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1- COORRELATOS COGNITIVOS DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: UM ESTUDO COM CRIANÇAS DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Flávia Gomes, Maria Clara Holanda, Paula Dias, Giuliana Ramires, Imira Fonseca, Stella Varizo e Jane Correa Universidade Federal do Rio de Janeiro Palavras-chave: Consciência fonológica, funcionamento cognitivo, velocidade de processamento, avaliação cognitiva. A consciência fonológica (CF) é uma habilidade metalinguística que consiste na reflexão acerca da estrutura fonológica da fala. Refere-se à capacidade de fazer julgamentos quanto aos componentes sonoros da língua, reconhecendo e manipulando os sons da fala por semelhança sonora, tanto em nível silábico como fonêmico. Dentre as tarefas de CF, destacam-se os subtestes de julgamento e segmentação de sílabas como tarefas preditoras para a aprendizagem da leitura e escrita em português brasileiro. Além dessa habilidade metalinguística, outras habilidades cognitivas influenciam nesse processo inicial da aprendizagem. Levando em consideração o amplo uso das tarefas de julgamento silábico e segmentação silábica na avaliação clínica de crianças, o objetivo deste trabalho é investigar as habilidades cognitivas correlatas a estas habilidades. Entender quais habilidades estão relacionadas ao julgamento e segmentação de sílabas possibilita diminuir o impacto de outras habilidades na avaliação da consciência fonológica e, assim, melhor avaliá-la. Desta forma, participaram da pesquisa 46 alunos do 1º ano do ensino fundamental de uma escola pública do município do Rio de Janeiro. Foram realizadas, além das tarefas de CF, os subtestes Procurar Símbolos e Código, que compõem o índice de velocidade de processamento (IVP) da Escala Wechsler de Inteligência para Crianças - 4ª edição (WISC-IV). Desta mesma escala, foi realizado o subteste Dígitos. Da Escala Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI), foram realizados os subtestes Vocabulário e Semelhanças, que compõem o QI Verbal. Os resultados encontrados mostraram que as tarefas de julgamento silábico estiveram positiva e significativamente correlacionadas a todas as habilidades avaliadas por meio dos subtestes do WISC-IV e do WASI. A segmentação silábica, por sua vez, mostrou-se associada somente ao IVP e ao Dígitos. De forma geral, tais resultados apontam que o julgamento silábico abarca, em si, processos de diferentes naturezas, como a habilidade de processar rapidamente informações, de armazenar e operar com itens na memória de trabalho e, por fim, a riqueza na construção lexical e na habilidade verbal geral. A tarefa de segmentação silábica, por outro lado, parece demandar recursos de memória de trabalho, bem como da velocidade com que a informação é processada na realização da tarefa. Portanto, as tarefas de avaliação da CF diferenciam-se quanto aos recursos linguístico-cognitivos a elas associados. Logo, na avaliação da consciência fonológica, é importante considerar se a dificuldade encontrada pela criança relaciona-se, primordialmente, às diferentes habilidades de CF, e qual seria a participação das habilidades correlatas à CF para explicar tais dificuldades. Assim, é importante que a compreensão das habilidades de CF esteja integrada à avaliação do funcionamento cognitivo para melhor entendimento acerca da criança e de suas habilidades. Contato: [email protected] Fomento: CAPES, CNPQ e FAPERJ

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1- COORRELATOS COGNITIVOS DA CONSCIÊNCIA

FONOLÓGICA: UM ESTUDO COM CRIANÇAS DO 1º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL

Flávia Gomes, Maria Clara Holanda, Paula Dias, Giuliana Ramires, Imira Fonseca,

Stella Varizo e Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Consciência fonológica, funcionamento cognitivo, velocidade de

processamento, avaliação cognitiva.

A consciência fonológica (CF) é uma habilidade metalinguística que consiste na

reflexão acerca da estrutura fonológica da fala. Refere-se à capacidade de fazer

julgamentos quanto aos componentes sonoros da língua, reconhecendo e manipulando

os sons da fala por semelhança sonora, tanto em nível silábico como fonêmico. Dentre

as tarefas de CF, destacam-se os subtestes de julgamento e segmentação de sílabas

como tarefas preditoras para a aprendizagem da leitura e escrita em português brasileiro.

Além dessa habilidade metalinguística, outras habilidades cognitivas influenciam nesse

processo inicial da aprendizagem. Levando em consideração o amplo uso das tarefas de

julgamento silábico e segmentação silábica na avaliação clínica de crianças, o objetivo

deste trabalho é investigar as habilidades cognitivas correlatas a estas habilidades.

Entender quais habilidades estão relacionadas ao julgamento e segmentação de sílabas

possibilita diminuir o impacto de outras habilidades na avaliação da consciência

fonológica e, assim, melhor avaliá-la. Desta forma, participaram da pesquisa 46 alunos

do 1º ano do ensino fundamental de uma escola pública do município do Rio de Janeiro.

Foram realizadas, além das tarefas de CF, os subtestes Procurar Símbolos e Código, que

compõem o índice de velocidade de processamento (IVP) da Escala Wechsler de

Inteligência para Crianças - 4ª edição (WISC-IV). Desta mesma escala, foi realizado o

subteste Dígitos. Da Escala Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI), foram

realizados os subtestes Vocabulário e Semelhanças, que compõem o QI Verbal. Os

resultados encontrados mostraram que as tarefas de julgamento silábico estiveram

positiva e significativamente correlacionadas a todas as habilidades avaliadas por meio

dos subtestes do WISC-IV e do WASI. A segmentação silábica, por sua vez, mostrou-se

associada somente ao IVP e ao Dígitos. De forma geral, tais resultados apontam que o

julgamento silábico abarca, em si, processos de diferentes naturezas, como a habilidade

de processar rapidamente informações, de armazenar e operar com itens na memória de

trabalho e, por fim, a riqueza na construção lexical e na habilidade verbal geral. A tarefa

de segmentação silábica, por outro lado, parece demandar recursos de memória de

trabalho, bem como da velocidade com que a informação é processada na realização da

tarefa. Portanto, as tarefas de avaliação da CF diferenciam-se quanto aos recursos

linguístico-cognitivos a elas associados. Logo, na avaliação da consciência fonológica, é

importante considerar se a dificuldade encontrada pela criança relaciona-se,

primordialmente, às diferentes habilidades de CF, e qual seria a participação das

habilidades correlatas à CF para explicar tais dificuldades. Assim, é importante que a

compreensão das habilidades de CF esteja integrada à avaliação do funcionamento

cognitivo para melhor entendimento acerca da criança e de suas habilidades.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES, CNPQ e FAPERJ

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2- O DESEMPENHO DE CRIANÇAS SURDAS DE 1º E 2º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL NA FIGURA COMPLEXA DE REY -

OSTERRIETH (ROCF)

Stéfani Abbate, Joyce Diniz, Adriana Menna Barreto, Aline Barreto, Deborah Ambre,

Raquel Andrade, Raphaela Machado, Tatiana Branco, Silene Madalena, Jane Correa.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Figura Complexa de Rey; escolaridade; habilidades visuoespaciais,

surdez

O Teste da Figura Complexa de Rey - Osterrieth (ROCF) é um dos instrumentos mais

utilizados na clínica para avaliar funções executivas, habilidade visuoconstrutiva e

memória. Por se tratar de uma tarefa não verbal, a Figura de Rey pode ser utilizada com

surdos e ouvintes. Na literatura, são escassos os estudos voltados a investigar tais

habilidades na população surda. Desta forma, o presente trabalho objetiva descrever o

desempenho de crianças do 1° e 2° anos do ensino fundamental do Instituto Nacional de

Educação de Surdos (INES) na cópia e evocação da Figura de Rey. Participaram deste

estudo 40 crianças, sendo 23 crianças estudantes do 1º ano e 17 do 2º ano. Para isto, foi

realizada a análise quantitativa da reprodução e da cópia da ROCF. Os resultados

obtidos foram submetidos à análise de agrupamento, resultando em dois grupos, um

composto por crianças menos habilidosas e outro por crianças mais habilidosas, tanto na

cópia, como na evocação. No que se refere à cópia, o grupo menos habilidoso foi

composto, em sua maioria, por crianças cursando o 1º ano. A maior parte das crianças

do 2º ano, por sua vez, compôs o grupo dos mais habilidosos nesta habilidade. Este

mesmo padrão pode ser observado no que se refere à evocação. Quando as crianças

foram agrupadas segundo a habilidade na evocação da Figura de Rey, o grupo de

crianças menos habilidosas também foi composto majoritariamente por alunos do 1º ano

e o das crianças mais habilidosas por aquelas cursando o 2º ano. A fim de melhor

compreender se estes resultados poderiam ser explicados pelo efeito da idade ou da

escolaridade, procedeu-se com a análise de correlação entre cópia e evocação em cada

série escolar. Não houve correlação significativa entre idade e o desempenho na cópia e

na evocação da ROCF, tanto no 1º, como no 2º ano. Isto sugere que, nessa população

específica, a idade não parece ser o fator que levará à melhor habilidade na cópia e

evocação da Figura de Rey. Por outro lado, a experiência escolar mostrou produzir

efeitos nesta melhora de desempenho, levando-nos a refletir acerca da importância da

escolarização na construção das habilidades de natureza visuoespacial.

Contato: [email protected]

Fomento: Capes, CNPq

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3- O PODER DISCRIMINANTE DOS CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO

DA ROCF-B PARA CRIANÇAS DO 1O

. ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Imira Fonseca, Paula Dias, Giuliana Ramires, Flavia Gomes,Ana Paula Vidal,

RenataLinhares, Ana Carolina Costa, Daniela de Almeida, Stella Keffer, Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: ROCF-B, critérios de pontuação, poder discriminante

O teste da Figura Complexa de Rey-Osterieth (ROCF) foi desenvolvido para avaliação

da habilidade visuoconstrutiva e da memória visual, tornando-se um instrumento

bastante utilizado na clínica e na pesquisa em neuropsicologia. Por meio da ROCF é

possível também avaliar as habilidades de planejamento e organização. Os escores

quantitativos da ROCF estão baseados na presença, exatidão e disposição dos elementos

da figura utilizada. Estudos com a Figura B (ROCF-B) são escassos, sendo as normas

brasileiras elaboradas para as idades de 4 a 7 anos. Os critérios de pontuação da ROCF-

B, tanto para a cópia, como para a reprodução de memória, distribuem-se em quatro

categorias: a) elementos presentes (principais e secundários), b) posição dos elementos

secundários, c) tamanho proporcional dos elementos principais, e d) sobreposição dos

elementos principais. O presente trabalho objetiva examinar o poder discriminante

destas categorias de pontuação em crianças cursando o 1o. ano do ensino fundamental.

Em outras palavras, será examinado o poder destas categorias em distinguir o

desempenho das crianças quer na cópia da figura, quer na sua reprodução de memória.

Quarenta e três crianças cursando o 1o. ano do ensino fundamental de uma escola

pública do município do Rio de Janeiro realizaram a cópia da ROCF-B e a sua

reprodução de memória 20 minutos após a cópia (evocação tardia). O desempenho das

crianças na cópia foi significativamente superior ao da reprodução de memória. A

correlação entre as duas fases de reprodução da figura foi, também, significativa. O

poder discriminante das categorias de pontuação foi analisada separadamente para as

fases de cópia e de evocação. Para a cópia, as categorias que melhor discriminaram o

desempenho das crianças foram a presença de elementos secundários e a posição destes

elementos. O mesmo ocorreu para a fase de evocação da figura. Tanto na cópia quanto

na evocação, a categoria que menos discriminou o desempenho das crianças foi a da

presença dos elementos principais. A inclusão dos elementos secundários parece

requerer mais dos recursos cognitivos das crianças, quer de atenção, quer de memória. É

possível que a familiaridade com as formas geométricas tenha auxiliado a frequência de

inclusão de elementos principais (círculo, retângulo, triângulo e quadrado) nas

reproduções feitas pelas crianças. É também possível que em função do menor

conhecimento das figuras geométricas, como da habilidade de representar graficamente

ângulos, o poder discriminantes destes itens possam variar, particularmente, para as

crianças de 4 a 5 anos. Por sua vez, a disposição dos elementos secundários irá requerer

mais da habilidade visuoespacial, como da habilidade de memória e de organização,

uma vez que, são em maior número, e a posição em que se encontram faz referência a

elementos tanto secundários como principais da figura. Contato:

[email protected]

Fomento: FAPERJ; CNPq; CAPES

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4- PERFIS LINGUÍSTICO-COGNITIVOS NA VELOCIDADE DE

LEITURA DE PALAVRAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Giuliana Ramires e Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave: Fluência de leitura, Velocidade de leitura, Perfil linguístico-cognitivo

Grande parte dos obstáculos encontrados em fluência de leitura no Português do Brasil

reside na velocidade com que a leitura é realizada. Assim, a compreensão sobre as

habilidades relacionadas ao progresso da velocidade de leitura é importante para evitar a

ocorrência de fracasso nos primeiros anos de escolaridade. Neste estudo foram descritos

os perfis linguístico-cognitivo de 51 crianças brasileiras, a cursar o 3º e o 5º ano do

ensino fundamental, reunidas, por meio de análise de agrupamentos, em dois grupos,

segundo seu desempenho em velocidade de leitura (palavras corretas por minuto), em

cada ano escolar: G1, mais habilidoso e G2, menos habilidoso. No 3º ano, G1 apresenta

desempenho significativamente melhor do que G2 em: precisão na leitura de palavras e

de não palavras, velocidade na leitura de não palavras, consciência silábica (sílaba

final), nomeação rápida de objetos e letras, memória de trabalho, identificação de

diferentes padrões silábico-ortográficos. No 5º ano, em precisão na leitura de palavras e

não palavras, assim como na velocidade de leitura destas últimas, em consciência

fonológica e em vocabulário. O desenvolvimento da velocidade da leitura parece

relacionar-se, inicialmente, às habilidades linguístico-cognitivas que possibilitam o

ganho de automaticidade nas correspondências grafofonêmicas. A importância da

memória de trabalho revela, ainda, o dispêndio de recursos cognitivos para a velocidade

de leitura. Posteriormente a velocidade irá fundamentar-se na análise mais sofisticada

das palavras, pela recombinação automatizada dos padrões silábico-ortográficos, como

na extensão e complexidade do léxico mental. Desta maneira, ressalta-se a importância,

desde o início da escolarização, do emprego da estratégia fonológica na leitura e da

criação de representações sistemáticas das palavras no léxico mental, estimulando o

aumento do vocabulário, como a velocidade de acesso a ele.

