valentinié uma avis rara noepiscopado brasileiro.

Sempre foi fiel aos ventos ino-vadores do Vaticano II.

Como podemos tomar cons-ciência pelos escritos de JoséComblin (ou mesmo pela sim-ples análise dos textos dos do-cumentos conciliares), a relato-ria procurou apresentar umaredação que pudesse ser apro-vada por inovadores e trentis-tas para possibilitar algumavanço na caminhada, já quea Cúria Romana pretendiaimpor seus documentos pré-elaborados. Isto possibilitaque os atuais inovadores e osregressistas a Trento encon-trem brecha para suas tesesnestes documentos.

João Paulo II e Bento XVIbuscam Trento nas linhas doVaticano II, enquanto D. Demé-trio almeja pela presença ilumi-nadora de Cristo na vida e nacaminhada do Povo, construin-

do novos canais, instrumentose símbolos aptos para veiculara sempre eterna mensagem deCristo, de modo que possa sercompreendida no cotidiano denossa gente.

Nosso episcopado é, na sua

maioria, submisso ao esquemacurial e gosta dos adornos im-periais do cargo: roupas verme-lhas, báculo, mitra, luxuoso sé-quito e rituais exotéricos.

Por isso louvo o gesto deJoão Tavares ao divulgar o tex-

to de D. Demétrio, uma exce-ção, entre outras, ao procedertrentista do episcopado.

Francisco [email protected]

Comentário de João Tavares:Quanto a D. Demétrio, é, de

fato, uma avis rara e altamen-te positiva, verdadeiro entusias-ta do Concílio Vaticano II, comotu, eu e muita gente no MFPC.

Mas, graças a Deus, aindatemos um bom número de bis-pos no Brasil e a CNBB tentase equilibrar entre o ditado im-perativo da cúria romana e oimpulso do Espírito Santo parafrente, para a busca de respos-tas pastorais válidas para o Povode Deus hoje, aqui e agora, su-perando o medo de buscar emáguas mais profundas.

Não sofressem muitos delesda tentação carreirista, tives-sem estudado melhor a Teolo-gia, se deixado entusiasmar pe-los Documentos do Concílio

Vaticano II e tivessem tido ver-dadeira experiência pastoral nasCEBs ou em paróquias e dio-ceses abertas, nas bases ondeestá e caminha o Povo de Deus,nosso Episcopado, tão notávelnos anos 60/80, talvez seria hojebem melhor.

Mesmo assim, Francisco,olhando para outros episcopa-dos, mundo afora, ainda achoque temos de dar graças a Deuspelos que temos.

No Maranhão, por exemplo,em geral são gente preparada,séria e muito comprometidacom o Povo. Tivemos uma boarenovação nos últimos dois anose, nos próximos dois, mais unstrês bispos vão ser substituídos,ficando com 70% dos bispos nafaixa de 45/55 anos. Se bem quejuventude em bispos nem sem-pre é sinal de cabeça e cora-ção abertos e estão se aposen-tado excelentes bispos...

João [email protected]

Cardeal Anônimo

12 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

DOR DO PAPA POR NOVA ORDENAÇÃOILEGÍTIMA NA CHINA

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIALWDL

Quem costuma ir àfeira, ao merca-do ou ao super-

mercado para compraralimentos sabe muito bemque eles têm subido depreços. A inflação come-ça a ficar fora de con-trole. O governo Dilmaestá consciente de queeste é o seu calcanharde Aquiles.

Os juros tendem a su-bir e a União anunciouum corte de R$50 bilhõesno orçamento federal.(Espero que programassociais, Saúde e Educa-ção escapem da tesoura).Tudo para impedir que odragão desperte e aboca-nhe o pouco que o brasi-leiro ganhou a mais derenda nos oito anos degoverno Lula.

Lá fora, há uma crisefinanceira, uma hemorra-gia especulativa difícil deestancar. Grécia, Irlandae Portugal andam de pi-res nas mãos. Na Euro-pa, apenas a Alemanhatem crescimento signifi-cativo. Nos EUA, o índi-ce de crescimento é pí-fio, três vezes inferior aodo Brasil.

Pe. Joseph Huang Bin-gzhang foi ordenado bis-po em Shantou

Dor e preocupação são ossentimentos que suscitou noVaticano a nova ordenaçãoepiscopal ilegítima realizadahoje na China.

Em Shantou, na região deGuandong, foi ordenado bis-po o sacerdote Joseph HuangBingzhang, sem mandato pon-tifício, como aconteceu háapenas duas semanas, em 29de junho, com a ordenação dobispo de Leshan.

O acontecimento de hoje "éacompanhado e visto com dore preocupação, porque é con-trário "à união da Igreja univer-sal", comentou o diretor da Salade Imprensa da Santa Sé, Pe.

