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Revista de Teatro Esgotada - O tablado
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7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 1/41
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 2/41
C
ADERNOS
DE
TE
ATRO têm n ôvo asp ecto . Neste
n.? 20
mudam
os a
penas
s
ua
ap
rese
nta
çã o g
rá f
ica pois
pro
.
cur a
re
mos co
nservar
sem pre o es pírito
qu
e nos animou ao
fund
ar a re vista. Hoje com o
naquela.
ocasião se nt imo s o
in ter
êsse pel o teatro sempre c
resc
ente . Formam se grupos
real izam se festivais cursos debates de onde surgem no-
vos au to re s at ôres diretor es .
CADERNOS DE TEAT RO con tinuam se ndo a
ntes
de
tud o o tr abalho de um gr
upo
amador qu e proc
ur
a se u
cami nho at rav és a li ção dos
qu
e pa s
sa r
am a exper
iên
cia
impor
tad
a e a n ossa própr ia ex
pe r
i ênc
ia .
T
en t
amos passar
a
diante
essa me
sma
experiê
nci
a e o
qu
e dev
em
os aos n os-
sos m es
tr
es na formação de um espí rito de t tro Não é
som en te a técn ic a qu e int eressa ma s es sa técn ica v iv ifi -
cada
por
um
e
spír
ito
de
teat
ro . Com o di zia D
clli
n e
repe
timos agora ; Não é de m
áq
uinas de fa zer descer os deus es
à ce na de que necessitamos em nosso tea tr o ma s de
DE USES .
CADE RN OS DE TEATRO ainda
hoj
e encont ram no
me
smo
lem a
não e
squ
er
o
interior
do B
ra
sH uma
da s pri
ncipai
s r azões de sua sob r e vi vê nci a . Não esquecer
o jovem do inter ior se m r ecu rsos sem livro s sem escola s
sem tea tro e q ue deseja fa z
er
teatro . E a correspondência
r ecebida dos lugar e jos m ais di
stante
s do pa ís mo s-
tr a que os CADERNOS v
êm
cumprindo de al
guma forma
o se u
pape
l . Isso
nos
anima a. continuar dando em n ossas
páginas e às vêzes re petidam
en t
e r
ud
imentos de div er sas
técn ica s : como fa z
er
um
bo
nec
o co
mo
fazer um a m ás
cara
uma
re
sis tência esc rev er u ma pecin ha com o aprovei tar um
tema para
dramati
za r etc . pois tu do isso que pode
pare
-
c
er
r ep is
ad
o e já sabido nas ca p ita is é buscado com a
vid
ez
pelo p rofessor ou est udante do i
nt
er ior . E a lé m de ar tigos
tr ad uzidos de d
ebat
es de probl
emas
t
eatra
is da at ual
ida
de
conti
nuamos ap r es e nt a nd o peças de fácil montagem para
grupos pr incipian t es res enhas dos
jorna
is e a parti r dêst e
número e sempr e que possível uma relação das úl timas
publicações. \
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 3/41
CADERNOS DE TEATRO
N.o
20 de
zembro de 1962
Pub licação t rimes
tr
al d O TABL
ADO
sob o patr o
cínio do IBECC
Av
Li n
eu
de P
au
la Mach
ad
o 795 - J ard im Bot ã
níco - R io de J an
ei r
o - Estado da Gu an aba r a .
DIRET
OR R
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CHEFE : J
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ce - SECRE
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ÁRIA
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gínia Valli - TESOUREIRO Eddy Rez
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.
COLABORAM NESTE NúMERO B
ár b
ara Hel iodora
Blan che T . J aco
bin
a
Ann
a
Mar ia Magn u
s Vi rgí
ni a Va
ll i .
COMPOSIÇÃO - Ana Le tycia J oão José Costa
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 4/41
busca de uma ome
Peter rook
Tr
echos do artigo a
ba i
xo tr an s
cr i
to já for
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publica
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núm
ero anteri or dês tes Cad
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H
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eitos
e Dev
er
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Dir
etor
. Acr
ed itam
os, por
ém
,
que
nossos lei
to r
es
ap r
eciarão a lei t u ra do
ar t
igo do \
brilhant
e
di reto
r
bri tân ico
na
sua ín tegra , já que o me
smo
coloca em foco
pr ob l
ema
s e dú
vida
s comu ns a t ôda a g
en t
e de teatro .
A cr ise é
evident
e .
Hoje
em
dia
, é pos
sív
el re
al i
z
ar
de
ma neira
satisfatória uma
gr ande variedade
de peças;
no en t an to, quem fôr hones to consigo
me
smo há-de saber
mui
to bem, no fun d o, que o qu e está fa zen do é tot
alm
e
nte
inút il. O que nos move é
um
simples . im
pu
lso pessoa.l .
Ci
nqüenta
anos
at r
ás,
acred
it
ava
-se
na
ar te pela arte e
na
art e para o
ar
tista,
isto
é,
que
o
artist a
ex istia
tant
o
para
si m e
smo
quan
to
para
os ou
tr o
s .
Hoje,
damo
-no s con ta de
que,
i
ndi
vidualmente , somos fàci.l
mente
sub
stituídos.
O
mundo é tão ri co de atividades e rea lizações - os
filmes
já estão abarrotando os
museu
s, ist o sem falar nos
qua
dros
, na cer
âmica
e no s discos - qu e
não
se p
ode mais
ac r
ed i
ta r qu
e
um empr
e
endim
ento
artíst i
co,
qualquer
que
se ja, sej a
n ssário
(po r
exe
m plo: a mo
rt
e de Tosc
anin
i,
cujo
va
lor pessoal er a indiscut ível,
não
deixou nenhum
vazio
na v ida
cult
ural de qualquer um de nó
s).
A terrível
verdad
e é q
ue
, se
todo
s
OS
teatros dêste
p aís fôssem
fecha
dos de
re pente
,
haveria
a
pena
s uma
sen
s
ação
col
etiva
e
cor
tê s de falta de alg
uma comodid
ade
civil izada, assim
como
nos
far iam fal ta
os ôn
ibu
s e ou águ a da. to
rneir
a .
A emoção, a indignação emanar ia m do
contribuint
e . I e r.,
se- ia t alvez
um
assu
nt
o de conv
er
sa a m
en
os . Mas
será
que
have
ria
um verd
ad
eiro pr otesto, a sensação de
que
a.lgo
es
tá
faz
endo
falta
?
Uma
fome
? (De ago
ra
em
di
an
te, semp
re
q
ue
eu sentir
vontad
e de
parar pa
r a
tomar
fôlego , pa ssarei a citar
Antonin
Ar t
aud, qu
e, na m
inha
op i
nião, po r
mai
s
que
t
enha
sid o um vi
sioná
rio, i
ndubitáve
l
m
ente
louco, es
creveu um maior n úm
ero de coisa s s en
satas
sôbre t
eatro
do
que
qu em quer
qu
e se ja ) .
Eis
o que êle
nos diz :
Se
qu is
er
r e
enc
on t
ra r
a sua
raz
ão de s
er,
o te a
tr
o
pr
ecisa nos dar
tu
do o que encon tr amos no crime, no
amo
r ,
na
guer ra ou
na
loucu
r a .
(Le Théâ tre et son Double)
No de
corr
er dos dez últ imos anos, t e
nt
ei tôdas as
for
ma s de , tea tro. a
fa r
sa, a óp
er a (não
tão d
ife
r
ente ),
o
te
atro
sér io, com a
se
ns
açã
o da mi ssão cumprid a e poltro
na
s vazias, o po
pu lar
, com a f
eb r
e da
bilh
et er ia e o calor
de
uma
sala super lotada .
Tent
ei t
udo
isso
na Amér
ica
ond e o suces so é
um
obj etivo em si e tentei-o na França ,
onde
um
tra balho
in t
eres
sant
e
ainda
é
um
obj et ivo em si.
Mas, n
em na França
, n
em na Inglaterr a
,
nem na Amér
ica ,
n
em
obse
rvando
as
realizaçõe
s dos
outro
s, t
ive
a
írnpres-
.
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 5/41
são
de que o nosso trabalho
correspondia
a
uma ne
cessidade.
Recentemente , estive no México. Na vida das aldeias
de índios, o ponto culminante é a fiesta . A palavra fies
ta tem um go
stinho
de
folclore
para
cidade
turís tica mas,
em tôdas as aldeias puram
ente
indígenas, ist o r
epresenta
tudo,
até me
smo
um
meio de
pr eservar
o eq u il íb r io eco
n
ômico.
As
pes
soas
que mai
s ganham
dinheiro
sabem
po r
instinto
qu e
não
haveria
ínter êsse
em uti lizar êsse dinheiro
na · compra de coi
sas
materiais, mas que comprar prestí
gio é
algo
de marav ilhoso . Por tsso, compram
fiestas
,
isto é,
não
compram coisas durávei s t ais como ou ro ou
máquinas
de l av ar, mas sim as coi
sas
as mais efêmeras,
que sã o os fogos de a rtifício. Os s eu s ganho s e xp lodem
no céu ma s su a f i esta é mui to melho r do que a do vi
zinh
o; com isso, ganham mais .p r est ígio . As
sim
, a vida
não muda
nunca . E o tempo
não
se torna aquela r
otin
a
irritante que conhecemos . Tudo é
uma
questão de ciclos,
de círculos e de explosões periódicas. Se alguns ganham
mais dinhe iro,
a
f i
est
a
é
mai s e
spetacular;
se
ganham
m enos, a fiesta é
menor.
Ma s o ritmo é constante: as
excitações
aumentam, aceleram-se e encontram o seu
apo
geu
na
explosão. Isto,
na m inha
opinião, é uma necessi
dade .
Tirem
dos índios a sua fi es ta : vão
contrair
doen
ças ou t rucidar- se uns aos outros . Os diretores, os at ôres,
os autores exper imentam e
ssa fôrça
que os impele a
tr
balhar, mas ta l
não
acontece com o
público.
Parece es
tra
nho
chegar ao México,
vindo
de
Nova York (o nd e
o tea
tro constitui-se
num
dos pr azeres sociais mais onerosos e,
em teoria , mais aprec iados) e constatar
que,
cá e
lá
, se
todos os teatros
fecha
ssem (como o fizeram recentemente,
durante. uma greve) , o
público pouco
se importaria .
E
c la ro que
a
solução não
é s
implesmente organizar
I íestas em
Nova
York ou em Londres. Para os nã o
mex icanos, as fiestas são ca
cete
s . Os fogos de artifício
sã o divertidos mas cansam ; cinco horas a ouvir a m
esma
melod ia eternamente repet ida no me
smo
ritmo fa
zem
bo
cejar
os .n ão-íniciados. Mais is to quer apenas dizer
que
as
nossas f i e
sta
s - o
teatro
, qu e deveria se r a nossa fiesta
- devem -ser mui to mais complexas e que o nosso pro
bl ema é tanto maior, já que não
podemos
contentar-nos
com fogos de
ar t
ifício e um homem
tocando tambor
.
A desmistifi c
aç
ão
e
a demolição dos últ imos anos têm
sido magníficas. Todos os ismo s são
suspeitos
, t ôdas as
frases
são
fr a
ses
feita
s; no entanto,
não podemo
s
parar
;
P es
soalmente , prefiro a anarquia ao l ixo organizado, que
é
qu ase inevitàv
elmente a única
alternativa
qu e se nos
oferece . Não vou de j eito n
enhum
sugerir soluções . Quero
tão somente sal ientar o
vazio
de
nossa
posição ajual e a
n
ecessidade
de uma
busca
.
Busca
de qu e? De
algo
que
só poderemos reconhecer e
definir
quando o tivermos en
contrado.
No ponto em
qu
e e
stamos,
qualquer
coisa poder ia s er
útil.
Discussão abstra t a? Sim . E verdade
que,
du rante os
en
saio
s,
quanto
mai s se
di scut
e,
menor
certeza se
tem
de
ch
egar
a
qualquer
res u ltado . Mas, em ger al , penso
que
a
di
scu
ssão
pode
te r
valor.
Os
inglêses
orgulham-se
de
não di
scutir
nem
teor
izar . Tôda e
qualqu
er discu ssão ar
tística
sempre foi considerada al tamente suspe it a .
Preo,
cupe-se
com
o seu tr abalho , et c
.
Estou conv
encido
de
qu e isto é um a fr aq
ueza,
mais uma daquelas b
arr
eiras que
nós mesmos no s
imp
omos e qu e são a cau sa do nosso pr o
vinciali
smo.
Há
já ba
stant e tempo, esc
re
vi na
revist a
En
care
que
o te atro só poder ia encont r ar a mesma liberdade
qu e
o r o
mance, a mú sica ou a pintura, caso est i
vesse
disposto a
trabalhar dur an te mui to tempo para pl at éias vazias. E .
claro que , em prin
cipi
o,
todo
mundo es tá de acô
rd
o com
a hip
ótese
Coward-Rat tígan de que uma peça de sucesso
lot a o teatro . Qu em tem dúvidas? O problem a é qu e a
p
eça
de
suc
esso
não
ex is te mais; o modêlo de on tem não
lo ta os
teatro
s; o de am a
nh ã também nã
o e, par a ligar
duas épocas estáveis, temos
qu
e
atrave
ssar um precipício
numa
corda
b amba . Numa
corda bamba , os valor es nor
mais deixam
temporàriam
ente de valer . Temos qu e aceitar
o
isolamento
e o des
confô
rto. Lembro ..me de ter
pensado,
logo após
a gue rr a, q ue
não preci sávamos ent ão
nem de
discussões nem de experiência .
Já
haviamos tido
ba
stante
de stas durante as dé cadas de 20 a 30 e ba
stant
e destrui
ções
depoi
s de 1940; naquele momento , havia neces
sidade
de utilizar e da r
vid
a ao material de qu e dispúnhamo
s.
A
gora
,
penso
o
cont
rár io - o
nos
so
crédito
es tá
esgo
t ado .
O cinema
tem um
a ma rgem de
vantagem
sôbre o te atro;
quanto à pintura e à mú sica, es ta s têm m eio-século de
vantagem . .
Chega
a ser
mon
ótono
atacar sem pr e os c
rítico
s;
mes
mo as sim, devo fazê-lo . Na situação atual , são culp
ados
de aceitarem aquilo
que não
dev eriam
aceita
r; estou pronto
a
ac r
editar qu e sã o
boas
pes
soas
,
ju
stas e imparciais, ex
ternando
com
liberdad
e su as opiniões e, p orisso mesmo,
gan han do a vida honestam
ente.
Mas
qual d
êle
s jamais se
deu ao
trabalh
o de formular
p r s r
ópr o os seus pr
ó,
pr ios
critérios?
Tev e êle alguma experi
ência
satisfatória
em teatro? E sob que
forma?
Em qu e g
ênero
de teatro
acredita? Que gêne ro de
te
a t ro
julga
êl e essencial para o
pro
gr esso da
vida?
De qu e gênero de teatro gosta r ia d e
participar? De que g
ênero
de t ea tro sen ti ri a maior
falta?
Eis o
que eu quer i
a qu e êle s
me
disses
sem
.
Como
é
possí
vel não desconf
ia r
de que, quando dizem gosto de tea
tro, estão usando ta l verbo no sentido
qu
e eu
dou
ao mes
mo quando digo que gosto de rum ou de coca-
cola? Que
definam um a só vez, com uma só
frase,
o qu e se r ia
para
êles o
teatro
ideal e poderemos saber então o
qu
e
querem
dizer quando declaram que uma peça é
boa
ou m á, um
sucesso ou um fracasso. Evidentemente, devo ab
solver
imediata e
vigoro
sam
ente
o muito di
scutido
K enneth
Tynan, que conta en tr e os raríssimos críticos conhecidos
que
jamai
s esclarecer am aos seus leitores os
crit
érios
a
partir dos quais fazem seus ju lgamentos. Pode-se não con
cordsr-com tais cr itérios
ou
com
as
conclusões,
pode
-se
não
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 6/41
gostar ou discuti r tôdas as pefinições, po rém uma
critica
dês se gêne ro a
juda
o tea tro. E r ealmente válida .
Em
arte,
o t êrrno b u
rguês
é bastan te
bom
. Su a
sig
n ificação é
vaga
ma s êle qu
er
dizer muita coisa .
Cin
qü enta
anos
at
rás, a pin tura e a música descobri
ram
aquilo qu e
só ago
ra
o teat r o acaba de descobrir, ist o é
qu
e a
ar
te
bu
r
gue
sa é u
ma
art
e ·
a ca dêmica compl
ace
nte ,
t
r is
te
,
s em vida .
c l
asse méd
ia
; por-isso,
nã
o pode ser a a
rt
e
viv a do Século XX . Subo r
dina
do o r esultado im ediato da
bilhete ri a e porisso mesm o ligado ao mai s ba ixo denomi
nad or comum no público e na im
pr e
ns a, o te at ro foi se
ar ras tando
durant
e mei o-s écul o até che gar à mesma
conclusão .
Estam os todos de acôrd o ao di zer qu e o t ea tr o burguês
mor reu P. o pr
óprio
Noel Coward , qu ando
at a
ca aquilo
qu e
sabemos ser um -nôvo teat ro in
ad
equado, não diz que
o te at ro antigo
er a
bom mas qu e o nôvo
teatro
é quase
tão
ruim
quanto o antigo e, no seu gê
ne
r o. tão c
la
sse mé ,
di
a
.
Par
a
mim,
o
que
er a
cla
sse m
édia
no no sso t
eatro.
o
que
e
ra
burguês e
continu
a sendo. é a
maneira
de consi
derar os homens . .
Todo
s nós a
inda
pensamos em gen te em
t
êrm
os
naturalistas.
O natu ralismo, em
pintura, queria
di
z
er
r ep resentar
duas
pe s
soa
s senta das a -urna me sa, como
se a r eprodução
exata
de ssa cena fôsse a descrição
total
de todos os el ementos qu e a compunham . Depois,
pou
co
a pouco, fomos nos dando conta de qu e
uma
cad
eira
não
é
um
a cadeira e
qu
e
um rost
o
nã
o é
um
ro sto: que a ma
té r ia , co
mp
ondo-se , descompondo- se, evoluindo e existindo
na
vida
dos sentidos, conforme as pos
sibilidad
es de p
er
cepç ão do observador, forma dissimulando forma , es tr ut u
ra so
br e
posta a est ru tura, ela mesma dissimulando um a
est ru tu
ra ,
e
ra
uma
a
bs tração
mais
pr
óx
ima
da
re a
lida de
do qu e o
in
st a
ntâne
o jam ais o tinha sido . Todavia, nós,
au
tor es e atôres, nunca nos demos con ta do na turalismo com
qu e enc ar amos as pessoa
s.
O qu e é
carac
te r ização? P er
gun tem a um
au t
or . P
er
guntem a um a tol . As respostas
dos dois r efl etem sem dúvida ne
nh
u
ma
a ac
eita
ção não
formulada da ve l
ha
noção de que s pesso s são t is o o
são O fra casso de Laurence Olivier, p
or
·exemplo, no papel
do Rei Leal , foi dev ido ao fat o de te r êle
at
acado
o papel ,
qu e
tr
an sbo
rd a
de energia de um p
onto
de v ist a est r it a
men te séc ulo dezenov
e.
Deu -nos êle o r et rato de um
ve
lho
te .
Os no ssos autores dr
am
á ti cos (com exceção de
.
Bren
da n B
eh
an)
tamb
ém
pensam
qu e as
pe
s
soa
s são pes_
soas e
qu
e, me
sm
o se f
or
em inconsist
en t
es. a inda são ra
cional e fotog rà ficamente incons is te n
te s
. No
entant
o, êsse
modo de v
er
um ser
human
o em nada cor re sponde ao
modo pelo qual vejo a. mim mesmo como
criatura
. O que
somos, você e eu? Coisas fechadas dentro de quadros sólidos
e estúpidos? E evid
en t
e
qu
e
nã
o . Somos
um sem
-fim de
im
agens
mentais qu e escapam de nós e .se sob r ep õem ao
mundo ex t er ior , às vêzes com êle coincidindo, contradi
zendo -o alguma s vêzes . Somos , ao
mes
mo tempo: voz, pen
same ntos,
pa
lav ra s, meias/p alav ras , ecos, lembranças, im
pu lsos. A
cad
a in stante, mud am os de obj etivo , Fi tando os
no ssos
amigos
nos olhos, nove
-déc
imos de nó s es tão
noutra
part
e, aq u i. e ali ouvindo vagamente,
sonhando.
mud
ando
de
hum
or e identidade, num
movim
ento contínuo; não r e
conheço nem a mím nem ao meu vizinho naqueles bonecos
fec hados e ob tusos qu e a
car
acter ização nos ofe re ce .
Nossa
ap
roximação é pu ram
en
te
re a
lística , por
ém
não
tem os.
con
scíência do nosso próp rio
naturalism
o po
rq u
e,
num dado
mom
en to, d
ecidimo
s
que
o natural i
smo
er a tão
so
mente um
a
qu
e
st
ão de es
tilo
pict u
ral.
Sabem
os
qu
e, há
já muito tempo , no princípio do século (o lado p ictur al do
t
eatro
sendo o
mais
fàcilm
ente in flu
enciável p
el a
r ev
olu
ção
ocorrida
na
pin
tura
) , Gordon Cralg, Ap pia , etc .
at a
caram o
cenár
io
naturalist a
e
substituiram
as tô
rres
e as
á
rv
or es .por luzes, degraus e -sornbras . Hoje, a té mesmo
um a
peça realista é represen tada dentro de um cenário de
andai mes esqueléti cos e com isso, co
nc l
uímos,
er
ra damen
te.
qu e
o problema do r eal i
smo
foi r esolvido . Na
minh
a
opinião, não foi
nem
seq
ue r
ab ordado
Quer
se pr efir a o
têrmo naturalismo ou outro qu alquer , é esse ncialmen t e o
element o século dezenove qu e aind a n ão mudou,
qu
er seja
no . t
ex
to, no
cenário
,ou
na
in t
erpretação
. E v
er d
ad e
qu
e,
. a partir de Ionesco, houve uma cer ta libertação da forma,
uma cer ta explosão
em tôdas as direções. Mas
se
rá
qu
e o
teat ro aborda o seu próprio material, o se u mat erial hu
mano , emocional, tã o pr ofundamente quanto a pintur a? O
imenso sucesso popular da r ec
en t
e exposição de P icasso , em
Lond res, é
uma
ind icação notável de que , para o g
rande
público , o que antigam en te er a
ab
st rato tornou -se conc
re
to;
os m
ai s velhos
r eacioná rios al i est a vam, p
er
ceb
end
o de
re pente que aqu ilo
tinh
a um sentido . . . .
E
preciso acreditar
num
sent ido da vid a ,
re
novado pelo
tea
t ro . Mas
quando pr
onunciam os
a
pala
vr
a. vida , é
pr
ecis o en te
nd
er
qu
e
não
se
tra
ta da
vida
qu
e
se
r econhec e pelos - fa tos v isíve is,
mas dessa espé cie de núcleo
fr á
gi l e movediço,
não d
efinido
pelas formas
Ar taud
)
Qual o
motivo
de no ssa obsessão pela i
mpr
ovi sação?
n t i utor anti-dir et or e anti-públi co, o anti-
at
or improvi
sa. -
em
busca de qu e? O anti
-d i
retor de cinem a improv isa
um filme.
Em
bu
sca
de qu e? Tra
ta r
-se -á some
nt e
de neo,
surrea lis m o, de c
omp
osi ção a
utom
á tic a, de
cult
o do ilog is
mo? Não creio . O su cess o do surreali smo, logo qu e s
urgiu
,
foi devido ao fa to de que r svelava aos espíritos do sécu lo
de z
en
ove
que
existia
algo
ma
is a l
ém
de suas
própr
ia s,
ní
tid as e claras percepções . Hoj e em di a, tra ta-se de outra
coisa m primeiro luga r , t ôdas as formas de orde m nos
abandona
ram
. Na r ealidad e, é t ôda a
estrut u
r a de nove..
centos
ano
s qu e se coloca em questão. In stintivament e,
desej
amos
a ordem e, no entanto, tôdas as o
rd
ens
qu
e co
nh ecemos tu lmente ou já conhe cemos no s p
ar
ecem des
tituidas de valor . Damo-nos con ta do movimento giratór io
- f ôr ça , velocidade, imagem, melodrama em ot iv o - em
qu e vi vemos e a ordem , qu er se ja a organização de uma
int r
iga
, a
defini
ção de um cará te r ou de pan aceias políti
cas, nos parece lamentàve lmente
inad
equada , como o se-
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 7/41
, J
riam lemas de escoteiros em tempo de guerra . Aceitamos
o barulho, o ritmo, o amor, as caneladas, a comida , a be ..
bida, a droga , a v
elocidade
, o p
er i
go, a
violência
como
fat os, elem en tos : não queremos di scuti -los
porqu
e são tão
simples
qu e
desafiam tôda e qualquer an ál ise, Estão aí ,
eléctrons de vida, de sligados de qualquer s ist em a ou
ordem .
Um script de filme - ou uma pe ça - é um mapa
s ôbr e
o
qual
se cir
cula
de
um
ponto
ao
outro.
Num f ilm
e
convencional,
c ada tomada , c ad a
movimento do ato l
deve
ser funcional, deve
seguir essa linha
j á t ra çada . Fica-se,
poi s, impedido de
fotografar
o
intangív
el - como autor,
utiliza-se o tangível para expre ssar um ponto de vis ta sôbre
qu
estões comple
xa
s -
como
a tol . sentem-se
intangibilida
des selv agens ma s fica-se obrigado a seg uir as simplifica
ções impostas pelo autor e
pelo
autor e pelo
di r
etor , As
sim
,
a improvisação
afrouxa
o freio
..
. Qu er se j a com palavras,
açõ es, imagens ou at é mesmo com
um
pincel, .a improvi
sa
ção
é um meio de utilizar as fôrças vivas que giram
em
t ôrno
de n
ós.
Falando
do
tr
abalho
dos
atôre
s,
na
r
evista
S ight a nd
Sound
, Albert
Finney
diz
que
numa peça como .
HAM
·
LET,
os
problemas
e o
sentimento deveriam
se r
transmi
s
síveis a. t ôdas as
classes ; mas
, logo
adiante
;
cai êle
. na
armadilha
que
consiste em pensa r que a s
olução
é tornar
Hamlet r econhecíve l , isto é, como no ca so do Leal de
L
auren
ce
Olivier
,
fazer
dêle
um homem
ordiná
rio. Finney
é
um
atol mar av ilh os o mas t emo
que e st ej a
correndo o
perigo
de
perpetuar tôdas as noções acad êmicas
qu e aca
bamos de discutir e que êle mesmo detestaria. Fa zer de
Ham let fundamentalmen te um
homem
ordinário é uma
con
cepção tão
burguesa
quanto
er a cl ass e média fazer
dêle, eventualmente , um
príncip
e . Mas a p
eça
e o pe rsona..
gem
de
Hamlet
são
um emaranhado
de fios
atravé
s dos
quais pod
em
os encontrar realidades profundam ent e enco,
ber tas, comuns a todos nós. Tomemos como exemplo um
dos
pr
obl
ema
s de
HAMLET:
O fa
ntasma.
