8
Quarta-feira, 6 de julho de 2011 e Região Interior Social Nossa Senhora das Graças é celebrada página 8 Tradição Artesanato se transforma em cultura italiana página 7 História Segredo de longevidade de Ernesto Possamai página 3 Educação Escolas multisseriadas no interior página 6 Santa Tereza

06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal Semanário - Edição 2735 - 06/07/2011 - Bento Gonçalves

Citation preview

Page 1: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

Quarta-feira, 6 de julho de 2011

e RegiãoInterior

Social

Nossa Senhora das Graças é celebrada

página 8

Tradição

Artesanato se transforma em cultura italiana

página 7

História

Segredo de longevidade de Ernesto Possamai

página 3

Educação

Escolas multisseriadas no interior

página 6

Patrimônio sem novidadesMais de sete meses após o município ser tombado como patrimônio histórico, Santa Tereza encontra-se com poucas mudanças em sua estrutura física e nas paisagens naturais. Entraves políticos, como por exemplo, troca de admnistração federal, são alguns

dos motivos que justificam a demora para a aquisição de verbas ou reparos nos casarões centenários. Moradores questionam os benefícios que o título deu à cidade, mas aumento do fluxo de turistas já empolga população.

páginas 4 e 5

Santa Tereza

Page 2: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

Patrimônio parado

Um município que foi tombado como patrimônio histórico do Brasil merece todo respeito e reconhecimento de sua população. Os casarões de Santa Tereza receberam o título em novembro do ano passado e, desde lá, surgiu a expectativa de que verbas federais seriam recebidas para melhorias e manutenção da localidade, junto aos casarões e paisagens naturais. Até agora, a única novidade da cidade são os moradores questionando o que o título trouxe realmente de bom - o que, na verdade, já acontecia em novembro.

Apesar de não possuir centro de informações turísticas, pousadas que possam acolher ônibus de visitantes ou até mesmo secretaria de Turismo, o município é destaque no setor. Uma pequena visita pela cidade e a herança cultural deixada pelos imigrantes remetem à época em que o município era responsável por fornecer 75% da receita orçamentária do Rio Grande do Sul, em meados de 1900.

Pode haver, sim, a falta de investidores públicos ou particulares, mas a situação é a mesma: nada mudou desde novembro de 2010. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela nomeação da cidade como patrimônio, afirma que diversos empecilhos estão pesando para que as obras iniciem - entraves políticos, como por exemplo, a troca de governos, fazem parte do repertório de justificativas. A esperança é de que até o final do ano, as obras iniciem e o título seja válido - e responda as perguntas da população de Santa Tereza.

Editorial

2 Quarta-feira, 6 de julho de 2011 Interior e Região

Você percebeu mudanças após o tombamento de Santa Tereza?A voz do interior

Ricardo Caumo, 41 anosArtesão

Santa Tereza

Guilherme Ceriotti, 77 anosAposentado

Santa Tereza

FOTOS RAQUEL FRONZA

Não vi diferença

nenhuma. Mas a gente

espera que as

mudanças venham.

Nenhuma mudança,

só aumento de visitantes

em épocas de feira em

Bento.

Apesar de sentir orgulho

de morar aqui, ainda não vimos

diferença na cidade.

Edição: Raquel Fronza [email protected]ão: Maiara [email protected] de Capa: Raquel Fronza

Caderno

Este caderno faz parte da edição 2735 de quarta-feira, 6 de julho de 2011, do Jornal Semanário

Interior e RegiãoSEDE

Wolsir A. Antonini, 451Bairro Fenavinho

Bento Gonçalves, RS54. 3455.4500

Supervisão: Rogério Costa Arantes

Direção: Henrique Alfredo [email protected]

Irina Caumo, 63 anosGuia TurísticaSanta Tereza

CURTASFeira da ACI inicia amanhã

De 7 de a 31 de julho, Carlos Barbosa apresenta um pouco do que tem de melhor. Além da gastronomia típica e diversão do Festiqueijo, realizado no Salão Paroquial, a Rua Coberta fica tomada por produtos, shows, artesanato e muito mais durante a 15ª Edição da Feira de Compras da Associação do Comércio, Indústria e Serviços (ACI). Neste ano, o evento reúne 31 expositores do município, com preços atrativos e muita receptividade e aconchego para ajudar a esquentar a estação mais fria do ano na Serra Gaúcha.Estarão expondo empresas de confecções e vestuário em geral, gastronomia, turismo, artesanato, serviços de informática, utensílios para a casa, artigos esportivos e joias. Tudo comercializado com preços especiais, em um ambiente que deve aliar compras e programação cultural. No estande da ACI, que promove o evento, serão realizados shows durante todos os dias de funcionamento da feira, com artistas locais e regionais.