Fácil de navegar: Cadajoia da cultura universalaparece acompanhada

de uma breve explicação doseu conteúdo e seu significa-do. Os documentos foram pas-sados por scanners e incorpo-rados no seu idioma original,mas as explicações aparecemem sete línguas, entre elas OPORTUGUÊS. A bibliotecacomeça com 1200 documen-tos, mas foi pensada para re-ceber um número ilimitado detextos, gravados, mapas, foto-grafias e ilustrações.

Como se acede ao site glo-bal?

Embora seja apresentadooficialmente na sede daUNESCO, em Paris, a Biblio-teca Digital Mundial já estádisponível na Internet, atravésdo site:www.wdl.org

O acesso é gratuito e os

usuários podem ingressar di-retamente pela Web, sem ne-cessidade de se registrarem.

Permite ao internauta orien-tar a sua busca por épocas, zo-nas geográficas, tipo de docu-mento e instituição. O sistemapropõe as explicações em seteidiomas (árabe, chinês, inglês,francês, russo, espanhol e por-tuguês), embora os originaisexistam na sua língua original.

Desse modo, é possível, porexemplo, estudar em detalheo Evangelho de São Mateustraduzido em aleutiano pelomissionário russo IoannVeni-amiov, em 1840. Com um sim-ples clique, podem-se passaras páginas um livro, aproximarou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. Aexcelente definição das ima-gens permite uma leitura cô-moda e minuciosa.

Federico Lombardi SJ, segun-do informa a Rádio Vaticano.

Foram obrigados a participarda ordenação também algunsbispos em comunhão com oPapa, que haviam rejeitado afazer parte da cerimônia.

Após a ordenação deLeshan, a Santa Sé divulgouuma declaração na qual subli-nhava que um bispo ordenado"sem mandato pontifício e,portanto, ilegitimamente, estáprivado da autoridade de go-vernar a comunidade católicadiocesana e a Santa Sé não oreconhece como bispo da dio-cese" que lhe foi confiada (cf.Zenit, 4 de julho de 2011).

O comunicado recordavaque o prelado ordenado ilegi-timamente e os bispos consa-

grantes incorrem na excomu-nhão latae sententiae, por vi-olação da norma do cânon1382 do Código de DireitoCanônico, e que "uma ordena-ção episcopal sem mandatopontifício se opõe diretamen-te ao papel espiritual do SumoPontífice e causa dano à uni-dade da Igreja", produzindo"feridas e tensões na comuni-dade católica na China".

"A sobrevivência e o de-senvolvimento da Igreja podemacontecer somente na uniãoàquele a quem, em primeirolugar, está confiada a própriaIgreja, e não sem o seu con-sentimento", sublinhava entãoa declaração.

CIDADE DO VATICANOZENIT 14/06/2011

BRASIL À VENDA. E HÁ QUEM COMPREPor que a alta do pre-

ço dos alimentos? Devi-do à crise financeira, osespeculadores preferem,agora, aplicar seu dinhei-ro em algo mais seguroque papéis voláteis. As-sim, investem em comprade terras.

Outro fator de alta dospreços dos alimentos é aexpansão do agro com-bustível. Mais terras paraplantar vegetais que re-sultam em etanol, menosáreas para cultivar o quenecessitamos no prato.

Produzem-se alimen-tos para quem pode com-prá-los, e não para quemtem fome (é a lógica per-versa do capitalismo).Agora se planta tambémo que serve para abas-tecer carros. O petróleojá não é tão abundantecomo outrora.

Nas grandes exten-sões latifundiárias adota-se a monocultura. Plan-tam-se soja, trigo, mi-lho... para exportar. OBrasil tem, hoje, o maiorrebanho do mundo e, noentanto, a carne virouartigo de luxo. Soma-sea isso o aumento dos pre-

ços dos fertilizantes edos combustíveis, e ademanda por alimentona superpopulosa Ásia.Mais procura significaoferta mais cara. A Chi-na desbancou os EUAcomo principal parceirocomercial do Brasil.

Soma-se a essa con-juntura a desnacionaliza-ção do território brasilei-ro. Já não se pode com-prar um país, como no pe-ríodo colonial. Ou melhor,pode, desde que de baixopara cima, pedaço a pe-daço de suas terras.

Há décadas o Con-gresso está para estabe-

lecer limites à compra deterras por estrangeiros.Enquanto nossos deputa-dos e senadores engave-tam projetos, o Brasil vaisendo literalmente comi-do pelo solo.

Em 2010, a NAI Com-mercial Properties, trans-nacional do ramo imobili-ário, presente em 55 paí-ses, adquiriu no Brasil,para estrangeiros, 30 fa-zendas nos estados deGO, MT, SP, PR, BA eTO. Ao todo, 96 mil hec-tares! Muitas compradaspor fundos de investimen-tos sediados fora do nos-so país, como duas fazen-

das de Pedro Afonso, noTocantins, somando 40 milhectares, adquiridas porR$ 240 milhões. Pagou-seR$ 6 por hectare. Hoje,um hectare no estado deSão Paulo vale de R$ 30mil a R$ 40 mil. É maisnegócio aplicar em terrasque em ações da Bolsa.