Contato: [email protected]

Fomento: CNPq; CAPES

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5- LINGUAGEM E MEMÓRIA OPERACIONAL EM CASOS DE

SÍNDROME DE DOWN

Diana Góes de Souza;

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Síndrome de Down, funções cognitivas, linguagem, memória

operacional.

De acordo com os dados do IBGE, 300 mil pessoas são portadoras de Síndrome de

Down (SD) no Brasil, com estimativa de 1 entre cada 600/700 nascimentos. Atualmente

a expectativa de vida dos portadores ultrapassa 50 anos, e o prognóstico depende de

cuidados médicos multidisciplinares, da avaliação e reavaliação periódica e do acesso à

estimulação precoce. Nesse contexto, torna-se imprescindível a realização de estudos

que contribuam com a compreensão do funcionamento cognitivo de portadores da SD.

Este trabalho tem como objetivo apresentar as especificidades clínicas dessa síndrome

genética e descrever o desempenho esperado em relação às funções cognitivas de

linguagem e memória operacional. Foi realizada uma revisão de literatura, por meio da

busca de referências em bases de dados eletrônicas e a seleção envolveu pesquisas das

áreas de psicologia, saúde e educação. Os trabalhos selecionados referiam-se às crianças

ou adultos com diagnóstico de SD e buscavam investigar as tendências do

funcionamento da linguagem e da memória operacional dessa população. Foram lidos

cinco artigos, uma dissertação e um livro publicados entre 2005 e 2012. Resultados

indicam que o material cromossômico em excesso impede ou interfere o

desenvolvimento cerebral normal. O volume do cérebro pode ser reduzido nas regiões

do cerebelo, tronco cerebral, lobo frontal, temporal e hipocampo. Essas características

estruturais interferem nos processos de linguagem e afetam também o funcionamento da

memória operacional. Essa condição genética tem relação com o diagnóstico de

deficiência intelectual, mas há relatos de uma grande variação do grau dessa deficiência,

com pontuações de QI variando entre 20 e 85. Em relação há linguagem compreensiva e

expressiva, a qualidade da fala é prejudicada por alterações sensoriais na audição e na

visão, e pela hipotonia dos músculos articulatórios. Os portadores são capazes de

compreender unidades semânticas da palavra e de formar classes semânticas, mesmo

sem domínio de aspectos fonológicos. Há um desempenho mais preservado da

linguagem receptiva quando a inteligência não verbal, o uso experiências prévias e o

raciocínio simples e concreto é possível. Mas no geral são frequentes as dificuldades de

linguagem expressiva verbal devido à má articulação de sons, vocabulário reduzido,

pouca fluência verbal e dificuldade de organização do discurso. Sobre a memória

operacional, geralmente não conseguem manter informações nem mesmo em um curto

período de tempo. Ao comparar o desempenho dos portadores da SD com indivíduos

controle através de testes e tarefas de memória verbal e visual, observou-se que a

crianças com SD apresentam déficits significativos na alça fonológica e que o rascunho

visuoespacial praticamente não é afetado. Há hipóteses de que a lenta aquisição da

linguagem tenha relação com déficits no funcionamento da alça fonológica da memória

de trabalho, que exerce papel importante na aquisição do vocabulário e das habilidades

linguísticas. É importante destacar que existe uma grande variabilidade no grau dos

prejuízos cognitivos, de acordo com o tipo de alteração genética e fatores ambientais do

desenvolvimento. Sendo assim, não se pode generalizar as possibilidades de

desempenho cognitivo de um indivíduo com SD apenas pela sua condição genética.

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Contato: [email protected]

6- A RELAÇÃO ENTRE OS ESTÍMULOS DA TAREFA RAN (RAPID

AUTOMATIZED NAMING) COM A VELOCIDADE DE LEITURA

EM DIFERENTES MOMENTOS DA ESCOLARIDADE.

Deborah Ambre, Giuliana Ramires e Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chaves: RAN, velocidade, leitura, recuperação lexical

O desenvolvimento de diferentes habilidades linguístico-cognitivas possibilita o

aprendizado das competências de leitura, entre tais habilidades, a velocidade de

nomeação. A velocidade de nomeação diz respeito à recuperação de informações de

natureza fonológica previamente armazenadas na memória de longo prazo. Sua

avaliação é realizada por meio da tarefa RAN – Rapid Automatized Naming – composta

por diferentes estímulos, alfanuméricos (letras e números) e figurativos (cores e

objetos). Acredita-se que a velocidade com que estes estímulos são nomeados esteja

relacionada com a velocidade de leitura. Desta maneira, o presente trabalho buscou

investigar possíveis diferenciações existentes nas associações entre os quatro estímulos

da RAN e a velocidade de leitura em diferentes momentos da escolaridade. Para tanto,

participaram deste estudo 33 crianças cursando o 3º ano e 18 crianças cursando o 5º ano

do Ensino Fundamental. A fim de avaliar a velocidade de leitura, foi utilizado o subteste

de leitura do Teste de Desempenho Escolar (TDE), sendo contabilizado o total de

palavras lidas corretamente em um minuto (pcpm). Foi realizada, também, a tarefa

RAN, em seus quatro diferentes estímulos. Os resultados mostraram diferentes padrões

de associação entre os estímulos da RAN e habilidades linguístico cognitivas, nestes

momentos da escolaridade. No 3º ano, todos os estímulos da RAN estiveram associados

significativamente à velocidade de leitura. Porém, este padrão de associação no 5º ano

tornou-se diferente, mostrando que apenas a RAN de números e letras associou-se

significativamente à velocidade de leitura. No 5º ano, as crianças mostraram-se mais

velozes em recuperar estímulos relacionados a leitura, como letras e números. Assim, o

aumento na rapidez de recuperação dos estímulos alfanuméricos posteriormente, sugere,

pois, maior especialização no sistema de recuperação das informações na memória de

longo prazo, advindas da prática em leitura. O contato sistemático com a leitura ao

longo da escolaridade irá ajudar a desenvolver a automatização das correspondências

grafofonêmicas, fundamentais para a recuperação mais veloz e especializada de

informações no léxico. Assim, quanto mais rápida e eficiente esta recuperação ocorrer,

mais veloz será a leitura. Desta maneira, faz-se importante a ampliação das experiências

de leitura e o contato com diferentes materiais escritos, a fim de promover a velocidade

de leitura.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES e CNPq

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7- A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS PARENTAIS NO

DESEMPENHO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS DE

9 A 11 ANOS: DADOS PRELIMINARES.

Anna Carolina T. A. Estefan¹; Douglas Dutra²; Helenice Charchat-Fichman¹; Rosinda

Martins Oliveira²

¹ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), ² Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ).

Palavras-chave: funções executivas; práticas educativas; escolaridade parental; nível

socioeconômico.

As funções executivas (FEs), são um conjunto de processos cognitivos que, juntos,

permitem ao indivíduo direcionar o comportamento a metas, avaliar sua adequação,

abandonar estratégias ineficazes e com isso, resolver problemas imediatos, de médio e

longo prazo. O processo de desenvolvimento das FEs começa ainda no primeiro ano de

vida e estende-se ao longo da adolescência e início da vida adulta. Diante dessa

perspectiva, fatores ambientais podem influenciar o seu desenvolvimento. A presente

pesquisa objetiva investigar as relações entre estilos e práticas parentais e a escolaridade

dos pais com o desempenho em funções executivas de 32 crianças, de 9 a 11 anos,

ambos os sexos, pertencentes a uma escola comunitária do Rio de Janeiro. As crianças

cujo os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

foram incluídas desde que: não apresentassem histórico de transtornos de aprendizagem,

neurodesenvolvimento, déficits sensório-motores, suspeita de doenças neurológicas e/ou

psiquiátricas e possuíssem inteligência geral dentro do esperado. As crianças elegíveis

foram submetidas a duas sessões de avaliação com duração de 45 minutos nas

dependências da escola, durante o período de aula, com intervalo de uma semana entre

elas. A primeira sessão avaliou o coeficiente intelectual geral (Q.I) através da Escala

Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI). Já a segunda sessão foi composta por uma

bateria de testes e paradigmas neuropsicológicos que avaliam as FEs, esses são: Figura

Complexa de Rey, Paradigma de Stroop versão Victoria, Fluência verbal fonética e

semântica e o Índice de Memória Operacional da Escala Wechsler de Inteligência para

criança - WISC-IV. As mães das crianças participantes responderam ao Inventário de

Estilo Parental e um questionário socioeconômico. A análise de dados foi realizada

através do programa SPSS. Correlações de Pearson evidenciaram relações entre a renda

familiar e o estilo parental da mãe (r= 0,46; p=0,03), sendo que a pratica educativa de

Negligência mostrou relação com a condição 3 e a taxa de interferência do Stroop (r=

0,51 p<0,01; r= 0,43 p= 0,02, respectivamente). A escolaridade da mãe se relacionou

com os escores da Fluência Verbal semântica e fonológica (r= 0,58 p< 0,01; r= 0,49 p=

0,01, respectivamente). A escolaridade do pai se relacionou com o subteste Cubos do

WASI (r= 0,54 p< 0,01) e a taxa de interferência do Stroop (r= 0,46 p= 0,02). Como a

escolaridade do pai e a pratica educativa de Negligência se correlacionaram com a

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interferência do Stroop, utilizou-se a regressão linear múltipla (método inserir) para

verificar o impacto de cada uma sobre a interferência. O modelo resultante [F(2,17)=

4,75 p= 002] explicando 28,3% da variância. Embora o modelo tenha sido significativo,

a escolaridade do pai e a negligência materna foram somente marginalmente

significativas (β= 0,40 p= 0,06; β= 0,41 p= 0,05). Apesar de um tamanho amostral

pequeno, os resultados mostraram relação entre fatores ambientais e o desempenho das

FEs.

Contato: [email protected]

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8- REVISÃO SISTEMÁTICA DOS ESTUDOS REALIZADOS COM

AUTISMO E EYE-TRACKER

Kelly Zangrando¹, Helenice Charchat-Fichman²

¹Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,

Palavras chaves: Revisão sistemática; Paradigmas; Autismo; Eye-tracker

O autismo possui a apresentação heterogênea e com base nesse aspecto Lorna Wing fala

dos distúrbios do espectro autista. Segundo este espectro as alterações dos

comportamentos variam de forte a fraco nos seguintes aspectos: a) Interação social; b)

comunicação social (verbal e não verbal); c) capacidade imaginária; d) atividades

repetitivas; e) linguagem (verbal e não verbal); f) respostas a estímulos sensoriais; e g)

interesses restritos. Partindo do viés de diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista

(TEA) até o momento é exclusivamente clínico, e não estão bem definidos quais

marcadores neurofisiológicos podem ser mais apurados como indicadores biológicos.

Entretanto, além da heterogeneidade, já descrita, da apresentação do TEA, muitos de

seus sintomas não são exclusivos do transtorno, fazendo com que cresça o número de

pesquisas sobre o assunto nos últimos anos. Desta forma, os avanços tecnológicos tem

permitido uma compreensão melhor do TEA. A tecnologia de monitoramento ocular,

também conhecida como Eye-Tracker, por exemplo, tem possibilitado um entendimento

do funcionamento cognitivo, comunicativo e social, por meio de estudos que visam

compreender a aprendizagem social, atenção social, pesquisa visual, reconhecimento de

emoção, dentre outros paradigmas. Partindo desse viés, o presente trabalho visa realizar

uma revisão sistemática dos paradigmas mais estudados em pesquisas com a população

do TEA e que utilizam o Eye-tracker como instrumento. Resultados: De acordo com a

revisão de literatura os paradigmas mais estudados no TEA utilizando o Eye-tracker

como instrumento são atenção social e pesquisa de rastreio. Discussão: Os prejuízos

sociais apresentados no TEA e o comprometimento no processamento visual,

principalmente de faces, possivelmente justifiquem o grande interesse em estudos dos

paradigmas de atenção social e de pesquisa de rastreio.

Contato: [email protected]

Fomento: CAPES

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9- PARADIGMA DE RASTREIO VISUAL NO TEA

Kelly Zangrando¹, Walter Sena², Helenice Charchat-Fichman³

¹Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Eye-tracker; Autismo; Rastreio de faces; Paradigma; Free-View

O autismo foi descrito pela primeira vez por dois pesquisadores, os austríacos Leo

Kanner e Hans Asperger, para ambos, a base do transtorno é a mesma: relações sociais

deficientes, déficit na percepção social e nas habilidades sociais. A apresentação do

autismo, entretanto, é heterogênea e com base nesse aspecto Lorna Wing fala dos

distúrbios do espectro autista. Segundo este espectro as alterações dos comportamentos

variam de forte a fraco nos seguintes aspectos: a) Interação social; b) comunicação

social (verbal e não verbal); c) capacidade imaginária; d) atividades repetitivas; e)

linguagem (verbal e não verbal); f) respostas a estímulos sensoriais; e g) interesses

restritos. Sob o viés do diagnóstico até o momento, não há um consenso quanto às

características cognitivas, nem na avaliação de teoria da mente e nem quais marcadores

neurofisiológicos podem ser mais apurados como indicadores diagnósticos do autismo,

entretanto, alguns estudos sugerem um processamento atípico na percepção de faces e

no reconhecimento de emoções dos indivíduos com TEA (Transtorno do Espectro

Autista). Os avanços tecnológicos, por sua vez, têm permitido uma compreensão melhor

do TEA e a tecnologia de monitoramento ocular, também conhecida como Eye-tracker,

por exemplo, verifica em tempo real o comportamento visual das pessoas mediante aos

estímulos. Com base nos aspectos apresentados o presente trabalho se propõe a expor

um paradigma de rastreio de faces utilizando o Eye-tracker como instrumento, com a

finalidade de verificar se existe um padrão de rastreio na população com TEA. Método:

O paradigma apresentado será posteriormente aplicado em crianças com e sem TEA

com idade entre 7 e 12 anos. E será composto de uma tarefa de Free View onde serão

apresentadas faces de 4 atores diferentes que irão variar segundo o sexo (masculino e

feminino) e a emoção (neutra, alegria, tristeza, nojo, surpresa, medo e raiva). As faces

serão apresentadas individualmente, e cada apresentação terá a duração de 10 segundos,

e por meio do Eye-tracker será mapeada a sequência do rastreio, bem como as fixações.

