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O que é Arqueologia? A Arqueologia é a ciência que se preocupa em enten- der a sociedade por meio de sua cultura material, ou seja, pelos seus objetos. Para o arqueólogo o material encontrado traz informações sobre aqueles que habitavam a região antes de nós, sendo assim, a atividade do arqueólogo não está ape- nas voltada para os objetos que são encontrados no sítio ar- queológico (local que apresenta vestígios de atividades huma- nas do passado), mas também para as relações que as pessoas estabelecem com estes objetos. Como trabalha o Arqueólogo? O arqueólogo é o cientista responsável por interpretar os vestígios deixados pelas populações do passado. Seu traba- lho se divide em 3 etapas: PRÉ-CAMPO: é o momento em que os arqueólogos buscam registros escritos e pesquisas realizadas sobre uma determi- nada região. Relatos orais da população local também contri- buem com a pesquisa. CAMPO: as atividades de acampo compreendem a “prospecção” (busca pelos vestígios) e o resgate do material encontrado que se dá por meio de escavações ou coletas siste- máticas. Histórias que se cruzam! As histórias dos municípios Araraquara, Américo Bra- siliense e Santa Lucia, se cruzam. É possível evidenciar esse fato à medida que os relatos históricos identificam a pre- sença indígena, o conflito como os mesmos, o processo de imigração, a expansão econômica cafeeira, a construção das Ferrovias para chegada e escoamento de produtos agrí- colas, dentre outros fatos históricos. No entanto, com a crise de 1929 houve uma baixa com relação à exportação de café. Assim em 1931 o gover- no passa a criar regulamentação para a produção de açúcar e álcool com a finalidade de ampliar o consumo de açúcar e mudar a política do uso de combustível a base de petróleo para o álcool. Muitas personalidades históricas chegaram à região, seja por conflitos políticos ou por processo migra- tório. Todos os cidadãos cooperaram de alguma forma para a construção cultural e econômica regional, mas não vamos nos atentar a representações públicas específicas. Vamos elencar algumas dessas contribuições para a construção coletiva do patrimônio cultural local e regional. Dentre as possibilidades históricas podemos citar a titulo de exemplo, a fundação do Teatro Apollo, construído ao lado do grupo escolar em Américo Brasilien- se, que foi palco de encontros famíliares, de namorados e da juventude de uma maneira geral. Citamos aqui também o time de futebol fundado em 1921, por imigrantes italianos, chamado de Americano, sen- do esse o mais antigo da região. Santa Lucia também tem sua contribuição como uma bela representante de patrimônio paisagístico, devido as belas Palmeiras Im- periais. As Pal- meiras Imperi- ais fez com que a cidade fosse conhecida como, "Cidade das Palmeiras" desde 1957, suas mudas foram trazidas do Jar- dim Botânico do Rio de Janeiro, pelo Bento de Abreu Sam- paio Vidal. Continuando nossa reflexão sobre os patrimônios existentes na região poderíamos evidenciar em Araraquara vários locais, mas optamos aqui por apresentar o MAPA- Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara que se localiza no centro da cidade. A nossa opção se deu pelo fato de entendermos que esse é um espaço que conta um pouco do passado, mas nos faz pensar o presente. Este lu- gar está diretamente ligado à história de Araraquara, pois se trata de um antigo conservatório musical do maestro José Tescari, construção da década de 1880 e hoje é o local que abriga acervos que nos dão a possibilidade de contar parte da história da Arqueologia Regional e da Paleontolo- gia. Aproveite e venha nos conhecer!!! O que é Patrimônio Cultural Imaterial? O Patrimônio Cultural Imaterial refere-se ás práti- cas e situações da vida social, manifestadas em celebra- ções, saberes, formas de expressão artística, modos de fazer, e também nos lugares onde ocorrem as práticas culturais coletivas. Trata-se de um patrimônio transmitido de geração em geração, constantemente recriado pela co- munidade e que gera um sentimento de identidade e con- tinuidade. É interessante perceber que um bem patrimo- nial material, como uma construção