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07-04-2015
Revista de Imprensa07-04-2015
1. (PT) - Jornal de Notícias, 07/04/2015, Novo centro de saúde em 2016 1
2. (PT) - Jornal de Notícias, 07/04/2015, Autarca quer centros de saúde com horários alargados 2
3. (PT) - Público, 07/04/2015, Centros de saúde com urgências caíram de 276 para 94 em dez anos 3
4. (PT) - Correio da Manhã, 07/04/2015, Hospitais têm menos camas 5
5. (PT) - Destak, 07/04/2015, Privados batem SNS 7
6. (PT) - Jornal de Notícias, 07/04/2015, Urgências fogem do público para o privado 8
7. (PT) - Diário Económico, 07/04/2015, Editorial - Um pacto, pela Saúde do país 11
8. (PT) - Público, 07/04/2015, Cuidados de saúde e o poder local 12
9. (PT) - Diário do Minho, 07/04/2015, Os media e o Dia Mundial da Saúde 13
10. (PT) - Diário do Minho, 07/04/2015, Braga quase duplica em 10 anos médicos do hospital público 14
11. (PT) - Correio da Manhã, 07/04/2015, Bebés sem vacina da BCG até junho 16
12. (PT) - Diário Económico, 07/04/2015, Câmaras: mais competências dão prioridade nos fundos deBruxelas
18
13. (PT) - Diário Económico, 07/04/2015, Pacto para a Saúde é desafio para a próxima legislatura 19
14. (PT) - Correio do Minho, 07/04/2015, Sete profissionais do Hospital em missão humanitária no Quénia 23
15. (PT) - i, 07/04/2015, Nem culpa, nem juízos 24
16. (PT) - Público, 07/04/2015, Ordem quer garantir que médicos pedófilos não continuam a trabalhar comcrianças
25
17. (PT) - Correio do Minho, 07/04/2015, Bracarenses mais informados sobre tema do autismo 26
18. (PT) - Público, 07/04/2015, O que devem os pais contar na Net quando um filho tem cancro? 28
19. (PT) - Correio do Minho, 07/04/2015, Motive-se... Recupere qualidade de vida...articule-se... 31
A1
Tiragem: 78067
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 21
Cores: Cor
Área: 15,95 x 13,86 cm²
Corte: 1 de 1ID: 58698905 07-04-2015
Página 1
A2
Tiragem: 78067
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 19
Cores: Cor
Área: 5,20 x 13,59 cm²
Corte: 1 de 1ID: 58698830 07-04-2015
Página 2
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Tiragem: 36211
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 10
Cores: Cor
Área: 25,70 x 30,54 cm²
Corte: 1 de 2ID: 58698071 07-04-2015
Centros de saúde com urgências caíram de 276 para 94 em dez anos
RUI GAUDÊNCIO
Em 2012, os centros de saúde fizeram um total de 26,3 milhões de consultas
Em dez anos o número de centros
de saúde em todo o país manteve-se
estável, mas as valências proporcio-
nadas aos utentes mudaram: se em
2002 cerca de 70% destas unidades
dispunham de um serviço de atendi-
mento permanente (SAP), em 2012
eram apenas 24% que contavam com
esta possibilidade ou com o chamado
“serviço de urgência básica” (SUB),
entretanto criado em 2008. Também
os centros de saúde com capacida-
de de internamento caíram de 20%
para menos de 5% no mesmo perí-
odo, indicam os dados do Instituto
Nacional de Estatística (INE). O pre-
sidente do Conselho Nacional para a
Qualidade em Saúde, Luís Campos,
explica, contudo, que “esta quebra
não é necessariamente má”. Mas re-
conhece que a reforma dos cuidados
de saúde primários peca por algumas
assimetrias.
Os dados divulgados pelo INE
para marcar o Dia Mundial da Saú-
de, que se assinala hoje, mostram
que em 2012 existiam 387 centros
de saúde em Portugal, contando 94
com urgência básica ou com atendi-
mento permanente. Em 2002 eram
391 centros de saúde, com um to-
tal de 276 a oferecerem um serviço
de atendimento permanente. Luís
Campos, que é também autor do
Roteiro de Intervenção em Cuidados
de Emergência e Urgência, apresen-
tado no fi nal de 2014, no âmbito de
uma avaliação do Plano Nacional de
Saúde, em declarações ao PÚBLI-
CO, sublinha que o encerramento
dos SAP foi programado e aconte-
ceu depois de se ter “desmistifi cado
a ideia de que estes serviços eram
uma urgência e se percebeu que não
tinham condições para funcionar só
com um médico”.
Salienta que surgiram em 2008 os
SUB, esses sim já com condições pa-
ra dar resposta e com o objectivo de
colocar as populações a pelo menos
30 minutos de uma unidade pública
de saúde com este tipo de valência.
Para o médico, o único problema es-
tá no caso de o encerramento destes
atendimentos prolongados não se ter
traduzido na utilização dos recursos
para assegurar consultas céleres para
problemas agudos, o que acaba por
levar a que os cidadãos recorram às
dera, contudo, que estas medidas
só são verdadeiramente efi cazes
se acompanhadas por reforço dos
meios complementares de diagnós-
tico e por campanhas de saúde que
eduquem os cidadãos para a neces-
sidade de recorrerem ao sítio certo
e saberem que o mesmo está pronto
a dar uma resposta.
Os dados do INE indicam ainda
que na mesma década se registou
“uma redução do número de consul-
tas, todavia, de menor dimensão”. Os
números relativos a 2012 contabili-
zam um total de 26,3 milhões de con-
sultas médicas nos centros de saúde,
o que representa menos 2,3 milhões
de consultas do que em 2002 — o que
corresponde a uma quebra de 8,3%.
“A redução no número de consultas
médicas foi, apesar de tudo, bem me-
nos acentuada do que a verifi cada
nos atendimentos de urgência e nos
internamentos. No último ano em
análise, os centros de saúde efectu-
aram 1,6 milhões de atendimentos
nos SUB ou SAP, ou seja, menos 75%
do que em 2002, e cerca de 4 mil
internamentos, menos 82% do que
em 2002”, destaca o INE.
No sentido contrário, no que diz
respeito aos hospitais, o número
de consultas médicas no âmbito da
consulta externa aumentou continu-
amente entre 2002 e 2013, passando
de 9,8 milhões para 17,6 milhões de
consultas. “Esta tendência é comum
aos hospitais ofi ciais e privados, em-
bora mais evidenciada no caso dos
privados. Em 2002, estes hospitais
asseguraram 16,5% do total de con-
sultas médicas realizadas no âmbito
da consulta externa dos hospitais
portugueses (cerca de 1,6 milhões
de consultas), enquanto em 2013
foram responsáveis por 29% (cerca
de 5,1 milhões de consultas)”, apon-
ta o INE.
Dados do INE marcam Dia Mundial da Saúde. Presidente do Conselho Nacional para a Qualidade em Saúde considera que a quebra não é necessariamente um problema, se houver consultas no próprio dia
SaúdeRomana Borja-Santos
cina Interna. Aqui Luís Campos re-
conhece que ainda há muitas assi-
metrias nacionais, com vantagem
para os utentes que são seguidos
nas unidades de saúde familiar, que
na prática são centros de saúde com
uma maior aposta em indicadores e
num acompanhamento mais perso-
nalizado. Porém, como os centros
de saúde tradicionais só passam a
ser unidades de saúde familiar por
concurso voluntário, nos últimos
anos houve uma estagnação na evo-
lução e, consecutivamente, no tipo
de resposta.
Mesmo assim, para o médico faz
sentido os serviços adaptarem-se
à procura, como aconteceu neste
Inverno com as administrações re-
gionais de saúde a estenderam o ho-
rário de funcionamento em alguns
centros para dar resposta ao pico
da gripe que entupiu os hospitais
e gerou o caos. Luís Campos consi-
“Quando as pessoas se dirigem a uma urgência de um hospital sem precisarem, isso traduz-se num desperdício de recursos”urgências de forma indevida quan-
do não conseguem uma resposta no
próprio dia. O documento que publi-
cou concluía que, em Portugal, 40%
dos casos podiam ser resolvidos nos
cuidados primários.
“Quando as pessoas se dirigem [a
um hospital] sem precisarem, isso
traduz-se num desperdício de recur-
sos”, diz o também vice-presidente
da Sociedade Portuguesa de Medi-
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Tiragem: 36211
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Área: 21,46 x 15,60 cm²
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EM DEZ ANOS182 CENTROS DE SAÚDE PERDERAM ATENDIMENTO PERMANENTE Portugal, 10
PAULO PIMENTA
Dados do Instituto Nacional de Estatística marcam Dia Mundial da Saúde, que se assinala hoje
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Tiragem: 151036
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 18
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Página 5
Tiragem: 151036
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Área: 2,87 x 2,59 cm²
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Tiragem: 135000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 4
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Área: 11,21 x 18,25 cm²
Corte: 1 de 1ID: 58698700 07-04-2015
Privadosbatem SNS
Número de camas nos hospitais tem também vindo a diminuir no público
JORGE PAULA/CM
Nos últimos 11 anos tem crescidoaimportânciadoshospitaispriva-
dos no País, sobretudo no que diz res-peito a atendimentos nos serviços deurgênciaque,desde2002,quasedupli-caram.QuemodizéoInstitutoNacio-nal de Estatística que, a propósito doDiaMundialdaSaúde, que se assinalahoje, faz o retrato daSaúde nacional.
