71
1 ADRIANA MARIA VILLELA DAVINI O relacionamento social via Facebook como alavancador de colaboração em causas especificas de uma ONG. São Paulo 2011

1 ADRIANA MARIA VILLELA DAVINI - grupo-ecausp.com · 5 RESUMO DAVINI, Adriana Maria Villela Davini. O relacionamento social via Facebook como alavancador de colaboração em causas

  • Upload
    ngodien

  • View
    230

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

ADRIANA MARIA VILLELA DAVINI

O relacionamento social via Facebook como alavancador de colaboração em causas

especificas de uma ONG.

São Paulo

2011

2

ADRIANA MARIA VILLELA DAVINI

O relacionamento social via Facebook como alavancador de colaboração em causas

especificas de uma ONG.

Monografia apresentada a

Escola de Comunicação e Artes da

Universidade de São Paulo para

obtenção de título de

Especialização Lato Sensu do

Curso de Gestão Integrada da

Comunicação Digital para

Ambientes Corporativos.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Bairon

São Paulo

2011

3

 

 

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho,  

por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa,  

desde que citada a fonte. 

 

4

Nome: DAVINI, Adriana Maria Villela

Título: O relacionamento social via Facebook como alavancador de colaboração em

causas especificas de uma ONG.

Monografia apresentada a

Universidade de São Paulo para

obtenção de título de

Especialização Lato Sensu do

Curso de Gestão Integrada da

Comunicação Digital para

Ambientes Corporativos.

Aprovado em : 24/08/2011

Banca examinadora

Prof. Dr. Rogério Cardoso dos Santos

Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Prof. Ms. André de Abreu.

Instituição : Universidade de São Paulo

Prof. Dr Sergio Bairon

Instituição : Universidade de São Paulo

5

RESUMO

DAVINI, Adriana Maria Villela Davini. O relacionamento social via Facebook como

alavancador de colaboração em causas especificas de uma ONG. 2011. Monografia,

Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

Este trabalho tem como objetivo analisar a influência que o relacionamento social via

Facebook pode ter para alavancar de colaboração em causas especificas de uma ONG.

Para isso selecionamos um objeto de estudo, uma ONG chamada AUG – Adote um

Gatinho e definimos duas causas específicas desse objeto, para as quais a página do

Facebook poderia contribuir: adoção de gatos e recebimento de contribuições financeiras.

Definido isso, passamos a obeservar e analisar tanto os conteúdos compartilhados na

página da ONG no Facebook, quanto o comportamento de seus fans que interagem com a

página diariamente. Também desenvolvemos pesquisas com as pessoas que contribuem

com a ONG e com as pessoas que adotam os gatos da ONG. O resultado obtido foi a

constatação que a página do Facebook não está colaborando para alavancar nem

contribuições nem adoções, porém tem um imenso potencial para isso que ainda não está

sendo aproveitado em função de vários fatores analisados. Concluímos que existem

ajustes a serem feitos e muitos outros estudos a serem desenvolvidos para usar o

potencial imenso detectado nesse estudo.

Palavras-chave: ONG, Facebook.

6

ABSTRACT

Davini, Adriana Maria Villela Davini. Social networking via Facebook as a collaboration

leveraging specific causes of an NGO. 2011. Monograph, School of Communication and

Arts, University of São Paulo, São Paulo, 2011.

This work aims to analyze the influence that social networking via Facebook may have to

leverage collaboration specific causes of an NGO.

We chose an object of study, an NGO called AUG - Adopt a Kitten and define two

specific causes that object to which the Facebook page might help: cat adoptions and

receiving financial contributions. Defined it, we began to analyze both obeservar and

shared content on the Facebook page of the NGO, as the behavior of their fans that

interact with the page daily. We have also developed research with people who contribute

to the NGOs and people who adopt cats from the NGO. The result was the finding that

the Facebook page is not working to leverage contributions or even adoption, but has a

huge potential for this still is not being realized due to several factors. We conclude that

there are adjustments to be made and many other studies to be developed to use the

immense potential detected in this study.

Keywords: NGOs, Facebook.

7

SUMÁRIO

I. Introdução ................................................................................................................. 8

II. Contexto, teorias e hipóteses .................................................................................. 11

III. Potencialidades ....................................................................................................... 17

IV. O objeto .................................................................................................................. 22

V. Análise dos dados ................................................................................................... 33

VI. Consideração final .................................................................................................. 41

VII. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 47

VIII. Anexos .................................................................................................................... 48

8

I - Introdução

“Os sentimentos parecem o habitat natural de tudo que é totalmente privado e individual”

(BAUMANN, 2009, p. 28)

Frequentando diariamente o maior fenômeno da atualidade em redes sociais, o Facebook,

fomos despertados por um sentimento particular que mobilizou a vontade de desenvolver

esse estudo e norteou o tempo todo a sua elaboração. O sentimento de inquietação.

Inquietação ao considerar que temos o Facebook como um instrumento muito potente

para usar em prol a várias causas comuns a diversos grupos de pessoas que se unem e se

interligam por aproximações conceituais e interesses semelhantes, mas que não estamos

usando em quase nada seu potencial por ainda estarmos testando, aprendendo, sentindo e,

mais ainda, nos seduzindo e nos encantando com seus meandres e suas possibilidades,

nos portando ainda como crianças descobrindo com o brinquedo, o alcance da

brincadeira.

Este estudo se propõe a analisar o quanto as pessoas estão realmente se interligando e se

conectando para efetivamente fazer alguma diferença. Estão colaborando com alguma

causa em que acreditam e se dedicam? O que estão produzindo essas pessoas interligadas,

interconectadas? O que está sendo feito efetivamente? Está sendo usado esse poder

potencializador das redes sociais em benefício de alguma causa ou apenas como “social”?

Fomentados por essa inquietação, estruturamos o estudo em capítulos diferentes que se

completam em sequência.

O capítulo II , mais conceitual, tem como objetivos contextualizar o sentimento de

9

inquietação no cenário atual em que a comunicação se encontra, apresentar as idéias

teóricas nas quais nos baseamos para fundamentar esse estudo e tecer uma hipótese que

surge a partir da teoria mas também pela intuição que surgiu em função desse sentimento.

Intuição típica de quem vive numa época de pós-modernidade que, segundo BAUMANN

(2009), significa viver numa série de fins sem um fim. É uma ciranda de coisas que

começam e terminam e começam e terminam, sem ter um propósito, apenas a certeza de

que precisa começar, nasce de um desejo, se concretiza e termina realizando o desejo que

por sua vez abre novas brechas para mais um continuar o ciclo sem fim. Na eterna busca

por nos reinventarmos em nome do novo, estamos fadados a viver uma certa

desorientação, tendo que estar imunes a vertigem e adaptados ao estado de tontura, pois

nunca temos totalmente definidos nada. Somos tolerantes a falta de itinerário e direção e

à duração indefinida de nossos caminhos.

O capítulo III faz a observação e a constatação das potencialidades percebidas

inicialmente pelo sentimento da inquietação e pela intuição, agora embasadas com idéias

teóricas e análises feitas a partir do material selecionado. Este capítulo desenvolve a linha

de pensamento despertada no capítulo anterior chegando até o vislumbre das latentes

possibilidades que ali são sugeridas.

O capítulo IV apresenta o objeto estudado. Um objeto simples, específico, chegando a ser

quase singelo em sua simplicidade e, por isso mesmo, foi selecionado. Por sua não-

complexidade e a transparência de interesses das pessoas que o utilizam, esse objeto foi

escolhido por possibilitar a inexistência de camadas de véus e filtros de interpretação nas

análises de nosso estudo.

10

Por meio de um objeto simples que tem as características de linguagem presentes nos

objetos mais complexos podemos analisar o que nos propomos sem as distrações e os

ruídos que não são interessantes ou úteis para esse estudo.

Neste capítulo IV, estabelecemos os objetivos que queremos obter bem como os métodos

e os critérios para atingí-los.

A partir da apresentação e do estudo do objeto, e também dos dados colhidos, foi feita a

análise das informações obtidas. Esse é o conteúdo do capítulo V. Através da observação

dos dados e, em função das idéias teóricas apresentadas propomos algumas reflexões e

ações para atender mais diretamente aos interesses do objeto.

No capítulo VI, apresentamos nossas considerações finais, que nos levam a pensar nos

efeitos da instabilidade e da inconstância em nossa vida pós-moderna. Se na pós

modernidade, a instabilidade e a inconstância são imperativos, a inquietude também é. E

ainda, de acordo com BAUMANN (2001), temos, o tempo todo, de deixarmos de ser o

que somos e nos tornarmos aquilo o que ainda não somos. Somos ligados, ligeiramente, a

qualquer coisa que nos apresente. Nos apegamos a ela e a deixamos ir embora, se

desvanecerem. Deixamos que elas se vão. Velocidade, e não duração, é o que importa.