arquitetônica, carrega também um valor imaterial de referência afetiva e simbóli- ca para a comunidade. Uma teia de significados está para além da materialidade das coisas, visto que é relativa a uma experiência simbólica do cotidiano e do vivido que dinamiza as relações. (Adaptado de SILVEIRA & BEZER- RA, 2007). Foto do Theatro Apollo, acervo disponível em www.americobrasiliense.sp.gov.br Foto da rua central em Santa Lucia (fonte: arquivo próprio). Foto do Americano Futebol Clube, acervo: disponível em www.americobrasiliense.sp.gov.br Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara – MAPA (fonte: arquivo próprio) Vamos conhecer um pouco da história de alguns patrimônios culturais da sua cidade e região? Momento da limpeza e análise do material arqueológico recolhido com a pesquisa de campo em sítio arqueológico (fonte: Zanettini Arqueologia em trabalho para Usina Santa Cruz) 02 03 Em Araraquara Na cidade de Araraquara, temos que destacar o Baile do Carmo que é carregado de simbologia e faz parte do patrimônio imaterial do Município. O Baile começou em meados do século XX, como manifestação de resistência da comunidade negra contra o preconceito. Os grandes salões de clubes araraquarenses, frequenta- dos pela elite econômica, não aceitavam negros em dias habituais. O baile de gala, que a princípio ti- nha como objetivo fir- mar a presença e os direitos dos negros, logo se tornou um ponto de encontro de diferentes gera- ções, contribuindo para a construção de laços que seriam fundamentais para a manutenção do even- to anual. Hoje é realizada uma semana de eventos que atrai muita gente, tanto de Araraquara como também de toda a região. No ano de 2006, após a assinatura de um protocolo entre prefeitu- ra Municipal e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualda- de Racial, deu-se início ao inventário da história da comunidade afrodescendente em Araraquara, por meio da história do Baile do Carmo, o que possibilitou o registro do evento co- mo patrimônio cultural imaterial da humanidade, no livro de Tombo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em Santa Lúcia e Américo Brasiliense Podemos elencar um patrimônio imaterial que muito contribui para a qualidade de vida da sociedade em Santa Lucia, onde há uma prática da Olimpíada do trabalhador. Ocorre desde 1989, sempre no dia 1º de maio e os esportes são: Futebol de Salão; Futebol de Campo; Natação; Atletismo; Truco e Vôlei de Areia sendo que a primeira contou com 500 participantes. A prá- tica esportiva é um fator preponderante para sociabilidade dos sujeitos. Outros eventos culturais ocorrem em Santa Lucia como a Festa do HAVAÍ. Já em Américo o século 20 foi palco de grandes eventos culturais, com a chegada do cinema. O primeiro filme a ser exibi- do foi A Deusa do Sertão, em 1926. Retrata uma época áurea das artes. O filme era acompanhado de uma pianola (um modelo de piano tocado automaticamente, por meio de um aparelho, para acompanhamento musical dos filmes que eram “mudos”). Em Américo o equipamento era manipulado por Carlos Abi- Jaudi, o Carlitão, como era conhecido, mais tarde foi dono do Cine. O cinema ainda hoje mexe com nossas emoções além de transmitir conhecimento, por esse motivo pode ser reconhecido como patrimônio material e imaterial. Já conversamos sobre o patrimônio material e imaterial. Agora vamos tratar do papel do Arqueólogo para a compreensão e o resgate desse patrimônio, vamos viajar com a gente e desco- brir um pouco sobre essa profissão? Dança no Baile do Carmo em 2006. Fonte: Valquíria Pereira Tenório Frente do convite Baile do Carmo de 1974. Fonte: Valquíria Pereira Tenório PÓS-CAMPO: é nesta etapa que os pesquisadores vão higieni- zar e tratar o material encontrado (lavar e numerar) para que possam ser analisados. Os dados levantados são transforma- dos em conhecimento que devem chegar ao público por meio de ações educativas ou por museus, com exposições organiza- das a partir das pesquisas. Pesquisadores realizando pesquisa de campo em sítio arqueológico (fonte: Zanettini Arqueologia em trabalho para Usina Santa Cruz) Pesquisadores realizando pesquisa com informantes e com documentação escrita (fonte: arquivo próprio)

