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11
ConferênciaConferência
Miguel Torga: Escritor,Miguel Torga: Escritor, Poeta e Farol da Democracia Poeta e Farol da Democracia
PortuguesaPortuguesa
pelapela
Dra. Alix de CarvalhoDra. Alix de Carvalho
19 de Dezembro de 200719 de Dezembro de 2007
Com o apoio de Com o apoio de
Consulado-Geral de Portugal
em Montreal
22
Miguel TorgaMiguel Torga
O Homem, o Escritor, o Tempo, O Homem, o Escritor, o Tempo,
a Terra e a Democraciaa Terra e a Democracia
Diaporama de Luís Aguilar e Vitália RodriguesDiaporama de Luís Aguilar e Vitália RodriguesConcebido a partir do livro Fotobiografias de Clara Rocha.
Consulado-Geral de Portugal
em Montreal
44
Ter um destinoé não caber no berçoonde o corpo nasceu,
é transpor as fronteirasuma a uma
e morrer sem nenhuma.
Miguel Torga In Fernão de Magalhães,
Antologia Poética. Lisboa: Dom Quixote, 1999.
55
Miguel Torga
(alterónimo de Adolfo Correia Rocha)
nasceu em S. Martinho de Anta há cerca de cem anos,
a 12.08.1907 e morreu em Coimbra a 17.01.1995.
Nasci como um cabrito ou como um pé de milho
66
77
O destino plantou-me aqui
e arrancou-me daqui.
E nunca mais as raízes
me seguraram bem em nenhuma terra.
88
Os pais, Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros, e a irmã Maria
99
Em 1917, aos dez anos, vai para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família.
O pequeno criado ganhava quinze tostões por mês e dormia num cubículo de campainha à cabeceira.
Fardado de branco servia de porteiro, “moço de recados”, regava o jardim, “limpava o pó e polia os metais da escadaria nobre”, “atendia campainhas”.Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão.
1010
Em 1918 vai para o Seminário de
Lamego, onde viveu “um dos anos
cruciais”da sua vida, tendo melhorado
os conhecimentos de português, da
geografia, da história, aprendido o
latim e ganhado familiaridade com os
textos sagrados .
No fim das férias comunicou ao pai
que não seria padre.
1111
A grande aventura juvenil1919
Foi então enviado, aos doze anos, para o Brasil (Minas Gerais), a fim de trabalhar numa fazenda que pertencia a um tio.
1212
Fazenda de Santa Cruz (Minas Gerais)
1313
Simples máquina de trabalho era o último a deitar--me e o primeiro a erguer-me, sem domingos nem dias santos para que a engrenagem funcionasse com perfeição.
Carregar o moinho, mungir as vacas, tratar dos porcos, ir buscar os cavalos da cocheira ao pasto, limpá-los e arreá-los, rachar lenha, varrer o pátio e atender a freguesia que vinha comprar fumo, cachaça, carne seca, feijão, ou trocar grão por fubá; ir buscar o correio à povoação; fazer a escrita da fazenda, verificar à noite se as portas e as janelas estavam bem fechadas.
1414
Quatro anos decorridos o tio matriculou-o no Ginásio de Leopoldina.
1515
Em 1925, na convicção de que ele havia de
vir a ser “doutor em Coimbra”, o tio
propôs-se pagar-lhe os estudos como
recompensa dos cinco anos de serviço.
1616
Crescera por fora e por dentro. Aprendera a
objectivar a vida, embora sempre tivesse
sentido aquele chão como fabuloso e mágico
e aonde pudera ser selvagem e natural.
1717
Um dos seus títulos de glória é ter passado a
adolescência no Brasil” ,
…o Brasil amei-o eu sempre, foi o
meu segundo berço, sinto-o na
memória, trago-o no pensamento.
1818
De regresso a Portugal, fez em dois anos, os
cinco do primeiro e segundo ciclo do curso
liceal de sete.
No Liceu José Falcão completou o terceiro
ciclo num só ano, ficando apto a cursar uma
Universidade.
1919
.
1928 - Adolfo Rocha estudante universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra
A caneta que escreve e a que prescreve
revezam-se harmoniosamente na mesma mão.