11

II - Contexto, teorias e hipóteses

Estamos vivendo, cada dia mais, em uma sociedade que se relaciona em tramas, fios,

redes e conexões. Vivemos num emaranhado de relacionamentos. As possibilidades de

conexão são infinitas e a sensação é de que não damos conta.

(Cassio Vasconcellos – São Paulo, 2007)

A informação nunca esteve tão acessível. De acordo com JENKINS (2009), estamos na

cultura da convergência , onde as velhas e as novas mídias colidem, onde o poder do

produtor de mídia e o poder do consumidor interagem.

A cultura da convergência é um fenômeno que está revolucionando o modo de se encarar

a produção de conteúdo em todo o mundo. Segundo JENKINS (2009, pg.44), “a

convergência envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na forma de

consumir os meios de comunicação.”

12

Com a comunicação em rede, a forma de poder social se dá pela reorganização e pela

intertextualização da informação em si, e não mais pela capacidade de gerar quantidade

ou qualidade de informação.

Os consumidores são agentes criativos que ajudam a definir como o conteúdo midiático

deve ser usado e, até, dão forma ao próprio conteúdo. A convergência midiática tende a

expandir essa possibilidade de participação porque permite maior acesso à produção e à

circulação da cultura.

Segundo JENKINS (2009, pg 29), “a circulação de conteúdos – por meio de diferentes

sistemas de mídia, sistemas administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais

– depende fortemente da participação ativa dos consumidores”.

Independente de quem produzir o conteúdo, esse terá seu poder pela forma com que a

informação foi reorganizada e intertextualizada. Com a hipermídia o consumidor é parte

poderosa do desenvolvimento e manipulação do conteúdo.

O poder do consumidor agora é muito grande tanto como produtor, como disseminador

de conteúdo. Isso vamos verificar ao analisarmos os dados da pesquisa de comentários de

usuários no capítulo V.

Ou seja, o consumidor tem opção de opinar, mudar, sugerir, provocar e participar. Seu

tempo e sua atenção se tornaram valiosos e disputados. Agora é o usuário quem escolhe

a qual informação quer ter acesso, onde quer encontrá-la , em que hora do dia e quanto

tempo pretende dedicar-se a ela. Muito está disponível. Segundo JENKINS (2009, pg.45)

a convergência também ocorre quando as pessoas assumem o controle das mídias.

A facilidade do uso das ferramentas faz com que qualquer um possa criar, inventar,

disponibilizar idéias e projetos, criando vínculos sociais como diz CASTELLS

13

(2010,p.446): “Os vínculos cibernéticos oferecem a oportunidade de vínculos sociais para

pessoas que, caso contrário, viveriam vidas sociais mais limitadas, pois seus vínculos

estão cada vez mais especialmente dispersos.”

E, ainda, de acordo com CASTELLS (2010,p.445):

As comunidades virtuais não seguem os mesmos modelos de comunicação e interação

das comunidades físicas. Porém não são “irreais”, funcionam em um outro plano da

realidade. São redes sociais interpessoais, em sua maioria baseadas em laços fracos,

diversificadíssimas e especializadíssimas, também capazes de gerar reciprocidade e apoio

por intermédio da dinâmica da interação sustentada.(…) Transcendem a distância, a

baixo custo, costumam ter natureza assincrônica, combinam a rápida disseminação da

comunicação de massa com a penetração da comunicação pessoal, e permitem afiliações

multiplas em comunidades parciais. Ademais não existem no isolamento de outras formas

de sociabilidade. Reforçam a tendência de “privatização da sociabilidade” – isto é, a

reconstrução das redes sociais ao redor do indivíduo, o desenvolvimento de comunidades

pessoais, tanto fisicamente quanto on-line.

Essa nova forma virtual de relação nos faz pensar nos seus efeitos e produções nos

indivíduos. Será que a colaboração em rede está realmente viabilizando ações e

resultados em assuntos que de alguma forma são engajativos da sociedade, ou as pessoas

estão ainda estão confusas e passeando por diversos assuntos e conteúdos sem se

aprofundar e mergulhar neles? Se o consumo da informação é totalmente determinado

pelo usuário, tanto o tempo de acesso quanto o tipo e a quantidade de informação, será

que o usuário está tendo noção clara disso e fazendo o uso aprofundado do aumento da

potencialidade de colaboração em causas específicas que as redes sociais oferecem?

14

Quão superficial está o relacionamento interativo das redes sociais? A diversão ainda não

é a maior razão das conectividades das redes sociais? As pessoas estão se interligando por

razões além da diversão, da brincadeira, dos jogos e do entretenimento? As pessoas estão

buscando relacionamentos de verdade ou encontros instantâneos para instantes de prazer

e curiosidades?

Nós acreditamos que é tudo isso junto. As pessoas estão hoje nas redes sociais

experimentando, brincando com uma nova ferramenta que abre muitos caminhos por

prazer, por curiosidade, em busca de diversão e entretenimento. Essa ferramenta produz

relações, comportamentos e colaborações que oscilam entre superficiais e fugazes, ao

mesmo tempo em que convidam a entrada para uma outra fase: uma fase mais

aprofundada. E isso vamos verficar também na análise dos dados da pesquisa qualitativa

no capítulo V.

(A Dança, Matisse,1910)

15

Brincar é um meio de aprender e, durante um periodo de reabilitação e reorientação, essa

brincadeira pode ser muito mais importante do que parece a primeira vista. (JENKINS,

2006, p. 59) Foi através dessa brincadeira que caminhos puderam ser abertos e trilhados

para que ações mais importantes e de relevância fossem instauradas e requisitadas. Foi

através do brincar que a capacidade de expandir conteúdo e informação foi

potencializada. Foi o brincar que abriu portas de envolvimentos com ações mais

relevantes para a sociedade. E diversas comunidades já perceberam isso e estão se

mobilizando e realmente fazendo diferença.

A sociedade já tem noção da capacidade de expandir seu anseio individual se associando

ao conhecimento dos outros e se mobilizando com isso. É brincando, se divertindo e se

encontrando, em nome das paixões, que transformamos o mundo, como nos diz CLAY

SHIRKY1, “A revolução não acontece quando a sociedade adota novas ferramentas.

Acontece quando a sociedade adota novos comportamentos.” E, complementa LEVY

(1998, p.170) “ Ninguem sabe tudo. Todo o conhecimento reside na humanidade.” E

JENKINS ( 2006, p. 30):

Nenhum de nós pode saber tudo; cada um de nós sabe alguma coisa; e podemos

juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades. A

inteligência coletiva pode ser vista como uma fonte alternativa de poder

midiático. [...]

1 Palestra “How social media can make history” postada no site TED.com em Junho de 2009 e acessada em Abril 2011 e disponível em http://www.ted.com/talks/lang/eng/clay_shirky_how_cellphones_twitter_facebook_can_make_history.html.

16

Nesse momento estamos usando esse poder coletivo principalmente para fins

recreativos, mas em breve estaremos aplicando essas habilidades a propósitos

“mais sérios”.

Continuamos com JENKINS (2006, p. 56), para pensar a capacidade coletiva do ser

humano: “A inteligência coletiva refere-se a capacidade das comunidades virtuais de

alavancar a expertise combinada de seus membros. O que não podemos saber ou fazer

sozinhos agora podemos fazer coletivamente.”

A comunidade é mantida por meio de produção mútua e troca recíproca de conhecimento

e a capacidade de expandir seu anseio individual associando conhecimento com outros é

maior pela satisfação que o envolvimento causa. E isso será verificado claramente no

resultado encontrado da pesquisa qualitativa que desenvolvemos junto aos usuários, no

capítulo V.

Para o momento em que vivemos, a comunidade deve ser definida com menos ênfase a

seu componente cultural e mais ênfase ao seu papel de apoio a indivíduos e famílias,

segundo BARRY WELMANN (2001 apud CASTELLS, 2004, p. 106):

Comunidades são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio,

informação, um senso de integração e identidade social. A comunidade, sendo deslocada

para a rede, é montada pelas escolhas e estratégias de atores sociais. Redes de laços

seletivos são formadas segundo os interesses e os valores de cada membro de famílias ou

de grupos sociais.

Segundo JENKINS (2006, p. 45): “Entretenimento não é a única coisa que flui pelas

múltiplas plataformas de mídia. Nossa vida, nossos relacionamentos, memórias, fantasias

e desejos também fluem pelos canais de mídia.” E, “A circulação de conteúdos – por

17

meio de diferentes sistemas de mídia, sistemas administrativos de mídias concorrentes e

fronteiras nacionais – depende fortemente da participação ativa dos consumidores”.