02 03 Histórias que se cruzam! - Fundação Araporãfundacaoarapora.org.br/wp-content/uploads/2015/02/material-educa… · entanto, entendemos que precisamos ir além da exigência

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Page 1: 02 03 Histórias que se cruzam! - Fundação Araporãfundacaoarapora.org.br/wp-content/uploads/2015/02/material-educa… · entanto, entendemos que precisamos ir além da exigência

O que é Arqueologia? A Arqueologia é a ciência que se preocupa em enten-

der a sociedade por meio de sua cultura material, ou seja,

pelos seus objetos. Para o arqueólogo o material encontrado

traz informações sobre aqueles que habitavam a região antes

de nós, sendo assim, a atividade do arqueólogo não está ape-

nas voltada para os objetos que são encontrados no sítio ar-

queológico (local que apresenta vestígios de atividades huma-

nas do passado), mas também para as relações que as pessoas

estabelecem com estes objetos.

Como trabalha o Arqueólogo?

O arqueólogo é o cientista responsável por interpretar

os vestígios deixados pelas populações do passado. Seu traba-

lho se divide em 3 etapas:

PRÉ-CAMPO: é o momento em que os arqueólogos buscam

registros escritos e pesquisas realizadas sobre uma determi-

nada região. Relatos orais da população local também contri-

buem com a pesquisa.

CAMPO: as atividades de acampo compreendem a

“prospecção” (busca pelos vestígios) e o resgate do material

encontrado que se dá por meio de escavações ou coletas siste-

máticas.

Histórias que se cruzam!

As histórias dos municípios Araraquara, Américo Bra-

siliense e Santa Lucia, se cruzam. É possível evidenciar esse

fato à medida que os relatos históricos identificam a pre-

sença indígena, o conflito como os mesmos, o processo de

imigração, a expansão econômica cafeeira, a construção

das Ferrovias para chegada e escoamento de produtos agrí-

colas, dentre outros fatos históricos.

No entanto, com a crise de 1929 houve uma baixa

com relação à exportação de café. Assim em 1931 o gover-

no passa a criar regulamentação para a produção de açúcar

e álcool com a finalidade de ampliar o consumo de açúcar e

mudar a política do uso de combustível a base de petróleo

para o álcool. Muitas personalidades históricas chegaram à

região, seja por conflitos políticos ou por processo migra-

tório.

Todos os cidadãos cooperaram de alguma forma para

a construção cultural e econômica regional, mas não vamos

nos atentar a representações públicas específicas. Vamos

elencar algumas dessas contribuições para a construção

coletiva do patrimônio cultural local e regional.

Dentre as possibilidades históricas podemos citar a

titulo de exemplo, a

fundação do Teatro

Apollo, construído ao

lado do grupo escolar

em Américo Brasilien-

se, que foi palco de

encontros famíliares,

de namorados e da

juventude de uma

maneira geral.

Citamos aqui

também o time de

futebol fundado em

1921, por imigrantes

italianos, chamado

de Americano, sen-

do esse o mais

antigo da região.

Santa Lucia

também tem sua

contribuição

como uma bela

representante

de patrimônio

paisagístico,

devido as belas

Palmeiras Im-

periais. As Pal-

meiras Imperi-

ais fez com

que a cidade

fosse conhecida

como, "Cidade

das Palmeiras"

desde 1957, suas

mudas foram

trazidas do Jar-

dim Botânico do Rio de Janeiro, pelo Bento de Abreu Sam-

paio Vidal.

Continuando nossa reflexão sobre os patrimônios

existentes na região poderíamos evidenciar em Araraquara

vários locais, mas optamos aqui por apresentar o MAPA-

Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara que

se localiza no centro da cidade. A nossa opção se deu pelo

fato de entendermos que esse é um espaço que conta um

pouco do passado, mas nos faz pensar o presente. Este lu-

gar está diretamente ligado à história de Araraquara, pois

se trata de um antigo conservatório musical do maestro

José Tescari, construção da década de 1880 e hoje é o local

que abriga acervos que nos dão a possibilidade de contar

parte da história da Arqueologia Regional e da Paleontolo-

gia. Aproveite e venha nos conhecer!!!