O
qu
e r ep re
sen ta. realmente, o F
antasma
na estrutura
da peça?
Sem
dúvida in enhuma , o
Fantasma
deve representar o sobrena
tural, no sentido mais amp lo do têrmo - o mi.stério da
na tureza de um pa i e tudo o qu e isso rep resenta
pa r
a um
filho.
Sab
emos qu e, no seu sentido mais pr ofu
nd
o. to do o
dese
nv
olv
im ento
da, peça es tá prêso a essas r el a ções com
o pai, as qu ais são
primitiva
s e
profunda
s e
qu
e dev
emo
s
.
encon tr ar um
a forma teatral
qu e
p
ermita
comunicar is so
ao
públi
co .
Não
há
dúvida
de
qu
e
um
público
elisa
be ta
no
est
ava
bastan te acostumad o à idéia de fan tasmas pa ra fi
ca r gela do de m êdo di
an t
e de
um
efe
ito
de ce
na
, me
smo
pouco ap a
vorante.
Se você e seu público tiver
em
as mes
ma s
cren
ças. se r -l
hes
- à possível
comuni
car
por int erm
édi.o
de
um a
espécie de estenograf ia .
Um
a revista de esque rda ,
qu
e con side ra o P resid en te dos Est
ad
os Unidos
um
ca
na
..
lha , pode r epre sentá -lo com
um
n
ar i
z cômico, um te lefone ,
tt acos de golf e
um
curs o de dic ção por corr espondê ncia :
o públi co
cairá
na gargalhada
ma
s n
em por
isso deixará
o Presid ente de ser um per sonagem p
erig
oso . Não
há
dú
vida de que, quando o Fan ta sma entrava em cena vestido
com
uma
roupa
branca e comprida, o
público
elisabetano
ri a ; aqu ilo não era apavorante, êle podia ri r .
Mas
er a um
ri so de gen te qu e, mesmo rindo, não esqu ecia qu e os fan
ta
sma
s
são
ap
avor
an tes e
qu
e, caso se tivesse
tratad
o de
um
verdadei ro
fant
asma , êles não ter
iam rido
. Assim, o
-riso pode su be n te n de r o
contrário.
Hoje em dia, o
qu
e é
qu e acontece? Se o
Fant
a
sma
tiver uma
forma
de ilusão
romântica
;
úblico não ri nem se
apavora: quando muito
,
ta l
vez
fique
um
p
ouco
impr
es
sionad
o, p
orém
,
impre
s
siona
do de um a man
eira
românt ica. E mesmo que você se
apa
vo r
e com o aparecimento inesperado do
Fantasma,
subli
nhado po r
.
mú
sica, ainda
assim isso não
se t
er á dado
de
j
eito nenhum porque
você e
steja
convicto de aue
não
nas
cemos só s, p
orém,
ligados
àquele
s
au
e
nos
pr ec
ederam
e
aos
qu
e
virão
depois de nós. Quando
diri
gi a peça , tentei
. fazer al
guma
coisa para reagir
contra
isso e caí
direit
inho
na armadi lha que consiste em fazer do F an tasma um ser
humano, interp retado de maneira realística - o
qu
e, em
teoria, ser ia perfeit
ament
e válido - fazendo-o falar como
um
pa i o f
ar i
a com o
filh
o e (s
em qu
e o at or t
iv
ess e
qual
qu er
culpa
o r e
sultado
foi
pé
ssimo;
er
a o opo
sto
da solu. :
ção pois era
exatamente
o
contrár io da
concepção de um
fantasma e a cena parec ia morta e representada abaixo
do tom .
Por ou tro lado, vi sitei
em
Nova York um lugar cha
mad
o
Primitive Museum onde
se fazia
um
a e
xpo
sição
de
figura
s
melanesianas:
o
efei to produzido er a um
efeito
de estranho terror Mesmo hoje
em
di a, o terror
primitivo
ex iste. Não se pode dize r que ten ha sumido do mundo;
é um aspecto
eterno
da vida .
Pode
acontecer aue alguém
fique profundamente perturbado ou at é mesmo- apavorado
vendo
um a expo
sição de arte
azteca
ou o quadro Guer
nic
a
de
Picas
so .
Ta l
emoção
existe
.
Basta
- ir a
certos
lugares paar exp
erim
entar o
terror:
a certos lugares, mas
não ao teat r o . Se , fôsse possível
experim
entá-lo no teatro,
se os te atros fôssem os únicos lug
ar
es onde se pu dess e ex -
..p
eriment
ar certas coisas qu e sabemos corresponder pr o
fun
damente
à
vida,
então o t eatro
seria
re lmente neecssário
Quando lev am os
TITUS ANDRONICUS
em
tournée
pe la
Eu
r op a , o público acadêmico
nã
o era o único qu e com.
pa r ecia ao tea tr o; vinha gen te de t ôdas as classes, de to
dos os ní veis soci ais, tanto na burguesa, Viena .q ua nt o na
socialista Va rsóvia . P or qu e? Po r causa de Laur
enc
e Oll
vi.er e
Vivien
Leigh?
Sim
. Uma
peça
raramente e
nce
nada?
Sim. Um
es
pe
tácu lo
excita
nte?
Sim
.
Mas
es tas
não
er
am
as verd
ad
ei
ra
s r azões. C
ada uma
daqu
elas cidad
es já
vira
o trabalho de grandes atôres e produções interessantes. A
verdadeir a at
raç
ão exercida por TITUS
ANDRONICUS
(sô bre outras
peça
s t
eàri
camen te m aiores como HAM
LET e o REI LEAR) pr ovinha de
qu
e, por ma is ab st rata ,
est il izada,
rom
a
na
e
clá
ss ica
qu
e
ela
possa parecer ,
er a
evidente
qu
e, pa ra t odo o
públi
co, ela
tratav
a das mais
moder n as emoções : a violên cia, o ódio , a cr ue
lda
de, a
dor
- e isso
num
a for
ma
qu e, por não ser realista transcen
dia a hi stória e, pa ra cada auditório,
torna
va-se inteira·
mente abstr t e porisso tot lmente reaL
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 8/41
Se
eu
ti
vesse
um a es col a de
ar
te dramática,
com
eçaria
o t
rabalho bem
longe
d a caracteriz
ação , da sit uação, do
pensamento ou do comportamen to . Não ten ta rí am os evocar
acont ecimen to s passad os de nossa ex is tê n ci a p
ar
a ch egar
a a lguns
inciden t
es , p
or
mais verdad
eiro
s
que
fôssem .
Procurarí
am
os
ma i
s
pr o
fun d
ame
n te , não os
inciden t
es ,
m as a
qu alidad
e, a essênc ia dessa e
moçã
o,
muito
al
ém das
pa lavras. D
epo
is , começaríamos a apre nder como sentar,
ficar de pé, levantar um braço . Nã o es tudar íamos nem a
cor
eog
rafia, nem a es tética, nem a p
sicologia,
e
studaríamos
ap enas a i
nt
erpret ação . A defin ição do t eat ro : dua s tá- .
buas e uma p aix ão fa z abstra ção do atol ; p
ar
a mim , o
que
importa é a di fe r en ça ent re o hom
em
qu e , imobilizado
s ôbre o palco , pre nde a no ssa
atençã
o e ·
aqu
êle qu e
nã
o
consegu e fa zê-lo . Qual é a diferen ça?
Em
qu e consiste,
quimicam
en
te , fi sic
amen
te , psiquicam
ente
?
Qualidad
e ex
cepcional? P ers
onalidad
e?
Não
. Ser ia fácil d
emai
s e es ta
não é a
re s
posta.
Eu
não conh eço a resposta ·m as se i qu e é
na
r e
sp
osta a esta pe rgunta qu e pode remos encontr ar o
pon to de partida de t ôda a no ssa ar t
e.
E' preciso r econhecer
que
a, psicanálise e tu do aquilo
que de la d
ecorre
per t
en
ce t ão
esse
ncial
me
nte a o
proc
esso
mat eri
al ist a
do sé
cu l
o .X IX quan to tôda e qualquer outra
t en tat iva ' de resolv er a
vida
po r m eios analíticos . Acabo
de ler
num
jornal a declaração de um cientista, de que:
Ainda
não ex is te n enhuma pr ova científica de qu e o cé
r eb r o pode controlar o espí r ito ou pod e
expli
c
ar
cornple,
ta
me
nt e o esp í r i to .' As h ipóteses do materialismo
nunca
foram justifi
cada
s . A ciê ncia não t r az nenhuma
luz
s ôbr e
a
na t
ureza do espír i to
.
F inalmen te E, no entanto , êsses home ns . du r ant e um
século, se esforç a ram por v ir ar -nos a cabeça,
po r
per
sua
di r-nos de trazer para dentro de nossa a
rt
e c m enorme
palav
rório p
sican
al ítico,
na
t
en t
ativa
de
definir n osso
modo de agir . Di z René Guénon (ci tad o po r Artaud )
que
isto . se dev e à nossa maneira
pu r
amente ocidental de
considerar os princípios,
fora
do es ta do espiritual
maciço
e en érgico
qu e
lhes corresponde . Acredito em
nívei
s,
acr edito em ord
em;
acr edito qu e, to dos , or ie
nt
am os nos sa
vid
a de
acô rdo
com p re ferências apaixonadas que, se m
dú v id a , es ta be lecem uma
infin
idad e de escalas de va lores;
to dos, p r efer
im
os os ali
ment
os à imundície e,
tod
os, re s
p ir amos me lhor ao ar livr e do
qu
e com o nar iz n a lama;
e
ntretanto,
não posso a
cred
it
ar
n o ve rda deiro se nti do dos
va lores de qu alquer um . Na vida, isto é .
Mas
, in do ao tea tr o, encon
tro
-
me
dois
mil an
os
atrá
s .
Estou de volta àq uela id ade de ouro em qu e a vida er a
govern ada por verdades, po r noções indiscutívei s de bem
e de m al .
Aqui
, no te
at
ro , durante o ensaio , todos nós:
at a
r, autor , diretor, produtor, aludimos constant
ement
e a
um a , m edida invisível de bem e de mal que todos aceita,
mo s. Es
tá
melhorand o
I
sso não es tá muito bem .
Voc
ê
es ta
va notável .
Mais
devagar . Céus Qu e · coisa
ca cete Qu e horror Tôdas estas expressões tamiliares com
põem uma avaliação de va lor es r elativos sôbre os qu
ais
;
no ent ant o, todos concordamos.
, Estabeleçamos, pois, um a hierarquia. Com ecemos pela
v
id a
: é impossíve l e
xami
n
á-la
, c
omp
r e
end
ê-la
OU
até mes
mo percebê-la no seu todo. No fim '
da
escala, encontra
mo s o drama bu rgu ês, realis ta , que, impondo-nos sôb
re
a
vida
um estrito sistema de idéias u lt rap as sad as , nada nos
dá qu e
ainda
possa t
ocar
-nos ou es t imular-n os .
M
elhor
então o d rama
qu
e nos liber
ta
das
conve
nções:
mesmo se f ôr de um a' só conv enção de ca da ve z; LOOK
BACK lN ANGER, de Jo hn Osborne, politicamente não
co
nf
orm ist a ; Ionesco,
lingüist
icamente não conform
s ta ; as
improvisações do
Actors
Studio ; o antiteatro de O
CONTATO , de J a ck Gelber ou as imagens de THE .HOS
TAGE , de Brendan -Beh an ou , ain da, a anarq u ia de UBU
ROI, de
Alf
r ed J arry . Aí sentimo-nos libertados, a vida
pode correr, r ica, confu
sa
e abundante .
Ao me
smo
t
empo
, é
pr
eci so encarar o fato de qu e essas
obras, ap es
ar
de novas e excitantes, ai nd a são insufi ientes
não são necessá ri as naquel e sen t id o de
qu
e falá
vam
os
acima; elas nos ofe recem a supe r fície assim como
rara
m en te a
tínham
os vis to , des cem
ab
ai xo
da
su
pe
rfície,
at
é
o subconscien te e utilizam
uma
pa o da s cor
re
n
te
zas da
qu
el e i
me
ns o e escondido
mar.
Ma s, e
al ém
di sso? S
er á
que penetram
ainda
mais fundo, lá onde , debaixo da ter
r , deba ixo da ág ua, encontra-se, segundo
no
s dizem, o
fogo? E' lá e so
me
nte lá que en c
ontramo
s o vasto
campo
de experiên cia
que
nos p ermitirá buscar aquilo
aue é a nr ónria
vid
a . E ' Já ou e d
everem
os procurar
aqu ê.,
les verd ade ir os f ra
gment
os . de comporta
me
n
to que
por
mais es tranh os e in
con
sist en te s qu e possam p ar ecer , no s
permitirão (co mo dizia h á pouco um crítico de cinema )
c r ia r um
al f
ab
eto gr a
ças :ao qu
al
o hom
em
possa com
pre
end
er os se us semelhan te s .
Brecht pr et endia repres
entar
friamente, apelando
para
o espírito, mas a sua vi sã o poét ica er a , na realidade, pro
fu nda
me
n te simbólica;
êl e
esc
ulpia pod
erosas
imagen
s por
meio de gestos precisos, sem qu e fô ss
em
r ealista s, po r
in
tonações precisas,
porém
não
naturais
. O traba lho de
Br
echt
impressionava porque, po r
baixo
do mesmo, encon
tr avam -se
f ôrças
poderos as , i ndefiníveis mas
tornadas
v
iv
as para nós graças a um cal eidoscópio de desenhos con,
cr etos , Ei s a í a ordem , a ordem po
ét
ica,
qu
e encon tr o
num únic o ou tr o te at r o de nosso tempo: o de J ean G
en
êt ,
na· minha opinião, o teatro m ai s
pr
ofético do séc u lo
XX
.
Os clás sicos es tã o mais acima . Uma excele nt e rep re
sen tação de um clássico - co isa qu e ra r amente acontece .
- é uma das mai s impressionantes
exper
iências au e o
te
at ro
mod
ern
o possa fo
rn
ecer , se
bem
qu
e não se ja
ne
cessàr iamen
te
mai s do que o t
ea t
ro modern o poderi a nos
oferecer , se sou
bes
se encon
tr
a r o seu cam inh o . No prin
cípio da exper iên cia do cubismo, o trabalho dos pintores
da Renascença er a mais impressionante e sa ti sf at ór i o do
que a luta da nova escola c
om
as
forma
s . .Hoje
em dia
,
ex istem obras do séc u lo XX que r
efletem
nossa época,
com
tanta gr an
dez
a e vis ão qu
an t
o o faziam os m estres clássi
cos, na sua ép oca;
poder
ia dar -se a m esma coisa com o
t
eatro
do futuro. Mas o teat ro do fu tu ro não pod e utiliza r
as velhas ferramentas.
Não acredito
que as novas formas
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 9/41
do no sso teatro de vem ser um a vo lt a
à
pompa e
à
ve r si
fi ca ção. Ass im como tam bém não se enc on tr am numa
nova m aneira de
utilizar
as pa lavras.
Ac red i
to
na
paalv
ra
no drama, cl á
ssic
o, po r qu e a pa
l
avra
er a a sua f
er ram
ent a . Não a
cr
ed
ito
mu
ito
na pa
la v r a , h oj e
em
dia , porque a pa lavr a es tá u lt ra passad a .
As pa lavras n ad a com un icam , exp r imem pou ca co isa e , na
m aior pa rte dos casos,
qu
ando se t r at a de dar um a def i
ni
ção, fa
lh a
m lamen tàvelmen te. Na
hi
st
ór i
a do mundo,
h
ouv
e g
ra n
de
s tea t r os
qu
e
ti
ver am su a pr óp r ia lin
gu
agem
concreta , qu e não er a a lingu agem das ru as nem a dos li
vro s . Êst e é um dos p robl em as em que o autor cont empo
r âneo deve pensar muito, já q
ue
êle sabe qu e a n a tur eza
me
sm
a do -se u t r
ab
a lh o, inst intivame
nte,
o t
orna sectário,
f
aze
ndo -o
gr it
ar : Viva a pa la v
ra .
Ar tau d, de
nôvo
:
Sei muito
be
m, aliá s, que a
li n
gu agem dos
ges
tos e
da
s a
titud
es , qu e a dan ça e a músi ca não
têm a ca
paci
dade de elucida r um car áter, de ex
pl icar os p ens amen tos human os de um persona
gem, de expo r os es tados de consciên ci a c om ta n
t a cl ar eza e
pr
ecisão q
uant
o a li
ngu
ag
em ve rbal;
ma s quem disse que o teatro foi feito p
ar
a el u cidar
um car áter , pa
ra
solucionar con fl itos de ord em
humana e pas sional, de ord em atu al e p sicológica ,
de qu e es
tá
ch eio o nos so t ea t r o con t
em
por âne
o?
A
fa l
ên cia da pal avr a é de tal ordem q
ue
não posso
di z
er
sim plesm e
nt
e qu e todo grande tea tro é
re l
ig ioso e
ter a
mínima
esp er ança de ter as
sim
exp l icado cl ar am
en t
e
o que qu ero dizer . A palavra r eligião ev oca ime
diata
me n
t e Graham Gr een , o P apa,
Bi l
ly Gr aham, o capelão da
esc
ol a
; o Ch ri stianismo, o Zen , Alan W
att
s e o Presiden t e
-K ennedy . O qu e
es t
ou ten tando ex p licar é qu e
um
a
ve
r
dad
ei
ra expe
r iê
ncia
no
te atro
ex ige q
ua l
i d
ad
es de ta l ar .
dem e nos fa z encar
ar
r e
alid
ades tão ac ima de n ossa ex is
t ência
qu
otíd iana que sent im os necessi dade de usa r un ia
pal av ra com um sa bor d iferent e para poder exprim í-Ias .
P orque essas qualida des par ecem li gad as ao fu ncion
am
en
to humano naq ui lo que
ê
le tem de
maior
, por qu e tr an
sce
n
dem nossa ex pe r iênc ia n orm al , porqu e nos p õem em con
ta to com eleme ntos aue n os tor nam
mai
s v ivos, mais di s
pos tos à lu ta po rque par
ece
m elevar -nos m ais do qu e r e
bai x ar-nos, s ou ob r
igado
a
ut il i
za r
êsse t êrrno
gót ico, qu e
sugere t ambém u
ma
t ôr re de igr ej a
apo
n tada par a o céu .
Sabe
mo
s que; hoj e em dia , é
mui
to fá cil elevar-
no s
até a sant i dad e e ao conhecimento m ísti co : basta um a
pí
lu la p
ar
a
ta
l . Com determ inada
dro
ga , fi c
am
os fo ra
do nosso es t ado no
rm
al , com o
ut
r a pod emos
fl u tuar
nos
céu s . Ma s es ta s ex pe ri ências são tota lme n te pass ivas . Do
pont o de vist a da qua
li d
ade , um a expe r iência no teatro é
m e
lh
or do que
um
a exper iên cia p ro vocada por
um
a dr oga,
po rqu e ex
ig e
uma par t icipa ção ativa da ass is tê nc ia tan to
qu an to dos in t
érpr
etes . Tôda ex pe r iência ma is int ensa do
qu e a vida dar á ao público a
v
t
ade
de voltar. Uma ex
p
er i
ência
tran
scend en t
al
far á com qu e o público sin ta ne -
cessidade de vo
l tar
. P re cisamos viciar o público .
\
Agora
, vol t
em
os
à
terra . Não desejo fech
ar
o teatro
de ni ng
uém
. P esso
alm
e
nt
e, gos to de f ilmes r uns e sint o
um
só na gargan ta ao ass is ti r mu it a p eça gr ossa e r ealist as ,
Ten ho pr aze r em dirigi r qua lq uer coisa, oper a ou qu al
qu er
ou t ro espet ácu l o .
M i
cre io que cheg ou a hor a de enfren t ar o
desafio . não co
nh
ehço nenhuma das r es postas, mas
se i de ond e q
ue
a exper iê ncia . comece; quero ve r
os per sonagens traba lha r em fora de seus caracte r es ,
de n
tro
das
menti
ra
s, da in cons is
tê
ncia e
da
confusão
total da v
id a
qu otidian a . Qu ero ver o rea li
smo ex
ter ior
como uma r essac a, sem
fim
, com
barr
ei ra s e l
imit
es mó
ve is, gent e e situ açõ es
qu
e se fo r
ma
m e se desf azem diante
de meu s olhos . ver id entidad es mutáveis, não como
se
troc
a uma r o
up
a por out r a , m as as
sim como
as cenas
se fu ndem num f ilm e, assim com o a tin ta goteja de
um
p incel. depois ,
qu
ero ver o r e
alism
o in te r io r como um
out r o esta do de movim en to,
qu
ero se nti r -as en er g ias que ,
quan to m ais fun do se des ce, mai s fo r tes , m ai s n ít idas e
def
in i
das se t
or
na m . Qu er o goza r da in t oxicaçã o do vas to
mundo de fa z de- conta , decepção e il usão . dele ita r,
me
com a m e
ntir
a e v i
br a
r c
om
o poder
hi st
ér i
co das emo
ções fa lsa s ;
quero
sen ti r as verdadeiras I ôr ças qu e acio
nam as no ssa s
fa l
sa s id ent idades ; que ro s en ti r aq
uilo (,ue
. r ealmente n os liga , aquilo que r ealmente nos separ a . Qu ero
ap rese n tar um esp
elho
, não à natureza ,
ma
s à nat u r eza hu
ma
na e com isso, e
st o
u fa lan do dêsse
mundo
a
tr a
van c
ado
t a l q
ua
l o conhecemos em
1961
e não ta l qu al era def
ini.
do em
1900 ;
quero
comp
r eender t udo isso ; não com a mi
nha
r
azão
, mas com
aq u
êl e clarão de conhe cimen t o
qu e
me
diz qu e essa é a
ve r
dade p orq ue também den tro de
mim a en contro .
Quero ver uma multi dão de gente e de aco n te címen.
tos fa zer em eco ao m eu campo de bat alha inter ior . Quero
v
er,
a
tr á
s d essa conf
usão
dese
sperad
a e
en can
tada
,
uma
or
de
m,
um
a est r u tur a qu e cor
re
spondam à m i
nh
a mais
pr
o
funda e verdadeira necessidade d e e
strutura
e de
le i
. P or
êsse caminho, que r o
encon trar
as formas novas e, at r av és
da s formas novas, a nova arquit
etura,
e atr avés da nova
arq
uite
tu r a, os n ov os
padr
ões e os n ovos
ri
t os da ép oca
q
ue
vibra em t ôrno
de
nós.
UmE palav ra de Ar taud me tr a z fo rçosame n te ao fim :
O u conseguiremos tra zer t
ôda
s as a rt es de
volta a uma atitu de e a um a necessidade cen-
t rais,
enc
ontrando um a analogia e
nt
r e um ges to
fei t o na pi
ntur
a, ou no t
ea
tr o e
um
gesto
feito
p ela,
lava
de um v
ulc
ão em at ividade, ou en tão
d
ev em
os para r d e pin
ta r
, de
par
olar, de escrever
e de f
aze
r o qu e q uer que .se
ja
.
(Rep ro d uzido do boletim men sal do In stitut o In te r
nacional do T
ea t
ro - Fe vereiro de
1962).
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 10/41
ORM Ç O
IR TOR
orman arshall
Perg
u
nt a
m-me 6
qu
e penso a r espeito da formação dos
di
retore
s. No teatr o profissional inglês, a opinião gera l é
qu
e não ex iste nenhum método satisfató
rio
par a a forma
ção de dir e t or es . Q
uase
todos
os diretores do
teatro
inglês
ch egaram ao teatro at ravés
das
Un iver
sidad
es e
todo
s ob
ti ve
ra
m s
uces
so
ent re v in t
e e v
inte
cinco ano s. Não con
sigo encontrar nen hum d
iret
or famo so q
ue tenha
estado
numa escola dramát ica. Também não encon tr o nenh um
que tenha chegado ao teatro ao
sai
r da ún ica
Un
i
ve r
sidade
inglêsa
que
t em ensino
dram ático.
Os
diretore
s a qu e me
r efi ro es
tudaram
na Univers idade humanidades clássicas e
li t
er
a tur a
inglêsa
ou
estrangeira.
Tod os, po
ré
m, t inham exper iê ncia como a tôr es
ama
dores e, algumas
v êzes,
como dire tor es de o
utro
s
atôr
es
am adores. E
tamb
ém sig nificat ivo que todos os jovens
dir etores de maior e
vid
ência no tea
tr
o inglês de hoj e te-
. nham vindo das Univer sidades de Oxf o
rd
e Cam
br
idge,
ond
e as principais
sociedad
es dramá ticas e
stão
a car go
de di
re t
ores de
exc
epcional
ta l
en to, membros do co
rp
o
de professôres da Univer sidade e qu e, de vez em quando, ·
têm sido convidados por teatros profi ssionais de
Londr
es
para dirigirem
. os nos sos melhores
atôres
. P ar ece pois r e
sult a r do que va i acima dito que a melhor base par a um
fu
tu r
á
diretor
consiste
em
traba
lha
r como
ator
sob as or
den s de um diretor compe ten te , observando-lhe os métodos.
Mas o número de grupos amadores com possibilidad es
de ter diretores dêsse gabarito é, em qualquer pa ís, in e
vi t àv elmente r ed uzido . Qu e deverá en tã o fa zer o amador ,
se não tiver ta
l
oportun
idade? D
everá aprender
o qu e
pud
er lendo, ouv indo confer ências e assistindo a sessões
de d
emonstração
dadas por diretores de r enome .
Po r p io r que se ja um ator penso que é essenc ia l qu e
êle t
enha
a lguma
exp
eriência
como ator
ant es de t
entar
se tornar diretor
poi
s não acredito
qu
e q
uem
nunca r e
pr esentou possa entend er os problemas do ator , Na Ingla-
ter ra, o fu
turo di r
et or ge ra lmente
trabalha
ta nto
na
dire
ção de cena quan to na
in
te
rpreta
ção de um papel . Ist o
tam bé m me parece essencial.
Os elemen tos té cnicos
da
.di reção são
ba
stante sim
pl es . As suas poucas re
gr
as pod em ser fàcilmen te assimi
lad
s. A v
erdad
e
ir a
ar
te
da
di reção consi
st e na
ap tidã o
em compreender e ava liar um
tex
to, em imagin á-lo no
palco e ,em traduzi r par a
osatôr
es a concepção do di retor .
