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Direito à vida e à saúde Tais direitos estão previstos de forma ampla no artigo 7º do ECA, que garante a proteção dos mesmos desde antes do nascimento. Um exemplo disto é a proteção indireta ao nascituro, garantindo à gestante o atendimento pré e perinatal, conforme consta do artigo 8º. A Lei 12.010/09 concedeu ainda à gestante, a assistência psicológica nos períodos pré e pós-natal, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal, bem como às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. Outra garantia importante é o direito ao aleitamento materno previsto pelo artigo 9º, que abrange, inclusive, os filhos de mães detentas, garantia esta também assegurada pelo artigo 5º, inciso L da CF. Esta proteção visa assegurar tanto a nutrição quanto os benefícios psicológicos e afetivos da amamentação. O legislador estabeleceu no artigo 10 cinco obrigações aos hospitais públicos ou particulares visando a efetividade do direito à vida e à saúde do recém-nascido. Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe. Do nascimento ao crescimento

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Direito à vida e à saúde

Tais direitos estão previstos de forma ampla no artigo 7º do ECA, que garante a proteção dos mesmos desde antes do nascimento. Um exemplo disto é a proteção indireta ao nascituro, garantindo à gestante o atendimento pré e perinatal, conforme consta do artigo 8º.

A Lei 12.010/09 concedeu ainda à gestante, a assistência psicológica nos períodos pré e pós-natal, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal, bem como às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.

Outra garantia importante é o direito ao aleitamento materno previsto pelo artigo 9º, que abrange, inclusive, os filhos de mães detentas, garantia esta também assegurada pelo artigo 5º, inciso L da CF. Esta proteção visa assegurar tanto a nutrição quanto os benefícios psicológicos e afetivos da amamentação.

O legislador estabeleceu no artigo 10 cinco obrigações aos hospitais públicos ou particulares visando a efetividade do direito à vida e à saúde do recém-nascido.

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

Do nascimento ao crescimento

A preocupação em relação à saúde de crianças e adolescente não se limita ao momento do seu nascimento. Pelo contrário, é voltada a assegurar o seu bom desenvolvimento em todas as etapas do seu crescimento.

Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.

§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado.

§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

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Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Parágrafo único.  As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias

Direito à liberdade

O legislador estatutário, de forma elogiável, nos artigos 15 a 18 do ECA, tratou do direito à liberdade, à dignidade e ao respeito de forma acoplada, definindo-os num único capítulo, pelo fato de eles se complementarem, pois não podemos pensar em liberdade sem respeito e dignidade.

Porém, esses direitos sofrem limitações pelo fato de crianças e adolescente serem pessoas em processo de desenvolvimento. Assim, uma criança ou um adolescente pode brincar, passear ou se divertir, desde que essa liberdade não o prejudique. Estas limitações estão presentes em cada inciso do artigo 16.

Artigo 16, I – O direito de liberdade consiste no direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais.

Comentário:

Este direito encontra limitação no caso de crianças ou adolescentes em situação de risco e/ou perigo (art. 98 ECA), em que o recolhimento é autorizado e tem fim assistencial. Nesse caso, não há violação ao direito à liberdade e sim uma proteção.

Art. 16, II - Compreende o direito de opinião e expressão.

Este dispositivo é de grande valia para as situações que deságuam na Vara de Família, principalmente quando o futuro do menor está em jogo, independentemente da idade. O fato de a criança ou adolescente ser vulnerável e, como tal passível de influências inadequadas, não impede que sejam ouvidos na Vara de Família, até porque a fala do menor deverá ser avaliada dentro do conjunto de provas e ainda sob a orientação de uma equipe especializada.

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Comentário:

Logo, não cabe mais aquela velha indagação: "a partir de que idade, o meu filho poderá ser ouvido em juízo?". Porém, este direito de opinião e expressão sofre limitações para o próprio benefício da criança ou adolescente caso o juiz perceba que a escolha poderá ser prejudicial para o seu bom desenvolvimento.

Art. 16, III - Crença e culto religioso.

Aqui o legislador seguiu a orientação constitucional (art. 5º incisos VI a VIII da CF). Contudo, esta liberdade tem como freio o próprio menor, que não poderá praticar atos que afetem a sua integridade física e psíquica.

Art. 16, IV - Brincar, praticar esporte e divertir-se.

São atividades permitidas, desde que sejam praticadas dentro das regras de segurança e das normas legais, permitindo a sua socialização.

Art. 16, V– Participar da vida familiar sem discriminação.

Este dispositivo engloba o direito previsto pelo art. 19 do ECA, que será estudado na próxima aula, e se refere à convivência com a família natural ou substituta sem distinção.

Art. 16, VI - Participar da vida política.

Este direito pode ser exercido somente a partir dos 16 anos de idade, segundo o disposto no art. 14, § 1º, II, c, da CF.

Art. 16, VII – Buscar refúgio, auxílio e orientação.

Sempre que um menor procurar um adulto como fonte de apoio, inclusive no caso de violência e de maus tratos, deverá ser ouvido por quem quer que seja. Tal obrigação é então de todos, prevista nos artigos 4º e 18 do ECA. Isto porque muitas crianças e adolescentes são vítimas dos próprios pais ou responsáveis. Assim, todos devemos denunciar, e para isto existem, inclusive, diversos programas criados, como o “SOS Crianças Vítimas de Violência”, por exemplo.

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Direito à dignidade e ao respeito

O artigo 17 do ECA trata da proteção a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Entretanto, nada impede que caso os pais ou responsável suspeitem de que algo está errado com o menor, venham a vasculhar seus pertences, por exemplo, visando protegê-lo.

Com o advento das novas tecnologias e da internet, é comum ver os pais usando programas para controlar o acesso dos filhos à internet, ou proibir games inapropriados.

Este dispositivo também é limitante do poder familiar ao impedir o excesso nos meios de correição, pois os excessos poderão caracterizar o crime se maus-tratos previsto pelo art. 136 do Código Penal

E, finalmente, o artigo 18 do ECA, que assegura a dignidade da criança e do adolescente e que, além de prever o direito, estabelece também o dever de todos em zelar pelo mesmo.