Atendimentos nasurgências dos hospitaisprivados quaseduplicaram em 11 anos.No público têm caído.
Contasfeitas,em2013foramrealiza-doscercade7,2milhõesdeatendimen-tosnosserviçosdeurgênciadoshospi-tais, a maioria (88%) em hospitais doServiço Nacional de Saúde. No entan-to, enquanto aquise assiste aumaten-dênciadecrescentedesde2007,omes-mo não acontece nos hospitais priva-dos,quepassaramdecercade460milatendimentos nos seus serviços de ur-gência em 2007 (cerca de 6,5% do to-tal),paraquase900milem2013(12,4%).
Uma tendência que se verifica tam-bém no que diz respeito ao número decamashospitalares.Ouseja,noshospi-taispúblicosestastêmvindoadiminuir(menos 3.700 camas), assistindo-se aumreforçonasunidadesprivadas(mais2.000 camas).
PUB
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Tiragem: 78067
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 4
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Página 8
Tiragem: 78067
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Página 9
Tiragem: 78067
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 3 de 3ID: 58698496 07-04-2015
Página 10
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Tiragem: 16364
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
Pág: 2
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Corte: 1 de 1ID: 58698111 07-04-2015
EDITORIAL
Um pacto, pelaSaúde do paísEm pouco mais de dez anos, opaís contabiliza mais hospitaisprivados e mais médicos, maiorrecurso aos serviços de urgência,mas também menos serviços emenos camas disponíveis noshospitais públicas e uma dívidagigantesca no Serviço Nacional deSaúde (SNS) que, apesar de algunsalívios temporários, tornou-senum problema crónico das contasnacionais. Estes são alguns dosindicadores apresentados peloINE por ocasião do Dia Mundial daSaúde, que hoje se celebra, e queajudam a fazer um retrato dosector da última década. Nemtudo é mau, mas nem tudopiorou. Há muito que ainda faltatratar e recuperar, há muito que épreciso não perder – como agarantia de prestação de umserviço público de saúde etambém a garantia da suaqualidade. As políticas de saúdeseguidas nos últimos anos,contudo, nem sempre forambenéficas para a sua própria saúde– seja porque faltoufinanciamento para suportarserviços ou mesmo instituições,seja porque o financiamento quehavia nem sempre foi bemdireccionado ou gerido, sejaporque os programas para a saúdeacabam sempre por dependermais das vontades de quemgoverna do que das necessidadesou prioridades do próprio sector.Uma resposta possível parasuperar esse problema poderia serum pacto para a Saúde. Umacordo que merecesse o consensodas principais forças políticas deforma a que não houve umapolítica de saúde para cadagoverno, mas uma política para opaís que qualquer governoconseguisse gerir. O desafio não énovo: foi lançado pelo actualministro e já antes dele outrosgovernantes lançaram a ideia.Falta ainda o consenso, mas osproblemas, como os númerosrevelam e os utentes não deixamesquecer, continuam bem vivos àespera de uma solução. ■
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A12
Tiragem: 36211
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 47
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Área: 13,38 x 30,22 cm²
Corte: 1 de 1ID: 58698224 07-04-2015
Cuidados de saúdee o poder local
Nas políticas de saúde da
presente legislatura, tivemos
a demorada reforma dos
cuidados de saúde primários
e a centralização de algumas
áreas hospitalares. E, agora,
no fi nal de mandato, ainda
ouvimos os decisores políticos
debaterem a devolução de
mais competências para as
autarquias com a governação local dos
cuidados de saúde.
Esta proposta de medida descentralizada
surge na linha de outras já tomadas.
Não será nova para algumas autarquias,
principalmente as do interior, que o
digam os autarcas do distrito de Vila Real
e de Bragança. Mal estariam os cidadãos
doentes desses territórios se as câmaras
não apoiassem determinados serviços,
principalmente os de transporte. Além
desse apoio, existem já no terreno
algumas parcerias entre as autarquias e
os Agrupamentos de Centros de Saúde
(ACeS) com Unidades Móveis de Saúde na
prestação de cuidados de proximidade ao
cidadão.
Mas ao abordar a governação dos
cuidados de saúde primários pelas
autarquias devemos ter bem presente
as diferentes realidades territoriais.
O país apesar de pequeno, tem áreas
geodemográfi cas distintas, quer de norte
para sul, quer do litoral para o interior.
Mais, a população concentra-se cada
vez mais nas zonas urbanas, ou seja, nas
cidades capitais dos distritos. O mesmo se
pode dizer em relação às regiões autónomas
da Madeira e dos Açores.
Perante essas realidades, pedir às
autarquias mais governação política na
saúde não deverá ser visto pelos autarcas
como mais um problema mas sim como
mais um desafi o gestionário. Os autarcas
são, pela proximidade aos seus cidadãos e
pela acessibilidade destes aos mesmos, os
decisores políticos mais bem informados
sobre os problemas, as necessidades e os
recursos existentes. Os autarcas, perante
as responsabilidades que assumem com
os seus munícipes, devem, no exercício
político das suas funções, encontrar
permanentemente soluções locais em todas
as áreas de governação. Assim, a saúde dos
munícipes acaba por ser uma área crucial,
dada a importância que representa nas
comunidades, e a sua governação deve ser
cada vez mais local, principalmente ao nível
dos cuidados de saúde primários. Realço,
apenas, que, como aconteceu nas escolas,
as autarquias não se devem intrometer nas
questões técnicas
e deontológicas
das profi ssões
reguladas.
As realidades
locais, como referi,
são muito diferentes
consoante a
territorialidade.
As autarquias dos
meios urbanos
detêm na área da
saúde soluções de
acessibilidade e de
respostas que as dos
meios semiurbanos
e rurais, pelas suas
características
geográfi cas e
demográfi cas,
acabam por
ter com muitas
limitações. Por exemplo, no interior, em
termos de cuidados primários, as respostas
são asseguradas pelas diversas unidades
funcionais dos ACeS, mas apenas em
horário diurno. As respostas nocturnas, em
fi ns-de-semana e feriados são asseguradas
com deslocações para áreas de saúde de
referência, consoante as áreas geográfi cas.
Na maioria das situações, esses destinos
fi cam a distâncias consideráveis que
necessitam de transporte, por vezes
inexistente e com custos elevados. Existem
regiões que, pela sua interioridade, só
dispõem de transportes em tempo escolar.
Fora desse período, o munícipe fi ca apenas
com o apoio da rede de comunicações.
Em casos urgentes, procuram a linha 112,
que responde com os atrasos inerentes às
condições temporais e geográfi cas.
O poder central, ao decidir transferir
as suas competências de gestão na área
de saúde dos cuidados primários para
as autarquias, deve ter bem presente as
diferenças para que, nas comparticipações
fi nanceiras, essas desigualdades sejam
compensadas, sob pena de agravarem os
problemas e as necessidades já existentes.
Os autarcas devem encontrar soluções locais em todas as áreas de governação
Presidente do Conselho Directivo Regional do Norte da Ordemdos Enfermeiros
RUI GAUDÊNCIO
Debate DescentralizaçãoJorge Cadete
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Tiragem: 8500
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 2
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Área: 13,15 x 30,80 cm²
Corte: 1 de 1ID: 58699594 07-04-2015
J. M. Gonçalves de Oliveira
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Saú-de, este ano dedicado especialmen-te à segurança dos alimentos. A Or-
ganização Mundial da Saúde (OMS), consi-derando que os alimentos não seguros são responsáveis pela morte de cerca de 2 mi-lhões de pessoas por ano, resolveu esco-lher este tema para chamar a atenção dos governos para a importância a dar às no-vas ameaças que pairam sobre a segurança alimentar resultantes das alterações na pro-dução, distribuição e consumo, bem como das mudanças climatéricas, do incremen-to das viagens e do aparecimento de no-vos agentes patogénicos. A alimentação está intimamente ligada à qualidade de vida que temos no presente e, principalmente, ao estado de saúde que teremos no futuro. Deste modo, o Dia Mun-dial da Saúde de 2015 constitui mais um ensejo para alertar sobre a importância de uma alimentação saudável e segura. Esta, como é do conhecimento geral, deve incluir proteínas, hidratos de carbono, gorduras, fibras, minerais e vitaminas em quantida-des adequadas, de modo a suprir todas as necessidades do adulto e a promover um bom crescimento e desenvolvimento global da criança e do jovem. Ao longo da nossa existência as necessidades nutricionais vão--se modificando com a idade, com o esti-lo de vida e com as alterações do metabo-lismo. Por isso, qualquer dieta deve aten-der às características próprias de cada in-divíduo e aos seus usos e costumes. Po-rém, ao associar-me a uma comemoração que nos dias que correm faz todo o senti-do, não pretendo mais do que aqui deixar algumas considerações. Lastimar a fome que atinge milhões de pessoas em diversos continentes e sen-tir vergonha pelos excessos e desperdí-cios de outros tantos, são os primeiros la-mentos resultantes da crua realidade des-te mundo. Reconhecer que a globalização da informação vai penetrando nas socieda-des contemporâneas e verificar que adulte-ra hábitos tradicionais deixando rastos de uma falsa modernidade, são outras quei-xas de difícil remédio.Se nos debruçarmos sobre os problemas que o nosso país enfrenta nesta matéria, ainda que com dimensão bem diferente, não poderemos descansar. As bolsas de pobreza ainda existentes em algumas re-giões não podem ser esquecidas e condi-cionam de forma vincada a vida das popu-
lações atingidas por essa chaga social. Os adultos sobrevivem, mas as crianças veem o seu futuro comprometido não só pelo am-biente hostil que as rodeia, mas também por uma alimentação muitas vezes profun-damente desadequada.Em contraponto, podemos verificar que em largas franjas da população há uma percen-tagem assustadora de pessoas com exces-so de peso e obesidade que não deve ser descurada. Gente que por ignorância ou simplesmente desinformada adquiriu há-bitos alimentares profundamente nefastos para a saúde, muitos deles resultantes de propaganda pouco escrupulosa. Publicida-de que paulatinamente faz substituir a ali-mentação tradicional por comida-rápida e por uma panóplia de refrigerantes que sem-pre a acompanham.É no contexto de tanta e tão variada infor-mação que entra o papel crucial dos “media” e a função que podem desempenhar na pre-venção da doença e na promoção da saúde.Na atualidade, a notícia é praticamente ins-tantânea e está ao alcance de todos. O sur-to de gripe, o caso de meningite, a intoxi-cação alimentar e muitas outras situações inquietantes são informações que correm à velocidade da luz e, se muitas vezes cons-tituem valiosos alertas, não deixam de ser fatores de grande sobressalto para as po-pulações que não raras vezes levam a um consumo exagerado de variados recursos. Quem não recordará a excessiva afluência aos serviços de urgência no seguimento de uma notícia mais alarmante?No dia em que se comemora o Dia Mun-dial da Saúde, é de toda a justiça desta-car o papel que a comunicação social tem na prossec ução dos objetivos emanados da OMS e no poder que possui para con-tribuir para uma sociedade mais saudável. Ao difundir a informação, como é seu de-ver, se o fizer com um cariz pedagógico e bem documentado estará a contribuir para cumprir melhor esse desiderato. Em para-lelo, se assumir que este tipo de informa-ção deve estar reservado a profissionais especializados nesta área, não só cumpri-rá melhor essa tarefa como também será capaz de gerar e promover programas de educação para a saúde importantes para o esclarecimento da população. Desta ou de qualquer outra forma, não contar com os “media” como parceiro imprescindível na melhoria das condições de saúde do povo, é não estar atento aos sinais dos tempos.