(JENKINS, 2006, p. 29)

III - Potencialidades

O engajamento em redes sociais no Brasil tem números impressionantes. Em agosto de

2010, o Brasil já ocupava a quinta posição entre os países que mais utilizam o Facebook,

segundo dados divulgados pela comScore, empresa de pesquisa de mercado. Estados

Unidos, China, Alemanha e Rússia estão nas primeiras colocações do levantamento,

respectivamente. O país passou de 23,9 milhões de visitantes únicos (número projetado

para chegar o mais perto possível da definição do total de pessoas reais e não-duplicadas

que visitaram um site) em julho de 2009 para 35,2 milhões em julho de 2010, um

crescimento de 47%. O potencial para desenvolvimento de ações sociais e mobilização é

incrível. E é exatamente por isso que é importante estudar o quanto esse potencial já esta

sendo utilizado e como. O que a potencialização de assuntos criados e disseminados pelas

redes sociais esta já efetivamente fazendo de diferença na sociedade.

18

(Andrew Gunners , Atlanta, Georgia USA)

Um estudo recente da Universidade do Texas2, chegou a conclusão que o Facebook não

está substituindo a interação face-a-face entre os amigos, familia e colegas. Eles

acreditam ter evidências de que a midia social garante oportunidades para novas

expressões de amizade, intimidade e comunidade. Os pequisadores questionaram 900

estudantes colegas e recém graduados sobre como e com quem eles interagem no

Facebook. Mais de 60% dos usuarios de Facebook disseram que postar updates está entre

as atividades mais populares, seguidos por 60% que escrevem comentários no perfil e

49% que posta mensagens e comentários para amigos. Eles também descobriram que

apesar de o mesmo número de homens e mulheres usarem o Facebook, eles o fazem de

maneira diferente: as mulheres estão mais interessadas em conexões e são mais afetivas,

os homens usam de um jeito mais funcional.

2 acessado em 15 de abril de 2011, disponível em http://www.reuters.com/article/idUSTRE6AM5VG20101123

19

BETH SAAD, em seu artigo Ciber Espaço Publico (2009) cita que os websites de redes

sociais têm em seu contexto o agrupamento de pessoas que possuem “laços latentes” no

mundo offline, ou que já tenham algum tipo de relação ou conexão na vida real. E que

definem ampliar seu espaço comunicativo numa ambiência digital.

O assunto ou interesse da vida real agrupa essas pessoas, forma laços.

Segundo o artigo de WELLMAN e GIULIA (1999 apud CASTELLS, 2004. p.103), no

contexto americano as pessoas têm mais de mil laços interpessoais, dos quais só meia

dúzia são íntimos e menos de 50 significamente fortes. Mas, apesar de a maioria dos

laços mantidos pelas pessoas serem fracos, não são nada desprezíveis. CASTELLS

(2004) considera que são fontes de informação, de trabalho, de desempenho, de

comunicação, de envolvimento cívico e de divertimento. São laços que independem de

proximidade espacial e precisam ser mediados por algum meio de comunicação. E a

internet, principalmente pelas redes sociais, é um meio muito eficaz na manutenção dos

laços fracos e de laços fortes a distância. Mas o papel mais importante da internet na

estruturação das relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade

baseada no individualismo. As pessoas montam suas redes ou se embrenham nas que

existem , sempre com base nos seus valores, afinidades, interesses. Estão praticando a

privatização da sociabilidade e formando comunidades especializadas, formas de

sociabilidade construídas em torno de interesses específicos.

“Na sociedade em rede o tema em torno do qual a rede online é montada define seus

participantes.” (CASTELLS, 2004, p.106)

O imenso volume de informação e possibilidades que a rede e as tecnologias digitais

oferecem muitas vezes deixa os indivíduos confusos, soltos, imóveis. Por um lado essa

20

quantidade de informação e possibilidades é instigante, por outro é dispersiva, aflitiva,

provocando a superficialidade de acesso. Os usuários, para não ficarem obsoletos, para

não serem “expirados”, aventuram-se em todos os campos sem ter tempo e atenção para

se aprofundarem ou se engajarem com algum assunto mais abrangente ou que demande

mais dele mesmo.

“Nível de compromisso baixo pode gerar fragilidade das formas de apoio

social.”(CASTELLS, 2004, p.110)

Interesse, curiosidade, identificação, necessidade, prazer ou desejo sobre o assunto, são

fundamentais para intensificar o nível de compromisso.

Com a facilidade de disseminação dos assuntos na rede, tudo que por ela trafega tem uma

potencialidade gigante. Tudo pode ser ampliado, elevado a uma potência maior.

As redes sociais estão formando tramas cada vez mais alinhavadas. Segundo CASTELLS

(2004) , a velocidade das transmissões, simultaneidade dos processos de comunicação e

de percepção, mobilidade, todas essas características da cultura digital revelam a urgência

e a preciosidade do controle do tempo. As múltiplas temporalidades construídas pelos

indivíduos e pelos processos de comunicação passam a quantificar o trabalho, o lazer, o

estudo, os relacionamentos, enfim, são elas que estipulam o valor da vida. Na cultura

digital, é a habilidade de lidar com as linguagens multisensoriais e com as

multitemporalidades por elas construídas que determina aqueles que estão inseridos e os

que estão excluidos do contexto social e cultural, do mundo dos negócios e dos espaços

de relacionamentos e de entretenimento. A velocidade dos acontecimentos estimula a

vivência das experiências e temporalidades individuais que agora se oferecem como o

21

grande e promissor mercado a ser explorado. Abre-se um imenso campo de

possibilidades para engajamento social .

Dentro do segmento de usuarios regulares parece que esse veículo de

comunicação mediada pelo computador favorece a comunicação desinibida.”

(CASTELLS, 2004, p.446)

Num tempo intemporal e de espaço em fluxos orientado por interesses, vontades,

necessidades, desejos, curiosidades e prazer, os indivíduos se organizam e se reorganizam

infinitamente.

Os indivíduos constroem e reconstroem suas formas de interação social. (CASTELLS,

2004, p.110).

(Hand by hand © 2008 Yulia Mustakimova)

22

IV - O objeto

Para verificar se o relacionamento em rede está potencializando efetiva colaboração em

alguma causa escolhemos uma página de fanpage do Facebook e que será nosso objeto

de investigação. A escolha do objeto foi feita simplesmente por pura identificação

pessoal. É um objeto menor se comparado a outros, e bastante específico, mas que se

mostrou interessante para o que nos propomos: observer a tendência de comportamento

de pessoas que se identificam com alguma causa e usam diariamente o Facebook. Nele

também será possível indicar uma probabilidade.

Fomos acompanhando e analisando este objeto durante o estudo, e ele se mostrou

fecundo também na possibilidade de dialogar com as teorias que nos orientam nesse

trabalho. As aspirações, pudemos observar de uma forma mais clara e simples por não se

envolverem em campos politicos ou empresariais, envolvendo apenas, o indivíduo e sua

relação com seus semelhantes em escolhas pessoais de navegação na rede.

Escolhemos então, a fanpage do Facebook de uma ONG (Organização Não

Governamental) chamada AUG – Adote um gatinho.

23

Entende-se por ONG, uma associação do terceiro setor com finalidades públicas e sem

fins lucrativos, que desenvolve ações em diferentes áreas e que, geralmente, mobiliza

opinião publica e o apoio da população para modificar determinados aspectos da

sociedade. Estas organizações podem ainda complementar o trabalho do Estado

realizando ações onde ele não consegue chegar, podendo receber financiamentos e

doações do mesmo, e também de entidades privadas ou pessoas para tal fim. Nesse caso,

a AUG recebe apenas doações de pessoas físicas.

Uma fanpage do Facebook, segundo ele mesmo, é definida como: uma página de

organizações, empresas, celebridades e faixas para divulgar grande informação de uma

forma oficial e pública para pessoas que escolham se conectar com ela. Similar aos perfis,

as páginas podem ser incrementadas com aplicações que ajudam a entidade a se

comunicar e se engajar com sua audiência, e capturar nova audiência virtualmente através

da recomendação de amigos, novas atualizações, eventos do Facebook e tudo o mais.

O objetivo e razão de ser da ONG AUG é buscar colaboração, participação, ajuda,

patrocínio e troca de idéias por uma causa: adoção de gatos. A AUG

www.adoteumgatinho.org.br, resgata gatos de rua da cidade de São Paulo e os encaminha

para novos lares. O processo de adoção se dá inteiramente via site. O contato todo da

24

ONG com seus colaboradores é feito por vários meios digitais: Blog, Orkut, Facebook

Twitter, email, site. Mas a página do Facebook (e outros formatos digitais) não fazem

adoção efetivamente, pois somente pode ser encaminhado ou iniciado o processo de

adoção se for formalizado via site ou email. O site do Adote um Gatinho está no ar desde

Janeiro de 2003.

