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ISPA – MIP/Clínica 1 Métodos de Diagnóstico e Orientação em Psicologia Clínica I APONTAMENTOS SOBRE A ANÁLISE DA FIGURA COMPLEXA DE REY – OSTERRIETH Figura A: Aplicada a crianças a partir dos 8 anos. Figura B: Aplicada a crianças entre os 4 e os 7 anos. A análise da Figura Complexa de Rey resulta de uma conjugação sintética dos vários aspectos a seguir referidos. Os elementos resultantes da observação relativos ao comportamento e reações da criança durante o teste ajudam a precisar a apreciação da prova. Há que prestar também atenção aos elementos relativos à projecção corporal tais como reproduções em espelho, questões Docente: Mestre Ana Pina Martins Ano Lectivo de 2008 / 2009

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ISPA – MIP/Clínica 1Métodos de Diagnóstico e Orientação em Psicologia Clínica I

APONTAMENTOS SOBRE A ANÁLISE DA FIGURA COMPLEXA DE REY – OSTERRIETH

Figura A: Aplicada a crianças a partir dos 8 anos.

Figura B: Aplicada a crianças entre os 4 e os 7 anos.

A análise da Figura Complexa de Rey resulta de uma conjugação sintética dos vários aspectos a seguir referidos.

Os elementos resultantes da observação relativos ao comportamento e reações da criança durante o teste ajudam a precisar a apreciação da prova.

Há que prestar também atenção aos elementos relativos à projecção corporal tais como reproduções em espelho, questões relativas à lateralidade, e relações de execução e posicionamento espacial.

O objectivo final é procurar conjugar os elementos resultantes da análise efectuada com a possibilidade da obtenção de uma resposta às questões formuladas durante a colocação das hipóteses diagnósticas que levaram a que esta prova tivesse sido aplicada.

Docente: Mestre Ana Pina Martins Ano Lectivo de 2008 / 2009

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A) Reprodução por Cópia

1) Tipo de reprodução

Primeiramente há que identificar o tipo de reprodução da figura.

Depois há que articular este dado com a correcção e a rapidez da execução e com a relação entre a cópia e a memória.

Tipo I – Construção sobre a estrutura: O mais evoluido. Começa a aparecer por volta dos 7, 8 anos e é predominante a partir dos 10, 11 anos. Significa a existência de uma boa capacidade de compreensão das estruturas principais e secundárias que organizam a figura.

Tipo II – Detalhes englobados na estrutura: Tipo intermédio. Começa também a aparecer nas mesmas idades dos anteriores.

Tipo III – Contorno geral da figura: Neste tipo há uma acentuação na estrutura envolvente da figura e na distinção dentro/fora. Surge com alguma frequência maioritariamente até aos 7 anos de idade.

Tipo IV – Justaposição de detalhes: Está relacionado com uma capacidade de análise e de síntese das estruturas grafo-perceptivas que não tem em conta as estruturas organizativas primárias e secundárias. É frequente nas crianças entre os 5 e os 10, 11 anos.

Tipo V – Detalhes sobre fundo confuso: Está relacionado com uma percepção global onde avultam algumas estruturas graficamente melhor percepcionadas. É próprio de crianças menores de 4, 5 anos de idade.

Tipo VI – Redução a um esquema familiar: A criança procura atribuir um sentido às formas sem sentido que constituem a figura de Rey, identificando-as a algo semelhante que já conhece no seu universo perceptivo (explos: uma casa, uma igreja, uma ave). É próprio das crianças mais novas e desaparece após os 4, 5 anos de idade.

Tipo VII – Reprodução irreconhecível/Garatuja: É próprio, ou de crianças muito novas, ou de crianças com patologias mais desorganizadas ou em fases mais regressivas do desenvolvimento.

2) Qualidade

Para se apreciar a qualidade de execução observam-se os percentis:

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Percentil Qualidade da Reproduçãop < 50 Reprodução de qualidade inferiorp = 50 Reprodução de nível médioP > 50 Reprodução de qualidade superior

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Os percentis da aferição total de pontos na Cópia são dados pela tabela:

Idades 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Ad.

Percentil

10 1 3 12 14 19 26 25 28 29 24 25 27 29

25 2 11 19 17 22 28 27 30 30 29 30 31 31

50 8 19 23 22 30 30 30 33 32 30 31 32 32

75 10 21 25 27 32 34 32 35 34 34 34 34 34

90 15 26 26 31 33 34 34 36 35 35 35 35 35

100 19 31 27 31 35 36 36 36 36 36 35 36 36

Mo 2/8 19/21 24 22/31 - 34 32 35/36 - 30 31 32/35 32/33

µ 7,8 17 20,5 22,4 28,7 30,6 30 32,1 31,7 30,6 31 32 32

3) Rapidez

Observam-se também os percentis:

Os percentis da aferição do tempo na Cópia são dados pela tabela:

Idades 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Ad.

