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07 - Lei Penal no Espaço

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DIREITO PENAL IFaculdade Dinâmica - 3º PeríodoAssunto: Limites de validade da Lei Penal

Lei penal no espaço

1- Noções preliminares

A Lei Penal, em virtude da soberania de cada Estado, possui vigência em todo território nacional. Contudo, há casos em que ela pode ultrapassar os limites territoriais de um país, considerando, sobretudo, a necessidade de cooperação internacional no combate à criminalidade.

2 – Territorialidade e Noção de Território

No Dir. Penal brasileiro vigora o princípio da Territorialidade, que determina que a lei penal brasileira é aplicada em território brasileiro, como regra.

O princípio da territorialidade comporta exceções (territorialidade temperada ou mitigada), na medida em que permite a aplicação de regras baseadas em tratados e convenções internacionais, aos quais o Brasil tenha aderido (art. 5ºCP).

O território é um dos elementos do Estado. Compreende o âmbito espacial de vigência da soberania estatal.

Art. 5º CP Solo (e subsolo) Águas interiores, mar territorial (e plataforma continental) Espaço aéreo

Território por extensão: art. 5º, §§ 1º e 2º

AERONAVES E EMBARCAÇÕES APLICAÇÃO DA LEI BRASILEIRA

Públicas ou a serviço do governo brasileiro

Em território nacional, estrangeiro ou alto-mar

Mercantes ou particulares brasileiras

Em território nacional e em alto-mar

Estrangeiras Apenas às particulares em território nacional

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3 – Lugar do crime – art. 6º CP

Teoria da Atividade – lugar do crime é q pune o cumpre

Teoria do Resultado – lugar do resultado do crime é q pune

Teoria da Intenção – onde o sujeito teria a intenção de q o crime se consumasse.

Teoria Mista ou Teoria da Ubiqüidade – tanto faz (utilizada no Brasil)

LU/TA – ESPAÇO (Lei da Ubiquidade – art.6º)/TEMPO (Teoria da Atividade – art.4º)

4 – Extraterritorialidade

A extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei brasileira fora dos limites do território nacional. É informada por princípios que excepcionam o princípio da territorialidade.

Espécies:o Incondicionada – art. 7, I, e § 1º CP – a lei brasileira se aplica,

independente de qualquer condição.

o Condicionada - art. 7, II e §§ 2º e 3º CP – para a aplicação da lei brasileira, é necessário que as condições dos parágrafos 2º e 3º estejam presentes.

PRINCÍPIO CONTEÚDO APLICAÇÃOPrincípio da Territorialidade

Aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados no território nacional.

Regra geral – art. 5º, caput, CP

Princípio da Nacionalidade (ou personalidade)

É aplicável a lei penal da nacionalidade do agente (nacionalidade ativa) ou da vítima (nacionalidade passiva), não importando o lugar do crime.

Art. 7º, I, d e II b (nacionalidade ativa)Art. 7º, § 3º (nacionalidade passiva)

Princípio da Proteção ou Defesa

Permite a aplicação da lei penal pátria fora dos limites nacionais, tendo-se em vista o bem jurídico lesado.

Art. 7º I, alíneas a até c e § 3º CP

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Princípio da Universalidade (ou Justiça Universal ou Cosmopolita)

O agente é punido segundo as leis do país onde for detido. Princípio voltado à cooperação penal internacional

Art. 7, II a CP

Princípio da Representação (Princípio da Bandeira)

Leva em conta a nacionalidade do meio de transporte onde eventualmente tenha ocorrido o crime

Art. 7, II c do CP

5 – Extradição

Ocorre quando um Estado entrega um delinqüente a outro Estado, competente para julgá-lo ou executar punição já imposta.

Regramento: Lei 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro Art. LI da CF 88 – brasileiro não será extraditado em nenhuma hipótese Competência para admitir a extradição: Supremo Tribunal Federal (art.