Horários de funcionamento

Quartas e quintas-feiras, das 14h às 19hSextas-feiras, das 14h às 21hSábados, das 10h às 22hDomingos, das 10h às 19hQuinta-feira, dia da abertura, das 18h30min às 19h30min

Page 3: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

Histórias do Interior 3Quarta-feira, 6 de julho de 2011Interior e Região

São Valentin

Com 90 anos, o agricultor Ernesto Possamai ensina como leva uma vida saudável, feliz e repleta de atividades em sua rotina

Receita de longevidade e de felicidade

Ele ainda pratica as mes-mas atividades que iniciou

aos nove anos na agricultura. A enxada é sua companhei-ra em diversos momentos do dia, quando trabalha na roça como forma de diversão. Er-nesto Possamai completou 90 anos no mês de junho e afirma que sua rotina é semelhante a de quando era jovem: ele ain-da faz o que gosta. “Homem e mulher tem que trabalhar, aju-dar quem está próximo e ser feliz”, ensina.

A família de Possamai este-ve presente em Bento Gonçal-ves desde o início da coloniza-ção italiana no município. Seu pai foi fundador de uma das primeiras cooperativas da ci-dade, o já extino Moinho Lui-za, que era localizado onde hoje fica a Igreja Cristo Rei. Ele percorria a pé a distân-

cia de onde ainda reside, em São Valentin, até o bairro Ci-dade Alta, onde a cooperati-va foi construída. Na época, as correspondências chegavam a demorar mais de um mês pa-ra chegar, pois eram enviadas a cavalo.

Possamai não frequentou a escola por muito tempo. Estu-dou por três anos, mas afirma que a educação dada na época era muito superior a de atual-mente. “A professora era mais rígida do que meu pai”, com-para. O aposentado ainda res-salta que sabe ler e escrever com perfeição. “Meus pais me cobravam muito. Minha maté-ria preferida era português”.

“Eu nunca imaginei chegar a essa idade com saúde, tão bem assim”. Ele superou a fe-bre tifoide e também a uma picada de cobra venenosa, quandoprecisou levar 63 in-jeções para sobreviver. “Tem

que ter fé para superar todos esses desafios. Santo Antô-nio é meu padroeiro e me aju-dou nesses momentos”, conta Possamai.

Alimentação

Ele troca o café pelo vinho e não se arrepende. A sua va-riedade preferida é a rosé, e o ensinamento sobre a bebida veio de seu avô. “Ele tomava três garrafas de vinho por dia. Eu consumo uns três copos por dia e não vivo sem”, con-ta. Na alimentação, ele afirma não ser seletivo: come o que tem vontade e a hora em que deseja. “Como os alimentos que colocam à mesa”.

Amor

Possamai é solteiro e afirma só ter tido um amor durante sua vida. Dorvalina era sua

namorada quando jovem, e ele enche os olhos de lágrimas ao lembrar-se da história que os dois construíram. O jovem casal descobriu que Dorva-

lina estava doente, com uma infecção no sangue, e mesmo com a ajuda de Possamai, que procurou os melhores médi-cos do estado, ela não sobre-viveu. “Os homens, hoje em dia, trocam mais de mulher do que de roupa”.

Ela foi o único amor da vi-da do agricultor. “Quando vo-cê constrói uma casa e de-pois precisa destruí-la, isso não te deixaria triste? Foi as-sim que me senti”. Mas o apo-sentado afirma que os amigos proporcionaram os melhores momentos de sua vida e com isso, se considera uma pes-soa feliz. “Quando temos Deus acima de tudo e respeitamos os dez mandamentos, esta-mos no caminho certo. Tam-bém recomendo que se reze o Pai Nosso todos os dias” en-cerra Possamai.

