013_(Clima Urbano e Sensação Térmica - o Caso Dos Terminais de Ônibus de Fortaleza)

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    REVISTA GEONORTE, Edio Especial 2, V.2, N.5, p. 207 219, 2012

    CLIMA URBANO E SENSAO TRMICA - O CASO DOS TERMINAIS DENIBUS DE FORTALEZA

    Leandro Leite da Silva Maciel

    Universidade Federal do [email protected]

    Robson Bezerra do NascimentoUniversidade Federal do Cear

    [email protected]

    Maria Elisa ZanellaUniversidade Federal do Cear

    [email protected]

    O CLIMA DAS CIDADES

    RESUMO: Os terminais de nibus so importantes para grande parte da populao de Fortaleza-CE,principalmente para as classes de menor poder aquisitivo. Dados de 2012 da Empresa de TransporteUrbano de Fortaleza (Etufor) mostram que mais de um milho de passageiros utilizam esses espaosdiariamente. O objetivo deste artigo fazer uma anlise do conforto trmico em trs terminais denibus do municpio, aplicando um ndice desenvolvido especificamente para a cidade, atravs deresultados de trabalhos realizados por outros autores entre os anos de 2009 e 2011. Esses trabalhostiveram como aporte terico-metodolgico o Sistema Clima Urbano de Monteiro (1976, 2003) elevaram em considerao entre outras variveis, temperatura e umidade relativa do ar, que so osdados utilizados para a aplicao do ndice se sensao trmica, os sistemas atmosfricos atuantes nosdias dos experimentos e o fluxo de veculos e pessoas . Os resultados das pesquisas expressaram queos terminais apresentaram altas temperaturas, baixas taxas de umidade relativa e que de acordo com ondice aplicado, o conforto trmico varia entre as faixas de precauo e extrema precauo, que j representa perigos s atividades humanas.

    Palavras-chave: Sistema Clima Urbano; terminais de nibus; conforto trmico.

    ABSTRACT: The bus terminals are very important for most of the population of Fortaleza, especiallyfor the lower income classes. The files from the 2012 Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza(Etufor) show that over a million passengers use these types of space every day. This article aims onthe analysis of the comfort end of three bus terminals in the Fortaleza, applying an index developedspecifically for the city, through the results of work done by other authors between the years of 2009and 2011. These discussions had theoretical and methodological Urban Climate System of Monteiro

    (1976, 2003) and took into consideration, among other variables, temperature and relative humidity ofthe air, which are the data used for the application of thermal sensation index on the atmosphericsystems on working days as well as analysing the flux of traffic and people. Research results showedthat the terminals indicate high temperatures, low relative humidity of air and rates that, according tothe applied thermal comfort index, vary between "precaution" and "extreme precaution" which surelyrepresent danger to human activities.

    Key-words:Urban Climate System; bus terminals, thermal comfort.

    1 INTRODUO

    A Climatologia est intimamente ligada Meteorologia, que tem como objeto de estudo a

    atmosfera e seus fenmenos, a fim de apontar as condies fsicas que os formaram. As anlises

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    climatolgicas e meteorolgicas segundo Ayoade (1996, p.1) so de grande importncia para o estudo

    do ambiente, pois os processos atmosfricos influenciam os processos nas outas partes do ambiente,

    principalmente na biosfera, hidrosfera e litosfera. importante salientar que tanto o clima como o

    tempo tanto exercem influncia como tambm sofrem interferncias dos outros processos.

    O interesse em estudar o tempo atmosfrico antigo, inicialmente havia a crena de que os

    fenmenos meteorolgicos eram controlados pelos deuses, at que os gregos comearam a realizar as

    primeiras observaes, o que deu um carter cientfico e resultou em obras como Ares, guas e

    Lugares, de Hipcrates e Meteorologia, de Aristteles. Mas s a partir do Renascimento foi que a

    cincia alavancou seu desenvolvimento (AYOADE,1996).