Após cada apresentação um estímulo alvo aparecerá no centro da tela, para que o

participante volte o olhar para o ponto inicial. Resultados: Com base na literatura

acredita-se que o grupo experimental irá realizar um rastreio incompleto das faces e

consequentemente apresentará um padrão diferente dos controles. Discussão: De acordo

com uma revisão da literatura, as pessoas com TEA possuem um processamento de

faces atípico, e por consequência, em alguns casos, um déficit também no

reconhecimento de emoções. Tais fatores fornecem prejuízos significativos nos

processos de socialização, visto que, é através da face que podemos perceber o estado

emocional e a intenção do interlocutor, por exemplo, e a partir dessas informações,

direcionar melhor o nosso comportamento. Entretanto, apesar de existir um consenso

sobre os prejuízos dessa população no processamento de faces e no reconhecimento de

emoções, pouco se sabe, até o momento, sobre como essa população executa o rastreio

viso espacial de faces. Dessa forma, o paradigma proposto se propõe a verificar se

existe um padrão para o rastreio nessa população.

Contato: [email protected]

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Fomento: CAPES

10- COMPCOG E MABILIN: A RELAÇÃO ENTRE FUNÇÕES

EXECUTIVAS E DEL

Tatiana de Faro Orlando, Letícia Maria Sicuro Corrêa, Helenice Charchat-Fichman

¹ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras-chaves: Funções Executivas, CompCog, MABILIN, DEL

Com o objetivo de verificar em que medida alunos com comportamento sugestivo de

comprometimento no processamento sintático (DEL) têm dificuldades em tarefas que

exploram funções executivas, visando, justamente, distinguir as causas das dificuldades

na compreensão/produção e aquisição de estruturas sintáticas de alto custo de

processamento - que tanto podem se referir ao DEL (Dificuldade Específica da

Linguagem) quanto serem provenientes de problemas relacionados às própria funções

executivas - o presente trabalho desenvolveu, assim, atividades com crianças do 6º ano,

na faixa etária de 10-12 anos, concernentes à aplicação dos testes MABILIN (Módulos

de Avaliação de Habilidades Linguísticas) e CompCog (bateria computadorizada de

testes neuropsicológicos no iPad que avalia diversas funções cognitivas). Frisa-se que

problemas nas funções cognitivas afetam tarefas linguísticas como as que envolvem

tomada de decisão a partir da análise e compreensão de enunciados, como no caso de

crianças com sintomas de TDAH. Primeiramente, foi aplicado o módulo sintático do

MABILIN que consiste em tarefas de compreensão de sentenças por meio de

identificação de figuras correspondentes na tela de um computador: ao apresentar

determinadas figuras e pedir para que a criança compreenda qual das imagens expostas

na tela corresponde, por exemplo, à frase “mostre o leão que o tigre puxou”, é

demandada certa compreensão que envolve atenção necessária para dar conta do que

denominamos de uma sentença de alto custo de processamento, como no caso desta

oração relativa em que o objeto é o elemento em foco. No MABILIN de produção da

linguagem a criança foi estimulada a produzir sentenças a partir da apresentação de

situações-problema, também via tela do computador - o que nos possibilitou verificar

se, além de dificuldades na compreensão da linguagem, as crianças também

apresentavam dificuldades em tarefas de produção oral. Os testes CompCog vieram

depurar as questões relacionadas à cognição não-verbal, sobretudo as que se referem à

velocidade de processamento, memória visuo-espacial de curto prazo, controle

inibitório, stroop e busca ativa, por estarem diretamente voltados para funções da

atenção. Foram avaliados, no MABILIN 1, 52 alunos de 10-12 anos, dentre os quais

7,2% identificadas com dificuldade expressiva; 8,7% com dificuldade moderada e 12

com leve. Foram 33 os alunos submetidos à bateria CompCog em que 38,4% dos alunos

com problema de linguagem apresentaram dificuldade em pelo menos 1 tarefa do

compcog e 15,3%tiveram dificuldade em mais de uma tarefa do compcog. Houve, de

todo modo, mais crianças com comprometimento leve e moderado na linguagem com

dificuldades em tarefas de atenção.

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Contato:[email protected]

11- REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO TEA

Andreza Moraes da Silva, Helenice Charchat-Fisheman

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Reabilitação, Transtorno do Espectro Autista, Avaliação

Neuropsicológica, Funções Executivas

No que diz respeito à abordagem neuropsicológica no Transtorno do Espectro Autista

(TEA), destaca-se a hipótese de disfunção executiva caracterizada por maiores

prejuízos nos componentes de controle inibitório, memoria de trabalho e flexibilidade

cognitiva Esses componentes estariam relacionados com a tríade de sintomas no TEA,

por exemplo, a inflexibilidade gerando os comportamentos repetitivos e a ritualizados,

o foco do detalhe em detrimento de um todo, relacionado com componentes de

memória de trabalho e, dificuldade de lidar com o novo e de se adaptar as novas

exigências que muitas vezes geram comportamentos de baixa tolerância a frustração.

Além disso, habilidades essenciais a adequada interação social, como por exemplo, a

empatia e atenção compartilhada atreladas a teoria da mente aparecem também na

literatura relacionadas a componentes executivos. O objetivo do presente trabalho é

apresentar um modelo de reabilitação neuropsicológica das Funções Executivas (FEs)

no TEA. J. (7 anos) foi diagnosticado com TEA aos 2 anos e meio. A avaliação

Neuropsicológica foi solicitada por sua fonoaudióloga devido ao aumento dos

sintomas de desatenção resultando em dificuldades na aprendizagem. A metodologia

da avaliação incluiu os seguintes instrumentos: WISC – IV, teste de Aprendizagem

Auditivo Verbal de Rey, Figura Complexa de Rey, tarefa Stroop, teste de Atenção por

Cancelamento e teste das trilhas. J. apresentou funcionamento cognitivo global na

faixa Médio Inferior. Verificou-se disfunção executiva caracterizada por déficit de

controle inibitório, reduzida flexibilidade cognitiva e rebaixamento da capacidade de

operação na memória de trabalho. Verificou-se dificuldade de extração de regras e

suscetibilidade a interferência de estímulos não relevantes durante a construção do

pensamento, o que caracteriza o rebaixamento no Índice de Velocidade de

Processamento (77). O objetivo da reabilitação é o desenvolvimento das funções

executivas e aumento do gerenciamento da atenção, de modo a estimular a

autorregulação frente à aprendizagem e demandas sociais. J. está em reabilitação há 4

meses. Inicialmente foi priorizada a estimulação do controle inibitório e atenção

compartilhada. Para isso foram utilizados jogos computadorizados de go-no-go e jogos

de tabuleiro comercializados. Os jogos de tabuleiro possibilitavam trabalhar além da

inibição de respostas prepotentes a atenção compartilhada pois exigia maior demanda

de interação social. Um dos jogos usados foi o Pictionary, que tem como objetivo

desenhar algo para que o outro possa descobrir. Outro objetivo da reabilitação foi

adaptação do conteúdo acadêmico e também mediação adequada do comportamento

na escola. Este ocorreu principalmente via mediadores externos por meio de fotos que

indicavam o comportamento esperado. Objetivos futuros da reabilitação é o aumento

da capacidade de memória de trabalho e promoção de flexibilidade cognitiva.

Contato: [email protected]

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12- ESTRATÉGIAS DE EVOCAÇÃO TARDIA POR CRIANÇAS NA

FIGURA COMPLEXA DE REY SEGUNDO O SISTEMA DE

OSTERRIETH

Eduarda Peçanha, Rosinda Oliveira, Jane Correa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chaves: Figura Complexa de Rey, estratégias de evocação, sistema de

Osterrieth, memória episódica, Funções Executivas.

A Figura Complexa de Rey (ROCF) é um teste amplamente utilizado e consiste na

cópia, evocação imediata e/ou tardia de uma figura complexa. O teste mede as

habilidades de visuoconstrução, funções executivas e memória episódica. Existem

diferentes sistemas utilizados para a pontuação da precisão e classificação das

estratégias utilizadas por adultos e crianças na cópia e na evocação da ROCF. As

estratégias utilizadas por crianças para a cópia e evocação mudam em termos de sua

complexidade. No Brasil, existem normas apenas para as estratégias de crianças na fase

de cópia da ROCF. O sistema utilizado pelo manual brasileiro para classificação das

estratégias é o sistema de Osterrieth. No entanto, este sistema mostrou pouca capacidade

de discriminação das estratégias de cópia da ROCF em crianças brasileiras. A estratégia

IV (fragmentada) do sistema de Osterrieth é muito frequente em crianças de 9 a 13 anos

e pode encobrir diferentes métodos de cópia da figura (subcategorias da estratégia IV).

O presente trabalho objetiva dar continuidade à investigação anterior, analisando as

estratégias de evocação tardia de 207 crianças de 7 a 13 anos. Todos os protocolos

foram pontuados de acordo com a sua precisão e estratégia (sistema de Osterrieth e

subcategorias da estratégia IV). Para garantir a fidedignidade da pontuação, 49

protocolos foram pontuados por dois avaliadores independentes. O coeficiende de

confiabilidade das pontuações de estratégia do sistema de Osterrieth e das subcategorias

da estratégia IV foram significativas e altas (.82 e .90, respectivamente). Os resultados

revelaram diferença entre os grupos de idade na pontuação de precisão (H (6) = 54.2, p

< .001, r = 3.8). Houve associação entre as estratégias de Osterrieth e a idade (X² (24,

207) = 54.75, p < .001, r phi = .45). A estratégia tipo V predominou entre as crianças de

7 e 8 anos enquanto as estratégias III e IV predominaram entre as crianças de 9 e 13

anos. Uma análise qualitativa da estratégia tipo III revelou diferentes métodos de

evocação da figura. Foram sugeridas 3 subcategorias para a estratégia III: Contorno

estruturado, Fragmentação Interna e Contorno alterado. O contorno estruturado

(subcategoria mais elaborada) predominou nas crianças de 11, 12 e 13 anos. A

distribuição das subcategorias da estratégia IV revelou que o subtipo Contorno Geral

Incompleto foi o mais frequente em todos os grupos de idade. Um sistema de

classificação de estratégias de evocação foi sugerido. O sistema é composto de quatro

tipos de reprodução: Ordenação estruturada, Ordenação Fragmentada, Ordenação

Idiossincrática e Reprodução distorcida da figura. Houve associação significativa entre

os grupos de idade e os tipos de reprodução sugeridos (X² (18, 207) = 59.02, p < .001, r

phi = .53). A reprodução de Ordenação Estruturada (mais elaborada) apresentou

aumento de ocorrência ao longo das idades enquanto as reproduções distorcidas

apresentaram diminuição. Os resultados apontam para a importância de critérios

adequados para classificação das estratégias de crianças na evocação tardia da ROCF.

Além disso, se mostraram compatíveis com a literatura de desenvolvimento da função

executiva de planejamento e da memória episódica de longo prazo.

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Contato: [email protected]

Fomento: CAPES

13- RELAÇÕES ENTRE CÓPIA E REPRODUÇÃO DE MEMÓRIA DE

CRIANÇAS NA FIGURA COMPLEXA DE REY

Eduarda Peçanha¹, Rosinda Oliveira¹, Jane Correa¹, Helenice Charchat-Fichman²

¹Universidade Federal do Rio de Janeiro, ² Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro

O teste da Figura Complexa de Rey (ROCF) é composto pela cópia e evocação de uma

figura complexa, recrutando as funções de construção visuoespacial, memória visual e

as funções executivas, em especial o planejamento. Esses domínios podem ser

estimados a partir da estratégia de reprodução da figura (pontuação qualitativa) e sua

exatidão (pontuação quantitativa). Existem vários sistemas de pontuação, mas no Brasil

o de Osterrieth é mais usado. Estudos anteriores apontam para diferenças entre as

estratégias de cópia e evocação de crianças de diferentes faixas etárias, além de

significativa mudança para estratégias consideradas menos estruturadas na condição de

evocação. Além disso, a literatura descreve relação entre as estratégias utilizadas na

cópia e a exatidão dos desenhos de cópia e evocação. O objetivo deste trabalho foi

investigar relações entre as reproduções de cópia e de memória (após 20 minutos) da

ROCF de 207 crianças nas idades de 7 a 14 anos, sendo n=29 para nas crianças com 7

anos; n=30 para os grupos das faixas etárias de 8 e 9 anos; n=27 para o grupo de 10

anos; n=31 para a faixa etária de 11 anos e n= 30 para os grupos de 12 e 13 anos. Os

protocolos de cópia e evocação foram pontuados no sistema de Osterrieth (quantitativa e

qualitativa). Para análise da associação das estratégias de cópia e evocação ao longo das

diferentes faixas etárias, foi utilizado o teste qui-quadrado. A relação entre as estratégias

e a exatidão de cópia e evocação foi investigada através de correlações de spearman. Os

resultados revelaram que, na cópia houve maior frequência da estratégia IV

(fragmentada) e na evocação predominou as estratégias IV (fragmentada) e V

(reprodução distorcida da figura). Houve associação significativa entre as estratégias de

cópia (X² (24, 207) = 72.92, p < .001, r phi = .59) e evocação (X² (24, 207) = 54.75, p <

.001, r phi = .45) e os grupos de idade. As correlações entre as estratégias de cópia e

precisão de cópia (r= - .335; p<.001) e de evocação (r = - .325; p<.001) foram

significativas. As estratégias de cópia (r= - .186; p< .005) e evocação (r= -0,449; p<

.001) se correlacionaram significativamente com a porcentagem de evocação,

apontando para a maior influência da estratégia de evocação na recuperação do traço de

memória. Assim, em termos de estratégias de cópia, houve predominância das que

refletem maior fragmentação, em especial para crianças de 7 e 8 anos. Na evocação, as

estratégias foram ainda mais fragmentadas do que na cópia, revelando dificuldade das

crianças de manterem a estratégia utilizada anteriormente. A precisão das reproduções

mostrou ser influenciada pela idade, assim como as estratégias, no entanto também

mostrou relação com o tipo de estratégia utilizado pela criança. Esses resultados

corroboram os efeitos apontados pela literatura e são compatíveis com os modelos de

desenvolvimento da memória episódica que apontam as mudanças na capacidade de

organização das informações como fator importante para a ampliação da capacidade de

memória ao longo do desenvolvimento.