[email protected]

Raquel Fronza

Possamai afirma que consome vi-nho pelo menos três vezes ao dia

RAQUEL FRONZA

Page 4: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

4 Quarta-feira, 6 de julho de 2011 Interior e Região

Santa Tereza

Patrimônio histórico sem avançosMais de sete meses após a cidade ser tombada, nenhum projeto ou verba federal foram recebidos ou implantados

Raquel Fronza

A notícia movimentou os quase 1,8 mil moradores

do município de Santa Tereza no mês de novembro do ano passado. O tombamento da ci-dade como patrimônio históri-co consagrou os prédios cente-nários e as paisagens naturais do município, transformando--as de propriedades da cidade do interior para propriedades de todos os brasileiros. Porém, a promessa de que o título tra-ria benefícios na aquisição de projetos e verbas federais ainda não foi concretizada, mantendo a cidade nas mesmas condições encontradas no ano passado.

Santa Tereza se localiza a 35km de Bento Gonçalves e re-cebeu o título do Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-co Nacional (Iphan), o que as-segurou a preservação de 26 prédios centenários. Além da garantia de que as belezas na-turais do município devem ser mantidas intactas, verbas públi-cas para implementos turísticos e melhorias na infraestrutura da cidade eram aguardados. Porém, de acordo com o pre-feito, Diogo Siqueira, todos os investimentos que a cidade re-cebeu desde 2010 foram re-alizados pela prefeitura, com dinheiro municipal. “Nos pró-ximos meses estaremos termi-nando o calçamento de todas as ruas, mas tudo com verba muni-cipal. Todas as verbas que bus-camos com o governo estadual ou federal, que se somadas ul-trapassam R$1 milhão, foram captadas de ministérios ou se-cretarias sem relação alguma ao Ministério da Cultura, que é o que controla o Iphan”, revela.

Segundo Siqueira, a adminis-tração municipal iniciará nos próximos dias obras de sinaliza-ção no centro e no interior, mas mais uma vez, com dinheiro da prefeitura.

Turismo sem secretaria

Apesar do município possuir um forte apelo turístico, não existe uma secretaria na admi-

FOTOS RAQUEL FRONZA

nistração municipal que respon-da pelo setor. Atualmente, a se-cretária de Educação, Maristela Titton Prezzi, é quem atende pelo departamento de turismo, e con-firma a falta de recursos vindos dos ministérios que deveriam dar assitência ao município. “Ne-nhuma residência recebeu ma-

nutenção por parte do Iphan, mas o município está envolvi-do no projeto de ligação asfál-tica até Muçum”.

O projeto a que Maristela se refere diz respeito a obra que ligará Santa Tereza ao Vale do Taquari. “Santa Tereza teria um papel geográfico estraté-

gico para a conexão entre serra e vale do Taquari”, afirma o pre-feito. O projeto envolve, além de Santa Tereza, os municípios de Anta Gorda, Muçum, Roca Sales, Encantado e Doutor Ricardo, e entidades das cidades que bus-cam apoio estadual para o iní-cio das obras.

Empecilhos que atrasam

De acordo com a arquiteta do departamento técnico do Iphan de Antônio Prado, que responde também à unidade de Santa Tereza, Terezinha Buchebuan, diversos entra-ves são responsáveis pela de-mora no início da elaboração e aplicação dos projetos turís-ticos no município. “Não exis-te nenhuma ação específica devido à troca de governos, já que inúmeras verbas foram retidas”, explica a arquiteta. “Uma das ações mais impor-tantes que o Instituto propõe é o ato de proteção ao patri-mônio cultural, que refere-se a proteção do patrimônio ma-terial e também da paisagem, maior valor da cidade”.

Mesmo assim, Terezinha conta que o instituto trabalha junto à comunidade fornecen-do assessoria, e procura visitar o município com frequência. “Realizamos reuniões com a prefeitura e com os moradores. Não só para esclarecer dúvi-das, mas para aprovar e ela-borar projetos e dar auxílio no Plano Diretor”.

Mesmo com ações nem tão visíveis para os moradores, o município está sendo subme-tido ao Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), um projeto conjunto ao tom-bamento histórico. De acordo com Terezinha, a comunidade tem sido entrevistada para responder às perguntas ne-cessárias para que seja feito o mapeamento do patrimônio do município.