Segundo a OCDE(Organização para a Co-operação e Desenvolvi-mento Econômico), anopassado cerca de US$14bilhões foram destinados,no mundo, a compras deterras para a agricultura.As brasileiras constaramdo pacote. Estima-se quea NAI detenha no Brasilmais de 20% das áreasde commodities para aexportação.

O escritório da NAIno Brasil conta com cer-ca de 200 fundos de in-vestimentos cadastrados,todos na fila para comprarterras brasileiras e desti-ná-las à produção agríco-la.

O alimento é, hoje, amais sofisticada arma deguerra. A maioria dos pa-íses gasta de 60 a 70% deseu orçamento na compra

de alimentos. Não é à toaque grandes empresas ali-mentícias investem pesa-do na formação de oligo-pólios, culminando com assementes transgênicasque tornam a lavoura de-pendente de duas ou trêsgrandes empresas trans-nacionais.

O governo Lula faloumuito em soberania ali-mentar. O de Dilma ado-ta como lema "Brasil: paísrico é país sem pobreza".Para tornar reais tais an-seios é preciso tomar me-didas mais drásticas doque apertar o cinto dascontas públicas.

Sem evitar a desnaci-onalização de nosso ter-ritório (e, portanto, denossa agricultura), pro-mover a reforma agrária,priorizar a agricultura fa-miliar e combater com ri-gor o desmatamento e otrabalho escravo, o Bra-sil parecerá despensa defazenda colonial: o povofaminto na senzala, en-quanto, lá fora, a CasaGrande se farta à mesaàs nossas custas.

Frei BettoAdital 10.05.11- Brasil

Jornal RUMOS

13Jornal RUMOS

ORDENAÇÃO DE MULHERESPÁGINA DA MULHER

A questão tem de ser re-vista. Para não ferireste princípio funda-

mental do Concílio Vaticano II:"Toda a forma de discriminaçãonos direitos fundamentais dapessoa por razão de sexo deveser vencida e eliminada, por sercontrária ao plano divino."

Nas últimas duas semanas,a ordenação de mulheres alcan-çou grande relevo nos media.Por causa de declarações ines-peradas do cardeal-patriarca deLisboa, D. José Policarpo.Numa entrevista publicada noBoletim da Ordem dos Advo-gados declarara que "teologica-mente não há nenhum obstácu-lo fundamental" à ordenação demulheres. A recusa está base-ada apenas na tradição.

A declaração teve eco emimportantes órgãos de informa-ção estrangeiros.

Tanto mais quanto apare-cia pouco tempo depois de umbispo australiano ter sido de-mitido devido à mesma abor-dagem do tema, e o vatica-nista Andrea Tornelli fez no-tar que a declaração ia con-tra a doutrina afirmada porJoão Paulo II e Bento XVI.

Como seria de prever, cho-veram os protestos, provindos,segundo se diz, sobretudo doOpus Dei e do próprio Vatica-no. As reações, algumas de "in-dignação", obrigaram o patriar-ca a um esclarecimento, recu-ando. Nele, confessa a neces-sidade de "olhar para o temacom mais cuidado", acrescen-

tando: "Verifiquei que, sobretu-do por não ter tido na devidaconta as últimas declarações doMagistério sobre o tema, dei azoa essas reações." E reproduz acarta Ordinatio Sacerdotalis, deJoão Paulo II:

"Declaro que a Igreja nãotem absolutamente a faculdadede conferir a ordenação sacer-dotal às mulheres e que estasentença deve ser consideradacomo definitiva por todos os fi-éis da Igreja."

Quando se pensa, vê-seaqui a tipificação do que é naIgreja o respeito pelo direito deopinião e expressão. Depois,não se atende à vontade de tan-tos bispos a quem não só nãorepugnaria como até gostariamde ordenar mulheres.

Ficou famosa a afirmaçãode D. Eurico Nogueira, entãoarcebispo de Braga:

"Gostava de ver uma mulherno meu lugar."

As mulheres têm motivospara estar zangadas com a Igre-ja, que as discrimina.

Jesus, porém, não só nãoas discriminou como foi umautêntico revolucionário nasua dignificação, até ao es-cândalo: veja-se a estranhe-za dos discípulos ao encon-trar Jesus com a samaritana,que tudo tinha contra si: mu-lher, estrangeira, herética,com o sexto marido. Conde-nou a desigualdade de trata-mento de homens e mulheresquanto ao divórcio. Fez-seacompanhar - coisa inédita na

época - por discípulos e dis-cípulas. Acabou com o tabuda impureza ritual. Estabele-ceu relações de verdadeiraamizade com algumas.

Maria Madalena constituium caso especial nesta ami-zade: ela acompanhou-o des-de o início até à morte e foiela que primeiro teve a intui-ção e convicção de fé de queJesus crucificado não foraentregue à morte, pois é o Vi-vente em Deus.