O que é Patrimônio Cultural Imaterial?

O Patrimônio Cultural Imaterial refere-se ás práti-

cas e situações da vida social, manifestadas em celebra-

ções, saberes, formas de expressão artística, modos de

fazer, e também nos lugares onde ocorrem as práticas

culturais coletivas. Trata-se de um patrimônio transmitido

de geração em geração, constantemente recriado pela co-

munidade e que gera um sentimento de identidade e con-

tinuidade.

É interessante perceber que um bem patrimo-

nial material, como uma construção arquitetônica, carrega

também um valor imaterial de referência afetiva e simbóli-

ca para a comunidade. Uma teia de significados está para

além da materialidade das coisas, visto que é relativa a

uma experiência simbólica do cotidiano e do vivido que

dinamiza as relações. (Adaptado de SILVEIRA & BEZER-

RA, 2007).

Foto do Theatro Apollo,

acervo disponível em

www.americobrasiliense.sp.gov.br

Foto da rua central em Santa Lucia

(fonte: arquivo próprio).

Foto do Americano Futebol Clube,

acervo: disponível em

www.americobrasiliense.sp.gov.br

Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara – MAPA

(fonte: arquivo próprio)

Vamos conhecer um pouco da história de

alguns patrimônios culturais da sua cidade

e região? Momento da limpeza e análise do material arqueológico recolhido

com a pesquisa de campo em sítio arqueológico (fonte: Zanettini

Arqueologia em trabalho para Usina Santa Cruz)

02 03 Em Araraquara

Na cidade de Araraquara, temos que destacar o Baile do

Carmo que é carregado de simbologia e faz parte do patrimônio

imaterial do Município. O Baile começou em meados do século

XX, como manifestação de

resistência da comunidade

negra contra o preconceito.

Os grandes salões de clubes

araraquarenses, frequenta-

dos pela elite econômica,

não aceitavam negros em

dias habituais. O baile de

gala, que a princípio ti-

nha como objetivo fir-

mar a presença e os

direitos dos negros,

logo se tornou um

ponto de encontro

de diferentes gera-

ções, contribuindo

para a construção

de laços que seriam

fundamentais para a

manutenção do even-

to anual.

Hoje é realizada uma semana de eventos que atrai muita

gente, tanto de Araraquara como também de toda a região. No

ano de 2006, após a assinatura de um protocolo entre prefeitu-

ra Municipal e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualda-

de Racial, deu-se início ao inventário da história da comunidade

afrodescendente em Araraquara, por meio da história

do Baile do Carmo, o que possibilitou o registro do evento co-

mo patrimônio cultural imaterial da humanidade, no livro de

Tombo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional).

Em Santa Lúcia e Américo Brasiliense Podemos elencar um patrimônio imaterial que muito

contribui para a qualidade de vida da sociedade em Santa Lucia,

onde há uma prática da Olimpíada do trabalhador. Ocorre desde

1989, sempre no dia 1º de maio e os esportes são: Futebol de

Salão; Futebol de Campo; Natação; Atletismo; Truco e Vôlei de

Areia sendo que a primeira contou com 500 participantes. A prá-

tica esportiva é um fator preponderante para sociabilidade dos

sujeitos. Outros eventos culturais ocorrem em Santa Lucia como

a Festa do HAVAÍ.

Já em Américo o século 20 foi palco de grandes eventos

culturais, com a chegada do cinema. O primeiro filme a ser exibi-

do foi A Deusa do Sertão, em 1926. Retrata uma época áurea

das artes. O filme era acompanhado de uma pianola (um modelo

de piano tocado automaticamente, por meio de um aparelho,

para acompanhamento musical dos filmes que eram “mudos”).

Em Américo o equipamento era manipulado por Carlos Abi-

Jaudi, o Carlitão, como era conhecido, mais tarde foi dono do

Cine. O cinema ainda hoje mexe com nossas emoções além de

transmitir conhecimento, por esse motivo pode ser reconhecido

como patrimônio material e imaterial.

Já conversamos sobre o patrimônio material e imaterial.