Se um dir etor n ão po
ssui
um certo sentido de texto e
a aptidão de
expr
essar-se isso não poderá se r-l
he
- ensi
nado. Assim como nenh
um en
sinamento pod
erá
dar-lhe
a
au
toridade que lhe
granj
ea rá a confiança. dos
seu
s
at
ô
re s . Também não se pode ensinar-lhe a percepção instin
tiva da s di ve r
sas mane
ir as de li
da r
com at
ôr
es a fim de
conseguir t ir ar dos mesmos o
me
lhor
qu
e cada um pode
d
ar
. E v erdade
que
as r eg ras da composição de
gr
u
pos
e de movimentos de cena podem se r en sin adas, mas
elas
nunca serão empregaads com ef icácia se o di retor
não
ti
ve r , por in stinto, o se
nt i
do da
compo
sição p lá
stica
e a
aptidão de empregá
lo
dra
màt
icarnente .
A não ser que
à dir etor seja
sensív
el às mais sut ís variações de r itmo,
de
inte
ns i
da
de e vo l
ume
,
nu
nca há
-de
ser
UD;1
bom
diretc
r
pois isso também não pode
se r
ensi n ado . E, acima de
tu do, o ma is essencial pa ra
um
diretor é aque la coisa
miste
riosa .chamada senti do te
at
ral que,
na
m inha opi
nião, não se pode en si
nar.
Cr eio, todavia, qu e pode ser
adqu irido e desen vol
vid
o, vendo tea tro . Um fut uro di retor .
ap rende,
pr i
ncipalmente, sent
an
do-se
na
platéia, ouvindo
peças e obser vando a r eação do público que o cerca . Não
sei o
qu
e oc
or r
e nos out ros países
ma
s, aqui,
na
Ingla
t e
rr
a , o a tol a
ma
dor e o diretor
amad
or
qu
ase
não
a
S
tem a espetáculos de te a tr o
pro
fissional Não conheço
nenhum diretor profissional que não t enha sido Ireqiien.
tad or as síduo de teat ro de
sde
os seus pr im
ei r
os an os ; no
en tanto, su
rp
r eendo-me cons
ta
ntemente ao en coruo r dt
ret or es a
madores
que pouco vão ao
te atro
,
Espe
ro qu e esta s pa lav ras cons
titu
am, na medida do
possível ,
uma re
sposta às pe rgunta s que me foram fe itas.
(Êste depoimento . foi feito por Norman Marshall,
conhecido
di r
etor profissional britânico,
edido da As
sociação I
nt
ernacional do Teatro Amador (A .I .T .A .) ,
com sede em
Br
uxela s) .
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 11/41
INTERPRET ÇÃO
O O
Antes de m ai s nada
é
preci
so
nã o cair
na
caricatura,
Mesmo os
me nores
papéis nada devem
manifestar
ide
ex a
gerado ou trivial. Ao contrário, .os atôres encarregados
dos m esmos
deverão
e
sforçar
-se po r encont
ra
r
moderaç
ão
e
simp
licidade .
Quanto
menos t entarem ser engr açados e
provocar , o ri so,
mai
s fà cilm
ente
r ev
elarã
o o
ri d
ículo
de
seu papel . Êsse
ridículo há
-de
manife
star-se
por
si mesmo ,
pe la ser ie
da
de com qu e cada
pe r
sonagem en
cara aquil
o
que
o
pr
eo
cupa
. E , o espectador
qu e
, de fora en
xe
rg a a
futilidad
e do suas preocupações .
Em
vez de d ar a te nção aos tiques ou me squinhas par-
ti
cularidad
es exte
ri
ores do pa pel,
um atar in t
eligen te es
for
çar
-se -á
po r
captar lh
e a
ex
p
ress
ão
univ
er
salm
ent
e
hu
. ,
m
ana
a
preocupa
ção pr
incipa
l da
pe r
sonagem o pensa
m ento
qu e a pe
rsegue incess
an temente
, a mane
ir a
como
í
gast
ando
sua v
ida
r
Que
o
at
or
nã o
se preoc upe d
emai
s
com d
etalh
es; se êle não
se
es
quece
r do
prin
cipal, os si
na is e det
al h
es
irã o apa
r ecendo pouco a pouco . .
P
equ
en os t ruques, f
àcilm
e
nt
e us
ad
os por
qualqu
er at
ar
capaz de imitar certos gestos ou um an
da r
-
ma
s n ão
de cria
r
um
papel
compl
et
nad
a
ma
is sã o
qu
e m
at i
ze s
sob repostos a um des
enho
bem conçebi do. Êl es são a ve s
timenta
, o corpo do p
ap
el , ma s
não
a
alma
.
Captar portanto
, em
prim
e
iro lu g
ar a al
ma
e n ão
a
vestimenta.
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 12/41
nário
-
René
llio
enário
René
llio
(No número ante rior
dês
te s Cadernos, publicamos um
artigo
de René Allio, cenógrafo do Théâtre de la Cité, di .
rigido po r Roger
Planchon,
em qu e êle ex pun ha os seu s
pontos de vi st a r
elati
vo s a, um a no va arquitetura da s casa s
de espetáculo. Tra nscrevemos agora out ro art igo do mes
mo René Allio, descrev endo os métodos po r êle utilizados
na re
aliz
ação dos c
enários
da peça As
Alma
s M
orta
s
adaptação
de
Arthur
Adamov
do
romance
de Gogol) , os
quais encerram
uma
bem definida concepção quanto ao
papel -do
cenário
, no teatro) .
o
papel do cenarro, no
t ea tro, não consi
ste
apenas
em
representar
de terminados lugares
em
qu e
ocorrem
deter
minadas ações e em
estabelecer, entre
lugars e
açõe
s, cor
respondências
qu e os
escl
areçam reciprocamente.
O cen á
ri o
deve também fo r
nece
r à p
eça
um quadro geral qu e
a situe em seu conjunto e às vêzes, a comente .
Êst e qu adro geral, e
sforçamo-no
s po r cr iá-lo na pe ça
Henrique IV , de Shakespeare , pela utilização de gr an des
mapas m edi
ev
ai s
qu
e,
envolv
endo con st an tem e
nt
e a aç ão,
tr
aziam o
espe
ct ado r de vo
lt
a a um mom
ento
h istórico
e a um
clim
a dr am
át
ico bem def inidos ; pa ra A
seg
unda
s
urprê
sa de Am or , de
Mari
vaux , r ecor remos a um a, so
luç ão p
ar
ecida : as ampl i ações das páginas de croquis de
.Wa tteau sugeriam a mane ir a como um
cont
emporâneo da
ação
via e des
crev
ia o meio soc ia l apre sentado - a çâo
e meio so
cial
que,
h oje em
dia,
via
de
regr
a ,
apa
recem
no
pa
lco subli
ma
dos e desincarnados .
Que dev er ia t razer ao espe ctador a r ep resen tação de
As A lmas Mortas ? Logo nas prim
ei r
as
pág
in as do poe-
.m a de Gogol, aparece uma ev ocaç ão lí rica
da
Rú ssi a,
de su a imensi dão, de sua
nu
dez quase ap av orante . A pr i
m eir a imp ressão que se tem é, po is, a de um a relação
i
rr
isó ri a en
tr e
o hom em e o espaço qu ase infinito que o
cerc a. E a
peç
a - assim com o o
livro
- desc reve em
primeiro
lug
ar o caminho percorrido po r Tchit
chiko
v, at r a-
vé s des
imen
sidão (com o
seu
cocheiro, seus cavalos e
sua bri tchka ) ,
em sua
perseguição a um obj etivo qu ê,
pouco a pouco , ir á ficando mais preciso.
Sem a r epresen ta ção de ssa, imen sidão, dêsse
afasta
. ·
m
ento,
não se perceberia a es t ranha mi
stura
de Idade
Méd ia e de Sé
culo XIX que
caracteriza As
Almas Mor
tas , a
aliança
do f
eudalismo
e de
um a burocr
acia
bem
moderna, a de sproporção entre a escravidão - do maior
número e a c i
vilização
de alguns, a
relação
entre a ex -
. tensão dos la tifúndios e o poder que êles conferem.
Mas, como fabricar o
espaço?
O teatro - assim
como
de terminado tipo de p
intura
- tem-se contentado de modo
gera l em
suger
ir que se po eri percorrer
ta l
espaço;
para
tanto , utilizava a perspectiva e os telões pintados . Tornar
se nsív el o caminho qu e es
tá
sendo percorrido é mais difí
cil; pode-se
recorrer
ou a uma sucessão de imagens
fixas,
cada qual modificando a situação do observador (o tempo,
en tão , não t em continuidade,
já
qu e a
dura
ção que separa
um a
imagem
da ou tr a fi ca s
endo, por
as
sim
diz
er
,
expulsa
da, r ep resentação) ou à r epresentação do percur so em si,
fa zen do-se a mudança de loca l à vist a do esp ectador, to r
n
ando
-se o tempo ass im contínuo . cin ema pode u tilizar
êstes doi s
proc
essos. Mas, no teatro, a rep resen tação .
con
tínu a de um a viagem ou
andança)
- p ossível a
um
com
plicado sis tema de deslocamento de p
or
e
de tap êtes
rolant
es - . n os p
ar
eceria, pelo fato de es
ta
rmos
ha bi tu ad os ao s movimen tos de cinem
pesad
a , s em je ito
e fo ra de moda . Além do mai s, essa ilusão naturalist a
se é que se pod e consegui-Ia com meios ta is - não nos
p
ar
ec e ser o ob je ti v o do teatro.
Em co
mp
ensação, a r
ep r
es
entação
s
ucess
iv a de
lu
ga -
/ r es diferentes pode da r a sen sação do espaço
percorrido,
sob cond ição, por exemplo, de se conserva r no fu nd o um a
ima gem indi
cand
o
essa
con tinu idade, ao pa sso qu e as im a
gens do pr i
me
ir o plano vã o sendo mud adas . Sob condição
ta
m bé m de qu e a ma quinaria subs ti t
ua,
po r
interm
éd io de
desl oc
am
en tos reais, efetuados no palco,
um
local
por out
ro.
Foi ês te o sistema ad
ota
do
para
As
Alma
s Mortas ,
acrescido de
um
jôgo de ap resenta ções simultâne as dos
locais, em dif ere
nt
es escalas .
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 13/41
,
Um ca
rrinho
t
ra
z a
té
a fr en t e do palco o cenário do
local
repr
esentado.
. NO FUNDO,
um
grande cicloram a: lug
ar
es
muito
af a
stad
os, e
sp
aços
muito
ext en sos, isto é, a parte da vai.
sag
em
qu
e não p
ode mudar
apesar dos desl
ocam
entos . A
es ca la é mi
nú
s
cu l
a, a figur
açã
o t o
rna
..se qu ase ab st r
at a
e
fica r
eduzida
a
um
a
linha
de horizon te, f
ervilhando
de
formas e man chas qu e n ão podem ser lidas .
Acima do CENARIO e n a ·fr ente do ciclo ra
ma
es tá
su spenso um grande quadro (dif erente par a cada ce
na
que
é
um
a
am
pl i
ação de um f
ragme
nto do ho ri z
onte:
a
cidad
e, o
campo
, a
planície
desolada, arborizada ,
cultiva
da
,
etc
. D
entro
dêste
quadro
, vê-se,
recolocado dentro
de
sua, verdadeira situação o cen
ár
io qu e se encontra na
pa r
te da frente do palco: o albergue na cidade, o caraman
chão em f re nt e
à
pais
agem,
etc
. A e
scala cr
esceu.
tem
..se
aí
uma representação puramente pictura l .
DE CADA LADO DA CENA,
dispo
sitivo móvel qu e
permite enq
ua
drar os cenários
definindo
-lhe a si tuação to
pogr áfica e social: im pon en tes casas, em es tilo oficial
emoldur ando as cenas pa ssadas
na
casa do governador ou
dos p ropr ie tár ios mais ricos;
casa
s de madeira velhas igre
jas emoldur
an
do as ce
nas que
se pas
sam no campo
ou em
ca
sas
de p
equ
enos
propr
iet
ário
s. A e
scala
é
ainda
m aior :
a ndona
se a r
epre
sentação gr áfica
pela
re
stitui
çã o do
volume, mais próx imo
da
r ealidade; as linhas, po
rém ainda
são singelas . .
NO
MEIO
, enfi m, o c
enário
dá,
na
escala
normal.
um a
r
ep r
es
entação
realista dos
locais
-
sem qu e
se
pr
ive,
po r
ca us a disso, de abrir
parede
s ou de
reduzir
as
portas
. .
Tod
avia , essa represen
tação simultânea
de
situações
no espaço se
bem que
dê
uma imagem
omplet dos locais
(a ssim
como um quadro
cubista tendia a da r
um a
imagem
completa dos obj etos de screvendo-lhes tôdas as rorrnas
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 14/41
não
ba stava
para,
exprimir
tu
do.
E
ra pr
eciso sub linha r
também
o aspecto épico
da
viag
em
de Tchitch ikov, a imo
po r t ância de sua s p
eregrina
ções, o lad o
v
indo não se
sa
be
de onde, ind o
não
se sabe para on
de
. E, para isso,
devíamos
most
r ar o p róprio p ercu rso .
Esta necessidade
levo
u-
nos a
u
tili
zar
proc
essos de cine-
ma
.
E'
ev i
den
te qu e
não
se tratava de
fazer
ci
nema
m as
de ani
ma
r
uma
pa
rt
e do ce
ná
rio ,
um
a só, aq
ue
la que ,
s ôbre o loca l
re
pre
sen
tado , des
cr
ev e as ce
rcani
as .
Não
t r a tava, ta mbém de fa
ze r
concorr ê
nci
a
à
r e
alid
ade das
pe s
soa
s e do s
obje
to s
pr
es
entes
no pa lco,
ma
s de pe
rma-
necer
na
ár e
a
da
r epres
entação
gráfica . E p
orisso
que
as
pai
sa gens e os p
er
sonag
en
s do
film
e são des
enhado
s, o
qu
e
p
ermit
e
al i
ás tornar mais ev id e
nt e
o esti l o do ce
ná
r io e os .
se us pa
rt
is- p
ri s
.
Enfim, as pr ojeções an im
ad
as t
êm um
a ou
tr
a va
nt a
gem: e
la
s suge
re
m, pa ra lel
am
e
nt
e ao percurso geog
rá f
ico ,
um
perc
u
rso
bem
diferente
. P ois, r e
alm
en te: se · a peça
de Adamov , na p
rime
ir a pa
rte, seg
ue o her ói a tr avés de
suas
pereg
r inações
concretas,
e
la
most ra de poi s a pr ogres.
são de
um
r umor e de um e
scânda
lo n
um
amb
ien
te d e
p
eq
u
en
os f uncio
nário
s de p rovíncia , os quais
pa ssam
da
ma
is inconsciente
am iza
de ad
mir
ado ra aos ódios e tem
or
es
ma
is louc os, assim q
ue
vêem suas carr
eira
s
am
eaçad as,
Est a
pr
o
gr
essão ps icológ ica é
re
prese
n tada p
or
dese
nh
os
mai s
ca r
icatura is, qu e se sucedem
num ritmo mai
s
descom
pa ssado, mais . saltit an t e .
Tod
avia , o
engr
ossamento dos
t ra
ços c
or
re s
ponde
aqui à liberd
ade
de, f
ei t
ura q
ue
, na
p
rimei ra parte, c
ar
ac te r izava a r epre
sent
ação das paisa
gens .
Não há
, pois,
nenhum
a
quebra
de e
stilo
.
(
Le
tr a
vai
au Théâtre de la
Ci t
é - Saiso n 1959 --
..
1960
Ed
. L
'Arc
he
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 15/41
· J
oz
e
iccáo
Ex ercícios para, a boa
emi
ssão de
grupos
de con
soan
tes:
BR - As
bruzunda
ngas do b ric ab ra.que do Br
an
dão abran
g
em bro
qu éis de .bronze b
ru
nido, brocados b
ru
xo
le
an t
es,
br
o
chu
ras,
breviár
ios, abraxas br az
onadas
,
abr igos e
brinq
uedos .
CR - O acrós
tico
crava
do
na
c
ruz
de
crisó
li
das
da criança
acreana
cr
iada na
c
reche
é o c
red
o cri s tão .
DR - A hidra, a
dríade
e o dragão,
ladrões
do dromedá
do Drúida ,
foram
ap
ed
re jados .
FR - A
frota
de
fráge
is fr
agatas fretadas por
fr u
stra
dos
franco-atira
dores , en freados de frio
na
ufragou na
re frega com
fre
me n
tes frech
e
iros
afr icanos.
GR - O g
ru
me
te des
gr enhado
g
ri t
av a
na gr
u ta de grisu,
g
racejand
o com gr upo
gro
te sco de gr il
heiros.
TR -
A
en
tr ada
tri un fa l d a tr
op a de t
re
z
en t
os
tr u
culen
tos t
roianos
em
trajes
t
ricolo
r es , com
seus
tr
abuc
os,
tr om bone s e
triâ
ngu los,
transt
ornou o trá fego
tranqüilo
.
PR
- O prato de p rata premiado é precioso e se m pr eço;
foi pr e
sen
t e do p
re c
ep t
or
da
prince
sa prim og
ên
i ta ,
probo
P rimaz,
procurador
da P
rú
ssia .
VR - O lavrador lav r
en
se estudou as livr ilh as e as la
vr a
scas
no livro do livr e iro de Lavras .
BL
- No
tablado
ob
long
o os emblemas . das b
lu
sas das
oblata
s e
stavam obliterado
s pe
la
ne
bl i
na ob
líq
ua.
CI, - O c
lango
r dos
cla
r ins dos cicl istas do
club
e ec
lé t
ico
eclodiu no cla u
stro
.
FL - A
flâmula
fle xível no
flor
e te do fli
bu
stei ro fl u tu a
va
fluor
esc
ente na florest a
de F la n
dr e
s .
GI - A aglomeração na gleba glacial glo
sava
a i
nglê
sa
gl
amoro
sa
que
gli s
sava
com o
gladiador glutão.
PI, -
Na
réplica, a pl eb e .p leiteia p lan os de plu ra lidade,
p laus íveis na pl at afo
rm
a do diplomata pl
enip
ot
en
ciá
r io .
GN - O magneti
smo
ig nor
ado
do
in significante gnomo
gnat
odont
e da
gnai
sse é
maligno
.
ExeTcícius pam cor
reçdo de
v ícios
de
inclusão
de
voga
l
O advogado Edmundo, ab ne
ga d
o e conv
ict
o, observa
seu
ad j
u
nt o
Edgar com o
objetivo
de
adverti-lo
de
qu e
ab
so
lu
t ament e não f
aça
ob
jeçõe
s à
rec
epção do ab sol
vido
digno
de se r a
daptad
o pel o obsequioso administrador .
Não dizer a
iv
ogado, edimundo, abinegado, etc .
Go
sto mais
do so1 mas a lua é
mai
s poética .
Podes demo
ra r
m ais
tempo
, ma s
ficarei
mais saudosa.
H
oma
ma is sor vete , mas d
eva
gar .
Seu col ega es tu
da ma i
s
que voc
ê,
mas fa lt
a
mai
s às
aula
s .
Ma s
porque amav
a
ma i
s a R
oma.
. . . . (n ão c
onfundi r mas com mais
Nã o diz
er nó i
s
por
nós ; v óis p
or
vós, d éíz
por
dez.
gá is
Exercício para corre
ção
de
víc o s
de omi
ssão
da vo al
O cabele ir e iro maneiroso
curou
a c
efalei
a- do barb
eiro.
O l
ei l
o
eiro
ap
reg
oou os pert
en
ces do s jo
al heiro
s,
colh
e
r e iros, ca ldei
re
iros, balai
ei r
os e
arr
íeiros .
L
eit
eiros,
padeiros
, q u it a nd eí ro s e pe
ix
eiros lev aram a
band
eira
do el
eito
reiro
.
(Do
Vo
z
dicção,
da
.p r of .
Lil ia Nunes
.
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 16/41
renovou a direção
o Teatro da Ásia
recht
través
rtaud
e
raig
-
Claude Bonnefoy
No Tea tro das Nações, os parrsien,
ses têm a opor
tunidad
e de satisfazer
o seu g ôsto pe los pa íse s longinquos,
pelo insóli to e o exót ico, Na medida
em que
o.
t
ea t
ro , mesmo
qua
ndo
êle
pão
está
Egado a
um ritual
antigo,
como o são o Wayang indonésio ou
as danças africanas, r eflete o espíri
to e muitas vezes a história de um
povo, as re pre senta ções leva das a
e
feit
o no Teatro Sarah-Bernhar dt ou
no Teatro Lut êce nos ofe recem ma is
do que meros espetáculos.
Frut
o das Con ferências do Tea tro
da s Nações e da s
Jo rnadas
de Estudos
de
Rav aumont,
o tr ab alho coletivo
sô
br e O s teatros da Ásia , que o Cen
tr
o
N
aci
o
na l
de P esquisa Científica
acaba de publicar, nos convida às
mesmas r eflexões.
Quando Sean
O
Ca
sev
é encenad o
pelo
grupo
do Tea
tro Abbev,
é a . vi
da do povo
irland
ês , com su as revol
tas e suas esper anças , que surg e dian
te de nós com tôda a
naturalid
ade.
Um n ô ou um kabuki nos dá a
chave do J apão an tigo. O espectador
de hoje - diz René Sieffert - ao ver
os herois de
o
arn í
(célebre
au t
or
de kabuki ),
acha
-se r
ealmente
trans
portado para
um século pa
ssado
, e
isto é par ticularmente precioso para
o observ ad or estra ngeiro , pois essa
ressurreição f a-Io-á compreender a
ati1ud e dos japonêses do século XIX
melhor do que a leitu r a dos mai s au
torizados tratados históricos .
Sabe-se a importân cia que teve pa
ra Jean-Louis Barrault a descobert a
da óp er a de
Pequ
im e o
arreba
tamen-
to de que foi tomado Roger Planchon
ao ver pela pr imei r a vez um espe tá
culo do B
erlin
er
Ensemble.
O
tr
abalho do Centro
Nac
iona l de
Pesqui sa Científ
ica
. contém informa
ções pr eciosas sôbre a or igem e o de
senvolvimento dos diversos tea tros da
Ásia, sôbre as técnicas de feitura de
;;eças e de rep resenta ção, sôbre a con
dição social dos atôre s ori entais, so
bre o comport amento das
di f
er en tes
platéias
(atit
ude de r eco
lhim
ento dos
especta
dores
do n ó [aponês, à von-
ta de e bonachona mas ao mesmo tem
po exigen
tis s írna
em relação aos at
ô
r es do público da óper a chinesa) .
O que logo nos impressiona é a ri
queza e a diversidade d êsses teat r os.
Tod os têm uma or igem re ligiosa ou
sacra
mas. hoje em dia , êsse sentido
original nem sempr e fica a pa re nte. O
ch
am tib et
ano
é um r itu
al
pura-
mente religioso. Os w av
an
gs java-
nese s são ilust
rações
do
Ma hâ
bhara -
ta o u de
Râ
mâva
na .
No
Ja
pão, se
o n ô é muitas vêzes de inspiração
budista, tanto o j ôr
ur
i como o k a-
buki ap resenta m cenas da vida coti
diana e pode-se até mesmo fala r, a
propósi to de certas
peças
de
Ch ik a
ma
ts u (Séc. XVI -
XVIII)
de teatra
da atualidade. Na China, se bem que
a ópe
ra
aproveite mu ita s cr en ças an
tigas, ela é.
an
tes de mai s nada, um
espetáculo popular.
Alguns teatros da Ási a têm. como
o nosso. uma base
esse
ncialmente li
terária .
É
o que se verifica no Japão
e na índia. O que vem em pr imeiro
luga r é o texto , o poema dramático.
Na China , ao contrá
ri
o, o t
ext
o pou co
importa . O que cont a . são os moví
mentes, as danças, o s ca nt os e o tr a
ba lho do a tol .
diálogo é popular,
convencional e, de uma peça a outra ,
re encontr
am
-se as me
sm
as fr ases es
te r
eotipadas. . A ó
per
a chin
esa
não é
uma arte liter
ária
, mas sim
uma arte
do
e
spet
áculo,
Mas é preciso não se equivocar. To
dos os t eatros a siáticos, mesmo quan
do r epresentam obras literárias, t êm
em comum, além do sent ido do espe
táculo ,
o da estilização. O trabalho
dos
at
ôres
(traba
lho complexo, já que
o comediante deve se r também can tor,
da
nçar
ino , acrobata) nunca é realis
ta. Não deve da r ao espectador a im
pressão de estar ass istindo a um tre
cho da
vida
,
mas
sim, de
estar
pene
trando num mundo diferente. Da í o
fr
eqü
ente uso de
máscaras e o suces
so das mar ionet es no
Japã
o ou em
Balí . Pois o atol vivo - diz Claudel
- se rá sem pre um ser fantasia do , e
ainda A mar ionete é a má
scara
in te
gral e animada, não mais some nte o
rosto , ma s os membros e todo o cor
po . A marione t e é, ao mesmo t
empo
,
real e irreal e a pr esença yisível dos
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 17/41
seus manipuladores, lon ge de incomo
dar, contribu i para acentu
ar
a impres
são de passagem de um lu
ga r
e de um
tempo pr esentes par a um lu
ga r
e um
tempo míticos . O trabalho do a tar,
como o da marionete, tem por tanto
como obj etivo criar um a atmosfera . O
atar
, dizia Zeami, o gr ande me
st r
e do
nô , deve ser sempre insólito .
Todavia, os teatros da Ásia - per
feitamen
te analisados na
obra
do Cen
tro
Nacional de Pesqui
sa
Científica
- não têm para nós somente um
ínt e-
rê sse documentário. 1:les tiveram e
ainda têm
uma
influência sôbr e a evo
lução do te a
tro
. ocídent al.
Em primeiro lugar, sôbre os auto
res. Claudel não se contentou em es
crever uma das admirá
veis páginas
sôbre o n
ô
e o j
ôruri
em O Pás
saro Negro no Sol Levante . El e se
deixou fascinar por êsse teatro e essa
lembrança
é
encontrada notadam
ente
na peça o descanso do
s ét imo d ia
e
nos
argumentos
dos
baIlets
A
alma
e
o seu desejo e A
mulher
e sua som
br a . Se ta l influência não aparece
muito mais, é
porque
Claudel
foi
so
bre tudo sensíve l aquilo que , no teatro
japonês,
pod ia lembrar
o
t ea tro ant i
go empr
êgo
da máscara , atitudes hie
ráticas
,
papel
do côro e dos
recitan
tes).
De todos
s dramaturgos, Yeats
foi
o ,
mais
atingido
pela
arte
asiática
. Four
p lavs for dance rs
e The
dre
aming of the Banes se referem expli
citam
ente
ao
n ô
japonês . Tôda
ar
te - diz Y
êats
- deve
permanecer
a
uma certa dis tânc ia e, uma vez escoo
lhida est a distância, deve se r
mantida
com firmeza
contra
a pressão do mu o
do.