2020
Uma pobre colectânea de
sonetos e canções que
mereceu apenas críticas
reprovativas e Torga nunca
reimprimiu.
2222
Foi com
Balada da Morgue
que, verdadeiramente
assinei pacto com
Orfeu .
Presença, 24, Janeiro 1930
2323
Em 1929, com 22 anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema “Altitudes…”.
A revista, fundada em 1927 pelo “grupo literário avançado” de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era bandeira “literária do grupo modernista” e era também, “bandeira libertária”da Revolução Modernista.
2424
Golpe Militar de 1926
A intervenção literária, já então a
entendia Adolfo Rocha, como o
único modo de combate
numa pátria que é o cemitério da
própria língua.
2525
Em 1930 rompe definitivamente com a revista
Presença, por razões de discordância estética e
razões de liberdade humana.
2626
Adolfo Rocha e
Branquinho da Fonseca
fundam a revista Sinal,
que saiu em Julho de
1930.
2828
Em 1931, contista em Pão Ázimo e poeta em
Tributo, Adolfo Rocha já aparecia a público em
edição de autor, como aconteceu com Abismo,
no ano seguinte, e como aconteceria pela vida fora.
2929
Conclui o curso universitário de medicina em 1933.
Na hora em que esperava merecer da vida a alegria
íntima do triunfo, sinto o medo do avesso quiçá o
terror fundo que não diz donde vem nem para onde
vai, anotou no dia da formatura. .
3030
Regressa a S. Martinho de Anta com fama de revolucionário.
Perdera definitivamente o lugar privilegiado no seio da tribo. Estava sem estar.
Mudou-se, para Vila Nova, a meio do ano de 1934, concelho de Miranda do Corvo, distrito de Coimbra.
3131
Miguel TorgaMiguel Torga
A Vida Familiar A Vida Familiar
3232
Miguel Torga com a mãe que falece em 1948.
3333
A vida afectiva. A única que vale a pena. Casa com Andrée Crabbé em 1940, estudante de nacionalidade belga - aluna de Estudos Portugueses, ministrados por Vitorino Nemésio em Bruxelas - que viera a Portugal para frequentar um curso de férias na Universidade de Coimbra.
3434
Vou tentar ser bom marido,
cumpridor. Mas quero que
saibas, enquanto é tempo, que
em todas as circunstâncias te
troco por um verso.
(A Criação do Mundo, V)
3535
Miguel Torga e a filha Clara Rocha, nascida em 3 de Outubro de 1955.
3636Diário VII
3737
Apresentação da neta ao avô,
que falece algumas semanas depois em 1955.
3838
Em 27 de Julho de 1990 celebra oscinquenta anos de casado. Os sins de que eu fui capaz contra os nãos da vida.
4040
Adolfo Correia Rocha
aos 27 anos em 1934,
auto-define-se pelo alterónimo que criou
Miguel e Torga
4141
MiguelHomenagem a dois
grandes vultos da
cultura ibérica:
Miguel de Cervantes
e Miguel de Unamuno
João Abel Manta
4242
Torga (Erica lusitanica)
Designação nortenha da urze,
planta brava da montanha,
que deita raízes fortes sob a
aridez da rocha, de flor branca,
arroxeada ou cor de vinho.
4343
A Terceira Voz, em 1934 é publicado por Miguel Torga, com prefácio de Adolfo Rocha:Somos irmãos e temos a mesma riqueza: despeço-me de cena e dou a minha palavra de honra que não reapareço; …a minha voz mudou – porque o horizonte é maior…
4444
Em Janeiro de 1936 funda,
com Albano Nogueira,
Manifesto, Revista de Arte e
Crítica:
Procurávamos um caminho
de liberdade assumida onde
nem o homem fosse traído,
nem o artista negado, uma
arte rebelde enraizada no
circunstancial.
4545
Afonso Duarte, Alvaro Salema, Bento de
Jesus Caraça, Branquinho da Fonseca,
Joaquim Namorado, Lopes Graça, Paulo
Quintela, Vitorino Nemésio acompanha-
vam-no nessa intervenção contrária ao
individualismo presencista, alienado do real
(que Eduardo Lourenço identificou, em
1957, no Comércio do Porto, com o artigo
Presença, ou a Contra-Revolução do
Modernismo Português ).