“Alguns convênios também não foram concretizados e impediram ações como, por exemplo, no camping”. O es-paço de acampamento de-verá ser requalificado, mas ainda se mantém intacto devido a falta de documen-tos de posse da área, que denominavam quem era o proprietário do espaço, que já é de uso público, além do licenciamento ambiental da Fundação Estadual de Prote-ção Ambiental (Fepam).

26 prédios históricos e centenários foram assegurados após determinação do Iphan

Paisagens naturais e casas são consideradas patrimônio desde novembro do ano passado

Page 5: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

5Quarta-feira, 6 de julho de 2011Interior e Região

Os moradores de Santa Te-reza comemoraram o tomba-mento histórico do município, mesmo sem ter pleno conheci-mento do que o título traria de benefícios para a cidade. Sete meses após, as mesmas dúvi-das ainda os cercam, mas agora com um tom de incerteza.

Augusto Agenor, de 59 anos, natural de Santa Tereza, revol-ta-se ao saber que os casarões históricos não poderão sofrer qualquer alteração na estéti-ca. “Não sei pra que serve esse tal de patrimônio histórico. A gente vai parar no tempo. O que que tem de bom nisso?”, questiona. De acordo com o morador, diversas casas estão se deteriorando e necessitam com urgência de reparos.

Enquanto isso, Irina Caumo, guia turística do município, ressalta os benefícios que o tí-tulo trouxe à Santa Tereza, de-finindo como um dos melhores acontecimentos que o municí-

Dúvidas cercam moradores

pio já teve. “O patrimônio é re-lacionado a tudo o que aconte-ceu no município e o que está presente”, define. Ela ainda ressalta que, para o título ser completo, o município precisa de um centro de informações, já que a movimentação de tu-ristas aumentou nos finais de semana em que ocorrem fei-ras em Bento Gonçalves. “Fal-tam investidores, grandes em-presas que apostem no nosso município”.

Além da falta de um centro de informações turísticas, o município apresenta preca-riedade hoteleira. De acordo com a secretária de Educação, o município conta com ape-nas dois locais para turistas repousarem, e que devem ser consultados sobre sua dispo-nibilidade. “Possuímos duas pousadas que precisam ser reservadas com antecedência. Uma com quatro suítes e dois quartos comuns, e a outra

Guilherme Ceriotti se sente orgulhoso por morar em Santa Tereza

pousada com quartos comuns, 2 de casal e 3 de solteiro”.

Guilherme Ceriotti se sente orgulhoso por morar em San-ta Tereza. “Uma vez, em Caxias do Sul, não precisei explicar

onde eu morava. Todos lembra-vam do meu município por ser patrimônio histórico. É um or-gulho”, comenta.

[email protected]

O patrimônioCasa de Dianei FerriAntiga Fábrica de Alambiques e máquinas de sulfatarCasa de saúde do Dr. Francesco SettinériPrédio da Prefeitura Municipal (Casa Stringhini)Casa MielleAntigo Hotel CentralCasa Casagrande (Ricieri Casa-grande)Residência de João FinattoResidência de João FerronattoCasa PrezziCasa de Fermino BolesinaCasa LahudePrédio da Brigada Militar (Casa Laude)Casa de Inácio Casagrande (Irdes Casagrande)Secretaria Municipal de Educação e Biblioteca Pública MunicipalAntiga Casa de Saúde (Casa Picinini)Câmara de VereadoresPraça Maximiliano CremoneseCampanárioCasa paroquialSalão paroquialCasa Erminio BaggioPrimeira escola e Casa do professorCasa RemusAntiga fábrica de refrigerantes (Ir-mãos Dalla Laste)Alexandre DanielliPonte pênsilMoinho ValdugaCasa da CooperativaMoinho da Cooperativa de Santa Tereza

Page 6: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

6 Quarta-feira, 6 de julho de 2011 Interior e Região

Educação

Compartilhando o aprendizadoEnsino multisseriado faz com que alunos de diferentes séries dividam sala, conteúdo e professor, simultaneamente

Historicamente, o êxo-do rural fez com que as

escolas do interior de Ben-to Gonçalves contassem com poucos estudantes para fre-quentar as aulas. Desde 1970, mais de 60 prédios escolares foram nos cinco distritos da cidade, e algumas escolas de pequeno porte ainda lutam para se manter, mesmo que com poucos alunos. Uma das alternativas encontradas pe-lo poder público é o ensino multisseriado, que reúne na mesma sala de aula alunos de diferentes séries do en-sino fundamental. Em Pinto Bandeira, a situação tem de-sagradado os pais de uma es-cola que utiliza o método e co-

colar. Odacir de Toni, pai de um aluno da segunda série, afirma que as notas do filho são boas, no entanto, prefe-ria que o filho frequentas-se uma turma somente com colegas da mesma idade. “A mãe dele também ajuda bas-tante em casa e reforça o en-sino”, explica.