1.Indique a alternativa que contempla encaminhamentos jurídicos corretos nos casos que envolvem situações referentes à saúde de crianças e adolescentes. I - Em caso de suspeita de maus tratos, os estabelecimentos de atenção à saúde (ou seu profissional) tem o dever de comunicar essa suspeita ao Conselho Tutelar; II - Qualquer criança, inclusive de mãe detenta, faz jus ao aleitamento materno; III - A vacinação de crianças é medida obrigatória, exceto por motivo de crença religiosa; IV - É assegurado à gestante, por meio do SUS, o atendimento prenatal e perinatal.

Somente as alternativas I, II e IV estão corretas 1) Certo apresentador de um programa de televisão convidou várias crianças,

as quais foram devidamente autorizadas pelos pais e pelo Juiz da Infância e Juventude, por alvará, a participarem de um show de variedades, onde as habilidades infantis seriam testadas. Assim, Julia, de cinco anos, cantou muito bem, mas para ganhar o prêmio deveria demonstrar que era corajosa! Julia, no palco, era incentivada, pelo apresentador e pela platéia, a entrar numa porta escura e trazer a máscara do “bicho papão”. A criança se recusava a entrar, pois disse que estava com medo e que não queria ver “o bicho papão”. O apresentador pegou a criança pelo braço para levá-la até a porta, mas a criança chorava muito e, aos gritos, se recusou e conseguiu sair correndo até a platéia, e todos riam muito da criança ,enquanto o apresentador dizia: - Você não é corajosa? Você não veio para brincar? Então venha, estamos esperando! Venha logo pois o “bicho papão” está esperando! Pergunta-se: A conduta do apresentador:

violou o direito à dignidade de Julia

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Carla, de 17 anos, tem um bebê de 2 meses e o amamenta. Porém carla foi levada ontem, para internação, por ter cometido ato infracional grave. Neste caso, marque

a alternativa correta:

o direito do bebê, de ser amamentado, está protegido por Lei

Letícia, de seis anos, chora muito todas as noites em razão de sentir falta de sua mãe, a qual viajou há mais de dois meses para trabalhar como doméstica, por um ano, na austrália. A tia de letícia, a qual está como guardiã da menina, não agüenta mais a choradeira da criança e a tem colocado “de castigo” dentro de uma geladeira velha, no quintal, por 2 horas, todos os dias. A menina está aterrorizada, e grita muito quando recebe o castigo, chamando a atenção da vizinha abigail. Ontem, leticia foi novamente colocada na geladeira, porém conseguiu abrir a porta e fugiu apavorada, indo procurar abigail. Leticia contou à abigail tudo que vinha ocorrendo, e a vizinha tentou falar com o conselho tutelar e a delegacia policial do local, mas não havia sinal telefônico no momento, em razão de um forte temporal. Por essa razão, acolheu a criança em sua casa. A guardiã de letícia, ao descobrir que a criança desaparecera,foi procurá-la de porta em porta, sem qualquer êxito. Pergunta-se: a criança poderia procurar abigail e ser acolhida por ela?

Sim, pois tem o direito de buscar refúgio e auxílio

aula 3 - Direito à Convivência Familiar e Comunitária e os Procedimentos de Colocação em Família Substituta; de Perda e Suspensão do Poder Familiar; de Destituição da Tutela; e da

Habilitação de Pretendentes à Adoção

Dentro da sistemática dos direitos fundamentais, o legislador tratou do direito à convivência familiar de forma abrangente, procurando estabelecer regras que norteiam o

cuidado à criança e ao adolescente. Sendo assim, serão estudados direitos e deveres de todos os envolvidos com o propósito de assegurá-

Direito à Convivência Familiar e Comunitária

O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

A família é o primeiro agente socializador do ser humano. E a convivência comunitária fortalece valores e reforça o reconhecimento dos interesses individuais e coletivos.

A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a família natural ou extensa/ampliada; e a exceção, a família substituta.

Assim, nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude, a preferência é sempre a permanência da criança e do adolescente junto a seus genitores biológicos ou parentes próximos (ou pessoa com quem já conviva), e somente após a verificação técnico-jurídica de que estes não possuem condições de criá-los, é que se inicia a colocação em lar substituto. O artigo 20 do ECA  restringiu qualquer discriminação relativa à filiação. Sendo assim, aboliu-se o termo FILIAÇÃO ILEGÍTIMA, igualando-se os direitos de todos os filhos. O mesmo preceito está no artigo 1.596 do CC e na CF, no §6º do artigo 227.

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Deste modo, o direito ao reconhecimento à filiação encontra-se garantido pelos artigos 26 e 27 do ECA, podendo o reconhecimento ser voluntário (art. 26) ou judicial (art. 27).

Como família natural entende-se a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (artigo 25, ECA). Sendo a família extensa ou ampliada aquela que se

estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e

afetividade (artigo 25, parágrafo único, ECA). Sobre a família natural, confira também o disposto nos artigos 226, parágrafos 1º a 4º da CF , e 1.723 do Código Civi

Vale ressaltar que existe discussão quanto ao reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar, e sobre a possibilidade de adoção de crianças e adolescentes por casais homoafetivos.

A Lei 12.010/09, que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.

Acolhimento Institucional

Esta forma se refere ao antigo abrigamento (artigo 90, IV, ECA) por instituições voltadas à proteção temporária da criança e do adolescente, e que não se confunde com privação de

liberdade destes. A permanência da criança e do adolescente neste programa de acolhimento não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade

que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Acolhimento Familiar

Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas famílias. Elas são

cadastradas para esta finalidade e, surgindo a necessidade, serão a família acolhedora destas crianças e adolescentes. Este programa prevalece sobre o acolhimento institucional,

sempre que possível, e conta com o acompanhamento de profissionais como assistentes sociais e psicólogos.

Estas duas formas de acolhimento possuem como características comuns:

- são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando em privação de liberdade;

- A criança ou adolescente terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar da entidade, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta. Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório

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fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda, e o Ministério Público então ingressará com a ação (art. 136, XI e par. Único, ECA);

- A determinação de ambos os acolhimentos é de competência exclusiva da autoridade judiciária (exceto no caso de medidas emergenciais - artigos 101, § 2º e 93 do ECA), mediante lavratura de Guia de acolhimento, que deve conter os requisitos do § 3º e incisos do artigo 101 do ECA;

- A determinação de qualquer dos acolhimentos importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.