Fernando Pessoa tinha lugar, naquele
primeiro número, com o poema Nevoeiro.
4646
Pode considerar-se Miguel Torga
pioneiro e representante por
antonomásia da escrita diarística
portuguesa, por ser, juntamente com
Virgílio Ferreira, com Conta Corrente,
dos que lhe conferiram maior
significância. O Diário torguiano, que o
autor publicou ininterruptamente entre
1941 e 1993, retrata o pulsar do autor
sobre o homem, o mundo e a vida, entre
3 de Janeiro de 1932 e 10 de Dezembro
de 1993.
4747
Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de
ler a notícia no jornal, fechei a porta do
consultório e meti-me pelos montes a cabo.
Fui chorar com os pinheiros e com as
fragas a morte do nosso maior poeta de
hoje, que Portugal viu passar num caixão
para a eternidade, sem ao menos perguntar
quem era. In Diário I (3 de Dezembro de 1935)
4848
No Dia de Camões de 1948, a propósito do artifício da
figura de “escritor oficial” alheio à alma colectiva, havia de
sugerir que Pessoa substituísse Camões, vastíssimo poeta,
mas “cristalizado numa época”:
4949
Fernando Pessoa, culturalmente
considerado, não será muito mais poeta
nacional deste século do que Camões?
Por ser o símbolo da Pátria e por ter envolvido
emblematicamente a glória do poeta. Glória pura
que, como poucas, merecia a graça desse póstumo
calor materno. Ninguém antes tinha realizado o
milagre de criar de raiz um Portugal feito de versos.
5050
Camões fez versos a martelo.
5151
Em 1937 começou a imprimir A Criação do Mundo, génese progressiva, numa consciência, da imagem da realidade circunstancial, visão de um mundo criado à nossa medida, original e único, povoado de seres reais que o tempo foi transformando em fantasmas.
5252
Em 1937, colabora na Revista de Portugal , de Vitorino
Nemésio
5353
Bichos surge em 1940, reeditado pouco depois, traduções sucessivas para variadíssimas línguas. Animais com sentir humano ou seres humanos vestidos de animais. Ou uma irmandade de animais e homens. Tudo numa argamassa de vida. O cão Nero, o galo Tenório, o jerico Morgado, o Ladino, o Ramiro. E a Madalena, caminhando na contra mão da contradição entre cultura e vida.
5454
1931 - Pão Ázimo. 1931 - Criação do Mundo. 1934 - A Terceira Voz. 1937 - Os Dois Primeiros Dias. 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo. 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo. 1940 - Bichos. 1941 - Contos da Montanha. 1942 - Rua. 1943 - O Senhor Ventura. 1944 - Novos Contos da Montanha. 1945 - Vindima. 1951 - Pedras Lavradas 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo. 1976 - Fogo Preso. 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo. 1982 - Fábula de Fábulas.
Ficção
5555
1928 - Ansiedade. 1930 - Rampa. 1931 - Tributo. 1932 - Abismo. 1936 - O Outro Livro de Job. 1943 - Lamentação. 1944 - Libertação. 1946 - Odes. 1948 - Nihil Sibi. 1950 - Cântico do Homem. 1952 - Alguns Poemas Ibéricos. 1954 - Penas do Purgatório. 1958 - Orfeu Rebelde. 1962 - Câmara Ardente. 1965 - Poemas Ibéricos.
Poesia
5656
Peças de Teatro
1941 - "Terra Firme" e "Mar". 1947 - Sinfonia. 1949 - O Paraíso. 1950 - Portugal. 1955 - Traço de União.
5757
Traduções
Livros seus estão traduzidos para diversas línguas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.
5858
Prémios 1969 - Prémio do Diário de Notícias. 1976 - Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist. 1980 - Prémio Morgado de Mateus, ex-aecquo com Carlos Drummond de Andrade. 1981 - Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S.
1989 - É-lhe imposta a condecoração de Oficial na Ordem das Artes e Letras da República Francesa. 1989 - Prémio Camões. Os meus leitores mereciam-no. (Miguel Torga)
1991 - Prémio Personalidade do Ano. 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.
5959
Prémio Vida Literária da Associação Portugesa de Escritores1992
6060
Se existe alguém que escreve em português e
merece o Nobel é Miguel Torga, não eu.