    Existem muitas definies a cerca de clima, Ayoade (1996, p.2) define como a sntese do

    tempo num dado lugar durante um perodo de aproximadamente 30-35 anos. Duas definies forammuito importantes para a climatologia, a primeira foi a de Hann (apud BARROS; ZAVANTTINI,

    2009, p.256), que coloca o clima como o conjunto de fenmenos atmosfricos meteorolgicos que

    caracterizam o estado mdio da atmosfera em um ponto da superfcie terrestre. Essa definio teve

    grande influncia, dando base chamada Climatologia Separativa ou Tradicional. A definio

    hanneana trata os elementos climticos separadamente, ela sofre algumas crticas por ser mais

    descritiva do que explicativa, alm de sua incapacidade de apresentar de forma consistente a realidade,

    uma vez que sua concepo, por tratar de mdias, acaba por transformar-se em uma abstrao e

    tambm colocar a atmosfera como algo esttico, sendo que a mesma dinmica. Tomando como base

    a meteorologia dinmica, Sorre aprimorou a concepo de clima, adicionando a ela a ideia do

    dinamismo e de ritmo, definindo clima como o ambiente atmosfrico constitudo pela srie de

    estados da atmosfera sobre um lugar em sua sucesso habitual (Sorre, 1951, apud BARROS;

    ZAVANTTINI, 2009, p.256), essa conceituao permitiu Climatologia novas abordagens.

    O homem contemporneo, assim como os seus antepassados, sofre influncias do clima

    (Ayoade, 1996), porm, necessrio entender que o clima um agente que interage com o meio, ou

    seja, as transformaes que o homem promove no espao vo influenciar no clima local.

    Os ambientes naturais sofrem profundas alteraes a partir do momento em que passam a

    serem povoados. Mudanas como canalizao de recursos hdricos, formas de uso e ocupao dos

    solos, pavimentao de vias, alteraes no albedo e remoo da vegetao so as transformaes mais

    evidentes promovidas pelo homem na busca para adequar esses espaos as suas necessidades (PAIVA,

    2011). Os stios urbanos so os locais onde essas alteraes podem ser mais claramente observadas.

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    A dinmica da urbanizao com o clima, causando mudanas em seu comportamento,

    geralmente conhecida como clima urbano. Monteiro (2003, p.19) define clima urbano como um

    sistema singular, que abrange um clima local (fato natural) e a cidade (fato social).

    Inmeros trabalhos voltados climatologia urbana esto sendo desenvolvidos em diversas

    cidades, e Fortaleza no foge dessa tendncia. Trabalhos j foram feitos, como os de Moura (2006,

    2008), dentro do projeto desenvolvido pelo Laboratrio de Climatologia Geogrfica e Recursos

    Hdricos, Clima em espaos intra-urbanos de Fortaleza e regio metropolitana no campo

    termodinmico e o conforto trmico. Paiva (2010), quando na sua dissertao fez uma anlise

    climtica em conjunto habitacional da cidade. Paiva (2011), tambm outro exemplo, a autora

    realizou um trabalho com microclimas urbanos no bairro de Messejana.

    O objetivo deste trabalho fazer uma anlise do conforto trmico em trs terminais de nibusde Fortaleza, atravs de um ndice de sensao trmica, que foi elaborado especialmente para a cidade,

    utilizando dados adquiridos de experimentos realizados nos terminais do Conjunto Cear (PAIVA,

    2010), da Parangaba (FREITAS; ZANELLA, 2010) e no de Messejana (PAIVA, 2011). Foram

    pesquisas realizadas entre os anos de 2009 e 2011, e que apesar de apresentarem metodologias

    semelhantes, no podem ter seus valores comparados por terem sido feitas em perodos diferentes.

    A relevncia em se estudar os terminais de nibus da cidade de Fortaleza, vem da sua

    importncia para grande parte da populao, segundo dados de 2012 da Etufor (Empresa deTransporte Urbano de Fortaleza), a demanda diria de mais de um milho de passageiros.

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    No que diz respeito s caractersticas climticas de Fortaleza, a mesma caracteriza por

    apresentar temperaturas elevadas ao longo do ano e pela sua sazonalidade de sua precipitao, que

    ocorre nos meses de fevereiro a maio quando a regio est sob a influncia da Zona de ConvergnciaIntertropical (ZCIT) (Zanella, 2005 apud MAGALHES; ZANELLA, 2011). Sua localizao

    latitudinal prxima do Equador (paralelos 3 a 4 S) propicia que haja uma intensa insolao e a sua

    proximidade do Oceano Atlntico faz com que a cidade apresente uma baixa amplitude trmica.

    2 METODOLOGIA

    A metodologia deste trabalho constitui-se em um levantamento bibliogrfico a cerca de

    trabalhos relacionados ao clima urbano realizados nos terminais de fortaleza de Fortaleza. A partir

    desses dados aplicou-se um ndice de Conforto trmico, desenvolvido para Fortaleza de Reppelle et al

    (1997), denominado Sensao Trmica.

