1 Decorao de uma fonte pblica Paradinha Nova - Bragana 2002
Prof. Lus Canotilho
Slide 2
2 O desafio consistiu na realizao de um conjunto modular de
pequenas placas volumtricas com temas campestres, em grs cermico
para a decorao de um fontanrio exterior (0). O modelo realizado no
material mais prtico e conveniente. Neste caso a opo foi entre a
plasticina e uma pasta cermica fina, optando-se pela primeira. 0
Realizao do motivo
Slide 3
3 A plasticina um material muito prtico que permite a realizao
de pequenas formas volumtricas, no necessitamdo de ser humedecida
constantemente como qualquer pasta cermica (1). conveniente que o
tema seja realizado com o prvio estudo das formas a representar,
recorrendo-se para tal observao directa das formas ou ao seu estudo
atravs de publicaes com a sua representao fotogrfica ou desenhada.
O modelo da fotografia (ramo de sobreiro) em plasticina foi
colocado numa placa de K-Line com as dimenses finais da placa (2).
No presente caso o trabalho constituI um conjunto de 5 placas
diferentes que se entrelaam, da a o desenho da forma. 1 2 Como o
molde realizado em gesso convm que a forma seja realizada em
material malevel como o caso da utilizao da plasticina e da placa
de K-Line. Evita-se assim que o molde seja magoado durante a
desmoldagem. Tradicionalmente, no campo da cermica, o modelo
original feito em cermica. Importa apenas salientar que no se devem
utilizar materias rgidos para na desmoldagem no quebrar o molde de
gesso. Alm do bom isolamento com um desmoldante para que o molde se
separe com facilidade da pea, necessrio tambm que a pea original no
tenha as designadas prises. O conceito de priso tem a ver com a
existncia de partes da pea original com concavidades que no
permitem que se desmolde com facilidade. Os instrumentos utilizados
podem ser os mais variados tecos de madeira ou metlicos, possveis
de adquirir em qualquer papelaria, devendo-se evitar os
instrumentos de plstico porque a sua drabilidade mnima.
Slide 4
4 Preparao da mesa e placas para vasamento do gesso 3 4 O molde
tem de ser realizado numa superfcie impermevel, lisa e rgida,
devendo ser perfeitamente isolada para se evitar a colagem do molde
(3). Existem diversos materiais isolantes ou desmoldantes no
mercado ligado indstria cermica. No entanto, na sua ausncia, uma
pequena soluo de gua e sabo de barra constitui um optimo
desmoldante. O sabo lquido utilizado na lavagem dos utenslios de
cozinha no serve porque um desengordurante. A soluo saponificada
realiza-se esfregando sabo em barra contra um pequeno novelo de
sisal num recipiente de plstico com gua, evitando fazer bolhas de
sabo. A soluo ficar pronta quando nelas deslizarmos os dedos se
encontrar atrito. Comea-se por marcar com uma rgua e um lpis na
mesa a dimenso do rectngulo que vai ocupar o molde. Convm que a
parede do molde teanha de grossura pelo menos 3 cm. No presente
caso, a pea tendo 20 x 12 cm, obriga realizao de um molde com 26 x
18 cm. Respeitando as marcaes a lpis, comea-se por montar as
paredes do molde (4), isoldadas com barro muito mole. As paredes tm
de ser perfeitamente lisas e com uma forma rectangular perfeita,
devendo previamente tambm ser bem isoladas com o desmoldante.
Slide 5
5 5 Utilizam-se vrios materiais na concepo das paredes, desde
placas de gesso, placas de mrmore e placas de madeira. Embora na
figura sejam utilizadas placas de madeira, a experincia tem-me
assinalado que o melhor material so as placas de mrmore. Conforme
se verifica na figura (5), as placas devem estar perfeitamente em
esquadria entre elas e a superfcie da mesa. Recorre-se portanto a
um esquadro de plstico ou de carpinteiro, sendo este ltimo o mais
aconselhvel. As placas no servem apenas para a execuo de um molde
pelo que o seu formato deve ser rectangular e com um dimenso que
permita posteriormente fazer moldes de maior tamanho. As paredes so
ento seguras com uma corda (10), como precauo. De notar que o gesso
quando vertido forma uma grande presso sobre as placas, no chegando
para as segurar apenas o barro. Paredes e mesa isoladas, seguras
com o barro pelo lado de fora e com a corda, o motivo (5) colocado
no seu interior perfeitamente fixo mesa para no boiar no gesso
quando o vertermos. Para tal recorre-se a pequenos bocados de barro
muito mole colocados entre a mesa e o motivo. O motivo ento
apertado contra a mesa.