Santo Agostinho, apesar dasua misogenia, declarou-a após-tola dos apóstolos, devido ao seupapel fundamental na convoca-ção dos outros discípulos paraa fé na Ressurreição. Aliás, jáSão Paulo na Carta ao Roma-nos pede que saúdem Júnia,

"apóstola exímia".Evidentemente, os oposi-

tores vêm sempre com aque-la dos Doze Apóstolos, entreos quais não consta nenhumamulher. Esquecem que na ins-tituição dos Doze se trata deuma ação simbólica, para in-dicar que começava o novopovo de Deus.

Como as mulheres e as cri-anças na altura não contavam,o símbolo perderia a sua eficá-cia, se se falasse também demulheres entre os Doze.

E também se diz que naÚltima Ceia não houve mu-lheres. Ora, esta afirmação écontestada por grandes exe-getas. Depois, o famoso bi-blista Herbert Haag, da Uni-versidade de Tubinga, ironi-zou: como eram só judeus ospresentes, então a Igreja sódevia ordenar homens judeus.

Sobretudo: é sabido que asprimeiras comunidades cris-tãs se reuniam na casa decristãos mais abastados, equem presidia era o dono oua dona da casa.

Então, se já foi possível mu-lheres presidirem à Eucaristia...

A questão tem, pois, de serrevista. Para não ferir esteprincípio fundamental do Con-cílio Vaticano II: "Toda a for-ma de discriminação nos direi-tos fundamentais da pessoapor razão de sexo deve servencida e eliminada, por sercontrária ao plano divino."

ANSELMO BORGESwww.dn.pt

Diante da afirmativa deBento XVI a respeitodo celibato, busquemos

na Palavra de Deus, o que Elequis para sua criatura o ho-mem...

"MADRI (Reuters) - Opapa Bento 16 disse neste sá-bado que os padres católicosromanos precisam ter vidassantificadas e que os homenssó devem entrar para o sacer-dócio se estiverem convenci-dos de que podem viver comtodas as regras da Igreja, in-

CELIBATO = APOSTASIA DOS ÚLTIMOS TEMPOS!Mulher, esposa também dos Apóstolos e dos padres, desde Jesus.

cluindo o celibato.Ele disse que os padres de-

vem entender sua "decisão deviver em celibato pelo reino doscéus," acrescentando que oshomens devem buscar o sacer-dócio apenas "se estiveremcompletamente determinados aexercê-lo em obediência aospreceitos da Igreja."

Agora, pare e compare, dis-cernindo para entender:

1º) A Palavra de Deus é jus-ta, santa, perfeita e soberana eatravés dela sabemos que:

1.- Logo no início, ( Gênesis1; 26 - 28 ) Deus criou o ho-mem e, em seguida afirmou: (Gênesis 2; 18 ) "E disse o Se-nhor Deus: "Não é bom que ohomem esteja só; far-lhe-eiuma adjutora que esteja comodiante dele."

2.- A "pedra" escolhida porJesus para ser a base da Igreja(sem placa nem denominação,mas identificada pelo coração),Pedro era casado. ( Mateus 8;14 - 15 )

3.- Paulo, afirma: ( I Corin-

tios 7; 2 ) "..., por causa daprostituição, cada um tenha asua própria mulher, e cada umatenha o seu próprio marido." E,no verso 9 complementa: "Por-que é melhor casar do que abra-sar-se."

4.- "No final dos tempos, ho-mens hipócritas proíbem o ca-samento e ordenam a abstinên-cia dos manjares que Deuscriou para os fiéis..." ( I Timó-teo 4; 1 - 5 )

2º) Por mais limitados e fa-lhos que sejamos, basta peque-

no esforço para vermos e com-preendermos claramente osdanos, enganos e consequênci-as na Igreja, esposa de Cristo,em decorrência da desobediên-cia à Palavra do Senhor.

Em suma: Na Bíblia vemosclaras recomendações de Deusao homem; e estas ordenançassão distorcidas pela hipocrisia dehomens que falam mentiras.

Releia aí na sua Bíblia, as ci-tações que colocamos acima.

Lauro [email protected]

14 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

PÁGINA DA MULHER

A CULPA SERÁ DE DEUS?

A MULHER DO PADRE - AÍLA RIBEIRO

O padre casadoAntônio Evangelista53 anos, é hoje

também advogado e pro-fessor de filosofia em umauniversidade de Brasília.

Casado com a dentis-ta Aíla Ribeiro, 48 anos,desde 2000 - mesmo anoem que recebeu a autori-zação do Vaticano para omatrimônio - Evangelistaacredita que poderia vol-tar a realizar missas para

os fiéis. "A Igreja deveriapermitir que os padrescasados rezassem para acomunidade".

"Hoje, depois do con-vívio familiar, pai de 2 fi-lhos, me sinto mais prepa-rado", afirma.