Os “media” e o Dia Mundial da Saúde
Página 13
A14
Tiragem: 8500
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 6
Cores: Preto e Branco
Área: 26,00 x 28,30 cm²
Corte: 1 de 2ID: 58699626 07-04-2015
Subida média nacional foi de 15 por cento no mesmo período
Braga quase duplica em 10 anosmédicos do hospital públicoJOAQUIM MARTINS FERNANDES
O concelho de Braga re-gistou um forte crescimen-to do número de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a trabalhar no hospital público. En-tre 2002 e 2013, o número de especialistas hospitala-res disparou de 298 para 507, evolução que traduz um aumento de 70,13 por cento. No mesmo perío-do, o número de médicos a trabalhar na totalidade dos hospitais do SNS do território continental cres-ceu apenas 15 pontos per-centuais, tendo passado de 15 716 para 18 132.
Bem mais moderado foi o crescimento de profis-sionais de enfermagem, revela a base de dados da PORDATA. O já extin-to Hospital de S. Marcos tinha, em 2012, 616 enfer-meiros. O atualmente geri-do pelo Grupo José de Me-llo Saúde chegou a 2013 com 704 enfermeiros, re-velando um crescimento de 14,25 por cento. En-tre a totalidade dos hos-pitais do Serviço Nacio-
ARQUIVO DM
Aumento de médicos no hospital de Braga foi cinco vezes superior ao crescimento médio dos hospitais do continente
nal de Saúde que servem a população do continente, o número de enfermeiros cresceu 31,92 por cento, tendo passado de 24 245 para 31 985 profissionais de enfermagem.
Bem mais acentuado foi o crescimento dos enfer-meiros entre as unidades hospitalares que servem as
populações dos 86 conce-lhos do Norte. Em 2002, os hospitais tutelados pela Administração Regional de Saúde do Norte tinham ao seu serviço 6 701 enfer-meiros. Em 2013, eram já 10 738 profissionais, evo-lução que traduz um cres-cimento superior a 60 pon-tos percentuais.
No que respeita a técni-cos de diagnóstico e tera-pêutica, a capital minhota viu o número de profis-sionais passar de 81 para 119, entre 2002 e 2013, en-quanto que ao nível da re-gião Norte, este grupo de profissionais passou de 1 618 para 1 935. Nos hos-pitais públicos do territó-
rio continental, o número de técnicos de diagnós-tico e terapêutica cres-ceu de 5 624 para 6 691. Já o número de auxilia-res de enfermagem so-freu uma evolução dis-tinta. Braga não tinha ne-nhum em 2002, mas che-gou a 2013 com 542 pro-fissionais.
O número de camas de internamento diminuiu nos hospitais públicos e aumentou nos privados, entre 2002 e 2013, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) a propósito do Dia Mundial da Saúde, que se assinala hoje. Os dados divulgados ontem indicam que, em 2002, existiam 28733 camas de internamento nos hospitais públicos, número que baixou para 25029, em 2013.
Pelo contrário, as camas nos hospitais privados cresceram de 8429 para 10. 474, no mesmo período.
Ou seja, em 2013, os hospitais oficiais tinham aproxi-
madamente menos 3700 camas de internamento do que em 2002 e os privados mais 2 mil camas. Ao todo, as camas de internamento passaram de 37162 em 2002 para 35503 em 2013: menos 1.659 camas.
De acordo com o INE, em 2013 quase 90 por cento das camas de internamento dos hospitais oficiais eram enfermarias, enquanto no caso dos hospitais privados, a percentagem de camas de internamento em enfermarias, apesar de maioritária, não atingia 60 por cento. Nos hospitais privados, os quartos semiprivados e privados
representavam cerca de um terço das camas de interna-mento (3512), 254 nos hospitais oficiais.
O mesmo documento indica ainda que, em 2013, «registaram-se cerca de 1,2 milhões de internamentos nos hospitais portugueses (80,4% dos quais em hospitais tutelados pelo Estado) e perto de 10,2 milhões de dias de internamento (73,2% dos quais em hospitais oficiais)». «Nos hospitais oficiais, cerca de 95% dos internamentos de 2013 foram em enfermarias e registou-se uma duração média de internamento de oito dias».
Camas para internamento descem no serviço público
Página 14
Tiragem: 8500
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
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Área: 5,34 x 3,27 cm²
Corte: 2 de 2ID: 58699626 07-04-2015
BRAGA PÁGINA 6
Braga quase duplica em 10 anosmédicos do hospital público
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Mapeamento Bruxelas tem de dar luz verde a certos investimentos camarários em infra-estuturas.
Os municípios que aceitemreceber mais competências noprocesso de descentralização vãoter prioridade sobre os restantesno momento de decidir ondeinvestir em infra-estruturas aonível da educação, saúde, culturae equipamentos sociais, avançouao Diário Económico o secretáriode Estado do DesenvolvimentoRegional, Manuel Castro Almeida.Esta é a uma das novas regrasacordadas pela comissãoInterministerial de Coordenaçãodo Portugal 2020 que definiucomo deve ser feito omapeamento de todas as infra--estruturas e equipamentos quepoderão vir a ser alvo decofinanciamento comunitário.Para os municípios secandidatarem a apoioscomunitários ao nível de parquesde ciência e tecnologia,incubadoras e aceleradoras deempresas, escolas e centros desaúde, equipamentos sociais ouaté mesmo património cultural, énecessário que o Estado tenhareconhecido essas áreas comoelegíveis. Um exercício que
pretende evitar “sobreposiçõesou redundâncias”, segundo oExecutivo, “centralização” eataque à autonomia das câmaras,na opinião dos municípios. Poroutro lado, será necessário queBruxelas dê luz verde a essesmesmos investimentos, tal comoo Económico já avançou.A novidade agora é os municípiosque aceitem receber maiscompetências no processo dedescentralização vão terprioridade sobre os restantes.Assim, os 13 municípios que jáaceitaram receber maiscompetências ao nível daeducação – Águeda, Amadora,Batalha, Cascais, Crato,Matosinhos, Óbidos, Oeiras,
Oliveira de Azeméis, Oliveira doBairro, Souselo, Vila de Rei e VilaNova de Famalicão – estão emvantagem no momento de decidirquais as câmaras que podemfazer investimentos adicionaisnas escolas. O mesmo se passarácom os restantes municípios queainda estão a negociar com oGoverno descentralização decompetências na área da Saúde,Cultura e Segurança Social e comCascais que aceitou ficar com ascompetências ao nível dopatrimónio, tudo áreas sujeitas amapeamento das infra-estruturas.Castro Almeida revelou ainda aoDiário Económico que omapeamento ao nível das escolasé o mais avançado. Emboranenhum processo esteja aindaconcluído.As câmaras não têm visto combons olhos este processo demapeamento. O vice-presidenteda Associação Nacional deMunicípios Portugueses (ANMP) epresidente da Câmara de Viseudisse, há duas semanas noprograma do Etv “Europa.28” que“o mapeamento é inimigo daquilo
que é a proximidade regional. Éum retrocesso”. “Isto tem de serdecidido numa lógica dearticulação com o poder local,não pode ser decidocentralmente”, defendeu oAntónio Almeida Henriques. “Sepor via indirecta o Estado Centralse estiver a querer apropriardaquilo que são as verbas quedevem ser aplicadas nosterritórios e fazer crer que estáno Programa OperacionalRegional ou alocado ao territórioe depois é decido em termoscentrais isso é o caminho errado”,acrescentou o responsável que jáfez parte do actual Executivo como pelouro dos fundoscomunitários.“O mapeamento é positivo,porque é importante que hajauma coordenação entremunicípios para algumas infra--estruturas para que não hajarepetições. Agora essa visão serimposta de cima para baixo”,sublinhou, por seu turno ManuelCaldeira Cabral, o economista queajudou o PS a elaborar propostaspara o Portugal 2020. M.S.