Contato: [email protected]

Fomento: Capes

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14- O IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA DE

TRABALHO SOBRE UMA MEDIDA DE INTELIGÊNCIA FLUIDA

Jana Sousa Garcia de Carvalho, Ana Carla Coquito, Eduarda Larrúbia, Nathália de

Encarnação Queiróz, Rosinda Martins Oliveira

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras chave: Cognição, Desenvolvimento, Memória de Trabalho, Inteligência

O conceito memória de trabalho se refere à função executiva que possibilita o

armazenamento temporário e a operação com informações em tempo real. O modelo

multicomponente divide a memória de curto prazo em dois componentes de

armazenamento – esboço visuoespacial e alça fonológica – e um executivo central

responsável por gerenciar e operar com as informações. Inteligência fluida pode ser

entendida como a capacidade de resolver problemas em situações novas, requerendo a

participação de componentes da memória de trabalho. Este estudo teve como objetivo

investigar as mudanças no desenvolvimento da memória de trabalho verbal e

visuoespacial, de acordo com a idade, e os efeitos deste desenvolvimento no

desempenho em um teste de inteligência não-verbal. Nossa amostra contou com um

grupo de 64 crianças com idades entre 6 e 11 anos, de uma escola particular no Rio de

Janeiro. Foram utilizados como instrumentos os testes Blocos de Corsi ordem direta e

inversa, Dígitos ordem direta e inversa (WISC-IV) e TONI-3. Realizou-se uma

ANOVA de um fator para cada uma das variáveis de memória de trabalho e de

inteligência não-verbal, utilizando as idades agrupadas (grupo 1 = 6 a 7 anos; grupo 2 =

8 a 9 anos; grupo 3 = 10 a 11 anos) como fator. Houve efeito da idade no span inverso

de dígitos [F(2,61)= 6,20 p< 0,05] e no span direto [F(2,61)= 6,59 p< 0,05] e inverso

dos Blocos de Corsi [F(2,61)= 6,54, p< 0,05]. De acordo com o teste de Tukey, o grupo

3 apresentou span inverso de Dígitos maior do que os outros grupos e span inverso de

Blocos de Corsi maior do que o grupo 1. Este grupo também mostrou span de Blocos de

Corsi direto maior do que os outros grupos e, neste caso, o grupo 2 obteve desempenho

melhor do que o grupo 1. Realizou-se também análises de regressão múltipla (método

inserir) para cada um dos grupos etários. As variáveis de memória de trabalho foram

utilizadas como VIs e o escore do TONI como VD. Os spans inversos de Dígitos e

Blocos de Corsi foram preditores significativos (β= 0,41 e β= 0,52, respectivamente;

p<0,05) para os escores do TONI, mas somente no grupo 3. Os resultados sugerem que

o desenvolvimento da memória de trabalho influencia no desempenho de medidas de

inteligência.

Contato: [email protected]

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15- CONCORDÂNCIA ENTRE RELATO DE PAIS E PROFESSORES NA

ESCALA MTA-SNAP-IV Priscila Corção¹ ², Alina Teldeschi², Camila Bernardes², Gabriel Bernardes², Gabriel

Lima², Pilar Erthal², Bruno Damásio¹, Paulo Mattos².

¹UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

²CNA-IDOR (Centro de Neuropsicologia Aplicada – Instituto D’or de Pesquisa e Ensino)

Palavras chaves: questionários; escala; SNAP; TDAH; TOD.

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno Opositivo-

desafiador (TOD) são transtornos que devem idealmente ser investigados junto a pais e

professores. Para facilitar a obtenção de informações acerca dos sintomas, empregam-se

instrumentos padronizados tais como a escala SNAP-IV, que engloba os sintomas de

TDAH e TOD descritos no Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM). O objetivo

deste estudo foi investigar a taxa de concordância das respostas de pais e professores de

crianças e adolescentes com idades entre 8 e 16 anos no MTA-SNAP- IV, aplicado

como parte do exame neuropsicológico realizado durante o ano de 2016 em um centro

de avaliação neuropsicológica na cidade do Rio de Janeiro. A amostra total foi

composta por 199 sujeitos. Os fatores da escala (sintomas de desatenção, hiperatividade

e opositivos-desafiadores) foram analisados de modo independente. Foram realizadas

análises de correlação entre as três variáveis para diferentes observadores. O coeficiente

de correlação tau de Kendall e o kappa de Cohen foram utilizados como medidas de

concordância. As comparações entre os relatos de pais e professores foram realizadas

utilizando o teste t de amostras em pares. As análises foram realizadas no programa

estatístico SPSS para Windows, versão 19. Os resultados revelaram que as respostas dos

pais e professores para sintomas de TOD apresentam concordância significativa (kappa

= 0,105, p<0,05). Já as respostas para os sintomas de desatenção e hiperatividade, não

apresentaram concordância significativa: (kappa = 0,63; p = 0,05) e (kappa = 0,32; p =

0,207), respectivamente. Os resultados do teste t de amostras em pares revelaram que os

pais relatam mais sintomas de desatenção e hiperatividade que os professores: [M =

5,5729; 4,1206; t(198) = -6,067, p<0,05]; [M = 3,3719; 2,1156; t(198) = 5,836, p<0,05],

respectivamente. Tais resultados sugerem que a observação do comportamento em

diferentes contextos (casa e escola), provavelmente associados a graus diferentes de

experiência com crianças e adolescentes (e suas expectativas) resultam em relatos

discrepantes em questionário padronizado. Este aspecto é importante na formulação

diagnóstica, porque indica a necessidade de conciliação de diferentes fontes de dados.

Contato: [email protected] / [email protected]

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16- DESEMPENHO COGNITIVO EM CRIANÇAS EM ESCOLAS

PÚBLICAS E PARTICULARES DO RIO DE JANEIRO

Renata Massalai¹,Emmy Uehara², J. Landeira-Fernandez¹.

¹ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

² Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Palavras Chaves: desempenho cognitivo; avaliação neuropsicológica infantil; escolas.

A avaliação neuropsicológica infantil do desempenho cognitivo no contexto escolar é

fundamental para identificar precocemente déficits no desenvolvimento cognitivo e

alterações no processo de aquisição de habilidades, examinar os efeitos dos déficits na

capacidade de processar determinadas informações em domínios cognitivo-linguísticos

específicos. Trata-se de um aspecto importante, uma vez que permite identificar

possíveis áreas compensatórias executadas pelo cérebro visando a impulsionar as áreas

comprometidas e assim elaborar programas de reabilitação a fim de promover o

desenvolvimento das funções neuropsicológicas que possam minimizar dificuldades na

aprendizagem e no comportamento escolar. Nesse sentido, com o objetivo de auxiliar

nas avaliações e intervenções neuropsicológicas em crianças nas escolas públicas e

particulares, foram realizadas aplicações do teste Escala Wechsler Abreviada de

Inteligência (WASI) em 51 crianças entre seis a nove anos de idade. A WASI é um

instrumento breve de avaliação da inteligência, aplicável a crianças de 6 anos a idosos

de 89 anos de idade. Fornece informações sobre os QIs Total, de Execução e Verbal a

partir de quatro subtestes (Vocabulário, Cubos, Semelhanças e Raciocínio Matricial),

permitindo avaliar vários aspectos cognitivos, como conhecimento verbal,

processamento de informação visual, raciocínio espacial e não verbal inteligência fluída

e cristalizada em diversos contextos. Entre suas principais aplicações estão a estimativa

cognitiva na avaliação de problemas de aprendizagem, no contexto psicoeducacional;

no diagnóstico diferencial de transtornos neurológicos e psiquiátricos e no planejamento

de programas de reabilitação neurocognitiva; em pesquisas, como no pareamento de

amostras. A amostra foi constituída por 60,8% de crianças do sexo masculino e 39,2 %

do sexo feminino. Quanto a grupos de idade, 41,2% foram crianças de 6 a 7 anos e

58,8% crianças de 8 a 9 anos. Observou-se também que 54,9 % eram alunos de escolas

públicas e 45,1% alunos de escolas particulares. Os resultados do teste WASI indicaram

que, em relação a todas as crianças, 5,9% alcançaram um QI total mediano inferior,

47% obtiveram um QI total Médio, 35,3% obtiveram QI Total Médio Superior, 9,8 %

resultaram um QI total Superior, sendo que 2% alcançaram QI total Muito Superior.

Observou-se assim que a maior parte da amostra alcançou um QI total na faixa mediana,

indicando que os aspectos do desempenho cognitivo avaliados estão dentro do esperado

para a faixa etária investigada. Concluiu-se que a contribuição quanto à avaliação

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neuropsicológica infantil sobre o desempenho cognitivo escolar através do teste WASI,

proporcionou profundidade das informações adquiridas via escolarização quanto à

velocidade de processamento de dados, memória verbal e de execução, inteligência

fluida e cristalizada, contribuindo principalmente para eventuais intervenções

psicopedagógicas.

Contato: [email protected]

17- A AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NAS DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM: VIVÊNCIAS DE UM ESTÁGIO PROFISSIONAL

Raquel Albuquerque, Patricia Cinelli, Emmy Uehara

Núcleo de Ações e Reflexões em Neuropsicologia do Desenvolvimento

(NARN/UFRRJ), Departamento de Psicologia da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (DEPSI/UFRRJ).

Palavras-chave: Avaliação Neuropsicológica; Dificuldades de Aprendizagem; Estágio

Profissional.

Apesar de ser uma ciência recente no Brasil, a Neuropsicologia tem avançado nas áreas

da Saúde e Educação através de pesquisas e práticas em clínicas e instituições de ensino

superior. Na literatura, não é difícil encontrar levantamentos de Clínicas-Escolas que

recebem encaminhamentos advindos de profissionais como professores, pedagogos,

pediatras, neurologistas, entre outros, dentre os quais uma queixa escolar não esteja

presente. Como um método de investigação, a Avaliação Neuropsicológica nas

Dificuldades de Aprendizagem(DA) tem fornecido subsídios para dimensionar

potencialidades e limitações do indivíduo, que refletem no processo de ensino-

aprendizagem, podendo confirmar ou refutar um diagnóstico de dificuldade/transtorno

de aprendizagem. Contudo, avaliar uma DA não é uma tarefa simples. Por ser

multifatorial, requer uma investigação dos aspectos biológicos, cognitivos, sociais e

afetivos do examinando, ou seja, deve-se considerar não só o indivíduo, como também

o seu meio: núcleo familiar e escolar. Baseando-se nisso, o presente trabalho tem como

objetivo apresentar alguns pontos encontrados em uma avaliação neuropsicológica nas

DA mediante a análise de dois atendimentos realizados em um estágio profissional em

Neuropsicologia, relacionando-os com o aporte teórico da área referente a temática. O

primeiro caso refere-se a uma criança de 7 anos, cursando o 2º ano do E.F.,

apresentando as seguintes demandas: falta de atenção e concentração, dificuldades nas

interações sociais e acontecimentos em sala de aula, além de uma suspeita de autismo

posteriormente mencionada. O segundo caso, refere-se a um adolescente de 13

anos, cursando o 7° ano no E.F., apresentando as queixas: dislexia, excesso de

imaturidade e agitação psicomotora. Ambos os atendimentos foram realizados no 2°

semestre de 2016, na instituição escolar do cliente e no Serviço de Psicologia Aplicada

(SPA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), respectivamente. Na

Avaliação Neuropsicológica foram utilizados instrumentos e tarefas que pudessem

investigar as DA, tais como: WISC-IV, THCP, FCR, DFH III, RAVLT, entre outros.

Ao analisar os dois resultados, observou-seque:1) Ambos os diagnósticos (autismo e

dislexia) foram descartados, sugerindo um desconhecimento dos transtornos por parte

dos profissionais que encaminharam; 2) A falta de exames clínicos dos clientes indicou

a necessidade de um trabalho multiprofissional; 3)A investigação do aspecto sócio-

afetivo foi tão relevante quanto a avaliação da dimensão cognitiva. Neste sentido, a

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literatura corrobora com os resultados encontrados, apontando para uma limitação na

formação dos profissionais da Educação quanto aos fundamentos neurobiológicos da

aprendizagem. Acredita-se que tal conhecimento auxiliaria o profissional a detectar se o

problema está relacionado a uma Dificuldade Escolar (DE) ou a uma DA, direcionando

melhor seu encaminhamento. Também foi confirmada a importância de uma

investigação multidisciplinar, de modo a excluir problemas de ordem sensorial,

mental, motora, cultural, etc. Assim como, verificar os aspectos afetivos, pois déficits

em habilidades sociais podem ser relacionados às DA devido aos problemas no

ajustamento e na comunicação. Portanto, os aspectos significativos encontrados na

avaliação neuropsicológica das DA, englobam a complexidade inerente de sua

investigação requerendo o contato entre as redes do examinando, considerando

suas dimensões biopsicossociais, além da limitada formação dos educadores.

Contato: [email protected]

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18- FUNÇÕES EXECUTIVAS EM ADOLESCENTES: UMA REVISÃO

SISTEMÁTICA

Camila Reis; Bruna Guimarães; Maíra Biajoni, Emmy Uehara

Núcleo de Ações e Reflexões em Neuropsicologia do Desenvolvimento

(NARN/UFRRJ), Departamento de Psicologia da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (DEPSI/UFRRJ).

Palavras-chaves: funções executivas; adolescentes; maturação cerebral

As funções executivas podem ser descritas como um conjunto de habilidades cognitivas

e metacognitivas que proporcionam aos indivíduos a capacidade de controlar seu

comportamento de acordo com as exigências do meio, tornando possível o engajamento

em ações complexas, voluntárias, auto organizadas e direcionadas a metas. Há

evidências de que a maioria destas habilidades iniciam seu desenvolvimento mais

abrupto entre os 9 e 10 anos e continuam se desenvolvendo até o início da idade adulta.