Mesmo sem o avalpara a consagração dopão e do vinho, ele man-tém a prática em suacasa. "Em ocasiões es-peciais, como a Páscoa,

celebro entre a família eos amigos", salientaEvangelista, que coorde-na o movimento das fa-mílias dos padres casa-dos no DF. Promovemensalmente uma reu-nião dominical nas vári-as famílias destes pa-dres, que comparecemem bom número e parti-cipam de orações, diálo-gos, palestra e almoçocomunitário.

A pergunta da en-trevistadora, AnaIsabel Cabo, é a

seguinte: "As mulheresnão podem ocupar car-gos de responsabilidadena Igreja Católica. Quala sua perspectiva?".

O Bispo responde: "asua afirmação não é exa-ta, olhe, desde S. Paulo…O problema que foi postorecentemente é do sacer-dócio ministerial das mu-lheres. Houve períodosem que as mulheres fo-ram absolutamente deci-sivas; basta pensar nopapel dos mosteiros, ondetinham altíssimas respon-sabilidades. O problemaque se colocou foi acen-tuado pelo facto de Igre-jas não católicas teremordenado mulherespara o sacerdócio mi-nisterial, o que gerou, di-gamos assim, uma polé-mica. A posição da IgrejaCatólica está muito base-ada no Evangelho. Nãotem a autonomia que tem,por exemplo, um partidopolítico ou um governo emgeral. Tem a sua fidelida-de ao Evangelho, à pes-soa de Jesus e a uma tra-dição muito forte que nósrecebemos dos Apóstolos.E já no tempo de Jesushavia uma complementa-ridade muito bonita entreo papel da mulher e o pa-pel do homem. Não foi poracaso que Jesus escolheupara apóstolos homens edeu às mulheres outro tipode atenção… Acho que

Entrevista de D. José Policarpo, atual presidente da ConferênciaEpiscopal portuguesa, suscita sururu internacional.

este é um falso problema.Uma vez, num contextode um encontro internaci-onal sobre a Nova Evan-gelização, em Viena, foilançada essa pergunta:“porque é que as mu-lheres não podem serpadres?” e eu disse quenão há neste momentonenhum Papa que tenhapoder para isso. Isso tra-ria tensões, e só aconte-cerá se Deus quiser queaconteça e se estiver nosplanos Dele. João PauloII, a certa altura, pare-ceu dirimir a questão.Penso que a questão nãose dirime assim; teologi-camente não há nenhumobstáculo fundamental;há esta tradição, diga-mos assim… "nunca foide outra maneira".

A entrevistadora subli-nhou: "do ponto de vistateológico não há ne-nhum obstáculo?" D.José Policarpo continuou:"Penso que não há ne-nhum obstáculo funda-mental. É uma igualdadefundamental de todos osmembros da igreja. O pro-blema põe-se noutra ópti-ca, numa forte tradição,

que vem desde Jesus, e nafacilidade com que asigrejas reformadas forampara aí. Isto não facilitoua solução do problema, seé que o problema tem so-lução. Não é com certe-za para a nossa vida. Éafirmado que, sob o pon-to de vista teológico, nãohá nenhum obstáculo fun-damental. É também a mi-nha convicção".

D. José Policarpo diz,além disso, que a Igrejanão tem liberdade de con-trariar o Evangelho. Sólhe compete ser fiel. Tam-bém estou de acordo. En-tão, se não há nenhumobstáculo teológico funda-mental, é porque o evoca-do comportamento de Je-sus, a sua escolha dos"doze" (onde não apare-ce nenhum nome de mu-lher) e a tradição da Igre-ja, não podem ter a inter-pretação que lhe é dadaoficialmente para impediro acesso das mulheresà ordenação presbite-ral. Por que não destacara revolução de Jesus emfavor das mulheres, no in-terior da tradição e da re-ligião em que foi educa-

do? Não foi o Ressusci-tado que convocou as mu-lheres para irem evange-lizar "os doze", para lhesdizer que Cristo está vivoe a Sua causa também?

D. José Policarpo dizque João Paulo II quis di-rimir a questão de umamaneira inadequada, deci-dindo tornar "definitiva" asituação atual. O futuroestará, definitivamente, fe-chado? O Cardeal J. Rat-zinger, ao comentar essedocumento, sublinhou quetinha acabado o jogo dasopiniões flutuantes.

Será este pronuncia-mento do Papa um ato dedogmatização? A este res-peito, é preciso responderque o Papa não propõe ne-nhuma nova fórmula dog-mática. Em linguagem téc-nica, deve-se dizer: trata-se de um ato do Magisté-rio autêntico ordinário doSoberano Pontífice e, por-tanto, de um ato que nãoprocura fazer uma defini-ção, nem um texto solene"ex cathedra", mesmo seo objeto deste ato é a de-claração de uma doutrinaensinada como definitiva e,portanto, não reformável.

D. José Policarpo ter-mina: "Dizer que não há ne-nhum obstáculo teológicofundamental deixa Deus li-vre para atuar quando qui-ser, embora Deus não pos-sa contar com a colabora-ção de nenhum Papa donosso tempo.Frei Bento Domingues,

o.p.