Slide 6
6 6 Execuo do gesso 7 O gesso vulgar branco adquirido nas casas
que comercializam materiais para a construo civil. Na cermica
utilizam-se gessos de vrias durezas, possuindo para tal uma cor
diferente. No presente caso, o molde foi realizado com um gesso
vulgar que comercializado em sacos de 5 Kg ou de 30 Kg. Para fazer
o gesso utilizam-se recipientes de plstico, devendo-se ter o
cuidado de no verter os restos lquidos que sobraram para o cano do
esgoto. Portanto, nunca se lavam os recipientes com gesso na banca.
Mesmo no seu estado mais lquido, o gesso ir depositar-se nas partes
horizontais dos canos de esgoto, entupindo-os com o tempo. Depois
de ser utilizado o recipiente com gesso, s se limpa aps a secagem
no seu interior do gesso. Nessa altura, como o recipiente de
plstico, pode-se bater com ele no cho para descolarem os restos de
gesso. Na execuo do gesso, este no se realiza vertendo gua sobre
ele para no engrolar. Deita-se o gesso sobre a gua e no a gua sobre
o gesso, depois de encher o recipiente com a gua necessria. Lembrar
que nunca se deve encher de gua mais de metade do recipiente de
plstico (6). O gesso vertido com a mo lentamente sobre a gua para
que no se engrole. Na mistura gua / gesso, quanto menor quantidade
de gesso se usar, maior ser a porosidade (a permeabilidade ao ar e
gua aumentam) do molde final. Contudo este aumento de porosidade
conseguido pela maior quantidade de gua em demasia pode ser
negativo j que a resistncia mecnica do molde e a dureza sero muito
inferiores tendo como primeira consequncia a durabilidade do molde
quanto ao nmero de repeties que permitir realizar. No caso do
presente molde que no necessita de grande porosidade bem como tambm
no ser submetido a pastas lquidas a mistura ideal basear-se- neste
princpio proporcional: 1,7 Kg de gesso para 1 litro de gua. A
quantidade de gesso necessria para o volume de gua calculado
conseguida quando esta atingir a saturao (quando a quantidade de
gesso que se acrescentar gua, deixar de poder ser dissolvida por
esta), ou seja, vai-se acrescentando gesso gua at se verificar a
formao de pequenas ilhas. Nessa altura espera-se um pouco para que
o gesso seja absorvido pela gua. Verificando-se a sua absoro com a
ajuda da nossa mo(7), evitando agitar, misturamos o gesso com a gua
com cuidade para no se produzir bolhas de ar no seu interior que
iriam afectar o molde.
Slide 7
7 Enchimento com o gesso no estado lquido 8 Logo aps a mistura
do gesso com a gua, com o auxlio da nossa mo, deve-se bater o fundo
do recipiente contra o cho para se poderem libertar possveis bolhas
de ar que se formaram durante a mistura. De seguida verte-se o
gesso (8 e 9) sobre o motivo a uma altura mnima e lentamente para
no se voltarem a formar novas bolhas de ar. Ao mesmo tempo que se
verte o gesso conveniente que a mesa seja vibrada (no abanada) para
a libertao das bolhas de ar. portanto conveniente que a mesa onde
se realiza o trabalho no esteja nivelada em relao ao cho. 9
Slide 8
8 Imediatamente vibrao deve-se soprar sobre o molde para
rebentar as bolhas de ar que sobem superfcie do gesso (11). Agora o
gesso vai passar por uma reaco fsico / qumica que permitir o seu
endurecimento. A rapidez do endurecimento tem a ver com o tipo de
gesso e com as temperaturas ambiente e da gua. Quando se verificar
que o gesso duro comea a ficar quente, se houve a utilizao da corda
no molde necessrio que se desaperte completamente para que o gesso
nesta fase de aquecimento possa dilatar o seu volume
momentaneamente. De outra formas rachar 10 11
Slide 9
9 A base onde assenta todo o trabalho (placa ou mesa) tem de
ser em material rgido, uniforme e impermevel. Deve ser muito bem
isolada para que o molde no se agarre O modelo a que se pretende
tirar o molde tem de ser muito bem preso base ( placa ou mesa) para
no boiar quando se derrama o gesso lquido. Para tal servimo-nos de
barro mole A calafetagem realizada com barro mole conforme indicado
no esquema As placas devem ser em mrmore ou gesso, sendo de maior
dimenso que a necessria para o molde, para poderem servir para
outros moldes. A sua colocao deve ser em perfeita esquadria e na
posio da figura. Tal como na base o isolamento deve ser perfeito.