- Em ambos os acolhimentos elabora-se um plano individual de atendimento por uma equipe técnica (vide §§ 4º ao 6º do artigo 101 do ECA);

- O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável.

Pátrio Poder x Poder Familiar

Segundo o Código Civil, a expressão “pátrio poder” foi substituída por “poder familiar”. Esta alteração baseou-se no disposto pelo artigo 5º, inc. I da CF, que diz que ”homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e do §5º do artigo 226, da CF, que prevê a igualdade entre os cônjuges. Por isso este poder é exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, representando a obrigação destes na formação e proteção dos filhos, garantindo-lhes os direitos

fundamentais assegurados pela CF. O que está contido também no art. 21 do ECA.

As obrigações decorrentes do poder familiar são o sustento, a gaurda e a educação dos filhos menroes, conforme salietam os artigos 1634 do cc e 22 do eca.

O descumprimento destes deveres pdoe ocasionar a suspensão ou até mesmo a perda do poder familiar, ou ainda a festituição da tutela ou a perda da guarda, conforme o caso.

O descumprimento desses deveres poderá acarretar: a) A infração administrativa do art 249 do eca b) A aplciação de medidas prevista no art 129 do ecac) Os crimes previsto nos art 244 e 247 do cpd) Abandono material: no caso de sustento – art 244 e 245 cpe) Ababandono moral: no caso da guarda art 247 cpf) Abandono intelectual: no caso da educação art 246 cp

Além dessas hipóteses existem outras situações que levam a extinção ou a suspensão do poder familiar , previstas no artigo 1635 e 1637 e parágrafo único e 1638 todos do cc

Procedimento de perda ou suspensão do poder familiar

A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a ele inerentes.

O procedimento de perda ou suspensão do poder familiar está previsto nos artigos 155 e seguintes do ECA.

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Etapas do procedimento de perda ou suspensão do poder familiar O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse. A petição inicial deverá conter os seguintes requisitos: I - a indicação da autoridade judiciária a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; III - a exposição sumária do fato e o pedido; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 do Código Civil. Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Também é obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido.

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Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento. Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.

Família substituta – Artigos 28 a 52, ECA.

A colocação em família substituta far-se-á mediante 3 modalidades: guarda, tutela ou adoção. Estas 3 modalidades possuem alguns aspectos em comum.

Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido e terá sua opinião devidamente considerada: esta regra é muito importante na medida em que, hoje, a opinião destes poderá até mesmo indicar o rumo da decisão no processo. Ma é importante lembrar que a criança ou o adolescente podem estar tendo a expressão da sua vontade comprometida pela intervenção de um adulto. Por isso, é fundamental que a equipe interprofissional posas analisar a postura da criança e do adolescente, em consonância com o contexto, exarando, ao final, um laudo que servirá de suporte para uma decisão mais justa, no interesse daqueles.

Tratando-se de maior de 12 anos de idade, será necessário seu consentiment, colhido em audiência.

Na apareciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade.

Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda na mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.

A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional.

Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório que se respeite seus valores e constumes, buscando-se famílias na sua própria comunidade ou da mesma etnia;

A colocação em família substituta só se dará á pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida e ofereça ambiente familiar adequado. Ex: quando o requerente

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tratar-se de um pedófilo ou traficante de drogas, ou quando o local de moradia se constitui num prostíbulo; etc.

Não será admitida transferência ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. Ex: se alguém é detentor da guarda e não deseja mais esse encargo, deverá renunciar em juízo e não abandonar a criança ou o adolescente ou entregá-lo para um terceiro.

Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos: este termo é denominado de termo de compromisso, que é o documento que serve de prova do exercício da guarda e da tutela. Aqui, a lei não se reporta ao documento que comprova a adoção, porque se faz por meio da certidão de nascimento. – art 47 do eca

Modalidades de família substituta

Clique nas modalidades de família substituta para conhecê-las:

GUARDA A guarda está prevista nos artigos 33 a 35 do ECA, e é o instituto pelo qual alguém, parente ou não, assume a responsabilidade sobre um menor de 18 anos, prestando assistência material, moral e educacional. A guarda prevista pelo ECA não se confunde com as situações de competência das Varas de Família, como exemplo, as disputas pelo filho entre pais e mães (vide artigos 1.583 e seguintes do Código Civil). O ECA regula a guarda que recai sobre terceiros, e não sobre os pais. Cabe ao poder público propiciar incentivos fiscais e subsídios, com o intuito de promover o acolhimento (vide observações sobre acolhimento nas telas desta aula), sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. O deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever destes de prestar alimentos. Isto demonstra que a guarda é a única das modalidades de colocação em família substituta que pode coexistir com o poder familiar. As espécies de guarda existentes são: 1) para regularizar situação de fato: art. 33, §1º, ECA. Ocorre em situações peculiares, em caso por exemplo, de crianças que são criadas por seus parentes ou terceiros. Pode ser deferida liminarmente; 2) como medida liminar ou incidental, nos pedidos de tutela ou adoção: art. 33, §1º, parte final, ECA; ex.: pais mortos. É a guarda provisória, que perdurará até a sentença que defira a tutela ou a adoção, a fim de que a criança ou o adolescente permaneça amparado; 3) como medida excepcional: art. 33, §2º, ECA: guarda peculiar. Em casos urgentes, fora da adoção e tutela, para suprir eventual falta dos pais, permitindo-se que o guardião o represente em determinada situação (ex. menor de 16 anos que os pais estejam em viagem, e seja preciso resolver um problema urgente em relação a este adolescente); 4) como medida obrigatória: para adolescente trazida de outra comarca para prestar serviços domésticos, a partir de 16 anos (art. 7º, inc. XXXIII, CF: proíbe trabalho a menor de 16 anos). Incorre na pena do artigo 248 do ECA;

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5) guarda subsidiada: art. 34, ECA. Tal artigo refere-se a crianças ou adolescentes de difícil colocação em família substituta (ex.: órfãos, adolescentes abandonados, deficientes mentais, enfermos, etc.) ou excluídos da tutela e da adoção por falta de interessados. Assim, é um incentivo aos guardiães (ex.: incentivo fiscal); 6) guarda familiar: É o acolhimento familiar.