Jorge Amado
Foi proposto para o Prémio Nobel em 1960.
Sem êxito, possivelmente por interferências do Poder
de então.
Voltará a ser considerado uns anos mais tarde, não lhe
tendo sido atribuído.
6161
1º Congresso Internacional de Miguel Torga
É organizado pela Universidade Fernando Pessoa em 1994
6262
Uma literatura que produz, no mesmo século,
dois vultos do calibre de Pessoa e Torga,
pode considerar-se
uma literatura de excelente saúde.
Torrente BallesterIn Entrevista a Miguel Viqueira em 1986
6363
Hoje
sei apenas gostar
duma nesga de terra
debruada de mar.
6565
A política é para eles (os políticos)
uma promoção e,
para mim,
uma aflição.
6666
Foi preso várias vezes devido aos seus escritos, sendo a primeira em 1939, em Aljube.
A PIDE negar-lhe-ia , várias vezes o pedido de visto para sair do país.
Andrée Rocha é suspensa do seu lugar académico, passou a fazer traduções e a ajudar o marido na sua actividade profissional.
6767
Na Candidatura do General Humberto Delgado1958
6868
Em 1967, assina um manifesto no qual é pedida a aprovação de uma lei da Imprensa, a abolição da censura prévia e a interposição de recurso no caso de apreensão de livros.
6969
7070
Revolução de 25 de Abril
Golpe militar. Assim eu acreditasse nos militares.
7171
Estranha revolução esta, que desilude e humilha quem
sempre ardentemente a desejou.
Estamos a viver em pleno absurdo, a escrever no livro da
História gatafunhos que nenhuma inteligência poderá
decifrar no futuro. Todas as conjecturas têm a mesma
probabilidade de acerto ou desacerto. Jogamos numa
roleta de loucos, que tanto anda como desanda.O espectáculo que damos neste momento é o de um manicómio territorial onde enfermeiros improvisados e atrevidos submetem nove milhões de concidadãos a um electrochoque aberrante e desumano.
20 de Junho de 1975
7272
Sobre a descolonização escreveria:
Fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos dele em traineiras. Afanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim sem a grandeza de uma grande aventura. Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade.
7474
Ramalho Eanes torna-se seu amigo e Torga dá-lhe um conselho.
Seja sério, mas não se leve a sério.
7575
Conheceram-se depois do 25 de Abril,
quando Torga se afirmou como um dos
sustentáculos do Partido Socialista na
zona de Coimbra.
7676
Nunca se filiou em partido algum:
É ESCUSADO.
NÃO POSSO TER OUTRO PARTIDO SENÃO O DA LIBERDADE.
O meu partido é o mapa de Portugal
7777
Em Outubro de 1983, Samora Machel,
Presidente de Moçambique, visita
oficialmente Portugal.
Apresentados em Coimbra, Miguel
Torga fez questão de mostrar-lhe a
região duriense percorrida de
helicóptero na companhia do Presidente
português, em conversa fraterna acerca
das duas pátrias e da indissolubilidade
dos seus destinos.
No diário de 20 de Outubro de 1986
lamentaria o fim trágico e prematuro
daquela vida agitada e carismática.
7878
Entrada de Portugal em 12 de Junho de 1985
no Mercado Comum
Não apoia nem tem a mínima simpatia pela União Europeia.
Ela ofende o seu espírito patriótico e o seu ideal de Pátria.
Insurge-se contra a ideia da subserviência às ordens de uma
Europa sem valores, incapaz de entender um povo que nela
sempre os teve... É o repúdio de um poeta português pela
irresponsabilidade com que meia dúzia de contabilistas lhe
alienaram a soberania (...) e Maastricht há-de ser uma nódoa
indelével na memória da Europa.
7979
É também contra a regionalização:
O mundo a braços com o drama das diversidades e nós, que há oitocentos anos temos a unidade nacional no território, na língua, nos costumes e na religião, vamos desmioladamente destruí-la?
8080
Miguel TorgaMiguel Torga
As ViagensAs Viagens
8181
Viajar, num sentido profundo, é morrer.
Em 1937, Dezembro pardo viaja por Espanha, França e Itália.