Isso aumenta a possibilidade de alterações ou comprometimentos em relação ao

funcionamento esperado de tais funções refletidas em fases posteriores. Traçar as

trajetórias do desenvolvimento cerebral é um passo necessário para determinar se os

indivíduos exibem precocidade ou atraso na maturação cerebral em relação à sua idade

cronológica. Através da metodologia teórico-exploratória, realizou-se um levantamento

bibliográfico de produções científicas indexadas nas bases de dados Scielo, Lilacs,

PsycInfo e Pubmed, sobre os principais achados referentes ao processo de maturação

das funções executivas na adolescência. Foram incluídas nesta busca eletrônica todas as

produções científicas publicadas em periódicos, revistas especializadas e indexadas nas

referidas bases de dados, realizadas com adolescentes com idades entre 12 e 18 anos,

restringindo a pesquisa a artigos de língua inglesa e portuguesa. Foram excluídos

documentos apresentados em duplicata entre as bases, cujos temas não contemplassem

o objetivo proposto nesta pesquisa, que não estivessem disponibilizados integralmente,

revisões sistemáticas e de literatura. Para a realização da pesquisa foram utilizados os

seguintes descritores: “neuropsychological functions + development + adolescents +

executive skills”; “brain maturation + executive skills + adolescents + development”;

“cognitive development + executive functions + brain maturation + adolescents”; “brain

maturation + neuropsychological functions + adolescents + executive functions”;

“executive functions + cognitive skills + adolescents + brain maturation”;

“neuropsychological functions + development + executive skills + adolescents”.

Identificou-se inicialmente um total de 375 documentos. Destes, foram excluídos 201

por apresentarem duplicatas na revisão, 68 por não se tratarem de artigos científicos, 34

por não se referirem ao desenvolvimento típico, 31 por apresentarem idades diferentes

da amostra selecionada, 17 por se tratarem de revisões sistemáticas e não-sistemáticas

da literatura, 8 cujos temas não contemplaram o objetivo proposto nesta pesquisa e 1

por não estar disponível na íntegra em formato digital. Dessa forma, a revisão final

contemplou um total de 15 artigos. No que se referem aos resultados dos estudos

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identificados, as pesquisas sugerem que, durante o desenvolvimento, as estruturas

cerebrais estão suscetíveis a influência de fatores genéticos e ambientais, e que uma

melhora significativa no controle inibitório, planejamento e resolução de problemas

ocorre entre os 15 e 17 anos, alcançando-se performances de pico entre os 14 e 16 anos

de idade. Observou-se ainda que, apesar de ser uma área que está em expansão no

âmbito científico internacional, os resultados sugerem que no Brasil, o interesse

científico nesta área não está se expandindo de maneira expressiva. Dos estudos

encontrados nesta revisão sistemática, nenhum foi desenvolvido no Brasil, o que indica

uma lacuna na literatura nacional acerca desta temática.

Contato: [email protected]

Fomento: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de

Janeiro - FAPERJ

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19- LEITURA DE LIVROS POR CUIDADORES PARA CRIANÇAS

COMO ESTRATÉGIA DE ESTIMULAÇÃO DO

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Amanda Graziele Aguiar Videira 1, J. Landeira-Fernandes

1, Luciene de Fátima

Rocinholi 2

1Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,

2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Palavras-chaves: Desenvolvimento infantil; primeira infância; estimulação cognitiva.

A imaturidade das estruturas cerebrais na primeira infância possibilita que uma

variedade de estímulos provenientes do ambiente exerçam impacto no desenvolvimento

neural, assim, estímulos positivos e negativos podem influenciar o desenvolvimento

infantil. Nesse sentido, ambientes familiares característicos do baixo nível

socioeconômico podem atuar como fatores de risco ao desenvolvimento infantil

influenciando todo clico de vida. Estudos apontam que a estimulação do

desenvolvimento na primeira infância em conjunto com os cuidadores surte efeito

positivo no desenvolvimento infantil. Tais achados estão relacionados à prática do

programa de estimulação através da leitura de livros “Reach Out and Read” (ROR), que

visa melhorar o nível da relação parental, promover a estimulação do desenvolvimento

na primeira infância em populações de baixa renda, assim como minimizar os riscos

oriundos do meio. No Brasil, existe a versão adaptada do modelo “ROR” pelo Instituto

Alfa e Beto, intitulada ‘Leitura Desde o Berço’, que também preconiza a primeira

infância e vem sendo implementada em creches públicas desde 2010. O objetivo deste

trabalho é relatar a estratégia de estimulação do desenvolvimento infantil ‘Leitura desde

o Berço’, realizada pelos pais/cuidadores e educadores para as crianças. A estratégia

Leitura desde o Berço’ consiste em proporcionar à criança a leitura desde o nascimento

até os 6 anos de idade em casa, de forma integrada com a creche, e preconiza tais

fatores: adaptação da leitura de livros na rotina dos pais/cuidadores em casa;

enriquecimento da interação e do vínculo entre pais/cuidadores e a criança; estimulação

do desenvolvimento cognitivo, linguístico, emocional e de competências escolares. Os

livros são definidos pelo ‘Guia IAB de Leitura Para a Primeira Infância’ e seguem três

critérios, que são: qualidade, adequação à faixa etária e diversidade de conteúdos e

temas. Para a intervenção ser efetivada, é necessário que seja realizada uma orientação

aos pais sobre o que é a estratégia, qual sua finalidade e como deve ser feita em casa,

quanto ao tempo de leitura diário e entonação de voz, assim como orientações aos

educadores das atividades da intervenção. Além disso, compõem o programa ‘Leitura

desde o Berço’ atividades como o empréstimo de dois livros semanais para cada criança

levar para casa através da creche; o ‘Livro Viajante’, que é um livro que a cada dia duas

crianças escolhem e levam para casa, acompanhado de um caderno de desenho que

“viaja” por todas as casas para cada criança desenhar parte da história que mais gostou;

rodas de conversas diárias promovidas pelos educadores com as crianças na creche;

encontro mensal dos pais/cuidadores com os educadores para relatarem o processo de

implementação da intervenção. Dessa forma, considera-se relevante investigar a eficácia

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do programa ‘Leitura desde o Berço’, a fim de saber se tal estratégia de fato atua na

promoção do desenvolvimento infantil na primeira infância, e consequentemente nas

fases seguintes.

Contato: [email protected]

Fomento: Faperj e Capes

20- PARA ALÉM DA MEMÓRIA: A IMPORTÂNCIA DA

INVESTIGAÇÃO DA COMUNICAÇÃO E DA LINGUAGEM EM UM

PACIENTE APÓS NEUROCIRURGIA TEMPORAL À ESQUERDA

Julia de Bulhões Carvalho Schechtman1,2

, Fernanda Alves Fonseca1,4

, Monique Castro-

Pontes1,4

, Eduardo de Sá Campello Faveret1, François Delaere

1, Diogo Goulart

Corrêa1,3

, Rochele Paz Fonseca5, Nicolle Zimmermann

1

1Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN),

2Instituto Brasileiro de

Medicina e Reabilitação (IBMR), 3Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

4Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),

5Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Palavras-chave: Epilepsia, Linguagem, Comunicação, Memória Episódica Verbal,

Amigdalohipocampectomia

A. B., sexo masculino, 30 anos, destro, 15 anos de escolaridade, diagnosticado com

epilepsia refratária desde os 15 anos realizou uma neurocirurgia de

amigdalohipocampectomia com resseção do parcial do giro temporal médio à esquerda

há um ano. Este relato apresenta o fluxo de atendimento padrão em um centro de

epilepsia especializado em neurocirurgias. O paciente assinou um termo de

consentimento livre e esclarecido. Anteriormente, apresentava crises no lobo temporal

esquerdo, com início na região anterior. As crises ocorriam com frequência de três a

quatro vezes por mês, dos tipos discognitiva e tônico-clônicas generalizadas. Não tem

histórico de dificuldades de aprendizagem. Quando procurou atendimento, apresentava

queixas leves de memória episódica. A primeira avaliação neuropsicológica apontou

desempenho dentro do esperado em tarefas que avaliam a memória episódica e de

trabalho verbal e visuoespacial. A linguagem estava preservada nas formas oral e

escrita, bem como seu desempenho em tarefas de funções executivas. Posteriormente à

cirurgia, o paciente ficou livre de crises epilépticas e alega melhora em sua qualidade de

vida. No entanto, passou a se queixar de dificuldades de aprendizagem, falta de palavras

e de compreensão de linguagem indireta e metáforas, com importante impacto nos seus

relacionamentos e em seu rendimento acadêmico. A avaliação neuropsicológica pós-

operatória foi realizada com os instrumentos: Bateria Montréal Toulouse de Avaliação

da Linguagem (MTL); Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação (MAC);

subtestes Cubos, Dígitos, Código, Procurar Símbolos, Raciocínio Matricial e

Vocabulário da WAIS-III; Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey (RAVLT);

Inventário de Depressão de Beck II; Inventário de Ansiedade de Beck; Questionário de

Síndrome Disexecutiva; Escala de Competências do Paciente; Figuras Complexas de

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Rey; Teste Token. Os resultados desta avaliação apontaram déficits graves

comunicativos e de linguagem, nas tarefas Nomeação Escrita, Discurso Narrativo

Escrito (Unidades de informação), Compreensão Escrita do Texto (MTL) e Teste

Token; nas tarefas Escrita sob ditado e Discurso Narrativo Escrito (Cenas) (MTL),

houve indícios de alerta para déficit. Nas tarefas Discurso Conversacional, Interpretação

de Atos de Fala e Julgamento Semântico (MAC), apresentou déficits. Foram

encontrados déficits de memória episódica verbal. Esses achados podem ser

relacionados a queixas do paciente em atividades diárias de compreensão e

memorização de textos escritos, dificuldades de acesso às palavras no discurso, falta de

iniciativa discursiva, discurso impreciso e tangencial e dificuldades na compreensão de

piadas, metáforas e indiretas nos diálogos. Assim, esse caso traz evidências para a

presença de aquisição de déficits comunicativos e linguísticos envolvendo componentes

semânticos, sintáticos, pragmáticos e discursivos orais e escritos associados à

amigdalohipocampectomia com resseção do parcial do giro temporal médio à esquerda

e seus impactos funcionais, para além de dificuldades mnemônicas episódicas

adquiridas. Esses achados apontam que além das preocupações de rotina nos serviços de

neuropsicologia hospitalar sobre as dificuldades mnemônicas no período pós-operatório

de pacientes submetidos à ressecção de estruturas do lobo temporal esquerdo, a

investigação de aspectos linguísticos e comunicativos torna-se relevante para a

psicoeducação e reabilitação do paciente frente às suas atividades diárias, além de para

orientação de familiares em prol do manejo de relações interpessoais mediadas pela

comunicação.

Contato: [email protected]

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21- O INSIGHT EM PACIENTES COM TRANSTORNO BIPOLAR

Rodrigo Leão Ferreira do Nascimento¹, Fernanda Carvalho¹, Daniel Corrêa Mograbi¹²³,

Elie Cheniaux Júnior³⁴.

¹Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), ² King’s College

London, ³Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(IPUB/UFRJ), ⁴Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Palavras chaves: insight implícito, transtorno bipolar do humor, metacognição.

Nos dias atuais, o Transtorno Afetivo Bipolar (TB) tem sido caracterizado como uma

desordem cerebral que causa mudanças não usuais de humor, energia, níveis de

atividade, e na habilidade de realizar as tarefas do cotidiano. Dentre as várias alterações

que podem ser verificadas entre tais pacientes, a falta ou redução da consciência sobre o

transtorno e/ ou sintomas está presente sobretudo na fase de mania. A este fenômeno dá-

se o nome de prejuízo de insight. A avaliação do insight é realizada, habitualmente, por

meio de medidas explícitas. Contudo, recentemente, evidências têm apontado para o

surgimento de formas de consciência implícita em pacientes com demência e

hemiplegia, ficando em aberto a sua presença entre pacientes bipolares. O objetivo do

estudo em curso consiste na avaliação de formas de insight implícito e explícito em

função dos diferentes estados de humor destes pacientes. Dois grupos de pacientes

bipolares (25 em mania e 25 em eutimia), estão sendo recrutados no ambulatório de

Transtorno Bipolar do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (IPUB/UFRJ). Os pacientes estão sendo avaliados afetivamente por meio de

escalas de depressão e mania; nível de insight através da Escala de Consciência de

Morbidade no Transtorno Bipolar (ISAD-BR); além de duas versões do Teste de

Associação Implícita (TAI) – que é um paradigma de tempo de reação com viés

atencional -. As duas versões do TAI medem autoassociações ligadas às díades: doente/

saudável (doença) e eufórico/depressivo (sintomas). Até o presente momento, 14

pacientes eutímicos e 5 em mania foram avaliados. Os resultados preliminares apontam

para diferenças nos tempos de reação médios para autoassociações ligadas à condição

de doença entre maníacos e eutímicos, além de correlações significativas entre escores

de medidas implícitas e explícitas. Embora o estudo esteja em curso, parece haver uma

discrepância no funcionamento da consciência da doença, sobretudo entre pacientes

maníacos.

Contato: [email protected]

Fomento: CNPQ

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22- PERSPECTIVA TEMPORAL E REGULAÇÃO EMOCIONAL DE

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Luan Dantas, Renan Pacheco, Richard Ferreira, Gabriel Coutinho e Carlos Eduardo

Nórte.

Centro Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Perspectiva temporal, regulação emocional e funções

executivas.

A orientação e a direção preferencial dos pensamentos e ações de uma pessoa em

relação ao passado, ao presente, ou ao futuro tem uma influência dinâmica nos seus

julgamentos, decisões e ações. A percepção que as pessoas têm da extensão do tempo

futuro ou da importância do passado exerce um papel importante no comportamento

atual e também gera implicações para emoção, cognição e motivação. Este aspecto do

tempo é denominado perspectiva temporal. Apesar da crescente literatura em torno da

perspectiva temporal, poucos estudos buscaram investigar a sua relação com a regulação

emocional. No presente estudo participaram 90 estudantes do Centro Universitário

Celso Lisboa que após preencherem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

responderam a Escala de Perspectiva Temporal (ZTPI) e a Escala De Desregulação

Emocional (DERS-36). Os resultados sugerem que os participantes que apresentaram

perspectiva temporal balanceada entre presente, passado e futuro tinham uma tendência

de regular melhor suas emoções (r= 0,29 e p=0,004). Dessa forma, conclui-se que

compreender o potencial prático da investigação da perspectiva temporal na prática

clínica pode propiciar futuramente a criação ferramentas e estratégias de intervenção

que auxiliem quadros clínicos associados as dificuldades de regulação das emoções.