Ver
so,
ritual,
música e
danca
, as
soci ados à a ção, exigem que o - ges to,
a roupa , a expressão facial, a disposi
ção cênica
con
tribuam
tamb
ém
pa ra
manter a
porta
fechada .
, Enfim, B
ertolt
Br echt deve- ao Ex
tremo-Oriente muito mais do que a
lenda chine
sa
que inspirou O círculo
de giz caucasiano . A
import
ância da
da aos tr echos cantados; a utilização
de apresen ta dores , o cuidado em acen
tu ar que não se
trata
da realidade
mas sim de
uma
r epresentação, a dis
ciplina de
tr
ab
alho imposta
aos at
res e
até
mesmo,
em certos
casos. . o
emp rêgo da máscara , tu do isso mostra
um pa r
ent
esco com o teatro asiático.
Aliás , não nos dizem os especialistas
desse teatro que a másc
ar
a
ta
nto no
nô como na óper a ch ines a ) tem co
mo ob je tívo produzir uma distancia
ção ?
Mais do que às estruturas dramáti
cas, os aut o
res
for am sensíveis às
con- _
dições de represent ação, às técnicas
de trabalho do te
atro
as iático. Não é
pois de se admirar que a influência
dêsse teatro tenha sido especialmente
importan
te sôbr e os
dir
et
ores
de tea
tro. De
Lugné-Poe
até Jean
Dasté ,
vá
rios dir etores montaram peças japo
nêsas. Mas for am sobretudo Craíg e
Ar ta ud que fizer am a tent a t iva, não
de imitar êsse
tea
tro mas , de encon
tra r-lhe a essência.
C
ra
íg, que acusa o ata r de copiar
servilmente a realidade e quer faze r
dêle
uma
sup
er-mar
ionete, encontra
no teatro
japonês
(
jôruri
e - nô ) a
confi rmação de
suas
teorias. Nã o é
desta vida e de seus males - escreve
êle - que o teatro nos deve
apre
sen
ta r
a
ima
gem. 1:le deve
provocar
em
nós a
nostalgia
daquilo que não é dês
te mundo .
Artaud , impressionado pelas
repre
sentações do teatro de Bal
í
na Exposi
ção Coloni al de 1931, diz: Nosso tea,
tro , que
nunca
teve a
idéia
des
sa
me
tafísica dos gestos, que
nunca
soube
aprov
eitar
a música
para
fins
dramá
tico s tão
imediato
s, tão concretos, nos
so teatro puram
ent
e verbaí
. .
e que tu
do ignora daquilo que FAZ o teatro,
isto é aquilo que est á no ar do .tabla
do, que se mede e se circunda de ar ,
que tem
uma
densidade no e
spa
ço:
movimentos,
form
as , c ôres . vibrações,
atitud
es , gr i tos , poderia, em re lação
aquilo que não se mede e que depende
do poder de sugestão do e
spír
ito, pe
dir ao tea tro de B
al í
uma li ção de
espiritualidade .
At
ravés Craíg
e A
rt a
ud. como tam
bém at ravés
Brecht
, muitos di
retor
es
a tuais sof rem, mais ou m enos dír eta
mente, a influ
ência
do tea tro orien
tal. No teatro chinês , as cenas de
combate são apresentadas c
omo
bal
lets ou
mimada
s sôbre um
ritmo
mui
to pe
culiar
por vários atôres. Não se·
rá isso o que reencontramos em J ú
lio César , montado por J ean-Louis
Barra ult e, com ma ior fe li cidade e
f ôr ça ,
no Henrique IV e no E duar
do II ap resentados por Roger Plan
chon? O simbolismo dos ges tos e, no
tadam
ent
e, das mãos nas dan ças
balí
nesas não ter ão sido a in
spir
ação de
alguns baI lets de Maurice B éjart, onde
êste se mostra preocupado mais do
que com
uma
exp
re
ssão
puram
en t
e
plástica, como a
tradu
ção de
uma
ver
dade int
erior
?
Mas a , gra nde lição do teat ro asiá
tico é a de um te atro compl eto , em
que tod os os elem
entos devem con
cor rer ao mesmo tempo ao diverti
mento do momento e à significação do
conj unt o, de um
te atro
em que não
existe
hiato entre
o sensível e o espi-
ritual. .
(Do J
orn
al Arts de
16·5=62
Tradução de A. M. Magnus).
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 18/41
Texto
para títeres
Do.... i:A.....
LJ J IJ
J
r ri rue r f bt4fIlJttt4
60 . D o_
l 4 ~ M
kf í t
r
I e
r
I r
J
I J
Zb
J11 1J\1
J J
SoL
1-
DoM Dol
< \ .
F
o
lA?
~ \ l l
t4l J
J r r I
r
r
r
r I
R ...
Fot._
Dot4
_ FAM-Hi
.... soq
Do
~ \ f I ~ r
~ f
ri
r
ulc ine ia e o
ilão
Cenár io : RUA DO ALVORôÇO
Personagens .
Dulcinéia
Rafaela, a bruxa
Príncipe
Tinhorão
Vilão
VILÃO
PASSEIA COM AR SUSPEITO
RAFAELA ENTRANDO Que guapo
rapaz
Parece can-
to r
de tango .
VILÃO
- Não se
aproxime
dona donzela,
porque
sou o
vilão.
RAFAELA - Me chamou de dona donze la .
Me u
nome é
Rafaela
, garboso
mancebo.
VILÃO
- Me
chamou
de
mancebo,
rará
Não s abe
quem
sou eu.
RAFAEL
A INSISTENTE Meu nome é Rafaela.
VILÃO· -
Rafaela
ou não,
não
interessa . P rocuro coisa
melhor.
Dulcinéia,
a
princ
esa. SAI
RAFAELA
SAI ATRAs DÊLE
DULCINÉIA ENTRA,
procura
alguém, suspira e
canta
Minha v ida, minha, vida,
passo a esperar,
d a j an ela não vejo êle
. e
me
ponho a chorar,
a chorar SOLUÇA
VILÃO ENTRA Rará Linda princesa,
quer
casar
comigo?
PRINCESA
EMPURRA·O
Não, não e não
VILÃO
-
Sim,
sim
e sim
_
DULCINÉIA
- Não, não e não Só
me
caso
por amor
.
VILÃO
- Sim, sim, s im ,
porque
sou o vi lão
AVANÇA
PARA
DULCINÉIA
DULCINÉIA - Ai, ai, ai SA I PERSEGUIDA PELO
VILÃO VOLTA IDEM
E
SAEM NOVAMENTE
PRíNCIPE
AFLITO
Ouvi gri tos
.
Será
ela
Dulcinéía em
perigo?
VOZ DE DULCINÉIA - Ai, ai, ai
PRíNCIPE - Sim , é ela em
pe
rigo . Corro a
sa
lv á-la . t .
SA
I
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.
.
RAFAELA OUVINDO A F
AL
A
DO
PRÍNCIPE Va i ma
tar
va i m a
ta
r o m
eu
q
ue
rido
Vil
ã o . Ai ai Ai
DULCIN
ÉIA
EN TRA SEGUIDA DO VIL.ÃO
Não
não
não
SA I
VILÃ O - Sim . sim ,
sim
RAFA
EL
A
INTERCEPTANDO
O
V I
LÃ
O
S
im, senhor
vilão
.
V
ILÃO
-
Não,
dona donzela PROCURA
AFASTÁ-
LA
Dá li cenca
RA
FA
E
LA
:
Sim ,
senhor
vilão
VILÃO
EM
PUR
RA
RAFA
EL
A , ES
TA
CA I Sa,;
Vou
atrás de la .
R
AFAEL
A - Ai , ai , ai q
ue
bruto.
Não vá não, ela é um a
chorona.
VILÃO - Mas é linda
Vou
vou vou SA I
RAFAELA
CHO
RAN
DO
Ai, a i, ai
PR ÍN CIPE -
Não
salvei a
mi
nh a ama da Dul
cin
é ia . Que
fazer ? Ai; ai , ai CH
ORA
R
AFAELA
- P osso aj udar , senhor I inhorão , Com uma
condicâo . . .
PR ÍNCIPE - Anj o celestial, Que cond
içã
o é essa?
RAFAELA - A
con
dição
é
esta,
senhor
Tinh
orão: o se
nhor
me
a
rranj
ar um
noivo. •
PRíNCIPE -
Um noivo?
Que n
oivo
?
RAFAELA.....:..- O
Vil
ão ser
ve .
E
muito
simpático, com car a
de cantor e lindos bi godes r evolucionário s . SUS
PIRA
Ai . . .
PRÍNCIPE
- Não pr eci sa susp ir ar tã o feio , eu a jud a re i.
Ou ca sa
com
a senho ra ou ma tá-Io
-e i
pa
ra se m
p re
. T
IR
A . A ESPADA
RAFAELA
Não,
não Não m ate o
me
u amado Vilão
PRÍNCIPE
- Mato e r
em a
to .
RAF AELA - Não, não , n ão
PR
ÍN
CIPE
- Mato, m r ema to
RAFA
EL A
-
En
t ão
na
da
feito
.
PR ÍNCIPE
- Sim ,
eu
o
mato
e não m ato. Só mato se
êl e
não
qu iser
ca
sa r
com a
senhora.
R
AF
A
EL
A .- Isso
sim
COCHICHAM DUR ANTE A LGUM TEMPO
PR ÍNCIPE - Sim , sim sim
R
AF
AEL A - E , é é .
SAEM UM PAR A ESQUERDA O
UTRO
, D .
DULCINEIA EN TRA DESGRE
NH
ADA Que fazer n esta
conjetu
ra
?
VILÃO - Casa comigo , li nd a cr ia tu ra .
DULCINEIA - Não não e não
VI LÃO - E assi m e
ntão?
DU
LCI
NEI
A - E
.
VIL
ÃO - Se rei o
briga
do a m at
á- l
a
A
V
ANÇA PAR A
DULCIN
ÉIA
DULCINEIA - Socor ro
PR ÍNCIPE - Pron to Cá es tou
Iind
a princesa . A
GA
RRA
O
VIL
ÃO
P
RÍNC
IP E - Quem é êsse cara de meia- tigela
RA
FAELA
- E o
me
u v
ilão,
p ieda de, pr
ínci
pe
, PRÍN
CIP
E -
Pi
ed ad e coi
sa
ne
nhum
a , es tava m
alt
ra t ando
a minh a Dulc in éia . Toma lá DÁ NO VIL
ÃO
I
RAFAEL
A - Ai , ai , a i não o mate .
Piedade
é o m eu
noi
vo .
VI
LÃO
- Noiv o eu? Desde quando?
RAFAELA - N oivo, sim , desde agora .
PR Í
NCIPE
- No ivo sim , senã o morre LUTAM NOVA
MENTE.
VIL ÃO
C
AI
RAFAELA - Matou, matou o m eu am ado. Ai , a i ai
CHORA
PR
ÍN CIP E -
Não
está mo
rto nã
o . E
st
á só desm aiad o.
Quan
do
acor
dar
vai pe
dir a sua
mã
o .
RAFAELA - Ai qu e alegria Beij o as mãos ben fei tor as
de Vossa Alteza Senhoria .
DULCINÉI A
Me u h erói
RA FAEL
A
PA
RA
O VIL
ÃO QUE
DESPERT
A
M
eu
herói
ENQUAN
T O PR
ÍNCIPE
E
DULCINEI
A SE BEIJA M ,
O VIL
ÃO
A
TACA PELAS
COSTAS
VILÃO - Her ói co
isa
nenhuma EMPUR
RA
RAFA ELA
E DÁ
NO
PR ÍNCIPE
LUTAM OS DOIS ENQU
ANTO
RAFAELA
TORCE
P/VILÃO E D
ULCINEIA
PARA O
PRÍNCIPE
R
AF
AELA - Isso isso
DULCINÉIA
-
Prín
cip e,
cuidado
V
ÃO
CAI
.fJRÍNCIPE - A senhora nã o quer mais ca sar? Vou acabar
com
o noivo de vez . Agora eu
mato
êle bem . rematado.
RAFAELA -
Nã
o nã o fa ca isso E o no sso a côrdo?
PRÍNCIPE
DÁ NO VIL ÃO
QUE
CAI Toma
RAFAELA CHORANDO Ai ai ai Matou êle : Nã o vou
mais casar .
PRÍNCIPE
Mor to ou não
morto
, a senhora agora tem
oue ca sa r com êle , Pala
vra
de príncipe é pa
lavra
de re i .
R
AF
AELA - Caso de qua lque r j ei to, contanto que o
se
n
hor
o sa l
ve
.
PR ÍN
CIPE
- SACODE O VIL
ÃO ATÉ
ÊL E
DESP
ER
PERTA R
Aco rd a, aco rda
Nunca mais
..
. .
VI
LÃ
O - Nu nca mais se casa rá com
igo
. CH ORA
VIL
ÃO - N
un
ca mai s . . .
P RÍ
NCIPE
- Nun ca mais o que. coisa ?
VI LÃO - Nunc a ma is . me m et o n outra .
PR ÍNCIPE - P ed e logo a mão da dona Rafaela
VI LÃO HESITA
PR Í
NCIPE
- P
ed
e senão mor
r e
VILÃO - P eco a m ão del a .
RAFAELA - -Es tá aqui a minh a mão , as
minha
s m ãos . . .
au
er ido
vi
lâoztnho
.
ABRACA
-O
F
ôRÇ
A
P
RÍN
CIPR A BRAÇA D
ULCINÉIA
,
BEIJAM·SE.
TO -
DOS
CA N T A M ,
Du lcin é a . Du lcin éi a , p
ar a
de cho rar,
pois um dia, lá na cap ela,
com u
J;Il
príncipe hás de
cas
a r .
(Texto de Vi rgínia V
alli
,
ba
sead o na c
ena
de bonecos
da peça
A GATA Bor ralheira,
de Maria Cl
ar a
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ulc in é ia
i lão
ç
seu
p
f ntoche
istóri
teri l
-
1 f
ôlha de
cart
olin
a
br
anca
es
pess
ura
mé
dia) ;
1 met r o de a lgo
dãozinho
r al o t el a ) ; polv
il h
o ;
tesoura ; ag ulha e li nha de ca r
rete
l glacê 24) ;
cadarço branco .
r cesso -
Faça um gr
ude ralo . Espal
he
o grude s ôbr e
a cart
olina
. Estique o
pan
o pre-enco lhi do
sôbre a ca rt o li na sem deixar ruga s . Dei x e se
car . Tome o mold e da cabeça em cart ão e am
plie . f ig . 1
Aplique Q molde s ôbre a ca rtolina ent elad a j á sêca) ,
ri sque com lapi s e depois recorte . Tome o molde do na r iz
fi g . 2) , cu jo
feit
io v
ar i
a confo
rm
e o tipo grande para o
vilão, adunco para a br uxa , pequen o pa ra Dulcinéia, regu
la r
pa
ra
o
pr íncip
e) , apliq
ue
s ôbr e a car t
olina
, ri sque e
cor
te . Aplique o nariz sôbre a
face
an te r ior cos tur ando
com
l inha dupla.
Faça as pinças la terai s e superiore s pa
ra
da r volume à ca
beça,
gr ampeie e depois costure . Apliqu e
a face anterior sôbre a post er ior e costure.
/o •
. .
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..
\
~ ~
-
- fn
-
,,-
-
-
Ter mi n ad a a cab eça, aplique o
molde
da mã o sôbre a
ca r
tolin
a do
br a
da, r
i
squ
e e r e
cor
t
. Costure de
pr
efer
ên
cia
à máq u in a. d
eixando
ab
erto
o p unho onde se met em os
dedos do manipula dor pol ega r e méd io) . L igu e a,
mão
direita à esquer da por m eio io cadarço . Costu re o cadarço
ao pe scoço do boneco atrás . (F ig. 3 e 4) . .
Tom e o seguint e mat er ial: uma m eada de
rá
fia par a
a cabeleira de Dulcinéia,
uma
m eada de r áf ia para a ca
beleir a do
príncip
e; fios de sisai p
ar
a a cabe le ira da br
ux
a ,
fios
de lã mescla pa ra a
cab
eleira e os bigodes do vilâ o ; ;
10 cm s . de tarlatana bran ca .
Apl
ique os fios de r áfia, si
sa l ou lã sôbre a en trete la, no feitio
qu
e des
eja
r p
ar a
fa
ze r
a
cabeleira
e bigodes e co
sture
. Cost u re a ent
re t
ela
sôb
re
a ca b eça , ou cole com grude .
f ig
. 5)
in t u r -
P ara p
inta
r o
bon
eco,
tom
e guache ou
tin
ta
em pó, p incel
méd
io e p
equ
eno , g
oma ar
ábica . P r ep ar e a
ti n
ta dissolven do o pó-n a goma a
rá
bica e r al eando com
água. P ar a se ob
te r
côr-de-pele ou ba se de maqui llage,
m istura- se pó b
ra n
co (a lvaiade ) com amar elo e ve rm elho,
conforme a tonalidad e desejada . Risqu e os olh os do
b o,
neco, sob r an ce lh as e bô ca , P inte tôda a cabeça com a
ba se obtida, dep ois pin t e olhos, b ôca e sob
ra
nc e
lhas
na c ôr
desej
P in te as mãos com a ba se .
LU VA e roupa - P ar a fazer a luv a , tome 1 metr o de
algodão prêto par a as do vilão e do príncip e ; meio
metro
de algodãozinho pa
ra
a lu va de Dulcinéia ; meio metro de
qualquer pan o para a lu va da br uxa . Dobr e o pa no e
corte confo
rme
o molde . (f ig . 7) Cos
tu
r e à m
áquina
, d ei
xando ab er tura para o pescoço e as mãos . Vis ta o boneco
co
sturan
do a luva no pescoço, sem fechar a ab er
tura
on de
se met e o ind icad or do manipulador . Costur e o
pun
ho da
mãozi
nha
à a
be r
tur a do b ra ço . . Vi st a os pe rsonagen s, fa
zendo ca saco, vest id o, e
tc .
confor
me
o molde da luva e
o t ipo de
cada
um . Experi men te. ca l
çando
o boneco, cuja
lu va deve se adaptar bem à mão, sem incomodar , nem
es ta r lar ga dema is, nem ap er ta da .
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http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 22/41
r e
p
r e s e n
t
r
u e
o
LLI
Z
LLI
U
>
va
mos
os MIS
TÉRIOS
DA V IRGEM
ou
AUTO
DE
MOFINA
MENDES
de
IL VI
T
Ê
st e
au
to
con
s
ta
d e :
1
prólogo;
2 cena
em
qu e
s e
profetiza
o n a
sci
mento d e Cr isto;
3
ce
na
pa s to ri l e
4
ce
na
da
adoração
à V
irgem
.
O P
RóLOGO
é fei to por um
FRA
DE , anuncia o a ssunto d a peça Os
m ts
térios
da V
irgem
e a s p
rimeir
as
per sonagens a en trar em cena: a
VIRGEM e quatro damas , qu e s ã o
a
POBREZA , a HUM ILDADE , a
FÉ
e a
PRU
DÊ NC IA ,
tôdas
p r e c e d i d a s
de
m ús ica, Seguem -se as cenas das pro
fecias e d a anunciação e, após, a d os
past
ô
res
q ue
se
ju n
t a m
para
o
tem
po , d o n ascimento . E a
conheci
da
cena da MOFINA MENDES , que aca
bo u d and o nome à peça.
Êst e
auto
, fo i re pre sentado pe la pr i
-m eir a vez diante d e e l r e i D. J oã o III.
po r oc asi ã o do
natal
, em 1534 .
P od e se r r
epre
s
entado
â o
ar
li
vre.
D ispensa cená rios .
Personagens :
P r ólogo
Um FRA
DE
A VIRGE M
D a m a s : P R
UD
ÊNCIA -
P OBREZA
HUMILDADE
FÉ
Anjo GABRIEL
São J OS É
P a st ôr es: AN D RÉ
PAIO VAZ
PESSIVAL
BRAZ
CARRASCO
BARBA TRISTE
TIBALDIN H O
MOFINA MENDES
Anjos
FRADE
Três coi sa s ac h o q u e f azem
a o doido se r sa nde u :
u m a te r po uco siso d e se u ,
a ou t r a , que êss e que tem
não
lh e
pr e
st a ma l
nem
b em .
E a t er cei r a , .
que
en d oidece em grã manei ra,
é o fa vo r (livre -nos deus
que
faz do ve nto cimeira,
e do toutiço moleira ,
e das ondas fa z il h eos ,
Diz F r a n c isco d e Mairôes,
Ricardo e Bona-ventura,
não m e lembra em q u e escr í
tura;
não
s ei
em
q
ua i
s d i
stinçõe
s ,
nem
a cópia da s ra zões .
Ma s o la t i m
cr
eio que dizia a ss im :
NOLITE VAN I T AT IS .
DEBEMUS
CONFIDERE DE
BI
S , QUI CAPITA
SUA POSSUER UN T MANIBUS
VE NTORUM ET
C.
Quer di zer êst e m a ti z
ent r e os primei r os qu e t raz:
não é sisu to ju iz
q
ue tem je it
o
no
q
ue
diz,
e não acer
ta
o q UJ ; faz . .
Diz Beócio - :bW C ONSOLATIONIS ,
ORIG E NE S - MARCI
AURELI
,
SALLU
STIUS - CATEL I N A R U M
JOS
EPHO
SPECULUM
BELL I ·
GLOSA
INTERLINIAR
UM
VICENTIUS - _
SCALA
COELI,
MAGISTER SENTENTIARUM.
DEMOSTHENES, CALISTRATO ;
t odos êst es
concer
taram .
com SCOTO,
livro quarto.
Dizem
:
Não
vos
enganeis,
letrados d e
rio torto
.
que o porvir não no sabeis ,
e -que m ni ss o q
uer
pô r pé is
te m cabeça d e minhoto .
Ó
b ru t o a n im al da terra,
ó te rr a filha do
barro
,
com o
sabe
s
tU,b
ebarro
quando há de tremer a terra,
qu e espantas os
boi
s e o
carro?
Pe lo s quais DIXIT A N8E L MUS ,
e SENECA - VANDALIARUM ,
e
PLINIUS
-
CHARONICAR
UM,
ET
TAMEN
GLOSA
ORDINARIA,
e ALEXANDER - DE A LIIS,
ARISTOTELES DE SECRETA
[SECRETARUM ;
•
LBERTUS MAGNUS,
TULLIUS
CICERONIS
,
RICA
RDU
S , I
LA
R
IUS
, REMIGIUS ,
diz em , convém a sab er : .
se t
en
s pr
enh
e t U:
mulh
er , L..
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 23/41
e . p or t o compuseste
qu
er ia de ti e n t e n d e r
em que hora h á de na scer
ou qu e f
eições
há de
ter
êss e filho qu e fizeste .
N ão no sa b e s ;
quan
to m ais
co me
te r
d es f alsa gu erra
p r es u m ind o qu e al c
an
çai s
os se g r ed os di ví n ai s
q u e es t ão d eb a
ix o
d a te r r a .
P el o q
ue
diz
QUINTUS
CURTIUS
BEDA
- DE RELIGIONE CHRIS·
-
[TIANA.
THOMAS
-
SUPER
TRIMTAS
[TERNATI
AUGUSTINU S
-
D E A NG EL OR UM
[CHORIS
HIERO
NIMUS
D ALPHABETUS
[HEBRAICE
BERNARDUS DE
VIRGO AS
-
[SUMPTIONIS
REMIIGIUS DE D IG NI TA TE S A-
[CERDOTUM;
êstes d ize m juntam
ente
no s li
vr
os aq u i al egados :
se fil ho s
ha v
er nã o podes
n em f ilha s p
or
te us pecados
cria d ês ses en jeitados
fil ho s d e cl ér ig os p obres
P ois t en s s a cos d e cruzados.
le m
br o
-t e o r ico a
va
re nto
q u e n es t a vi d a
gozava
e n o i
nf
er no can tava :
Á gu a deu s ág ua
qu
e l
he
ar
de
a
po u
sa d
a .
Ma n
daram
-m e aq u i subir
n
este
sa n t o
an
f
itea
t r o
para
a
qu
i
in
troduzir
as f ig u ra s que hão de vi r
com
to do seu
aparat
o .
E de notar
qu
e h aveis
de
co n
siderar
i
st o
ser contemplação
f
or a
da hi
stória
ge
ral
m as
fundada
em de vo ção.
A
qual
obra
é
chamada
OS
M IS TÉ RI OS D A
VIRGEM
qu e entrará acompanhada
d e qua tr o DAMAS co m quem
. d e m enina
fo i criada.
A um a
chamam POBREZA
O u t r a ch a m a m
HUMILDADE;
d
am
as d e ta
nt a nobr
eza
qu
e tô d a alma
qu
e a s
pr
eza
é m or ad a d a T ri nd ad e.
ou t r a t
er
c
eira
d elas
ch ama m p or ex celência;
à ou tr a cha ma m
P R U D ~ N I
E v ir á a v irg em com el as
co m m u i fo r
mo sa
a pa rência
.
S
er á
logo o f un
da
m e n t o
t ra t a r
.d a
sau da ção
e depois dê ste se r m ã o
um
p ou co do
na
scim en t o
t
ud
o p or n
ov a invenção.
A nt es di sso
qu e
di ssemos
v ir á com m úsica orf éia
DOMINE
L AB IA M EA
e VENITE
ADOREMUS
ve stido com ca pa a l h e i a .
T ra r á TE DEUM LAUDAMUS
d e es ca r ia t e u ma ilb ré;
JA M LUCI S ORTO SIDERE
Ca nt a r á o
BENEDICAMUS
p el a g
ra nde
fe s
ta que é.
QUEM
TERRA
PONTUS AETHERA
vir á m ui to ass ossega d o
nu m
se n de ir o m al p en sado
e um gibã o d e t af etá
e
um a
g
or
r a de or e l h a d
a.
im do
rólogo
P r ofecias
ENTRA A VIRG EM v estida como
r ainha ac om pan h
ad a
da s DAMAS
p r ecedidas d e
QUATRO
ANJOS com
mú sica. SENTAM-S E e c
om
eç
am
a
ler ca d a
um
a
em
s
eu
livro.
VIRGEM
Qu e ledes minhas criadas ?
Q
ue
a ch am es cr ito aí?
PRUDÊNCIA - S
enhora
eu ac h o
[aqui
g r
an de s
coisas in
ovadas
e
mui alta
s
para
mi m .
Aqui a
Sibila Cimé
ri a
di z
qu e
Deus
Ciméria
d e um a
virgem
sem pecado
o
qu
e é
p r of u nd a m a té r ia
p ar a m eu f r a c o cuidado.