Outro pai de um aluno da primeira série, que tam-bém prefere não se identi-ficar, afirma que o filho não aprendeu nem a ler nem a escrever na escola. “Minha esposa que ensinou tudo a ele”, revela.

A explicação

O diretor da instituição de ensino, Everton Luis Dieter, é, hoje, o único professor a lecionar na escola, que é a mais distante do centro de Bento Gonçalves. Localizada a 30 km, a falta de professores que se disponham a trabalhar no colégio é uma dificuldade frequente, de acordo com Dieter. Ele é responsável pela turma multisseriada, que contempla as turmas da primeira à quinta série, e, a partir deste mês, também lecionará para o maternal, no turno da manhã. “Estamos com uma professora que está em laudo médico há 42 dias, e a outra professora que lecionava para o maternal está se aposentando. É uma sobrecarga, sem dúvidas, e a qualidade do ensino acaba prejudicada”, explica Dieter.

Dieter explica que a forma de ensino utilizada na turma é semelhante a um atendi-mento individual, onde as di-ficuldades de cada estudante são esclarecidas. A institui-ção conta com sala de infor-mática, laboratório de ciên-cias, biblioteca com mais de 1500 exemplares e outros es-paços que os alunos podem usufr uir. O professor explica que cada aula acontece com

um “tema gerador” discuti-do, que depois é aprofunda-do por série e dificuldade de cada aluno.

As escolas multisseriadas

De acordo com a secretária de Educação de Bento Gon-çalves, Jaqueline Fávero, exis-tem seis escolas no muni-cípio que seguem o modelo multisseriado. Duas destas estão localizadas na zona ru-ral, ambas no distrito de Pin-to Bandeira: além da Emílio Meyer há também a Escola Municipal de Ensino Funda-mental Barão de Mauá.

“A avaliação é um proces-so de ensino e aprendizagem que acontece de forma con-tínua e sistemática, assim, a aprendizagem não será uma simples transmissão de me-morização de informações prontas”, explica Jaqueline. Ela conta que as classes mul-tisseriadas não prejudicam o ensino nem os alunos, e que, desde 2009, a Secretaria Mu-nicipal de Educação (SMED) acompanha as escolas mul-tisseriadas com assessoria direta e personalizada e tam-bém oferece formação contí-nua através do Programa Es-cola Ativa, em parceria com o Governo Federal.

Em Pinto Bandeira, a falta de professores é um dos motivos para a escolha da turma conjunta

RAQUEL FRONZA

Alunos da 1ª à 5ª série estudam juntos na escola Emílio Meyer

locam em dúvida a qualidade do ensino transmitido.

“Meu filho de dez anos não sabe nem fazer uma soma, estudando na quinta série”, lamenta o pai de um dos alu-nos da escola de Pinto Ban-deira, Emílio Meyer. O pai, que prefere não se identifi-car, contam que as notas do filho apresentadas no bole-tim são excelentes, mas na hora de fazer os temas, o jo-vem não consegue se quer contabilizar simples cálcu-los. “Eu fico nervoso”, con-fessa o pai.

A falta de correção dos te-mas é um dos motivos que os pais culpam pelo baixo desempenho dos filhos. Po-rém, a situação é comentada por toda a comunidade es-

Raquel Fronza

Page 7: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

7Quarta-feira, 6 de julho de 2011Interior e Região

Talento

Entalhando a história da imigraçãoRicardo Caumo transforma madeira em artesanato cultural da região do vinho, elaborado com cuidado e carinho

A tradição veio dos avós, imi-grantes italianos, e o apren-

dizado o transformou em um renomado artesão. As enco-mendas não param de chegar, vindas de turistas e empresas que desejam ter objetos que lembram a imigração italiana a sua volta. Ricardo Caumo, de 41 anos, fez do artesanato sua pro-fissão, e corresponde a um dos atrativos turísticos do municí-pio de Santa Tereza.