CONTATO: [email protected]

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23- METODOLOGIA ATIVA NO ENSINO DA NEUROANATOMIA E

NEUROFISIOLOGIA: A LUZ QUE FAVORECE O APRENDIZADO

Jainne Martins-Ferreira, Roberta Aparecida Barzaghi e Sá

UNIGRANRIO

Palavras chaves: Metodologia ativa, neuroanatomia, neurofisiologia, aprendizado.

A neuropsicologia clínica encontra amparo nas bases neuroanatômicas,

neurofisiológicas e neuroquímicas no entendimento dos processos psicológicos e

comportamentais. Neste cenário, funções cognitivas como a linguagem, a memória,

atenção e funções executivas são alvo de estudo e elaboração de hipóteses em

relacionadas ao perfil cognitivo individual e sua manifestação observada no

comportamento, personalidade, aprendizagem dentre outras tantas. Assim, o

aprendizado da neuroanatomia e neurofisiologia ao aluno de psicologia são de extrema

importância. Os estudantes da atualidade são preparados para uma formação focada em

seu desenvolvimento profissional prático e crítico social, de forma que o decente de

terceiro grau precisa atender a necessidade do desenvolvimento de competências

profissionais que suportam a preparação do estudante. Portanto, a substituição da forma

tradicional de ensino, onde o professor é o detentor do conhecimento, por metodologias

ativas de aprendizagem utilizadas como recurso didático no ensino é necessária e traz

contribuições contundentes para o aprendizado discente. Com o intuito de tornar o

aprendizado da neuroanatomia e a neurofisiologia mais próxima da realidade

profissional, e favorecer a ligação das estruturas anatômicas, bem como o seu

funcionamento a manifestação de comportamento, humores, bem como alterações dos

mesmos, adotamos diferentes modalidades de metodologia ativa, que incluem a

construção de modelos usando massa de modelar, modelos de cortes anatômicos usando

lã, e discussão de casos clínicos com discussões quanto de conceitos moleculares,

fisiológicos e farmacológicos. Em nossa avaliação e segundo o discurso do aluno, o

aprendizado além de mais leve e divertido, trouxe para termos práticos, mais

frequentemente, o que antes era discutido apenas na teoria.

Contato: [email protected]

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24- AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA REGULAÇÃO EMOCIONAL

NA TOMADA DE DECISÃO.

Richard Ferreira, Luan Dantas, Renan Pacheco, Gabriel Coutinho e Carlos Eduardo

Norte

Centro Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil.

Palavras-chave: regulação emocional, tomada de decisão e funções executivas.

Desde a década de 70, diversos modelos teóricos foram desenvolvidos a fim de entender

como os seres humanos tomam as decisões. O modelo tradicional visa definir a tomada

de decisões como um processo puramente racional, ao qual a análise de custo e

benefício de cada uma das opções conduziria a melhor escolha. Entretanto, nas últimas

décadas novos modelos teóricos vêm sugerido a importância dos aspectos emocionais

nesse processo. Apesar da expressiva literatura sobre o tema, poucos estudos avaliaram

o papel das estratégias de regulação emocional nesse processo. O presente estudo

buscou avaliar o desempenho de estudantes universitários no Iowa Gambking Task e

sua relação com as estratégias de regulação emocional aferidas em um questionário

(DERS-36). Os resultados indicaram relação significativa entre a tendência geral do

IGT e a dificuldade de controle de impulsos (r= -0,24 e p=0,05). Dessa forma, o

presente estudo abre possibilidades para novas pesquisas que possam explorar os

componentes e estratégias de regulação emocional e suas influencias no processo de

tomada de decisão.

Contato: [email protected]

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25- PERSPECTIVA TEMPORAL E REGULAÇÃO EMOCIONAL DE

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Luan Dantas, Renan Pacheco, Richard Ferreira, Gabriel Coutinho e Carlos Eduardo

Nórte.

Centro Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil.

Palavras-chave: Perspectiva temporal, regulação emocional e funções executivas.

A orientação e a direção preferencial dos pensamentos e ações de uma pessoa em

relação ao passado, ao presente, ou ao futuro tem uma influência dinâmica nos seus

julgamentos, decisões e ações. A percepção que as pessoas têm da extensão do tempo

futuro ou da importância do passado exerce um papel importante no comportamento

atual e também gera implicações para emoção, cognição e motivação. Este aspecto do

tempo é denominado perspectiva temporal. Apesar da crescente literatura em torno da

perspectiva temporal, poucos estudos buscaram investigar a sua relação com a regulação

emocional. No presente estudo participaram 90 estudantes do Centro Universitário

Celso Lisboa que após preencherem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

responderam a Escala de Perspectiva Temporal (ZTPI) e a Escala De Desregulação

Emocional (DERS-36). Os resultados sugerem que os participantes que apresentaram

perspectiva temporal balanceada entre presente, passado e futuro tinham uma tendência

de regular melhor suas emoções (r= 0,29 e p=0,004). Dessa forma, conclui-se que

compreender o potencial prático da investigação da perspectiva temporal na prática

clínica pode propiciar futuramente a criação ferramentas e estratégias de intervenção

que auxiliem quadros clínicos associados as dificuldades de regulação das emoções.

Contato: [email protected]

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26- AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS TRAÇOS DE HUMOR NA

PRODUÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS.

Livia Henriques, Jana Pacheco, Caio Affonso Ribeiro, Jean Pierre e Carlos Eduardo

Nórte.

Centro Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil.

Palavras-chave: falsas memórias, afeto positivo, afeto negativo, psicologia

experimental.

As emoções podem ser descritas como a exposição de comportamentos expressivos

através de relatos subjetivos, respostas fisiológicas e observações dos comportamentos.

A tentativa de explicar a relação entre emoções com a memória pode sugerir que a

emocionalidade tanto positiva quanto negativa podem influenciar nas recordações de

memórias verdadeiras ou falsas. O presente estudo teve como objetivo investigar a

relação existente entre os traços de afetos positivos e negativos com a queixa de

memória e presença de falsas memórias em estudantes universitários. Participaram do

estudo 90 estudantes que após preencherem o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido responderam ao questionário PANAS, PRMQ, MAC-Q e participaram de

um estudo de indução a falsas memórias a partir da percepção de frutas. Os resultados

sugerem relação significativa entre o afeto negativo e a escala de queixas subjetivas de

memória (r=0,28 e p=0,006), dificuldades na evocação da memória retrospectiva

episódica (r= 0,29 e p=0,003). Além disso, os sujeitos que apresentaram falsas

memórias em relação aos que não tiveram reportaram tendência a ter mais afeto

negativo como traço ( U=690,00; Z=1,4 e p = 1). Dessa forma, o presente estudo visa

contribuir para a investigação sobre o papel das emoções no estudo das falsas memórias.

Contato: [email protected]

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27- RELAÇÃO ENTRE FATORES DE PERSONALIDADE E QUEIXAS

SUBJETIVAS DE MEMÓRIA.

Caio Affonso Ribeiro, Livia Henriques, Jana Pacheco, Jean Pierre e Carlos Eduardo

Nórte.

Centro Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil.

Palavras-chave: memória, personalidade, anosognosia.

A memória se refere a nossa capacidade de codificar, armazenar e evocar eventos

vividos afim de usar essas informações no presente. As queixas subjetivas de memória

estão entre os elementos mais importantes para o diagnóstico de alguma alteração

neuropsicológica, assim como um índice relevante para compreender a percepção que o

paciente tem de seu funcionamento cognitivo. Apesar da literatura existente sobre o

tema, poucos estudos buscaram investigar a relação da queixa subjetiva de memória

com fatores de personalidade. No presente estudo foram investigados 96 estudantes

universitários do Centro Universitário Celso Lisboa. Após o preenchimento do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido, os participantes responderam ao Questionário de

Queixas Subjetivas de Memória (MAC-Q) e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP).

Os resultados sugerem relação significativa da compreensão do déficit de memória com

características de neuroticismo (r=0,34 e p=0,005) e confiança nas pessoas (r=0,22 e

p=0,02). O presente estudo propicia abertura para um campo de reflexões e

possibilidades de estudos futuros que possam aprofundar o papel dos fatores de

personalidade em demandas de queixas cognitivas.

Contato: [email protected]

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28- INFLUÊNCIA DA MEMÓRIA OPERACIONAL NA TOMADA DE

DECISÃO EM UNIVERSITÁRIOS.

Renan Pacheco, Richard Ferreira , Luan Dantas, Gabriel Coutinho e Carlos Eduardo

Norte.

Centro Universitário Celso Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil.

Palavras-chave: memória operacional, tomada de decisão e funções executivas.

A tomada de decisão é considerada uma função cognitiva fundamental para a interação

do indivíduo com seu contexto social. Diariamente as pessoas são requeridas a

decidirem entre diversos cursos de ação, envolvendo a escolha entre duas ou mais

opções, demandando a análise das características dessas opções e a estimativa de

consequências futuras acarretadas pela escolha. A memória operacional se refere a

nossa capacidade de manipular informações, armazena-las temporariamente, acessar

memórias de longo prazo, confrontando-as com as informações novas que estão sendo

recebidas sensorialmente. Apesar da extensa literatura sobre tomada de decisão e

memória operacional, poucos estudos buscaram avaliar a relação entre essas funções,

especialmente investigando em estudos empíricos se o funcionamento adequado da

memória operacional influencia na tomada de decisão em paradigmas

computadorizados. O presente estudo investigou 90 estudantes universitários que após

preencherem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram avaliados através

do Teste Digitos (WAIS-III) e posteriormente no Iowa Gambling Task (IGT). Os

resultados indicam uma relação significativa entre a tendência geral do IGT e o

desempenho dos participantes no teste dígitos (r= 0,28 e p=0,05). O resultado do

presente estudo sugere que a memória operacional é um recurso fundamental para

avaliação adequada e tomada de decisão mais eficiente a longo prazo, possibilitando

aberturas de novos caminhos investigativos nesse campo.

Contato: [email protected]

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29- JOGANDO E APRENDENDO: GAMES COMO POSSÍVEIS

MEDIADORES NOS PROCESSOS COGNITIVOS

Carvalho, Arlena M. C., nunes, Claudia M.

Consultório particular

Palavras-chaves: construção do conhecimento, neuropsicologia, psicopedagogia, games,

inclusão

O presente trabalho buscou pesquisar as influências dos jogos eletrônicos (games) nos

processos cognitivos. É uma pesquisa de natureza qualitativa e exploratória. Foi feito

um levantamento das contribuições psicopedagógicas que os games podem oferecer.

Buscou-se a fundamentação teórica nos autores vinculadas a teoria da construção do

conhecimento e em autores estudiosos de Games. Entre os principais autores estudados

na área de produção do conhecimento estão Piaget e Vygotsky. Na área dos games,

Lynn Alves, Huizinga e McGonigal. A análise foi baseada na correlação crítica entre os

dados levantados nas referências teóricas estudadas na revisão de literatura e na

observação de seis pessoas enquanto jogavam (entre 10 e 45 anos, sendo um, portador

de necessidades especiais). Foi feita entrevista exploratória com cada jogador buscando

suas opiniões sobre as possíveis contribuições dos games para o desenvolvimento

intelectual e para explorar hipóteses relevantes para a pesquisa. Foram apresentados

cinco games (Jogo da Reciclagem, Minecraft, The Sims, Tetris e Guitar Hero) e o

levantamento de suas possíveis contribuições para a estimulação cognitiva. Para cada

game apresentado, foi discutido as contribuições para os processos cognitivos de seu

usuário. Também foi feita uma reflexão sobre a importância desse tipo de atividade para

os portadores de necessidades educacionais especiais dentro do processo de construção

de uma sociedade inclusiva. Jogar é importante para que a pessoa se constitua enquanto

sujeito e desenvolva as faculdades humanas básicas além de desenvolver as funções

psicológicas superiores. Mesmo tendo existência tão antiga, o jogo sempre estará

presente na vida de todos. E por tudo o que nele está envolvido, ele tem papel

fundamental na construção da sociedade inclusiva já que é também um instrumento

valioso na quebra de barreiras de preconceito. Além de contribuir para a manutenção da

boa autoestima e do desenvolvimento integral do potencial do sujeito, seja portador ou

não de necessidades especiais. Baseado no estudo realizado e na observação feita pode-

se afirmar que os games podem ser importantes mediadores na estimulação cognitiva de

seus usuários (seja portador ou não de necessidades educacionais especiais) e,

consequentemente, contribuir para a inclusão de todos.

Contato: [email protected]

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30- VIDEOGAMES E O PERFIL MOTIVACIONAL DE JOGADORES

Rodrigo Vieira de Mello, João Guilherme Midões Izidoro, Emmy Uehara

Núcleo de Ações e Reflexões em Neuropsicologia do Desenvolvimento

(NARN/UFRRJ), Departamento de Psicologia da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (DEPSI/UFRRJ).

Palavras-chaves: Videogames, Motivação, Recompensa.

Os videogames estão inseridos em diversos lares brasileiros, e esta inserção independe

da classe social ou faixa etária. Jogos computadorizados e videogames proporcionam

diversão, motivação e são esteticamente atrativos. Além disso, fornecem um feedback

imediato da ação, adaptando de acordo com o nível do desempenho da pessoa o que

garante a manutenção motivacional do jogador. Nos últimos anos, estudos têm

observado benefícios no uso dos videogames em seus jogadores, como melhorias nas

habilidades visuais, atencionais, mnêmicas, executivas e na velocidade de

processamento. E é partir desses preceitos que o videogame pode ser uma poderosa

ferramenta auxiliar no aprendizado e desenvolvimento de competências pessoais.