Esposas de padrescasados questio-nam a hierarquia

da Igreja Católica, recla-mampor um lugar dasmulheres dentro da es-trutura que não só lhesproibiu o sacerdócio,mas qualquer outra pos-sibilidade de influenciarno processo de tomadade decisões e, acima detudo, demandam que ocelibato deixe de serobri-gatório para sacerdotes.

Entrevistei em Bue-nos Aires, após o 7º En-contro latino americanode padres casados,(efora dos temas tratadosdurante o encontro)

AMORES DIFÍCEIS

quatro mulheres - duasargentinas, uma brasileirae outra mexicana-que sãocasadas com sacerdotese fazem parte de um mo-vimento que, asseguram,é cada vez mais numero-so e traduz muitas daspreocupações da maioriadas e dos católicos.

Mas, dizem com resig-nação, as mudanças nãovirão enquanto BentoXVI for Papa. No entan-to, elas e seus maridospersistemem em continu-ar na mesma Igreja queos denigre e marginaliza.

Noemí Ciollaro,jornalista argentina

[email protected]

Jornal RUMOS

15Jornal RUMOS

Comunico o passa-mento do nosso colega,meu grande amigo pes-soal, contemporâneo deseminário, ex-vigário daparóquia onde me orde-nei e finalmente cunha-do, casado com a minhairmã Eunice Simões.

Após a sua saída doministério sacerdotal foivereador e secretário deadministração da prefei-tura de Ibicarai.

Florisvaldo, safenado

FALECIMENTOS ALÉTEIA

INFLUÊNCIA SOCIAL SOBRE A IGREJAAs famílias dos pa-dres casados encon-tram-se profundamenteconsternadas, com o fa-lecimento do caríssimocompanheiro e amigoIRISMAR, aos 09/08/2011 em Fortaleza.

Nasceu em 1931, ini-ciou seus estudos no Se-minário Menor na cida-de de Sobral - CE, e emseguida no Seminário daPrainha em Fortaleza.Os estudos teológicosforam realizados na Uni-versidade Gregorianaem Roma. Ordenou-sesacerdote em 1957. Suaatividade pastoral e sa-cerdotal realizou-se nacidade de Crateús-CE.Em 1972 deixou o minis-tério sacerdotal e iniciouseu ministério familiarcom a Sra. Maria Miri-am Monteiro Ferreira.

Ele de maneira con-

ANTÔNIO IRISMAR FROTA

Com pesar, repassonotícia recebida nestanoite de 24 de agosto,do amigo D. Bento Al-bertin, monge prior doMosteiro de São Bentode Pouso Alegre, MG,da morte de D. Cle-mente Isnard, umagrande perda para acomunidade beneditina,para a diocese de NovaFriburgo-RJ e toda aIgreja de Cristo.

DOM BENTOALBERTIN, OSBFrase do livro "Re-

flexões de um Bisposobre as instituiçõeseclesiásticas atuais" de

DOM CLEMENTE ISNARD

FLORISVALDO MARINHO SANTANA

creta na sua vida tentourealizar o ideal do SenhorJesus: espalhar a BoaNova do Reino de Deus.Todos nós somos teste-munhas de sua vida ricaem bondade e dedicação:para com a sua esposaMiriam, seu filho Norber-to Anísio, sua filha Suza-na Lourdes, seus famili-ares, amigos e tambémpara com a Igreja, à qualse dedicou exclusiva-mente, por tanto tempo.

Nós todos, com opensamento no CristoCrucificado, agradece-mos ao Senhor Deus avida de Irismar e ex-pressamos a nossa espe-rança que sua morte nãoé o fim, porque o Deusem que confiamos é oDeus dos vivos.

José Edson eLúcia Moura

(Casal Presidente)

há mais de 05 anos, es-tava sendo esperado emminha residência em Sal-vador para colocar ummarca-passo. Entretan-to a morte foi mais veloze sofreu um infarto ful-minante, aos 73 anos deidade, sem ter tido filhos.

Gostava de culináriae de brincar com a mor-te. Dizia com frequênciaque a sua vida já era umlucro... É mais um quevai a nossa frente.

Dom Clemente Isnard:"... Em minha longavida conheci padresincapazes de serem pá-rocos e conheci tam-bém religiosas e leigasconsagradas com ca-pacidade de dirigir co-munidades..."

Demorei muitosanos para enten-der porque na Li-

turgia, especialmente dasúltimas preces antes dosepultamento e de ummodo muito profundo nasigrejas orientais se cantapedindo que seja eterna asua memória.

Agora eu entendi oporquê.

Vem do significado dapalavra grega aléteia, que

é empregada para desig-nar a nossa fé que nosgarante que nossa vidanão termina ao apagar-seda vida biológica. Aléteiavem do nome do rio Le-tes que na concepção gre-ga era o rio do esqueci-mento, da inexistência dequalquer lembrança quan-do se passava este rio nahora da morte.