Câmaras: mais competências dãoprioridade nos fundos de Bruxelas
Castro Almeidarevelou ainda aoEconómico que omapeamento aonível das escolas éo mais avançado.Embora nenhumprocesso estejaainda concluído.
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Pacto para a Saúdeé desafio para apróxima legislaturaCatarina [email protected]
O repto foi lançado no final do anopassado: “A seu tempo, terá dehaver um acordo político para aSaúde”, afirmou Paulo Macedonuma entrevista Económico/An-tena 1, em Setembro. O apelo vol-tou a ser repetido pelo ministro daSaúde dias mais tarde, na Assem-bleia da República: “O pacto paraa Saúde precisa de ser materiali-zado”. Macedo concretizou:“Qual a percentagem da despesapública que estamos disponíveispara alocar à Saúde”, com que“percentagem queremos dotar osmedicamentos” ou a investiga-ção, foram alguns dos pontos que,na perspectiva do ministro, de-vem merecer o consenso dos par-tidos do arco da governação.
Mas o momento político - ameses de legislativas e depois dequatro anos de crispação entre oGoverno e o Partido Socialista -não deixa antever acordos nestamatéria. Entendimentos sobre aspolíticas de Saúde terão de ficarpara a próxima legislatura.
O deputado que em nome doPSD também deixou o apelo paraum pacto de regime para a Saúde,em Setembro de 2014, disse on-tem ao Económico que a ideiamantém “pertinência”. No en-tanto, Nuno Reis assume ter “dú-vidas” de que seja possível umacordo alargado (entre PSD, PS eCDS) até ao fim desta legislatura,dado que o país e os partidos en-traram em campanha eleitoral.Mas “a ideia mantém importânciaindependentemente do queacontecer no final da legislatura”,sublinha. Ou seja, quer ganhe oPSD, quer ganhe o PS nas próxi-mas legislativas a bancada socialdemocrata continua convencidaque é incontornável haver “umamplo entendimento sobre asprincipais políticas públicas para aSaúde”.
SNS Paulo Macedo defendeu um pacto político para a Saúde, uma iniciativa que merece o apoiode alguns ex-ministros. Mas o ‘timing’ de pré-campanha eleitoral não favorece acordos com o PS.
A socialista Maria de BelémRoseira também não acredita queo ‘timing’ seja o apropriado paraentendimentos nesta matéria.“Os inícios de legislaturas sãomais propícios, porque se discu-tem programas de Governo e por-que o ambiente entre o Governo ea oposição é menos crispado”, diza antiga ministra da Saúde.
O PS fecha, aliás, determinan-temente a porta a um pacto para aSaúde. A deputada Luísa Salgueirodisse ao Económico que a propos-ta do ministro da Saúde serve “na
D DESTAQUE DIA MUNDIAL DA SAÚDE
O ex-ministroLuís Filipe Pereirapropõe um acordoentre os partidossobre o futuro doSNS, que respondaaos desafios dademografia,financiamentoe inovação.
Correia de Camposdiz que este não é“politicamente umtempo de acordos”e acusa o Governode ter feito a“sangria do SNS”e “cortado noosso”.
O ex-ministro deCavaco Silva,Paulo Mendo,defende umorçamento daSaúde, àsemelhança daSegurança Social,que não estejadependente do OE.
A socialista Mariade Belém Roseirasempre defendeuum acordo deregime para aSaúde, que váalém dofinanciamento edos partidos.
PRESSUPOSTOSDE UM ACORDO
Paulo Macedo concretizou algunspontos que deveriam figurar numpacto para a Saúde. Ex-ministroscontactados pelo Económicodeixam outras ideias.
● “Qual a percentagem dadespesa pública que estamos
recta final do mandato para dis-farçar a atitude que teve de faltade diálogo com o PS” durante todaa legislatura, “quando cortoumais do que a ‘troika’ e aumentouas taxas moderadoras”. Luísa Sal-gueiro recusa ainda a possibilida-de de ser o Governo a ditar o ‘ti-ming’ de revelação das propostassocialistas. “Não é agora que va-mos, por proposta do Governo,dizer as propostas do PS para oSNS”, disse a deputada. Para já, fi-cam os princípios defendidos pe-los socialistas: o PS vai dar priori-dade ao SNS para que se inverta atendência revelada ontem pelosnúmeros do INE – que mostramum crescimento do privado emdetrimento do público (ver pág.6). “Defendemos um serviço uni-versal e de qualidade, tendencial-mente gratuito, onde as taxas mo-deradoras sirvam apenas paramoderar”, diz Luísa Salgueiro.
Ex-ministros lançam basespara um acordoEntre os que já ocuparam a pastada Saúde, a ideia de um acordo deregime não é mal acolhida, aindaque com nuances. Na qualidadede ex-ministra, Maria de Belémdiz que sempre o defendeu e queum acordo não deve cingir-se àsquestões financeiras, nem deveser limitado aos partidos políticos:“Deve ser feito um grande acordosocial com todo o sector da Saúde.A nível dos partidos deve existirum compromisso para a estabili-dade das políticas”, defende.
António Correia de Campos,que também ocupou a pasta numGoverno PS - e só aceitou falar aoEconómico a título pessoal - dizque este não é “politicamente umtempo de acordos”, acusando oactual Governo de fazer uma“sangria no SNS”, de “cortar noosso” e de não ter feito “as refor-mas necessárias”. Ainda assim,Correia de Campos lança algunspontos de partida para um possí-
vel entendimento: “Qualquerbase para um consenso deve par-tir do acordo de que não é possívelcontinuar a sangrar mais o SNS.Em segundo lugar, deve ser feitauma reforma interna dos hospi-tais, a nível das chefias intermé-dias. Terceiro: é preciso relançaras unidades de saúde familiar e asunidades de cuidados continua-dos para aliviar os hospitais”.
Luís Filipe Pereira, ex-ministrodos governos de Barroso e Santa-na, é defensor de uma “reformaestrutural na Saúde” apoiada pe-los partidos do arco da governa-ção. “Proponho uma reflexão pú-blica, um acordo entre os partidossobre o futuro do SNS, que res-ponda aos desafios da demografia,do financiamento e da inovação”,afirma. Sobre o ‘timing’, Luís Fili-pe Pereira não tem dúvidas deque a “realidade vai impor mu-danças de fundo na Saúde”.
Paulo Mendo, que ocupou apasta no Executivo liderado porCavaco Silva, recusa comentar ahipótese de um pacto para a Saú-de, mas não deixa de apontar umasolução que há muito defende: “ASaúde tem de ter o seu próprio or-çamento, à semelhança da Segu-rança Social. Não pode dependerdo Orçamento do Estado”. Só as-sim, diz Paulo Mendo, se evitarão“os consecutivo subfinanciamen-tos e Rectificativos”.
Também António Arnaut,considerado o pai do SNS, defen-deu um entendimento alargadonas comemorações do 35º aniver-sário do Serviço Nacional de Saú-de, em Setembro passado: “Estoude acordo com ele [Paulo Macedo]quando diz que há um grandeconsenso nacional e é possível umpacto social sobre o SNS”.
O Económico questionou mi-nistro da Saúde sobre o apelo queo próprio lançou, mas o gabinetede Paulo Macedo disse apenas queo ministro mantém a mesma ava-liação. ■ I.D.B., M.M.O. e A.P.
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AGENDA
● Para assinalar hoje o Dia Mundial daSaúde o Governo promove uma confe-rência para debater o tema “Alimentosseguros melhor saúde”. A sessão de-corre no auditório do Infarmed e conta
com a presença do ministro PauloMacedo que vai fazer uma intervençãopara encerrar o evento. A conferênciaconta ainda com as intervenções dePedro Graça, director do Programa
Nacional para a Promoção da Alimen-tação Saudável e serão atribuídos pré-mios a serviços distintos do Ministérioda Saúde e o Colar do Prémio Nacionalde Saúde a José Cunha Vaz.
Dívida dos hospitaisvoltou a agravar-seem 83 milhõeseste anoPaulo Macedo já injectou 2,5mil milhões de euros noshospitais para pagar dívidas.
A dívida do Serviço Nacionalde Saúde (SNS) é uma espéciede doença crónica, com algunsmomentos de alívio para odoente - entenda-se injecçõesextraordinárias de capital noshospitais para pagamento dedívidas a fornecedores.
No final de 2011, o Governode Passos Coelho falou em trêsmil milhões de euros de dívidasdos hospitais públicos aos seusfornecedores. Este foi tambémum dos maiores desafios que oministro Paulo Macedo teve deenfrentar, com a iminência deuma suspensão de forneci-mentos de medicamentos ecom a pressão da ‘troika’ paraacabar com as chamadas ‘ar-rears’, ou dívidas em atraso.