102, I, CF 88, e art. 83 do Estatuto do Estrangeiro)

6 – Pena cumprida no estrangeiro – art. 8º

A pena cumprida no estrangeiro gerará efeitos nos Brasil, quando o agente for punido em solo brasileiro pelo mesmo crime.

Em caso de penas idênticas (duas penas privativas de liberdade, por exemplo), a pena cumprida no exterior será computada na pena a ser cumprida no Brasil

Em caso de penas diversas (privativa de liberdade e restritiva de direitos, por exemplo) a pena cumprida no exterior atuará como atenuante da pena aqui no Brasil.

7 – Eficácia da sentença estrangeira – art. 9º

Para produzir efeitos no Brasil, a sentença estrangeira precisa ser homologada pelo STJ (art. 105, I, i, CF e arts. 787 a 790 CPP).

A sentença penal estrangeira só será homologada no Brasil quando a aplicação da lei brasileira produzir, na espécie, as mesmas conseqüências. (ex.: no Brasil não será homologada sentença que imponha as penas proibidas pela CF)

Efeitos para os quais a homologação é necessária:

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o Reparação dos danos cíveiso Imposição de medida de segurança

Efeitos que não necessitam de homologação (a sentença estrangeira é considerada como “fato jurídico”): servir de pressuposto da extraterritorialidade condicionada (art. 7º, II, §2º, d e e, CP), gerar reincidência e maus antecedentes, impedir a suspensão condicional da pena, prorrogar o prazo para a concessão de livramento condicional.

Lei penal em relação às pessoas

1 – Imunidades

a) Imunidades diplomáticas Convenções de Viena (1961 sobre relações diplomáticas, e 1963

sobre relações consulares)

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Abrangência: diplomatas de carreira, membros do quadro técnico e administrativo da sede diplomática (recrutados no país de origem), familiares do diplomata de carreira (não abrange os empregados particulares dos diplomatas)

Características gerais: confere inviolabilidade pessoal (impossibilidade de prisão ou detenção, etc.), independência (ação livre no que diz respeito ao exercício da função) isenção de jurisdição penal, civil e tributária (com exceções), inviolabilidade de habitação, dever de cumprimento das leis do país onde exerce as funções.

b) Imunidade Parlamentar

Imunidade material (inviolabilidade – art. 27, § 1º, art. 29, VIII e art. 53 da CF 88)

Imunidade formal (processual, art. 53, § 1º e seguintes CF/88)

c) Outra imunidades Deputados estaduais: mesmas imunidades dos federais. Podem

ser processados sem necessidade de autorização da Assembléia, mas a mesma pode, através de voto da maioria de seus membros, sustar o andamento do processo.

Vereadores: só possuem imunidade material, desde que no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Tem direito a prisão especial (art. 295, II, CPP)

Advogados: inviolabilidade profissional, sobre seus atos e palavras no exercício da profissão, e restrições à prisão (art. 133 CF/88 e art. 7º, Lei 8.906/94).

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Disposições Gerais

1 – Contagem de prazos – arts. 10 e 11

Regra: Inclui-se o dia do início e exclui-se o dia do fim. Não há prorrogação, nem suspensão ou interrupção. Aplica-se esta regra a todos os prazos penais de natureza material.

Se o mesmo prazo estiver previsto em dois diplomas diferentes (ex. decadência, prevista no CP e CPP), conta-se de forma mais favorável ao acusado.

Conta-se o prazo de um certo dia do mês à véspera do dia idêntico do mês seguinte, sem preocupação com meses de 30 ou 31 dias, anos bissextos ou feriados.

Frações não computáveis: na fixação da pena, desprezam-se as frações de dia (horas) e as frações da moeda vigente (centavos).

2 – Aplicação das regras gerais na legislação especial

As regras gerais do CP aplicam-se à leis penais especiais, se nelas não houver disposição expressa em contrário.

É bom lembrar que também existem regras gerais na parte especial do CP