POBREZA
Erutéia
profetisa
di z aqui tamb ém o qu e sente:
qu
e na sc
er á pobr
em ente
sem cu eiro n em ca m i s a .
n em coi sa com que se aquente .
HUMILDADE - E O
profeta Is a
ías
fa la n iss o t ambém cá
eis a
virg
em n e e ~ á
e p a ri r á o Messias.
e f l
or
v ir gem ficará
F É - C ass a
nd r
a d el -r ei P r i a m o .
m os tro u ess a r os a-
frol
com u m m en in o a par d o so l
a Ca esa r Ot avi an o
q u e o a do
ro
u p or se nho r .
PRUD ÊN CI A -
RUBRU
M QUE M
[VIDER
AT MOI S
EM
sa r ça que n o er mo es t av a
sem lh e p ôr lu m e n in gu ém ;
o fogo ar dia m u i be m
e a s arça nã o se q u e i m ava .
FÉ - S ign
ifica
a Madre d e D eu s
est a s ar ça é ela só ;
e a es ca da q u e vi u J acó. v
q u e su b ia ao s
al t
os céu s
tam bém era d e se u v ôo .
PR UDÊNCIA - D ev e de se r p or
ra
zão
d e tô das p erf ei ções ch ei a
t ôd a
qu
em qu er
qu
e ela é .
HU MILDADE -
Aqui
a chama
[S alom ã o
TOD A PULCHRA
AM I
CA ME A
E T
MA C
U LA NO N ES T l N TE .
E d iz m ais
qu e
é PORTA COELI
ET
E
LE
C
TA
UT SOL.
B ál sam o m ui cloroso
PU
LC HRA UT L IL IU M g
raci
oso
d a s fl ôr es m ais
li n
da
fl or
dos cam p os o
ma
is f ormoso ;
cha
ma
-lhe
P L
A
NT
ATIO RO S A
NO VA OL IVA ESPECIOS A
m an sa C OL U MB A NO E
esrr êla a ma is lu mi nosa .
PRUDÊNCIA - ET A CIES
ORDI
·
[NATA
f or mo sa filha d e l
-rei
de J a có ET TABERNACUL A
SPECULUM SINE
MACULA
ORN A TA
CÍVITAS
DEI.
FÉ
Mais di z a i n d a
Sa l
om ã o:.
HO RTUS CONCLUSUS FLOS
[HORTORUM
-MEDE CI NA
PECCATORUM
dir eit a vara d e
Aa r
ão
a lv a sôbre qu antas for am
sa n ta sô b
re
q u an ta s
são.
E se us cab elos p olidos
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 24/41
são formosos
em
seu grado
como manadas de gado
,
_e m ai s
qu
e os
campo
s
floridoos,
em q ue a nd a apa
c
entad
o .
PRUDÊNCIA
- E'
tã o
zeloso o
Senh
or ,
qu
e
qu
er er á se u es tado
da r ao mun do po r favor ,
pOr
uma Eva pec ador
,
um a
v irg em sem
pecado
.
VIRGEM
- Oh se
eu fôsse tão ditosa
que
_
com
ê
stes olhos
v i
sse
senhora tão
preciosa
,
tesouro
da
vida nossa
,
e po r e
scrava
a
servisse
Que ond e
t an to b em se ence
rr
a,
-
vendo
-a. cá en tre nó s,
n
el a
se
verão
os céus,
e as virtudes
da
terra ,
e as
moradas
de
Deus.
II I Anunciação
Entra
o
anjo GABRIEL
GABRIEL
- Oh Deus te
salve
,
Mar
ia ,
cheia
de
graça graciosa,
dos pecadores abrigo
Goza- te com alegr ia ,
humana e
divina rosa,
porque
o
Senhor
é
contigo.
VIRGEM
-
Prudência,
que
dizeis
vós?
que eu muito turbada sou,
porque ta l
s
audação
-.
não
se co
stuma entre
nó
s.
PRUDÊNCIA
Pois que é
ato
do
Senhor,
S
enhora, não esteis
turbada;
tornai em
vo s
sa calor,
que ,
segundo
o
embaixador,
ta l se
espera
a
embai
xa da .
GABRIEL
Ó
Virgem,
se
ouvir me qu
er
es ,
mai
s t e
que ro i nda dizer
_.
Benta és tu em m
er
ec
er
es
ma i
s
qu
e t
ôda
s as
mulher
es ,
n asc
idas
e
po r na
sc
er
.
VIRGEM
-Qu e di zeis vó s, Humildad e,
qu e
êst e
ve r
so
vai mui fundo.
porque eu te
nho
por verdade
s
er
em minha
qualidad
e
a m
eno
s coi sa do
mundo
?
HUMILDADE
O
an j
o,
qu
e
dá
o
recad
o.
sabe b
em
di sso a certe
za
.
Diz Davi
no seu
tratado.
que êsse e
spírit
o as sim humilhado
é coisa
qu
e D
eu
s
mais pr
eza .
GABRIEL
Alta
'
Senhora
,
sa
be
rá
s
que
tu a
santa humildade
t e d eu tanta
dignidade
ou e um filho conceberás
da
di
vina
Et
ernidade.
S eu nome
, ser á
chamado
Je
su s e
Filho
de
Deus
. .
e o
te u
v
entre
sagrado
fic ará
horto
cer
ra
do ;
e
tu
-
princesa
-dos
Céus.
VIRGEM
Que di r
ei ,
Prudência minha
?
A .vó s
quero
po r
espelho
.
PRUDÊNCIA
Segundo' o
caso caminha
,
d
eveis
,
senhora rainha
,
t
omar com
-o
anjo conselho
.
VIRGEM
(mo
MODO
FIAT
ISTUD
,
QUONIAM VIRUM
NON CONOSCO?
Por qu e e u
dei
minha pur ez a
ao Senhor, e meu .poder , -
com
t ôda,
minha
-
firmeza
.
GABRIEL
SPIRITUS SANCTUS SUPERVENIT
[lN
TE
,
i
a v irtude do Altís
simo
,
- S
enhora
, te
cub
ri r á:
p
orqu
e seu
filho
será ,
e teu v
entr
e sacra
tíss
im o
po r gr aça c
onceberá.
VIRGEM
Fé, di zei -m e
vosso
intent
o,
au
e êste
pas
so a vós
convém .
C
uida
mo s ni
sto mui
b
em
,
po rq ue a m eu c
onsen
ti
men
to
g
ra
ndes dú
vida
s
lh
e v
em
.
Ju
st o é
qu
e
imagin
e eu,
e
qu
e es te ja mu i tu
rbad
a,
q
uere
r qu
em
o
mundo
é seu ,
sem m er ec
im
ento m
eu
,
en t r ar em
minha
mo
r
ada,
e
uma
suma p
erfei
ção
,
de re
splendor guarnecido
,
to mar para s
eu
vest ido
sang
ue
do m
eu
coração,
indi
gno
de ser ;
nascido
E
aq uêl e qu e
ocu
pa
o
mar,
enc
he
os
céus
e as
profundezas,
'
os orb es e redondeza s;
em tã
o p
eq u
eno
lugar
como
poderá estar
a
grandeza das grandeza
s
GABRIEL
Porq
ue
tanto
isto
não peses
nem duvides
de
querer
,
tu a prima
Isabel
é prenhe , e
de
seis
me ses.
E
tu , senhora
, h ás de cre r ,
- que
tudo
a Deus é possível,
e o
qu e
é
mais impossív
el,
lh e é
menos
de
fazer
,
VIRGEM
Anjo, perdoai-me vós
,
au e
com
a Fé
quero
falar,
Pedirei sinal
dos
Céus.
FÉ
-
Senhora,
o
poder
de
Deus
não se há de examinar .
Nem
'd ev eis de
duvidar,
po is so is dêle tã o
querida .
GABRIEL
E
d abinicio
escolhida.
E
manda-vos
convidar:
p ara mad re vos
convida
.
VIRGEM
Ecce
ancíl Domini
,
fa ça- s e sua
vontad
e /
no
qu
e sua
Divindade
m
andar
au e sej a
de mim
e de m inha
liberdade
.
J
(Sai 6 Anjo GABRIEL
,
e
nquanto
os
anjos tocam)
Cena pastoril
ANDRÊ
- Eu p
erdi
, se s' anoit
ece
,
a as
na ruça
de m
eu
p
ai .
O ra
sto
por
aqui vai
,
mas a
burr
a não
ap
ar
ece,
n
em se
i em
qu
e v
al e
ca i.
Lev a os t
arros
e a
pe
iros
e o sur r
ão com
os
chocalh
os,
dois sa cos de
pã
es in t
eiros,
porros,
cebola
s _e .alhos .
•
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 25/41
o
Le va as peias da boiad a ,
as c
ar
ra ncas dos raf eiros,
e foi -se a pa st ar fol had a;
po r
qu e
be st a de sp ead a .
não ' pas
ta
rios s
overe
i
ro s
,
E
s ela nã
o a
parece
r
at é
a no i
te
fec
ha
da ,
não
te
mo s hoj e pr az er ;
qu e na fest a sem come r
não há
hi
gaita
t
em p
er
ad
a .
P AIO VAZ (E ntr a)
Mofi na Me ndes é cá '
com um fa to de gado om
eu
?
ANDRÉ
Mo
fina Mend
es ouvi eu
as s
oviar,
pouco
há.
no vale de Jo ão Vis
eu
. , _
PAIO
Nunca essa
m ôça sossega,
n
em samica
quer
fortuna,
Anda
em
saltos como
pega
tanto fa z
,
tanto tr a
sfega
qu e
a
muitos
im p
ortuna
.
ANDRÉ
Mof
in a Mendes
quanto
há
qu
e
vos serve
. de
pastôra
?
PAIO
Bem trinta anos
haverá
,
ou creio
qu e
' os faz agora
Mas sos sêgo
nã
o alcança;
não se i
qu e
mal eit a a t oma,
el a d
eu
o sa co em Roma
e pr endeu el re i de F rança,
agor a andou com Mafoma,
oe pôs o t
u r
co
em balan
ça .
Qu a
nd o cuidei qu e ela an dav a
com m
eu gado
onde sa ia
P or Deus ela e
ra
em
Turquia
,
e os
turcos am
ofi nava ,
e a C
arlos
C ésa r serv ia o
Diz .que as
si m
r e
splandec i
a
nest e ca pit ão do céu
a vontade
qu
e
tr
azia,
qu
e o
turco
esm o
rece
u,
e a gen
te qu
e o segui a.
Rece
io u
a. gue r
ra cr ua
que o Cés
ar
lh e prometia o
En t
on
ces PE R AL IAM VI A
o
RE VE RT E SU NT
lN P
ATRI
A .
SU A
co m
quan
ta
gen te t razia .
PESSIV
AL (En t
ra
) .
Ac h
aste a
tu a bu
r
ra
,
Andr
é?
ANDRÉ
Bafá, não
P
ESSIV
AL - Nã o pode se r .
Bu sca bem , deix a o fa rdeI;
que a b
u rra
não
er a mel,
q
ue
a
ha v
i
am
ode com
er
.
AN
DRÉ
Sa ltar iam p êga s n el as,
por causa da matadura?
PESSIVAL
P or d
eu
s
essa se r
ia ela
E qu e p êga se r á aq u el a,
qu e
lh e tirasse a
albardura
?
PAIO
Ma s c
rê qu
e andou por aí
M o fi n a M e nd e s,
rapaz
;
q u e s eg u nd o
as
coisa
s faz,
se i
st o nã o
fôr as
sim.
nã o
seja eu Paio Va z '
Or a chama
tu
por ela.
e
ap o
st o-te a
carapuça.
que a negra
burra
ru ça
M of in a M en d es
d
eu nela
.
ANDRÉ
Mofina M
ende
s Mo
fi n
a Mendes
MOF I
NA
Que
qu
eres, André? que h ás ?
l ong
ANDRÉ
V
em
tu cá e
vê -
la-hás :
E se hás de vi r , logo ve m,
e acharás aqu i tam b
ém
a teu amo P ai o Va z.
Entra M
ofin
a Men des )
PAIO
VA Z
On d
e d
ei x
as a boiada,
e as vacas, Mof in a M
en d
es ?
MOFINA
Mas
qu
e
cuid
ad o vós ten des
de me pagar a soldada, '
que há tan to que me re
te
ndes?
PAIO
Mofina , dá-m e conta
tu
onde fica o gado m eu .
M
OFINA
A boiada nã o vi eu,
andam lá nã o sei por onde ,
nem
se i
que
pa
cigo é o
se u
.
Nem as
ca bra s
não
n as
vi ,
samicas com os a
rv o
redos.
Mas
nã
o se i a
qu em
o
uv
i
qu e andavam e
la s
por oaí
sa
lt a
ndo pe los p
en
edos .
PAIO
Dá
-m
e conta r ez a r ez,
pois ped es todo t
eu
fr e t e .
MOFINA
Da s
va cas,
morr er
am
sete,
e dos bo is morreram
tr
ês .
PAIO
VA Z
Que conta de negr
egura
:
Que ta is
andam
os meu s po rc os?
MOFINA
Dos
porcos
os ma is sã o mortos
de m ag r
eira
e
m á
ventura o
PAIO
E as
mi nh a
s
tr
in ta v it
elas
,
da s va cas qu e te entregaram?
MOFINA
Cr
eio que a í
fica
ra m de la s,
po rque os l ôbos dizimaram .
e d
eu ôlh o ma u
po r elas ,
qu
e mui poucas
esca
pa ram .
P
AI O
VAZ
Dize-me, e dos
cabr
it i
nh o
s
que r ecado me dá s tu ?
MOFINA
Era m t
en
r os e gordinhos,
e a zor ra t
in h
a f ilhinhos,
e levou-os um a um . '
P AI O V AZ
Essa
zo r
r a, essa
mali
na , .
se lhe cor re ra s
tr i
gosa,
não fi zer a
ess a
ch
acina,
porq ue ma
s
corr
e a Mofina
vint e v êzes que a ra p ôsa ,
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 26/41
MOFI
NA
Meu amo, j te
nho
d
ad
a
a con ta do vosso ga do
mu it o bem, com bom r ecado.
Pagai-me m inha sol
dada,
como
temos concertado.
PAIO VAZ .
Os carneiros qu e f
ica
ram,
e as ca
br
as,
qu
e
se
fiz
er
am?
MOFINA
As ovelhas
rega
nharam,
as
cabras
e
ngafecera
m,
os carne iros se afog
ar
am ,
e os ra fe
iros
morreram .
PESSIVAL
Paio Vaz, se qu
er
es gado,
Dá ó demo
essa
past ôra ,
Pa ga
-lh
o se u, vá -se em
bora
ou má hora,
e põe o teu em r ecado .
PAIO VAZ
Po is Deus quer qu e pagu e e peite
t ão daninha pegureir a ,
em pago de
st a
canseira
toma êst e pote de azeite,
e
va i
-o v
end
er
à
feira .
E quiçá medrarás tu,
o que eu c
ontigo não
posso.
MOFINA
Vou
-me
à
feira de Tranco
so
logo, nome de Jesus,
e fa rei dinheiro
gross
o .
Do que êste az
ei t
e render
c
om
prarei ovos de pata ,
qu e é a coisa mai s barata
qu e de lá posso tr azer .
E ês
te s
ovos , chocarão,
cada ôvo d
ar á
um pato,
e cada pa to
um
tostão,
q
ue
passará
de
um
m
ilh
ão
e me io, a vender
barato.
Casa rei r ica e honrada
po r ês
tes
o
vos
de pata,
e o di a qu e fô r ca
sad
a
sairei at
av ia
da
com um br
ia l
d e
scarla
ta,
e diant e o despo
sad
o,
que me estará
namo
rando :
vi r
ei de dentro
bailando
assim de
st
ar te b
ai l
ando,
es
ta
can tiga can
ta n
do .
(Ao diz
er
i
st
o, com o pote de aze ite
à
cabeça, ca i-l
he
o pote )
PAIO VAZ
Ag
or a
possa eu dizer
e
ju r
ar
e ap
ostar
q
ue
és Mofina Mendes tôda.
ESSIVAL
E se
el a
ba
ila
na boda
qu e está ainda por sonhar,
e os pat os por nasc
er ,
e o az
eite
po r vend
er
,
e o noivo por
ach
ar ,
e a Mofina a bail
ar
,
qu e menos pod ia ser?
MOFINA
SAI
CANTANDO
P or mais que a
dita
me enjeite,
pastôres
não
-me
dei
s gu erra ,
qu e to do o humano
deleit
e,
como o meu pote d a z ei te,
há de da r consigo em te rra.
(En tram
outro
s past ôres)
BRAS
CARRASCO
. Ó Pessival, meu vizinho
PESSIVAL .
Br
ás
Carrasco
,
dize
,
viste
a burra
dêsse ou teirinho?
BRAS
P ergunta
tu
a
Tivaldinho
,
ou pe rgunta a
Barb
a
Tr
is te,
ou per gunt a a João C
alve
iro .
JOÃO
O fa to trago eu aqui,
e a burra eu a m
et i
na côr te do Rabil
eiro
.
Nós dei t
emo
-nos por
aí .
Andamos todos cansados,
o ga do seg uro está,
e nós
aqui
abrigados
durmam os sonhos bo cados,
que a meia noi te vem já .
(
Deita
m-se pa ra dormi r )
(S
egue
-se uma b reve
contemplação
sôbr e o Nascimento)
VIRGEM
Oh cor deiro divinal.
precioso ver bo
profundo
,
vem -se a
hora
em que teu corpo human al
quer caminha r pe lo mun
do .
Desd e
agora
sa irás ao campo mundan o
a dar crua e nova g
ue rr
a
aos
inimigo
s.
e glória ao Deus soberan o
lN
EXCELSIS ET
lN
TERRA
P
AXHOMINlBUS
.
, S
ai r
á o n
ob r
e leão,
r ei da tribo de Judá,
RADIX
DAVID:
o duque da promissão
como
espôso sai
rá
do seu jard im:
E o D
eu
s dos anjos se
rv
ido,
SANCTUS SANCTUS , sem cessar
lhe can t
ando,
.
ver eis
em
palhas nascido,
sem candeia e s em luar,
sus
p irando.
E po rq ue a noi te é quase ra ea
e são
horas
qu e
esp
e
remos
.
seu nascer,
ide, FÉ , po r e
ssa aldeia
acender esta candeia,
pois outras tochas
não
temos
qu e acender .
E sem s
er
des p
erguntada
,
nem lh es vi r pel a m emória,
di rei s em cada
pou
sada .
qu
e est a é a vel a da glória .
(S. JOSÉ e a FÉ vão acend
er
a
candeia e a
VIRGE
M e as DAMAS
r ezam de joelhos o salmo)
VIRGEM
Ó dev
ot a
s almas feli z
pa
ra sem
p
re
sem cess
ar
L
AUD
ATE
DOMINU
M DE
COELIS
,
LAUDATE EUM lN
EXCELSIS
,
qu an to se pode l ouvar. .
PRUDÊNCIA
Louvai,
anjos
do senhor,
ao sen
ho r
das al
tezas,
e tôd as as profu nd ezas.
louvai vosso criador
com t ôd as suas . grandeza
..
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 27/41
HUMILDADE
LAUDATE EUM, SOL ET LUNA
,
LAU
DATE EUM,
STELLAE ET
[LUMEN,
ET L
AUDE. HIERUSALEM
,
ao Se
nh
or que te enfu na
neste p
or t
al de Bel
ém
.
VIRGEM
L
ouvai
o senhor dos céus ,
louvai-o ág
ua
das
águas,
qu
e sôb
re
os céus sois fir
mada
s;
e l
ouv
ai o senhor Deus,
r el
âmp
agos e
tr ovoada
s .
PRUDÊNCIA
LAUDATE DOMINUM
DE
TERRA
DRACONES ET OMNE
S AB 'Y
SSI
,
e t ôd as adv ers idades
de né
voa
s e se r ra ,
v
ento
s
nuvens ET ECLYPSI
,
e
louvai
-o, t
empestad
es.
HUMILDADE
BESTIAE
ET
UNIVERSA
PECORA, VOLueRES, SERPENTES,
Louvai
-o
t ôdas
as g
entes,
e
t ôda
a coi
sa diversa,
Que no
mundo
soi s pr e
sentes.
(Vem
a
FÉ com
a
vela sem
' lume)
JOSÉ
Não
vo s
anojeis,
Senhora,
pois estais
em
terra
alh
eia,
ser o
parto
sem c
and
eia,
porq
ue
as·
gente
s d
agora
são de
mui perversa
v
ei a
.
Todos do rm
em
a prazer,
sem lhes vir pel a mem
ória
que
po r f'ôr ça
hão de mo
rr
er ,
e não
qu erem
ac
ender
a san
ta
vela
da gl
ória
.
HUMILDADE
Devi
am
t
er piedad
e
da S
enhor
a p
er
eg
rina
,
r
om
ei r
a da
cr istandad
e,
qu
e es
tá
ne
st a
escu
ri
dade,
sendo pr in cesa di v
ina
,
para
exe
mp lo dos sen
hore
s
para lição dos
tirano
s,
par a espe lho dos
mundano
s,
pa
ra le i ao s pec
adores,
e
memória dos
enganos.
Ê
Não
fica por lh ' o pre
gar.
.
não fica por l
h o
dizer ,
não fi ca por lh 'o r ogar;
mas não q
ue r
em acordar,
com pr essa de
adorm
ecer,
dêles fazem q
ue não
ou vem,
e êles o
uve
m mu
ito
bem;
dêles fazem que não v
êm
,
e dêles
qu
e não
ente
n
dem
o
que va i
n
em
o
qu
e vem .
S
em
m
em
ó
ri a
n
em
cuidado
d
ormem
em c
am
a de f'lôres,
fe it a de pr azer sonhado:
seu fog o t ão a
paga
do
como em choça de
pa
stôres;
a
vossa
di
vin
a ve la,
vossa , ete rnal c
and
eia,
feita de c
êr a mais
bela.
em _cidade n
em al d
eia
não há ai
lum
e para e
la .
Todo mundo
está m
ortal,
p ôsto em
tão es
curo pô rto
de
uma
ceguei ra
geral,
qu
e
nem
fogo,
nem
si
na
l,
nem von tade : t udo
é
morto
.
VIRGEM
Prudência,
i vós com ela,
qu
e
na
s
hora
s
há
aí
mudan
ça ,
e ac
endei
es
t ou
tr a
vela
,
que se ch
ama
da e
speran
ça,
e lh es convém acendê-l a .
E di zei
-lhe qu
e o
pavi
o
desta
ve
la é a sa l
vação,
e a cê ra o pod
er i
o
que
t
em
o
livr
e al v
edri
o,
e o
lum
e a per feição .
JOSÉ
Senhora, não m
ont
a mais
se
mea
r
milh
o nos ri os,
qu e
qu
er e
rm
os
po r
si
na
is
me
te r
coisas div i
nais
na
s
cab
eças dos
bu
gios.
Ma
ndai-lh
e
ace
nde r
candeia
s,
qu e
chame
m ou
ro
e
faze
nda,
e
vereis bail
ar
ba l
eias:
porq
ue
ir
ão
ti r
a r das ve ias
o
lum
e com
qu
e se
acenda
e
à
ge nte re ligiosa
manda-lh
es v elas b í
spai
s;
a
cêra
,
de
r enda
gr
ossa,
os pavios, de
casa
is,
e logo
não
por ão gro sa ,
PRUDÊ
NCIA
Se
nhora,
a meu parec
er
,
para es ta esc
urida
de,
candeia
não
h á mister ;
que
o S
enh
or q
ue
.h á-de
nascer
é a me
sma clar
i
da
de;
LUM
EN AD RE
VELATIONEM
GENTIUM
é p
rofe
tizado a nós,
e ago ra se há de cumpr i r ;
pois para
qu
e é ir e
vi r
',
bu
sca
r lume p
ar
a vós.
pois
lum
e h aveis de p
ar t
ir ?
N
em
deveis de es ta r
aflita,
pa
ra lh e g
uisar
manj
ar
,
po
rqu
e é fa r t
ur
a in
fin
ita,
é c
ha
ma
do PANIS
VITA
,
não
t
end
es _que de sejar .E se
para
seu
na
scer
tão
pobre
ca sa e
scolheu.
não vos
dev
eis de
doer,
p
orque
onde
êle e
stiver
está
a
côr
te do
céu
.
Se
cu
eiro
s vos
dão
guerra
,
qu os
nã
o tendes
porventura,
não
fa ltará cobertura
'
a
qu em
os céu s e a terra
ve
stiu
de ta l
formosura.
(C
hora
o m
enin
o pôst o em
um be rço;
as DAMAS
canta
ndo o em
ba
lam e o
ANJ O
va
i
aos PASTôRES
e
diz
ca
nta
n do ) .
ANJ O
R
ec
ordai
pa
st ôres
ANDRÉ
Hou
de lá,
que
nos
[qu
er eis?
ANJ O - Q
ue
vo s l
evanteis
.
ANDRÉ - P
ar
a qu e, ou
qu
e vai lá?
ANJ
O -
Nasceu
em ter r a de Jud á
um
De
us só que vos
sa
lvará .
ANDRÉ - E dou -lhe q
ue
fôss
em
[t
rês:
eu não se i
qu
e nos
qu
ereis .
ANJO
- Qu e
vos levanteis.
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 28/41
ANDR i\
Quero-me eu e rgue r, e nt an to ,
ve remos
que
isto quer
ser.
.
Semp re m 'e
squece
o benzer
cada vez que me
levanto
.
ANJOS
cantando
Ah pastor Ah pas to r
ANDRÉ
-
Que
nos
quereis,
[e
scudeiros?
ANJO
Chama todos t
eus
parceiros,
vereis
vosso
Red
en
tor.
ANDRÉ
Não
durmai
s mais, Paio Vaz,
ou
virei
s
canta
r aquilo .
PAIO
Ou
tu
não
vês que é g
rilo
?
Vai
-t e daí,
aram
á vás,
que eu
nã o
he
i
mister
ouví-Io .
ANDRÉ
Pessivel, acorda já .
PESSIVAL
Acorda tu a Brás Carrasco.
BRAS
Não cre io eu
,
não, em São
Vasco,
se me tu acolhes lá .
ÀNDRÉ
Levanta
-te d 'h i ,
Barba
Tr ist e .
BARBA
Tu que
hás ou
que
me
quere
s?
ANDRÉ
Qu e vamos ver os pr azer es,
que eu n
em tu
nunca vi
st e
.
BARBA
Po r Deus, va i
tu
se quiseres,
salvo
se
na
refestela
me dessem bem de
comer;
senão, deixa-me jazer,
que não hei de
bailar
n
ela;
va i
tu lá embora ter,
Acorda
o
Tibaldi
nho,
e ó
Calveiro
e outros tr ês,
e a
mim
cobre-me os pés ;
então
vai-t
e teu
caminho,
que
eu
he i de dormir mês,
ANJO
Pastôres,
ide
a
Belém
.