Obs.: a guarda previdenciária, prevista no artigo 33, §3º do ECA, não é um tipo de guarda mas sim, um efeito desta. Isto porque atribui condição de dependente, para fins previdenciários, à criança ou adolescente que está sob a

guarda daquele beneficiário. Assim, não se deve deferir guarda específica para esse fim, só a definitiva, evitando-se assim, fraudes previdenciárias.

TUTELA A tutela está prevista nos artigos 36 a 38 do ECA, e 1.728 e seguintes, do Código Civil. Consiste em um encargo de caráter assistencial, que tem por objetivo suprir a falta de representação legal, substituindo assim o poder familiar, em se tratando de menor de 18 anos. Cabe destacar que a administração dos bens do tutelado não pode prevalecer à criação e à educação deste. Esta administração é uma importante atribuição da tutela, mas não é única. A tutela, apesar de englobar a guarda, não se confunde com ela. A tutela confere ao tutor plenos poderes de representação, em virtude da destituição ou suspensão do poder familiar ou ausência dos pais, o que não ocorre na guarda, que pode coexistir com o poder familiar. As hipóteses que ensejam a tutela são: - pais falecidos ou ausentes (com declaração de ausência, senão a medida correta é a guarda); - pais suspensos ou destituídos do poder familiar.

Cessa a condição de tutelado: - com a maioridade ou a emancipação; - caso a criança ou adolescente volte a estar sob o poder familiar, no caso de reconhecimento da filiação ou adoção. Cessam as funções do tutor: - ao expirar o termo de tutela; - ao sobrevir escusa legítima (vide artigo 1.736 do Código Civil); - ao ser removido. Apesar de não coexistir com o poder familiar, a tutela não defere direito sucessório ao tutelado em caso de falecimento do tutor. Este direito permanece em relação aos pais, pois a suspensão ou a destituição do poder familiar não extingue o vínculo sucessória. O tutor possui os deveres previstos nos artigos 1.740, 1.747, 1.748 e 1.755, todos do Código Civil. As espécies de tutela são: - tutela testamentária - art. 1.729 e § único, Código Civil: quando os pais nomeiam tutor, conjuntamente, através de testamento. Porém, na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 do ECA, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,

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se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumí-la; - tutela legítima – art. 1.731, Código Civil: na falta de nomeação pelos pais, a nomeação pode ser feita judicialmente, dentre os parentes consangüíneos;

- tutela dativa – art. 1.732, Código Civil: tem caráter subsidiário, e será cabível na falta do exercício das possibilidades anteriores. Trata-se da nomeação judicial de tutor estranho, idôneo e residente no domicílio do tutelado.

ADOÇÃO A adoção de criança e de adolescente reger-se-á sempre de acordo com o disposto no ECA (artigos 39 a 52, do ECA), e trata-se de medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. A adoção depende sempre de sentença judicial, que possui natureza constitutiva. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. Quem pode adotar? a) pessoas maiores de 18 anos, individualmente, e que tenham 16 anos a mais que o adotando, exceto os ascendentes e os irmãos do adotando; b) casal, em que 1 dos cônjuges seja maior de 18 anos e comprove estabilidade familiar; c) divorciados ou separados judicialmente, desde que a criança ou o adolescente já estivesse sob o convívio do casal durante a sociedade conjugal, e desde que se estabeleça guarda e visitação; d) tutor/curador em relação ao tutelado/curatelado, desde que preste contas de sua administração.

Requisitos da adoção: deve oferecer reais vantagens para o adotando, por tratar-se de medida excepcional; deve haver o consentimento dos pais ou do representante legal do adotando, ou destituição do poder familiar. Se os pais dão o seu consentimento, é feita no Cartório, diretamente, sem advogado, através de petição dos interessados, pois não há lide. Caso contrário, há o contraditório. Sendo impossível o consentimento, como no caso de pais desconhecidos/desaparecidos e de menores órfãos sem representante legal, o Juiz o supre; consentimento do adotando maior de 12 anos; estágio de convivência: a adoção é precedida de estágio de convivência para fins de adaptação, pelo prazo que o Juiz fixar, dependendo das peculiaridades de cada caso. Isto é para verificar a adaptação da criança ou adolescente naquela família, e não dos adotantes.

NÃO HÁ O ESTÁGIO NOS SEGUINTES CASOS: crianças com menos de 01 ano de idade (exceto se deficientes sensoriais ou mentais); ou se o menor já estiver em companhia do adotante tempo suficiente para supor a adaptação do adotando. Para os adotantes estrangeiros residentes ou domiciliados fora do Brasil, o estágio de convivência é obrigatório, e é cumprido em território nacional, pelo prazo de 30 dias.

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Cabe ressaltar que o estágio de convivência deve ser acompanhado pela equipe interprofissional que apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. Adoção Póstuma e Adoção Unilateral: Existem duas espécies de adoção previstas pelo ECA que possuem características peculiares que as afastam um pouco das regras gerais referentes a adoção. A primeira espécie consiste na chamada Adoção Póstuma, que se refere a possibilidade de deferimento da adoção ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. E a segunda denomina-se Adoção Unilateral na qual um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantendo-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. Sentença de deferimento da Adoção: A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese de Adoção Póstuma, caso em que terá força retroativa à data do óbito. Isto é assim para possibilitar a transmissão de direitos sucessórios ao adotando. A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, a possibilidade de determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, isto não poderá configurar uma imposição ao adotado. Será obrigatória a sua oitiva, observado o disposto nos §§ 1o e 2o, do art. 28 do ECA. A sentença que defere a Adoção é irrevogável e nem mesmo a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais. Conhecimento sobre a origem biológica: O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Tal acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. Cadastro para fins de adoção: Caberá a autoridade judiciária manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. Considerando a relevância da Adoção, a inscrição de postulantes à mesma deverá será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela

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equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e, sempre que possível e recomendável, esta preparação deverá propiciar o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados, sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica. O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público e somente será deferida a inscrição se o interessado satisfazer os requisitos legais. A lei prevê ainda a criação e a implementação de cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção, e também cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros anteriormente mencionados. Atuação das autoridades: Para que se assegure a efetividade das normas previstas pelo ECA sobre a Adoção, a atuação das autoridades envolvidas no processo é fundamental. As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional, sob pena de responsabilidade. A Autoridade Central Estadual deverá zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público Adotante domiciliado fora do Brasil: A adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente somente poderá ser deferida: - se tratar de pedido de adoção unilateral; - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;

- oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA

ADOÇÃO INTERNACIONAL Conceito e noções gerais: É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. Vale lembrar que a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Seguindo as orientações da convenção internacional dos direitos da criança, o legislador estatutário excepcionou, ainda mais, a colocação em família substituta estrangeira. Partindo da interpretação sistemática, conclui-se que a colocação em família substituta já é exceção e a colocação em família substituta estrangeira é a exceção da exceção, ou seja, a criança somente irá para um lar estrangeiro quando não houver nenhuma família brasileira disposta a adotá-la. E os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nesta modalidade de adoção. Esta regra deve ter por pressuposto o melhor interesse da criança e não o das famílias, conforme art. 6º do ECA.

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Importante: As regras gerais da adoção são aplicadas à adoção internacional, como exemplo dar-se-á da mesma forma a adoção de adolescente com a peculiaridade de ser indispensável o seu consentimento (art.45, § 2º, do ECA) bem como quanto ao grupo de irmãos (art.28, § 4º, do ECA). Requisitos para o deferimento da Adoção Internacional: Será admitida a adoção internacional de crianças e/ou adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil, quando esta modalidade de família substituta for adequada ao caso concreto, e quando forem esgotadas todas as possibilidades de colocação em família brasileira. Em se tratando de adoção de adolescente, este deverá ser consultado e estar preparado para a medida, através de parecer elaborado minuciosamente por equipe interprofissional. Adoção Internacional: Procedimentos A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional, e observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA, com as seguintes adaptações: - A postulação da adoção internacional, de criança ou adolescente brasileiro, por pessoa ou casal estrangeiro, deverá ser precedida de pedido de habilitação à medida perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual;

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- A Autoridade Central do país de acolhida, considerando que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contemple informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos em que se fundamentam o pedido, e a aptidão para assumir uma adoção internacional; - Será encaminhado relatório, instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial, elaborado por equipe interprofissional, e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência da Autoridade Central do país de acolhida, à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; - Os documentos encaminhados pela Autoridade Central do país de acolhida à Autoridade Central Estadual, em língua estrangeira, serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; - Pelo princípio da soberania dos países, a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; - A Autoridade Central Estadual, após estudo realizado pela a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe o ECA, como da legislação do país de acolhida, poderá expedir laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; - O interessado à adoção será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, após estar de posse do laudo de habilitação, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual; - A saída do adotando do território nacional, antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida. Depois de transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado; - A qualquer tempo Autoridade Central Federal Brasileira poderá solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. Será admitido que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados, se a legislação do país de acolhida assim o autorizar. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.

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A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o do artigo 52-C, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.

Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional.

Procedimento de Colocação em Família Substituta

O procedimento de colocação em família substituta está previsto nos artigos 165 a 170 do ECA.

Sendo os pais falecidos ou destituídos ou suspensos do poder familiar; ou se houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado.  Caso contrário, teremos a via judicial, com o procedimento de colocação em família substituta.

Este procedimento inicia-se ou por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, após esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. E a petição inicial deve conter os seguintes requisitos:

I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos; IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;

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V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Em se tratando de adoção, deverão ainda ser observados os requisitos específicos ao instituto.

Durante o procedimento, havendo o consentimento dos titulares do poder familiar, este será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade. E se este consentimento foi prestado por escrito, deverá ser ratificado em audiência.Este consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção, e só terá valor se for dado após o nascimento da criança.

A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência, a fim de que a criança ou o adolescente não fique sem representação legal até o final do procedimento. E, deferida a guarda provisória ou o estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.

Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.

Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nos artigos 155 a 164 do ECA.

IMPORTANTE: A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento de colocação em família substituta, observado o disposto no art. 35, do ECA.

Procedimento de Destituição da Tutela

A destituição da tutela será decretada judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações inerentes ao instituto.

O procedimento de destituição da tutela está previsto nos artigos 164 do ECA e 1.194 a 1.198 do Código de Processo Civil. Clique aqui para visualizar as etapas deste procedimento.

Procedimento de Habilitação de Pretendentes à Adoção

Para a colocação de crianças e adolescentes em família substituta na modalidade de adoção, é necessário que os pretendentes a adotantes se habilitem em um procedimento próprio.

Este procedimento está regulado nos artigos 197-A a 197-E do ECA.

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COs postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial junto ao Juizado da Infância e da Juventude, e a autoridade judiciária terá o prazo de 48 para receber a petição e dar vista dos autos ao Ministério Público, que em 5 (cinco) dias poderá:

- apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico para aferir a capacidade e o preparo dos postulantes;

- requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e das testemunhas;

- requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias.

Os postulantes deverão participar de programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, voltado à preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial,de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.

Além disso, sempre que possível, se incentivará o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados.

Após a participação no referido programa, a autoridade judiciária  decidirá, em 48 horas, acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo, a seguir, vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.

Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 do ECA, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com a ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.  A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedida

Esta ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 do ECA, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do adotando.

Regina, madrinha de Pedro Paulo, um adolescente de 15 anos de idade, é sua guardiã há 3 anos, desde que a mãe do adolescente foi internada no hospital, em coma, onde ainda permanece no mesmo estado. Isto porque o pai de Pedro Paulo, na ocasião, estava em local incerto e não sabido, e assim permaneceu por 5 anos, desde que foi trabalhar, como treinador de um time de futebol, nos Emirados Árabes. Recentemente, ele procurou pelo filho na casa de Regina, já que está de férias, para ter notícias dele, já que as cartas que encaminhou sempre retornaram sem resposta. Diante da situação do adolescente, seu pai resolveu que mandaria uma pensão alimentícia, por depósito bancário, para que este pudesse sobreviver. Pergunta-se: Pode a Sra. Regina representar Pedro Paulo perante a instituição bancária, para receber o dinheiro da pensão?