Agora vamos tratar do papel do Arqueólogo para a compreensão

e o resgate desse patrimônio, vamos viajar com a gente e desco-

brir um pouco sobre essa profissão?

Dança no Baile do Carmo em 2006.

Fonte: Valquíria Pereira Tenório

Frente do convite Baile do Carmo

de 1974.

Fonte: Valquíria Pereira Tenório

PÓS-CAMPO: é nesta etapa que os pesquisadores vão higieni-

zar e tratar o material encontrado (lavar e numerar) para que

possam ser analisados. Os dados levantados são transforma-

dos em conhecimento que devem chegar ao público por meio

de ações educativas ou por museus, com exposições organiza-

das a partir das pesquisas.

Pesquisadores realizando pesquisa de campo em sítio arqueológico

(fonte: Zanettini Arqueologia em trabalho para Usina Santa Cruz)

Pesquisadores realizando pesquisa com informantes e com

documentação escrita (fonte: arquivo próprio)

Page 2: 02 03 Histórias que se cruzam! - Fundação Araporãfundacaoarapora.org.br/wp-content/uploads/2015/02/material-educa… · entanto, entendemos que precisamos ir além da exigência

Educação Patrimonial

As ações Educativas previstas para

contribuir na sensibilização do público en-

volvido sobre a Preservação do Patrimônio

Histórico-Cultural nos Municípios Arara-

quara, Américo Brasiliense e Santa Lucia,

estão diretamente ligadas à execução do

programa de Gestão do Patrimônio Arque-

ológico da Usina Santa Cruz. A efetivação

de um programa de educação e preservação

do patrimônio cultural é uma exigência do

Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-

co Nacional-IPHAN, a partir da Portaria

IPHAN/Minc 203/2002, estando, também,

em acordo com legislação ambiental, que

preveem programas de educação patrimoni-

al em contextos de licenciamento ambiental.

A título de esclarecimento da popula-

ção todo empreendimento necessita execu-

tar, antes de sua implantação, diversos estu-

dos. E essa investigação é chamada de Estu-

do de Impacto Ambiental e Relatório de

Meio Ambiente (EIA-RIMA), previsto pela

Legislação Brasileira, na Resolução CONA-

MA n°. 001 de 23.01.86, como parte das

exigências legais para se obter o licencia-

mento ambiental. A equipe de educação da

Fundação Araporã, no entanto, compreende

que as ações educativas devem contribuir

para a construção cidadã, permitindo o livre

acesso da população aos diversos contextos

da produção cultural e ambiental existentes

nos municípios e com essa motivação tem

atuado de maneira mais efetiva desde 2008

no município de Araraquara e região. Sem-

pre se pautando na necessidade de que os

sujeitos sociais possam se apropriar e criar

uma identidade com a História e o Patrimô-

nio Cultural, Arquitetônico, Ambiental e

principalmente o Arqueológico, bem como

realizando registros da memória sociocultu-

ral da região.

Atualmente, desenvolvemos ações

educativas no Museu de Arqueologia e Pale-

ontologia de Araraquara (MAPA), escolas

públicas e particulares, em Faculdades, asso-

ciações e instituições sociais e culturais. Di-

ante dessa explanação você pode estar se

perguntando no que a implantação de um

empreendimento tem a ver com a demanda

do Patrimônio histórico e cultural?

A preservação do Patrimônio cultural

deve ser entendida como uma ação que va-

loriza a história da vida de todos os povos.

Sendo uma exigência legal deve ser estudada

para que seja garantida a sua salvaguarda,

pois, compreende-se que a cultura de um

povo é um bem universal e que precisa ser

valorizada para garantir a construção da

identidade social como um todo. Atualmen-

te a legislação brasileira define como sendo

obrigação do Estado, do Município e da Uni-

ão salvaguardar nossos bens culturais de

qualquer possibilidade de destruição. No

entanto, entendemos que precisamos ir

além da exigência legal, pois a sociedade de-

ve se apropriar do patrimônio cultural do

seu Município, só assim, reconhecerá sua

importância, criando uma identidade própria

e, consequentemente, a valorização e a pre-

servação desse bem patrimonial. Nossa atu-

ação no âmbito do licenciamento ambiental

das áreas de ampliação de plantio de cana da

Usina Santa Cruz é atender a exigência le-

gal, mas também promover o conhecimento

e a reflexão sobre os patrimônios culturais

existentes, para tanto, nossos trabalhos con-

tam com uma equipe multidisciplinar para

sua execução.