(site do AUG no dia 06.06.11)

Surgiu da iniciativa de Susan Yamamoto e Juliana Bussab, que durante 3 anos tocaram

sozinhas todo o projeto e conseguiram doar mais de 1400 gatos. Em 2006, novas pessoas

se uniram a elas. Em 2007, o Adote um Gatinho virou ONG e hoje conta com cerca de 40

25

voluntários.

A página do Facebook da adoteumgatinho foi colocada na rede em agosto de 2009,

porém começaram a se dedicar mais a página e postar com freqüência a partir de abril de

2010. No primeiro dia de análise em que iniciei este projeto, no dia 13 de outubro de

2010, esta página tinha 15.894 pessoas como “like”. A página tem a característica de

somar e de complementar as informações e as ações do site, tendo espaço para

discussões, reviews, eventos, fotos, vídeos, links e muitos comentários e likes. São

abordados assuntos de interesse geral sobre o tema: desde chamando atenção para gatos

específicos que estão no aguardo de serem adotados ou de novos que chegaram, as

situações em que se encontram, até dicas de saúde e trato. Utilizam o Facebook para

divulgar o trabalho para pessoas que não o conhecem, visando o aumento tanto da adoção

de gatos, quanto da arrecadação de recursos. Um terceiro objetivo da pagina do Facebook

está relacionado à educação da população. Procuram postar também textos que tratam da

importância da castração, de não deixar o gato ter acesso à rua, além de textos específicos

sobre as doenças mais comuns.

26

(página da AUG no Facebook, dia 06.06.11)

No nosso primeiro contato com a ONG recebemos a informação de que em 2009 cerca de

30 gatos eram doados por mês. Em 2010, esse número aumentou para 60. Em alguns

meses as adoções chegam a 90. Mas eles não tinham como calcular o quanto esse

aumento é devido ao Facebook, uma vez que contam também com outras formas de

divulgação como outras digitais (Twitter, blog, Orkut, site) e as aparições em outras

midias, além de indicações de outros adotantes. A princípio, para eles, o impacto do

Facebook é mais nítido na quantidade de recursos financeiros arrecadados. O AUG

27

depende exclusivamente de doações de pessoas físicas, pois não tem patrocínio de

nenhuma empresa ou do Governo. Desde que intensificaram o trabalho no Facebook, o

número de padrinhos (pessoas que doam todo mês) aumentou muito, assim como o

número de doadores eventuais. Muitos dos padrinhos novos são de outros estados, que

conheceram o trabalho via Facebook e decidiram ajudar à distãncia. Ainda estão testando

a eficiência do Facebook na adoção dos gatos, mas acreditam que quando pessoas

recomendam a página a seus amigos, ela está contribuindo para que o trabalho deles seja

mais conhecido. E, no futuro, esses amigos podem se tornar adotantes.

Com base nessas informações iniciamos nosso estudo do objeto.

Seguindo a definição utilizada na rede, a AUG é considerada um Engajado, os que usam

o poder mobilizador das redes para criar campanhas ou movimentos em prol de causas

sociais, culturais e ambientais. São os engajados que promovem a chamada corrente do

bem.

A AUG é uma corrente do bem tipicamente fruto da cultura da convergência, onde os

consumidores são agentes criativos que ajudam a definir como o conteúdo mídiatico deve

ser usado e, em alguns casos, dão forma ao conteúdo. A convergência mídiatica tende a

expandir essa possibilidade de participação porque permite maior acesso a produção e a

circulação de cultura. É exatamente assim que acontece com a AUG que disseminou seu

conteúdo em varias mídias. E a circulação do conteúdo depende fortemente da

participação ativa dos consumidores. Há um incentivo para que haja conversa entre as

varias mídias onde o conteúdo se dissemina. A convergência ocorre na cabeça dos

consumidores e nas interações sociais com os outros. Porque não é apenas o

28

entretenimento que flui pelas múltiplas plataformas de mídia. Flui também os assuntos

pelos quais nos movemos, nos interessamos e nos mobilizamos.

Milhares de amantes dos felinos se juntam diariamente para pensar, compartilhar,

conversar, analisar, curtir e vivenciar seu interesse, sua paixão.

É uma iniciativa que surgiu de forma individual e virou corporativa em função de seu

objetivo, mas continua sendo alimentada por interesses, identificações e paixões

individuais.

É uma pratica da privatização da sociabilidade, onde uma comunidade especializada é

formada em torno de interesses específicos.

É um bom exemplo de como diz Wanderlynne Selva3:

Na Internet, muitos usuários com tempo e dinheiro suficiente doam o seu trabalho sem

motivações financeiras, mas sim para ganhar o respeito dos seus pares pelo seu esforço.

Esta seria a forma mais avançada de trabalho coletivo: o trabalho como dádiva. Sem

precisar de liderança de uma elite heróica,

pessoas comuns podem construir seu próprio futuro digital.

Pesquisa e coleta de dados

Para fazer a análise do relacionamento social via Facebook como alavancador de

colaboração em causas especificas dessa ONG estabelecemos alguns procedimentos em

relação ao material:

1. Registrar o numero de adoções/doações viabilizadas por influência da página.

2. Qualificar em tipos diferentes de participação de usuários da fanpage.

3 No Prefácio entitulado: A Classe do Novo, do livro Futuros Imaginários – das máquinas pensantes a aldeia global, de Richard Barbrook, Editora Peirópolis

29

3. Registrar tipos mais frequentes e menos frequentes de participação.

4. Investigar o tipo de informação/assunto que é trocado.

5. Investigar assunto/informação de maior participação e envolvimento.

6. Registrar frequência de aumento/diminuição de usuários.

Para cada um desses procedimentos estabelecemos um método de pesquisa.

Métodos usado em relação ao procedimento 1: pesquisa através de questionário.

Para registrar o numero de adoções/doações viabilizadas por influencia da página,

decidimos fazer uma pesquisa a ser dirigida para um mailing que o AUG tem de

Padrinhos (pessoas que contribuem com doações financeiras todos os meses com a ONG)

e de Adotantes (pessoas que adotaram gatos com eles).

Desenvolvemos dois questionários junto com o pessoal da AUG,: um para os padrinhos

no qual visamos detectar se a página do Facebook ajudou a aumentar a quantidade de

pessoas que contribuem regularmente com a instituição e outro para os que adotaram com

eles para descobrir se a página do Facebook contribui para aumentar o número de

adoções.

Aproveitamos para incluir perguntas para obter informações que nos ajudariam a

identificar a importância da página do Facebook em comparação a outras mídias digitais

usadas pela AUG como Orkut, Twitter, blog, email e o proprio site. Os questionarios que

desenvolvemos e estão nos anexos, assim como o resultado, e foram enviados e

respondidos por email.

30

Método usado em relação aos procedimentos 2 a 6: acompanhamento diário dos

conteúdos das páginas.

Para os demais procedimentos, decidimos fazer uma análise do conteúdo da página.

Durante um mês, do dia 23.03.11 ao dia 23.04.11, tabulamos diariamente os posts oficiais

do AUG e os comments que eles receberam.

Para isso, desenvolvemos uma planilha que está em anexo com critérios de categorização

e seleção dos posts e dos comments. Os critérios foram definidos depois de meses de

observação (observações anteriores as diárias feitas no período acima) e

acompanhamento diário da página em que pode-se observar constância de alguns temas

mais frequentes e similares entre si assim como também nos comentários feitos.

Os posts se diferem e foram classificados em 12 categorias:

1. rifas de produtos: o AUG geralmente recebe algum produto que disponibiliza em

posts na fanpage para seus seguidores em forma de rifa com o objetivo de

arrecadar dinheiro para custear a ONG.

2. Fotos, filmes com objetivo de entretenimento: o AUG costuma postar imagens

atraentes, curiosas, charmosas ou interessantes de seus gatos, sem

necessariamente atentar para adoção daquele gato especificamente.

3. Gato da semana: cada semana é postado filme ou foto do gato que foi o

selecionado da vez para ser divulgado para adoção.

4. Carta, foto ou filme de gato já adotado: quando o Adotante manda para o AUG

um feedback de como está o gato adotado em seu novo lar, o AUG posta essa

carta na página do Facebook.

31

5. Foto ou filme de gato para adotar: de acordo com a necessidade ou a

oportunidade, o AUG posta frequentemente fotos ou filmes de gatos para serem

adotados além do gato da semana.