Para lidar com o problema, oministro da Saúde injectou 2,5mil milhões de euros nos hos-pitais do SNS com o único ob-jectivo de pagar dívidas venci-das: 1.500 milhões de euros em2012, outros 432 milhões deeuros no ano seguinte e umnovo reforço de 500 milhõesem 2014. Mas apesar destas su-cessivas regularizações ex-traordinárias, a dívida doshospitais públicos persiste.Isso mesmo mostram os dadosda execução orçamental dosdois primeiros meses do ano:em Dezembro passado, as dívi-da dos hospitais-empresa afornecedores situava-se nos557 milhões de euros - o valormais baixo registado em 2014-, mas em Janeiro e Fevereiro adívida voltou a crescer e situa--se já nos 640 milhões (umacréscimo de 83 milhões emdois meses), de acordo com asíntese de execução orçamen-tal de Fevereiro, publicada pelaDirecção Geral do Orçamento.
Em Dezembro passado,quando foi publicado o despa-cho que dava luz verde ao novoaumento de capital dos hospi-tais (de 450 milhões de euros),Paulo Macedo falou numa“mudança radical” em termos
Em Setembro, no debatesobre o “Serviço Nacional
de Saúde: erros do passadoe desafios do futuro”, na
Assembleia da República,Paulo Macedo defendeu a
necessidade de sematerializar um pacto para
a Saúde, nomeadamentecom a definição do
montante de despesapública a alocar à Saúde.
Paula Nunes
Valores em milhões em de euros / Fonte: DGO
DÍVIDAS DOS HOSPITAIS
500
580
660
740
820
900
FevJan2015
DezNovOutSetAgoJulJunMaiAbrMarFevJan2014
Depois de registar o valor maisbaixo em Dezembro de 2014,a dívida voltou a subir este ano.
REGULARIZAÇÃO DE DÍVIDAS
Os hospitais receberam quase2,5 milhões para pagar dívidas.
Ano Milhões € Operação
2012 1.500 Injecção de capital
2013 432 Injecção de capital
2014 43,3 Perdão de dívida
2014 455,2 Injecção de capital
Total 2.430
Fonte: Ministério da Saúde/Diário Económico
de equilíbrio dos hospitais.Agora, perante os númerosmais recentes que dão conta deuma nova acumulação das dí-vidas, o Governo desdramati-za, garantindo que as dívidasvão voltar a descer em breve,quando a totalidade do capitalinjectado no final de 2014 che-gar efectivamente aos hospi-tais, explicou ao jornal “Públi-co” o secretário de Estado daSaúde, Manuel Teixeira, noinício de Março, quando con-frontado com os números daDGO. ■ C.D.
disponíveis para alocar à Saúde”,ou com que “percentagemqueremos dotar os medicamentos”ou a investigação, foram algunsdos pontos elencados peloministro, que na sua perspectivadevem ficar definidos.
● Correia de Campos diz que umacordo tem de ter por base três
pontos: acabar com a “sangria”no SNS; fazer a reforma internados hospitais e relançar unidadesde cuidados de saúde primários.
● Maria de Belém defende queum acordo de regime não deveabordar apenas o financiamento,nem ser exclusivo aos partidospolíticos e deve definir eixos
estruturantes, como prevenção,articulação de políticasintersectoriais.
● Para Luís Filipe Menezes, oEstado não deve continuar a sero único prestador decuidados/financiador/empregador. Um acordo deve envolver ossectores privado e social.
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D DESTAQUE DIA MUNDIAL DA SAÚDE
Crise não trava ‘boom’ nos privadosAna [email protected]
Em Portugal, os hospitais pri-vados tiveram um ‘boom’ en-tre 2002 e 2013, e cresceramem quase todos os indicado-res. E apesar da crise e das di-ficuldades financeiras, que sesentiram nos últimos anos, osportugueses continuaram arecorrer cada vez mais aoshospitais privados.
Estas são algumas das con-clusões do relatório de Estatís-ticas da Saúde divulgado peloINE, a propósito do Dia Mun-dial da Saúde que é hoje assi-nalado, onde se vê que, entre
2002 e 2013, abriram 13 hospi-tais privados no país, que onúmero de atendimentos nasurgências quase duplicou (au-mentou 94%) e que o númerode consultas externas mais doque triplicou.
Crescimento que, segundoos números, não abrandou du-rante o período em que a‘troika’ esteve em Portugal(2011 a 2013). Nesses doisanos, nos hospitais privados, onúmero de atendimentos nosserviços de urgência aumen-tou 13,2%. Também as consul-tas externas subiram 23% (de4,1 para 5,1 milhões) e o nú-mero de exames realizados
aumentou em mais de doismilhões, passando dos 9,6 mi-lhões para 11,7 milhões.
Já os hospitais públicos,continuam a dominar o sector,mas estão a perder terrenopara o sector privado. Entre2011 e 2013, houve menos 365mil atendimentos nos serviçosde urgência e foram realizadosmenos 2,6 milhões de exames.E apesar do número de con-sultas externas também teraumentado nos hospitais doServiço Nacional de Saúde(SNS), a subida foi inferior àregistada nos privados - au-mento 4,4% no público e 23%nos privados.
“Nestes últimos anos houveum ‘boom’ dos privados comum aumento do número dehospitais. Mas é um fenómenoque não se vai repetir indefeni-damente, até pelas restriçõesdo mercado”, prevê o ex-mi-nistro da Saúde, Correia deCampos, em declarações aoEconómico. Crescimento que,para o ex-ministro dos gover-nos de Sócrates e Guterres, re-sulta de vários factores: “Do in-vestimento de grandes gruposnacionais e internacionais nosector”, das “pesadíssimas res-trições no sector público”, queocorreram nos últimos quatroanos, e porque, “hoje, os hospi-
tais privados têm corpos clíni-cos de boa qualidade, o que nãoacontecia há alguns anos”.
Actualmente, em quase to-das as regiões do país há maishospitais privados do que pú-blicos. Cenário que não acon-tece apenas no Alentejo e naregião centro. (ver infografia)
Por outro lado, nas cidades ,a oferta de médicos privadosestá, cada vez mais, concen-trada em hospitais privados emdetrimentos dos tradicionaisconsultórios. “Nos hospitais háblocos de 100 gabinetes paraconsultas e os consultóriosprivados estão vazios”, salien-ta Correia de Campos. ■
Saúde Entre 2002 e 2013 abriram 13 hospitais privados e atendimentos nas urgências quase duplicaram.
Infografia: Susana Lopes | [email protected]
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A sustentabilidade do Serviço Nacionalde Saúde pode exigir um acordopolítico, mas o ministro Paulo Macedonão conseguiu esse consenso. Umaideia que volta ao debate no DiaMundial da Saúde. ➥ P4 A 6
Pacto políticopara a Saúdeé desafioda próximalegislatura
Paulo Alexandre Coelho
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SAÚDE| Redacção|
Um grupo de sete profissionaisdo Hospital de Braga está noQuénia, numa missão humanitá-ria de 10 dias, para prestar cui-dados de saúde à população na-quele país africano. Para amaioria destes profissionais desaúde, médicos e enfermeiros,trata-se da primeira missão vo-luntária internacional das suascarreiras.
Os profissionais do Hospital deBraga integram esta missão decarácter voluntário, da organiza-ção não-governamental (ONG)Kenya Relief, em Migori, umapequena vila no interior do Qué-nia.
O presidente desta ONG esteveno passado mês de Janeiro noHospital de Braga, onde divul-gou o projecto de voluntariadoque desenvolve há 10 anos noQuénia, e que leva, anualmente,para este território 20 equipasconstituídas por médicos, enfer-meiros e outros profissionais.
Os sete profissionais do Hospi-tal de Braga, quatro médicas etrês enfermeiros, partiram paraesta sua primeira missão huma-nitária motivados pelo espíritode ajuda ao próximo, numa re-gião com carência extrema decuidados de saúde.
Para António Costa, EuláliaPereira, Filipa Paulo, Joana Gui-marães, Margarida Fonseca eRita Magalhães, profissionais desaúde de diferentes especialida-des, a vontade de fazerem partede uma missão humanitária sur-giu há vários anos, mas só agora
se concretizou a oportunidade.No caso de Sara Ramalho, mé-
dica da especialidade de otorri-nolaringologia do Hospital deBraga, esta é já a segunda vezque integra uma das missões daorganização Kenya Relief, tendotambém participado noutros pro-jectos de voluntariado médicointernacional.
Sara Ramalho foi, na verdade,a impulsionadora desta viagemhumanitária junto dos colegasdo Hospital bracarense e relatoua realidade que a equipa encon-trou à chegada a Migori: “Fo-mos recebidos com muito entu-siasmo. Os sorrisos estampadosna cara da população reflectem aesperança com que nos espera-
vam. Tivemos oportunidade deconhecer um pouco da realidadedesta aldeia, que em muito dife-re da nossa vida e daquilo a queestamos habituados. As oportu-nidades existentes no Quéniasão incomparáveis com aquiloque vivemos em Portugal. A fal-ta de condições básicas é trans-versal e no campo da saúdeacentua-se dramaticamente essefosso. É aqui que estamos a tra-balhar para tentar atenuar estadiferença.”
Os sete profissionais do Hospi-tal regressam em breve à cidadede Braga para relatarem o quefoi o resto dos dias passados jun-to da população de Migori, noQuénia.