Convm deixar aproximadamente um espao entre 3 a 5 cm entre as
placas e o modelo. No entanto esta dimenso depende sempre do
tamanho do modelo Quem verdadeiramente segura as placas perante a
presso inicial do gesso quando est lquido, no a calafetagem mas sim
a corda
Slide 10
10 13 Limpeza do molde S com o gesso completamente arrefecido
que se inicia a preparao e limpeza do molde. Chama-se a ateno para
o facto que o gesso atinge a sua fase de maior fragilidade quando
est quente. Retiram-se as placas que sustentaram o gesso e o barro
isolante. Com a ajuda de um raspador metlico (12 e 13), tenta-se
uniformizar a superfcie do molde j que quando estiver invertida e
pronta para receber a pasta cermica no pode abanar. Uniformizada
base desloca-se o molde da mesa e inverte-se para ser retirada a
forma a que se pretendeu tirar o molde.(14 e 15), raspando-se de
seguida as faces laterais do molde (16) anulando as esquinas das
arestas e dos vrtices do volume em gesso. 12 14 15 16
Slide 11
11 17 Acabamento do molde 18 O molde passa agora por uma fase
de acabamento interno atravs da limpeza e do realce de determinadas
formas, bem como a anulao de partes que seriam prises impedindo
posteriormente a desmoldagem das placas (17 e 18). Nesta fase
evita-se a todo o custo a utilizao de utenslios metlicos para no
ferirem o molde. O molde no pode ser lavado. Nesta fase apenas se
utiliza um trincha para retirar restos de gesso, deixando-se de
seguida a secar. O gesso deve ser seco em lugar com pouca humidade
e naturalmente. No entanto possvel a sua secagem rpida se no se
ultrapassarem os 40c. Ultrapassanddo esta temperatura o gesso
quebra com grande facilidade. Seco completamente o molde, limpa-se
com a ajuda da trincha todos os restos de gesso. 19
Slide 12
12 Enchimento do molde Qualquer pasta comercializada que tenha
a plasticidade necessria para a modelao serve. No entanto o seu
estado de humidade fundamental. Empiricamente uma pasta est boa
para modelar quando no est demasiadamente hmida para se pegar s mos
nem to dura que ao ser moldado se produzam pequenas gretas. A pasta
eleita deve ser previamente muito bem amassada para se retirarem
possveis bolhas de ar e para a tornar mais homognea (19 e 20). 21
20
Slide 13
13 Enchimento do molde ento apertada contra o molde (21 e 22)
nergicamente sem forar o molde de forma que a pasta cermica atinja
todos os locais da forma. Com a ajuda de uma ripa de madeira
retira-se o excesso de pasta (23). 22 23
Slide 14
14 25 Desmoldagem e acabamento Depois de cheio o molde com a
pasta cermica invertido assente sobre duas ripas de madeira com
aproximadamente 1 cm de altura para que a pea no seu interior possa
cair sobre a placa de madeira quando encolher (24). Permite-se o
seu endurecimente que est dependente da temperatura e da humidade
ambiente. Quando a sua dureza permite o seu manuseamento sem se
deformar, fazem-se os acabamentos que passam pela anulao de arestas
com um objecto metlico afiado (25), adaptao dos diversos elementos
que formam o mdulo (26) e finalmente, com a ajuda de uma esponja
humedecida, procede-se ao chamado esponjamento da pea (27). 24
Slide 15
15 26 27
Slide 16
16 28 29 30 Secagem e cozedura Acabadas as peas, devem secar
numa superfcie uniforme em local onde no bata o sol ou haja
correntes de ar. O sucesso da secagem est na sua lentido em local
onde no existam variaes de temperaturas. As placas realizadas
quando estiverem completamente secas, so introduzidas no forno
cermico para se dar incio sua cozedura.