Videogames podem satisfazer diferentes necessidades psicológicas, que vão depender

dos tipos e gêneros dos jogos, tais como a competência (senso de autoeficácia e

aquisição de novas habilidades), a autonomia (direcionamento a metas, e cumprimento

das mesmas), e a afinidade (relações sociais e comparações com os personagens

presentes no jogo). Este estudo tem como objetivo realizar um mapeamento dos

aspectos mais atrativos, bem como os principais reforçadores nos jogadores. Para tanto,

aplicou-se um questionário composto por 5 perguntas fechadas relacionadas à

motivação e aos reforçadores de recompensas. Participam do estudo 50 jogadores, e

dentre os principais resultados, observou-se uma média de 22,06 (5,57) anos, sendo o

mais jovem encontrado de 14 anos e o mais velho 47. Os resultados mostram também

que 74% são do sexo masculino e que 78% deste público joga há mais de 10 anos. A

plataforma mais utilizada é o computador (30%), seguido por celulares/smartphones

(25,7%) e Xbox 360 (12,7). Perguntados sobre qual tipo de jogador eles mais se

identificam, entre complecionistas (jogadores que gostam de apreciar a história,

descobrir todos os segredos e colecionar todos os itens disponíveis) ou speedrunners

(aqueles que gostam de completar seus jogos no menor tempo possível), 80%

escolheram a primeira opção, o que demonstra a apreciação mais vagarosa de todos os

aspectos que um jogo pode oferecer. O estilo que mais atrai é o FPS (First Person

Shooter/Tiro em Primeira Pessoa), com 18,6%. Por fim, o tipo de recompensa mais

esperada para manutenção do interesse ao se jogar videogames é a progressão na

história. Com isso, sugere-se que os jogadores irão buscar cada aspecto que

conseguirem para compreender toda a história do jogo, característica que ocorre em

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qualquer idade. O estudo faz parte de um projeto maior sobre o mapeamento de perfil

dos hábitos nos jogadores de videogames. Na próxima fase, o grupo tem como objetivo

investigar questões sobre funções executivas e atencionais.

Contato: [email protected]

Fomento: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de

Janeiro - FAPERJ

31- IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES DE ERROS DO TESTE DO

DESENHO DO RELÓGIO EM IDOSOS DA COMUNIDADE COM

ALTA ESCOLARIDADE

Bárbara Spenciere; Helenice Charchat-Fichman.

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Introdução: O Teste do Desenho do Relógio está entre os instrumentos de rastreio mais

utilizados e, quando associado a outros testes de avaliação cognitiva breve para idosos,

tem demonstrado acurácia diagnóstica para demência. Este teste apresenta diversos

métodos de correção e pontuação. Neste contexto, percebeu-se a necessidade de um

método de correção com ênfase nos aspectos qualitativos, para verificar padrões mais

específicos de erro. Objetivo: Examinar e analisar padrões de erros no Teste do

Desenho do Relógio de idosos da comunidade com alta escolaridade. Método:

Participaram do estudo 83 idosos saudáveis, com idades entre 60 e 90 anos (M=71,98;

DP= 6,76) e escolaridade entre 9 e 25 anos (M=14,67; DP=3,79). Todos eram

integrantes do Programa Casas de Convivência e Lazer para Idosos da Prefeitura do Rio

de Janeiro. Utilizou-se o método de Sunderland et al. (1989) para a correção

quantitativa dos testes e a tradução da escala qualitativa de Rouleau et al. (1992) com o

erro adicional de Parsey e Schmitter-Edgecombe (2011) realizada por Fabricio et al.

(2014) para a pontuação qualitativa dos TDR. Realizou-se Correlação de Pearson e

Teste T pareado entre os valores totais de ambas escalas, bem como, a frequência dos

tipos de erros da escala qualitativa. Resultados: Observou-se correlação significativa e

positiva (r=0,599, p<0,001), contudo não se observou diferença entre as médias no

Teste T (p=1,00). Os tipos de erro mais frequentes foram aqueles relacionados a

dificuldades gráficas leves (48,2%); a déficit espacial ou de planejamento com

alterações tanto de espaço antes dos números 12, 3, 6 ou 9 (54,2%) quanto alteração

sem padrão específico (67,5%); e a déficit conceitual de representação incorreta do

tempo (96,4%). Conclusão: Tanto a escala quantitativa quanto a qualitativa são

importantes para traçar o perfil neuropsicológico, mas elas não conseguem dissociar

habilidades visuoconstrutivas de funções executivas.

Contato: [email protected]

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32- TESTE DE STROOP COMPUTADORIZADO: DIFERENCIANDO O

EFEITO PARA ADULTOS E IDOSOS

Ana Mercedes de Figueiredo¹, Helenice Charchat-Fichman¹

¹ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras-chaves: Teste de Stroop, instrumento computadorizado, funções executivas

Dentre os testes neuropsicológicos, o paradigma de Stroop apresenta situações com

estímulos sensoriais conflitantes que demandam um maior tempo para o processamento

da informação e requer que o indivíduo responda a elementos específicos de um

estímulo enquanto inibe processos mais automatizados. O objetivo deste trabalho foi

avaliar o tempo de reação da resposta a um estímulo apresentado, através do teste de

Stroop computadorizado, que compõe o CompCog (uma bateria de testes

neuropsicológicos no iPad que avalia diversas funções cognitivas). Participaram do

estudo 95 sujeitos, sendo 50 jovens adultos e 45 idosos saudáveis. Foi utilizado o Teste

de Stroop computadorizado que está dividido em três etapas: na primeira, o participante

tem que tocar em um dos quatro retângulos coloridos (verde, vermelho, azul ou

amarelo), localizados na parte inferior da tela, de acordo com a cor do quadrado que

aparece no centro da tela; na segunda, o participante tem que tocar em um dos quatro

retângulos (verde, vermelho, azul ou amarelo), que tem a mesma localização da tarefa

anterior, de acordo com a cor da palavra colorida (nome de fruta: abacate, maçã, amora

ou banana) que aparece no centro da tela; na terceira, o participante tem que tocar em

um dos quatro retângulos (verde, vermelho, azul ou amarelo), que tem a mesma

localização das tarefas anteriores de acordo com a cor da palavra colorida (nome de

cores: verde, vermelho, azul ou amarelo) que aparece no centro da tela. Para a análise

dos resultados, foram observados o tempo de reação mediano em milissegundos e a

média da porcentagem de acertos para cada tarefa. Os resultados para os jovens foi:

696,27 e 98,38% de acertos (tarefa 1), 767,97 e 96,08% de acertos (tarefa 2), e 808,56 e

96,14% de acertos (tarefa 3); e para os idosos: 877,72 e 63,93% de acertos (tarefa 1), e

997,28 e 63,28% de acertos (tarefa 2) e 997,28 e 63,28% de acertos (tarefa 3). Observa-

se diferença significativa entre os grupos nos três blocos. O maior efeito é observado no

terceiro bloco. O resultado mostra que os idosos apresentam maior dificuldade de

controle inibitório quando comparado com os jovens. O efeito é observado tanto nas

respostas corretas, bem como no tempo de reação mediano.

Contato: [email protected]

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33- CORRELATOS ELETROFISIOLÓGICOS DA REGULAÇÃO

EMOCIONAL NA DEMÊNCIA

Anna Fischer, Isabela Lobo, Daniel Mograbi

MograbiLab – Departamento de Psicologia da PUC - Rio

Palavras-chave: EEG, ERP, LPP, Doença de Alzheimer, Demência

A demência é um dos desfechos mais temidos do envelhecimento. Comprometimentos

cognitivos e emocionais têm grande relevância na vida cotidiana e nas relações sociais

dos pacientes. A Doença de Alzheimer (DA) é dita como a principal causa da demência.

Ela é caracterizada por um declínio da capacidade cognitiva como memória e funções

executivas assim como por interferências nos processos emocionais. Os processos

emocionais têm uma estreita relação com os processos cognitivos. Um exemplo destas

interações estreitas é a regulação emocional. Ela é usada para regular o tipo, a

intensidade, a frequência ou a duração das emoções para garantir que elas são úteis ao

invés de prejudiciais em certas situações. A regulação da emoção é um processo

essencial que permite ao indivíduo lidar com as emoções e reagir de acordo com uma

determinada situação. Existem componentes eletrofisiológicos associados, tais como o

potencial positivo tardio (LPP; do inglês Late Positive Potential). O LPP é o

componente melhor investigado com relação aos processos de regulação de emoção. Ele

reflete a atenção sustentada na direção e no processamento do conteúdo emocional.

Além da sensibilidade global para a natureza emocional do estímulo, o LPP é sensível à

regulação dos conteúdos emocionais, uma vez que já foi observado que a amplitude do

mesmo está atenuada em paradigmas de regulação de emoção. O estudo da regulação de

emoções pode contribuir para um melhor entendimento sobre as alterações

neurofisiológicas na demência. O projeto tem como objetivo investigar o processo de

regulação emocional e suas mudanças eletrofisiológicas (LPP) em pacientes com

doença de Alzheimer em comparação a idosos saudáveis e jovens saudáveis. O estudo

visa para uma melhor compreensão dos processos cognitivos e emocionais e suas

alterações neurofisiológicas em pacientes com DA, especialmente porque os

componentes neurofisiológicos destes processos e suas alterações são ainda pouco

explorados na DA. Os resultados podem contribuir para aperfeiçoar abordagens

terapêuticas e tratamentos da DA, assim como, a longo prazo, levar a um aumento na

qualidade de vida cotidiana dos pacientes e suas famílias. Os pacientes serão recrutados

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no ambulatório do Centro para Doença de Alzheimer e Outros Transtornos Mentais na

Velhice – CDA/UFRJ. Os controles serão 30 idosos saudáveis e 30 estudantes

universitários. Durante o experimento os voluntários realizarão tarefas de visualização

de imagens emocionais e regulação emocional implícita (distração, reavaliação),

enquanto o sinal do eletroencefalograma (EEG) é coletado através de um equipamento

de 23 canais. Tanto quanto é do nosso conhecimento, este é o primeiro estudo que

investiga os processos de regulação da emoção na DA utilizando EEG. Espera-se que os

processos eletrofisiológicos subjacentes reflitam os problemas cognitivos dos pacientes

com regulação emocional em relação aos controles idosos e jovens. Como o EEG

possui uma excelente resolução temporal, também esperamos resultados mais

detalhados sobre o curso temporal do processo em pacientes com DA.

Contato: [email protected]

Fomento: FAPERJ, CNPq, CAPE

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34- PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DA ATROFIA CORTICAL

POSTERIOR: UM ESTUDO DE CASO

Gabriel Lima1, Camila Bernardes

1, Alina Tedelschi

1, Pilar Erthal

1, Rafael Martins

1,

Michelle Niemeyer1, Gabriel Bernardes

1, Priscilla Corção

1, Paulo Mattos

1

1 Centro de Neuropsicologia Aplicada (CNA-IDOR)

Palavras-chaves: Atrofia Cortical Posterior; Avaliação Neuropsicológica; Exame

Neuropsicológico; Demência

O termo Atrofia Cortical Posterior (ACP) foi usado pela primeira vez para descrever o

quadro de pacientes cujo comprometimento predominante envolvia funções

visuoespaciais. Em alguns casos, também podem ser observados anomia, alexia,

acalculia, desorientação direita-esquerda, simultanagnosia, e apraxia ocular. Nos

estágios iniciais da doença as funções executivas e a memória encontram-se

preservadas ou pouco comprometidas. Com a progressão da doença é comum observar

um quadro de demência mais global. Ainda não existem dados precisos sobre a

prevalência, possivelmente devido ao frequente subdiagnóstico por profissionais de

saúde. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso de Atrofia Cortical Posterior,

enfatizando seus aspectos neuropsicológicos. Trata-se de indivíduo do sexo masculino

(M.), de 53 anos, casado, médico, com alto nível de escolaridade. M. foi encaminhado

para avaliação neuropsicológica devido a dificuldades inéditas de planejamento e

gerenciamento de finanças, confusão com horários no trabalho, desatenção, apatia,

perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas, ansiedade e esquecimentos.

Encontrava-se afastado do trabalho. Foram realizadas consultas com equipe

multidisciplinar (psiquiatra, psicóloga e fonoaudióloga). M. apresentava juízo crítico

parcial acerca de suas dificuldades, além de pensamentos paranóides relacionados a

colegas de trabalho. Ao longo da avaliação, além dos testes neuropsicológicos formais,

foram observadas dificuldades de reter instruções mais longas, perseverações, alterações

na prosódia, anomia, digressões, falta de objetividade no discurso e graves dificuldades

visuoperceptivas. Os resultados da avaliação revelaram a presença de comprometimento

significativo de habilidades visuoespaciais (e, secundariamente, de memória visual),

funções executivas, destreza visuomotora, atenção visual e raciocínio lógico não verbal.

Foram observados também comprometimento em tarefas que endereçam funções mais

complexas de linguagem (narrativa), percepção de prosódia e habilidades matemáticas.

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A velocidade de processamento, a memória episódica auditivo-verbal, a memória

operacional auditivo-verbal, a abstração verbal e a tomada de decisão encontravam-se

preservadas. O desempenho em tarefas que envolviam material visual e habilidades

visuoespaciais revelou-se muito discrepante do apresentado em tarefas que envolviam

habilidades verbais. Ao longo da avaliação também foram coletadas informações que

sugeriam a presença de alterações comportamentais, com comprometimento em

atividades de vida diária. Após discussão dos resultados com a equipe clínica, concluiu-

se que o perfil clínico e neuropsicológico de M. era sugestivo da presença de processo

degenerativo (Transtorno Neurocognitivo Maior, DSM-5). O perfil neuropsicológico,

quando conciliado com o quadro clínico, era fortemente sugestivo de demência não-

Alzheimer. O comprometimento prevalente de habilidades visoespaciais era sugestivo

de ACP.

Contato: [email protected]

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35- PERFIL CLÍNICO E NEUROPSICOLÓGICO NA HIDROCEFALIA

DE PRESSÃO NORMAL: RELATO DE CASO

Gabriel Bernardes1,2

, Alina Teldeschi1, Camila Bernardes

1, Naima Gil

1, Fernanda

Rodrigues1, Andrea Souza

1, Pilar Erthal

1, Gabriel Lima

1, Priscila Corção

1, Paulo

Mattos1,3

1 Centro de Neuropsicologia Aplicada (CNA-IDOR) e Memory Clinic (MC-IDOR);

2 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

3 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Palavras-chaves: Hidrocefalia de Pressão Normal; Hidrocefalia; Avaliação

Neuropsicológica; Demência.