6. Tratamento ou superação: o AUG mantém os fans atualizados sobre tratamento de

seus gatos ou cura.

7. Falecimento: o AUG comunica a perda de um gato

8. Produtos a venda: o AUG arrecada dinheiro vendendo produtos com sua marca e

quando tem novidades ou promoções, posta no Facebook

9. Boletim de adoção: mensalmente é postado o boletim dos gatos que foram

adotados e os que estão na espera.

10. Novos gatos recolhidos: sempre que novos gatos são recolhidos em algum abrigo

deles, fotos ou filmes desses gatos são postados na fanpage

11. Visitas aos abrigos: o AUG divulga o dia de visita aos abrigos e comunica visitas

importantes de pessoas influentes e importantes ou de divulgação.

12. Divulgação de matérias, entrevistas ou informações: sempre que sai alguma

matéria sobre o AUG, ou alguma entrevista sobre o tema ou qualquer informação

interessante, útil ou curiosa sobre os gatos, o AUG posta na fanpage.

Já os tipos de comentarios (os comments) foram organizados em 5 categorias :

A. Dúvidas ou sugestões – qualquer comentário que sugira algo ou questione

algo.

32

B. Parabéns, torcida ou identificação – esse é o mais amplo de todos, pois

abrange todos os comentários mais gerais de observação que não remetem a

nenhuma outra ação.

C. Confirmação de participação- comentário que afirma ter participado

efetivamente de alguma doação, compra de produto ou rifa, colaboração.

D. Intenção de adotar/doar/comprar – comentário que deixa oficializada uma

intenção clara de participação.

E. Compartilhamento – aqueles declaram ter repassado o conteúdo postado

Além desses materiais, tivemos acesso ao relatório padrão do mês de Abril/11 que o

Facebook disponibiliza para a AUG. Esse relatório acrescenta dados demográficos como

língua falada, sexo e localização (pais e cidade) dos fans, entre outros que estão em anexo

e que iremos abordar em seguida na análise dos dados.

33

V - Analise dos dados

Nos anexos encontram-se os resultados das pesquisas com os padrinhos e os adotantes, a

planilha do acompanhamento dos posts com a tabulação e os relatórios padrão do

Facebook.

Diariamente milhares de pessoas acessam a pagina da AUG no Facebook. O dia de maior

quantidade de acessos (11.566) em abril foi dia 14 em que foram postados uma matéria

sobre cuidados com o gato e um vídeo de entretenimento, e o dia de menor quantidade de

acessos em abril (1.466) foi dia 3 em que não teve nenhum novo post. Diariamente por

volta de 85 pessoas adicionam a página com um like e por volta de 6 pessoas se desligam

com um unlike. Ou seja, o numero de fans aumenta 79 pessoas por dia.

(Cassio Vasconcellos – Paisagens Marinhas – 1994)

34

A imensa maioria dos fans da página do AUG no Facebook é de mulheres jovens

brasileiras de São Paulo.

A página do AUG é acompanhada pelos mais variados e diferentes tipos de pessoas e

perfis. A única coisa em comum e que os define é sua paixão por gatos, confirmando a

afirmação de CASTELLS (2004), que na sociedade em rede o termo do qual a rede

online é montada define os seus participantes.

Vamos começar com a análise dos dados obtidos com as pesquisas feitas com os

adotantes e os padrinhos, lembrando que tomamos como procedimento registrar o

número de adoções/doações para chegar a influência da página.

Adotantes, o total de respondentes foi de 137 pessoas (65% da base):

7% dos adotantes entrevistados afirmaram que chegaram ao AUG via Facebook e 5%

afirmaram ter visto pela primeira vez no Facebook o gato que adotaram. 54% afirmam

acompanhar a página do AUG no Facebook.

25% afirmam que chegaram ao AUG por indicação de amigos, o que mostra potencial

para aumentar o número de adotantes adicionados via Facebook conforme o número de

Likes da pagina do AUG vai crescendo diariamente.

51% afirmam ter chegado ao AUG por sites de busca, seguindo seus proprios interesses e

curiosidades.

Ou seja, a página do Facebook ainda não está alavancando a adoção de gatos , mas

mostra potencial imenso para esse intuito conforme os dados de crescimento tanto do

35

Facebook no Brasil como da própria pagina do AUG.

Outro fato que restringe a atuação da página para alavancar esse objetivo é o de que o

AUG só encaminha gatos para a grande São Paulo, deixando de aproveitar o alcance

amplo que o Facebook proporciona tanto nacionalmente como internacionalmente.

Diversos comentários que foram observados eram sobre isso: de pessoas que adorariam

adotar um gato de determinado post mas não poderiam pois moram fora de São Paulo.

Padrinhos, o total de respondentes foi de 109 pessoas (48% da base):

Menos da metade da base respondeu a pesquisa e 7% dos que responderam disseram que

chegaram ao AUG via Facebook. 58% dos novos padrinhos acompanham a página do

Facebook. 80% dos novos padrinhos são de São Paulo. Isso mostra uma possibilidade

imensa de aumentar a quantidade de padrinhos, pois diferentemente dos adotantes, os

padrinhos podem ser de qualquer lugar do país e não somente de São Paulo. Vemos aqui

uma grande oportunidade para comunicar isso para os seguidores do AUG no Facebook

de outros estados do país. Ou seja, os números de fans aumentam diariamente, mas não

estão aumentando os números de contribuidores financeiros para a causa na mesma

proporção. Como exposto por CASTELLS (2010, p.462):

O novo sistema de comunicação transforma radicalmente o espaço e o tempo, as

dimensões fundamentais da vida humana. Localidades ficam despojadas de seu

sentido cultural, histórico e geográfico e reintegram-se em redes funcionais ou em

colagem de imagens, ocasionando um espaço de fluxos que substitui o espaço de

lugares.

36

Se para os adotantes essa transformação do espaço não contribui para potencializar as

adoções via Facebook pela restrição geografica de distribuição dos gatos, para os

padrinhos, deveria ser uma grande oportunidade.

Posts:

Nesse período de acompanhamento e analise de conteúdo da página (23/03/11 a

23/04/11) 35 post foram adicionados pela AUG. Os que tiveram maior número de

comentários foram: um que continha informação sobre gatos em geral, que chamamos de

número 12 na classificação feita no capítulo anterior (375 comentários) e um post que

mais diretamente interessa aos objetivos da AUG , que chamamos de 5 na classificação

feita no capítulo anterior, o de foto ou filme de gato para adotar (362).

Os que tiveram menor número de comentários foram os dois posts de rifas, que

chamamos de 1 na classificação feita no capítulo anterior (9 cada um).

Curiosamente o post que teve menor número de likes (57) foi também um sobre rifa

(número 1) e os posts que tiveram o maior número de likes foram: em primeiro lugar um

com informação sobre gatos em geral(número 12), que obteve 1382 likes; e em segundo,

um sobre gato para adotar (número 5), que obteve 1253 likes.

E estes dois tipos de posts também são os mais frequentes postados pelo AUG. Dos 35

postados no período, 9 foram sobre gatos para adotar (número 5) e 8 de informação e

matérias ou entrevistas sobre o AUG (número 12).

Sobre as possibilidades de posts e mensagens, é bom reforçar o que diz CASTELLS

(2010) , que o que caracteriza o sistema de comunicação baseado na integração em rede

digitalizada de múltiplos modos de comunicação, é sua capacidade de inclusão e

abrangência de todas as expressões culturais.

37

Quando esse estudo foi iniciado, em 13 de outubro de 2010, a página da AUG no

Facebook tinha 15.894 pessoas como “like”. No dia 23/04/11 tinha 27.478. Ou seja

11.584 pessoas adicionaram a página nesse período, dando uma média de mais ou menos

60 likes por dia. De acordo com o relatório oficial do Facebook, no mês de Abril, uma

media de 79,13 pessoas adicionaram a página por dia o que pode denotar uma tendência

de crescimento de usuários se intensificando.

O que podemos notar com essa tendência de crescimento é o que CASTELLS (2004)

observou como a passagem da limitação espacial como fonte de sociabilidade para a

comunidade espacial como expressão da organização social.