ANDRÉ
Tibaldinho , não te
digo
que no s chama
não
se i quem?
TIBALDINHO
Bem n' o ouço eu,
porém,
qu
e
tem
Deus
de
ve r
comigo?
ANDRÉ
Isso é parvoejar,
lev
anta
i-vos,
companheiros,
qu e por
val
es e
outeiros
não fa zem
nego chamar
por pastôres e vaqu
eiros,
ANJ O
P ar a a festa do Senhor
poucos pastôres es tais .
PAIO
Vós
bacelo
quereis pô r
ou
fazer
algum
lavor?
que tanta gente a junta is?
ANJO
Vós não sois oficiais
sin ão de guardardes gado.
JOÃO
ÇAL
,
Dizei ,
senhor,
sois
casado?
ou quando embora
casais?
ANDRÉ
Oh como és de
sentoado
ANJ O
Quis
er a
qu e
for
eis vós
vinte ou trinta pegureíros .
PAIO
Antes que vós deis t r ês vôos,
bem ajuntaremos nós
nest a serra cem vaqueiros .
ANJO
Ora , tr azei-os
aqui
,
e esperai naq ue la e
str
ad a ,
qu e logo a
Vir
gem sagrada
a J eru salém va i po r hi
ao templo end er eçada ,
(ON ANJOS tocam seus in st rumentos,
e as , DAMAS cantando e os PASTô ·
RES , dan
çando
, se vão) .
ESTOU CONVENCIDO DE QUE A
FERTILIDADE
DRAMÁTICA DE UM
PAfS PODE SER AVALIADA
PELA
VITALIDADE DE SEUS AMADORES
E QUE, SEM O ,MOVIMENTO AMA
DOR DE BASE, NÃO HÁ
ARTE
DRAMÁTICA.
MICHEL SAINT DENI
..
aF lâvlo )
Oh
Sr. Guimarãe
s
Ah
Ah
Ah
Re née
.
Peça par a
se r representa.da
po r grupos amadores inex-
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 29/41
Sra..
Guimarães
Ah
Ora
, eu não p
odia da r
os nossos
nome
s. Você
não
fal ou qu e o seu
pa i conh
ece
êsse ho tel
?
Imagina , reg i
strar Flávio da
Costa e Renée
Durand
Oh m on Dieu 'Qu e coisa
ho r
rí v
el voc
ê ter
falado
tanto
neste
h
otel
lá em casa .
Papai
a
beaucoup de m em o
ir
e . Éle de ve se lembrar do
n
ome
do hot
el .
Hotel dos Est rangei ros,
c'es
t
fa cile . E
vou lh
e diz
er
un
e cho se pior: eu
acho
qu
e eu vi m eu
pai
. J 'ai vu de lo
in
son
ch ap e
au gr i
s.
- Há mu ito chapéu
cin
za no
Rio
.
-
(n
ervosa) Ma s eu reconh eci o cha péu do
m
eu pa i
.
- A voz do sangue (i r on
izando
) . Tu dis
des
bê tises
.
-
(suavemen
te) Mon
ch é r i .
-
Não d ig a
Mon
ché
ri, di ga meu querido.
- M
eu
queri do . . . Eu gos taria d' êtr e . Nós f'ize.
mos mal em partir as
sim
nós dois .
-
Foi
pr
eci
so,
er a
o
único
mei
o de fazer o s
eu
pa i
con s
entir
no no sso ca
samento.
- Se o seu p
atrão
l
he ti v
es
se .
Com o
é qu
e
se di z
. a ssoci
er
? . .
- Associ
ar
.
- A -
sso
- ci - a r .
papai
teria . . . commen t
di t
es-vous? .
..
dei
xa r eu
me casar com você?
- Eu se i, ma s meu pa tr ão está
sempre
adiando
i
sto. d iz endo : No
s ve r
emos
daqui a
tr
ês m e
ses e
0
seu
pa i
continua também adiando
o
cas am en to a té qu e
eu
me
torne
s
ócio.
· Ora
Tive
que
da r
um
jeito.
-
Você
d
evia
deixar
agor
a
mesm
o o
seu
pa-
tr
ão
ou
dizer a. êle : Vau s ne v
ou l
ez pas me
associa
r, eu vou
embora
. Voilâ
- E' , mas eu não posso. Se eu tivesse
fa lad
o
as
sim
, eu estar ia na
ru a.
E d
ep
ois, eu ti nha
que v
ir
ao
Rio
p
or
con
ta
da fi rm a .
-
Mas
, assim ser á
obrigad
o a me deixar . por
ca
us a
dos negócios.
- Mas os negócios não vão me .prender t odo o
tem po. D
ep
ois é m
elhor
nos se p
ararmos
de
vez
em
quand
o, as
sim
você
não
se
can
s
ar
á de
mim.
Oh mon c
hé
r i J amais
Eu nunca me cansarei
de
voc ê
-
óti
mo
Não
está
mais a
qui quem
fa
lou
. Desde
que voc ê fi que
satisfeit
a
eu
também fico. Eu
vou
lh
e dei
xa r
p
or um
a meia
ho ra
. . . V
ou
t e
leg rafar ao m eu
patr
ão e d
epoi
s ir ei ve r um
clie n te na
ru
a 7 de Set
emb
ro.
Oh
D ej â
Você
va
i me deix
ar
sozinha E se
eu
pr
ecisar de qu
elqu
e c
hose
?
Mas
você fa la tão bem o po
rt u
guês.
(Entra
a ge ren
te )
Fl
ávio
Fl
ávio
Flá
vio
Renée
Ren ée
Fl
ávio
Renée
Flá
vi o
Re n'êe
Renée
Flávio
. Renée
\ Flávi
René e
F l
áv i
o
Renée
Fl ávio
po r
R
enêe
eu
de
F
lávio
R
enée
ASe
Fl ávio
Flávio Bou Renée Gerente
(ao boy )
Pr
ecisamos de dois quartos .
Vou
falar
com o
ge r
en te .
- Podia
me informar
se há um
correio
aqui
perto?
-
Há
sim ,
na
esqu
in
a.
O .senh or qu
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leve alguma
coisa
lá ?
- P ode de
ix a
r . P r efiro
ir
eu m e
sm
o . T
en h
o
pa ssar
um
t el egr
ama
par a Pa
ris
.
(
Sa
i o boy)
J e vou
dr
ais
un
e ch
ambr
e au soleil .
-
Oui
, ma ch
ér ie.
- J e su is
trê s fatigué
e .
- M
eu
bem, habi
tu
e-se a fa la r portu
gu
ês.
sim
nos
not
ar
ão . m
en
os . .
-
Oh
Eu
sei
tão
pouco po
rt uguê
s
- Nã o, você
sab
e muito bem .
- O qu e é qu e o senho r deseja?
ge
rente)
Dois
qu
a
rt
os, mas não
mui
t o lon -
ge
um
do outro. .
- Nos t emos o o
nze
e o doze no
seg
undo
and
ar .
- E' muito per to .
- Fi ca quiet a. (s ussu ra ndo)
- Qu
er
esc
reve
r se u nome, por favor .
(escre v
endo)
Sr
. e
Sra.
Guim
ar
ães.
Os
sr s
. p or f
avor
e
sp
er
em um
pouco qu e
eu
vou mandar
pr eparar
os
qu
artos .
peri
entes, col
égios
, patronatos,
etc
. ..
A
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se pa
ssa
num ho
tel do Rio de
Janei
ro
Fláv
io
Boy
Flávio
o
boy do hotel
Fl áv
io da Costa, jov
em
br
a
si l
e
ir
o emp
rega
do num
banco
francês
Renée,
jovem
f rancesa, sua
noiva
A ge
rent e
do h otel
Du rand
,
pa
i de R
en
ée
Um in vestigador de policia
Um
guarda
Pe rsonagens pela orde m de en t rada em cena ; \
Boy
CEN I
de Blanche T. Jacobino
Adaptação da Comédia em 1
ato
de TRISTAN
BERNARD
L Anglais el u on Le Parle
F lá vio
o INTÉRPRETE
Renée
Flávi
o
Renée
Fl ávio
R
en
ée
Fl ávi o
Gerente
Fl
áv
o
Ger ente
R
en
ée
Fl ávio
G
er
ente
Fl ávio
Gerente
0 J
Renée Eu só po sso falar o p
or
tu guê s com você . Mas
Gerente - E ' , como o
Sr.
não r espondeu nad a fiqu ei
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 30/41
(Um' cas
al
a
tr
av e
ssa a.
cena,
o inté
rp r
et e
os olha p
ass
a r ,
d ep ois su spi r a )
(En tr a a ger en te )
G
er
en te - Ah Escu ta , eu esque ci de per gunt
ar
um a co
isa
bas tante im por t
an
t e ; h á
muit
os in térp r et es que
arranham vári as lín
gu
as e qu e
nem
s
ab
em
dir eit o o po r tug uês . O Sr . sab e bem o
por-
tug uês? . '
N . 1. - P
er f
eitamen te
com os outros, eu t en ho m êdo, j ai peur de
par ler .
Fl ávio Em
todo o caso , (par a a ge
re
n te
),
há
um in
tér p r e
te
aq u i?
Ger ente - C
ert
am
en te , h á semp re um in té rpr et e . Ch e.
ga r á a qu a lque r mom en to Estará à sua d is
posição. Os quartos est ão
pr
ontos .
Flávi
o (à R
en
ée )
Vou lev á-la ao se u
qu
a
rt
o e ir ei em seguida
ao te légra fo . (sai pel a esquerda)
l :
ôv o In tér prete (ao boy) Olh a , se r á qu e apa
re
cem
m uitos es t range ir os aq
ui?
Boy Mais ou m enos . Depende da época . V
êm
ba s-
t
an t
e
fr
an ceses .
N.
I
Ah . . . Ser á
qu
e vêm mu itos ag
ora?
Boy
Não
mu it os
ne
sses dia s
N. I E você ac ha qu e a lguns po
derã
o
ch
egar, hoje?
Boy - Não sei. eu v
ou
lh e da r o bo n
et .
N. I
ln
- tér - p re - t e . . . P ux a Tomara qu e
não apareça nenhum f
ra n
cês por aqui. Não
se i uma p
atav
in a de
franc
ês , nem de
al e
mão ,
n em de inglês, ne m de j
apon
ês, de nenhum
dêsses di a letos . . . Ma s é uma coisa bem ne,
ce ssá r ia p
ar
a a
pr
ofissão . . . Ist o me f êz h esi
tar
um po uqu inh o ao ace
it a
r subst i tu ir o Silo
va, por um dia , Mas é um dia só Eu não na do
em dinheiro e faço o que
apare
ce. Tomara
qu e não apa r eça já um fra ncês , p ois nossa
con ve rsa se r ia
mui
t o pouco animada.
;
EN II I
(N . I . , Dur and , depois a gere n
te
e o b oy)
C' es t ici l' h ôte l des E tranger s?
Ou i, ou . . . (vira o casquette) ,
Bi en, je v
eu
x voi r la gér en te p
ou r
lui deman
der si e lle a r eçu un jeun e couple .
- (
re l
u
ta
ndo) Oui, oui. (desapa rece )
Q u 'e st ·c e qu'il a? J e vo udra is pa rl e r â l'i n te r-
prê te
(grita)
In ter p r e
te
. . . Lnterprêt
e
..
.
- O
qu
ê qu e ho uve? O
qu
ê es t á ac on tec
end
o?
- Oh Bonj ou r , m ad am e P ouvez-v
ou
s m e d ir e
si Monsi
eu
r da Cust a es t ici?
Isso
é
nom e de hósp ede? Não
sen
hor, n ós não
tem os nenhum da Costa , n ão .
N. L
N .1 .
Gerente
N
I
com mêdo qu e o Sr . n ão ,soubess e a nossa
língua.
A Sra. pod e fi ca r des can sada . Eu fa lo adrni
r àvelmente o po r tuguês .
Aliás, atualmen te não há m
ui t
os es t r angeiros
no hot el . (O t el efone toca ) Al ô - Es tão te-
lefonando de Paris, tele fone d e P a
ri
s, es
tã
o
falando
em f
ra
ncês . . . Atenda .
-
Al
ô . . .
P ronto os f
rance
ses N
ão
en tendo
nada Oui,
Oui
- O qu e é que ê les es t ão di zendo?
- Coisa s sem importân
cia
. . .
- Enf im, não estão te lefonando de P ar is pa r a
na d a .
- Ou i, oui . . . , sã o
un
s france ses . . . u n s fran.,
ce ses que qu
er
em r es erv ar qua
rt
os. E eu es
to u r es po
nd end
o oui ou i
Ge r
en
t e - 'Mas afina l , é p reciso p
ed
ir -lhe a lgumas infor -
ma ções . Quan tos qu a r t os qu e q uer em ?
- Quatro
- Para
quando
?
- P
ar
a t êrca
feira pr
óx im a .
- Em qu e andar ?
- No primeir o .
- Diga a êle qu e só temos dois
quart
os .no 1.0
anda r por enquan to ,
ma s
pod er emos dar-lhes
·dois b
ons
apa
r t
am entos n o segundo .
- Tenho qu e dizer isso, é?
- Cl
ar
o . . . apr esse -se . . .
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tt
e Bardot , oh la , la Oui, ou i, m on Di eu
Mon Dieu de la Fran ce P igal le, etc
Puxa
co
mo
es tã o me x in gan do Cheg a Assim 6
dem ai s (indo
para
o balcão) P '
ra
vocês ve
r em com o sa
be
r lí n
gu a
s
é
b
om
Se eu
pud es se, obr igada t odo
mun
do - pr incipal
m en
te
os in té rp
re
tes a aprender as
língu as viv as, em vez de fic a r mofando apre n
dendo la.t im . . . não fal o por m im qu e nunca
ap rendi n
ad
a .'. . Enfim , tom
ara qu e
tu do dê
certo . . ,
Ge
re
nte
N I
Ger
en
te
N L
Geren te
N. 1.
Ger
en
t e
N. 1.
Gerente
N. 1.
G
er
en te
N r
Ge r
en te
Durand
Du r and
N. r
Dur an d
G er e
nt
e
N L
Du ran d
EN
II
- Por que se r á
qu
e o in térpre
te
ain
da
não
ch e
gou?
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r.
Sil va? A
sr
a. não se lembra qu e ê le
não v ir á hoj e?
Ma
s pr omete u man
da
r
alg
uém
.
Olhe, es tá chegando .
(ao boy ) Diga a êle par a. vi r
aq
ui (ao
inté
r
pr ete ) E ' o sr.
qu
e vem subs ti tui r o int érp re
te? J á lhe di s seram as condi ções? O d ir eto r fa z
qu
est ão de te r
um
bom
in t
é
rp r
et
e . O sr .
nã
o
tem m ais na da a fazer do qu e f ica r aqui à
esper a dos est r an ge
iros
. O sr. en tend e?
Boy
Ger ent e
Ger en t e
um francês . . . Êle est á querendo a lguém da
polícia. . . Eu não sei o qu ê que quer .
- Madarne, s'i l vousplait (impaciente)
Avez
vous
recu ce matin un
jeune
homme
et
une
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 31/41
N I
N
N.
N r
Durand
N. r
Durand
Inves tig.
N I
Invest ig.
N.
I
Durand
In vestig .
Du
ra
nd
Inves t ig.
N. r
Muito
menos eu .
Durand
- Et al or s? Ou
es t
cet inspecteur de police?
Invest ig. - O
que
é
qu
e
acontece
u ? E '
êsse
o senhor
qu
e mandou-me chamar?
(para
Dur
and)
O
Sr . não podia te r se ab a lado at é o
distrito
?
Ger
en t
e -
Como
é qu e êle ia, se ê len ão sabe
uma
pa
lavra de português?
Invest ig. - E eu , nã o se i uma palavra de francê s . As
sim
,
va
mos
nos
entend
er
muito
b
em
..- (ao N .
r
q ue esta
va
esc
apulindo
) In t
érp
rete
- Pronto
- - Vê
se voc
ê consegue sa
be
r o que .é que êle
qu er ?
AhI
In térpr ete
Oui , oui .
Dites-lui qu e je suis Pierre Du ra nd , de Paris .
Di t
e
s-Iui
, . . J
'a i
cinq
fill
es et ma d
eu
xiêrne
fille, Renée, s' est en fu ie evec un jeune homme.
M . da Costa . Di tes -lui .
Investig. - O que foi qu e êle disse?
N. r B
em
, . . E' mu ito complicado . . . E ' uma hi s-
t
ória enorm
e . . .
Bem.
..
Êle é
franc
ês .
Mas isso eu sei .
Eu
também
Êle veio visit a r o Ri o como
todos os franceses.
Investig. .- - E é porisso que
êle
mandou chamar o
comis
.
- Não . . . es p e re . . . O Sr.
nem
dá tempo da
gente traduzir
Durand - Di t es- Iu i aus si que le
jeune
homme
es t
bré si
lien
, est employé dans
une banque à
P ar is
- Ju st
am
ente (ao investig
ad
or ) P or
que
um
fr
ancês recém-chegado ao Rio
ir
ia
procura r
um
com
i
ssário?
Por
um
r
oubo
de j
óias
. . .de car te i ra .
pront
o Êst e S
r.
ao desc
er
no
Ga leã o, foi empu rrado
po r
um su je ito qu e lh e
ro ubou a carteira . (O lnvest lgad or t om a no -
tas;
Durand
se
ap
ro
xima
, tir ando a carteira) .
En
tão êle
tinh
a
du
as
cart
e
ir
as ?
-
Ah
O· Sr . sabe como são
êsses
fr an ceses. . .
- Voici la photographie du
jeune
homme
- A foto
grafi
a do ladrão?
-
Ou
i , c' est lu i m êm e . . .
- São admiráveis
êsses
franc eses . . Um desco-
nhe cido esba r r a n êles na ru a e os r oubam . . .
e
êles
já têm a fot ografia do la dr ão? Com o
é
que
êle co
nse
guiu iss o?
- Eu
não
lh e disse qu e
o
h om em que o
rou
bo u
lh e é muito conhec
ido?
In ves ti g . - Nã o' di sse , não . ... Como é en tã o
au
e ele
sé
chama? -
- Êle j á me disse - O- nom e é . . . é . . . é . . .
Charles
A
zn avour
,
Investig. - Como é qu e se esc re ve i sso?
N. L - E
sc r
eve -se como se d iz . . . W, Z, V, Y,
etc
.
G
er
e
nt
e
N r
Inspetor
- (sua casque
tt e
ainda ao cont rá r io ) Nin guém
po r
aqui
E ainda não são nem dez e meia
Te nho qu e fi ca r aqui até meia-n oite . . .
Espero que ningu ém
apareç
a at é
lá
'.
- Ond e é qu e o
sen
ho r estava at é ago
ra
?
- Eu ?
- O
Sr
. m esmo
Eu
não lhe disse pa
ra nã
o sair
em hipótese al guma?
- Sim , m as eu ouvi um grito de soc orro, em
espanhol. . . m a.s f elizm
en t
e nã o er a daqui .
- O Sr . saiu com tanta pres sa
qu
e sua cas
qu ette está ao con tr ário .
E '?
O qu e que o sr. est á esperando pa ra colocá -la
di r
eito? Não saia mais daí
agora. .
. Est á aí
EN
jeune fille?
- Ih
Não
estou entendendo
nada
. . . In t ér pre,
te . . . Intérprete . . . Ma s
onde
é que êle se
met eu?
(vira
-se paar o boy) Voc ê nã o
viu
o
intérprete?
Êle
e
st a
va
aqui
agora mesmo
(p rocur
an
do
num dicionário manual)
P oli
ciá . . . ici (faz o sinal)
O
qu e
é
qu
e êle es
tá
di
zendo
?
Eu
acho que êle
quer
a polícia . (ge
sticu
lando
para
Durand)
E ' aqui perto
Comi
ss
ário
de
policiá,
ici . . . ic i . . . iei . . .
(ao boy)
- (ao boy) Corra
at é
o distrito e tr aga r ápido
um
investigador aqui.
par
a. r esolver a qu estão.
- Ma s, ni nguém na polícia sabe francês . . .
- Bem , em todo ca so n ós te mo s
um
in tér pre te .
- Maint
emmt
, '
madam
e, je v
eux
un e chambre
- Eu ach o qu e isso
quer
diz
er
quar to. . .
(apa
-
nh a
uma
ch
av
e)
Vou lhe
da r
une chambre
.
E
ntra um
grupo
.
EN
- Ah ' Você já
tem
que sair . . . Va i ·demorar
. muito?
- Só vou
at é
o correio, meu bem .
- Você ouviu êsse gri to? Eu tenho tanto
mêdo ...
parecia a voz de papa
- Que nada . . . Isso já v irou até obs essão De
manhã er a o chapéu; agora é a
voz
. Vamos
vamos
. .
.
Vou
te r qu e
sa ir . . .
Au
revoir
t
Au re v oir, Mon ch éri
(Êle sa i
à
di r
ei t
a e e
la à
esque rda)
(En t ra outro
grup
o)
F lávio
Fl
ávio
R
enée
Renée
Gerente
N r
Ren ée
N r
N r
G
erent
e
Ger ente
N
r
G
er
en t
e
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 32/41
Mr. Durand, o Intérprete, a Gerente
Mr.Durand -
Qu
est -ce
qu i
m a dit? (o intérp r
ete inclina
a
cab
eça,
sem
re
sponder)
.
Mr
.Dur
and -
Qu
est -ce qu il m a dit?
In térpre te - Oui, oui.
M
r.Durand
-
Qu
oi Oui,
oui?
G
erent
e - O qu ê é
qu e êle
diz ?
In té rp r
ete
-
Nada
, nada .
Gerente - P ar ece qu e êle es tá
furio
so 'P er gu nt e a êle o
.
que
há .
Intérprete -
Não, não
E
bom deixá
-lo tranqüilo . :Éle
já
pediu
qu e o
deix
áss
emos em paz .
:Éle
disse qu e
se a g
ente
come
ça r
a
f al ar mui to
com
êle , va i
embora
d uma
vez
.
Gerente - E' um louco
Int érp r ete -
Ou
um mártir
Nã
o, 'eu é que
sou
o
mártir
Mr.Dur
an d -
Mauvai
s,
mauvais
interprete (êl e procura no
seu
dicionário).
.
Gerente
-
O qu
ê é
que êle está dizendo?
Mr.Durand
-
Mau
. . . mau · .
G
erente
- Ah :Éle está di
zendo:
Mau intérprete.
Intérpret
e -
Eum.
Mau
mau
.
A
senhora não
sab e
o qu e is to qu er diz er
em fran
cês.
Mr.Durand - Mad a
me,
[e ri
' ai
jamais vu un pa rei h ote l et
jamais un pa rei l in terprête. P en se
z-vous
qu e
je
suis' ve
nu
de
Pari
s p
ou r qu on
se m
oqu
e
de
moi?
C'es t
la
d
erni êre
fois qu e je pr
end
s
un e chambre dans
cet
Hotel.
(êle
sa i) .
Gerente - :Éle est á
furioso
Int
érpr
ete -
Qual
n
ada
:Éle está
encant
ado.. . (
êle imita
a saída de Mr. Dur and) E' um j
eito franc
ês.
Geren te .•
Eu
vou sai r um minuto. F az favor de fi ca r
aqui
e não sai r
ma i
s.
I nt
érpr
ete - (Enxuga ndo o r o
sto
e sen t
an
do -se c
om um
ar
ca ns a do) Ah Uma ca sinha no .campo, bem
long
e do Rio
Aqu
i tem est
ra
nge
i
ros demai
s .
Lá vi
ve
r ei
cm paz..
. Os
caipira
s
falan
,do a
seu m odo e eu
não ser ei obr igado
a en t
end
er
nem a responder .
Ínvestig,
N.1.
Invest ig.
N.1.
In ve
st i
g.
Renée
(
tornand
o
nota) E
c
omo
é
qu e
'você pro
nuncia
?
- Distei
- Enfim , já tenho bastante -informações; v ou
come
ça r as
inv
e
stigaç
ões ag ora m e
smo
.
Est á certo .
Bom,
o hom em es tá muito cansa
do e acho que
va i
desc
an
sa r
um pouco .
Bem
,
vou com
e
ça r
a
trabalhar.
EN VI
EN VI I
Renée, In térprete
Intérprete
in t
érprete
Ren ée
In térpret e
R
en
ée
In
té
rp ret e
Renée
In térprete
Ren ée
In t
é
rp r
et e
Intérprete
Renée
' I nt ér pr et e
Renée
Intérprete
Renée
Inté
rprete
Ren
ée
In térpret e
Flávio
In térprete
Fl
ávi
o
In térprete
P ronto . . . (
êie
faz sinal a Ren ée que êle
nã
o pod e falar)
Mal.
ga.rganta
voz
ac
abou
. . .
O Sr . n ão pod e falar .
A S ra . .
fala
português
Então
por
que
não di sse logo?
O Sr . já está p
odend
o fa la r?
Ai
nd
a não,
ma
s, es t
ou melhorando . .
.
hu
m,
hum
J á e
stou
bom , n ão
fa l
e
mo
s mai s ni sso.
Est-ce qu e
vau s savez
si la
po
ste
e
st
lain
d 'ici?
- Ah Se a Sra.
sabe
um pouco de por
tuguês, po r qu e está falando francês? o
ún ico meio .de
se des embaraçar é
falar
o
id i
oma
.
Ah Eu sei tã o p
ouco
. . . '
Ju s tam
ente
. De
agora
em di
an
t e, se
a Sr a . fa
la
r
comigo em
francês,
não
r esp onderei . .
Oh
Mai s je parle le portugais a vec tant
de di
fficult
é
. .
.
Eu não estou entendendo
nada , nem
quero entender . .
Est á
bem
,
vou lhe..
.
(v
endo
à chapéu
cin
za . de Durand ) Oh .
Qu ê
que
foi ?
O Sr . sabe de
quem
é
aquêle
chapéu
cin za ?
Foi
um
francês
qu
deixou aqui,
há
pouco
.
Oh
(Ela
examina o
fôrro
do
chapéu)
Le chapeau de
mon
p êrel (ao intérprete,
muit
o
rápido)
' Oh
Mon
am i
e
st
parti,
m 'a
la issé toute
seul
e, il
n e st pa
s
en
ca
re reve
nu J e
vais
à
ma
chambr e ,
Sim
, es tá bem
Eu vou à ma chambre .
Est á. . . b
em..
. é isso .
va i
logo
log
o
. .
, r ápido (Re
né
e sai )
Pelo
m
enos
com el a a
gent
e
pode falar
Não
é
como
aq u êle francês Se rá
que
êle
s
não
podem
ap r
end
er a no ssa lín
gua
?