A hidrocefalia de pressão normal (HPN), descrita originalmente por Hakim e Adam em

1965, é um quadro caracterizado por dilatação ventricular, acompanhado de uma tríade

progressiva: distúrbio de marcha, incontinência urinária e comprometimento cognitivo.

Este último envolve principalmente a atenção, memória e velocidade de processamento

nos estágios iniciais. Estima-se uma incidência de HPN entre 2 a 6% dos pacientes com

Demência. A detecção desta condição é de extrema importância, pois trata-se de quadro

potencialmente reversível. Este trabalho tem como objetivo a apresentação de um caso

clínico anteriormente não diagnosticado de HPN. Trata-se de indivíduo do sexo

masculino (Z.), de 72 anos, aposentado e com alto nível de escolaridade. Z. foi

encaminhado por seu médico assistente para diagnóstico de quadro demencial. Z. foi

avaliado por equipe multidisciplinar. O paciente relatava lentidão no andar e tonteiras,

com início cerca de 2 anos antes do momento da avaliação, além de cansaço excessivo e

quedas recentes. O relato colateral indicava a presença sintomas depressivos, apatia e

dificuldades com pagamentos de contas. Segundo a esposa, o marido não apresentava

consciência de suas dificuldades. O paciente estaria apresentando alterações de

personalidade, variando entre apatia e desinibição. O paciente foi submetido a exame

neuropsicológico e exame de ressonância magnética (RM) de crânio. Ao longo da

avaliação foram observadas apraxia de marcha, anosognosia e instabilidade postural. A

flexibilidade cognitiva, a memória operacional visuoespacial e a memória episódica

auditivo-verbal e visual revelaram-se nitidamente comprometidas. Os inventários e

questionários padronizados indicavam a presença de declínio cognitivo frente ao nível

premórbido, comprometimento em atividades instrumentais de vida diária e apatia

significativa. O exame de neuroimagem revelou moderada dilatação do sistema

ventricular supratentorial, sobretudo nos ventrículos laterais, com hiperfluxo liquórico

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através do aqueduto cerebral e sinais de turbilhonamento liquórico no interior dos

ventrículos III e IV - sinais estes sugestivos de HPN.O perfil obtido na avaliação

neuropsicológica e com o exame de imagem, associados à história clínica, sugeriam a

presença de hidrocefalia de pressão normal, porém existindo evidências de processo

mórbido subjacente (demência). O presente trabalho mostra a importância da análise

integrada dos resultados da avaliação neuropsicológica em conjunto com exames de

imagem e com os dados coletados na entrevista clínica com o paciente e informante

colateral.

Contato: [email protected]

36- HETEROGENEIDADE DA ANOSOGNOSIA NA DOENÇA DE

ALZHEIMER DE ACORDO COM O OBJETO

Elodie Bertrand1,2, Daniel C. Mograbi1,3, Richard G. Brown3, J. Landeira-

Fernandez1, Robin G. Morris3

1 – Pontifícia Universidade Católica – Rio (PUC-Rio), Departamento de Psicologia 2 –

Universidade do Grande Rio (Unigranrio), Departamento de Psicologia 3 – King’s

College London, Institute of Psychiatry - Psychology & Neuroscience

Palavras chaves: anosognosia, doença de Alzheimer, cognição, atividades de vida diária,

distúrbios comportamentais.

Anosognosia ou falta de consciência dos déficits neuropsicologicos, de outros sintomas

ou da doença é frequente na Doença de Alzheimer (DA). O objetivo desse estudo foi

explorar a multidimensionalidade da consciência da DA, comparando diretamente a

consciência dos pacientes em relação aos diferentes objetos: funções executivas,

depressão, apatia, desinibição e condição. A consciência foi determinada como a

discrepância entre o relato do paciente e o relato do cuidador. Os resultados mostram

que o nível de consciência difere de acordo com o objeto estudado, com a consciência

para a condição e para as funções executivas sendo mais prejudica e uma preservação

relativa da consciência da desinibição e da apatia. As análises de correlação sugerem

que a consciência do comprometimento das funções executivas, da apatia e da condição

se correlacionam fortemente, enquanto a consciência da depressão parece ser um

construto independente. Estes achados têm várias implicações clínicas, destacando a

importância de uma avaliação mais completa da consciência dos déficits de pacientes

com DA.

Contato: [email protected]

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37- AVALIAÇÃO DE HABILIDADES BASEADA EM

INTERPRETAÇÃO DE SITUAÇÕES (UPSA1BR): O PROCESSO DE

ADAPTAÇÃO PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Antonia Sigrist; Douglas Dutra; Ana Cláudia Becattini de Oliveira

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras chave: funcionalidade; adaptação; instrumento ecológico

Contexto: UCSD Performance Skills Assessment (UPSA) é um instrumento de

avaliação da funcionalidade baseado na interpretação de habilidades em situações do

cotidiano. Apresenta boa acurácia com ampla utilização em todo o mundo sendo que no

Brasil o processo de tradução, adaptação e validação (UPSA-BR) utilizou como

referencia a cidade de Belo Horizonte. Objetivo: descrever o processo de adaptação do

UPSA-BR para a cidade do Rio de Janeiro. Método: foram identificadas entre as cinco

áreas (Entendimento e Planejamento, Finanças, Comunicação, Mobilidade e Tarefas

Domésticas) aquelas situações que necessitariam ser submetidas ao processo de

adaptação para o contexto do Rio de Janeiro. Na área de Entendimento e Planejamento

o texto relativo a situação de “ida ao clube” foi substituída pela “ida à praia”, presente

na versão original em inglês, porém utilizando como cenário a praia de Ipanema, seus

entretenimentos e características. Ainda na mesma área a situação de “ida ao zoológico”

apenas o cenário foi adaptado para o zoológico local. Em ambos os casos o grau de

complexidade do texto foi preservado visando o menor impacto possível no grau de

dificuldade das habilidades a serem medidas. Na área de Finanças a conta de luz foi

substituída pela de uma operadora local mantendo, no entanto, o mesmo valor. Na área

de Comunicação o conteúdo do lembrete de consulta médica foi modificado quanto ao

local, telefone e data da consulta. Finalmente, a área de Mobilidade requereu a

elaboração de três mapas que preservassem o grau de dificuldade da situação original

tendo em vista a escassez de mapas que unificassem informações a cerca das linhas de

ônibus e metro locais. Resultado: realizada a adaptação de sete em um total de nove

apêndices do instrumento para a cidade do Rio de Janeiro sendo o processo autorizado e

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acompanhado pelos autores. Conclusão: O UPSA1BR encontra-se adequadamente

adaptado para utilização em futuros estudos envolvendo medidas da funcionalidade em

amostras da cidade do Rio de Janeiro.

Contato: [email protected]

38- ELETROENCEFALOGRAFIA DE IDOSOS SAUDÁVEIS SOB

TREINO COGNITIVO

Bruna Chagas¹, Heloisa Alves², Rogério Panizzutti³

¹Puc, ²Puc, ³UFRJ

Palavras chaves: EEG, envelhecimento, treinamento cognitivo

O envelhecimento saudável está associado a um declínio das funções cognitivas.

Paralelamente, observa-se também uma mudança no padrão elétrico cerebral. A

potência do sinal eletroencefalográfico (EEG), aferida através da amplitude das ondas,

assim como os Potenciais Evocados (por exemplo, o P300), tendem a diminuir com o

avanço da idade. O objetivo do estudo é investigar o padrão do EEG e o tempo de

reação de idosos antes e depois de uma intervenção cognitiva computadorizada. Para

isso, é realizado o EEG em repouso (para análise quantitativa do sinal) e uma tarefa

visual utilizando o paradigma oddball (para evocar o P300). Os resultados preliminares

de 19 participantes mostram assimetria média na banda alfa de -0.065 (F3-F4), 0.114

(C3-C4) e 0.029 (P3-P4). Assimetria beta nos eletrodos F3-F4 de -0.013, C3-C4 de

0.201 e P3-P4 de 0.0005. Assimetria delta nos eletrodos P3-P4 de -0.257, C3-C4 0.004

e P3-P4 0.069. Esse estudo ajuda a entender melhor os impactos de um treino

computadorizado no cérebro de idosos saudáveis.

Contato: [email protected]

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39- PROJETO REVITALIZAR: BRINCANDO COM A MEMÓRIA

Carvalho, Arlena M. C., nunes, Claudia M.

Consultório particular

Palavras-chaves: memória, cognição, terceira idade, neuroplasticidade

Atualmente percebemos que falha de memória é uma das principais queixas das pessoas

principalmente as com mais idade. Além disso, as memórias estão sendo construídas

dentro de uma velocidade exorbitante. É preciso então propor uma visão mais reflexiva

e prática sobre memórias. Dentro desse contexto, foram levantadas algumas reflexões

sobre como qualificar as memórias de uma pessoa quando o tempo não lhe é favorável

biologicamente. Este trabalho é um relato de experiência de oficina com idosas

cognitivamente preservadas. O grupo foi composto por 10 mulheres entre 60 e 80 anos.

Os encontros eram semanais com uma hora de duração. A análise das performances foi

feita durante as atividades e em discussão entre as duas ‘oficineiras’, no fim do dia.

Buscou-se entender como as memórias haviam sido construídas. O conceito de

neuroplasticidade foi trabalhado na prática quanto às dificuldades tanto na recepção,

quanto no registro das informações. Tomou-se por base que a questão do funcionamento

adequado e saudável das memórias depende de como vivemos a vida, e como

realizamos nossos movimentos emocionais em nossas diferentes relações. Portanto, para

fundamentar o trabalho, há ênfase em alguns tipos de pesquisa como explicativa,

descritiva e participante, além de levantamento bibliográfico, discussão antecipatória

dos conceitos de memória, levantamento de atividades possíveis e práticas dirigidas ao

reconhecimento e minimização dos problemas de memória. O trabalho foi desenvolvido

de forma lúdica com atividades cognitivas e emocionais. Foram realizadas dinâmicas de

grupo e individuais; discussão sobre notícias atuais; escrita opinativa; produção de

diários de bordo; portfólio das atividades; brincadeiras com retratos de família;

gamificação das memórias entre outras. No caso da terceira idade percebemos

problemas no pensamento estratégico e decisório causando desmotivação,

conformismo, baixa autoestima e depressão. Logo foi preciso fortalecer e reorganizar os

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vários tipos de memórias de forma a se estabelecer mais equilíbrio emocional, mesmo

diante de perdas/falhas de memória. A vida está acelerada, a recepção das informações

falhas e a sensação de inutilidade muito presente. Mas todos temos potencialidades

possíveis de serem estimuladas, apesar de, no desenvolvimento biológico,

apresentarmos limitações. A ideia do trabalho, então, é diminuir emoções tóxicas e

manter habilidades mnemônicas por mais tempo do que o previsto por uma doença, uma

idade ou uma vida tensa/sedentária. As redes neuronais precisam permanecer em

atividade e funcionamento da melhor maneira. As atividades demandam perceber e agir,

na vida social, com mais altivez, autonomia e competência. No caso dos idosos, eles

têm experiências acumuladas que influenciam seus desempenhos de memória, mas não

determinam o destino, logo precisam e podem ser estimulados e incentivados. A

dinâmica escolhida pretendeu estudar e pensar os vários tipos de memória; analisar

como e quando ocorrem falhas de memória; entender quais são os resultados da perda

de memória na vida social; apresentar atividades lúdicas e contextuais para minimizar o

processo de perda de memória; oferecer possibilidades reais de recuperação da

autoestima e fortalecimento de atitudes. Nossa capacidade de lembrar é exorbitante,

basta que nos defrontemos com o estímulo correto individual ou coletivamente.

Contato:[email protected]

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40- TESTE COMPUTADORIZADO DE TEMPO DE REAÇÃO SIMPLES PARA

AVALIAÇÃO DE ADULTOS E IDOSOS SAUDÁVEIS

Gabriel Areal Costa e Silva, Fidel Samora, Helenice Charchat-Fichman

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras chave: teste de tempo de reação, instrumento computadorizado, funções executivas.

O COMPCOG é um aplicativo que, através do iPad, fornece uma bateria de oito testes para

avaliação neuropsicológica, dentre estes, se encontra o teste de tempo de reação simples. Cada

vez que o “quadrado branco” aparecer no centro da tela, o paciente deverá clicar o mais rápido

que puder com o dedo indicador no retângulo, que se encontra na área inferior da tela. O

objetivo é medir o intervalo de tempo gasto entre a geração de um estímulo (quadrado branco) e

uma ação motora (clicar no retângulo). A avaliação é feita em cima da velocidade de

processamento medido pela variável tempo de reação. Este tempo de reação é o tempo mediano,

ou seja, é medido a partir dos melhores resultados do paciente ao longo do teste, pois, dessa

forma, possíveis resultados errados provenientes de variáveis intervenientes serão eliminados,

como por exemplo, o paciente não ter entendido as instruções no início do exame, o que

acabaria reduzindo sua pontuação. Participaram do estudo 95 sujeitos, 50 adultos jovens e 45

idosos saudáveis. Os adultos jovens apresentaram idade média de 21,18 anos com 4,02 desvios

padrões; escolaridade média 13,32 anos de escolaridade com 2,29 desvios padrões. Os adultos

jovens apresentaram tempo de reação mediano 345,45 ms com 96,8% de acertos. Os idosos

apresentaram idade média de 72,09 anos com 5,76 desvios padrões; escolaridade média 13,72

anos de escolaridade com 5,58 desvios padrões. Os idosos apresentaram tempo de reação

mediano 428,51 ms com 62,89 de acertos. Os resultados apontam diferença significativa entre

adultos e idosos tanto no tempo de reação mediano e porcentagem de acertos. Os idosos

apresentam lentificação na velocidade de processamento e maior número de erros quando

comparado com os adultos jovens. O processo de envelhecimento gera uma lentificação na

velocidade de processamento em testes de tempo de reação simples.

Contato: [email protected] ; [email protected]