Comments:

Pela observação diária dos comentários (os números deste relatório diferem do oficial do

Facebook pois este foi de observação qualitativa não estabelecendo horários específicos

para aferição e sem necessidade de precisão numérica, mas sim como indicação de

tendência de comportamento) foi possível detectar os diferentes tipos de participação dos

usuários. E com a análise da tabulação podemos afirmar que a participação mais

frequente é por identificação que não gera nenhuma ação em direção aos objetivos da

ONG, apenas um maior envolvimento com o assunto defendido pela AUG. A imensa

maioria é do tipo que chamamos na classificação feita no capítulo anterior de B

(89,69%): os que comentam sem se engajar, sem agir em relação aos objetivos da ONG,

fazendo a interação somente no plano emocional, o que confirma a tendência relatada na

parte teórica deste estudo (no capítulo II), das pessoas participarem das redes sociais por

prazer, curiosidade, diversão e entretenimento. O tipo mais comum de comentário,

chamado por nós de tipo B, é o mais vazio em relação aos objetivos da AUG de adoção e

38

contribuição financeira. Tem a característica de apenas endossar algum post com a

imediata identificação emocional do usuário. Muitos são apenas interjeições reativas a

uma foto ou vídeo ou história que chegue a emocionar o usuário via identificação.

Muitos são de incentivo com palavras de agradecimento ou admiração pelo trabalho

desenvolvido pela AUG. E muitos também são de incentivo com palavras de apoio

emocional para posts de historias ou situações difíceis.

Este tipo B, o mais frequente, é característico por ser totalmente emotivo mas não ativo

no sentido de contribuir para os objetivos de adoção ou arrecadação, ou seja, é um tipo

reativo que responde com a emoção.

(Vittorio)

39

O segundo comentário mais encontrado (3,68%) foi o que chamamos de tipo C, o que

usou o comentário para oficializar alguma ação sua em participação seja como adotante,

como contribuinte ou como comprador de produto ou rifa. Esses são os que realmente

usaram o Facebook para sua ação, ou seja, com eles a página serviu como alavancadora

de contribuição.

Este tipo (juntamente com os outros que vem a seguir) é o que vem justificar o que foi

dito anteriormente no capítulo II, sobre a comunidade ser mantida por meio de produção

mútua e troca recíproca de conhecimento e a capacidade de expandir seu anseio

individual associando conhecimento com outros.

O terceiro mais encontrado foi o que chamamos de A (2,74%), os que usam os

comentários para aproveitar para tirar alguma dúvida, fazer perguntas ou sugerir alguma

coisa.

O quarto, foi o D (2,13%) que demonstra intenção de participação, mas ainda não

confirma.

E o quinto, foi o E (1,73%) que confirma o compartilhamento daquele post com sua

própria rede. Esse compartilhamento mostra o poder do consumidor/usuário como

disseminador de conteúdo.

Tanto o D quanto o E servem também como alavancadores para a contribuição mas,

nestes casos, indiretamente. É preciso que outras conexões sejam feitas para que a ação

de participação aconteça.

Analisando os comentários concluímos então que a maior participação das pessoas fica

no nível de compromisso baixo que, segundo CASTELLS (2004), pode gerar fragilidade

das formas de apoio social.

40

A página da AUG do Facebook vira uma forma de comunidade especializada, mas seus

participantes também fazem parte de outras comunidades especializadas não

necessariamente ligadas a ela. A interação com essa página depende do grau de

envolvimento com o tema ou com os assuntos que vão surgindo puxados pela própria

página ou por acontecimentos. E dessa forma, como disse CASTELLS (2004, p.445), os

indivíduos constroem e reconstroem suas formas de interação social.

A rede é especialmente apropriada para a geração de laços fracos múltiplos. Os laços

fracos são úteis no fornecimento de informações e na abertura de novas oportunidades a

baixo custo. A vantagem da rede é que ela permite a criação de laços fracos com

desconhecidos, num modelo igualitário de interação, no qual as características sociais são

menos influentes na estruturação, ou mesmo no bloqueio, da comunicação.(...) Parece

que as comunidades virtuais são mais fortes do que os observadores em geral acreditam.

Existem indícios substanciais de solidariedade recíproca na rede, mesmo entre usuários

com laços fracos entre si. De fato, a comunicação online incentiva discussões desinibidas,

permitindo assim, a sinceridade. O preço, porém, é o alto índice de mortalidade das

amizades on-line, pois um palpite infeliz pode ser sancionado pelo clique na desconexão

– eterna.

41

VI – Consideração final

Número de menções positivas ou negativas sobre uma organizaçao quantifica apenas o

sentimento entre quem está envolvido com ela. Da mesma forma, número de seguidores

ou amigos é uma medida incompleta da capacidade de mobilizaçao de um grupo.

(MARCELO COUTINHO, 2011, Bluebus, 09/02/114)

Este estudo averiguou que a causa da Ong AUG é de interesse para um grande número de

pessoas que usam o Facebook e esse número só aumenta significamente, diariamente.

Assim como os usuários do Facebook.

Ou seja, o potencial da página do AUG no Facebook é imenso para alavancar a

realização dos seus objetivos. Porém, a arrecadação de valores financeiros e de adoções

de gatos não aumenta nessa mesma proporção conforme demonstramos nas análises.

A oportunidade observada para se trabalhar em prol do alavancamento da realização

desses objetivos está em se trabalhar a densidade e a centralização das relações da rede da

AUG.

Densidade de uma rede (simplificadamente, a divisão entre o número de conexoes

existentes sobre o número de conexoes potenciais em um grupo) está associada a

velocidade dos processos de "contágio" (de doenças, de opinioes, de informaçoes...).

Quanto mais densa uma rede, mais coeso seu comportamento, contra ou a favor de uma

causa, pessoa ou marca.

As medidas de centralidade (existem várias) servem para indicar quanto uma pessoa

funciona como "ponte" entre integrantes de diferentes redes, contribuindo para sua

4 Disponível em http://www.bluebus.com.br/show/1/101691/_smwsp_discussao_precisa_ser_menos_de_midia_mais_de_relacionamento

42

coesão. Elas guardam baixa correlaçao com o número de vezes que uma pessoa "fala" ou

seu número de "seguidores". Uma pessoa pode ter poucos contatos, mas se todos forem

centrais em redes densas, ela pode ter um papel mais importante do que alguém com

centenas, ou milhares, de "amigos".

Esse é o tipo de análise que gera ROI para uma empresa. Ela permite identificar

indivíduos com alto "capital relacional", capazes de construir ou destruir reputações em

pouco tempo. A discussão sobre marcas e redes sociais precisa de menos "mídia" e mais

"relacionamento". (MARCELO COUTINHO, Blue Bus, 09/02/115)

Para obter esse “mais relacionamento” e depois de analisado os dados, sugerimos:

1. Frequentemente postar posts mais informativos sobre cuidados e curiosidades com os

gatos, que qualifiquem mais o AUG no ambiente do Facebook como “o” expert no seu

assunto, os maiores especialistas em gato, tornando-se relação central e densa para

qualquer conexão ligada ao tema.

2. Posts mais didáticos informando sobre a possibilidade de contribuição com a causa

estando em qualquer lugar do planeta através de doações e como faze-lo.

3. Usar a própria página como mídia, fazendo propaganda sobre a possibilidade de virar

padrinhos para os milhares de potenciais contribuintes para a causa, que já acessam a

página frequentemente.

4. Incentivar o compartilhamento para as pessoas que se tornaram padrinhos ou

adotantes, para que eles dividam sua experiência e sua opção com sua rede.

Como a maioria dos comentários feitos são de cunho emocional, o AUG tem potencial

para se aprofundar muito no relacionamento com seus fans se criar condições, situações,

5 Disponível em http://www.bluebus.com.br/show/1/101691/_smwsp_discussao_precisa_ser_menos_de_midia_mais_de_relacionamento

43

espaço para que os fans se envolvam mais. E com isso se engajam mais e se

comprometam mais.

Acreditamos que assim como os números da página do AUG no Facebook cresceram

substanciamente, com o tempo, as conexões vao ficando mais densas conforme as

pessoas vão aprendendo e se embrenhando nesse novo ambiente. Do “brincar” no

Facebook, as pessoas podem passar a praticar outros verbos como: ajudar, contribuir,

vender ou informar.

O que foi detectada, é a potencialidade do ambiente para alavancar colaboração para essa

ONG em específico, juntamente com a potencialidade de grande envolvimento do tema

da causa dessa ONG.

Se formos analisar somente os resultados das pesquisas com os adotantes e padrinhos,

vamos concluir que nossa hipótese estava errada. Mas com os relatórios do Facebook e a

análise diária dos comentários vislumbramos um potencial enorme que só aumenta dia

após dia.

O cenário é totalmente favorável e as possibilidades imensas.

(Leonardo Da Vinci)

44

É importante monitorar constantemente e qualitativamente para fazer ajustes e tentativas

para indicar a direção correta no caminho para potencializar a colaboração com a ONG

no meio do emaranhado dos infinitos relacionamentos do Facebook.