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não, porque o termo de guardiã não incluiu o direito de representação

Oswaldo, amigo de Euzébio há mais de 20 anos, faleceu, mas deixou testamento indicando o amigo, de longa data, como tutor de seu filho Murilo, de 5 anos, de idade, desde que sua esposa e mãe da criança morrera no parto, e por não haver mais parentes seus ou de sua finada esposa que pudessem cumprir esta função. A criança fazia jus a pensão de sua mãe, em virtude de atividades laborais que esta desempenhava, e Oswaldo representava o seu filho no recebimento desta pensão. Pergunta-se: Euzébio, sendo tutor de Murilo, poderá continuar recebendo, em nome deste, a referida pensão, e ainda, postular os interesses do tutelado em relação à pensão de Oswaldo?

sim, a tutela visa substituir o poder familiar para a proteção integral.

Fernando postulou a destituição do poder familiar de sua ex empregada doméstica Nilza, por ela ter abandonado seu filho, na residência de Fernando, há 3 anos e 8 meses. Hoje, com 5 anos de idade, a criança está bela e saudável, graças aos cuidados que recebeu de Fernando e Nora, que é genitora deste. Fernando cumulou o pedido com adoção do pequenino Léo, filho de Nilza, e já obteve a guarda provisória de Léo. Vale dizer que Fernando assinou a inicial com seu advogado. O processo está tramitando corretamente, e já houve o estudo psicossocial, que é favorável à adoção da criança por Fernando, que inclusive já matriculou Léo na escola, o colocou como seu dependente no plano de saúde, bem como o declara no Imposto de Renda. Na destituição do poder familiar, Nilza foi citada por edital e não compareceu, e o Ministério Público manifestou-se pela destituição do poder familiar, e o processo já está com o Juiz para a sentença. Ocorre que Fernando foi atropelado e veio a falecer. Pergunta-se: Qual a situação da criança quanto ao procedimento de adoção?

poderá ser adotada, pois já houve manifestação inequívoca de vontade de Fernando, antes de falecer.

De acordo com o disposto no ECA identifique a alternativa INCORRETA, considerando os procedimentos de competência do Juízo da Infância e da Juventude, nas afirmativas a seguir: I - Cumular um procedimento de colocação de criança ou adolescente em família substituta com pedido de destituição do poder familiar; II - Cumular um procedimento de colocação de criança ou adolescente em família substituta com pedido de guarda provisória da criança ou adolescente; III – Só é admitida a cumulação de pedido de assentamento de registro civil, verificada a inexistência de anterior, com ação de alimentos; IV – No procedimento de adoção, a partir dos 12 anos de idade será necessário o seu consentimento do adotando, colhido em audiência, pelo Juízo.

Somente as alternativas I, II e IV estão corretas.

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Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho; e Prevenção, Produtos e Serviços.

Dando continuidade ao estudo dos direitos fundamentais previstos pelo ECA, passamos agora à análise dos direitos à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à proteção no trabalho.

Você verá que esses direitos são importantes para o bom desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, razão pela qual não só o ECA, mas também outras normas pertinentes, dedicam-se a regulamentá-los, como será visto mais adiante nesta aula.

Além desses direitos, o ECA prevê regras referentes à prevenção, aos produtos e aos serviços, reafirmando a intenção do legislador no sentido de propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento sadio de crianças e adolescente nos aspectos físico, psíquico e moral.

Objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o legislador constitucional utilizou-se da educação como instrumento de transformação social e, deste modo, destinou um capítulo para regulamentá-la (arts. 205 a 214, CRFB).

O art. 205 da CRFB demonstra a preocupação do legislador em esclarecer que a educação não se constitui apenas numa obrigação do Estado, e sim numa obrigação conjunta do Estado e da família.

Ao elencar a educação como um direito fundamental da criança e do adolescente, visa-se assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo assim, reconheceu-se uma nova concepção constitucional da Educação na formação do ser em desenvolvimento. Esta concepção foi recepcionada também pelo ECA, em seus arts. 53 a 59.

Ainda sobre a educação, a cultura, o esporte e o lazer...

É importante destacar que as regras sobre a Educação encontram-se previstas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96) e que o ECA, ao tratar deste tema, apenas enfatiza alguns aspectos lá contidos.

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

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Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;

VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:

I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;

III - elevados níveis de repetência.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

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Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

O legislador, ao abordar o direito ao trabalho no ECA (arts. 60 a 69), procurou regulamentá-lo de forma a garantir o seu efetivo exercício, em concomitância com os demais direitos, sem pretender alterar as regras já existentes.Deste modo, questões referentes ao contrato de trabalho do adolescente são reguladas pela CLT (arts.402 a 441).

O ECA não foi adequado à Emenda Constitucional nº 20 de 1998, que fixou a idade de trabalho do menor para 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Assim, a leitura deste assunto no ECA deve ser adaptada, ou seja,  onde o ECA se reporta aos 14 anos, deve-se ler 16 anos.

Outra observação relevante sobre este direito é a vedação ao trabalho em certas atividades de diversas áreas, inclusive o trabalho doméstico, para menores de 18 anos.  Esta proibição e suas implicações estão contidas no Decreto 6.481, de 12.09.08 . Segundo o ECA, o exercício do direito à profissionalização e à proteção no trabalho deve necessariamente respeitar a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento do adolescente, e promover a sua capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

a formação técnico-profissional do adolescente deverá: garantir o acesso e a frequência obrigatória ao ensino regular; ser compatível com a etapa do desenvolvimento na qual se encontre o adolescente; e possuir horário especial para o exercício das atividades;

- assegurar condições adequadas para o desenvolvimento do adolescente. Desta forma, é vedado o trabalho noturno (realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte); perigoso, insalubre ou penoso; realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; e/ou realizado em horários e locais que inviabilizem a frequência à escola.