A nossa fé na vida ple-na e eterna dada por

Deus, foi denominada alé-teia, que quer dizer o nãoLetes, o não esquecimen-to. Na dimensão da nos-sa fé, quando atravessa-mos o limiar da morte, nãoatravessamos para o Le-tes (o esquecimento), maspara o aletes, ou seja, aplena lembrança, ou cons-ciência de tudo o que vi-vemos na fé durante estaperegrinação.

Que esta singela re-

flexão traga para osque ficam a alegria in-terior pela partida deum ente querido e quetraga a todos nós, quemuitas vezes caminha-mos praticamente naescuridão diante da in-definição para o nossoministério, as alegriasde que caminhamos ilu-minados pela aléteia.Armando [email protected]

Júlio Bonino, bispo deTacuarembó, Uru-guai, afirmou que atu-

almente se vive "umamutação histórica queafeta notavelmente aIgreja Católica" e que seexpressa em "uma inten-sificação da influênciada população sobre aIgreja e um enfraqueci-mento da influência daIgreja sobre o povo".

"A Igreja se debilitoude uma sociedade pode-rosa. Está nascendo umtempo novo da Igreja e dahistória da humanidade",afirmou o religioso ao dartestemunho sobre o seupapel de bispo duranteuma conferência no salãode honra da Universida-de Católica do Chile, ondese analisou a influência do

Concílio Vaticano II e dateologia da libertação.

"Não sabem quantome dói que os bispos nãosejam hoje uma boa notí-cia. Neste momento daIgreja católica onde exis-te tanto inverno, antes deela levantar o dedo parajulgar tem que pensarmuito", ressaltou.

Segundo o bispo uru-guaio, que participa nasJornadas Teológicas doCone Sul e Brasil, emcurso em Santiago, "estánascendo um temponovo da igreja e da his-tória da humanidade".

"Este enfraquecimen-to do poder e do prestí-gio da Igreja tem umacoisa boníssima porquepossibilita ser e atuarcomo discípulos e missi-

onários do Carpinteirode Nazaré", concluiu.

Por sua parte, o reitorda Universidade AlbertoHurtado, o jesuíta Fer-nando Montes, pediu àIgreja para "encontraruma linguagem para fa-lar para a sociedade civilnão desde o poder" indi-cando que o desafio é teruma palavra e dialogardiante de problemas com-pletamente novos emuma sociedade centradahoje na competência.

"A Igreja não estáneste mundo para dizera verdade senão parafalar para a gente", dis-se o ex-provincial dosjesuítas chilenos, acres-centando que "neste mo-mento de crise se abreuma oportunidade à Igre-

ja para voltar a sonhar".Em seu testemunho,

Montes pediu para "re-pensar o papel da Igreja"e sublinhou o papel da te-ologia da libertação queefetua "uma reflexão liga-da à ação".

"A teologia da liberta-ção não foi uma teologianascida para teólogos,mas para fazer crescer avida dos cristãos", ressal-tou, para logo reconhecero papel de seu impulsorinicial, Gustavo Gutierrez,que, depois de ser critica-do na Europa, recebeu ograu de doutor 'honoriscausa' por numerosas fa-culdades de teologia des-te continente.

Orlando Milesi,Agência ANSA

www.adital.org.br

16 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Dia 29 de agosto acon-teceu mais uma reu-nião mensal de pa-

dres casados de Brasília. Das10 às 17 horas. Na residênciade Antônio Evangelista e Aíla,no Parque Way.

Compareceu uma dúzia decolegas, além de um padre daativa, amigo e apoiador do gru-po. As esposas, muito anima-das, e seus filhos deram umcolorido especial ao encontro.

E, como convidados, o co-lega Gilberto Gonzaga (editordo jornal Rumos) e sua espo-sa Aglésia, vindos de SantaCatarina. Os quais, na reu-nião realizada após lauto al-moço, transmitiram ao grupo

PREPARAR O CONCÍLIOVATICANO III

A proposta que hoje prin-cipiarei a esboçar pou-co tem a ver com ou-

tras que foram surgindo ao lon-go dos últimos trinta anos, mes-mo com as sugestões que eupróprio já fiz nestas crónicasacerca da interpretação, dasformas de acolhimento prático(recepção) e do futuro do acon-tecimento mais marcante daIgreja Católica no séc. XX, oconcílio Vaticano II (1962-1965). Dada a velocidade comque agora tudo sucede, esseacontecimento talvez já poucoou nada signifique para os pró-prios católicos com menos de40 anos. É, no entanto, por cau-sa das novas gerações, católi-cas ou não, que é importantenão nos deixarmos atolar nas di-ficuldades presentes.