    Todos os trabalhos remetem ao Sistema Clima Urbano proposto por Monteiro (2003), para a

    anlise a influncia da urbanizao sobre o clima. importante lembrar como afirma Moura (2008),

    que os primeiros estudos acerca do clima urbano foram realizados por Landsbarg e Chandler,

    Figura 1: Figuramostrando osterminais de nibusda cidade de

    Fortaleza. Osterminais fechadosdiferem dos abertospor propiciarem aligao de vriospontos na cidade como pagamento de umas tarifa.

    Fonte: Anuriode TransportesPblicos deFortaleza 2010(2011).

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    trabalhos que influenciaram a teoria monteriana, porm se diferem pelo seu mtodo separativo,

    enquanto a mesma utiliza a concepo rtmica.

    O clima urbano tido como um sistema que abrange o clima de um dado espao terrestre e

    sua urbanizao (Monteiro, 2003, p.19). O S.C.U. dividido em trs subsistemas, o termodinmico

    (canal I- conforto trmico), fsico-qumico (cana II- qualidade do ar) e hidrometerico (canal III-

    impacto meterico), e visa compreender o clima urbano de forma integrada.

    Os trs trabalhos realizados nos terminais utilizados como fonte de dados, realizaram

    experimentos tanto no perodo seco, quanto no chuvoso do Estado, e as anlises de seus dados foram

    feitas a partir dos resultados obtidos em campo, da interpretao do comportamento dos sistemas

    atmosfricos que atuaram durante as respectivas pesquisas e das caractersticas dos stios urbanos.

    O ndice de sensao trmica, tambm conhecido como temperatura aparente ou ndice de

    conforto, um modo de expressar o (des) conforto trmico sentido pelo homem, desenvolvido por

    Reppelle et al(1997). Nesse mtodo a temperatura aparente obtida por meio de uma aproximao

    polinomial, em funo da temperatura e da umidade relativa do ar.

    Tabela 1: ndices aproximados de Temperatura Aparente. Fonte: Reppelle et al,1997.

    Tabela 2: Indicativos de precauo em funo da temperatura aparente. Fonte: Reppelle et al,1997.

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    3- RESULTADOS E DISCUSSES

    Em todos os terminais se destacam como materiais de construo o concreto cimentado,

    pavimentos de paraleleppedo e cimento asfltico, matrias que favorecem uma maior absoro e

    remisso de calor. Sobre isso Lombardo (1985 apud FREITAS; ZANELLA, 2010) comenta:

    A radiao solar que entra na cidade menor [...] devido grande quantidade de aerossis. No entanto,ocorre um aumento da radiao emitida na cidade, no espectro de ondas longas, causada portemperaturas de superfcie mais elevadas, como concreto, tijolos, asfalto e outros materiais deconstruo. Em condies principalmente de calmaria, em que h poucas turbulncias, grande parte daenergia irradiada volta construo urbana atravs da reemisso radiativa de onda longa para atmosfera.

    Sero apresentados agora os dados coletados nos terminais feitos em cada pesquisa e sertambm aplicado o ndice de sensao trmica para cada caso.

    3.1- Terminal do Conjunto Cear

    Essa pesquisa realizou dois experimentos, o primeiro foi realizado no dia 22 de abriu de 2009,

    correspondendo ao perodo chuvoso. O ano de 2009 caracterizou-se por apresentar um dos maiores

    totais pluviomtricos dos ltimos 100 anos. Observou-se a partir das cartas sinticas e imagens de

    satlite que a ZCIT (Zona de Convergncia Intertropical) foi o sistema mais atuante. Ela foi mais

    incisiva e atuante no oceano. Na rea da pesquisa teve pouca expressividade, o que refletiu nos valores

    de nebulosidade e na ausncia de chuva daquele dia.

    Foram registradas altas temperaturas durante o dia, com exceo da primeira medio (6h)quando foram registrados 22,5C, a menor temperatura conforme pode ser observado adiante no

    grfico 1. natural que as maiores temperaturas se concentrem no perodo do dia, uma vez que

    quando a radiao solar est em contato direto com a superfcie, que absorve e reemite essa radiao

    em forma de calor, comprovando o pressuposto de que temperatura e umidade relativa so grandezas

    inversamente proporcionais, no horrio de 12 h, quando se registrou a maior temperatura, de 31,5C,

    foi tambm quando a umidade relativa esteve mais baixa, em 60%.

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    Grfico 1: Grfico de Temperatura (C) e Umidade Relativa (%) do Experimento I.

    O segundo experimento aconteceu no dia 23/10/2009, no perodo seco. O sistema Tropical

    Atlntico(TA) foi o atuante nesse perodo, isso refletiu na estabilidade dos resultados adquiridos em

    campo.