Um típic
o
exempl
o do or
gulho
francês
EN VIII
(ch e
gando
) In térprete
Nã
o Não
Agora acabou Ch
ega
Renun.,
cio às minhas
pret
en sões Há fr
anc
eses
d
emai
s aqui
Que
negóci o é
ês t
e? Eu vou me
quei
-
xa r à . . , .
(in terrompendo-o) Ah O Senhor fala
português
Faz
'um
bem
esc u tar a
língua
pátria Ah -J á
que
f ina lmente encontro
.
·
um compat riot a eu vo u pedir-lhe um fa-
Int
érp
r e te Não, es t
arei
em
bo
ns
termos
com êsse
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 33/41
Intérprete Investigador, Policial, Flávio, oy
(Entram o investigad
or
e
um
p
olicia
l t r
azendo
Fl ávio
seg
uro
pelo
s br aços)
In vestigador
- P eguei o
ladrão
Ach
ei
justam
ent
e
quan
.
.do eu
estava
passando pel o
hotel
-
êl e
ia
sain
do
corr
endo e
reconheci
pela fo
tografia . Ora (ao in t érp r et e que n ão se
mexe) Vá
chamar
a
quêle francês;
nós
vam
os mostrar-lhe o qu e é a polícia br a
síleira Tr
az o
francês
. . . e
volta qu e
nós
precis
am
os mu it o de você .
In t
érpret
e O Sr . · faz m
ui t
o bem em
me
avis
ar.
( à .p lat éia ) Não conheço o hot el e ap ro
ve'ito p 'r á fic ar po r a i
Fl
ávio
I
nt
érp r
et
e
Flávio
In térpre
te
Fl
ávio
In t
érpr
et e
F
lávio
Int érp ret e
Fl
ávio
I
nt
érp r
et
e
Fl ávio
I nt é rp ret e
Fl
ávio
Int
érpr
et e
F
láv
io
Inté
rpr
et
e
Fl ávio
I
nt
érpr
et e
Durand
Intérprete
Durand
I
nt
é
rp ret e
Durand
vo r , um
gr a
nde
favor:
im a
gin
e
que
eu
n ão se i bem o
fran
cês
poi
s r
ealm
ente
só
fa lo .inglês, italiano ,
turc
o, ru sso, ja
va
nês, etc.
O senhor
sab
e
in
glês? What
time
is
it?
Não nos a
presse
mos. Eu vinha
diz
endo
qu
e
Resp o
nd
a
à minha
p
ergunta: What
time
is
it
?
O S
enhor
quer ' um a resposta imediata?
P eço
-lh
e qu e
me
d
eixe
re fle ti r .
O
Sr . preci
sa
refletir
para
me dizer
que
h
or a
s
são?
São
onze e
meia
. E
scute.
. . O
sr
.
va i
m e fazer
um
fa vo r .
E
necess
ário falar
a
um
f
ra n
cês qu e está
aqui
. Éle
fala um
fran
cês
qu
e eu n ão
en tend
o . Não
se
i o
que êle que r .
Ond e é
qu e
e
st
á
êsse
f
ranc
ês ?
V
am
os procu rá- lo. Ah o sr . é b
em
gen
t
em me
pr
e
st ar
êsse
favor
.
Sou-lhe
muitíssimo agradecido
Deixa de c
onv
ersa .
Vamo
s lá .
Dev e es ta r no escr i
tó r
io . Espere
Olhe
o
meu boné . O s
r. vai
pa ssa r po r
in
tér
prete
. .
(êle
se ap ro
xima
de
um
a
porta à
esq uer da ) Sr . Oh Sr . . .
Diga
-lh
e, Mo
ns i
eur
Como é?
Mon
sieur
.
Monsíeurt
Eu
qu eria dize r
-lh
e
q ue aqui
há
um
bom int érprete .
Bon int
erprete
Bon
in t
e
rp r
et
e .
Mon
sieur
,
bon
in ter
prete
Isso me
sm
o
(cheg
and
o-se à por ta e ch
amand
o) Mon
sie
ur
Monsi
eur
Bon
in t
erprete
Vam
os
assistira . um bate-p
apo
legal em francês
EN ·
(F
láv
io,
Intérprete, Durand
)
Un bon in terpre te Enfin (ê le entra .
Logo qu e
Fl
á
vi
o o
enx
erga,
sai
prec
ip i
tad
am
ente p
ela
di r
eita
) Oh C
est va u
s
I'in
terp
r ête? Eh bi en J e ve ux mon
(a dm ira do) ' Chi
Fugiu também
. ,
Qu est -ce
qu il
y a ? Ou est -il , I Interpr ête?
Não, m eu velho . Agora
nã
o sou eu,
ago
r a é êl
e . . .
(mui to
amável)
Até
log
o,
at é
logo , mon
sieur
.
Mais ils sont
tous
fous (ao in térpr
et
e)
E
sp
êce d
id
i
ot
de cr
ét
in (sa i
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pela
e
squ
erd
a)
Oh
,
la
la
Quelle
maison
Fl
áv i
o
Inv
est
igador
Fl
ávio
Inv e
st igador
Renée.
MI'.
Durand
Flávi
o
R
enée
In vesti
gador
Du rand
in
divíduo
(ouve-se
um ba rulho do lado
da
r
ua)
Qu e é isso? Es tã o se mat a
ndo
aí
fora
. .Estão
fala
ndo por
tu
guês, não t
enho
nada a ve r com isso .
N
X
EN
X I
Ma s
afina
l, o
que qu
er
dizer
isto Vo
cês me prendem
Não
se de têm as peso
soas
desta
maneira
Vocês .
..
Oh Oh Nada de pr otesto E ' o
Sr
. qu e
se
chama
WKMK? Oh Não finge que
não
ent endo. . . O
Sr
. se ex plicará
na
delegacia
(ao
boy
q
ue
aca
ba
de e
nt rar)
.
Vá
chamar
aquê
le fr ancês
de hoj e de
manhã, aqu êle alto com
um ch
ap
éu
ci
nza.
.
Com
um
chapéu
cinza?
Ah Ist o
lh
e
inte
ressa (ao policial ) Se
gu
ra
bem
Oh m on chéri mon ché r i l
Segu r a esta
mulher
Nós
já
tem
os dois
dêles
Oh
mon
chér
i
O qu ê q
ue
há ?
Você
tin
ha
r azão est
ama
nhã . O ch ap éu
c
in
za
es t
á a
í.
Nad a de código
Calem
-se
Eu
re co
rd ar
ei
dest a h istória de chapéu c
inza
(ao poli
cia l) Você 'viu o mo
vimento
dêl es q
ua
n
do se falou de ch ap éu cinz a? Ist o é uma
qu ad ri l
ha das
ma
is p erigosas
(en trando, Renée
cobre
a
face
com as
mão
s ) Oh Renée
ma
pettie
Ren
ée
C'est toi to í,
ma
fille As tu pensé
i
l 'anxiété
et au
désesp oir de t a pa
uvre
mam an (o Investig
ador qu er
o in te
rro
rn-
\
(chegando) Como é qu e é? o qu e é queIntérprete
per
) La issez moi As-t u
pen
se à.. .
O
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 34/41
;
foi ?
Acon tece cada uma aqui O senhor se
l
embra daqu
el e francês qu e
se qu eixou
de ter sido r
oubado
? Eu me abale i para
achar o ladrão, trouxe o ga jo aqui. . . e .
êsse
su je it o aí lhe dá a mão da filha . . .
De ag
or a
em diante, tudo
qu e
se
falar
.
dos fr ancese s não vai me esp an tar mai s
( ê
le sa
i
d
epoi
s
de te r feit
o si
na l
ao po
licial para
se
gu i
-Io) .
(o l
hando para Fl ávio e Ren ée) Como é
qu e é, tu do lega l com vocês?
Tu do ótimo
Tá
ve
ndo , só por m inh a c ausa tu do te r
m inou bem
Ué, mas
com
o?
A explicação se r ia um pouco lon ga, mas
se o
Sr.
fôsse meu c
hapa
o' Sr m e
ar
ranjav a um empr êgo ,
Como intérprete?
Es sa não , j á deixei isso para lá, ag
ora
M
eu
s
ogro va i lh e
arranjar
um
em
pr ê
go.
(estendendo a mão ao In térpret e) Vous
êtes
l
eu r ami,
vous
êt
es mon am i
puisque.
P ois não (a Fl ávio) Eu qu
eria
di ze r-lhe
al guma coisa amável, ma s eu não com
preendo
nada
dO qu e êle di z.
.Je ne com
pre
nds pas (e
ns
in
an
do) .
(cumpr i
ment
ando
Durand
) J ê n é cu m-
pr
a
nde pá .
,
Mas afinal, o que quer ' di zer isto? Vo
'c ês me prendem? Não me pr e
nd
em
\
Inv
est
igado-
Fl ávio
In térpret e
Fláv
io
Intérprete
Pa i
In térprete
Flávio
Mr. Durand
Flávio
In
t
érpretE
1 j :
i
In t
érprete
Fl
ávio
d
it
à
ce t h
om
me q
ue
por tefeuille?
J e n 'ai jamais di t
un
e
Durand
.
Durand
Durand
Durand
r .
Mr .
Mr . Durand
R
ené
e
Fl
ávio
In vest ígador
F lá v io
Ren ée
Inv est igador
Fl ávio
F láv io
Geren te
Investig
ador
Geren te
Fl ávio
Mr. Dur
a
nd
Fl
ávio
I
nv est igador
Gerente
In
vestig
ad
or
qu
er
interromp
ê-lo
nova
m en t e ) L aissez-moi, vo us di s-je
O Sr . sabe que
está
p
er d
en do o se u
te
m
po .
Mon am i,
j a
i ci
nq
f illes; ma
d
eux
i êrne
fille
.
I nvestig
ad
or . - Est á bem,
está be
m Ês te é o hom em
que
roubo
u su a
carte
i
ra?
Ou
i
Como?
Vous
avez
j avais vo lé
votr
e
Mon porte-feu
ille?
c
hose
pa r e
il l
e
Est á ve ndo? Êle disse qu e nu nca di sse
isso
O Sr . sabe
que
eu não com p
re e
ndo fran
cês; pod e f az ê-lo conta r o
qu
e lh e con-
v
ém .
Va
mos
Ao
xa
dr ez, o homem e
a
mul
h er.
Savez-vous
qu
'il ve ut
mettre
vo t
re
f
ille
en prison?
En pri
son? Ma fi.
lle?
En
p
rison?
(t
oma
su a f ilha
nos se us b
raços).
.
(c h
egan do) O que é que est á ac on tecen
do aí?
Eh
Vocês já estão m e e
nc
he ndo um bo
cado Vai todo m
un
do em c
an a.
Ma s eu sou la f ille
Quer me
d izer o
qu e
é que es tá acon
te cendo aí ? (toca o tel efon e)
Estão chama ndo de P ari s . . . Sr . Fl áv io
da Costa .
E ' pa ra
mim.
Ma s o Sr . n ão se chama Gu im arães?
Guimarães e depois Brsc
hw i
lb . Ah Ist o
n ão est á m e che ir ando b
em
.
- _M e deixa atender. (êle vai ao ap arelh o,
ac
om
panhado de um po licia l
Alô,
Al ô .. .
E ' o meu pat r ão de Pari s Oui , oui . P a
r ece que
êle
já, .rentou t elefonar
um
a
ve z e
que
ligaram para. um h ospício
Oh Merci, merci beau c
oup (p ara Du-
ra
nd ) Êle m e aceitou '
par
a sócio .
(ao pa i) Oh Pa pá, Fl ávio va être
as socié.
Vrai
m
en
t ?
Oh
J e suis t r ês h
eu r
eu
se
Deix e o seu pai ou vir Écout ez vo us
m êm e . .
a
o
in sp e t or , in do ao
telefone)
Ah Cela
va t
ou t
.arranger (ao telefone)
Allo
, allo ...
Durand à l'app
ar
eil. Parlez pl us hau t,
je n 'e
nt
en ds pas Ah C'est bí
en
bien . . . merci m er ci beaucoup . Ad ieu .
.(a Fl ávi.o) Mon
ami,
je V0\1.5 dorm
e
ma
filI e
Mr
.
Ren ée
In térp re t e
Mr
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 35/41
.o
ano de 1962 foi marcado, no Ri.o de
Ja
ne
ir
o, p
elo
espe
ta c
ular sucesso
qu
e vem obtendo a cé
le b
re co
mé
dia
mu si
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FAIR LADY
, e
qu
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esentada
em
tr
adução de H
enrique
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Produzid
o por O
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steín
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eatro
Carlos
Gom
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sa iad o em tempo recor d p
elo
dí retor
ameri cano Gre
gor y K ayne, d e ac
ôr
do com a d ireção ori.
gi nal
de Moss
H
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t para a pr od
uç
ão da Broadway, com cen ár ios de
Oli
ver Sm i
th e figurinos de C
ecil
Be
at
on , o espe
tá c
ulo r e
sultou
naq
ui l
o que Bárb ar a Heliodor a , crítico tea tr a l do Jor nal
do
r s l
pôd e cham
ar
de : O
tr
i un fo da disciplina .
Com
Bib í F
er
r ei
ra
, P au lo Autran , J aim e Costa, Sérgio Viotti,
Su zan a Negr i e Hél io P
aiva
int
erpr
e tando i.mpecàve
lme
n
te
os papé is principai s, c
orpo
de bai le, côro e orq u e
stra fun
ciona ndo à p
er
feição, as
sim
como tô
da s
as comp licadas
m uda n ças de cen á
ri
os, MY FAIR L
ADY
é uma r ealiza
çã o apur
aa
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qu
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eu
ra
sg
ad
os elog ios de tô
da
a
im
prensa especializada e vem h á muitos
me
se s re cebendo
do
públ i
co
carioca
verdadeira
con
sa
gração
,
In felizmente;
o
ano de
1962 foi também m
arcado pelo
de saparecimento de duas companhias cariocas : a CTCA
(Companhia TONIA-CELI-AUTRAN) e o TEATRO DA
PRAÇA , se ndo q
ue
a última
pr
oduçã o da CTCA , , TIRO E
QUEDA
, de
Mar
cel A
chard
, di
rigid
a p
or
An t
onio
do
Cabo
e que n os apresen tou I on ia, Ca r re ro num de sempenho ex
cepcional, fêz um enorme suc
esso
de .bilheteria.
O
TEATRO NACIONAL
DE COMÉDIA encenou
com
suce
sso O
PAGADOR DE PROMESSA
de
Dia
s Gomes;
com
dire
ção de
Jo s
é R
enato
, c
en
ár i
os e
figurin
os de
An í
si o
M
edeiros
e
com Lu i
z Lí
nhares
e B
eatriz Veiga
nos papéis
principais, Depois de en cerrada a t
empor
ad a da peça
no
Rio
de
Janeiro,
o
TNC
partiu em exc u rs ão ao Uruguai e
ao sul do pa ís .
. Também de Di as
Gome
s e c
om
ce nários e figurinos
de A
ní
sio M
ed eiro
s é a
pe ç
a
qu
e o TE;ATRO
DO RIO
es
t r eou
no mê s
de o
ut
ubro, A I
NVASÃO
, em di reção de
Ivan de
Albuq
u
er
qu e e com
um
ele
nco
de
quarenta pes
soas
qu e inclui J ar del Filho, Rubens Corr êa, Isabel Tereza,
Jur
em a Magalhães, L éa Garcia , Atila l
ór
io e outros .
O TEATRO
DOS
SETE encenou O
HOMEM
, A
BESTA
E A
VIRTUDE
de P
ír an d
ello
,
com
dir
e
ção
e ce
nár io de Gianni R
at
to e
figu
ri nos de Bel á Pa es Lem e,
sendo os
princip
ai s in
té r
p re
te s
Fernanda M
on t
ene
gr
o, It al o
Rossi, Cl
au d
io Co
rr ê
a e Ca st ro e Sérgio Brí tt o -. A se guir,
a co
mpa
nhia remontou duran t e a lgumas semanas O BEI
JO
NO ARFALTO , de Nel
son
Rodrigues e pa rtiu depois
em
exc
u rs ão ao
Su l
do paí s onde se ex ibiu
du r
ant e do is
meses em Pô
rt
o Al
eg r
e
com exce
pc ional
sucess
o ,
an
o
t r
ou xe também de vo lt a ao Ri o de J aneiro
CACILPA BECKER e su a c
ompanhia
que , depois d e apre -
ovim nto
sen tarem durante
um a
semana, no Tea tro Municipal, A
VISI
TA
DA VELHA
SENHO
RA , de F . Dürr en m
att
,
t ransfe
ri
r
am-se
para o Teat ro Copacabana onde
já
erice-
na ram EM MOEDA CORRENTE DO PAÍS , . d e Abílio
P er eira de Almeida e OSCAR , de Cla ud e Magn íer . A
pr
óxim
a
pr
odu
ção
do
TCB
s
erá A
TERCEIRA PESSOA
de
Andrew
Ro senthal
para
cujo -pap el pri
ncipal
a
comp
a
nhia .promoveu
um
concu
rso
saindo venc
edor
Érico Freitas.
AUR IMAR ROCHA
dirigiu e in te
rp r
etou ,
para
a
c
ompanhia qu
e tem seu no
me ,
RATOS E
HOMENS
, de
J o S teinbeck (P rêmio Nobel de Li ter
atura
de 1962 ) , re
cebe
ndo ex cel en t e acolhida da cr ítica e do público. O es
petáculo con
ta
c
om cená
r ios e fig
uri
n os de Nap oleão Moniz
Freire,
En fim , o
TEATRO
JOVEM nos deu uma mon tag em
cuidada da peça de
Franci
sco
Pere ir a
da
Si lva, CHAPEU
DE SEBO
, di
rigida po r
Kl
éb e
r
Santo
s, com c
enári
os e fi
gurino
s
de Ani
sio
M
edeiros
e
um numero
so
elenco
de
jovens
at
ôres.
EÍn SÃO PAULO , o TEATRO BRASILEIRO DE CO
MftDIA apr esen tou , em direção de An tu nes F ilho,
YER
MA , de Garcia Lor ca , com
CLEYDE
Y
ACONIS
no pap el
p rincipal e, em
seg
uida, A REVOLUÇÃO
DOS BEATOS
,
de Di as Gomes, diri
gida
por Flávio Rangel.
O.
'TEATRO
OFICINA co
ntra
to u a a triz
Ma
r ia F e
rnan
da
para
a
presentar
UMA
RU
A
CHAMAD
A P
ECADO
, de
Tenessee W
illi
a ms e, depois, Madame MOR INEAU a quem
coube
o pa pe l p ri n
cip
al da peça r ODO ANJO É
TERRÍ
VEL
d e Ket ty
Frin
gs .
M
ARIA DELI
A
COSTA
volt
ou
ao seu t e
at
ro , d epois
d e
um
a. t
em porad
a no Rio de J an
ei r
o c
om A
RMADILHA
PARA UM
HOMEM
SÓ , peça p
ol i
cial de Rob er t Thomas
e apresentou ao
públi
co paulist a
O
MARIDO VAI A
CAÇA , de F eydeau . (
Com
in
t e i ro
êx
it o de
orític a
e púb li co, o T
EA
TRO DE
ARENA enceno u A
MANDRAGORA
, de Maquiavel, com
d ír eção
de Au gu
sto
Boa l e Gianfranc esco Cuarnier i num
dos
papéi
s de ma i
or dest
a
qu
e .
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 36/41
e i
t
r o
L FEST
IVAL
PAULISTA
DE TEATRO
DE ESTUDANTES
Realizou -s e
em Campina
s, de 27
a
31
de
ju n
ho de
,1962, o Fes tiva l
Pa
ulista de Tea t ro de Estudantes, com
a pa
rticipa
ção de 12 equip es teat
ra i
s de São P
aulo,
Cam
pinas e de outras cid ades do in ter
io r
do Estado . O F estival
t ev e in tei ro êx i to e o Júri , inte
gr
ad o por
Fr
anc isco
Ribeiro
(di re tor do Tea
tr
o Na
cional
, de Li sbo a) , Barbara Heliodora.
Moyses Lér ner re p resen tante da C
omi
ssã o Estadual do
Te
at
r o ) , Pa t
rícia
Ga Ivã o e S
álvi
o de
Oliv
ei ra
r
ep r
esen
ta ndo P aschoal C
ar
los Magno) , de
cidiu
conced er os se
gu in
tes
pr
êmi
os :
- Pr
êmio
J osé Salvador
Juli
an elli - Melhor espe tá
culo -
à
p eça
Aqu êle qu
e diz sim , aq
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le
qu
e di z
não
.
de Ber t
ol t
Brecht,
leva
da à cen a pelo Grupo de Teatro
Horácio
L
ane,
da Univ
er
sidade
M
acken
sie , de São
Pa
u
lo .
- P r
êmio
Jo sé Sal
vador
Julian
elli
- Me lhor espetácu lo
à. peça · Aquêls qu e diz sim , aq uê le q
ue diz
não , de
Be
rtolt
Br
echt
, lev ada
à
ce na pe lo G
rupo de
Teatro Ho
r ácio Lane, da Uni ver sidade Mack
en
sie , de São
Pa u
lo
- Prêmio Paschoal Car los Magno, com inscrição au
tomática no V Fe
st iva l Nacio
na l de Tea tro de Est
udantes,
a. se r ealiza r em 1963 na Bahia, ao s segu in tes grupos:
Gru
po de Teatro Horácio Lane; Grupo
Exp
erimental
de Tea tr o
da
Facu ldad e
de Filo
s
ofia da Unive
r
sidade
de .
São.P
aulo, com a peça O B
AL
ANÇO e c) Teatr o Univer
s ítá r ío
do Esta do de
São
P aulo, com A QUADRATURA
DO
CÍR
CULO . .
Foram di st r ibuídas t
rê s b ôlsas
de e
studo
na Escola
d e A
rt
e
Drarn át
íca de São P au lo p
ar a
o m
elhordiretor,
An
tonio
pen teado , de O
BALANÇO ;
melho r a tol , P aulo
Rob
e
rto
lVIelegni, de AS RÉDEAS e
me l
ho r at r iz, -Din a
Sfat. de A qu êlo
qu
e di z sim , aq u êle qu e diz não , que
ainda r eceber am medal has especiais , assim como: J airo de
Ol iveir
a ,. de O B
ALANÇO .
m
elhor coadjuv an t
e
mas
culino : Regina A1chefsk i, de A s
RÉDEAS
, m elhor coad
juvante
f
em i
n
ina;
Geraldo Mayer
Jur
g
en sen,
de Campinas,
melh or c
enógr
afo.
com
a peça O SR . LEôNIDAS EN.
96
FRENXA
A
REAÇAO
e Paulo Lara, m elhor figurin ist a
com AS RÉDEAS .
Não
fo i at r ib u íd o prêm io ao m
elhor
aut or .
X I F
ESTIVAL DE ARTE DE
BELO HORIZO
N
TE
No XI Festiva l
de
Arte de Belo Hori
zont
e,
re a
li
zad
o
êste ano, os alunos do Conserva
tório
Nacional de Tea t r o,
do S
ervi
ço
Na
cional do I eat ro , ganha
ram
na da menos de
tr ês prêmios pelo espe tác u lo com o qual se
ap
r es
entaram
- A PRIMA-DONA , de J osé Mar ia Mon tei ro . Os prê
mi os fo
ram
os seguin te s : Melh
or
Conjunto, Mel h
or
Repre
sentação e Melh or Atriz, o qu al co
ube
a Isa b
ela
C
amp
os .
NOTíCIAS DE O TABLADO •
O TABLADO completou. em
1961,
dez anos de
ex
is
tênc ia, encenando M R O ~ U I N H S FRU-FRU, de
Maria
Clara, Machado, dire çâo da au tora , cenário de Anna Lety ,
cia,
figurino
s de Ka
lma
Murtiriho e
mú sica
de Ca
rlo
s Lvra
e O MALENTENDIDO, de Alber t Camus,
dir
e ção de Yan
Mi
cha
l
sk i
, cen ár ios e figurinos de Napoleão Mon iz
Frei re.
Abrindo
a t
empor
ad a de 1962, Maria Clar a
Machad
o
di r
igiu
sua. ad apt ação da h istór ia A GATA BORRALHEIRA,
com
c
ená
r io de Bel á Pa es Lem e, f igu rin os de Kalm Mur
tinho e música de Carlos Lyra , tendo o espetáculo ag ra
dad
o ig
ua
lm
en
te às platé ia s in fa n
ti l
e adu lt a .
No mê s de se tembro, foi es tr eado O MÉDICO A FôR
ÇA. de Mo
lier
e,
com
dir
e ção
de :
Maria
Clara
Machad
o,
c
enário
s e fi
gurino
s de
An
na L
et
y
cia Em
nosso
próxim
o
número, public
ar
emos not as r e
fe r
en te s à p rodução dêste
espetáculo) . Qu
eremo
s sa
li e
ntar que
tom
aram parte n essa
produção de O· TABLADO dois de seus mais a
ntigo
s ele
mentos , que
es tav
am trabalh
ando
pro f
s
sionalmente há
al
gu n
s anos : Napoleão Moniz Freire, qu e se de
sincumbi.u
brilhantem
en te do
pap
el
títul
o e Ca
rm en
Sylvia
Mu r
gel,
qu e tev e a seu cargo o
difí
cil pa pel da cr iada J acqueline .
O TABLADO pr oj
et a
es trear em 1963
com BARRA
BÁS,
de Michel de
Gheld
er ode ,
..
;
p et á
culo
shake
sp
earian
o
n a B iblio teca do
Con
g r
esso
, e
a lém dos dois espetá culos p
ar
a d
ip l
om at as , au toridades,
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 37/41
AINDA OS MALES DA BROADWAY
Con clusão
do
art igo publicado no n.
O
anterior
UM
ME
RI
N
O I
NTR
NQ
üLO
B árbam Heliodom
Con tin u
am
os ho
je
a
tr a
n
scre
v
er
e co
menta
r a co
nf e
r
ênci
a s ôbre o teat ro americano em 1961, qu e fo i r eali zada
por Ar nol d Moss n a Em baixada Am
er
icana. Moss con t i
nu av a
a fa la r s ôb re o problem a de f r eq
üê
ncia; e con
sid
er a
qu e o asp ect o ma is gr a
ve d êsse pr
obl em a de p r eços altís
simo é o desap ar ecimen to do estud an te, do jovem em ge
ra l, dos tea tr os , que
no
rma lm
en t
e deveriam ser po r
êles
-f'r eq üentados . J u lga r q ue os jo
ven
s
não
estão in t
er
essados
em t ea t ro de
alta
categoria é um
en
gano total, pois tod o
ano , na p rimavera, Moss e seu gru po ap resen tam um es-
OS
JORN IS
congr ess istas,
etc
Moss fêz questão de apresent a r um
t er ce iro a
pe
nas para es tudan
tes
: os quinhentos lu gares do
tea tr o são di spu tados v iolentam
en t
e,
ha v
endo sido adotado
o s is tema de se aceitar os can didatos com as m
el h
or es mé
dia s na escola , (Dizemos pós ; aqui : Notem bem O teatro
é p r
êmi
o.) Agor a já du as cid
ad
es vizi nhas a Washington
pedir
am
que o espetácu lo seja fe it o na s sed es de seus
p r incipais
col égios
logo
ap
ós os es
petá
culos
na cap
i
ta
l, p
ar a
q
ue
seus a lunos po s
sam
vê-los .