É normal que no contextodas próximas evocações, estu-dos, balanços e desenhos deperspectivas futuras em tornodos 50 anos da convocatóriadessa assembleia geral, feitapelo Papa João XXIII, a 25 deDezembro de 1961, reapareçao confronto entre as tendênci-as que desejam e aquelas querecusam um novo concílio. Nasituação atual, basta que o papase pronuncie num ou noutrosentido, para saber a escolhaque prevalecerá. A democraciana Igreja - a convicção de "aqui-lo que diz respeito a todos deveser tratados por todos" - encon-tra quase sempre sofismas epreguiça para ser desencoraja-da. Por outro lado, os regimesdemocráticos andamtão cansa-dos que até invejam os resulta-dos económicos da China tota-litária. Mas valerá a pena pre-parar um novo concílio ecumé-nico quando ainda estamos tãolonge de ter assimilado o que háde melhor no Vaticano II?

Não são objetivos incom-patíveis, antes pelo contrário.Terá de ser, porém, verdadei-ramente novo e com carac-terísticas de universalidadeque exceda tudo o que acon-teceu no passado. Cinquentaanos de experiências e con-quistas, com luzes, sombras epesadas derrotas, podem serinspiradores para entrar numprocesso de descoberta e re-configuração de uma estradalarga por onde todos os seres

PADRES CASADOSDE BRASÍLIA

várias notícias, autorizadospor carta de José Edson, pre-sidente do MFPC e AR. Fa-lou-se sobre o Movimento, aAssociação, o jornal Rumos,o XIX Encontro Nacional de2012 em Fortaleza, etc.

Houve momentos de oraçãoe troca de notícias, além das gos-tosas conversas a dois ou três.

Brasília conta com um gru-po muito animado, enriqueci-do por vários padres jovens, aolado de "patriarcas" do Movi-mento. Estão planejando umapresença numerosa no XIXEncontro.

Votos que este exemploseja imitado em muitos Esta-dos e cidades do Brasil!

humanos do nosso tempo, detodas as culturas, possam ca-minhar sem se atropelaremuns aos outros.

É urgente começar. GordonBrown, ex-primeiro-ministro doReino Unido, num artigo recen-te (DN, 09.09), tem a convic-ção de que poucas pessoas du-vidam do seguinte: hoje o mun-do está à deriva, sem rumo esem liderança, na direção deuma segunda recessão. A polí-tica do desenrasque falhou.Com a incapacidade de concluirum acordo global, um acordosobre políticas climáticas, umpacto de crescimento ou alte-ração no regime financeiro, omundo tende a descer para umnovo protecionismo de desva-lorização competitiva, guerrasde moeda, restrições ao comér-cio e controle de capitais.

Segundo G. Brown, feitasas contas verifica-se que, poragora, a América e a Europanão podem expandir os seusgastos de consumo sem au-mento de exportações e a Chi-na e os mercados emergentesnão podem facilmente expan-dir a sua produção ou consu-mo sem a garantia de merca-dos ocidentais fortes. Torna-se indispensável restauraruma visão ampla de coopera-ção global contida no pacto decrescimento do G20 que re-presenta 80% da produçãomundial. Sendo o único orga-nismo multilateral capaz decoordenar a política económi-ca global tornou-se extrema-mente útil em 2009. Infeliz-mente, os Estados membrosabandonaram rapidamenteesse objetivo e passaram parasoluções nacionais. Como eraprevisível, avançar sozinhoprovou ser inútil para garantira recuperação económica.

Chegou novamente a vez daurgente intervenção do G20.

Em relação a Portugal, oeconomista José Castro Caldasé de opinião que, sem um por-tentoso milagre, o roteiro traça-do pelo governo português paranos salvar é o caminho mais di-reto para nos perder (Público,13. 09). Sem uma mudança ur-gente na orientação da Europasão previsíveis grandes turbu-lências e até o fim da própriaunião europeia. O governo por-tuguês, para além das medidasque terá de assumir - os paísesnão podem fechar as portaspara obras - deveria empenhar-se com ardor nessa viragem ecom mais cautelas na perigosafaçanha de ultrapassar as exi-gências da troika para conse-guir os empréstimos do "vil ementiroso dinheiro".

Poderia, sem dúvida, terescolhido outras referências,para chamar a atenção paraesta banalidade: o mundo andasem rumo, sem liderança, àderiva. Não só no plano daeconomia dominado pelos jo-gos da finança, em mercadossem regras e exigências éti-cas, sem preocupações huma-nas. Sem lideranças que pro-curem o "bem comum de todaa humanidade", andaremoscomo ovelhas sem pastor, nalinguagem bíblica da pastorí-cia, devorados pela insaciável"era da ganância".

A questão de fundo é to-davia outra: não é possível en-contrar caminhos de conver-gência universal sem "mudarde paradigma", sem procurarintegrar antigas e novas sabe-dorias nas famílias, nas esco-las na sociedade, nas políticas,uma sabedoria holística. Nãopara desvalorizar os caminhosdas ciências e os serviços dasnovas tecnologias, mas pararesistir às suas tentações re-ducionistas. O ser humano émultidimensional. Não podeser amputado das suas raízesnem dos sonhos.

Como poderá um novoconcílio convocar os sereshumanos para a redescober-ta do simbólico, do universodos laços com tudo e com to-dos? VeremosFrei Bento Domingues O.P.

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