    A amplitude trmica apresentada pelo Terminal foi de foi de 10C, sendo a menor temperatura

    25C, registrada as 6 e as 21h e a maior 35C, as 12h. Isso contrastou com a umidade relativa, que foi

    maior s 21h, quando marcou 87%, e o menor valor obtido foi de encontro a maior temperatura,

    quando registrou 41%.

    Grfico 2: Grfico de Temperatura (C) e Umida Relativa (%) do Experimento II

    A sensao trmica se comportou de maneira semelhante nos durante os dois experimentos, se

    mantendo na maior parte do tempo na faixa de precauo. No segundo experimento houve dois

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    momentos em que se constatou a faixa de extrema precauo, quando as temperaturas aparentes

    foram de 34C e 35C.

    TEMPERATURA APARENTE NO TERMINAL DO CONJ.CEAR

    HORA EXPERIMENTO I EXPERIMENTO II

    6:OO 24C 25C PRECAUO

    09:OO 32C 34C EXTREMA PRECAUO

    12:OO 33C 35C PERIGO

    15:OO 31C 32C PERIGO EXTREMO

    18:OO 31C 31C

    21:OO 28C 24C

    Tabela 3: Tabela de Temperatura Aparente do Terminal do Conj. Cear, apontado para a faixa de

    "precauo" em todo o primeiro experimento e em grande parte do segundo.

    3.2- Terminal da Parangaba

    Os experimentos dessa pesquisa aconteceram nos dias 16/12/2009 (perodo seco) no dia

    30/04/2010 (perodo chuvoso), com perfis de 12h em trs pontos distintos, um deles o do terminal. As

    temperaturas das medies de abril mostraram-se mais altas do que a do ms de dezembro, mesmo

    tendo sido feitas no perodo chuvoso. A umidade relativa no variou muito entre os experimentos, no

    ms de abril a umidade relativa variou entre 66% e 73%, dificilmente passando de 80%, que a mdia

    do perodo.

    Grficos 3 e 4: Grficos mostrando a variao de temperatura em cada ponto nos meses de dezembro eabril, respectivamente. Fonte: Freitas, Zanella, 2010.

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    Grficos 5 e 6: Grficos mostrando a variao da umidade relativa em cada ponto nos meses de dezembroe abril, respectivamente. Fonte: Freitas, Zanella, 2010.

    A explicao para os elementos atmosfricos terem se comportado desta forma est na anlise

    dos sistemas atmosfricos. No caso do ms de dezembro, atuou um VCAN (Vrtice Ciclnico de

    Altos Nveis). Esse sistema atua geralmente entre o fim de dezembro e janeiro, nesse caso,

    influenciando as temperaturas e umidades. Durante o ms de abril, quando aconteceu o segundo

    experimento, ocorriam poucas chuvas pela manh e o restante do dia com altas temperaturas e

    nebulosidade, contribuindo para uma sensao de desconforto trmico. A ausncia das chuvas nesse

    ms, que tem a caracterstica de ser a poca de maior concentrao pluviomtrica em Fortaleza, foi

    causada por se tratar de um perodo de El nino.

    A sensao trmica durante o primeiro experimento se deu durante todo o dia na faixa de

    precauo, com exceo das 15h. No segundo experimento as primeiras medies apontaram para afaixa de precauo, mas das 11h em diante evidenciou-se a faixa de extrema precauo, beirando

    a faixa de perigo nas medies de 13 s 16h, quando a temperatura efetiva foi de 39C.

    TEMPERATURA APARENTE NO TERMINAL DAPARANGABA

    HORA EXPERIMENTO I EXPERIMENTO II

    07:OO 31C 31C PRECAUO

    08:OO 27C 31C EXTREMA PRECAUO

    09:OO 31C 31C PERIGO10:OO 28C 32C PERIGO EXTREMO

    11:OO 37C 36C

    12:OO 31C 35C

    13:OO 31C 39C

    14:OO 31C 39C

    15:OO 34C 39C

    16:OO 33C 39C

    17:OO 33C 34C

    18:OO 33C 34C

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    Tabela 4: Tabela de Temperatura Aparente do Terminal da Parangaba, mostrando uma condio de"perigo" durante boa parte do Experimento II.

    3.3- Terminal de Messejana

    Foram realizados dois trabalhos de campo com perfis de 11 horas (das 8 s 18h). O primeiro

    experimento aconteceu no dia 10/12/2012, no perodo seco do estado. Atravs da anlise de cartas

    sinticas e imagens de satlite, observou-se que o principal sistema atuante foi o sistema Tropical

    Atlntico, que o principal influenciador dos tipos de tempo no decorrer do ano.