Sete profissionais do Hospitalem missão humanitária no QuéniaMÉDICOS E ENFERMEIROS do Hospital de Braga estão numa pequena aldeia do Quénia ao serviço daorganização humanitária Kenya Relief.
DR
Profissionais do Hospital de Braga em contacto com a população de Migori
“Tivemos oportunidade de conhecer a realidadedesta aldeia. As oportunidadesexistentes no Quénia sãoincomparáveis com aquiloque vivemos em Portugal. A falta de condições básicasé transversal e no campo da saúde acentua-sedramaticamente esse fosso. É aqui que estamos a trabalhar para tentaratenuar esta diferença.”
Sara Ramalho, médica
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A Ordem dos Médicos considera que
a actual legislação não está a impe-
dir que os médicos condenados por
pedofi lia deixem de trabalhar efecti-
vamente com crianças. A denúncia é
feita pelo Conselho Nacional de Ética
e Deontologia Médicas deste organis-
mo, que fez uma proposta no sentido
de garantir que o Estatuto Disciplinar
dos clínicos passe a permitir que seja
a própria ordem a suspendê-los pelo
período de 23 anos. Um dos elemen-
tos do conselho, a pediatra Heloísa
dos Santos, vai ser ouvido hoje na
Comissão de Educação, Ciência e
Cultura da Assembleia da Repúbli-
ca a propósito do polémico registo
de pedófi los também com o objecti-
vo de deixar contributos que evitem
situações deste género.
O coordenador do Conselho Nacio-
nal de Ética e Deontologia Médicas
(CNEDM), em declarações ao PÚBLI-
CO, explicou que o actual estatuto da
Ordem dos Médicos não separa o ti-
po de crimes e apenas admite quatro
possibilidades: advertência, censu-
ra, suspensão até cinco anos ou ex-
pulsão. Para Miguel Leão, nenhuma
destas possibilidades dá resposta ao
problema dos médicos pedófi los, até
porque a suspensão, além de vigorar
por um período demasiado curto, é
passível de recurso para os tribunais.
O clínico recorre a uma imagem para
ilustrar a capacidade da ordem: “A
sanção que podemos dar a alguém
que recebe uma torradeira da indús-
tria farmacêutica ou que é condena-
do por pedofi lia é a mesma”.
O médico dá como exemplo um
clínico dos Açores condenado por
pedofi lia e a exercer. “A Ordem na-
da pôde fazer porque o tribunal não
o inabilitou, porque entendeu que,
quando foi pedófi lo, não actuava co-
mo médico”. Mas quantos casos há
de facto? Miguel Leão assume que,
além dos Açores, só o de Ferreira
Diniz, no âmbito da Casa Pia, é do
conhecimento público, ainda que as-
suma mais casos “residuais” a sul.
O bastonário da Ordem dos Médi-
cos, José Manuel Silva, também cita
os mesmos dois e reconhece que o
assunto não está centralizado e que
não há propriamente uma lista. Mi-
Ordem quer garantir que médicos pedófilos não continuam a trabalhar com crianças
SaúdeRomana Borja-Santos
guel Leão acrescenta que o objectivo
é sobretudo suscitar o debate e evitar
que a actual legislação continue a ser
inefi caz ao dar este tipo de margem.
De todas as formas, à Ordem não
chegou nenhum pedido concreto
por parte das autoridades judiciais,
mas o CNEDM acordou pedir uma au-
diência informar à ministra da Justiça
Aliás, a proposta do CNEDM, a que
o PÚBLICO teve acesso, lembra que
Portugal subscreveu a Convenção do
Conselho da Europa para a Protecção
das Crianças contra a Exploração Se-
xual e os Abusos Sexuais, aprovada
em 2007 e conhecida como Conven-
ção de Lanzarote. A própria legisla-
ção nacional explicita que os pedófi -
los devem ser afastados de profi ssões
que envolvam “contacto regular com
menores”, mas na prática isso não é
garantido. “Esperar-se-ia, assim, que,
após condenação judicial por pedo-
fi lia, se procedesse de imediato ao
afastamento dos criminosos do exer-
cício de actividades profi ssionais que
implicassem contacto com crianças
por um período mínimo de 23 anos”,
diz o documento. O pedido de cadas-
tro criminal acaba por praticamente
só funcionar para novas contratações
e não para quem já está a trabalhar
nos hospitais, salienta Leão.
A ideia diz o médico, remeten-
do para a proposta interna, é que,
“com fundamento no princípio da
protecção dos doentes, da protecção
do próprio médico inabilitando e dos
valores fundamentais da Medicina,
como sejam a confi ança, a benefi cên-
cia, a não-malefi cência e a autode-
terminação”, a Ordem dos Médicos
passe a poder determinar que “um
médico comprovadamente pedófi lo
seja inabilitado especifi camente pa-
ra prestar assistência a menores”. A
revisão permitira que houvesse uma
suspensão específi ca de 23 anos para
quem cometeu crime de pedofi lia.
Conselho de Ética e Deontologia Médicas fez proposta para rever os estatutos e permitir que suspensão vá até aos 23 anos
À Ordem não chegou nenhum pedido das autoridades judiciais Página 25
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O QUE É O AUTISMO?| Marta Caldeira e Isabel Vilhena|
Afinal o que é o autismo? O jor-nal ‘Correio do Minho’ saiu àrua para perguntar aos bracaren-ses o que sabem sobre esta per-turbação, que, de uma maneirageral, falaram muito da questãodo ‘alheamento social’ destaspessoas - que é precisamenteuma das características maistransversais aos autistas.
Rosa Teixeira é assistente téc-nica e para ela o autismo refere--se “àqueles miúdos que vivempara eles próprios e num mundosó deles e que têm uma maneirade ser muito introvertida e quevivem num mundo só deles. Sãocrianças que não interagem comas outras pessoas”.
Salomé Macedo é colega deRosa, mas diz que sabe poucosobre esta problemática. “O pou-co que sei é que o autismo é queuma criança autista está fechadano seu próprio mundo. Na escolaonde trabalho há uma pessoaque tem um filho autista que jáfrequentou a escola e lembro-meque repetia muitas vezes as mes-mas coisas e que era nervoso.Tenho conhecimento de outromiúdo que também tem esta de-ficiência, mas que é totalmentediferente, pois está praticamentesempre calado”.
Para a professora e escritoraMaria do Céu Nogueira o autis-mo reporta-se a “todas aquelesjovens que não têm consciênciada realidade e têm um problemamental/psicológico que lhes im-
pede de ver a realidade tal comoela é e que, por isso mesmo, vi-vem assim num mundo comple-tamente à parte, mas onde, se ca-lhar, até são felizes”, disse,indicando que “é muito impor-tante que haja o Dia do Autismopara sensibilizar as pessoas parauma deficiência tão terrível eque afecta tantos jovens”.
Maria Marques é professoraaposentada e lembra-se bem dealguns dos sintomas de alunosautistas que havia na escola on-de leccionava. “Eu nunca tivealunos autistas, mas houve mui-tos casos na escola e era impres-sionante ver o seu comporta-
mento. São miúdos muito aére-os, não têm poder de concentra-ção e é imprevisível o comporta-mento deles”.
“Eu tenho a ideia que o autis-mo é um certo alheamento quese tem face àquilo que se passa àvolta e à realidade. Sei pouco so-bre este problema, mas sei quese os autistas forem devidamen-te acompanhados e tratados po-derão ter uma vida mais ou me-nos normal”, apontou AlexandraMeireles.
Todas estas abordagens que o‘Correio do Minho’ recolheujunto dos bracarenses coincidemmais ou menos com aquilo que
se passa. Mas a verdade é que,de alguma forma, as pessoas jácomeçam a saber um poucomais sobre o assunto e a ficarmais sensibilizadas para estaquestão.
Isso mesmo foi referido porEduardo Ribeiro, vice-presiden-de da AIA - Associação para aInclusão e Apoio ao Autista. “Defacto, o que acontece com todosnós depende sempre do nossointeresse e neste caso, como emtantos outros, só aprofundamoso conhecimento que temos sobreum determinado tema quandoele nos toca, directa ou indirec-tamente”.
O responsável advertiu, no en-tanto, que esta perturbação podeatingir uma em cada 150 pes-soas. “O autismo acaba por seruma relevante normalidade”.
Indo também de encontro àsdeclarações dos bracarenses so-bre o autismo, Eduardo Ribeiroexplicou que, na realidade, “oautismo na sociedade sofre devários estereótipos, sendo oalheamento social um dos maisreferidos, pois, de facto, esta é aárea mais afectada, mas issotambém está relacionado com ointeresse do autista, que acabapor se isolar ‘no seu mundo’ pornão encontrar características quelhe interessem no ‘nosso’”. “Éessa predisposição por interesseque muitas vezes dita um maiorou menor alheamento”, frisou.
O vice-presidente da AIA indi-ca, todavia, que o diagnóstico ea intervenção o mais multiface-tada possível são questões cru-ciais para melhorar vários dossintomas, que são diversos e dis-tintos de autista para autista.
“Quanto mais cedo for a detec-ção e quanto mais precoce e in-tensiva for a intervenção (comrecurso a várias terapias, desde aterapia da fala, ocupacional, psi-cológica e até com recurso a me-dicação capaz), melhor será tam-bém o prognóstico, pois melhoraalgumas das áreas mais afecta-das”, sublinhou Eduardo Ribei-ro.