O fascismo em Espanha completava o cerco à liberdade
8282
Em Istambul em 1953
8383Em 1954, No Centro Transmontano de S. Paulo (Brasil)
8484
Em 1973, no intuito de sentir pulsar o coração austral, de contemplar os cenários das nossas grandezas passadas e das nossas misérias presentes, empreende uma extensa viagem pela África lusófona no pressentimento de que chegara o fim da epopeia” lusa..
8585
No México em 1983.
Lá, como cá, um quadro não muda um homem. Mas um verso sim.
8686
Em Abril de 1987, no processo de
“assinatura da transmissão a curto
prazo da soberania de Macau”,
Miguel Torga aceita falar na
celebração do
Dia de Camões naquele
recanto da pátria, últimos confins de
Portugal.
Macau, Gruta de Camões
8787
Em Hong-Kong
8888
Em Goa
Em busca da presença portuguesa da qual só restam igrejas e baluartes
8989
Em 19 de Novembro de 1986, declama oitenta poemas para Em 19 de Novembro de 1986, declama oitenta poemas para o disco comemorativo dos seus oitenta anos de vida que o disco comemorativo dos seus oitenta anos de vida que
saíu a público em 30 de Junho do ano seguintesaíu a público em 30 de Junho do ano seguinte..
9090
Miguel TorgaMiguel Torga
Para os OutrosPara os Outros
9191
Miguel Torgaé um poeta em que um país se diz.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Torga podia escrever e publicar sem parar, mas ia construindo, ao mesmo tempo,
um dos monólogos mais radicais de toda a poesia portuguesa
Eduardo Lourenço
Reencarnação de um poeta mítico por excelência - daqueles que vive na intimidade das forças elementares
(a terra, o sol, o vento, a água) para celebrá-las com o seu canto.
David Mourão Ferreira
9292
Foi sempre um homem, socialmente difícil. Pouco comunicativo, falando com mais convicção do que razão. Uma das facetas menos atraentes do carácter de M.T. é a sua forretice. Chega a comprar livros com exemplares dos seus. De Leiria a Coimbra viajava sempre em 3ª classe. Foi ao estrangeiro, por diversas vezes, percorrendo boa parte da Europa, aproveitando sempre boleia de dois amigos. Quase não oferece livros a ninguém, recusa dedicatórias e autógrafos, nunca confiou o seus livros a nenhuma editora, preferindo sempre "edições do autor", com pequena tiragem e no papel mais barato possível.
Antônio Freire, in Lendo M.T.
9393
Nem sempre escrevi que sou
intransigente, duro, capaz de uma
lógica que toca a desumanidade.
[...] Nem sempre admiti que estava
irritado com este camarada e
aquele amigo. [...] A desgraça é que
não me deixam estar só, pensar só,
sentir só.
9494
O HOMEM é, por desgraça, uma solidão:
Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós.
9595
REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim. E tenho pena de acabar assim, Em vez de natureza consumada,Ruína humana. Inválido de corpo E tolhido da alma…
In Diário XVI, Coimbra, 10 de Dezembro de 1993
9696
A Morte
E o Poeta morreu.A sombra do cipreste pôde enfim
Abraçar o cipreste.O torrão
Caiu desfeito ao chãoDa aventura celeste.
Nenhum tormento mais, nenhuma imagem(No caixão, ninguém pode
Fantasiar).Pronto para a viagem
De acabar.Só no ouvido dos versos,Onde a seiva não corre,
Uma rima perduraA dizer com brandura
Que um Poeta não morre.
Em 17 de Janeiro de 1995 morrem o médico Adolfo Rocha e o poeta Miguel Torga. Ambos repousam, sob uma única lage, em campa rasa no cemitério de S. Martinho de Anta.
9797
9898
Grande parte deste diaporama foi construído a partir do livro Fotobiografias
publicado pela sua filha, Clara Rocha.
9999
© 2007 Biblioteca Nacional de Portugal , todos os direitos reservados
http://purl.pt/13860/1/
100100
Casa-Museu Miguel Torga
Vidas Lusófonas
Alguns Sítios na Rede sobre Miguel TorgaAlguns Sítios na Rede sobre Miguel Torga
101101
Diaporama Concepção e pesquisa
de
Vitália Rodriguese Luís Aguilar
Dezembro de 2007