Dr. Robson Rodrigues - arqueólogo

Dra. Dulcelaine Nishikawa - socióloga

PUBLICAÇÃO INFORMATIVA DA

AÇÃO EDUCATIVA DO PROGRA-

MA DE EDUCAÇÃO PATRIMONI-

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Apoio:

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gia de Araraquara (MAPA)

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ção de Acervos Diversos (CECRAD)

Pç. Pedro de Toledo, s/n – CEP: 14.801-

348 – Araraquara (SP)

Tel. (16) 3322.4887

Gerente de Museus: Virgínia C. Fratucci de

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quara – SP – CEP: 14.800-165

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COORDENAÇÃO GERAL

DR. Robson Rodrigues

DRA. Dulcelaine L. Lopes Nishikawa

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Os primeiros habitantes da nossa região viviam da caça,

pesca e coleta de vegetais. Chegaram aqui por volta de 8 mil

anos e escolheram essas terras por ser rica em matéria-prima

(rochas) para produzir seus instrumentos, mas circulavam por

outras regiões em busca de alimento e condições de moradia.

Tempos depois, grupos indígenas falantes de língua Tupi-

Guarani e Jê ocuparam a região. Estes tinham saberes próprios

e uma visão de mundo particular. Confeccionavam vasilhas cerâ-

micas que auxiliavam nas tarefas do dia a dia como cozinhar,

armazenar alimentos e até mesmo nos sepultamentos, servindo-

lhes de caixão.

Estas sociedades deixaram vestígios de sua ocupação e

estes hoje são objetos de estudos para muitos arqueólogos,

parte deles integra acervos de museus e nos ajudam a compre-

ender a história local.

A ocupação colonial, desde o início do século XX, também

deixou vestígios materiais, hoje encontrados nas fazendas da re-

gião. Cabe a arqueologia se ocupar destes vestígios, trazendo-

nos informações que não estão presentes nos livros e nos docu-

mentos oficiais.

04 Arqueologia regional e os achados arqueológicos encontrados

no âmbito do licenciamento ambiental da usina Santa Cruz

Urna funerária tupiguarani encontrada no município de Rincão,

SP. E uma ponta de flecha produzida pelos primeiros habitantes

da região Araraquara, hoje em exposição no Museu de Arqueolo-

gia e Paleontologia de Araraquara (MAPA) (fonte: arquivo próprio).

Moeda de 1946 encontrada no sítio arqueológico Periquito, no

município de Araraquara, SP. E foto dos Vestígios de edificação

em blocos de pedra relacionada a sede da antiga fazenda de café

São Luiz do Monjolo, município de santa Lúcia, SP

(fonte: Zanettini Arqueologia).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR. Aparecida J. G. Araraquara, aspectos de sua História. Jaboticabal – São Paulo:

GST 2003.

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trado. 1967.

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Informações sobre Araraquara disponível em <http://www.araraquara.sp.gov.br/Noticia/

Noticia.aspx?IDNoticia=8693> acessado em 25/10/2013

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TENÓRIO, Valquíria Pereira. Uma interpretação do “Baile do Carmo”: memória, sociabilidade e

identidade étnico-racial em Araraquara. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade Esta-

dual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara, 2005.

ZANETTINI, P. E. Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico Áreas de Expansão da

Usina Santa Cruz. Municípios de Américo Brasiliense, Araraquara, Ibaté, Matão, Santa

Lúcia, São Carlos, e Rincão, Estado de São Paulo. Relatório Final. São Paulo, 2012.

Patrimônio Histórico e Cultural de

Araraquara, Santa Lúcia e Américo

Brasiliense, SP.

Mapa etnográfico onde se observa a presença de populações

dos troncos linguísticos Jê e Tupi-guarani na região de Arara-

quara (Fonte: MANO, Marcel, 311:2006)