Bracarenses mais informadossobre tema do autismoMAIS OU MENOS sensibilizados para a problemática do autismo, a verdade é que os bracarensesmostram um maior conhecimento sobre o tema. O “alheamento social” é a característica mais referida.
DR
Bracarenses mostram mais conhecimento sobre o autismo, embora se parta só para o aprofundamento do tema quando nos calha a nós
“Quanto mais cedo for adetecção e quanto maisprecoce e intensiva for aintervenção (com recurso avárias terapias, desde aterapia da fala, ocupacional,psicológica e até comrecurso a medicação capaz),melhor será também oprognóstico, pois melhoraalgumas das áreas maisafectadas”, sublinhouEduardo Ribeiro.
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BRAGA
População está maisinformada sobretema do autismoPág. 3
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O que devem os pais contar na Net quando um fi lho tem cancro?
Primeiro foram as dores, depois um
diagnóstico de cancro na cabeça,
ainda ele não tinha quatro anos. Se-
guiu-se um período de tratamentos.
As fotografi as dele dessa altura mos-
tram um menino pálido, magro, com
olheiras, sem cabelo. Algumas mos-
tram também as feridas provocadas
pela radioterapia. Estão todas guar-
dadas, essas fotografi as, numa cai-
xa. Outras, em formato digital, estão
numa pastinha no computador da
mãe. Ele é hoje um rapaz de 11 anos,
que há muito superou a doença, que
tem boas notas, muitos amigos. É um
“rapaz giro” e tem, desde logo, uma
imagem a preservar. Aquele menino
das fotos, com cancro, já não é ele.
Aquelas fotos não são para estar nos
álbuns. Não gosta de vê-las.
Quando o fi lho adoeceu, Cláudia
Marcos, professora no ensino su-
perior, tirava fotografi as dele, co-
mo todas as mães tiram fotografi as
aos fi lhos. Não o via assim, como o
vê agora quando olha para aquelas
imagens da caixa. “Agora olho e fi co
aterrorizada, mas na altura acho que
não tinha noção.” Era o fi lho dela,
não lhe parecia tão amarelo, nem tão
olheirento.
Não se falava a toda a hora de re-
des sociais na Internet, como hoje.
E Cláudia não tinha uma página de
Facebook, como tem actualmente —
é aliás bastante activa no Facebook.
Assim, a questão de partilhar foto-
grafi as do fi lho, quando tudo o que
estava a acontecer estava a aconte-
cer, nunca se colocou. Seja como for,
acha que não teria posto online aque-
las fotos dele doente. Pelo menos é a
convicção que tem hoje. Uma coisa é
certa para ela: o seu rapaz detestaria
que elas tivessem sido partilhadas.
Mas será que os pais pensam sem-
pre no que os fi lhos acharão um dia,
quando crescerem, sobre a história
que sobre eles foi contada? Esta é
uma das questões centrais no debate
que a Acreditar — Associação de Pais
e Amigos de Crianças com Cancro
está a promover sobre “as crianças
com cancro e a Internet”.
“Teremos de viver para sempre
com aquilo que colocamos na Inter-
net. Apesar de existirem defi nições
de privacidade, o controlo sobre a
informação é impossível: assim que
publicamos, perdemos irremedia-
velmente mão sobre esse conteú-
do. Esta constatação incontornável
obriga-nos a pensar se, como pais/
educadores, teremos o direito de es-
crever publicamente a tinta inapagá-
vel a história dos nossos fi lhos, a sua
vida e as suas circunstâncias, os seus
momentos de maior vulnerabilida-
de”, lê-se nas conclusões do primeiro
encontro sobre o tema, que reuniu
no mês passado pais, profi ssionais de
saúde e educação e investigadores,
no Instituto Português de Oncologia
(IPO) de Lisboa. O debate foi organi-
zado pela Acreditar.
A certa altura, uma participante
pediu a palavra: “Eu sou a Madalena,
tive um cancro quando tinha 10 anos.
Há 30 que estou bem. Odiaria que
alguma imagem minha dessa altura
estivesse disponível na Internet.”
Um médico do IPO questio-
nou: “Vivemos numa socieda-
de supercompetitiva. Daqui a 20
anos, que utilidade terá, em ter-
mos de acesso ao trabalho, saber-
se que esta criança teve cancro?”
Mas o tema é delicado. Em todo
o mundo, há cada vez mais blogues
e páginas onde os pais relatam, por
vezes quase diariamente, o percurso
dos fi lhos — estejam eles saudáveis ou
doentes (por vezes muito doentes).
Colocam fotos — nuns dias, os me-
ninos chorosos, sem cabelo, a fazer
tratamentos, deitados em camas de
hospital; noutros dias sorridentes,
no campo, a colher fl ores; ou na
cozinha, de pijama, ao pequeno-
almoço...
Apelos e esperançaNuns casos, as famílias alimentam es-
sas páginas porque precisam de do-
nativos para custear um tratamento
alternativo, caro, por vezes longe de
casa, no qual depositam esperança —
as redes sociais são uma boa forma
de apelar à generosidade das pesso-
as, que reagem a imagens comoven-
tes. São as “páginas-apelo”.
Noutros casos, há tão-só um desejo
de partilhar a luta da família. “Quan-
do estão a partilhar o dia-a-dia dos
Pedidos de ajuda. Ou apenas diários a contar a luta dos fi lhos com cancro. A associação Acreditar está a promover uma refl exão sobre o papel da Internet. Será que, quando crescerem, as crianças vão gostar de ver o que sobre elas foi revelado?
InternetAndreia Sanches
seus fi lhos em processo de doença,
recebem centenas, milhares de gos-
tos, de comentários, de partilhas. As
pessoas sentem-se apoiadas, acari-
nhadas, acompanhadas. Pode ser
um colo falso, mas é um colo”, diz
Cláudia Marcos, que também traba-
lha como voluntária na Acreditar.
Por vezes, partilhar a história na
Internet é também uma forma de
procurar outros pais que, tendo
passado pelo mesmo, podem ter
sugestões preciosas, uma cura até,
quem sabe? Às vezes, este desejo
transforma-se num factor acrescido
de stress. Uma das mães presentes
no debate no IPO relatou como era
bombardeada com mensagens de
pessoas a propor tratamentos alter-
nativos para o seu fi lho. “Sentia-me
pressionada. Depois, expliquei que
não tinha meios económicos para ir
para o estrangeiro.” Esse stress de ser
“bombardeado” com informação (e
desinformação, como fez questão de
notar a chefe do Serviço de Pediatria
do IPO, Filomena Pereira) é o reverso
da medalha de quem procura confor-
to nas redes sociais.
De resto, vários pais sublinharam
a necessidade de instituições como
o IPO ou a Direcção-Geral de Saúde
criarem um espaço na Internet “on-
de se assinale quais os canais de in-
formação que são seguros e quais os
que não são comprovados”, porque é
na Internet que as pessoas procuram
aceder a informações sobre a doen-
ça. Mas essa é outra questão. O de-
bate que a Acreditar quer promover
é, essencialmente, sobre a criança e
os seus direitos. Os direitos de todas
as crianças e, em especial, das que
têm cancro — o centro do trabalho
da associação.
Não há respostas fechadas. “As
crianças com cancro estão a ser cada
vez mais expostas na televisão, nas
redes sociais. E o que por vezes nos
chama a atenção não é tanto o que é
exposto, não é o ‘Oh, foram longe de
mais nas fotografi as que mostraram!’
Não é isso. É: ‘Será que tiveram no-
ção de que expuseram? Que houve
uma refl exão? Ou fi zeram só porque
outros fazem, porque é moderno?
Será que isto foi conversado com os
fi lhos, que os fi lhos aceitaram, que
foi uma decisão conjunta?”, diz Patrí-
cia Pinto, coordenadora do Projecto
Arco-Íris (um programa de cuidados
paliativos pediátricos em contexto
domiciliário) na Acreditar.
A “princesa Nonô”“O que se trata aqui é uma vonta-
de de nós, associação, com os pais,
pensarmos juntos” na relação que
temos com a Internet, diz Patrícia
Pinto. “Porque, por vezes, pode não
ser tão inócuo assim. Não é dizer que
tudo é mau, porque não é.”
Vanessa Afonso, mãe de Leonor,
uma criança que passou a ser uma
das caras mais emblemáticas na luta
contra o cancro, sabe bem a força
das redes sociais — e, no seu caso,
o balanço que faz é muito positivo.
“Eu sou a Madalena, tive um cancro quando tinha 10 anos. Há 30 que estou bem. Odiaria que alguma imagem minha dessa altura estivesse disponível na Internet”
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A página no Facebook chamada Os
Aprendizes da Nonô foi criada em Ju-
nho de 2013, depois de ser diagnosti-
cado a Leonor, de 4 anos, um tumor
de Wilms bilateral.
“Começou por ser uma forma de
partilhar com as pessoas amigas o
que se estava a passar”, conta Va-
nessa Afonso, a mãe da menina que
fi cou conhecida como “princesa cor-
de-rosa” e que morreu em Setembro
de 2014. “Eu era bombardeada com
chamadas e mensagens, das pessoas
mais próximas, que amavam a Leo-
nor e queriam saber como estavam
a correr as coisas com ela... para
não ter de responder de volta a to-
das, criei uma página onde punha a
família e os amigos a par do que ia
Na casa da Acreditar em Lisboa podem viver até 12 famílias, cujos filhos estão a receber tratamentos no IPO
MIGUEL MANSO
acontecendo. Eram umas 50 pesso-
as, não tinha de repetir 50 vezes.”