Prevenção

Os artigos 70 a 80 do ECA visam prevenir  a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. Evitar tais situações consiste em um dever de todos. Deste modo, o legislador estatutário colocou a sociedade na função de garantidora. Considerando que tais disposições objetivam impedir que se prejudique o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes, o descumprimento das normas de prevenção sempre importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica.

Vale lembrar que o rol de obrigações referentes à prevenção previstas pelo ECA não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

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Prevenção Especial: Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos

As regras referentes à prevenção especial visam tutelar o acesso adequado de crianças e adolescentes à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos, e encontram-se previstas nos artigos 74 a 80 do ECA

Produtos e Serviços

Ao tratar dos produtos e serviços nos artigos 81 e 82 do ECA, o legislador visou preservar a integridade física e moral de crianças e adolescentes. Para isto, criou algumas restrições com o objetivo de evitar que certos produtos considerados perigosos e inadequados possam ser por eles adquiridos.

Assim, o ECA veda expressamente a venda à criança ou ao adolescente de:- armas, munições e explosivos;- bebidas alcoólicas (o ECA não prevê sanção específica para quem descumpre esta proteção. Porém, tal conduta pode ser enquadrada como Contravenção Penal);- produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida. (Esta proibição possui caráter complementar. A lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 que regula as condutas envolvendo as drogas é uma norma penal em branco que depende de portaria do Ministério da Saúde para estabelecer a lista de substâncias que são consideradas entorpecentes e assim permitir a aplicação da referida lei. Deste modo, serão consideradas drogas somente aquelas elencadas como tal por portaria do Ministério da Saúde. Esta lista, entretanto, não abrange todos os produtos nocivos à saúde não mencionando, por exemplo, a cola de sapateiro, o tinner, etc. Por essa razão, esta vedação contida no ECA é de suma importância, tendo em vista que abrange substâncias tóxicas não-entorpecentes, que estão sujeitas à tipificação quando ocorrer inobservância dessa norma importando, inclusive, na prática do crime previsto no art. 243 do ECA);- fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. Ex.: estalinhos. (O descumprimento dessa norma importa no crime previsto no artigo 244 do ECA). - revistas e publicações mencionadas no art. 78 do ECA;- bilhetes lotéricos e equivalentes.

O art. 82 do ECA traz uma norma acauteladora que veda a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, sendo esta permitida somente quando a criança ou adolescente:- estiver acompanhado pelos pais, tutor ou guardião;- se encontrar na companhia de alguém devidamente autorizado por seus pais ou representantes legais;- possuir autorização especial do juiz da Infância e da Juventude.A restrição à hospedagem prevista por este artigo visa impedir que crianças ou adolescentes venham a se evadir de suas residências ou mesmo que ocorram situações ainda mais graves que envolvam, por exemplo, a prostituição infantil. Entretanto, como

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se verá a seguir, o legislador permitiu que o adolescente viaje desacompanhado, mas não permitiu que este se hospede sozinho, gerando uma situação contraditória.

Da Autorização para Viajar

Da Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.

§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;

b) a criança estiver acompanhada:

1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;

2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:

I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida.

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aula 5: Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento

entende-se por Política de Atendimento o conjunto de leis, instituições, políticas e programas criados pelo poder público que visa promover e atender aos direitos de crianças e adolescentes. A proposta de política de atendimento prevista no ECA foi elaborada nos moldes do parágrafo 7º do art. 227, c/c art. 204, ambos da CRFB, ou seja, com base nas diretrizes principais vinculadas à política de assistência social, tendo em vista a descentralização político-administrativa e a participação popular.

Esta nova concepção introduz mudanças profundas no campo das políticas públicas dirigidas à infância e à juventude. Um exemplo disto, é que o legislador, já no art. 86, mostra a responsabilidade não só de todos os entes da federação, mas também da sociedade, no tratamento das questões infantojuvenis.

ART. 87, I: Política social básica, que é aquela que representa a satisfação do mínimo necessário para a existência digna. Exemplo: políticas vinculadas à saúde, educação, habitação, saneamento básico, etc.

ART. 87, II: Criação de programas de assistência social de caráter supletivo, que são aqueles que visam atender crianças e adolescentes que não conseguem ter acesso às políticas sociais básicas. Exemplo: programas que visam à complementação de renda, de aceleração escolar, etc.

ART. 87, III a V: Política de proteção especial, destinada à população infanto-juvenil cujos direitos foram ameaçados ou violados. Exemplo: programas voltados para aqueles que se encontram em situação de risco por estarem nas ruas, por serem usuários de substâncias tóxicas ou drogas, vítimas de exploração sexual e violência doméstica.

ART. 87, VI: Políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes.

ART. 87, VII: Campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. Isto se dá em razão da dificuldade da guarda e adoção deste grupo.

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:

I - municipalização do atendimento;

II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;

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III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;

IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;

V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;

        VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; 

        VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade.

s entidades de atendimento estão reguladas no ECA logo após as normas gerais que norteiam a política de atendimento. As governamentais são aquelas mantidas pelo Governo. Já as não-governamentais são mantidas por entidades particulares, subvencionadas ou não com verbas públicas.

Essas entidades destinam-se à execução das medidas protetivas e socioeducativas, atendendo a crianças e jovens em situações de risco pessoal e social, e acolhendo adolescentes autores de atos infracionais.

Atendimento da criança ou adolescente e sua respectiva família, em regime de orientação e apoio familiar: isto tem por fim não só identificar as fragilidades do grupo familiar, mas também apontar os caminhos para superação do problema.- Apoio socioeducativo em meio aberto. Exemplo: visa o oferecimento de reforço escolar, oferta de cursos de profissionalização, promoção de atividades artísticas e culturais.- Programa destinado à colocação familiar, através da formação de cadastro de famílias acolhedoras, por exemplo.- Acolhimento institucional, para atender em caráter provisório e excepcional, crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social.- Liberdade assistida, semiliberdade e internação: refere-se à aplicação, pelas entidades, de tais medidas socioeducativas.

Para um maior controle das entidades não-governamentais, o ECA, no parágrafo primeiro do art. 90, condicionou o seu funcionamento ao prévio cadastramento de seus programas junto ao Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, sendo que essa regra não se aplica às entidades governamentais, pois essas são criadas por lei.