Percentil10 15 12 15 18 11 18 10 6 8 5 5 6 625 10 10 11 11 10 7 9 5 5 5 5 4 550 8 8 9 9 7 6 8 4 4 4 4 4 475 7 7 7 7 6 5 4 3 4 3 4 3 3

100 4 3 6 5 5 4 3 2 3 2 1 2 2

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Percentil Qualidade da Reproduçãop < 50 Reprodução muito lentap = 50 Reprodução de nível médioP > 50 Reprodução muito rápida

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4) Relação qualidade/rapidez

Conjugar a correcção ou inexactidão da reprodução com a rapidez ou lentidão de execução:

a) Figura reproduzida bem e rapidamente – O melhor dos resultados esperáveis. Significa boa capacidade gráfica (a relativizar com o tipo de reprodução, será tanto melhor quanto mais esta se aproxime do tipo I ou II, mas há que ter em conta que o tipo IV também é comum numa criança) e boa capacidade de organização grafo-perceptiva.

b) Figura reproduzida bem, mas lentamente – Significa a existência de boas capacidades grafo-perceptivas, mas o resultado fica prejudicado pela lentidão da execução. As hipóteses de isto acontecer são: meticulosidade, perfeccionismo, aspectos defensivos de carácter rígido, receio de errar, lentidão e morosidade devidas a características obsessivas ou a aspectos depressivos.

c) Figura reproduzida mal, mas lentamente – Significa a existência de capacidades grafo-perceptivas diminuidas. O sujeito pode, ainda assim, ter feito um esforço por rememorar e reproduzir a figura e a lentidão advir daí, ou por outro lado, a lentidão ser mais uma das marcas das suas dificuldades. Isto pode ser devido a problemas de memória, depressão, déficit de percepção ou organização visual, envolvimento neurológico.

d) Figura reproduzida mal e rapidamente – Significa a existência de capacidades grafo-perceptivas diminuidas, possivelmente prejudicadas por uma execução pouco cuidada ou por dificuldades de memória. As hipóteses de isto acontecer são: impetuosidade, desistência, déficit de memória, baixa resistência à frustração, dificuldades de atenção e concentração, dificuldade de auto-apreciação sobre as performances, fragmentação de personalidade, patologias do agir, envolvimento de problemática a nível neurológico, déficit cognitivo generalizado.

5) Tipo de erros/deformações de execução

Interpretação: Detalhes de cariz interpretativo alheios à figura. Ausência de estruturação: Execuções caóticas. Repetição: Estereotipias formais Desatenção: Confusões, inversões ou rotações. Pode haver implicação

neurológica. Simplificação: Reducionismos, escamoteações de elementos Incompetência gráfica: Distorções. Tendência para a simetria: Alterações gráficas simetrizantes.

B) Reprodução por Memória

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1) Tipo de reprodução

Os mesmos referidos para a Cópia.

2) Qualidade da reprodução

Observa-se a qualidade da reprodução mediante os percentis:

Os percentis da aferição total de pontos na Memória são dados pela tabela:

Idades 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Ad.

Percentil 10 0 2 6 2 7 14 12 15 14 13 17 15 15 25 1 4 7 9 16 16 16 17 15 17 19 20 18 50 2 10 13 14 18 19 20 20 18 19 23 22 22 75 5 14 17 18 23 22 22 23 24 23 26 25 27 90 9 18 21 22 27 26 24 23 28 24 28 26 29

100 14 23 22 28 29 29 26 27 32 33 32 28 35

Mo 1 16 - 14/18 17 19 19/22 23 15/17 - - 22 22

µ 2,5 10 13 14 19,5 19,5 20 21 18 19,5 23 22 22

3) Rapidez

Observam-se também os percentis:

Os percentis da aferição do tempo na Memória são dados pela tabela:

Docente: Mestre Ana Pina Martins Ano Lectivo de 2008 / 2009

Percentil Qualidade da Reproduçãop < 50 Reprodução de qualidade inferiorp = 50 Reprodução de nível médioP > 50 Reprodução de qualidade superior

Percentil Qualidade da Reproduçãop < 50 Reprodução muito lentap = 50 Reprodução de nível médioP > 50 Reprodução muito rápida

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Idades 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Ad.

Percentil 10 15 10 10 5 8 7 10 6 10 5 4 5 6 25 6 9 8 5 5 5 7 3 4 4 3 3 5 50 6 6 5 4 5 4 5 2 3 3 3 3 4 75 5 4 5 4 4 3 4 2 3 3 2 2 3

100 3 2 3 2 2 2 3 2 1 2 2 2 1

C) Relação entre a Cópia e a Memória

a) Cópia e Memória de boa qualidade: A mais desejável. Tanto melhor quanto mais rápida e mais bem executada.

b) Cópia melhor que a memória: Dificuldades de memorização. A conjugar com os restantes elementos obtidos com a passagem desta prova.

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