Quando percebeu que, para avan-
çar com o tratamento que desejava
para a fi lha, na Alemanha, precisaria
de, pelo menos, 50 mil euros, a pági-
na foi partilhada por mais pessoas,
continua. Os familiares partilharam
com amigos. Os amigos com outros
amigos. Para quem quisesse ajudar,
estava lá um NIB. Esses, e quem es-
tivesse apenas interessado em seguir
a luta da “princesa Leonor” contra
o cancro, tinham à sua disposição
inúmeros posts. Vanessa Afonso ia
mostrando e contando, em fotos e
vídeos, a história da doença da fi lha
— os tratamentos no IPO, a perda de
cabelo, Leonor a cantar na sala lá
de casa, Leonor a dançar, Leonor a
agradecer “aos amiguinhos do Face-
book”, Leonor a correr e a brincar
na praia, feliz.
A página passou de 50 para quase
190 mil seguidores. Vanessa Afonso
acabou por criar uma associação
de apoio a famílias de crianças com
cancro. “Não apelava às pessoas que
tivessem pena da minha fi lha, mas
precisava de ajuda e criei uma espé-
cie de história de encantar: Leonor,
a princesa, a magia cor-de-rosa... e
isso contagiou as pessoas. A moral da
história era esta: é possível ser feliz
na tormenta, era o que queríamos
dizer”, conta. E a comunicativa Le-
onor adorava.
Nesse espírito, diz que não parti-
lhava fotografi as ou vídeos em que a
fi lha parecesse mais vulnerável. Só
uma vez publicou uma imagem que
o resto da família criticou: Leonor,
depois de uma cirurgia, no hospital,
ligada a vários fi os. “Mas estava com
um sorriso e o objectivo era mostrar
a outros pais que estivessem a pas-
sar pelo mesmo: ‘Já passou, correu
bem e ela está com um sorriso...’ De
resto, para mim, expor a debilidade
das crianças é errado.”
Mas o que é expor demasiado? E
no caso das páginas-apelo, quais são
os limites? “O que é que nós não fa-
ríamos para salvar as vidas dos nos-
sos fi lhos? Às vezes atravessamos
fronteiras que, de fora, acharíamos
que não iríamos nunca atravessar”,
admite Patrícia Pinto. “Mas mesmo
tornando, por necessidade, pública
— e vastamente pública — a situação
de doença das crianças, também há
maneiras de o fazer e é esse equilí-
brio que nós, como associação, gos-
taríamos de, em conjunto com as
famílias, encontrar, sensibilizando
para isto.”
Gosto, não gostoLídia Marôpo é professora do Poli-
técnico de Setúbal e investigadora
do Cesnova — Universidade Nova
de Lisboa. Foi uma das convidadas
da Acreditar para o debate no IPO.
Explicou que hoje as crianças e os
adolescentes estão nas redes sociais,
têm as suas páginas no Facebook, a
Internet faz parte natural e incontor-
nável do seu mundo e da construção
da sua identidade. A grande preocu-
pação delas e deles é, mais do que as
questões segurança, esta questão:
“Como é que eu sou visto pelos meus
amigos e pelos meus colegas?”
As crianças com cancro não são
diferentes. “Dizem que não querem
representações de crianças como
vítimas, que não querem exibição
de detalhes dolorosos sobre o seu
tratamento. Querem oportunida-
des para serem um bom exemplo
de coragem, não se importam de
aparecer depois de ultrapassado o
pior. Valorizam o outro lado da vida
dos jovens com cancro — os sonhos,
actividades e planos para o futuro.
Querem ser representados na sua es-
pontaneidade e alegria, realçando
sobretudo a força que têm dentro.
Querem que seja imprescindível o
seu consentimento”, contou a pro-
fessora, com base nas conclusões de
uma investigação que co-orientou
na Universidade Federal do Ceará (A
percepção de adolescentes com câncer
sobre suas representações na cobertu-
ra jornalística, trabalho de conclusão
da graduação em Comunicação So-
cial de Raiana Soraia de Carvalho).
Patrícia Pinto vê estas ideias verba-
lizadas por muitas das crianças com
as quais lida. De resto, a associação
nunca usou imagens de crianças para
se promover.
Era uma vez um rapazRecentemente, numa das consultas
de controlo no IPO, o fi lho de Cláudia
Matos foi abordado pela médica dele.
Gostaria de dar uma entrevista? “Ele
fi cou muito contente”, conta. “Por-
que tem um bocadinho de vaidade,
é um rapaz giro. Mas também por
poder falar do que se tinha passado
com ele. Aliás, acho que, mais do
que falar do que tinha passado, por
poder dizer como é que está agora.
Acho que isso foi a parte de que ele
mais gostou. De dizer que está bem,
que tem muitos amigos, que tem uma
vida normal.”
O fi lho deu então a entrevista, com
um discurso “crescido”, que não o
confrangerá daqui a uns anos, subli-
nha Cláudia. “Se ele ainda estivesse
doente, eu não teria concordado.”
Concorda com aquela parte do de-
bate a que assistiu no IPO, em que Lí-
dia Marôpo falava da importância de
explicar desde cedo às crianças (que
por vezes se sentem pressionadas a
partilhar detalhes privados nas suas
páginas porque é isso que mantém
o interesse que os amigos têm nelas)
que um dia terão de lidar com o que
tornaram público.
Mas há outras histórias de expo-
sição com um desfecho diferente.
Patrícia Pinto conta uma: um ado-
lescente chegou ao fi m dos tratamen-
tos no IPO; iria regressar à sua terra,
uma terra pequena, onde todos se
conhecem; na véspera, um jornal
local publicou a história da doença
dele. Alguém passara a informação
sobre aquele caso de luta contra o
cancro, seguramente com boas in-
tenções. Mas o rapaz fi cou devasta-
do. Durante algum tempo, recusou
voltar para casa.
O seu “direito de querer esquecer”
e “de ser esquecido”, de que tanto se
falou no IPO (“de não fi carem para
sempre publicamente registados as-
pectos do seu passado”) não foi res-
peitado. Não prevaleceu “a ideia do
superior interesse da criança” nem o
direito que a criança tem ao “consen-
timento informado” da divulgação
da sua história, nem o “bom senso”.
Tudo o que, afi nal, segundo os vários
intervenientes no debate do IPO, de-
ve existir quando se fala de crianças e
Internet. “Os fi lhos dizem-nos que a
sua história é deles, não dos pais.”
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Pedidos de ajuda. Ou apenas diários a contar a luta dos fi lhos com cancro. A associação Acreditar está a promover uma refl exão sobre o papel da Net p8/9
Filhos com cancro: o que devem os pais contar na Internet?
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A artroplastia total da anca representa um dos maiores avançosda Ortopedia Moderna, sendo um dos procedimentos mais segurose efetivos. Oferece um alívio das queixas álgicas e permite umamelhoria funcional significativa.
Cerca de 2/3 destes procedimentos são realizados em pacientescom mais de 65 anos, mas cada vez mais doentes jovens são sub-metidos a esta cirurgia com a consequente maior exigência em ter-mos funcionais, possibilitando maior amplitude articular, restau-ração biomecânica e maior conservação do capital ósseo.
A reabilitação numa artroplastia total da anca deve iniciar-se pre-cocemente com o objetivo de diminuir as complicações pós-opera-tórias, diminuir a dor e incapacidade, aumentar a amplitude articu-lar, a força muscular e melhorar a qualidade de vida.
O levante deve iniciar-se às 24 horas após a cirurgia e o doentedeve iniciar a recuperação funcional em fisioterapia durante o in-ternamento com auxiliares de marcha e carga até 20kgs do mem-bro operado e treino para subir e descer escadas durante o interna-mento.
Após a alta hospitalar, que ocorre habitualmente entre o 4.º e o10.º dia (em média ao 6.º dia), o doente deve manter apoio fisiátri-co com o objetivo de reforçar a musculatura, aumentar progressi-vamente o arco de mobilidade e o incremento da carga com cana-dianas, com desmame progressivo das mesmas.
Aos dois meses de pós-operatório o paciente retoma os hábitosnormais de vida com carga total, posição indiferente no leito edeve manter atividade física com reforço muscular em piscinae/ou ginásio devendo manter um exercício regular que possibiliteum retorno à condição física prévia à situação clinica que determi-nou as queixas do paciente e o levou à artroplastia, bem como oretorno à atividade laboral.
Esperamos ter contribuído para desmistificar a ideia de que a ar-troplastia total da anca apenas deve ser realizada em doentes jáidosos que não se conseguem mobilizar.
Apenas um conselho:Motive-se… Recupere qualidade de vida… ARTICULE-SE…Nota: Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia e a
Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicosacabam de lançar, em Portugal, a campanha “Vida é Movimento”com o mote “Articule-se”, que visa aumentar o conhecimento so-bre as doenças ortopédicas que afetam ossos e articulações e quesão a maior fonte de dor e incapacidade em todo o mundo. Estacampanha tem também como objetivos desmistificar o tratamentocirúrgico das doenças ortopédicas e a colocação de próteses, e cla-rificar os mitos ainda existentes sobre a qualidade de vida das pes-soas portadores destes dispositivos médicos.
* Ortopedista, membro da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia
MOTIVE-SE…RECUPERE QUALIDADE DE VIDA…ARTICULE-SE…
VOZ À SAÚDE | DIMAS DE OLIVEIRA*
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