A solu çã o, acha Moss, é a
apr
esen tação de pel o menos
um espetá culo po r mês a pre ços
muito b a
rat os para es tu ..
dant
es , em cada' t eatro qu e e
steja apres
entando um espe
tácu lo de
ca t
egoria, e declara qu e as sim far á sempre qu e
uma p
rodu
ção c
he
gue à
Broadway.
d )
Out
r o a sp ec to do t
eatr
o american o
qu
e indica es
ta r êle em declínio é o fa to de qu e men os pe ça s es tã o
sendo
escr
itas . O que é ligado ao fato notado acima, de
qu e os p rodut
or
es novos não arriscam
a p
roduç
ão
de te x tos
de au tores in te ir ament e de
sconhecid
os . As peça s qu e são
escr it as, o
qu
e é
ainda
pior,
t
endem
a já .procura r
de
si
o qu e se consider a o standard da
Broadway
, isto é, não são
pe ça s qu e o autor
escr
eve
para
que
sejam
boas, mas s im
peças
escritas para fazer suc
e
sso,
E' claro que existem
exceções a ess a r egra, mas o fato é inegável ,
e
Há menos , teatros abertos n a B ro adway, isto é,
hoje em di a só há 28 t e
atro
s pro fissionais na Br oadway,
17 d êsses pertenc
em
a
Mr ,
Schubert ,
qu
e só aluga tea
tros
ao tip o de espetáculo
qu
e êle considera interessante e
com
po ssibilidade de vencer . E o gôsto de . Schub
ert
nem
s
empre
é exatamente aquilo qu e se poderia
dizer ar tís tico,
ou n em , ao menos de leve relacionado a
qualquer
coisa qu e
t
en h
a a
ve r
com
arte
. O a
luguel
d e
um teatro
é de
cinc
o
mi l
dólares p
or
mês de
gara
ntia
mí
nima , e 25% da. b ilhe
te
r ia
(no caso dos musicais pa rece qu e é um pouco ma is alto) ,
E de q
ualqu
er modo o te
at
ro é or ganizado, ou desor g
an
i
zado, de t
al
m
aneir
a, na
Broadway,
qu e, ninguém p
erc
eb e
com
o é
qu
e su
bs
is
t e qua lquer tip
o .de at iv id ad e tea tr
al .
O
of
f-B1 Oadway es tá ' fi cando tão
r uim, t ão
di fícil, financeira
mente falando, quanto ã Broadway lembramos aos le
it o
re s o apa recime n t o de of f off roadway, ist o é, d o teatr o
fei
to em cafés e r e
staurant
es, em bu
sca
de um lu g
ar ond
e
os sin dicatos n ão destruam os esfor ços de
qu
em
qu er
fa
zer a lgo de m
elho
r , Não há nada qu e fa.cil ite a ex ist ên
ci a
do tea t r o ,
Adianta
Mr . Moss que, for a da Br oadway , de
se
tece
nt
as
pr
odu
ções ap
resentadas
at é
hoj e, a
penas
6
m e
ia
dú zia ) r ecupe ra ram in tegr a lm ent e o d in heiro empatado na
p roduç ão , O próprio
conf
erencista di z que compr ee nde que
n inguém a cr edite ni sso, porque ê
le s
também nã o acredi
t am , embor a sa ibam
qu
e é
verd
ad
e, Ningu
ém compree nde
co
mo
é que ai n da al guém se . Iernb r a de ga star dinh eir o
pa ra faze r t ea t r o i . Um peq uen o ex em p lo do s ga stos de
de uma companh ia p rofi ssi ona l
é
o de p
ub
lici
da
de nos
jornais : pa
ra
uma
companhia
da
Br
oadway o melhor
anúncio p ossível
pa ra
teatro, is to é, uma
pol
egada em uma
coluna
, no N
ew York Times
ou no N .Y.
Herald
I r ibune , ção qu e co
ntr ibui
de algum
mo
do para o
que
se chama
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 38/41
cust a 1 .200 d
ólar
es p
or
semana .
e) Como
re s
u
lt a
do dessa
lim
itação de , a ti v
ida
des de
vido a custos, etc,
há
m
eno
s gente empre ga da no te atro,
e re petidame nt e q uando se
procu r
a
um
técnico, um espe.
ciali sta, em Nova Iorque, para realiza r determin ado tr a
balh
o, descob re -se que êle já se mudou pa ra a Cal ifórnia,
onde
est á
tra balhando
em cinem
a ou t el
ev i
são .
f)
Há
uma
ênf
ase
demasiad
am
en te
forte
no papel do
dir
etor
no t
eatro. Na
Broadway e
principalment
e no s te-
tros qu e per ten cem a MI .
Schu
b
er t
, t odo o probl
ema
de
um
espe tá c ulo se r
esum
e no
nom
e do
di retor
, e é possí
vel
ap resentar
qualquer
espécie de peça, por p io r ,
qu
e sej a se
o
diretor fór Elia
Kazan , J oshu a Logan,
Tyrone
Guthrie
ou Moss
Hart
. Êsses são os
semideu
ses da Broadw ay, ape-
sa l de não
sere
m os únicos
diretor
es
capa
zes do teatro
am er icano . Moss , pe ss
oalmente, ac redita que
não há
nada
de lou vá vel na hi st ória de se dizer que o esp etáculo tinha
a marca do
di r
etor, porque no
teatro
o
di retor
não deve
fa z
er
mai s do que servir - da
melhor
man
eira
po ssível,
é cl
ar
o, e da mai s
in t
eligente
- o t
ex t
o,
qu
e
continua
a
se r
a base de
todo
o
teatro
no m
undo
. O
diretor
passou
a
se r
a ve
deta
do es
petác
ulo, e ist o é um dese
quil
í
br i
o
tã
o
grande
quanto o da super valorização da est rê la, ou do ce
ná r
io, ou de
qualquer
o
utro membro componente
de
um
esp
etáculo
.
Não
ex iste
mai s aq
ue
la velha
noção
de fide l
ida
de
de
um
público ao
teatro
. O que não é de e
spanta
r, pois
quem é
que pode
te r
amor
e ded ica çã o a
uma ativida
de
pa
ra
a
qual
se tem de comprar
bilhetes
c
om seis
ou oit o
meses
de an tecedência? A conq u
ista
de um bil he te é
mui-
tas vêzes mais emocionant e do qu e o pr
ópri
o espe táculo .
E o antigo mal , do vedetismo ti nha
algu
ns aspectos positi-
vos
,
tais
como
o de
trazer
o
público
ao
teatro para
ve r
produções
nas qua is
suas est rêlas favor
itas trabalhavam
.
Hoj e em
dia
o teatro ,
americano
pràticamente não tem
mai
s e
st
rêla s.
MI . Moss
exp li ca que
faz
uma
d
istinção entre
o que
é ge ralme nte ch
amado
de est rêla e a v
erdadeira
est rêla,
que é a que apenas com
seu
próp rio nome é
capa
z de ,
trazer
todo
um púb
lico ao t
ea
t
ro .
Exist i rão talv ez qua tro estrê
la s no teatro
am ericano
,
mas
só citou
du
as ; e am
bas tra-
balham em comé dia
mu
sicada:
Mary
Martin , qu tu l
mente trabalha em grande bobagem
sentimentalóid
e que
se
chama
h
e Sound
of
U ic
e
que
,
po r
ela só enche o
teatro
t
ôda
s as
noite
s
(ao
le
itor:
trata
-se ,de
um
mu
sica
l
s ôb
re
a
família Trapp)
. A
outra
é
Eth
el M
erman,
a r es,
peito de qu em MI . Moss di z: Eu ir ia ao teatro para
vê-la nem
que
ela só fósse ler a lista te lefónica . ..Rea l
m
ente
é
preci
so
convir qu
e a p
ersona
l
idade
de
Eth
el Mer
man no pa lco é
alguma
coisa de m
uito
di ferente de suas
pou cas e mel
anc
ólicas
atuaçõ
es
cin
ematográficas . Os in
glêses,
adiant
a MI . Moss, t
êm muit
o
ma ior
se
ntido
de fide
lidad
e a
seu
s at ôre s, têm essa
capa
c
idade
de aceitar in tei
ramente uma
at r iz feia ou ve
lha
demais
para de t
erminado
papel ,
desde
q
ue ela
se
ja
r ea
lm
ente u
ma
in té r
prete exce
p
cional, desde qu e se tenha a oportunidade de v er uma a tua-
de arte
dram
ática . E , por outro
lad
o, a Br
oadway
acostu
mou o público médio
am
e ri
can
o a se satisfazer com
uma
qualidade
in f
erior de _espe táculo, entre o
utra
s coisas
por-
que o cu
sto
de
produ
ção é a lto demais para que se po ssa
en sa iar um espetáculo sat isfatoria
me
n te, e porque se qu er
fazer
o espe táculô pa re
cid
o com tod os os outros espe táculos
da Broadway, pa ra q ue o público vá. Na da de exp
er i
ências
ou o
riginalidad
es .
A essa
al tur a
, uma pessoa na
platé
ia pediu ao confe
re
ncista
qu
e f
ala
sse a
respeito
do
e
th
od
do
Actor
s
Studio
e Moss
re spondeu que
é neces
sário
a
tod
o atol
um
método de
trabal
ho, i
sto
é, n
inguém
pode ser um atol
profi
ssional sem ado ta l determ inadas normas para a exe.,
cução de seu tr
aba
lh o, para a c
riaçã
o do pe r
sonagem
, etc .
O et
ho d
é bom sob êsse aspecto, ma s ap enas para
um
tipo esp ecial de peça, de a utor e de época, pois deix a o
at ol in teiram
ente
sem preparo pa ra uma sér ie de aspectos
de ar te int
erpr
etativa que são in dispensáveis para qual
qu er espetá cu lo fora do realismo mod
erno
qu e êles faz
em
.
O
ethod
é
um
a
distorçã
o do
mé
todo
de S
ta n
i
slaw
ski , e
o
método
de Stan islawski con tinua sendo
mel
ho r e mais
completo do que a versão Str asb
er
g do mesmo . O próprio
Elia Kazan
co
nf
e
ss a que
os at ôres do Ac
tor s
S
tud
io
são
deficientes em técnica e, de modo geral, incapazes de faz er
teatro
clás
sico ou poético ou de qu alquer na tu reza que
não
essa
que tem
caracteriz
ado a maioria
das
produções
qu
e têm in tegrado . Moss concor
da
in tegralme
nt
e,
porta
n
to, com o p
onto
de v
ista
de Robert Lewis
em
eth
od
or
adnes
s
e os dois foram colegas, es
tudan
do
Stani
slawski
com Eva Le Galli
enn
e .
g) Volta
nd
o ao ass unto inicial , Moss diz
qu
e hoj e
em dia os
críticos
de
Nova
Iorque que,
po r
um
la do têm
p
oder
demais nas mãos, pois uma crítica contrária no s
maiores jorna
is f
echa imediatam
e
nt
e um
espetáculo
, e po r
outro
la do os críticos
qu
e têm
ap a
recido u
lt
imamente não
conhecem
re a
lmen
te
interpretação,
e por t
an
to
são
men os
út eis,
men
os
lúcid
os e
nã
o pod
em auxiliar
a
qu
em fa z tea
tr o em
sua ta r
efa
de e
ncontrar
o
caminho cer
to . P or
exe
m
plo, Moss ci
ta um crítico que
disse que
em
det erminado
espe tá culo
Eric Portma
n tinha ti do um a at
uação
mem or á.,
vel ,
muit
o embora não se pudesse entender a
maior
part e
de suas pa lavras . Ora, como
pode
se r
memo
rá vel o t r a
balho
de um atol que, numa a rte de com
unica
ção, não
se faz
entender pe
la
plat
éia?
Isso
indi
ca o
qu
e aco ntece
em muitas críticas
em
N .Y . , que
contêm
ju
lgamen
to s in ad
mi ssíveis. P or out ro
la d
o, se o crítico é rea l
men
te
comp
e
ten te , como foi J on Ma son Brown, então o atol , o di r et or,
o autor, todos t
êm
alguma coisa a lu cr ar com a
publi
cação
das crí tica
g) As gran des emoções não ex istem ma is n o teatro;
não há
ma
is
gr
a ndes peças,
não há ma i
s
grand
es
atua ções,
não há mais grande s estilos in ter pretativos, não há ma is
grandes momento
s de [ôgo entre dois
at
ôre s: o real ismo,
o
métod
o, as
eomêd
íazin
has comerc
iais, o
suc
esso do melo
drama , tudo
isto
está destr u indo a originalidade, a va ri e
dad e, a amplitude o t ea tr o t em e sem as quais não atuais exigências são gro tescas : Victor Borg e, que apa
rece
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 39/41
pod e subsistir .
Vend o que o tempo se
esgotara,
Arnold Moss r esoL
veu f
aze
r
um apanh
ad o rápido a r esp eito do
qu
e existe
de positivo no teatro am
ericano
a tua l, porque acha qu e
al
guma
co
isa
dá es
pe
ranças de m elhora:
tud
o de bom. de
excitan te. de desafiador, de r e almen t e vá lido está sendo
feito for a de Nova Io
rqu
e, ou pe lo menos for a da. Broad
way, onde volta e meia aparece um espe
tác
u lo qu e r eal
me
nt
e l
embra
a
todo
s o
qu
e o
tea
tr
o
dev
e s
er
. Mas em
São
Franci sco, em
Dalla
s , em Washington, em
cidad
es qu e
até
há b
em
pouco ' tempo nem sabiam o qu e
er
a te
at
ro,
e
stão
sendo fe ita s tenta
tivas
ousadas, es
tá-se
montando o
teatro clássico' de t
ôda
s as épo ca s e de t
ôda
s as nações,
e tamb ém au tores novos qu e sabem qu e o teatro tem de
se r um espelho e
uma
iluminação
para
a vida.
Êsses gr
up
os
trabalh
am em bases muito dif
erent
es' das
da Broadway. Muitos d êles têm subsídios de funda ções
pa rt iculares
como
a
Ford
ou a Guggenheim, e agora o go
vê rno começa a considerar a poss
ibil
idade de se subven
cionar as at ividades
artí
sticas . O E
stad
o de Nova I
orqu
e
é o
líd
er
no as
sunto,
po is
já
dotou
v
erba
s
para
e
spetáculos
do
City
Ballet, da N .1.
Phillarm
onic Orchestra e do
Phoenix Theatre, um tea tro for a da Broadway que t em
realizado
um
t rabalho de
grande
mérito . Há t ambém, os
Comun ty Ttieatres grupos
que
centralizam as ativídades
artí
sticas de pequenas localidades, assim como
há
todo
o
trabalho
dos te atros universitários , que mui ta s v êzes têm
teatros com
facilidades
técnicas de dei xa r qua lque r p ro .
fis
sional
com água na bôca , .
Nesses maravilhosos tea tros que estão aparecendo nos
pontos ma is r ecônditos do pa ís, os desenhos da 'casa. de
espetáculos são quase sempre de concepção inteiramente
moderna - não se
usa
mais o
arco
do pr osc ênio, traz-se
o e
spet
áculo
à
platé
ia e a
platéia
ao e
spetáculo
.
Faz
em-se
ex peri ências com novos métodos de m ontagem, novos tipos
de dr arn
aturgia
e de in t
erpreta
ção . Estão
procurand
o. en-
fim, fa zer um t e
atro
' r ealmente
vivo.
.
Nessa a
ltura perguntamo
s nó s: êsse movimento é su
fici entemente 'f or t e pa ra qu e aos
pouc
os a Broad
way
possa
sofrer-lhe a influência? A influência só poderá ch
egar
,a té
a Broadway possa sofrer
-lh
e a influência? A influ
ência
só
poderá chegar
at
é a Broadway quando a Br
oad
way t omar
al
guma
s providências, indispensáveis,
para tornar
a
se r
centro de teatro vivo, ' tais como: cortar os custos de
produção, cor ta r os cu
sto
s móvei s de operação,
plan
ej
ar
cad
a espe
tá
culo cuidado
sament
e
para pod
er
ap roveitar
o
cap it al sem jogar dinh
eiro
fora , pois hoj e
tu d
o na
Broadw ay se faz na bas e da maior con fu são, o qu e sa i
c
ar i
ssimo .
Além
di sso,
cortar
os preços das entradas , or
ga nizar um n ôvo sistema de venda de
bilh
etes
pa ra
qu e
Dão seja necess
ária
essa espe ra de meses a fi o.
fo rmar
no
vas p
la t
éias, mod
er n
izar os te
at r
os , e acabar com os 15
'de impostos qu e o teatro paga, porque ningu
ém
cons eguiu
fazer o impô st o desap
ar e
cer depois do seu aparecim ento
com a última g
ue r
ra. E' pr eciso modificar os entendirrien
t os com os sindicatos dos vários
tr
abalhadores, porque as '
no pal co sozinho, com seu piano, no final da noite fazia
comparece r à cena , para os aplausos, os 17 té cnicos de bas
t idores
qu
e er a obrigado a con t
rata
r -
pa r
a faz
er nada
- só po
rq
ue seu espetáculo era considerado musicado
Po
r ou tro lado. o sind icat o dos
m úsicos
de Ch
icag
o consi
derou qu e
A T
mp
estade
de Shak espe ar e, er
m mu sical,
po
rq
ue a mú si ca compo
sta
para o espetácu lo du
rava
23
minutos, e não os 22 aceit os como
limit
e m áximo par a
um a
peça não
-mu
sic
al .
Isso impli cou na
contratação
de
11 mú sicos qu e nada fa ziam . E as histórias nesse sentido
não infindáveis .
Qu ando
Br
o
adwa
y c
ompr
e
end
er tudo i
st
o, e
stará
em
condições de aceitar o bom te
atro qu
e se está fa z
end
o longe
d
ela
nos E
st
ados Unidos, e é melhor
qu
e c
ompr
eenda logo,
pois no te
atro
americano de 1961, o
qu
e está em de cad ência
é a Bro
adw
ay .
Como podem
ve r
os senh or es leitores, Arno ld Moss
não ev it a encarar a
real
idade do assunto que escol
he
u .
E
de lam en tar qu e sua confe rê nc ia não tenh a sido divulgada
e que tenha sido r ealizada diante de um público tão
d
iminuto
.
Tran
scrito
do
JORNAL
DO
BRASIL
- 19-8-61).
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 40/41
Na coleção Corpo e Alma dá
Brasil
.
da
Editôra
Difusão Eu rop éia do Li
vro . vem de se r lan ç
ado
o livro de Sa
bato Ma
gald
í que leva o
título
acima.
O acontecimento é hi stórico: pel a pri
meira ve z. em 1962. um livro que pro
cura encontrar um a pe rspectiva crí
ti ca para o
teatro
brasil
eiro
, desde
suas origens.
é
escrito p
or
um cr itico
teatral
militant
e no Rio,
Sabato
Ma
galdi
foi
critico
do Diár io Carioca, em
São
Paulo.
atua no Estado de São
Paulo . Segundo nota do autor, o li-
. vro fOi en comendado Pelo Ministr o
Laura Escorel . pa ra divul gação no ex
terior em outras lín guas. O qu e não
mud a o fa to de que a qu i o te mo s. em
português, par a consumo in te
rn
o.
No mom
en t
o de r e
ali
z
ar essa
t
ar e
-
Ia , com qu e h á mui to son
hava, Sabato
Magaldí
tinha . é cla r o. que
ado
ta l um
ponto-de-vista qu e desse un idade à
m
at
ér i
a a se r com
en t
a da , e o escolhi
do é excele nte, a pr o
cur
a de
todos
os
t ênu es fi os que a os pou cos chegaram
e há muit o pou co t e
mpo
a
forma
r
a m
eada
que se pode chamar de tea
tro
br asil eiro .
O
progress ivo
alij arn en
to de eleme
nt
os a lie nige nas, a h esi
tante . mas inexorável busca de con
teúdo forma ligados à na cíonali-
dade , a
constatação
inconsciente e
me smo
inde
sejada de que
para
um
ainda eve ntual) grande
públicobr
a
sileiro só um teatro au t
ênticament
e
br asilei ro poderá s
er
vir , tudo isto Sa
ba to
aga l dí procura
esclarecer. per
mi tind o qu e exe mplos que . tomados
isolad
am
en te, poderiam parecer se-m
maior
significação,
adquiram
sua
p
er
spectiva e
xata ao
se r em colocados
ao l
ado
de
ta n
tos
outro
s de
apar
ência
enganosamente fr ágil. .
Panorama do
Tea tr o B ra
sileiro
tem
uma gra nd e
virtude
. a de não pr eten
der
esgota
r o a ssunto em
suas
menos
dé 300 pág inas . e
outr
a , não ·menor .
de não pret
end
er modifi
ca r
a
fac
e do
uni
ver so: tô da a pequena liter atura
existente a re sp
eit
o de dr am a e do
t eatro no Br a sil fo i compulsa da e
ap roveitada no que ti nha de aprovei
tá vel, a ê
nfase
sendo colocada ma is
no que de bom do qu e no de
mau
ne
la ex ist ia . E, sem dúvida . se nte -se
um a , sér ia te nt ati va de maior objet i
vid ad e possível, sendo que part icular-
m
en t
e nos capítulos sôbr e os
prim
ór
dio s de nos
sa
hi
stória
dramática . o
repúdio de t ôda e qu
alqu
er
ad j eti
va
cão inútil faz com que uma quanti
dad e in acredit ável de informação e
VROS
P NOR O
avaliação sej a concentrada em um es
paço qu e pareceria não
poder
nunca
conter t anto mater ia l. .
Sendo um critico, naturalmen te Sa
bato Ma galdi expres
sa
opin iões críti
cas a r espeito das obras incluidas nes
sa ten ta t iva de estruturação da evo
lução da
dramatur
gía e. portanto, não
ser ia pos sível que ,
aqui
e a li , não se
discordasse de alguma s de suas co n
clusões .
Tod avia, é
desnec
es s
ário acr
esceu
tal que quaisquer restrigões qu e
MO
possa faz
er
a Panorama do Teatro Hr a
s ile ir o não lh e tiram o m éri to.
P i
M o
va lor do
trab
alho, em seu todo. Mil '
ra
far
tam
en te suas passiveis
fnl ll l l
ocasionais. Além de útil e digno do
mai or es
apl
au sos em si. o livr o li •
' /I
ba to Ma galdi, par a re alizar lntc l r u
ment e sua missão. dever ia pr ovoca r
a pa recimento, num futuro pr
óximo .
dI
novos es tudos
crítico
s a r csp elt »
d l
l
te a
tro brasil eiro. Tem os a i111Jl11 II
de qu e, para o próprio Sabato
Mil
nl
di, se r i a: ma is a
grad
ável c
iH
0
0
so to
rn
ar -se um desa fi o do
clássico apenas.
Do
Jornal
do B
ra
sil, de 7/ 11
J
7/18/2019 020 - Cadenos de Teatro
http://slidepdf.com/reader/full/020-cadenos-de-teatro 41/41
Publica ções
à
di sposição dos leitores na s
ecretaria.
de
O
TABLADO
.
CADE
RNOS
DE TE
ATRO
-
exe
mplar av u lso: 70,00;
As
sinatur
a (6
núm er
os) 400,00
Pedidos par a O T
ABLADO
,
à Av. Lin
eu de P
aula
Ma
ch
ad o,
79ó -
Ri o de J
an
ei
ro
, Est
ado
da
Guan
ab ar a .
VROS
ARTIMANHAS DE SCAPINO
de
Moli êre, em excelente
tradu
ção de
Carlos Drummond
de Ad
rade
, publicada pelo
Ser
viç
o de Do
cumentação
do
Mini
st
ér i
o da Educação .
o
TEATRO DE UGO BETTI
-
Conferência proferida
pelo
prof. Fernando
Capecchi. no Curs o de
A rt e D ra m
áticà
da
Faculdade
de
Filosofia da Universidade
do
R
G. do
Sul
e
publ icada por
e
st a
entidade.
MÉTODO OU LOUCURA
de
Robert
Lewis.
tradu
ção de
Ba rbara Heliod
or
a, publicado pel a
Edit
ôr a Let ras e A rtes ,
e
ngl
oba ndo u
ma
sé r
ie de con
ferê
n cias do d
ir
etor a
mer
i
c
an
o, nas
qu
ai s
an
ali sa o m
étod
o de
St ani
sla
v
sky
.
A HARPA DE ERVA
de
Truman
Capote, em tradução
de Fa u
sto
Cunha,
Editôra
Agir.
Analisa n
do o liv ro ,
escrev
e
Walmir
Ayala
:
.
T RU
MAN
CAPOTE
não é f
ormalm
en te
um
autor de
t eatro .
Um
a
experiênci
a com teat ro m
usica
do
re sul t
ou em
fraca
sso no
decor
re r de s
ua
esp
lên
di da
carreir a
de fi ccio
n is
ta
. I r
at
a-se de
H ouse of f low rs
qu e se m
an t
eve p ouco
t em po em ca r
taz
. P
or
out
ro lado ,
sen
te -se, em
su a
ficção,
aquêle teor
poét
ico qu e a r
ma
os
gr a
ndes co
nf l
ito s t eatrais,
e i
st
o r es
salta
nesta
ada p ta çâorie h rpa
de
rva
em
qu
e
tudo
conduz ao g
ra
nde mo
vim
en t
o cênico, e onde o
diál
ogo
se
adap ta
ao t
empo
de poe sia q,ue
ins
tr
um e
nta. a
a ção
teatral ,
A ca
sa
do bode, de
J .
Carlos Li
sbo
a .
da E di tô ra Agir:
Auto
da
Compad
ecida,
de
A ri ano S ua
s
suna . .
.
Boda
s de
sangue
e
D . Ro
sita
, a so lte i ra, de F .
Garci
a
Dorca
. .
.
Di ário de An
ne
Fr
ank
, de Goodrich e Hacke tt . . .
Diálogo da s Carmelitas, de G . B
ernano
s .
A ha
rp a
de e
rva,
de T
ruman
Cap ot e .
A lo
nga jo r
nada noit e a d
en
tro, de O N
eill
.
O living r oom , de
Graham
Gr eerie .
Natal na pr
aca
, de H
enri Ghéon
.
P ad
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