As pessoas interligadas via Facebook estão ainda tecendo suas teias, se organizando,

atando seus laços, formando sua rede e descobrindo as trilhas, os túneis e atalhos sem

ainda muito se preocupar onde vão chegar. Podemos obervar alguns movimentos em que

as pessoas se engajaram e usaram as páginas do Facebook para alguma ação social

específica e pontual (como o case do Churrasco da Gente Diferenciada em protesto

contra os moradores do bairro de Higienópolis), porém ainda não podemos afirmar que o

relacionamento social via Facebook alavanca colaboração em causas especificas de uma

Ong. Somente podemos afirmar que tem um potencial imenso para isso que podemos

observar pelo comportamento das pessoas. Estamos ainda num estágio embrionário e

parece ser uma questão de tempo e experiência para que isso aconteça.

Nem em fanpages patrocinadas estamos vendo o aumento de colaboração. Um exemplo é

a página do Adotar é tudo de bom, da empresa Pedigree, que tem um número de

seguidores/fans muito inferior que o AUG mesmo tendo patrocínio, divulgação e

visibilidade de celebridade como a Xuxa (famosa apresentadora de televisão) ajudando

com a causa (em fevereiro de 2011 essa pagina tinha 6.172 fans e em maio, 7.743).

Com um número de fans significativo e em ascensão, que participam constantemente

mesmo que ainda superficialmente, a fanpage do AUG tem conteúdo para provocar ação

de seus fans em direção aos seus objetivos. Tem conteúdo para persuasão.

Quando se quer envolver e existe dificuldade em absorver o conteúdo em função de

tantas mensagens disponíveis brigando pela nossa atenção, o poder da comunicação está

45

exatamente em quem sabe quebrar essa barreira. Em quem sabe envolver e ser envolvido.

Segundo GRAMSCI6, o poder se dá pela atuação e pelas relações estabelecidas.

O volume de interações que existe hoje na sociedade é imenso. Ou seja, segundo

FOUCAULT7, o poder está em todo lugar. Existe potencial em todo lugar.

Mas os ambientes são diferentes, bem característicos. E, segundo CASTELLS (2004), o

ambiente social onde interagimos também influencia no nosso poder de comunicacão.

Ou seja, uma ONG que queira com o seu discurso, persuadir cada vez mais pessoas a

agirem em favor de alguma causa, vai ter mais sucesso com seu objetivo sabendo usar

seu poder de envolver suas relações nos diversos ambientes em que estiver presente,

desde um programa de televisão, um site ou mesmo uma página do Facebook.

De acordo com BRUNO LATOUR8 , o poder da comunicacão está no maior número de

conexões, com maior extensão e estabilidade.

Antes da pós modernidade, o poder estava na informação. Era: quanto mais informado,

maior o poder.

Mas agora a informação não é mais de poucos. É acessível, para muitos.

O saber que conta agora é o saber trabalhar de forma descentralizada e colaborativa.

Saber trocar, interagir. Saber onde buscar a informação e para quem passar. É saber

trafegar nesse meio embolado de gente em rede, embolada, sem se perder. Sabendo tecer

a sua rede em direção ao seu objetivo, dando pontos enlaçados com outras redes tecidas

por outras pessoas com outros objetivos.

6 Conceito apresentado em aula ministrada por André Abreu no curso Digicorp em Abril de 2010 7 idem 8 idem

46

Citando DUMBAR9, é a capacidade que temos de nos relacionar com qualidade que mais

conta agora.

Segundo CASTELLS (2010), a interação via Internet é tanto especializada/funcional

quanto ampla/solidária conforme a interação nas redes amplia seu âmbito de

comunicação com passar do tempo.

O que vislumbramos como possíveis próximos passos como continuação desse estudo

para aprofundar a questão do relacionamento social via Facebook como alavancador de

colaboração em causas especificas de uma Ong, é verificar se o nascimento de uma

comunidade on-line, em torno de valores e interesses compartilhados, criando laços de

apoio, de amizade ou solidariedade, se extende também para a interação pessoal, face a

face. Ou ainda, verificar o quanto, como, porque e se esses valores e intereses

compartilhados, via página do Facebook, estão envolvendo também empresas e marcas

que potencialmente teriam maiores recursos do que pessoas físicas para contribuir com as

causas de uma ONG.

Mesmo chegando ao final deste estudo, a inquietude permanece. Pois a sensação é que a

conclusão já não vale mais ao se encerrar. Já pereceu. E portanto sugerimos outros

estudos para serem explorados. Porque este estudo terá que deixar de ser o que é para se

tornar aquilo o que ainda não é.

9 Conceito apresentado em aula ministrada por André Abreu no curso Digicorp em Abril de 2010

47

(Adriana Davini -2008)

VII - Referências Bibliográficas

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009

BAUMAN, Zygmunt. Vida Liquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Liquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

JOHNSON, Steven. Emergência. . Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

WILLIAMS, Raymond. Palavras-chave. São Paulo: Boitempo, 2007.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

PIERRE LEVY, A inteligência coletiva: por uma Antropologia do Ciberespaço. São

Paulo: Loyola, 1998

48

VIII – Anexos

1. Informações demográficas fornecidas pelo Facebook relativas ao mês de Abril

de 2011

49

2. Números fornecidos pelo Facebook do uso diário e ativo dos usuários em

Abril/11

Date Daily Active Users

Daily The number of people who have interacted with or viewed your

Page or its posts. This includes interactions from Fans and non-Fans.

(Unique Users)

4/1/11 7631

4/2/11 2863

4/3/11 1466

4/4/11 7783

4/5/11 10310

4/6/11 9856

4/7/11 11326

4/8/11 9875

4/9/11 3320

4/10/11 1473

4/11/11 8722

4/12/11 8662

4/13/11 8517

50

4/14/11 11566

4/15/11 9511

4/16/11 6805

4/17/11 8540

4/18/11 10395

4/19/11 10767

4/20/11 9594

4/21/11 2778

4/22/11 6409

4/23/11 9351

4/24/11 9610

4/25/11 9149

4/26/11 9088

4/27/11 10030

4/28/11 3962

4/29/11 7872

4/30/11 1763

51

3. O número total de “likes”, diariamente no mês de Abril 11, do dia 1 ao 30.

Lifetime Total Likes

Lifetime The total number of people who have liked your Page. (Total Count)

25540

25583

25671

25786

26074

26313

26481

26591

26653

26695

26752

26808

26879

26961

27002

27042

27088

52

27156

27206

27258

27298

27344

27379

27439

27518

27575

27639

27723

27770

27810

53

4. O número de pessoas que viram um post na página, diariamente em Abril/11,

do dia 1 ao 30.

Daily News Feed Impressions

Daily The number of times people (Fans and non-Fans) have viewed a News Feed story

posted by your Page. (Total Count)

53863

14597

8596

72090

124282

81267

89423

83631

19112

9432

54065

62798

52616

97802

63022

39729

61069

54

104875

100922

77362

13742

38511

55977

89593

52367

55921

67834

18526

38703

8890

55

5. Legenda seguida de tabela desenvolvida para analise de comentários dos post

introduzidos pelo AUG do dia 23/03 ao dia 23/04/11

Tipos de post

1. rifas de produtos

2. Foto, filme de entretenimento

3. Gato da semana

4. Carta, foto ou filme de gato já adotado

5. Foto ou filme de gato para adotar

6. Tratamento ou superação

7. Falecimento

8. Produtos a venda

9. Boletim de adoção

10. Novos gatos recolhidos

11. Visitas aos abrigos

56

Tipos de comments

A. Duvidas ou sugestões

B. Parabéns, torcida ou identificação

C. Confirmação de participação

D. Intenção de adotar/doar/comprar

E. Compartilhamento

data

tipo de

post qtd likes tipo nº total nº geral

comment

s likes

23.03.11 8 309 D 10 24.893

B 23

A 2 35

24.03.11 1 206 C 1 25.008

D 7

A 2

B 6 16

6 799 D 3

A 2

B 156 161

57

25.03.11 1 57 A 3 25.082

B 6 9

5 145 B 13 13

10 273 B 43

E 1 44

28.03.11 3 403 B 69 25.229

E 3 72

31.03.11 5 456 E 12 25.311

A 4

B 90 106

4 188 B 19 19

01.04.11 9 252 A 3 25.478

C 1

B 26 30

03.04.11 3 307 E 3 25.704

D 1

B 39 43

6 189 C 6

A 2

B 13 21

05.04.11 1 192 D 7

C 1

A 3

58

B 5 16

12 907 A 5

B 280

C 59

D 31 375

06.04.11 12 1382 A 2

B 225 227

07.04.11 5 1253 A 6 26.719

D 2

B 353

E 1 362

08.04.11 1 175 A 1

D 6

E 1

B 9 17

12 210 B 9 9

11.04.11 3 440 E 8

A 1

B 63 72

12.04.11 12 171 C 27

E 5 32

5 507 B 72

59

E 2 74

13.04.11 5 650 E 5 26.879

D 2

A 1

B 140 148

14.04.11 12 816 B 164 164

12 126 B 13 13

15.04.11 4 559 B 41 41

16.04.11 11 712 B 80

A 5 85

17.04.11 12 244 A 1

C 7

B 13 25

18.04.11 3 472 B 63

E 3 66

5 331 B 66

E 1 67

60

19.04.11 5 242 A 15

B 67

12 611 B 53

A 2

E 2 57

20.04.11 10 401 A 2

B 55

10 419 A 5

B 118 123

22.04.11 5 557 A 5

78 83

23.04.11 5 410 A 4 27.478

B 88 92

61

6. Questionário desenvolvido para pesquisa junto ao Mailing de Adotantes e

Padrinhos do AUG.