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:

I - orientação e apoio sócio-familiar;

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II - apoio sócio-educativo em meio aberto;

III - colocação familiar;

IV - acolhimento institucional;

V - liberdade assistida;

VI - semi-liberdade;

VII - internação.

        § 1o  As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. 

        § 2o  Os recursos destinados à implementação e manutenção dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta Lei. 

        § 3o  Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação da autorização de funcionamento: 

        I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; 

        II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da Infância e da Juventude

        III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.

Entidades destinadas a desenvolver programas de acolhimento familiar ou institucional

As entidades destinadas a desenvolver programas de acolhimento familiar ou institucional, apesar de serem livres para definir o público-alvo que pretendem trabalhar, sua capacidade de atendimento e sua proposta pedagógica, estão vinculadas aos princípios e regras contidas nos art. 92 a 94 do ECA.

- O dirigente de entidade que desenvolve programas de acolhimento familiar ou institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito, podendo ser destituído, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal, caso descumpra as disposições legais.- Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 do ECA.

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- As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.

fiscalização das Entidades de Atendimento

As entidades de atendimento, sejam elas governamentais ou não-governamentais, serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. Esta fiscalização consiste na verificação das condições estabelecidas pela lei.

ÀS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS:a) advertência;b) afastamento provisório de seus dirigentes;c) afastamento definitivo de seus dirigentes;d) fechamento de unidade ou interdição de programa.

AS ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS:

a) advertência;b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;c) interdição de unidades ou suspensão de programa;d) cassação do registro.

IMPORTANTE: O impedimento e/ou a criação de obstáculos à fiscalização da entidade de atendimento são considerados crime, previsto no art. 236 do ECA.

Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento

O procedimento de apuração de irregularidades em entidades de atendimento, sejam elas governamentais ou não, está previsto nos art. 191 a 193 do eca.

Esse procedimento tem por fim identificar e suprir as irregularidades e deficiências no atendimento de entidades que executam programas de proteção ou sócio educativos destinados a crianças ou adolescentes

Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em entidade governamental e não-governamental terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.

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Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão fundamentada. Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir. Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento, intimando as partes.§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a substituição.§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento de mérito.§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou programa de atendimento.

Correntes doutrinárias.

Há divergência na doutrina acerca da natureza jurídica desse procedimento, quanto a possibilidade de iniciar-se por ato do juiz da infância, denominado portaria. Vale destacar três correntes predominantes:

A primeira entende tratar-se de natureza administrativa A segunda, de natureza jurisdicional A terceira, híbrida ( será jurisdicional quando proposto pelo MP e conselho

tutelar, e adm quando proposta pelo próprio magistrado).

IMPORTANTE: o art. 97 do ECA não prevê o afastamento do dirigente da instituição em entidades não governamentais. Dessa forma, a melhor interpretação desse conflito será a aplicação do disposto no parágrafo primeiro, do mesmo artigo, tanto para as entidades governamentais quanto para as não governamentais. Também há um outro argumento: os dirigentes de acolhimentos são equiparados por lei como guardiões e, como tal, poderão ser afastados a qualquer tempo, em benefício das criança e adolescentes que estejam sob sua guarda.

Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que descumprirem obrigação constante do Art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:I - às entidades governamentais:a) advertência;b) afastamento provisório de seus dirigentes;c) afastamento definitivo de seus dirigentes;d) fechamento de unidade ou interdição de programa.II - às entidades não-governamentais:a) advertência;b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;c) interdição de unidades ou suspensão de programa;d) cassação do registro.Parágrafo único.

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§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado perante autoridade judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução da entidade. § 2º As pessoas jurídicas de direito público e as organizações não governamentais responderão pelos danos que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores das atividades de proteção específica.

1.

Por política de proteção especial, deve-se entender como sendo aquelas destinadas à população infanto-juvenil, cujos direitos foram ameaçados ou violados. Marque a assertiva que retrata um exemplo desta política.

Programas voltados para aqueles em situação de rua, usuários de substâncias tóxicas ou drogas, vítimas de exploração sexual e violência doméstica.

2.

O legislador estatutário, no art. 88 do ECA, tem como ponto central das políticas públicas centrar-se não apenas no menor, mas também nas suas famílias, e delineou as diretrizes a serem cumpridas dentro dessa nova estrutura de atendimento. Diante disto, devemos entender como diretrizes da política de atendimento o conjunto de instruções a serem seguidas na elaboração e na implementação dessas políticas. Das alternativas abaixo, assinale a única que NÃO constitui uma dessas diretrizes:

Integração operacional dos órgãos responsáveis pelo adolescente infrator, com o objetivo de fazer com que todos os órgãos atuem de forma totalmente apartada e independente para uma lenta recuperação do adolescente.

3.

Diante dos conhecimentoss adquiridos até então, e de acordo com o que dispõe o ECA, podemos afirmar que, quanto à natureza do procedimento para apuração de irregularidades em entidades de atendimento:Parte da doutrina entende tratar-se de procedimento administrativo, enquanto outra parte entende tratar-se de procedimento judicial.

4.

De acordo com o que dispõe o ECA acerca do procedimento de apuração de irregularidades em entidades de atendimento, podemos afirmar que  o legitimado passivo neste procedimento é:

Qualquer entidade de atendimento constante no ECA, representada pelo seu Dirigente

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Conselho Tutelar

Para corroborar o sistema de garantias, dar efetividade à doutrina da proteção integral e integrar a rede de atendimento, foi criado o Conselho Tutelar.

Ao conceituar o Conselho Tutelar e estabelecer a sua natureza jurídica, no artigo 131 do ECA, o legislador visou fortalecer sua missão institucional, para representar a sociedade na salvaguarda dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Assim, temos que o Conselho Tutelar é um órgão de natureza administrativa, da esfera do Poder Público Municipal.

Art. 131 do ECA – O Conselho Tutelar é órgão permanente(Significa que, uma vez criado, o Conselho Tutelar não pode mais ser extinto, sendo cabível tão somente a renovação de seus membros após mandato de três anos. Significa também que ele deve funcionar diuturnamente e, para tanto, deverá funcionar em sistema de plantão. ) e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.