Com dez anos, ele esculpia seus próprios brinquedos. De-senhava nas aulas de educação artística objetos que remetes-sem ao turismo e, especialmen-te, o campanário de Santa Te-reza. O talento para o mundo artístico despertava a atenção de quem Caumo conhecia, e o fez ser conhecido no ramo, as-sim como seus pais e avós.

RAQUEL FRONZA

O local onde hoje está instala-do o ateliê de Caumo era utili-zado pela família para produzir carroças e, no local, também es-tava instalada uma serraria. Es-sa era a forma que o avô de Cau-mo encontrava para sobreviver, e fez perpetuar a arte no sangue de seus filhos e netos.

Ricardo começou a trabalhar em 1990 com móveis sob medi-da e, paralelamente, confeccio-nando troféus personalizados. Em 1998, ele foi contemplado – graças ao dom artesanal – com um estágio no Centro di Specia-lizzazione per Arte Del Legno , em Bovolone Verona, na Itália. Caumo afirma que a experiên-cia só acrescentou em sua vida profissional.

A partir de 2000, Caumo eli-minou o trabalho no ramo mo-veleiro e partiu para o artesa-nato. O retorno financeiro era mais satisfatório e fez com que

ele priorizasse as lembranças artísticas. “A venda é maior e o investimento financeiro é me-nor”, compara Caumo.

Os modelos

Quatro modelos são comer-cializados pelo artesão, em ma-deira cinamon. Torcio (Moenda)

é a versão da tradicional moen-da de madeira, movida à tração animal, que era utilizada na re-gião para moer cana-de-açúcar. Maio del Nono (Malho do Avô) é construído em madeira re-sistente com martelo de ferro temperado especial, geralmen-te acionado por moinho d’água, na laminação de barras de ferro

para artigos de cutelaria. Já Forno del Pan (Forno de

Pão) é o forno caseiro, ainda uti-lizado por algumas famílias, na produção de pães. Torcio della Uva (Moenda para Uva) traz a versão primitiva após o esma-gamento das uvas pelos pés, que servia como produção caseira de pequenas quantidades de vinhos.

O empreendimento de Cau-mo cresceu. Ele conta com a aju-da de mais dois aprendizes que executam os serviços iniciais. “Sou eu quem faz a finalização, para dar um acabamento per-feito”. Até 25 peças são produ-zidas diariamente por Caumo e sua equipe, que apresenta gran-de identificação com o público que compra as peças. “Os turis-tas lembram-se da região que visitaram e levam o objeto para recordar”, conta Caumo.

[email protected]

Raquel Fronza

Caumo faz quatro modelos de peças que remetem à cultura italiana

Page 8: 06/07/2011 - Interior - Jornal Semanário

8 Quarta-feira, 6 de julho de 2011 Interior e Região

8 da GraciemaFesta em honra a Nossa Senhora das GraçasNo domingo, 3, mais de 500 pessoas compareceram na festa da linha 8 da Graciema, no Vale dos Vinhedos. A festa em honra à Nossa Senhora das Graças contou com celebração religiosa com a participação do coral da comunidade e almoço. Os festeiros desta edição foram Ademir e Ivone Cestonaro, Carlos e Angelita de Bacco, Márcio e Denise Brandelli.

Equipe de jovens que auxiliou na copa durante a festa na comunidade 8 da Graciema

Equipe de cozinheiras da festa em honra à Nossa Senhora das Graças

Mais de 50 tapetes foram confeccionados pelos moradores para o tradicional o evento que reuniu mais de 1,5 mil visitantes

José Carlos Azenha, Luiza Lazzarotto de Almeida e Julia Almeida Azenha A pequena Gisele Leonardi, de sete anos O casal Angela Rizzardo e Miguel Milani

FOTOS RAQUEL FRONZA

Santa TerezaCorpus Christi uniu comunidadeO dia de Corpus Christi fez a diferença na comunidade de Santa Tereza. Mais de 1,5 mil pessoas de cidades da região prestigiaram os mais de 50 tapetes de serragem que os moradores do município produziram.

Sociais doInterior