MODELO DE EMAIL UTILIZADO NA PESQUISA

Assunto: Só 1 minuto para ajudar o Adote Um Gatinho!

Oi, tudo bem?

Esta é uma pesquisa rápida para você responder em 1 minutinho.

Você foi escolhido porque já adotou um gatinho conosco, e queremos ter mais pessoas

como você junto com a gente!

São só 5 perguntinhas, é super rápido. Por favor, não deixe de responder e mandar de

volta para gente. As suas respostas nos ajudarão muito!

Muito obrigada e um grande abraço,

Yumi

Voluntária do Adote Um Gatinho

1. Como você chegou ao Adote um Gatinho (AUG)?

( ) através de sites de busca na internet, procurando pela palavra "gatos" ou similares

( ) através de matérias em revistas, rádios ou programas de TV

( ) por indicação de amigos

( ) por indicação de veterinários

62

( ) por links em outros websites

( ) pelo Facebook

( ) outro

2. Onde você viu pela primeira vez o gatinho que você adotou com o AUG?

( ) no nosso site

( ) no nosso blog

( ) na nossa página no Facebook

( ) no nosso Twitter

( ) no nosso boletim mensal

( ) no nosso abrigo

( ) outro

3. Você acompanha a nossa página no Facebook?

( ) sim

( ) não

4. Você acompanha o nosso perfil no Twitter?

( ) sim

( ) não

5. Quais assuntos você gostaria de ver na nossa página no Facebook ou Twitter?

63

MODELO DE E-MAIL DE REFORÇO

Assunto: Doe 1 minuto para ajudar o Adote Um Gatinho!

Oi, tudo bem?

Notamos que você ainda não respondeu a nossa pesquisa. Mas sem a sua

participação, ela não fica do jeitinho que a gente precisa.

Suas respostas são muito importantes para nos ajudar a envolver mais

pessoas como você na nossa causa.

Por favor, nos dê esse minutinho agora para podermos melhorar e fazer

mais pelos nossos gatinhos. É só preencher e mandar de volta para gente,

são apenas 5 perguntas.

Contamos com você!

Muito obrigada e um grande abraço,

Yumi

Voluntária do Adote Um Gatinho

64

7. Resultado pesquisa Mailing Adotantes

PESQUISA FACEBOOK E ADOTANTES

OBJETIVO:

• Verificar a influência do Facebook e do Twitter nas adoções de gatos do AUG

AMOSTRA:

• A pesquisa foi enviada para as pessoas que adotaram gatos do AUG entre

outubro/10 a fevereiro/11 (total de 210 adotantes)

• O total de respondentes foi de 137 pessoas (65% da base)

METODOLOGIA:

• As perguntas foram enviadas por email, na data de 05/04/11, com reforço em

12/04/11

• Foram feitas 5 perguntas, sendo 4 delas questões fechadas (com alternativas pré-

definidas), e 1 aberta

65

PESQUISA FACEBOOK E ADOTANTES

QUESTÃO 1: Como você chegou ao Adote um Gatinho (AUG)?

• 51% dos adotantes da amostra disseram que chegaram ao AUG através de sites

de busca, procurando pelo termo “gatos” ou similares;

• 25% dos adotantes disseram que chegaram ao AUG por indicação de amigos

• 7% dos adotantes disseram que foi pelo Facebook

• nenhum dos adotantes disse ter chegado ao AUG por indicação de veterinários

através de sites de busca na internet, 

procurando pela palavra "gatos" ou similares, 

51% 

por indicação de amigos , 25% 

através de matérias em revistas, rádios ou programas de 

TV, 9% 

pelo Facebook, 7% 

por links em outros websites, 

4% 

outros, 4% 

66

PESQUISA FACEBOOK E ADOTANTES

QUESTÃO 2: Onde você viu pela primeira vez o gatinho que você adotou com o

AUG?

• 79% dos adotantes da amostra disseram ter visto o gatinho adotado

primeiramente no nosso site;

• 5% dos adotantes disseram tê-lo visto no nosso Facebook

• 4% dos adotantes disseram tê-lo visto no nosso abrigo

• nenhum dos adotantes disse tê-lo visto no Twitter

no nosso site, 79% 

outros, 8% 

na nossa página no Facebook, 5% 

no nosso abrigo, 4% 

no nosso blog, 4% 

67

PESQUISA FACEBOOK E ADOTANTES

QUESTÃO 3: Você acompanha a nossa

página no Facebook?

• 54% dos adotantes da amostra

disseram acompanhar a página do

AUG no Facebook

QUESTÃO 4: Você acompanha o nosso

perfil no Twitter?

• somente 15% dos adotantes da

amostra disseram acompanhar o

perfil do AUG no Twitter

QUESTÃO 5: Quais assuntos você gostaria de ver na nossa página no Facebook ou Twitter?

- a maioria dos adotantes da amostra respondeu que gostaria de ver

dicas de cuidados com os gatinhos, principalmente aquelas relacionadas

com a saúde e com o comportamento dos bichanos

- outras sugestões: histórias de resgates, histórias de adoções, produtos

da Lojinha, e dia-a-dia do AUG.

sim, 54% 

não, 46% 

sim, 15% 

não, 85% 

68

8. Resultados pesquisa Mailing Padrinhos

PESQUISA FACEBOOK E NOVOS PADRINHOS

OBJETIVO:

• Verificar a influência do Facebook e do Twitter na captação de padrinhos para o

AUG

AMOSTRA:

• A pesquisa foi enviada para as pessoas que se tornaram padrinhos do AUG entre

outubro/10 a fevereiro/11 (total de 225 padrinhos)

• O total de respondentes foi de 109 pessoas (48% da base)

METODOLOGIA:

• As perguntas foram enviadas por email, na data de 14/04/11

• Foram feitas 5 perguntas, sendo 3 delas questões fechadas (com alternativas pré-

definidas), e 2 abertas

69

PESQUISA FACEBOOK E NOVOS PADRINHOS

QUESTÃO 1: Em que cidade e estado você está?

• 80% dos novos padrinhos da amostra estão em SP;

• 4% dos novos padrinhos estão no RJ, e outros 4%, no RS

QUESTÃO 2: Como você chegou ao Adote um Gatinho (AUG)?

• 39% dos novos padrinhos da amostra disseram que chegaram ao AUG através de

sites de busca, procurando pelo termo “gatos” ou similares;

• 27% dos novos padrinhos disseram que chegaram ao AUG por indicação de

amigos;

• 10% dos novos padrinhos disseram que foi pelo Facebook

SP 80% 

RJ 4% 

RS 4% 

PR 3% 

DF 2% 

MG 2% 

SC 2% 

BA 1% 

PE 1% 

RO 1% 

70

PESQUISA FACEBOOK E NOVOS PADRINHOS

QUESTÃO 3: Você acompanha a nossa

página no Facebook?

• 58% dos novos padrinhos da

amostra disseram acompanhar a

página do AUG no Facebook

QUESTÃO 4: Você acompanha o nosso

perfil no Twitter?

• somente 18% dos novos

padrinhos da amostra disseram

acompanhar o perfil do AUG no

Twitter

através de sites de busca na internet, 

procurando pela palavra "gatos" ou similares, 

39% 

por indicação de amigos , 27% 

pelo Facebook, 10% 

através de matérias em revistas, rádios ou programas de 

TV, 9% 

por links em outros websites, 

9% 

outros, 5% por indicação de veterinários, 2% 

71

PESQUISA FACEBOOK E NOVOS PADRINHOS

QUESTÃO 5: Quais assuntos você gostaria de ver na nossa página no Facebook ou

Twitter?

• a maioria dos novos padrinhos da amostra respondeu que gostaria de ver dicas de

cuidados com os gatinhos, principalmente aquelas relacionadas com a saúde e

com o comportamento dos bichanos

• foram citadas também as histórias de sucesso

sim 58% 

não 42% 

sim 18% 

não 82%