    A amplitude trmica foi de 2,5C, sendo a maior temperatura 32,5C s 16h e a menor 30C s

    8h. A umidade relativa apresentou uma queda durante o dia, contrastando com o aumento das

    temperaturas, sendo que o seu nvel mais baixo foi 65%, nos horrios de 12,13 e 16h.

    Grfico 7: Grfico com a variao de Tempera e Umidade do Experimento I.

    O segunto experimento foi feito no dia 14/04/2011, durante o a quadra chuvosa. Nesse dia o

    anlise das cartas sinticas e de imagens de satlite mostrou que o sistema atuante foi a ZCIT (Zona de

    Convergncia Intertropical), principal sistema causador de chuvas do estado.

    As temperaturas nesse segundo experimento foram menores do que as registradas no anterior,

    a amplitude trmica nesse registrada nas medies foi de 4,6C, sendo a maior temperatura 31,5C,

    registrado as 15 e 16h, e a menor foi 26,9C, as 8h. As taxas de umidade relativa foram parecidas com

    as do primeiro experimento, diminuindo ao longo do dia pelo aumento da temperatura e pelo intenso

    fluxo de veculos dentro do terminal e voltando a subir um pouco com a diminuio da temperatura

    nas duas ltimas medies.

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    Grfico 8: Grfico mostrando a variao de temperatura e umidade relativa ao longo do Experimento II.

    O ndice de sensao trmica apontou caractersticas semelhantes nos dois experimentos,estando na maioria dos casos na faixa de extrema precauo, a excesso foram as trs primeirasmedies do segundo experimento, quando tambm se registrou a maior temperatura aparente, que foi39C, durante as medies de 15 e 16h do experimento II.

    TEMPERATURA APARENTE NO TERMINAL DE MESSEJANA

    HORA EXPERIMENTO I EXPERIMENTO II

    08:OO 34C 27C PRECAUO

    09:OO 34C 31C EXTREMA PRECAUO

    10:OO 34C 31C PERIGO

    11:OO 34C 35C PERIGO EXTREMO

    12:OO 37C 34C

    13:OO 37C 34C

    14:OO 37C 37C

    15:OO 37C 39C

    16:OO 37C 39C

    17:OO 37C 35C

    18:OO 34C 35C

    Tabela 5: Tabela de Temperatura Aparente do Terminal de Messejana, mostrando que durante os doisExperimentos evidenciou-se na maioria das vezes a faixa de "precauo extrema".

    4- Consideraes Finais

    Os dados apresentados neste trabalho apontaram que os terminais de nibus estudados, pelo

    menos durante os experimentos, no apresentam faixa de perigo (temperatura aparente entre 40C e

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    54C), sendo que as maior temperatura registrada foi 39C, que fica na faixa de extrema precauo,

    que j pode causar efeitos negativos sobre o funcionamento do organismo humano.

    Algumas caractersticas como o material utilizado na construo os terminais, o seu alto fluxo

    de veculos e pessoas e a falta de arborizao podem ser apontadas como responsveis pelas elevadas

    temperaturas registradas durante os experimentos, e consequentemente piores ndeces de conforto.

    O uso da climatologia poderia ser de grande importncia para a melhoria da qualidade de vida

    da populao, principalmente em casos como os dos terminais, que so utilizados por grande parte da

    populao, porm, isso no acontece e os aspectos climticos acabam por no serem na maioria dos

    casos levados em considerao nos projetos de planejamento urbano.

    As aes de planejamento urbano com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da

    populao so de responsabilidade governamental, mas existem outras que civis podem fazer, como a

    ampliao de reas verdes, manuteno de espaos abertos, de corredores de vento e a implantao de

    rvores de grande porte (MOURA; ZANELLA; SALES 2010, apud PAIVA, F. 2010).

    5- Referncias

    AYOADE, J. O. Introduo Climatologia para os Trpicos. 4. ed. Rio De Janeiro: Bertrand

    Brasil, 1996. 332 p.

    BARROS, J. R.; ZAVATTINI, J. A. Bases Conceituais em Climatologia Geogrfica. Mercator.

    Fortaleza, v. 8, n. 16, p. 255-261. 2009.

    FORTALEZA. Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza - Etufor. Prefeitura de Fortaleza. Anurio

    de Transportes Pblicos de Fortaleza Edio de 2010. Fortaleza, 2011.

    FORTALEZA. Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza - Etufor. Prefeitura de

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